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Lesões da Cavidade Oral e Orofaringe - 20/03/00

Importância
Atingem de 30 a 50% dos tumores cabeça/pescoço. Como é de fácil exame, deveria poder
ter diag precoce. Importante ter o hábito de auto-examinar a cav oral e a do paciente. Lembrar que
as lesões podem estar abaixo da prótese.
Ocidentais é mais em língua e assoalho da boca. Orientais é retromolar (mascando tabaco).

GENERALIDADES:
O paciente geralmente está muito envolvido emocionalmente quando há tumores nesta região
devido a sua função e posição.
5% dos tumores malígnos que acometem o homem, mas os mais frequentes são os benígnos.
5a. a 6a. décadas de vida; mucosa oral: 7a. décadas.
Relação homem/mulher 9:1. Mucosa oral relação mulher/homem 9:1.

Epidemiologia:
95% malignos = Ca epidermóide
Sede mais comum - língua
25% acometem mais de uma região - mais comum lingua e assoalho da boca

FATORES ETIOLÓGICOS:
Sol: principalmente para os lábios (mais inferior).
Tabaco: na cavidade oral. Do cachimbo é pela compressão dos lábios pelo cachimbo e não
pelo tabaco em si.
Álcool: indivíduo que bebe, geralmente fuma e , portanto, sua estatística é muito relacionada
(* Tabaco + álcool = potencialmente irritativo e imunodepressor).
**Leucoplasias e ulcerações: relacionadas com o uso de prótese dentárias. leucoplasia:
condição pré-malígna importante- deve ser ressecada
Sífilis terciária: havia muito Ca desta área, não se sabe se era pela doença ou pelos
medicamentos.
Atrofia de mucosa: deficiência da vitamina B e Ferro em mulheres idosas.
**Leucoplasias: podem evoluir para Ca “in situ” e eventualmente para invasor. Devem ser
ressecadas.
sífilis
higiene oral insuficiente

Anatomia
Cavidade Oral - lábios, dentes, muscosa da bochecha, dois terços da língua, pálato duro.
Orofaringe - palato mole, pilares, amigdala, base da língua

Características
São encontradas leucoplasias, lesões rasas dolorosas, fibromas.
Carcinoma Espino Celular é a mais comum. Em torno de 95%. Nos pilares amigdalianos
podem ter tmb Linfomas (periamigdaliano).
Sexo - Incidência maior nos homens tem caído.
Idade - mais freq em >50 anos.
Hábitos - geralmente fumantes crônicos, etilistas, mal conservação dentária, prótese mal
ajustada, traumatismo crônico - fatores de desenvolvimento de carcinoma.

Quadro Clínico
Lesão inicial - sem dor, sem sangramento ou halitose. Ou o paciente não percebe devido ao
fumo e álcool. Só qdo sente dor e sangramento e/ou metástase procura servicó de saúde. A maioria
destas lesões é diag pelo dentista.
Lesão avançada - é o q chega.

CLASSIFICAÇÃO:

1.Quanto à localização:
a) boca: lábios (34%), língua (22%), gengivas (9%), mucosa oral (7%), palato duro (5%),
assoalho da boca (3%) e área retromolar.
b) orofaringe: amigdala, base da língua, palato mole, paredes da faringe.

2.Quanto à patologia:
a) benígnos
b) malígnos
c) congênitos: hemangioma

Benígnos:
Mais frequente é o adenoma das glândulas salivares menores. Fibro, papilo, neurinoma:
também existem.

Malígnos:
90% dos casos são Ca epidermóide (células escamosas). Começa em área de leucoplasia.

Carcinoma verrucoso:
Ca epidermóide muito diferenciado, que cresce muito parecendo uma verruga. Não invade
nem dá metástase.

Ca adenocístico:
Dá muitas metástases, inclusive ósseas (ocorre nas glândulas salivares menores).

Adenocarcinoma

Linfoma

Melanoma:
Como a boca não toma sol, dá melanoma sem pigmentação.
DIAGNÓSTICO:

Quadro clínico:
Geralmente se manifesta como úlcera (e se for muito posterior pode se manifestar muito
tardiamente), dificuldade, na mastigação, na deglutição, halitose, sangramento, trismo
(incapacidade de abrir a boca: geralmente acomete os músculos pterigóides), incapacidade de
protusao da língua, dor: (localizada devido à destruição das terminações nervosas. Pode piorar com
processo inflamatório e se for posterior na língua e na orofaringe pode dar otalgia).

Inspeção e palpação:
Fazer inspeção externa (face e pescoço); palpar (face e pescoço) e fazer a inspeção interna
(verificando a presença de úlceras).
Palpa-se para saber o aumento do diâmetro do tumor, na língua pode haver apenas uma
pequena úlcera e quando se palpa a língua e ela está toda infiltrada (implica em tumor iceberg).

Exames:
Rx: seios da face, mandíbula. Pesquisa metástase (mapeamento ósseo).
US: pesquisa metástases.
Biópsia:geralmente dá Ca epidermóide.

Diagnóstico
Facilidade de exame - devia ser feito precoce.
Exame periódico - em grupos de risco (fumantes, etilistas) deveriam ser triados e
examinados periodicamente com o obj de detectar as lesões.
Biópsia - para diag histológico e tto. Se é pequena, pode ser toda retirada. Observar diag dif
com Tuberculose secundária (lesão+nódulos+febre+tosse+linfadenia generalizada) e Leishmaniose.
Estudo Radiológico - lesão no palato duro faz-se radiografia. Em contato com a mandíbula,
tmb pra ver se há lesão óssea.
De 10 a 30% têm duas lesões primárias (Lesões Sincrônicas), e devem ser acompanhados
com exames periódicos (fumantes e etilistas).

Tratamento
Dependem das lesões e de seu tamanho.
No palato têm melhor prognóstico - dão menos metástases.
Base da língua - procuram tardiamente e tto mais agressivo.
Tipo de lesão - plana, polipóide (melhor prog), infiltrativa (maior chance de metástase).
T1, T2 -> Cir ou Rtx - têm o mesmo efeito em espinocelular. O staff da cirurgia prefere a
cirurgia para o anatomo-patológico e estadiamento do tumor. Com Radioterapia nem passa por
anestesia geral, nem são internados.
T3, T4 - > Cir + Rtx - o ideal é primeiro a cirurgia, pois o tecido irradiado tem diferenças de
irrigação e menor tolerância a infecções. Antigamente a irradiação era menor e depois cirurgia.

Fatores que afetam a escolha do TTO e o prognóstico


A) Tumor
Tamanho - ideal é diag precoce e estadiamento adequado.
Localização - ápice da língua melhor prognóstico (mais precoce, metástase nível 1)
glossectomia medial, base da língua (tardia, metástase cervical) com glossectomia total e
laringectomia (o tumor cresce tanto para o ápice qto p/ laringe) e o assoalho da boca é reconstituído
com o peitoral maior e vai ficar com traqueostomia definitiva.
Lesão óssea - cirurgia mais complexa, com placas (maior custo, maior chance de
complicações)
Metástase regional - qtd e localização, no de linfonodos, se há rompimento da cápsula ou
não.
TTO prévio - se já teve quimio antes, o tumor é muito mais agressivo, com comportamento
imprevisível.
Tipo histológico (grau, profunidade) - maioria espinocelular. Pouco diferenciados
respondem melhor à radio, recidivam mais. Bem diferenciados a cirurgia é importante,
complementada pela radioterapia. Profundas têm prognóstico pior.

B) Paciente
Condições gerais - desnutridos (infecção e deiscência da estrutura), com outras doenças,
pneumopatas, deficientes hepáticos.
Aceitação - cavidade oral é fator de comunicação, nem sempre é aceitável glossectomia,
traqueostomia. O ideal é um grupo de apoio.
Hábitos - tem q deixar o fumo, o álcool e melhorar a higiene oral. Geralmente não largam o
hábito.

C) Físicas
Suporte hospitalar + Equipe - vários profissionais (cir plástico, dentista, fonoaudiólogo,
assistente social, psicólogo)

Sucesso do TTO
Diag precoce, estadiamento adequado, aceitamento do paciente, mudança dos hábitos de
vida.

TUMORES DA CAVIDADE ORAL

Tumores da Língua
Sede mais frequente de tumor maligno na cavidade oral depois dos lábios
0-20 M: 1 F; mais na 6ª e 7ª décadas de vida
75% incidem nos 2/3 inferiores
lesão: inicialmente = nódulo duro, ou com aspecto ulcerado, de uma fissura profunda, de
crescimento papiliforme ou elevação irregular ou mesmo de placa endurecida.
Diagnóstico: inspeção, palpação, biópsia, radiologia, citologia esfoliativa.

Tumores do Assoalho da boca


Representam 18% dos tumores da boca
10M : 1 F; mais na 6ª e 7ª décadas de vida
mais em acoólatras e fumantes
Quadro clínico = semelhante ao anterior, com otalgia, sialorréia e disfonia.

Tumores da mucosa oral e gengivas


10 - 20% dos cânceres orais
0 M: 1F; mais na 6ª e 7ª décadas de vida
Tumor benigno - fibroma, mioblastomas, “ Epúlide Congênita”, papilomas, hemangiomas,
linfangiomas, etc.
Tumor malígno - 90% Carcinoma epidermóide

Tumores dos palatos

São raros ; 15M: 1F


Mais comuns : Ca epidermóide e Carcionoma de glândulas salivares menores
Massas esféricas com úlceras que deformam o teto da cavidade oral
Podem acometer regiões nasais e para-nasais.
Diagnóstico: história, inspeção, palpação, biópsia, radiologia e TC.

TUMORES MALIGNOS DA OROFARINGE

Tumor da base da língua


Anaplásicos, indiferenciados, metatastizantes (só descobertos quando a lesão atinge grandes
dimensões com fixação parcial ou total da língua, com infiltração de sua musculatura, e assumem 2
quadros: úlcero-destrutivo ou úlcero-infiltrativo). Correspondem a 25% dos tumores de língua
Geralmente invadem regiões próximas.

Tumor da amígdala e região amigdaliana


80-90% - Carcinoma epidermóide; 2º lugar = linfomas.
As áreas tonsilares drenam precocemente para cadeia cervical.
10% de todos os câncerees da cavidade oral superior.

Tumor do palato mole:


Mais em M
70-80% carcinoma epidermóide (bem diferenciados. Tumores glandulares mistos - mais em
F), tumor das glândulas salivares menores e adenocarcinomas.
Lesão: úlcero-superficial, úlcero-destrutiva, úlcero-vegetante de crescimento lento. Forma
infiltrativa menos comum.

Tumor do triângulo retromolar


90% carcinoma epidermóide úlcero-vegetante bastante invasivo atingindo rapidamente
estruturas contíguas.

Disseminação:
 Via linfática: para a cadeia júgulo carotídea superior profunda e os subdigástricos.
 Via hematogênica - fases mais avançadas - 20-50% dos casos.

Diagnóstico:
Clínico + endoscópico + radiológico
Clínico:
Perturbação da deglutição, persistência de lesões na mucosa, sangue na saliva e nódulo
cervical. Otalgia (referida pelo N. Hipoglosso), hálito fétido

-Tumor da base da língua: não é diagnosticado precocemente. Ocorre apenas quando a lesão
se torna maior, ou se infecta. Aparecem: odinofagia e otalgia reflexa - disfagia, alterações da voz e
halitose - língua endurecida

-Tumor da amígdala e região amigdaliana:


Dificuldade de deglutição da saliva, odino e disfagia, otalgia, sangue na saliva.
Sialorréia, trismo (manifestações tardias).
Linfonodo cervical

-Tumor do palato mole:


Pequena lesão ulcerada - imperceptível - odinofagia, disfagia, alteração da voz, tosse,
náuseas, sialorréia, otalgia reflexa.
Linfonodo cervical geralmente não aparece antes da sintomatologia.

-Tumor do triângulo retromolar:


Crescimento rápido, início doloroso principalmente à mastigação, otalgia - trismo,
dificuldade para alimentação.

TUMORES DA CAVIDADE ORAL:

Tumores do ápice ou borda da língua:


Melhor prognóstico pelo diagnóstico precoce. Tratamento simples.

Tumores da base da língua:


Pior prognóstico pelo diagnóstico tardio. Tratamento mais complexo devido ao seu
crescimento por contiguidade para ápice e laringe  Trata-se toda língua e também a laringe.

Esvaziamento cervical: durante o procedimento, liga-se a jugular e se o paciente for idoso


pode dar até edema cerebral. Pode haver sangramento, lesão do ducto torácico. Se for no ato
cirúrgico, é só fechar. Se for depois é mais complicado podendo ter que fazer nova cirurgia para
fechá-lo.
Procedimento que tem que rodar retalho : paciente idoso irradiado pode ter mais infecções.
Quando isto pode acontecer, faz-se a autonomização de retalho  faz-se incisão desarticulando as
irrigações inferior/superior, o que faz com que com a irrigação sob o retalho se hipertrofie em 3
semanas. Só depois leva-se este retalho para seu local de implante. Faz-se isto quando o local de
implantação é longe do local onde foi retirado.

Cricotireoidectomia:
Estenose de traquéia

Fístula
Infecção

1. Como se compoe as estruturas da face segundo “Baclesse”?

2. Descrever a linha Ogree

3. Linhas de Beclasse na incidência de “Hist” sub mento, vértice placa = Rx base crânio

4. Tumor de seios nasais e faringe  crescem muito

5. Sinais do tumor nasofaringe:


Diplopia, exoftalmia unilateral, obstrução nasal unilateral, secreção piossanguinolenta,
epistaxe, otalgia, abaulamento da face, lacrimejamento, conjuntivite, trismo, amolecimento dos
dentes, dor dentária mesmo após extração.

Prognóstico ruim : invadem osso (crescem para trás e para cima). Quanto mais baixo o tumor
melhor o prognóstico  melhor a cirurgia.

Boca e laringe:

1. Fatores etiológicos dos tumores de boca, laringe e faringe?

2. Incidência:
Mais em homens
Mucosa oral  mais em mulher na 7a. décadas
Área pós-cricóide  mais em mulher
Mucosa que se localiza atrás da cartilagem cricóide

Linhas para dividir a glote:


1-2cm abaixo da corda verdadeira
Valécula
Abaixo da cartilagem cricóide.
Seio piriforme: recesso na hipofaringe.
Supra-glóticos: 30% dos tumores
Glóticos: 60% dos tumores
Infra-glótico: 10% dos tumores

3. Incidência de tumores da cavidade oral

4. Quadro clínico de tumores da cavidade oral


Tumor glótico quase não tem linfático  não dá metástase. Supra-glótico já é diferente, dá
metástase rápido.

Critérios para estadiamento:


Cavidade oral = tamanho
Laringe = anatômico
. Estadiamento. TNM
To = ausência de tumor primário.
Tx = tumor ainda não avaliado.
Tis = carcinoma “in situ”.
T1 = TU com diametro de até 2 cm
T2 = TU com diametro de 2 - 4 cm
T3 = TU com mais de 4 cm
T4 = TU com mais de 4 cm, invadindo estruturas contíguas

Nx = nódulo não avaliado


No = ausência de nódulo
N1 = nódulo único, homolateral, diâmetro menor que 3 cm
N2 = nódulo único, homolateral, diâmetro entre 3 - 6 cm
N2a = nódulo único
N2b = nódulos múltiplos
N3 = grandes nódulos homolaterais, nódulos bilaterais ou contralaterais
N3a = grandes nódulos homolaterais
N3b = Nódulos bilaterais
N3c = nódulos contralaterais

Estadiamento:
I = T1NoMo = radioterapia; 95% são controlados.
II = T2NoMo = radioterapia; 95% são controlados
III = T3NoMo = radioterapia, se houver invasão óssea, faz-se cirurgia; 60% são controlados
com radioterapia T1,2,3N1Mo
IV = T4NoMo = quimioterapia + radioterapia + cirurgia
T4N1Mo
T4N2,3Mo
T4N3M1

Radioterapia:
Não modifica anatomia. Pode-se fazer cirurgia para salvar os casos que não se resolverem. A
desvantagem é que dá xerostomia. No Estágio I, a cirurgia também resolve 95%. Para IV faz-se
quimioterapia e o TU diminui; faz radioterapia, diminui mais ainda. Se o linfonodo não involuir,
faz-se esvaziamento cervical (25% dos casos curam).
Se os nódulos não são invasivos, o esvaziamento é funcional. Se eles são invasivos, o
esvaziamento é radical.

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