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Excelentíssima Senhora

Ministra da Educação

1.º
O Decreto-Lei n.º15/2007, de 19 de Janeiro – estatuto da carreira
docente, ECD –, estabelece no artigo 37.º que a progressão na
carreira docente exige a “frequência, com aproveitamento, de
módulos de formação contínua que, no período em avaliação,
correspondam, em média, a vinte e cinco horas anuais”.
Define, igualmente, na alínea e) do ponto 2 do artigo 45.º que as
“acções de formação contínua concluídas” são um, de entre vários,
indicadores de classificação a ponderar na avaliação efectuada pelo
órgão de direcção executiva o que é, aliás, reiterado pelo artigo 18.º
do Decreto-Regulamentar n.º2/2008, de 10 de Janeiro1.

2.º
Por sua vez, o artigo 6.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2009, de 5
de Janeiro2, diz que “Para efeitos do disposto no presente decreto
regulamentar e independentemente do ano em que tenham sido
realizadas são contabilizadas todas as acções de formação contínua
acreditadas, desde que não tenham sido tomadas em consideração
em anteriores avaliações”.

3.º
A interpretação de que a carreira docente, designadamente a
progressão e os respectivos mecanismos que a norteiam, é
indissociável do processo de avaliação de desempenho, parecerá
matéria consensual quer para o legislador quer para os docentes.
Assim sendo, torna-se necessário esclarecer o alcance do teor da
regulamentação transcrita no ponto anterior.
De facto, parece possível contabilizar acções de formação para
efeitos de avaliação (situação em que estas não são imprescindíveis,
1
Regulamenta o sistema de avaliação do pessoal docente.
2
Define o regime transitório de avaliação de desempenho do pessoal docente.
pois não têm carácter obrigatório), mas que não cumprem os
requisitos indispensáveis para efeitos de progressão na carreira,
conforme se depreende da leitura do ponto 1.º.

4.º
Na letra e no espírito do ECD, as acções de formação a frequentar,
com aproveitamento, durante um período de avaliação,
designadamente neste primeiro período relativo aos anos escolares
de 2007/2008 e 2008/2009, serviriam, em simultâneo, para os dois
efeitos atrás apontados: progressão na carreira e avaliação do
desempenho; aliás, diga-se, sempre assim foi.

5.º
Estranha-se, portanto, que se possibilite o recurso a acções de
formação realizadas em data anterior a estes dois anos escolares
para efeitos de avaliação, mantendo a obrigatoriedade de frequência,
com aproveitamento, de acções de formação no decurso deste tempo
para efeitos de progressão. Na realidade, se estas são obrigatórias,
aquelas tornam-se dispensáveis e inúteis.
E se assim não for, não se compreende que, havendo frequência de
acções de formação durante o período em avaliação, a par de
frequência de acções em data que o antecede, se legisle, para efeitos
de avaliação, e logo apenas para estes efeitos, que se possa usar a
prerrogativa de se ser avaliado por estas preterindo aquelas.

6.º
Para melhor se entender a situação, poderá haver docentes que no
final do presente ano escolar obtenham a menção de “Excelente”,
“Muito Bom” ou “Bom” na avaliação de desempenho, com recurso a
acções anteriormente frequentadas (como a lei o permite), mas que
se encontram impedidos de progredir na carreira, por essas acções
não respeitarem ao período em avaliação (como a lei, igualmente,
exige).
7.º
Solicita-se, portanto, de V. Ex.cia, o seguinte esclarecimento:
as acções de formação previstas no artigo 6.º do Decreto-
Regulamentar n.º 1-A/2009, de 5 de Janeiro, servem, ou não,
para os efeitos do disposto no artigo 37.º do Decreto-Lei
n.º15/2007, de 19 de Janeiro, ou seja, as acções de formação
contabilizadas para avaliação, servem, ou não, para
progressão na carreira?

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