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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


CENTRO DE PESQUISAS E EXTENSÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DE COLINESTERASE


SÉRICA EM PACIENTES INTOXICADOS POR ALDICARB
ATENDIDOS PELO CIAVE-BA, 1999 A 2001

Jucelino Nery da Conceição Filho

Salvador – Bahia
2002
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSal
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - ICB
CENTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO - CEPEX
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DE COLINESTERASE


SÉRICA EM PACIENTES INTOXICADOS POR ALDICARB
ATENDIDOS PELO CIAVE-BA, 1999 A 2001

Jucelino Nery da Conceição Filho

Orientador: Profa. Luzimar Gonzaga Fernandez

Monografia apresentada ao Centro de


Pesquisa e Extensão referente ao II
Curso de Especialização em Análises
Clínicas para obtenção do grau de
especialista .

Salvador – Bahia
2002
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca do CPqGM/FIOCRUZ
Salvador – Bahia.

Conceição Filho, Jucelino Nery da


C744a Avaliação da atividade de colinesterase sérica em pacientes intoxicados
por Aldicarb atendidos pelo CIAVE-Ba, 1999 a 2001 / Jucelino Nery da
Conceição Filho. _ Salvador: Universidade Católica do Salvador /
Instituto de Ciências Biológicas / Centro de Pesquisas e Extensão –
CEPEX, 2002.
96p.:ils.

Monografia (Curso de Especialização em Análises Clínicas)-


Universidade Católica do Salvador, 2002.

1. Intoxicação. 2. Aldicarb. 3. Inibidores de colinesterase. 4.


Butirilcolinesterase. 5. Bahia. I. Título.

CDU 616-099(813.8)
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me possibilitado crescer e alcançar meus objetivos, superando

com resignação todos os obstáculos encontrados.

Aos meus pais por estarem sempre presentes, orientando-me e apoiando-me

em todos os momentos difíceis.

À minha noiva Rosemeire por me apoiar e incentivar na concretização de

mais um objetivo.

Às estagiárias de Farmácia Nivia, Naíza e Adlani por terem contribuído na

coleta de dados, os quais resultaram neste trabalho.

Àquela que me auxiliou com um sorriso e atenção: Ana Maria, bibliotecária da

FIOCRUZ.

Agradeço, por fim, à professora Luzimar Fernandez a qual contribuiu para a

concretização deste trabalho.


SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................... v

ÍNDICE DE FIGURAS ..................................................................... vii

ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................... iv

RESUMO ......................................................................................... 11

I INTRODUÇÃO ................................................................................ 12

1 COLINESTERASES ........................................................................ 15

2 INSETICIDAS INIBIDORES DE COLINESTERASE ...................... 31

2.1 Toxicocinética dos Carbamatos ................................................... 34

2.1.1 Biotransformação .......................................................................... 36

2.1.2 Eliminação ...................................................................................... 37

2.2 Toxicodinâmica .............................................................................. 37

2.2.1 Toxicidade e mecanismo de ação tóxica .................................... 37

3. OBJETIVOS .................................................................................... 41

4. Objetivo Geral................................................................................. 41

4.1 Objetivos Específicos.................................................................... 41

4.2 JUSTIFICATIVAS............................................................................ 42

5 METODOLOGIA .............................................................................. 43

5.1 Métodos Existentes para Determinação da Atividade da


Colinesterase ................................................................................ 43

5.1.1 Métodos de campo ........................................................................ 45

5.1.2 Métodos de execução em laboratório ......................................... 46


5.1.2.1 Métodos que detectam a formação de ácido .............................. 46

5.1.2.2 Métodos que detectam a formação de colina ............................. 48

5.1.2.3 Métodos que detectam a formação de tiocolina ......................... 49

5.2 Amostragem ................................................................................... 52

5.3 Coleta, Preparação e Armazenamento das Amostras


Biológicas ....................................................................................... 53

5.4 Procedimentos Analíticos ............................................................. 53

5.5 Análise Estatística ......................................................................... 57

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................... 59

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 72

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 74

ANEXO I........................................................................................... 83

APÊNDICE I .................................................................................... 91

APÊNDICE II ................................................................................... 92

APÊNDICE III .................................................................................. 93


LISTA DE ABREVIATURAS

1. ACh Acetilcolina
2. AChE Acetilcolinesterase
3. ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
4. AOAC “Association Official Analytical Chemistry”
5. BuChE Butirilcolinesterase
A
6. BuChE alelo Butirilcolinesterase atípico ou dibucaína-resistente
7. BuChEF alelo Butirilcolinesterase fluoreto-resistente
S
8. BuChE alelo Butirilcolinesterase silencioso
U
9. BuChE alelo Butirilcolinesterase usual ou normal
10. CAS “Chemical Abstracts Substance”
11. ChE Colinesterase
12. CIAVE-BA Centro de Informacões Antiveneno da Bahia
13. CIT/RS Centro de Informações Toxicológicas do Estado do Rio Grande do Sul
14. COC Cocaína
15. DL50 Dose letal média
16. DTNB 5,5'-ditiobis-2-nitrobenzóico
17. E.C. “Enzymes Commission”
18. EDTA Ácido etilenodiamino tetracético
19. FAD Flavina-adenina-dinucleotídeo
20. FIOCRUZ Fundação Osvaldo Cruz
21. IBMP Índice Biológico Máximo Permitido
22. IFCC “International Federation of Clinical Chemistry”
23. OF Organofosforados
24. OMS Organização Mundial de Saúde
25. PAPS 3-fosfoadenosina-5-fosfossulfato
26. pH Potencial de hidrogênio
27. S.I. Sistema Internacional
28. SINITOX Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
29. SNA Sistema nervoso autônomo
30. SNC Sistema nervoso central
31. UDPGA Urodindifosfatoglicurônico
32. U.I. Unidade Internacional de Enzima
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Embalagem do produto aldicarb comercializado


clandestinamente como raticida conhecido por “Chumbinho” (à
esquerda) e detalhe do aspecto dos grânulos que medem de
0,3 a 1,0 mm (à direita) ............................................................... 13

Figura 2 Venda de raticidas clandestinos por vendedor ambulante no


comércio de Salvador. “Eficácia” dos produtos vendidos,
arsênico e “chumbinho”, exaltados pela exposição de ratos
secos com laços pretos no pescoço............................................. 14

Figura 3 Reação de hidrólise da acetilcolina catalisada pela


acetilcolinesterase (AChE)........................................................... 15

Figura 4 Representação esquemática da junção neuromuscular (ACh =


acetilcolina; AChE = acetilcolinesterase)..................................... 16

Figura 5 Comparação entre uma junção neuromuscular em repouso (a)


e ativada causando contração muscular (b). Os canais com
acesso estão numerados na sequência em que se abrem.......... 18

Figura 6 O receptor de acetilcolina (AChR) em ação. Esta proteína tem


cinco subunidades, duas das quais são idênticas (α
α2βγδ). Duas
moléculas de acetilcolina (ACh) ligam-se ao receptor, uma em
cada subunidade. O canal será aberto quando a acetilcolina se
ligar ao receptor............................................................................ 19

Figura 7 Estrutura básica dos carbamatos: éster do ácido N-


metilcarbâmico. O substituto R denota a variedade de grupos
ligados diretamente...................................................................... 32
Figura 8 Isômeros geométricos do aldicarb................................................ 34
Figura 9 Metabolismo do aldicarb............................................................... 36

Figura 10 Reações que ocorrem na dosagem da BuChE através do


método de Ellman......................................................................... 54

Figura 11 Curva de padrões de butirilcolinesterase com concentrações


respectivas de 0 (branco) UI/mL; 3,5 UI/mL; 7,0 UI/mL; 10,5
UI/mL; e, 14,0 UI/mL.................................................................... 55

Figura 12 Espectrofotometro Coleman modelo 35D, faixa espectral de


335 a 850 nm, utilizado pelo Laboratório de Toxicologia do
CIAVE-Ba..................................................................................... 57

Figura 13 A gravidade da intoxicação apresenta relação inversa com a


atividade da BuChE. Quanto menor a atividade enzimática,
maior a gravidade. A dispersão (área em vermelho) está
correlacionada inversamente com a gravidade, isto é,uma
maior gravidade representa uma menor dispersão da atividade
enzimática.................................................................................... 66

Figura 14 Concentrações da atividade de BuChE de 339 pacientes


atendidos pelo CIAVE-BA durante o período de 1999 a 2001..... 67

Figura 15 Atividades da colinesterase sérica encontrada dos pacientes do


sexo masculino (a esquerda) e feminino (à direita) em função
do tempo e valores estimados...................................................... 69

Figura 16 Modelo teórico tridimensional da butirilcolinesterase humana..... 91

Figura 17 Sequência de aminoácidos da butirilcolinesterase humana......... 92


ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Relação dos substratos das colinesterases do sangue .............. 21

Tabela 2 Caracterização dos principais tipos de butirilcolinesterase ......... 25

Tabela 3 Enfermidades e condições que modificam os níveis da


BuChE ......................................................................................... 29

Tabela 4 Inseticidas carbamatos por classe toxicológica e seu


nome comercial .......................................................................... 33

Tabela 5 Fórmula Estrutural e valores de DL50 aguda de alguns


inseticidas carbamatos ................................................................ 38

Tabela 6 Atividade enzimática da colinesterase sérica e sexo dos


pacientes intoxicados por aldicarb atendidos pelo CIAVE-Ba,
1999-2001.................................................................................... 59

Tabela 7 Gravidade da intoxicação nos 339 pacientes atendidos pelo


CIAVE (1997-2001) distribuídos de acordo com o sexo ............. 60

Tabela 8 Coeficientes de correlação de Pearson entre as variáveis


idade, tempo decorrido e atividade da BuChE ............................ 61

Tabela 9 Causas das 339 intoxicações atendidas pelo CIAVE-Ba. 62

Tabela 10 Evolução das intoxicações por aldicarb correlacionado com o


sexo ............................................................................................. 62
Tabela 11 Evolução do quadro clínico e faixa etária dos pacientes ............. 63
Tabela 12 Alteração da atividade enzimática e faixa etária dos pacientes... 63

Tabela 13 Nº de determinações laboratoriais da atividade da BuChE.


Realizadas nos pacientes intoxicados por aldicarb e
atendidos pelo CIAVE-BA no período de 1999 a 2001 ............... 64

Tabela 14 Correlação dos níveis de BuChE e a gravidade do quadro em


pacientes com dosagens alteradas ............................................. 65

Tabela 15 Pacientes com inibição da atividade da BuChE persistente por


mais de 48 horas ......................................................................... 68

Tabela 16 Estimativa da atividade enzimática em função do tempo


decorrido entre a ingestão e a coleta da amostra, através da
aplicação de equações cúbicas ................................................... 70
Jucelino Nery da Conceição Filho 11

RESUMO

A comercialização de pesticidas agrícolas como raticida tem sido responsável por


um número elevado de intoxicações no Brasil. Entre os anos de 1997 e 1999, os
raticidas foram responsáveis por 11,3% do total das intoxicações humanas
registradas pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
(SINITOX). Na Bahia, foram registrados 2.971 casos de intoxicação por estes
produtos no período de 1997 a 2001, sendo que 1.154 ocorreram só neste último
ano. O aldicarb, um pesticida carbamato de elevada toxicidade, figurou como a
principal substância comercializada clandestinamente como raticida. Esta fácil
disponibilidade no mercado tem gerado um aumento no número de intoxicações,
criando, consequentemente, um grande problema de saúde pública. Este trabalho
avalia a importância da dosagem da atividade da colinesterase sérica no diagnóstico
da intoxicação aguda por este pesticida através do método de Ellman modificado por
Dietz, até 24 horas do acidente. A amostragem foi constituída das dosagens de
atividade de colinesterase sérica realizadas pelo CIAVE-BA, no período de janeiro
de 1999 a dezembro de 2001, referentes a 339 casos de intoxicação aguda por
aldicarb. 75,8% dos pacientes estudados apresentaram níveis anormais de
butirilcolinesterase (BuChE). Dentre os casos graves, 75,0% tiveram valores entre 0
a 4 U.I./mL. Observou-se ausência de sinais e/ou sintomas em 4,2% dos 339
pacientes, sendo que cinco pacientes apresentaram a atividade da colinesterase
sérica alterada. A média dos valores das dosagens iniciais foi de 3,1 UI/mL, com
uma faixa de variação de < 0,4 a 13,4 UI/mL. O tempo médio entre a ingestão do
aldicarb e a coleta de sangue para a dosagem da atividade enzimática foi de 14,5
horas. Foram observados 9 pacientes com uma inibição da BuChE persistente por
mais de 48 horas após a ingestão do aldicarb.

Palavras-Chaves: Aldicarb, carbamatos, butirilcolinesterase, colinesterase,


inibidores de colinesterase.
Jucelino Nery da Conceição Filho 12

I INTRODUÇÃO

No Brasil, foram registrados 217.684 casos de intoxicação humana entre os anos de

1997 e 1999, com uma média anual de 75.561 ocorrências. Deste total, 11,3% foram

causadas por raticidas (FIOCRUZ, 1998 ; FIOCRUZ, 1999 ; FIOCRUZ, 2000 ).

Registros do Centro de Informações Antiveneno da Bahia (CIAVE-BA), centro de

referência em Toxicologia no Estado, apresentaram 2.971 notificações de

intoxicação por estes produtos no período de 1997 a 2001. Entre 1 de janeiro a 31

de dezembro de 2001, foram notificados 1.154 casos provocados por raticidas, dos

quais 740 (64,1%) pacientes se intoxicaram com aldicarb e 30 destes evoluíram para

óbito.

A legislação em vigor (Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo

Decreto nº 98.816, de 11 de janeiro de 1990) que regula o uso e comercialização de

pesticidas, incluídos aí os raticidas, determina como uso legal na composição de

rodenticidas apenas os derivados cumarínicos, tendo em vista a sua baixa

toxicidade para o homem (ARRUDA, 1999). Contudo, têm-se verificado o emprego

de substâncias de elevado poder tóxico como o fluoracetato, arsênio, compostos

organofosforados (OF) e aldicarb, ilustrado na figura 1 (comercializado sob o nome

de “Chumbinho” e “Japan”), na formulação de produtos vendidos clandestinamente

como raticida (LIMA & SPINELLI, 1997; ELLENHORN, 2001). Como forma de

controle, a legislação determina que a sua venda seja feita em casas especializadas
Jucelino Nery da Conceição Filho 13

e sob apresentação de receituário agronômico (ARRUDA, 1999).

Foto: Jucelino Filho Foto: Jucelino Filho

Figura 1 – Embalagem do produto aldicarb


comercializado clandestinamente como raticida conhecido
por “Chumbinho” (à esquerda) e detalhe do aspecto dos
grânulos que medem de 0,3 a 1,0 mm (à direita).
Fonte: fotos do Autor.

Estes produtos de elevada toxicidade são comercializados de forma clandestina em

diversas cidades do Brasil como raticidas, sendo responsável por grandes números

de intoxicações e óbitos (LIMA & SPINELLI, 1997; CONCEIÇÃO FILHO, 1997;

MARTINS et al., 2000; ANDRADE FILHO, 2001; GUIMARÃES et al., 2001;

CONCEIÇÃO FILHO, 2001; ELLENHORN, 2001). Esta comercialização tem

aumentado anualmente, gerando um sério problema de saúde pública. Entre os

anos de 1998 e 2001 houve um aumento de 37 para 58 pontos de venda nas

principais áreas de comércio em Salvador (figura 2), com números de óbitos por

raticidas nesta cidade de 10 (4,9%), 10 (3,1%), 29 (4,5%) e 12 (1,8%),

respectivamente em 1998, 1999, 2000 e 2001 (CONCEIÇÃO FILHO, 2001). A

substância mais utilizada ilegalmente como rodenticida tem sido o aldicarb, um


Jucelino Nery da Conceição Filho 14

potente inibidor de colinesterase pertencente ao grupo dos carbamatos.

Foto: Jucelino Filho

Figura 2 - Venda de raticidas clandestinos por vendedor


ambulante no comércio de Salvador. “Eficácia” dos produtos
vendidos, arsênico e “chumbinho”, exaltados pela exposição de
ratos secos com laços pretos no pescoço.
FONTE: CONCEIÇÃO FILHO, 1997.

Várias têm sido as metodologias empregadas no diagnóstico das intoxicações

por inibidores da colinesterase, através da determinação da atividade enzimática.

Dentre elas, destaca-se o método de Ellman o qual é atualmente recomendado pela

Organização Mundial de Saúde ( OMS, 1991; SILVA, 1996).


Jucelino Nery da Conceição Filho 15

1. COLINESTERASES

A atividade colinesterásica é derivada da ação de duas enzimas distintas: a

butirilcolinesterase (E.C. 3.1.1.8, colinesterase sérica ou plasmática, colinesterase

não específica, pseudocolinesterase, acilcolina acil - hidrolase ou BuChE ) e a

acetilcolinesterase (E.C. 3.1.1.7, colinesterase verdadeira, colinesterase eritrocitária

ou AChE) (MACQUEEN, 1973; KUTTY, 1980; OKSANA, 1987; OMS, 1991;

ROSATTI et al., 1995; OLIVEIRA-SILVA, 2001), responsável pela hidrólise do mais

importante neurotransmissor das junções sinápticas, a acetilcolina (ACh) (Figuras 3

e 4).

Figura 3 – Reação de hidrólise da acetilcolina catalisada pela acetilcolinesterase (AChE).


Fonte: KAPLAN, 1992

Este neurotransmissor do sistema nervoso autônomo (SNA) é armazenado em

vesículas existentes no citoplasma da terminação nervosa e antes da membrana

sináptica (OMS, 1991) (Figura 4). É especialmente liberado nas terminações pré-

ganglionares simpáticas e parassimpáticas, responsáveis pelas ações nicotínicas.

As fibras nervosas parassimpáticas pós-ganglionares também liberam a acetilcolina,


Jucelino Nery da Conceição Filho 16

sendo seus efeitos reproduzidos pela muscarina e suprimidos pela atropina. A ACh é

também o neurotransmissor liberado pelos nervos somáticos que inervam a

musculatura esquelética voluntária (OGA, 1996).

Figura 4 - Representação esquemática da junção neuromuscular


(ACh = acetilcolina; AChE = acetilcolinesterase).
FONTE: modificado de LARINI, 1979.

A transmissão de um estímulo nervoso é feita através de modificações na

concentração dos íons (LARINI, 1979). Quando um estímulo nervoso se propaga

pelo axônio, a membrana despolarizada acelera a liberação da acetilcolina, em

decorrência da alteração elétrica gerada. Esta liberação depende das concentrações

extracelulares de cálcio e magnésio bivalentes (OGA, 1996). A ACh liberada se liga

a um receptor colinérgico específico, o qual consiste numa molécula protéica com


Jucelino Nery da Conceição Filho 17

alta afinidade pelo neurotransmissor situado na membrana pós-sináptica da próxima

fibra nervosa. Pela ação da ACh se modifica a conformação desta molécula protéica,

facilitando a formação de numerosos espaços na membrana pós-sináptica. Os

cátions de sódio e potássio penetram através destes espaços e produzem uma

despolarização desta membrana, continuando assim o impulso nervoso (OMS,

1991).

A figura 5 mostra uma junção neuromuscular em repouso e outra ativada durante

uma contração muscular. Dos quatro canais com acesso que desempenham esse

processo, um é com acesso para ligantes e três são com acesso de voltagem: (1)

um canal de Ca2+ na membrana plasmática do neurônio; (2) um canal de Na+ na

membrana plasmática da célula muscular esquelética; e, (3) Um canal de Ca2+ no

sistema intracelular de membranas da célula muscular esquelética. O canal com

acesso para ligante na membrana plasmática da célula muscular esquelética é

aberto pela ligação do neurotransmissor acetilcolina. Ao ser aberto, este canal

permite a entrada de Na+ no interior da célula muscular e a saída de K+, ambos na

direção de seus respectivos gradientes de concentração (CAMPBELL, 2000).

Após a transmissão do impulso nervoso, a ACh deve ser removida da fenda

sináptica para permitir a recuperação do receptor ou para evitar respostas repetitivas

e descontroladas decorrente de um único estímulo. A ação da acetilcolina, na função

normal do sistema nervoso, deve ser muito curta, em torno de 1/500 segundos. A
Jucelino Nery da Conceição Filho 18

remoção é feita rapidamente através da hidrólise do composto pela ação da

acetilcolinesterase, havendo formação de colina e ácido acético. A colina é

reutilizada na síntese da ACh (LARINI, 1979; OMS, 1991; OGA, 1996).

Figura 5 – Comparação entre uma junção neuromuscular em repouso (a)


e ativada causando contração muscular (b). Os canais com acesso estão
numerados na sequência em que se abrem.
Fonte: CAMPBELL, 2000.

O receptor da acetilcolina é uma proteína grande com cinco subunidades, duas das

quais são idênticas, sendo sua composição designada como α2β


βγδ. Sabe-se que
Jucelino Nery da Conceição Filho 19

duas moléculas da acetilcolina se ligam ao receptor, uma em cada subunidade α

(Figura 6). Quando a acetilcolina se liga ao receptor, o canal se abre. O sítio de

ligação de cada subunidade é parte de uma região hidrofílica de uma proteína muito

hidrofóbica que atravessa a membrana.

Figura 6 - O receptor de acetilcolina (AChR) em ação. Esta


proteína tem cinco subunidades, duas das quais são idênticas
α2βγδ). Duas moléculas de acetilcolina (ACh) ligam-se ao

receptor, uma em cada subunidade. O canal será aberto quando a
acetilcolina se ligar ao receptor.
Fonte: CAMPBELL, 2000.

A acetilcolinesterase e a butirilcolinesterase apresentam diferenças cinéticas,


Jucelino Nery da Conceição Filho 20

estruturais e diferentes processos de síntese. A AChE é encontrada, principalmente,

nas sinapses do sistema nervoso central, periférico, parassimpático, junção

neuromuscular e membrana das hemácias. A sua síntese ocorre durante a

hematopoese. A BuChE, com peso molecular de 360.000 daltons, é sintetizada no

fígado e levada, de forma contínua, para a corrente sanguínea. Está presente no

plasma ou soro, no intestino, mas em pouca concentração no sistema nervoso

central e periférico. Estes dois sistemas apresentam meias-vidas bastante

diferenciadas, ou seja, três meses para a acetilcolinesterase e, aproximadamente,

uma semana para a butirilcolinesterase. Esta diferença tem sido proposta como uma

forma útil para diferenciar temporalmente as intoxicações (OGA, 1996, OLIVEIRA-

SILVA, 2001).

A acetilcolinesterase tem afinidade, quase que específica, para a acetilcolina,

embora possa hidrolisar diversos ésteres sintéticos (tabela 1).

A BuChE é conhecida desde 1932 como uma enzima que hidrolisa ésteres de

colina. Esta enzima foi denominada de “pseudocolinesterase” por Mendel e Rudney

em 1943 por duvidarem da possibilidade da butirilcolinesterase fazer parte essencial

na hidrólise da acetilcolina in vivo (OKSANA, 1987). Além da ACh, hidrolisa uma

gama bastante variável de ésteres sintéticos e naturais (tabela 1), como por

exemplo, os ésteres do ácido carbâmico, a butirilcolina, a benzilcolina, várias drogas

anestésicas, cocaína, heroína e outros ésteres (como o mivacurium e o


Jucelino Nery da Conceição Filho 21

suxametônio). A sua verdadeira função fisiológica ainda é desconhecida, sendo

aventadas muitas teorias (CARRAZA, 1989; OMS, 1991; KAPLAN, 1992; ROSATTI

et al., 1995; LOTTI, 1995; Mc QUEEN, 1995; FELDMAN, 1997; McGEHEE et al.,

2000; BORGES-OSÓRIO, 2001).

Tabela 1. Relação dos substratos das colinesterases do sangue.

Ponto de CINÉTICA COM


origem no SUBSTRATO HIDROLISADO ACETILCOLINA
sangue
ENZIMA Acetil- Acetilbeta- Butiril- Benzoil- Concentração Inibição
colina metilcolina colina colina ótima por
excesso

AChE Hemácias + + - - 3 x 10-3 +

Plasma /
BuChE soro + - + + 2 x 10-2 -

AChE= acetilcolinesterase; BuChE=butirilcolinesterase


Fonte: Adaptado de Henry, 1989.

Existe uma boa correlação entre a inibição da ChE e a intoxicação por

organofosforados e carbamatos. A colinesterase eritrocitária é a que apresenta

melhor especificidade e sensibilidade em relação à gravidade do quadro clínico, pois

reflete melhor a atividade da enzima no sistema nervoso, visto que apresenta

similaridade funcional com a enzima que se encontra nas placas motoras e nas

sinapses. A AChE é afetada mais tardiamente (ROSATTI et al., 1995; OGA, 1996).

Entretanto, a colinesterase sérica ou plasmática, em alguns casos, é mais utilizada


Jucelino Nery da Conceição Filho 22

por ser um bom indicador de exposição e apresentar praticidade na sua execução

(ROSATTI et al., 1995). A sua dosagem é considerada o exame mais indicado para

o diagnóstico de intoxicações agudas por anticolinesterásicos (organofosforados,

carbamatos, prostigmina, dentre outros), mas com pouco valor para a avaliação da

intoxicação crônica, uma vez que é afetada primeiramente e é regenerada mais

rapidamente (OMS, 1991; OGA, 1996).

Durante os últimos dez anos, muitas informações foram obtidas sobre a biologia

molecular e genética da acetilcolinesterase e butirilcolinesterase, enzimas distintas

codificadas por dois diferentes, mas correlacionados, genes. Têm-se estabelecido

que a BuChE é incluída por um único gen o qual corresponde ao locus E1.

Atualmente, já se conhece a sequência completa dos aminoácidos da colinesterase

sérica humana e a localização das pontes de dissulfeto dentro da sequência. A base

molecular de muitas variantes desta enzima tem sido descrita de forma detalhada.

Relata-se a possibilidade de ocorrerem mutações múltiplas dentro de um único gen

da BuChE ou poder haver combinação de mutações. Pelo menos onze variantes de

BuChE humana já foram identificadas (OKSANA, 1987; McQUEEN, 1995).

A ocorrência de mutações atípicas da BuChE tem sido muito estudada. Estas

alterações genéticas resultam em deficiência na atividade enzimática. Os pacientes

com variantes da butirilcolinesterase (Tabela 2) podem exibir marcadamente

paralisia prolongada após a administração de succinilcolina, suxametônio ou


Jucelino Nery da Conceição Filho 23

mivacurium (CHARLES, 2002). Estes relaxantes musculares utilizados em pré-

operatório, levam à paralisia dos músculos estriados, por poucos minutos, e logo em

seguida são metabolisados pela colinesterase normal. Quando o paciente apresenta

esta enzima com a sua atividade diminuída ou ausente, a paralisia poderá ter seu

efeito prolongado levando a uma apnéia por meia-hora ou mais, com risco de óbito

(BORGES-OSÓRIO, 2001) .

Esta diferença na reação aos relaxantes musculares decorre de alterações de alelos

múltiplos codominantes, pertencentes ao loco BuChE. A localização se dá no braço

longo do cromossomo 3 (3q). Segundo MACQUEEN & PLAUT (1973), JANEWAY

(1980), HENRY (1989) e BORGES-OSÓRIO (2001), os alelos mais conhecidos são:


U A
o BuChE usual ou “normal” (BuChE ), o atípico ou “dibucaína-resistente” (BuChE ),

S F
o silencioso (BCHE ) e o fluoreto-resistente (BuChE ). Os gens que controlam a

sua síntese são alelos um em relação ao outro. A forma usual, em homozigose


U U S U S
(BuChE /BuChE ) ou heterozigose com o alelo BuChE (BuChE / BuChE ),

determina a butirilcolinesterase normal, que é o tipo mais frequente em todas as

populações. Os homozigotos “atípicos“ têm níveis muito mais baixos de ChE.

A hidrólise da cocaína (COC) pela butirilcolinesterase ocorre lentamente. As suas

variantes prolongam a meia-vida desta droga no organismo, com raros problemas

clínicos. Entretanto, quando do uso continuado da COC, principalmente sob formas

de absorção rápida, como o “crack”, acumulam-se níveis tóxicos da droga, podendo


Jucelino Nery da Conceição Filho 24

levar à morte, o que é mais frequente entre os homozigotos e heterozigotos

compostos para as variantes da butirilcolinesterase.

A dibucaína, em concentração padrão, causa 80% de inibição da enzima normal,


U A
66% de inibição no heterozigoto (BuChE / BuChE ) e 22% no homozigoto

A A F F
(BuChE / BuChE ). O alelo BuChE determina em homozigose (BuChE /

F
BuChE ) uma esterase resistente à inibição pelo fluoreto de sódio, mas não à

S
dibucaína. O alelo BuChE (gen “silencioso”) leva a uma esterase completamente

inativa e os seu homozigotos altamente sensíveis ao suxametônio. Os indivíduos

que apresentam o soro destituído de qualquer atividade de ChE apresentam o gen

“silencioso”. Este contém uma proteína similar à enzima normal mas sem a sua

atividade (JANEWAY, 1980).

BORGES-OSÓRIO (2001) relata ainda a existência de mais duas variantes da

butirilcolinesterase: K e J que diferem entre si quanto ao códon alterado e

apresentam 66% e 33% de atividade, respectivamente. Mas, todas as demais

características da variante K estão presentes em todas as variantes J, bem como

90% das variantes atípicas.

Um baixo nível de BuChE ou mesmo a sua ausência completa é perfeitamente

compatível com o desenvolvimento normal. Nestes casos, somente quando se


Jucelino Nery da Conceição Filho 25

administra succinilcolina e outras drogas afins é que podem ocorrer problemas.

Tabela 2. Caracterização dos principais tipos de butirilcolinesterase.


Tipo de BuChE Fenótipos Genótipos Alteração do Alteração do
códon (DNA) aminoácido
U U
Usual (U) Normal BuChE /BuChE Nenhuma Nenhuma
A A
Atípica (A) Dibucaína-resistente BuChE /BuChE 70 GAT → GCT Asp → Gli
S S
Silenciosa 1 (S1) Sem atividade BuChE /BuChE 117 GGG → GGAG Gli → mmlc
S S
Silenciosa 2 (S2) Sem atividade BuChE /BuChE 6 ATT → TT Ile → mmlc
S S
Silenciosa 3 (S3) Sem atividade BuChE /BuChE 500 TAT → TAA Tir → cf
F F
Fluoreto 1 (F1) Fluoreto-resistente BuChE /BuChE 243 AGC → ATG Tre → Met
F F
Fluoreto 2 (F2) Fluoreto-resistente BuChE /BuChE 390 GGT → GTT Gli → Val
K K
Variante K (K) 66% de atividade BuChE /BuChE 539 GCA → ACA Ala → Tre
J J
Variante J (J) 33% de atividade BuChE /BuChE 497 GAA → GTA Glu → Val

Mmlc = mutação com mudança na leitura do código; cf = códon finalizador.


Fonte: BORGES-OSÓRIO, 2001.

Entre os pacientes que apresentam apnéia prolongada decorrente do uso do

suxametônio, geralmente, 10% têm butiril-colinesterase intermediária (heterozigoto),


A F
5% apresentam o tipo intermediário-fluoreto (BCHE / BCHE ) e em torno de 1/3

tem a enzima com atividade normal, não se sabendo o porquê da sensibilidade

destes ao relaxante muscular (BORGES-OSÓRIO, 2001).

A
Existe a hipótese de que o alelo atípico (BCHE ) possua uma vantagem seletiva em
Jucelino Nery da Conceição Filho 26

função da sua considerável frequência: judeus orientais, 10%; caucasóides norte-

americanos e brasileiros, 2 a 3%; brasileiros miscigenados, 1,5%; e entre negróides

e mongolóides de outras populações, menos de 1%. Neste caso, sendo a enzima

mutante menos sensível aos anticolinesterásicos, os seus portadores seriam mais

resistentes ao envenenamento da solanina (um glicoalcalóide tóxico natural presente

em plantas do gênero Solanaceas, como batatas verdes e tomates) (MACQUEEN &

PLAUT, 1973; JANEWAY, 1980; HENRY, 1989; BORGES-OSÓRIO, 2001).

Hada e colaboradores (1985) estudaram a ocorrência de alteração isoenzímica em

membros de uma família que apresentavam hipercolinesterasemia. A eletroforese

de gradiente em gel de poliacrilamida mostrou que indivíduos controle normal tinham

sete isoenzimas, mas todos os membros com hipercolinesterasemia desta família

tinham duas isoenzimas adicionais. As propriedades enzimáticas dos membros

afetados eram similar àquelas dos indivíduos normais. A hipercolinesterasemia

nesta família seria resultante de um número aumentado de moléculas da enzima,

entretanto, a causa desta alteração isoenzimática permanece obscura (HADA,

1985).

Os níveis de colinesterase são dependentes da idade e do sexo. Os níveis séricos

são geralmente mais baixos no sexo feminino que no masculino. A colinesterase

decresce com a idade, esta diminuição é mais acentuada entre 10 e 20 anos de

idade (MACQUEEN, 1973). A variação individual da colinesterase eritrocitária oscila


Jucelino Nery da Conceição Filho 27

em torno de 10%, enquanto a oscilação na plasmática corresponde a uma média de

14,5% (OGA ,1996). Existem discordância em relação aos intervalos de referência

para a atividade de colinesterase em Pediatria, mas, genericamente, pode-se

considerar que a atividade é baixa ao nascimento, em torno de 25% dos

observados no adulto, mantendo-se assim até os seis meses, quando começa a

aumentar, atingindo aos cinco anos, níveis cerca de 30 a 50% mais elevados do que

os do adulto. A partir dessa idade começam a se reduzir gradualmente (CARRAZA,

1989; OMS, 1991).

Alguns outros fatores, além do sexo e idade, podem influenciar os níveis da

atividade da colinesterase. Existem referências de que os níveis da BuChE em

pessoas negras são mais baixos que em brancas do mesmo sexo. A desnutrição

pode alterar o processo de biotransformação das substâncias tóxicas mediante a

inibição das enzimas microssômicas (OMS, 1991). Têm-se demonstrado que a

toxicidade oral de vários pesticidas é maior em animais mantidos com dietas

deficientes em proteínas. Em mulheres, o estado hormonal (puberdade ou

menopausa), o estado genético e o uso de contraceptivos orais são fatores

responsáveis por variações na atividade da BuChE (LEPAGE et al., 1985; EVANS et

al., 1988). SIDELL & KAMINSKIS (1975) desenvolveram um trabalho onde

constataram a variação nos níveis da BuChE entre homens e mulheres: homens nas

primeiras seis décadas de vida tiveram a atividade da colinesterase plasmática mais

alta que as mulheres; níveis mais altos da enzima foram encontrados entre as
Jucelino Nery da Conceição Filho 28

mulheres que faziam uso de contraceptivos orais quando comparadas com o grupo

que não o utilizava. Refere ainda que não foi observado diferença entre os sexos

após os sessenta anos de idade, bem como houve um aumento da atividade

enzimática com o aumento da idade em ambos os sexos até os 60 anos. A tabela 3

apresenta condições que modificam os níveis da atividade da BuChE.

A aplicação clínica da medida da colinesterase sérica no diagnóstico da exposição a

agentes anticolinesterásicos (organofosforados e carbamatos) requer uma boa

compreensão das variações inter e intra-individuais, bem como conhecimento do

tempo decorrido entre a exposição e a medida da atividade enzimática. Durante

algum tempo, a determinação desta enzima foi utilizada no diagnóstico de doenças

hepáticas, por ela ser sintetizada neste órgão. Entretanto, deixou-se de utilizá-la com

esta finalidade pelo fato da enzima poder ser afetada por um grande número de

processos patológicos hepáticos e extra-hepáticos, como hepatite, cirrose, uremia,

câncer, alergias e policitemias (Tabela 3) (CARRAZA, 1989; McQUEEN, 1995;

ANDRADE FILHO et al., 2001).

No Brasil, o Ministério do Trabalho regulamentou através da Norma Legal de 1983

(NR-7, anexo 11), como Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP) uma inibição da

atividade da AChE, plasmática ou eritrocitária, em 50%. Contudo, a redução na

atividade da enzima de 30% em relação ao valor de pré-exposição é indicativa da

necessidade de vigilância sanitária. Por este motivo, diversos Organismos


Jucelino Nery da Conceição Filho 29

internacionais recomendam este valor como IBMP (OGA, 1996).

Tabela 3. Enfermidades e condições que modificam os níveis da BuChE.

FATORES QUE LEVAM À DIMINUIÇÃO DA ATIVIDADE:

a) Patologia ou condição:

- anemias crônicas
- carcinoma - febre reumática
- desnutrição - hiperpirexia
- diálise renal - infarto do miocárdio
- enfermidades crônicas debilitantes - infecções agudas
- enfermidades do colágeno - mixedema
- enfermidades hepáticas (hepatite aguda, - queimaduras
(câncer hepático) - síndrome de choque tóxico
- enfermidade trofoblástica - tétano
- epilepsia - tuberculose
- uremia

b) Tratamento:

- contraceptivos orais - estrógenos


- derivação cardiopulmonar - fisostigmina
- ciclofosfamida - inibidores da monoamino oxidase
- clorpromazina - neostigmina
- corticóides - plasmaferese
- drogas anticâncer - propranolol e beta bloqueadores

c) Outro:

- raios X

FATORES QUE LEVAM AO AUMENTO DA ATIVIDADE:

- alcoolismo - hiperlipemia
- artrite - hipertensão essencial
- asma brônquica - nefrose
- bócio nodular - obesidade
- diabetes - psoríase
- esquizofrenia - tirotoxicose
- estados de ansiedade - uso de benzodiazepínicos

FONTE: modificado de OMS, 1991.


Jucelino Nery da Conceição Filho 30

Quando não é conhecido o valor de pré-exposição, pode-se utilizar os valores de

referência para uma população não exposta ou o valor obtido após o afastamento

integral do trabalhador de suas atividades, durante um período mínimo de 24 horas.

Na avaliação da exposição ocupacional aos carbamatos, a amostra de sangue deve

ser coletada durante a exposição do trabalhador (OGA, 1996).


Jucelino Nery da Conceição Filho 31

2. INSETICIDAS INIBIDORES DE COLINESTERASE

Os compostos inibidores de colinesterase têm origem em duas classes químicas

diferentes, os ésteres do ácido fosfórico ou fosforotióico (organofosforados) e os

ésteres do ácido carbâmico, ou mais particularmente do ácido N-metilcarbâmico

(figura 7), carbamatos, (LARINI, 1993; OGA, 1996; THIESEN, 1998; KLAASSEN,

2001), os quais vêm sendo utilizados e desenvolvidos desde o século XIX como

pesticidas e distinguem-se dos demais praguicidas pelo seu mecanismo de ação

(THIESEN, 1998; ANDRADE FILHO, 2001). Os organofosforados e os carbamatos

são responsáveis pelo maior número de intoxicações no meio rural (OLIVEIRA-

SILVA, 2001). Os compostos organofosforados foram empregados durante a

Segunda Guerra Mundial como agente químico (ANDRADE FILHO, 2001). Os

carbamatos, por sua vez, são utilizados desde 1947 como inseticidas em função de

suas propriedades inibitórias sobre a colinesterase dos insetos (SCHVARTSMAN,

1991). Atualmente, fazem parte da composição dos milhares de produtos existentes

no mercado, cerca de 200 diferentes inseticidas dos ésteres organofosforados e

aproximadamente 25 ésteres do ácido carbâmico (KLAASSEN, 2001).

Dentre o grupo dos carbamatos os principais representantes são apresentados na

Tabela 4. Estes inseticidas, quando puros, são sólidos, quase sempre de coloração

branca, muito pouco solúveis na água e solúveis na maioria dos solventes

orgânicos. São estáveis em condições normais de armazenamento, porém instáveis


Jucelino Nery da Conceição Filho 32

em temperaturas elevadas e em meio alcalino (OGA, 1996; LARINI, 1993).

Figura 7. Estrutura básica dos carbamatos: éster do ácido


N-metilcarbâmico. O substituto R denota a variedade
de grupos ligados diretamente.
Fonte: Klaassen & Watkins III, 2001.

O aldicarb, cujos principais nomes químicos são 2-metil-2 (metiltio) propanal-O-

(metilamino) carbonil oxima e 2-metil-2-(metiltio) propionaldeide O-(metilcarbamoil)

oxime, com código no “Chemical Abstracts Substance” (CAS) 116-06-3, constitui

uma substância cristalina proveniente do éter isopropílico, com peso molecular

190,25, fórmula bruta C7H14N2O2S, produzido desde 1965, de uso restrito,

comercializado na forma de grânulos de gesso recobertos ou impregnados com o

ingrediente ativo com 15% massa/massa (150g do ingrediente ativo/Kg) de aldicarb

(figura 1), mais um agente de coesão, sob o nome comercial de TEMIK®, indicado

como inseticida, acaricida e nematicida sistêmico de emprego agropecuário em

culturas de algodão, batata, cana-de-açúcar, café, citros e feijão. Possui alta

toxicidade, pertencendo à classe toxicológica I. O seu uso domissanitário é proibido

por lei. (UNEP/ILO/WHO, 1979; RISHER, 1991; LIMA & SPINELLI, 1997; ARRUDA,

1999; RAGOUCI-SENGLER et al., 2000; ANVISA, 2001; AVENTIS, 2001;

MICROMEDEX, 2002).
Jucelino Nery da Conceição Filho 33

Este pesticida é de uso exclusivamente agrícola e deve ser aplicado no solo (ILSI,

1995; RAGOUCI-SENGLER et al., 2000; ANVISA, 2001). Apresenta uma

persistência curta no ambiente e se degrada em seus sulfóxidos e produtos não

tóxicos (RAGOUCI-SENGLER et al., 2000; ANVISA, 2001; AVENTIS, 2001), com

elevado poder de inibição da acetilcolinesterase levando a importantes

manifestações colinérgicas e do sistema nervoso central (SNC) (CIT/RS, 1999).

Tabela 4. Inseticidas carbamatos por classe toxicológica e seu nome comercial.

CLASSE NOME TÉCNICO NOME COMERCIAL


TOXICOLÓGICA
Extremamente Tóxico Aldicarb Temik
Oxamyl Vydate-L
Carbofuran Furadan
Benfuracarb Oncol, Furacon
Methomyl Lannate
Formetanate Carzol
Altamente Tóxico Aminocarb Matacil
Dimetilan Snip Fly Bands
Dimetan Dimetan
Dioxacarb Elocron, Famid
Methiocarb Mesurol
Propoxur Baygon
Bendiocarb Ficam
Moderadamente Tóxico Pirimicarb Pirimor
Bufencarb Bux
MTMC Tsumacide
MPMC Meobal
Isoprocarb Etrofolan
Carbaryl Sevin

FONTE: adaptado de MICROMEDEX, 2002.

O aldicarb tem dois isômeros geométricos conforme mostrado na Figura 8. O


Jucelino Nery da Conceição Filho 34

produto comercial é uma mistura destes dois isômeros. Não é conhecido, ainda, qual

deles é o mais ativo (RISHER & CHOUDHURY, 1991).

Figura 8 – Isômeros geométricos do aldicarb.


Fonte: RISHER & CHOUDHURY, 1991.

2.1 Toxicocinética dos Carbamatos

A exposição dérmica aos carbamatos torna-se crítica quando o organismo se

encontra em temperatura ambiente elevada. De acordo com alguns estudos

realizados, alguns carbamatos e seus metabólitos têm sido encontrados no leite de

mães a eles expostas, bem como seus resíduos em produtos comestíveis, quando

aplicados como inseticidas em hortifrutigranjeiros (ELLENHORN, 2001;

MICROMEDEX, 2002).

Assim como os organofosforados, os carbamatos são absorvidos por via cutânea,

oral e respiratória. Contudo, apresentam baixa toxicidade por via dérmica

(excetuando-se o aldicarb que é muito tóxico tanto por via oral quanto por via

dérmica) (SCHVARTSMAN, 1991). A absorção por via oral ocorre nas intoxicações
Jucelino Nery da Conceição Filho 35

agudas acidentais, nas tentativas de suicídio, sendo, assim, a principal via implicada

nos casos atendidos nos serviços de emergência. As intoxicações ocupacionais

ocorrem, geralmente, através das vias dérmica e respiratória (OGA, 1996;

ELLENHORN, 2001).

O aldicarb é prontamente absorvido por via oral, distribuído amplamente pelo

organismo e rapidamente biotransformado. Seus produtos de biotransformação são

excretados principalmente na urina (80%) dentro de 24 horas, não havendo

armazenamento nos tecidos.

2.1.1 Biotransformação

As principais reações de biotransformação dos carbamatos compreendem: hidrólise;

hidroxilação do grupamento N-metil, com formação de compostos com menor

toxicidade; hidroxilação do anel aromático; N-demetilação, e conjugação com o

UDPGA e PAPS, especialmente dos compostos hidroxilados (OGA, 1996;

ELLENHORN, 2001).

Vias metabólicas similares tipo monoxigenases FAD-dependentes são utilizadas por

vários carbamatos. São rapidamente degradados em oximas, sulfóxidos, sulfo e

acetonitrilas e CO2. O aldicarb, por exemplo, inicialmente é oxidado resultando em

metabólitos ativos sulfóxido e sulfona. Por hidrólise, resultam em oximas, nitritos,


Jucelino Nery da Conceição Filho 36

amidos, ácidos e álcoois (sem atividade) (Figura 9). Em plantas, o metabólito

sulfóxido é 10 a 20 vezes mais ativo como inibidor de colinesterase que o aldicarb

não metabolizado (UNEP/ILO/WHO, 1979; WATSON, 1992; CIT/RS, 1999;

ELLENHORN, 2001).

Os carbamatos, em sua maioria, não causam sintomatologia exuberante a nível de

sistema nervoso central (SNC). Contudo, quando esses sinais se fazem presente,

são considerados sinais de gravidade (ELLENHORN, 2001).

Figura 9 – Metabolimo do aldicarb.


Fontes: UNEP/ILO/WHO, 1979; WATSON, 1992.
Jucelino Nery da Conceição Filho 37

2.1.2 Eliminação

A eliminação dos carbamatos ocorre principalmente pelas fezes e urina. Outra via

utilizada é a biliar. No caso do aldicarb, cerca de 30% é excretado pela bile na forma

conjugada. Através desta via de eliminação, ocorre circulação entero-hepática,

prolongando a sintomatologia (ELLENHORN, 2001).

2.2 Toxicodinâmica

2.2.1 Toxicidade e mecanismo de ação tóxica

A quantidade necessária, em mg.Kg-1 de peso corpóreo, para provocar a morte de

50% de um lote de animais submetidos à experiência que expressa a toxicidade

aguda de um composto é denominada de dose letal média, sendo representada por

DL50 (LARINI 1987). Na literatura, há uma grande variação nos valores da DL50 do

aldicarb por via oral em ratos. De acordo com o “Registry of Toxic Effects of

Chemical Substances “ (RTECS) de Cincinnati, Ohio, este valor é de 0,5 mg/Kg.

HAYES, em 1982, referiu como DL50 do aldicarb a faixa de 0.6-0.8 mg/kg

(MICROMEDEX, 2002). A Tabela 4 mostra a dose letal média de alguns

carbamatos.
Jucelino Nery da Conceição Filho 38

Tabela 5. Fórmula estrutural e valores de DL50 aguda de alguns inseticidas carbamatos.

DL50 (mg/Kg) em ratos


Inseticida Fórmula Estrutural Via oral Via
dérmica
Carbaril 500 - 800 5.000

Propoxur 80 – 190 2.000

Moban 115 – 150 2.000

Carbofuran 5 – 13 1.000

Aldicarb 0,5 – 1,2 3 – 10

Fonte: Modificado de OGA, 1996.

A toxicidade dos carbamatos, assim como os organofosforados, decorre dos seus

efeitos inibitórios sobre a acetilcolinesterase no sistema nervoso, levando ao

acúmulo de acetilcolina nas sinapses e junções mioneurais com consequentes sinais

e sintomas muscarínicos, nicotínicos e do SNC. O que os difere dos OF é a duração

e a intensidade de sua ação, uma vez que estes se ligam de uma forma irreversível

à enzima (OGA, 1996). Os carbamatos, por serem substratos fracos para a

colinesterase, ligam-se apenas temporariamente e, após um período de


Jucelino Nery da Conceição Filho 39

regeneração de aproximadamente trinta minutos, ocorre descarbamilação da enzima

inibida, a acetilcolinesterase N-metilcarbamilada (THIESEN, 1998). Por este motivo,

muitas vezes, não se consegue diagnosticar a exposição a carbamatos através da

dosagem da atividade desta enzima, diferentemente dos organofosforados que

promovem uma ligação irreversível (SCHVARTSMAN, 1991; ROSATTI et al., 1995;

RAGOUCI-SENGLER et al., 2000; AVENTIS, 2001). Este conceito de que os

inseticidas carbamatos são inibidores reversíveis da AChE não é estritamente

correto porque implica que o composto seja dissociado da enzima de maneira

intacta quando, na realidade, isso não ocorre. Eles se ligam covalentemente ao sítio

esterásico da enzima sendo hidrolisados de maneira similar à hidrólise da

acetilcolina (LARINI, 1993).

A inibição da AChE determina o acúmulo de acetilcolina, levando ao surgimento de

sintomatologia polimorfa e, frequentemente, grave com cólicas abdominais,

náuseas, vômitos, sialorréia, lacrimejamento e sudorese excessiva; aumento do

peristaltismo intestinal e incontinência urinária; visão borrada, distúrbios da

acomodação visual e miose puntiforme bilateral; bradicardia; acúmulo de secreções

brônquicas, às vezes com aspecto de edema agudo. Nota-se, também, sintomas

tipo nicotínicos caracterizados por tremores, fasciculações e espasmos musculares,

incoordenação dos movimentos, flacidez e paralisia muscular. Ocorrem, ainda,

cefaléia, tontura e, nos casos mais graves, confusão mental, convulsões e coma

(SCHVARTSMAN, 1991). Os carbamatos podem produzir, também, outros efeitos


Jucelino Nery da Conceição Filho 40

bioquímicos como um decréscimo da atividade metabólica do fígado, decréscimo na

síntese cerebral de fosfolipídios, alterações dos níveis de serotonina no sangue e

redução de atividade da glândula tireóide (OGA, 1996).


Jucelino Nery da Conceição Filho 41

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Este trabalho visa avaliar a relevância da dosagem da atividade da colinesterase

sérica no diagnóstico das intoxicações agudas por aldicarb em amostras de sangue

coletadas nas primeiras vinte e quatro horas após o acidente.

3.2 Específicos

- Conhecer o perfil epidemiológico das intoxicações por aldicab registradas no

Centro de Informações Antiveneno da Bahia durante o período de 1979 a 2001.

- Avaliar a influência das variáveis sexo, idade, gravidade da intoxicação e

tempo decorrido da exposição sobre a atividade da colinesterase sérica;

- Determinar o grau de inibição da atividade da colinesterase sérica dos

pacientes atendidos pelo CIAVE-BA no período de janeiro de 1999 a dezembro

de 2001.

- Gerar subsídios para uma melhor compreensão e interpretação da atividade

da butirilcolinesterase nas intoxicações agudas por aldicarb.


Jucelino Nery da Conceição Filho 42

4. JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, têm-se verificado na Bahia, assim como em outras capitais

brasileiras, um número crescente de intoxicações por aldicarb, um carbamato de

elevado poder tóxico e produzido com fim agrícola. Este produto vem sendo

comercializado clandestinamente como raticida denominado de “chumbinho” através

do comércio informal. De fácil disponibilidade no mercado, o aldicarb está presente

em muitos lares onde tem provocado acidentes envolvendo crianças, além de ser

utilizado por indivíduos que objetivam o homicídio ou suicídio.

A determinação da atividade da BuChE é utilizada no diagnóstico das intoxicações

agudas pelo carbamato, por este motivo, faz-se necessário conhecer os fatores que

modificam esta atividade, bem como interpretar corretamente os valores obtidos.

A ligação dos carbamatos à colinesterase sérica é reversível, espontânea e de curta

duração, o que dificulta o diagnóstico laboratorial através da determinação da

atividade desta enzima (SCHVARTSMAN, 1991; ROSATTI et al., 1995; RAGOUCI-

SENGLER et al., 2000). Entretanto, o autor verificou na prática que, em alguns

casos, é possível diagnosticar a intoxicação mesmo tendo decorrido tempo superior

a 24 horas.
Jucelino Nery da Conceição Filho 43

5. METODOLOGIA

5.1 Métodos Existentes para Determinação da Atividade da Colinesterase

Existem vários métodos que podem ser utilizados para a determinação da atividade

da colinesterase do sangue total ou, separadamente, no plasma (ou soro) e nas

hemácias. Para a escolha de um método, aspectos importantes devem ser

observados como a infra-estrutura disponível, custo, capacitação de pessoal e o

objetivo das análises seja a vigilância epidemiológica ou ocupacional, o diagnóstico

em emergências, etc.

Para a execução das análises, algumas condições devem ser estabelecidas: dentre

elas, o pH do meio e a temperatura em que o ensaio é realizado, pois podem

influenciar a atividade enzimática (SILVA, 1996).

O pH ideal para a atividade da colinesterase plasmática in vitro se situa na faixa de

8,0 a 8,5, enquanto que para a eritrocitária varia de 7,5 a 8,0. Possivelmente, para

valores de pH inferiores aos citados irá ocorrer a protonação dos aminoácidos dos

sítios ativos da enzima, com perda de atividade. Desta forma, a maioria dos métodos

descritos na literatura para a realização dos ensaios recomenda a utilização de

meios tamponados nestas faixas de pH (SILVA, 1996).


Jucelino Nery da Conceição Filho 44

As temperaturas acima de 60ºC provocam desnaturação protéica levando à perda

total da atividade enzimática. A “International Federation of Clinical Chemistry”

(IFCC) recomenda a temperatura de 30oC, entretanto, utiliza-se normalmente as

temperaturas entre 20oC e 40oC nos métodos de determinação da atividade de

colinesterases sangüíneas. Tabelas com fatores de correção podem ser utilizadas

em situações onde não se consegue realizar os ensaios à temperatura controlada

(SILVA, 1996).

Os métodos para determinação da atividade das colinesterases sangüíneas

baseiam-se na reação in vitro da hidrólise dos ésteres da colina, a exemplo do que

ocorre nos organismos vivos, ou seja, determina-se a presença dos produtos de

degradação do substrato através da utilização de diferentes recursos laboratoriais.

Os principais produtos obtidos são: a tiocolina, a colina e o ácido acético (SILVA,

1996).

Vários métodos foram propostos para a determinação da atividade de colinesterases

sangüíneas desde a década de 20, podendo ser divididos em dois tipos:

- de execução restrita a laboratórios: são mais elaborados, sensíveis e precisos.

- métodos de campo: são aqueles que podem ser executados fora do laboratório.

Os testes de campo são utilizados, geralmente, com o objetivo de avaliar a

exposição de indivíduos expostos a pesticidas inibidores da enzima, permitindo,


Jucelino Nery da Conceição Filho 45

assim, identificar situações de risco de intoxicação. No caso de se diagnosticar

estas situações, os indivíduos devem ser submetidos a exames mais precisos e

exatos em laboratório (SILVA, 1996).

Os principais métodos utilizados são os seguintes:

5.1.1 Métodos de campo

Os métodos de campo, geralmente, são adaptações feitas a partir de métodos de

execução em laboratório, como por exemplo, o espectrofotométrico. São

encontrados na forma de “kits” e são utilizados através de aparelhagem portátil.

Alguns fatores de correção são utilizados nestes métodos para compensar o banho

de água a temperatura constante para realização da hidrólise (SILVA, 1996).

Como exemplo temos o método de Edson, com o comparador colorimétrico de

Lovibond, o qual tem a vantagem de ser muito prático, rápido e de poder ser feito em

condições de campo. Este método tem sido muito utilizado pela Organização

Mundial de Saúde (OMS) através do kit denominado “Lovibond Cholinesterase Field

kit” (Tintometer CO. Ltd., London, U.K.). Este método utiliza um disco contendo uma

série de nove padrões, em vidro, de cores similares àquelas obtidas pela mistura

que vai do verde até o laranja (SILVA, 1996; BRASIL, 1997).


Jucelino Nery da Conceição Filho 46

5.1.2 Métodos de execução em laboratório

5.1.2.1 Métodos que detectam a formação de ácido

a. Manométricos

Warburg preconizou um dos primeiros métodos de laboratório a ser utilizado para a

dosagem da colinesterase: o manométrico. Este é bastante sensível, com uma

precisão da ordem de 1% de coeficiente de variação. A hidrólise dos ésteres da

colina, utilizados como substrato, ocorre na presença de um tampão ácido

carbônico-bicarbonato. O ácido liberado reage com o íon bicarbonato para formar

ácido carbônico, de acordo com as reações a seguir:

CH3COOH + NaHCO3 → CH3COONa + H2CO3

H2CO3 → CO2 + H2O

Assim, o CO2 produzido pela dissociação do H2CO3 é medido através de um

manômetro. Em virtude de exigir pessoal técnico e equipamentos especializados

este método não é utilizado atualmente, apesar de ser um método sensível (SILVA,

1996).
Jucelino Nery da Conceição Filho 47

b. Potenciométricos

Neste método, a atividade da colinesterase é medida em função da variação de pH

resultante da liberação de ácido acético numa solução, quando a enzima

presente na amostra (plasma ou eritrócitos) hidrolisa o substrato acetilcolina.

Destaca-se aqui o procedimento proposto por MICHEL, no qual os valores de pH

são determinados através de um aparelho medidor de pH, a reação é realizada em

meio tamponado (pH 8,0 para plasma e 8,1 para eritrócitos) e a atividade da enzima

é expressa em variação de pH por hora (pH/hora). Este método é bastante sensível,

tendo a vantagem de poder ser realizado em plasma ou eritrócitos, separadamente

(SILVA, 1996).

c. Titulométricos

Vários métodos colorimétricos têm sido desenvolvidos nos quais se utiliza

indicadores de pH para a medida da atividade da enzima (MACQUEEN, 1973). Os

métodos titulométricos para determinação da atividade de colinesterases

sangüíneas baseiam-se na titulação do ácido liberado na hidrólise do éster da colina

com uma base padronizada (KAPLAN, 1992; SILVA, 1996).

Dentre eles, o método mais conhecido é o descrito por NABB & WHITFIELD, que

pode ser realizado tanto em eritrócitos como em plasma.


Jucelino Nery da Conceição Filho 48

KAMARIC & OMAN’S utilizaram metodologia semelhante na determinação da

atividade da butirilcolinesterase em plasma e fígado de ratos, titulando-se o ácido

propiônico e utilizando a propionilcolina como substrato (SILVA, 1996).

d. Espectrofotométricos

BIGGS e cols. desenvolveram um método onde preconizam o azul de bromotimol

(indicador de pH) como agente cromogênico. O corante sofre mudança de cor na

presença do ácido acético e a sua intensidade depende da maior ou menor

quantidade de ácido, fornecendo diferenças na absorvância lida em 620 nm. Este

método foi proposto para sangue total e plasma e apresenta a vantagem de não

sofrer interferência da banda de absorção da hemoglobina (SILVA, 1996).

Um outro indicador de pH foi utilizado por CARAWAY na medida da atividade

enzimática em soro, o vermelho de fenol. O princípio é o mesmo do método

descrito anteriormente, ou seja, quanto maior a atividade da enzima, maior será a

quantidade de ácido formado e mais intensa será a mudança de cor do indicador,

resultando um menor valor de absorbância registrado (SILVA, 1996).

5.1.2.2 Métodos que detectam a formação de colina


Jucelino Nery da Conceição Filho 49

a. Espectrofotométricos

Um dos métodos espectrofotométricos muito utilizado tem como princípio a liberação

de colina através da hidrólise da acetilcolina, sendo oxidada pela colina oxidase,

havendo formação de peróxido de hidrogênio. Este, interage com a enzima

peroxidase, formando um composto róseo, na presença de fenol e 4-aminoantipirina,

que absorve em 500 nm. Diversos autores já utilizaram métodos baseados neste

fundamento, com diversos objetivos. É o caso de FAYE & EVANS que utilizaram

uma metodologia semelhante para determinação da enzima no soro humano,

utilizando a succinildicolina como substrato, objetivando determinar idiossincrasias

decorrentes das variantes genéticas. Acredita-se que este substrato, a exemplo da

succinilcolina, não seja hidrolisado pelas variantes enzimáticas (SILVA, 1996).

5.1.2.3 Métodos que detectam a formação de tiocolina

a. Fluorimétricos

Outro método também utilizado na determinação da atividade de colinesterases é a

fluorimetria. Estes métodos se baseiam ou na hidrólise de substratos fluorescentes,

formando produtos não fluorescentes, ou vice-versa (SILVA, 1996).


Jucelino Nery da Conceição Filho 50

Um método onde a tiocolina liberada na hidrólise do substrato reage com uma

maleimida fluorogênica, gerando um composto de intensa fluorescência azul foi

descrito por PARVARI e col. (SILVA, 1996).

b. Espectrofotométricos

O método mais utilizado atualmente em laboratórios de Toxicologia é o

espectrofotométrico proposto por ELLMAN e colaboradores com suas diversas

modificações, tendo como princípio a hidrólise de um substrato éster da tiocolina

(como a acetiltiocolina) pela enzima presente nos eritrócitos, ou no plasma, com a

consequente liberação de tiocolina. Esta, ao reagir com o ácido 5,5’-ditiobis-2-

nitrobenzóico (DTNB), produz um composto colorido que absorve luz em 412 nm.

Consiste num método rápido e sensível, que pode ser realizado com segurança nas

frações do sangue (SILVA, 1996).

Diversas adaptações foram propostas para o método de ELLMAN e colaboradores

em relação à concentração e tipos diferentes de substratos (como a butiriltiocolina

ou propioniltiocolina, por exemplo), à adaptações do método para uso no campo, à

determinação em meio de temperatura controlada e ao tipo de tampão. A utilização

da propioniltiocolina como substrato foi proposta em decorrência desta ser


Jucelino Nery da Conceição Filho 51

hidrolisada com a mesma intensidade tanto pela enzima plasmática quanto

eritrocitária (SILVA, 1996).

A “Association Official Analytical Chemistry” (AOAC) recomenda como método de

referência o de ELLMAN e colaboradores com modificação proposta por HARLIN &

ROSS, onde efetuaram alterações referentes à diluição da amostra e concentração

de DTNB adicionada ao ensaio (SILVA, 1996). Observaram, ainda, que quando a

temperatura se situa entre 22,0°C e 25,5°C, a diferença entre os resultados é

insignificante.

O método descrito por Ellman é o método mais recomendável devido à facilidade de

adaptação à maioria dos espectrofotômetros de laboratório (KAPLAN, 1992). Este

método, assim como as suas subseqüentes adaptações sugeridas, apresenta uma

relação direta entre atividade enzimática e a leitura espectrofotométrica, ou seja, o

aumento da absorvância é diretamente proporcional a atividade da enzima, de

acordo com a lei de Lambert-Beer (SILVA, 1996).

Este método pode ser utilizado tanto para a dosagem da atividade da AChE quanto

da BuChE. Para a determinação atividade da acetilcolinesterase, após a

centrifugação da amostra e posterior descarte do sobrenadante, as membranas dos

eritrócitos existentes no precipitado são ressuspensas em tampão de lise, cujo

processo é repetido por duas vezes. O precipitado final é suspenso em 0,5mL de


Jucelino Nery da Conceição Filho 52

solução tampão de fosfato 0,12M, pH 7,6 (tampão de análise). A finalidade deste

processo é eliminar toda a hemoglobina presente nas hemácias. A partir daí o

procedimento é o mesmo dado para a determinação da atividade da

butirilcolinesterase, exceto que se recomenda a acetiltiocolina ao invés da

propioniltiocolina ou butiriltiocolina (OLIVEIRA-SILVA, 2001).

A automação destes métodos tem sido descrita na literatura, onde equipamentos

como o analisador COBAS-Bio foram utilizados (LEWIS et al, 1981; RATNAIKE et al,

1987).

5.2 Amostragem

Este estudo foi realizado a partir das fichas de atendimento (Anexo 2) de casos de

Intoxicação ocorridos na Bahia, no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2001,

pelo Centro de Informações Antiveneno (CIAVE), centro de referência em

intoxicações da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia.

Foram utilizadas na análise as informações de 339 casos de intoxicação por aldicarb

do total de 384 casos registrados. Os 45 casos restantes foram excluídos por não ter

sido confirmada a utilização do aldicarb, não terem resultados da dosagem da

atividade da BuChE e não constar data e/ou horário de coleta da amostra de

sangue. Entre os excluídos pela não confirmação do uso do produto, as suas


Jucelino Nery da Conceição Filho 53

respectivas fichas não tinham relato do nome ou descrição do mesmo pelo paciente

ou familiares, havendo apenas a suspeita diagnóstica.

As variáveis trabalhadas foram sexo, idade do paciente, circunstância (causa),

gravidade do quadro clínico, tempo decorrido entre o acidente e a coleta de sangue

para o exame laboratorial e a dosagem da atividade da colinesterase sérica. Os

valores da dosagem da atividade enzimática foi obtida a partir do livro de registro de

análises do Laboratório de Toxicologia de Urgência do CIAVE.

5.3 Coleta, Preparação e Armazenamento das Amostras Biológicas

As amostras de sangue foram coletadas com seringa plástica descartável e

acondicionadas em tubos secos (sem anticoagulante). Após a coagulação, as

amostras foram centrifugadas a 2.000 rpm por 10 minutos e o soro foi separado.

Quando da impossibilidade de execução da análise de imediato, este era

armazenado em refrigerador até o momento da dosagem.

5.4 Procedimentos Analíticos

As dosagens foram feitas em soro através do kit comercial marca DOLES (2001),

método colorimétrico, baseado no método de Ellman modificado por Dietz

(MACQUEEN, 1973), que utiliza como amostra o soro ou plasma (utilizando-se


Jucelino Nery da Conceição Filho 54

EDTA ou heparina como anticoagulante). A reação está descrita na figura 10.

ChE
+
1. C2H5-C-S-C-H2CH2N(CH3)3 + H2O → C2H5-COOH + HS-CH2CH2-N (CH3)3
propioniltiocolina ácido propiônico tiocolina

Figura 10. Reações que ocorrem na dosagem da BuChE através do método de Ellman.
Fonte: KAPLAN, 1992.

Emprega-se como substrato o iodeto de propioniltiocolina (produz uma atividade

27% maior que o iodeto de butiriltiocolina a 37ºC e dá leituras inferiores nos

brancos). O uso deste substrato facilita a discriminação entre alguns fenótipos

comuns de colinesterase. Têm-se registro de variação entre corridas de 3%. O

reagente de cor é o 5,5-ditiobis-(ácido 2-nitrobenzóico), o DNTB, em tampão fosfato

pH 7,6 (KAPLAN, 1992). O ácido 5-tio-2-nitrobenzóico resultante da reação consiste

num composto amarelo (figura 11), de absorção máxima a 410nm (KAPLAN, 1992),

é estável por 15 minutos, à temperatura ambiente (20-30ºC) (SILVA, 1996). O DNTB

é fotossensível, conforme foi demonstrado através de experimento citado por

WALMSLEY e colaboradores, onde o comprimento de onda de luz que produziu a


Jucelino Nery da Conceição Filho 55

taxa máxima de mudança de absorbância coincidiu com o pico de absorbância do

DNTB, e este foi bem separado do pico do tionitrobenzoato.

Foto: Jucelino Filho

Figura 11. Curva de padrões de butirilcolinesterase com concentrações


respectivas de 0 (branco) UI/mL; 3,5 UI/mL; 7,0 UI/mL; 10,5 UI/mL; e, 14,0 UI/mL.
Fonte: foto do autor.

O cálculo da atividade da colinesterase pode ser feito através da fórmula:

Sendo, At a absorbância do teste, Ap a absorbância do padrão e 7 (U.I. / mL) a sua

concentração.

Por questão de praticidade, utiliza-se um fator de calibração no cálculo da

colinesterase. Este fator é determinado na abertura de cada “kit” através de padrão


Jucelino Nery da Conceição Filho 56

no intervalo de linearidade da metodologia adotada (a reação é linear até 14

U.I./mL).

Cálculo do Fator:

Concentração do Padrão
Fator (F) = --------------------------------- Onde, P(média) = média das leituras do padrão
absorbância P(média) (feito em triplicata).

Desta forma, calcula-se:

Colinesterase (U.I./mL) = T x Fator (F) Onde, T = absorbância do teste.

O resultado é expresso de acordo com o Sistema Internacional (S.I.), ou seja, em

Unidade Internacional por mililitro (U.I./mL), onde uma U.I. de colinesterase é a

quantidade de enzima que hidrolisa um µmol de substrato/minuto/mL de soro numa

temperatura de 37ºC.

Os valores de referência deste método são diferenciados, de acordo com o sexo:

- sexo feminino: 5,0 – 10,5 U.I./mL

- sexo masculino: 6,1 – 12,1 U.I./mL

A presente metodologia é específica para a determinação da colinesterase e o seu

limite de detecção é de 0,4 U.I./mL de colinesterase a 410 nm. As dosagens foram

realizadas em espectrofotômetro digital marca Coleman, modelo 35D (figura 12).


Jucelino Nery da Conceição Filho 57

Figura 12. Espectrofotômetro digital marca Coleman, modelo 35D, faixa espectral
de 335 a 850 nm, utilizado pelo Laboratório de Toxicologia do CIAVE-Ba.

5.5 Análise Estatística

A análise estatística foi realizada através do programa “Statistical Package for Social

Sciences” (SPSS), versão 9.0 para Windows. Os dados estatísticos descritivos

incluíram: análise univariada; cruzamentos entre as variáveis com o objetivo de

observar relação de dependência, através do qui quadrado; teste de Anova (análise

de variância) para se observar igualdade de média da atividade enzimática; teste t

de student; e, correlação de Pearson, utilizada para verificar a relação entre as

variáveis idade, tempo decorrido e atividade enzimática. O intervalo de confiança

para a média das variáveis sexo, tempo decorrido e atividade da colinesterase foi

calculado através da fórmula abaixo para 0,5% de confiança.


Jucelino Nery da Conceição Filho 58

Para o coeficiente da correlação de Pearson, calculou-se através da fórmula:

Utilizou-se o modelo de regressão com o objetivo de obter uma equação que se

adequasse à relação entre o tempo decorrido da exposição à coleta do material

biológico para análise e a atividade enzimática, de forma que se pudesse estimar o

grau de inibição da colinesterase sérica em função do tempo. O modelo que mais se

adequou foi o cúbico, com teste para os coeficientes com significância de 5%.
Jucelino Nery da Conceição Filho 59

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de janeiro de 1999 a dezembro de 2001, o Laboratório de Toxicologia de

Urgência do CIAVE realizou dosagens de atividade da colinesterase sérica

referentes a 899 casos de intoxicação aguda. Destes, 384 foram decorrentes da

ingestão de aldicarb, pesticida de uso agropecuário comercializado ilegalmente

como raticida, sendo esta a amostragem inicial do estudo. Destes casos, quarenta e

cinco foram excluídos por não disporem de dados referentes à hora do acidente e/ou

ao tempo decorrido entre a ocorrência da ingestão e a coleta da amostra de sangue

para o diagnóstico laboratorial da intoxicação. A amostra estudada é constituída de

339 pacientes (Tabela 6 e Anexo I).

Tabela 6. Atividade enzimática da colinesterase sérica e sexo dos pacientes


intoxicados por aldicarb atendidos pelo CIAVE-Ba, 1999-2001.

Atividade SEXO
Total
Enzimática
Feminino Masculino

ALTERADA n 151 106 257


% 58,8 41,2 100,0

NORMAL n 54 28 82
% 65,9 34,1 100,0

Total n 205 134 339

% 60,5 39,5 100,0

(p=0,252 : independente)

Dos 339 pacientes estudados, 205 foram do sexo feminino e 134 do sexo masculino,
Jucelino Nery da Conceição Filho 60

como indicado na Tabela 6.

A Tabela 7 apresenta a gravidade da intoxicação distribuída por sexo, onde 41,6%

tiveram intoxicação moderada e 33% foram moderada. Os números aqui observados

ratificam a literatura quanto a toxicidade do aldicarb. Não foram observadas

diferenças significativas (p=0,576) da gravidade do quadro clínico entre homens e

mulheres.

Tabela 7. Gravidade da intoxicação nos 339 pacientes atendidos pelo CIAVE (1997-2001)
distribuídos de acordo com o sexo.

Sexo GRAVIDADE DA INTOXICAÇÃO Total


Leve Moderada Grave

Feminino n 56 84 65 205
% 27,3 41,0 31,7 100,0

Masculino n 30 57 47 134
% 22,4 42,5 35,1 100,0

Total n 86 141 112 339


% 25,4 41,6 33,0 100,0

(teste t student, p=0,576).

As faixas etárias com maior ocorrência foram entre 10 a 20 anos (41,0%) e entre 20

a 30 anos (25,7%). A idade média encontrada foi 22,3 anos com intervalo de 20,7 e

23,9 anos, com nível de 95% de confiança. Metade (50,2%) dos pacientes do sexo

feminino tinham entre 10 a 20 anos de idade.

A análise estatística não mostrou significância entre o sexo do paciente e a inibição


Jucelino Nery da Conceição Filho 61

da atividade enzimática, onde encontrou-se p=0,252 (Tabela 6).

Pelo coeficiente de correlação de Pearson (Tabela 8), observa-se que não existe

correlação, com significância de 1%, entre a idade do indivíduo e tempo decorrido da

exposição. A idade mostrou-se correlacionada negativamente com a atividade da

BuChE, ou seja, quanto maior a idade menor a atividade, considerando-se uma

significância de 5%. A maior significância para a correlação foi entre o tempo

decorrido da exposição e a atividade da BuChE. Isto representa que, quanto maior

for o tempo decorrido, maior será a atividade enzimática.

Tabela 8. Coeficientes de correlação de Pearson entre as variáveis idade, tempo


decorrido e atividade da BuChE.

Idade Tempo Atividade


decorrido da BuChE

Idade 1,000 0,007* -0,123**

Tempo decorrido 0,007 1,000 0,396

* A Correlação é significativa, p=0,05.


** A Correlação é significativa, p=0,01.

Foi observado uma relação significativa (p<0,000) entre o sexo e a causa da

intoxicação. A tentativa de suicídio foi a causa predominante (82,6%). Entre as

mulheres a ocorrência foi de 91,2% (Tabela 9).


Jucelino Nery da Conceição Filho 62

Tabela 9. Causas das 339 intoxicações atendidas pelo CIAVE-Ba.

SEXO CAUSA
Tentativa de TOTAL
Acidente Homicídio Ignorado suicídio

Feminino n 13 2 3 187 205


% 6,3 1,0 1,5 91,2 100,0

Masculino n 29 3 9 93 134
% 21,6 2,2 6,7 69,4 100,0

Total n 42 5 12 280 339


% 12,4 1,5 3,5 82,6 100,0

(p<0,000 – Dependência)

A maioria dos pacientes (97,1%) evoluíram para a cura, enquanto 6 óbitos (1,8%)

foram registrados. Dentre estes óbitos, cinco foram do sexo masculino (quatro por

suicídio e um por acidente) e um feminino (suicídio). Constatou-se que não existe

associação (p= 0,077) entre o sexo e a evolução do quadro clínico (Tabela 10).

Tabela 10. Evolução das intoxicações por aldicarb correlacionado com o sexo.

Sexo EVOLUÇÃO Total


Cura Óbito Ignorado
Feminino n 202 1 2 205
% 98,5 0,5 1,0 100,0

Masculino n 127 5 2 134


% 94,8 3,7 1,5 100,0

Total n 329 6 4 339


% 97,1 1,8 1,2 100,0

(p=0,077 – independente)

A análise estatística permitiu verificar que não existe relação (p=0,492) entre a faixa
Jucelino Nery da Conceição Filho 63

etária e a evolução da intoxicação (Tabela 11).

Tabela 11. Evolução do quadro clínico e faixa etária dos pacientes.

Evolução Faixa etaria Total


Ate 10 >10 a 20 >20 a 30 >30 a 40 >40 IGN

Cura 32 136 84 48 3 26 329


9,7% 41,3% 25,5% 14,6% 0,9% 7,9% 100,0%

Óbito 1 2 1 - - 2 6
16,7% 33,3% 16,7% - - 33,3% 100,0%

Ignorado - 1 2 - - 1 4
- 25,0% 50,0% - - 25,0% 100,0%

Total 33 139 87 48 3 29 339


9,7% 41,0% 25,7% 14,2% 0,9% 8,6% 100,0%

(p=0,492 – independente)

Quanto à associação entre a faixa etária e o grau de inibição da atividade da BuChE,

não se observou significância estatística entre estas variáveis (Tabela 12).

Tabela 12. Alteração da atividade enzimática e faixa etária dos pacientes.

Atividade Total
Faixa etária
enzimática
Ate 10 >10 a 20 >20 a 30 >30 a 40 >40 IGN

ALTERADA 20 110 64 39 2 22 257


7,8% 42,8% 24,9% 15,2% 0,8% 8,6% 100,0%

NORMAL 13 29 23 9 1 7 82
15,9% 35,4% 28,0% 11,0% 1,2% 8,5% 100,0%

Total 33 139 87 48 3 29 339


9,7% 41,0% 25,7% 14,2% 0,9% 8,6% 100,0%
(p=0,292 – independente)
Jucelino Nery da Conceição Filho 64

Em duzentos e cinquenta e cinco pacientes, realizou-se apenas uma dosagem da

atividade da butirilcolinesterase, enquanto que em 77 dos pacientes foram

realizadas duas determinações e 03 dosagens foram feitas para apenas sete

pacientes, conforme mostrado na tabela 13.

Tabela 13. Nº de determinações laboratoriais da atividade da BuChE. Realizadas nos


pacientes intoxicados por aldicarb e atendidos pelo CIAVE-BA no período de 1999 a 2001.
Nº de determinações CASOS
de BuChE
n %
1 255 75,2
2 77 22,7
3 7 2,1
TOTAL 339 100,0

Fonte: CIAVE

Níveis anormais de BuChE foram apresentados por 257 pacientes (75,8%) (Tabela

12). A média dos valores da atividade da butirilcolinesterase nas primeiras dosagens

foi de 3,1 UI/mL, com uma faixa de variação de < 0,4 a 13,4 UI/mL. A distribuição

dos casos de acordo com a atividade enzimática encontrada e a gravidade da

intoxicação estão representadas na Figura 14 e na Tabela 14, respectivamente. A

maioria dos pacientes (52,5%) apresentaram níveis de atividade da colinesterase

sérica na faixa entre 0 a 2 UI/mL. Por sua vez, a faixa compreendida de 2 a 4

U.I./mL apresentou um percentual de 12,7 dos pacientes avaliados. Cinquenta e três

pacientes (15,6%) apresentaram níveis de colinesterase entre 4 a 6 U.I./mL. 19,2%

tiveram resultados superiores a 6 U.I./mL.


Jucelino Nery da Conceição Filho 65

Tabela 14. Correlação dos níveis de BuChE e a gravidade do quadro em pacientes com
dosagens alteradas.
Atividade da GRAVIDADE DO CASO
BuChE LEVE MODERADO GRAVE TOTAL
(UI/mL) n % n % n % n %
0 |― 2 32 37,2 72 51,1 74 66,1 178 52,5
2 |― 4 14 16,3 19 13,5 10 8,9 43 12,7
4 |― 6 15 17,4 24 17,0 14 12,5 53 15,6
6 |― 8 14 16,3 13 9,2 8 7,1 35 10,3
8 |― 10 9 10,5 8 5,7 3 2,7 20 5,9
10 |― 12 1 1,2 2 1,4 1 0,9 4 1,2
12 |― 14 1 1,2 3 2,1 2 1,8 6 1,8
TOTAL 86 25,4 141 41,6 112 33,0 339 100,0

Fonte: CIAVE

Os casos de intoxicação, quanto à gravidade, foram: a) leves, com uma frequência

de 25,4% do total de pacientes; b) moderados, com 41,6%; e, c) graves, que

corresponderam a 33,0% do total de pacientes analisados. 75,0% dos casos graves

apresentaram valores de atividade da BuChE sérica entre 0 a 4 U.I./mL. A Tabela 14

mostra que 46 pacientes com quadro leve de intoxicação apresentaram atividade

enzimática entre 0 a 4 U.I./mL, correspondendo a 53,5% dos casos compreendidos

nesta faixa.

Através da análise dos resultados e a média dos valores de atividade enzimática,

verifica-se que há uma relação inversa entre a gravidade da intoxicação e a

atividade da colinesterase sérica, com diferença estatística significante (p=0,001).

Isto pode ser demonstrado através do teste de Anova na figura 13.


Jucelino Nery da Conceição Filho 66

Figura 13. A gravidade da intoxicação apresenta relação inversa com a


atividade da BuChE. Quanto menor a atividade enzimática, maior a
gravidade. A dispersão (área em vermelho) está correlacionada inversa-
mente com a gravidade, isto é, uma maior gravidade representa uma
menor dispersão da atividade enzimática.

Dentre as referências consultadas, apenas a publicação da OMS/OPAS (1991)

refere existir uma boa relação dos efeitos colinérgicos agudos na intoxicação grave

com o grau de inibição da colinesterase no soro, além da existente nos glóbulos

vermelhos. Contudo, ressalta que, na exposição prolongada, esta associação deixa

de existir.

Os primeiros valores medidos da atividade da BuChE após a ingestão do aldicarb

(média de 14,1 horas; faixa de 0,4-13,1 UI/mL) em 65,4% dos pacientes do sexo
Jucelino Nery da Conceição Filho 67

feminino apresentaram valores inferiores a 80% dos valores normais (5,0 -10,5

UI/mL). O sexo masculino (média de 15,1 horas; faixa de 0,4 -13,4 UI/mL), por sua

vez, correspondeu a 65,2% dos pacientes com mais de 80% de inibição em relação

aos valores de referência (6,1-12,1 UI/mL).

180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 |-- 2 2 |-- 4 4 |-- 6 6 |-- 8 8 |--10 10 |--12 12 |--14

Concentração (U.I./mL)

Figura 14. Concentrações da atividade de BuChE de 339 pacientes


atendidos pelo CIAVE-BA durante o período de 1999 a 2001.

Treze pacientes (4,2%) não apresentaram sinais e/ou sintomas de intoxicação pelo

aldicarb, sendo que cinco tinham a atividade da colinesterase sérica alterada.

Dos 339 pacientes, 93,0% tiveram a dosagem inicial feita nas primeiras vinte e

quatro horas após a ingestão do aldicarb, onde 63,4% foram entre 0 e 12 horas;

29,6% entre 12 e 24 horas; 4,7% entre 24 e 36; 1,9% entre 36 e 48 horas 0,4% com

mais de 48 horas. O tempo médio entre a ingestão e a coleta de sangue foi de 14,5

horas.
Jucelino Nery da Conceição Filho 68

Foram observados 9 pacientes com uma inibição da BuChE persistente por mais de

48 horas após a ingestão do aldicarb. Este número equivale a 9,5% dos 84

pacientes em que foram realizados mais de uma dosagem da atividade da

colinesterase sérica, visto que em um deles realizou-se apenas uma determinação.

A distribuição destes casos pode ser melhor visualizada na Tabela 15.

Tabela 15. Pacientes com inibição da atividade da BuChE persistente por mais de 48
horas.

SEXO IDADE GRAVIDADE DA INTERVALO DE TEMPO ATIVIDADE DA


(anos) INTOXICAÇÃO ENTRE A INGESTÃO BuChE (U.I./mL)
E A COLETA (H)
Feminino 55 grave 50 4,4
Masculino 38 moderado 50 2,5
Masculino 50 grave 51 4,1
Feminino 39 moderado 51 4,4
Feminino 21 moderado 64 4,4
Feminino* 24 leve 72 4,7
Masculino 34 grave 74,2 5,0
Feminino 18 grave 80 3,4
Feminino 60 grave 92 2,8

* Paciente com apenas uma dosagem da atividade da BuChE.


Fonte: CIAVE

O método de regressão mostrou existir uma relação entre o tempo decorrido e a

atividade enzimática (Figura 15). Através desta análise, o tempo consegue explicar a

atividade enzimática em 19,2% dos casos no sexo feminino e 27,6% no sexo

masculino. O percentual restante seria explicado por outros fatores já conhecidos

como a idade, sexo, raça, estado nutricional, etc.


Jucelino Nery da Conceição Filho 69

14 14

12 12

10 10

8 8

6
6

Atividade (UI/ml)
Atividade (UI/ml)

4
4

2
2 Observed
Observed
0 Cubic
0 Cubic
0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100

Tempo decorrido (horas)


Tempo decorrido (horas)

Figura 15. Atividades da colinesterase sérica encontrada dos pacientes do sexo masculino
(a esquerda) e feminino (à direita) em função do tempo e valores estimados.
 Valores observados;
 Valores estimados através da equação cúbica.

Procurou-se estabelecer equações para estimar o nível de atividade da BuChE em

função do tempo. O modelo cúbico foi o mais adequado, permitindo gerar as

equações:

- para o sexo feminino: y = 1,2509 + 0,1322x + 0,000056x – 0,00001x ;

- para o sexo masculino: y = 0,3388 + 0,3669x + 0,0057x – 0,000019x ;

onde, x = tempo decorrido e y = a atividade da BuChE em UI/mL.

Desta forma, considerando um período de 24 horas (tempo estimado pela literatura

para normalização da atividade da BuChE), é possível criar uma tabela com os

valores estimados de acordo com o tempo de ingestão de aldicarb e a atividade

enzimática (tabela 16). Entretanto, para sua utilização na prática, será necessário
Jucelino Nery da Conceição Filho 70

realizar novas análises em outros pacientes e comparar os resultados obtidos com

os resultados estimados pelas equações descritas neste trabalho, bem como realizar

estudos estatísticos para se estabelecer o grau de variação dos demais fatores

Tabela 16. Estimativa da atividade enzimática em função do tempo decorrido entre


a ingestão e a coleta da amostra, através da aplicação de equações cúbicas*.

Atividade enzimática estimada (UI/mL)


Tempo decorrido SEXO
(horas) feminino masculino
1 1,38 0,02
2 1,52 0,38
3 1,65 0,74
4 1,78 1,11
5 1,91 1,47
6 2,04 1,83
7 2,18 2,19
8 2,31 2,55
9 2,44 2,91
10 2,57 3,27
11 2,71 3,63
12 2,84 4,00
13 2,97 4,36
14 3,10 4,72
15 3,23 5,08
16 3,37 5,44
17 3,50 5,80
18 3,63 6,16
19 3,76 6,52
20 3,90 6,89
21 4,03 7,25
22 4,16 7,61
23 4,29 7,97
24 4,42 8,33

* - para o sexo feminino: y = 1,2509 + 0,1322x + 0,000056x – 0,00001x ;


- para o sexo masculino: y = 0,3388 + 0,3669x + 0,0057x – 0,000019x .
Jucelino Nery da Conceição Filho 71

(sexo, idade, raça, estado nutricional, etc.) sobre a atividade da colinesterase sérica

para se chegar a uma equação onde o valor estimado se aproxime mais do valor

real.
Jucelino Nery da Conceição Filho 72

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um número elevado, o maior do mundo até então registrado em literatura, de

intoxicações por aldicarb tem sido registrado no estado da Bahia. Indivíduos com

propósitos suicidas ou homicidas têm utilizado este produto com muita frequência.

Urge, então, a necessidade da adoção de medidas efetivas por parte das

autoridades competentes, com o intuito de coibir a venda ilegal do produto como

raticida, acabando com este sério problema de saúde pública.

A maior parte dos pacientes estudados neste trabalho encontravam-se em faixas

etárias correspondente à população economicamente ativa em nosso país e,

confirmando os dados existentes na literatura, no sexo feminino a ocorrência de

intoxicação por raticida, principalmente em tentativas de suicídio, é predominante.

Pôde-se confirmar que a utilização da dosagem da atividade da colinesterase sérica

é um bom indicador da intoxicação aguda por aldicarb e que, mesmo a inibição de

colinesterases induzida por carbamatos seja considerada rápida e reversível

espontaneamente, pode ser utilizada quando o tempo decorrido da exposição for

superior a 24 horas (até cerca de 45 horas), tendo em mente que apenas o achado

de uma atividade normal não excluirá o diagnóstico. Dentre os pacientes estudados,

observou-se alguns (nove) com uma inibição da BuChE persistente por mais de 48

horas após a ingestão do aldicarb. Mostra-se, então, claramente que este parâmetro
Jucelino Nery da Conceição Filho 73

não deve ser utilizado para se avaliar casos onde a exposição ao aldicarb tenha sido

crônica ou ocorrida há vários dias, evitando-se uma interpretação equivocada do

resultado laboratorial. Para estas situações, recomenda-se a dosagem da atividade

da colinesterase eritrocitária.

A análise dos pacientes intoxicados evidenciou a existência de uma correlação entre

o grau de inibição da colinesterase sérica e a gravidade do quadro clínico do

paciente, com significância estatística (p=0,001), ao contrário do que refere a

literatura consultada. Contudo, atividade normal da BuChE foi observada em

pacientes graves, o que ratifica que o diagnóstico desta intoxicação não deve ser

baseada apenas pelo valor da atividade enzimática, mas principalmente na história e

no quadro clínico do paciente. O médico deve recordar, quando do atendimento ao

intoxicado, que outros fatores interferem na atividade desta enzima.

Novas análises são necessárias para se estabelecer uma equação matemática

capaz de estimar com maior precisão a atividade da colinesterase sérica em

indivíduos expostos ao aldicarb. Outros fatores relevantes, como a idade, raça,

estado nutricional e, principalmente, dose ingerida de aldicarb deverão ser

considerados.
Jucelino Nery da Conceição Filho 74

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Jucelino Nery da Conceição Filho 83

ANEXO I
Dosagens de atividade da BuChE realizadas pelo CIAVE no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2001.
Se- SEXO 1a DOSAGEM 2a. DOSAGEM 3a. DOSAGEM
quên REGISTRO a
2a.DOSAGEM a
TEMPO 1 .DOSAGEM Normal (N)/ TEMPO TEMPO 3 .DOSAGEM
cia (U.I./mL) Alterado (A) DECORRIDO (U.I./mL) DECORRIDO (U.I./mL)
DECORRIDO
(H) (H)
(H)
1. 54624 F >72 4,7 A - - - -
2. 54708 M 34 5,3 A - - - -
3. 54877 M 44 2,4 A - - - -
4. 55401 M 36 5,8 A - - - -
5. 55602 M >72 6,6 N - - - -
6. 59537 M 3,5 0,4 A - - - -
7. 59632 F 20 4,5 A - - - -
8. 59715 F 20 6,1 N - - - -
9. 59724 F 3 4,6 A - - - -
10. 60535 F 6 0,9 A - - - -
11. 60627 F 48 13,1 N - - - -
12. 60829 F 24 1,0 A - - - -
13. 60896 M 5 < 0,4 A - - - -
14. 61107 M 13 12,6 N - - - -
15. 61139 F 6 1,1 A - - - -
16. 61233 M 38 5,3 A - - - -
17. 61251 F 26 0,5 A - - - -
18. 61300 M 28 8,6 N - - - -
19. 61336 F 23 0,6 A - - - -
20. 61339 F 20 5,3 N - - - -
21. 61694 F 19 5,6 N - - - -
22. 61725 M 3 0,8 A - - - -
23. 61775 F 26 0,3 A - - - -
24. 61776 M 15 12,9 N - - - -
25. 61777 M 15 9,7 N - - - -
26. 61789 M 24 9,5 N - - - -
27. 61825 F 4 5,1 N - - - -
28. 61863 F 20 5,6 N - - - -
29. 61919 F 15 0,5 A - - - -
30. 61967 M 40 7,6 N - - - -
31. 61968 F 35 6,9 N - - - -
32. 61975 F >24 7,8 N - - - -
33. 62063 F 3 6,4 N - - - -
34. 62086 F 22 3,8 A - - - -
35. 62116 F >90 7,3 N - - - -
36. 62130 M <1 1,0 A - - - -
37. 62152 F 24 8,6 N - - - -
38. 62178 F 15 2,0 A - - - -
39. 62207 F 5 0,8 A - - - -
40. 62347 F 16 7,5 N - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 84

41. 62496 M 33,5 9,4 N - - - -


42. 62560 M 22 4,6 A - - - -
43. 62582 F 7,5 2,2 A - - - -
44. 62600 M 40 12,5 N - - - -
45. 62615 F 20 6,9 N - - - -
46. 62625 M 6 0,8 A - - - -
47. 62744 F 14 9,0 N - - - -
48. 62746 M 24 3,1 A - - - -
49. 62809 F 6 1,6 A - - - -
50. 62915 F 14 < 0,3 A - - - -
51. 62971 F 15 5,0 N - - - -
52. 62975 F 5 0,8 A - - - -
53. 62976 M 2 0,4 A - - - -
54. 63014 F 5 8,5 N - - - -
55. 63055 F >12 4,0 A - - - -
56. 63109 M 5 0,5 A - - - -
57. 63131 M 39 6,8 N - - - -
58. 63210 F 11 4,2 A - - - -
59. 63322 F 34 7,8 N - - - -
60. 63336 F 13 9,9 N - - - -
61. 63362 F 20 1,7 A - - - -
62. 63399 F 24 6,6 N - - - -
63. 63448 F 24 3,0 A - - - -
64. 63535 M 42 7,4 N - - - -
65. 63634 F 11 0,7 A - - - -
66. 63656 F 5,5 3,0 A - - - -
67. 63668 M 46 5,7 A - - - -
68. 63782 F 12 0,6 A - - - -
69. 63785 M 14 0,4 A - - - -
70. 63814 M 15 0,6 A - - - -
71. 63823 M 16 0,5 A - - - -
72. 63846 M 9 4,2 A - - - -
73. 63851 M 6,5 0,6 A - - - -
74. 63934 M 20,5 1,4 A - - - -
75. 63961 M 24 8,2 N - - - -
76. 63993 F <6 0,5 A - - - -
77. 64031 F 19,5 0,6 A - - - -
78. 64078 M 22 1,4 A - - - -
79. 64082 F 22 8,8 N - - - -
80. 64097 F 3 1,2 A - - - -
81. 64104 M 16,5 10,7 N - - - -
82. 64206 F 41,5 1,0 A - - - -
83. 64221 F 17,5 4,4 A - - - -
84. 64222 F 18 3,8 A - - - -
85. 64361 F 91 5,8 N - - - -
86. 64383 M 29 5,1 A - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 85

87. 64404 M 25 4,6 A - - - -


88. 64428 M 13 2,4 A - - - -
89. 64431 M 20 7,8 N - - - -
90. 64477 F 18 7,0 N - - - -
91. 64481 F 19 0,8 A - - - -
92. 64485 F 11 1,4 A - - - -
93. 64592 M 4 0,6 A - - - -
94. 64593 M 5 8,5 N - - - -
95. 64706 M 13 0,5 A - - - -
96. 64724 F 14 9,4 N - - - -
97. 64769 F 3 1,3 A - - - -
98. 64834 F 13 3,8 A - - - -
99. 64835 F 18 2,1 A - - - -
100. 65463 F 46 6,7 N - - - -
101. 65482 F 18 6,6 N - - - -
102. 65517 M 4 < 0,4 A - - - -
103. 65594 F 15 2,6 A - - - -
104. 65630 M 5 < 0,4 A 20 1,2 42 5,7
105. 65690 M 15 0,5 A - - - -
106. 65772 F 5 < 0,4 A 18H 52M 5,8 - -
107. 65778 F 17 0,7 A 20,5 5,7 - -
108. 65815 M 15,5 7,0 N - - - -
109. 65866 M 19H 10M 4,5 A 34 6,7 - -
110. 65882 F 17,5 4,0 A - - - -
111. 65895 F 23H 40M 4,6 A - - - -
112. 65925 F 2,5 < 0,4 A 22 4,7 - -
113. 65944 F 6 < 0,4 A 16,5 2,6 26,5 5,3
114. 65975 M 20H 20M 11,2 N - - - -
115. 65976 F 22 0,7 A 45,5 6,5 - -
116. 65988 F 13H 10M 1,0 A 37,5 5,8 - -
117. 66023 M 9 2,0 A - - - -
118. 66049 F 13,5 3,2 A - - - -
119. 66065 M 15H 40M 9,4 N - - - -
120. 66078 F 4,5 < 0,4 A 47 3,4 - -
121. 66109 M 10H 20M < 0,4 A - - - -
122. 66177 F 10 2,6 A - - - -
123. 66191 M 6H 30M 0,4 A 15 5,9 - -
124. 66223 F 12 4,9 A - - - -
125. 66346 F 6 < 0,4 A - - - -
126. 66353 F 3 < 0,4 A 14 0,5 41 5,7
127. 66356 F 1,5 8,1 N - - - -
128. 66364 M 5 < 0,4 A 16 < 0,4 - -
129. 66375 M 12 5,5 A - - - -
130. 66376 M 12 6,2 N - - - -
131. 66377 M 12 0,7 A - - - -
132. 66378 M 12 2,2 A - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 86

133. 66450 F 15H 40M 5,4 N - - - -


134. 66535 F 2 0,4 A 22 4,4 - -
135. 66575 F 4,5 2,0 A 16,5 7,3 - -
136. 66590 M 5,5 0,8 A - - - -
137. 66591 F 5 < 0,4 A - - - -
138. 66650 F 15 3,2 A - - - -
139. 66696 F 11,5 5,2 N - - - -
140. 66697 F 7 1,8 A - - - -
141. 66712 F 21H 50M 5,3 N - - - -
142. 66720 F 5 1,1 A - - - -
143. 66739 M 7 0,5 A - - - -
144. 66756 M 10H 45M < 0,4 A 35 5,4 - -
145. 66768 F 6H 15M 0,5 A 33,5 6,8 - -
146. 66833 F 20H 40M 6,6 N - - - -
147. 66843 M 13,5 5,8 A - - - -
148. 66850 F 11H 15M 3,3 A - - - -
149. 66851 M 7H 10M 0,6 A 30,5 7,4 - -
150. 66862 M 15H 40M 2,8 A - - - -
151. 67003 F 13 3,2 A - - - -
152. 67009 F 30 6,7 N - - - -
153. 67064 F 10H 20M 9,3 N - - - -
154. 67131 F 8 0,4 A 32H 45M 7,4 - -
155. 67161 M 8H 45M 3,7 A - - - -
156. 67195 F 8H 40M < 0,4 A - - - -
157. 67212 M 6H 20M 0,2 A - - - -
158. 67221 F 1 0,4 A 48 7,3 - -
159. 67284 F 11H 30M 4,9 A - - - -
160. 67379 F 5 1,9 A - - - -
161. 67425 F 17H 10M < 0,4 A - - - -
162. 67427 M 2 < 0,4 A - - - -
163. 67431 F 4 < 0,4 A - - - -
164. 67501 M 4,5 2,0 A - - - -
165. 67503 F 77 5,1 N - - - -
166. 67528 F 96H 14MIN 5,9 N - - - -
167. 67545 F 32 3,2 A - - - -
168. 67573 F 1H 20MIN < 0,4 A - - - -
169. 67574 F 32 7,4 N <48 7,8 - -
170. 67575 M 32 5,4 A <48H 8,3 - -
171. 67605 M 10H 40MIN 0,7 A 43 7,5 - -
172. 67621 F 1H 12MIN 6,4 N - - - -
173. 67678 M 29 9,1 N - - - -
174. 67709 F 16H 10MIN 5,9 N - - - -
175. 67710 M 15 5,3 A - - - -
176. 67790 F 16 7,1 N - - - -
177. 67793 F 9H 10MIN 6,3 N - - - -
178. 67794 F 10H 15MIN 0,7 A - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 87

179. 55622 M 6 2,5 A >48 2,5 ? 5,4


180. 55636 F <12 0,6 A >48 4,4 - -
181. 60722 M 24 0,5 A 48 10,3 - -
182. 61270 M <6 1,2 A 23 9,1 - -
183. 61687 F 26 3,5 A 50 5,1 - -
184. 61729 M 4 0,9 A 24 4,3 - -
185. 61736 F 7 0,3 A 31 3,2 - -
186. 61927 M 12 0,5 A >40 0,9 >72 3,1
187. 61941 F 12 0,3 A 41 8,7 - -
188. 62040 F >12 0,2 A 45 4,3 - -
189. 62320 F 5,5 1,1 A 31 5,2 - -
190. 62546 F 12 2,2 A 36 4,5 - -
191. 62690 F >12 0,6 A >92 2,8 - -
192. 62848 F 20 2,2 A 30 8,1 - -
193. 62861 F 9 0,3 A >30 7,6 - -
194. 62888 F 5 0,4 A >24 5,4 - -
195. 62977 F 2 0,4 A 24 0,8 - -
196. 63002 F 5 < 0,4 A 51 4,4 - -
197. 63065 M 8 0,8 A 32 8,1 - -
198. 63078 M 19 0,9 A 26 9,1 - -
199. 63114 F 14 0,4 A 16 0,5 38 4,3
200. 63125 F 3 < 0,4 A 24 < 0,4 48 1,2
201. 63127 F 6 < 0,4 A 24 5,1 - -
202. 63153 F 10 4,7 A 38 8,7 - -
203. 63274 F 41 4,0 A >80 3,4 - -
204. 63334 F 24 0,5 A ? 0,8 - -
205. 63337 M 12 3,1 A ? 5,7 - -
206. 63477 F 11 0,2 A 28 3,2 - -
207. 63554 M 7 < 0,4 A 34 1,4 - -
208. 63628 F 16 <0,4 A 40 4,8 - -
209. 63686 M 20 1,2 A 39 2,2 - -
210. 63760 F 4,5 < 0,4 A 25 4,4 - -
211. 63791 M 8 0,9 A 48 4,1 - -
212. 63952 M 6,5 0,7 A 192 6,9 - -
213. 64080 F 4,5 0,8 A 20 10,4 - -
214. 64150 F 3 < 0,4 A 24,5 3,9 - -
215. 64337 F <6 0,4 A 26 2,2 - -
216. 64361 F 13 0,4 A 64 4,4 - -
217. 64483 M 18 2,3 A 49 8,6 - -
218. 64565 F 11 4,1 A 42 4,8 - -
219. 64661 F 6 0,4 A 46 2,0 - -
220. 64777 F 7 0,4 A 68 10,1 - -
221. 64895 F 19 < 0,4 A 40,5 4,2 - -
222. 67802 F 08H 10MIN 5,6 N - - - -
223. 67827 M 5 0,6 A - - - -
224. 67891 M 6H 30MIN 6,3 N - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 88

225. 67926 M 21H 15MIN 0,6 A - - - -


226. 67931 F 7 0,6 A - - - -
227. 67950 F 21 3,8 A - - - -
228. 68069 M 21 10,1 N - - - -
229. 68128 M 9 0,4 A 27 5,0 - -
230. 68224 F 4 < 0,4 A - - - -
231. 68242 F 10 0,4 A 34H 30MIN 2,4 - -
232. 68298 F 17 6,1 N - - - -
233. 68326 F 10 5,2 N - - - -
234. 68363 F 37H 40MIN 8,7 N - - - -
235. 68383 M 21H 20MIN 12,4 N - - - -
236. 68393 F 14 1,4 A - - - -
237. 68420 F 12H 30MIN 0,5 A - - - -
238. 68464 M 2 < 0,4 A - - - -
239. 68495 M 5 2,0 A - - - -
240. 68522 F 3 < 0,4 A 16H 50MIN 5,7 - -
241. 68523 F 12H 40MIN 0,9 A 38H 10MIN 2,1 - -
242. 68532 F 3H 45MIN 0,5 A - - - -
243. 68603 F 7H 10MIN <0,4 A - - - -
244. 68604 M 6H 15MIN 0,5 A - - - -
245. 68613 F 2 3,9 A - - - -
246. 68646 F 4 0,5 A - - - -
247. 68705 M 24 2,0 A - - - -
248. 68753 F 8H 30MIN 0,4 A 32H 20MIN 11,3 - -
249. 68766 M 2 0,4 A - - - -
250. 68789 F 2 4,7 A - - - -
251. 68826 M 24H 20MIN 0,7 A - - - -
252. 68827 M 21H 30MIN 3,6 A - - - -
253. 68834 M 12H 55MIN 5,1 A - - - -
254. 68866 M 18 7,4 N - - - -
255. 68920 M 5 0,5 A - - - -
256. 68967 M 21H 30MIN 4,7 A - - - -
257. 68977 M 12 < 0,4 A - - - -
258. 69063 M 12 0,4 A - - - -
259. 69070 F 12 6,3 N - - - -
260. 69079 F 12 0,7 A - - - -
261. 69115 F 3H 10MIN < 0,4 A 27H 10MIN 3,8 - -
262. 69124 F 8 7,0 N - - - -
263. 69181 F 4H 20MIN < 0,4 A - - - -
264. 69186 F 2H 45MIN < 0,4 A - - - -
265. 69187 M 6H 20MIN < 0,4 A - - - -
266. 69204 M 12H 10MIN 13,4 N - - - -
267. 69298 F 16H 15MIN 6,1 N - - - -
268. 69317 F 16H 5MIN 0,9 A 40H 5MIN 5,3 - -
269. 69529 M 2H 15MIN 0,5 A 74H 15MIN 5,0 - -
270. 69572 F 14H 50MIN 4,9 A - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 89

271. 69623 F 12 4,1 A - - - -


272. 69660 M 26H 30MIN 5,6 A - - - -
273. 69670 M 14H 20MIN 0,5 A - - - -
274. 69673 F 13H 40MIN < 0,4 A - - - -
275. 69719 F 2H 30MIN 0,5 A 23H 15MIN 3,7 - -
276. 69758 F 10H 30MIN 3,9 A - - - -
277. 69770 F 4 1,8 A - - - -
278. 69813 F 16H 30MIN 7,0 N - - - -
279. 69909 M 2H 30MIN 0,4 A 51 4,1 - -
280. 69933 M 22H 15MIN 8,3 N - - - -
281. 69934 M 18 7,1 N - - - -
282. 69936 M 14 4,3 A 41 8,1 - -
283. 69945 F 8H 15MIN < 0,4 A 52H 45MIN 6,4 - -
284. 69967 F 3 1,0 A - - - -
285. 69970 F 23 0,5 A - - - -
286. 69978 F 6H 40MIN < 0,4 A - - - -
287. 69984 M 5H 30MIN 0,5 A - - - -
288. 70000 F 2H 35MIN 0,5 A 29 2,5 - -
289. 70028 F 7H 15MIN 0,6 A - - - -
290. 70049 F 14 5,0 N - - - -
291. 70053 M 6 0,3 A - - - -
292. 70078 M 3H 30MIN 0,4 A 27H 30MIN 7,4 - -
293. 70099 F 7 0,9 A - - - -
294. 70126 M 11H 30MIN 0,2 A ? 6,3 - -
295. 70127 M 11H 30MIN 0,8 A - - - -
296. 70128 M 11H 30MIN 0,1 A - - - -
297. 70129 F 11H 30MIN 3,2 A - - - -
298. 70130 M 11 3,6 A - - - -
299. 70139 F 17 3,1 A - - - -
300. 70145 F 10H 30MIN < 0,4 A - - - -
301. 70206 M 30H 30MIN 1,8 A - - - -
302. 70221 F 3H 30MIN 9,5 N - - - -
303. 70224 F 2H 25MIN 0,6 A - - - -
304. 70247 F 1 < 0,4 A - - - -
305. 70348 F 13H 30MIN 5,5 N - - - -
306. 70349 M 7H 35MIN < 0,4 A - - - -
307. 70373 M 1H 40MIN 0,7 A - - - -
308. 70402 F 2 0,5 A - - - -
309. 70416 F 1H 25MIN < 0,4 A - - - -
310. 70497 F 1H 15MIN 0,5 A 19H 15MIN 0,8 - -
311. 70569 M 16 5,4 A - - - -
312. 70580 F 19 5,8 N - - - -
313. 70652 F 7H 30MIN < 0,4 A - - - -
314. 70656 F 2H 50MIN 1,6 A - - - -
315. 70666 F 17 < 0,4 A 40 1,1 - -
316. 70714 M 1 0,5 A - - - -
Jucelino Nery da Conceição Filho 90

317. 70812 M 18H 50MIN 0,6 A - - - -


318. 70822 M 12H 25MIN 10,7 N - - - -
319. 70965 M 1 3,6 A - - - -
320. 71034 F 2 7,4 N - - - -
321. 71036 F 4H 30MIN 2,9 A - - - -
322. 71157 M 19 2,7 A - - - -
323. 71213 M 5 0,4 A - - - -
324. 71220 F 1H 10MIN 8,0 N - - - -
325. 71345 F 5 2,8 A - - - -
326. 71346 F 3 1,6 A - - - -
327. 71400 M 16H 50MIN 0,7 A - - - -
328. 71420 F 9 0,4 A - - - -
329. 71726 M 19H 35MIN 5,2 A - - - -
330. 71777 M 2 1,5 A - - - -
331. 71810 F 12H 10MIN 0,8 A - - - -
332. 71819 M 3H 30MIN < 0,4 A - - - -
333. 71823 F 2H 30MIN 0,6 A - - - -
334. 71839 F 49 6,5 N - - - -
335. 71873 F 2H 10MIN 0,3 A - - - -
336. 71925 M 22H 30MIN 0,8 A - - - -
337. 71932 M 1H 30MIN 0,7 A - - - -
338. 71976 F 18H 30MIN 4,0 A - - - -
339. 71993 M 19H 20MIN < 0,4 A - - - -

Frequência de concentrações de atividade de colinesterase


sérica de 339 pacientes atendidos pelo CIAVE-BA durante o
período de 1999 a 2001.
>0,4 1,4 2,5 3,7 4,9 6,1 7,3 8,7 11,2
0,4 1,5 2,6 3,8 5,0 6,2 7,4 8,8 12,4
0,5 1,6 2,7 3,9 5,1 6,3 7,5 9,0 12,5
0,6 1,7 2,8 4,0 5,2 6,4 7,6 9,1 12,6
0,7 1,8 2,9 4,1 5,3 6,5 7,8 9,3 12,9
0,8 1,9 3,0 4,2 5,4 6,6 8,0 9,4 13,1
0,9 2,0 3,1 4,3 5,5 6,7 8,1 9,5 13,4
1,0 2,1 3,2 4,4 5,6 6,8 8,2 9,7
1,1 2,2 3,3 4,5 5,7 6,9 8,3 9,9
1,2 2,3 3,5 4,6 5,8 7,0 8,5 10,1
1,3 2,4 3,6 4,7 5,9 7,1 8,6 10,7

DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA:

Amplitude de variação (AV): AV = 13,4 – 0,3 = 13,1 UI/mL


Número de classes (k): k = 1 + 3,3 log n = 1 + 3,3 (2,1206) = 6,9980
Intervalo de classe (i): i = AV/k = 13,1 / 6,9980 = 1,87 ≅ 2 UI/mL
Jucelino Nery da Conceição Filho 91

APÊNDICE I

Figura 16 – Modelo teórico tridimensional da butirilcolinesterase humana.


Fonte: PDB (“Protein Data Bank”) <http://www.rcsb.org/pdb/cgi/explore.cgi?job=
graphics&pdbId=1EHO&page=0&pid=30401019442217>
Jucelino Nery da Conceição Filho 92

APÊNDICE II

Figura 17 - Sequência de aminoácidos da butirilcolinesterase humana.


Fonte: http://www.ensam.inra.fr/cgi-bin/human_buche.413-43,129-140.gif
Jucelino Nery da Conceição Filho 93

Ficha de Atendimento e Notificação do Centro de Informações Antiveneno (CIAVE)


(frente)
Jucelino Nery da Conceição Filho 94

Ficha de Atendimento e Notificação do Centro de Informações Antiveneno (CIAVE)


(verso)
Jucelino Nery da Conceição Filho 95
Jucelino Nery da Conceição Filho 96

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