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LIÇÃO INAUGURAL
O COLÉGIO MILITAR:
UMA ESCOLA DE
EXCELÊNCIA,
ESTRUTURANTE DA
HISTÓRIA DE PORTUGAL
Autor : T.Cor. Fernando Policarpo
04 de Novembro de 2005
O Real Colégio Militar : Uma Escola Estruturante da História de Portugal – 1802/1825
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1. Intróito
a Casa que hoje vos educa foi construída com muito amor, dedicação e
sofrimento, pedra a pedra, por todos os antepassados que, desde 1802,
abraçaram esta causa e foram passando o testemunho e a missão, de geração
em geração, até aos nossos dias.
2. Os Primeiros Passos
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D. Miguel Pereira Forjaz é citado num Ofício de Agosto de 1802, do Director, Cor. Teixeira
Rebelo, como sendo o “Patrono do Colégio da Feitoria” . In A.H.do C.M.
O Real Colégio Militar : Uma Escola Estruturante da História de Portugal – 1802/1825
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Doc. 1
CORPO
DE
COLLEGIAES
Primeiro Comandante
(Oficial Superior/Capitão)
Segundo Comandante
(Oficial Superior/Capitão
mais moderno)
1ª 2ª 3ª 4ª
Companhia Companhia Companhia Companhia
(50 Alunos) (50 Alunos) (50 Alunos) (50 Alunos)
Orgânica
1º CMDT ALUNO
2º CMDT ALUNO
1ª Divisão 2ª Divisão
(1CMDT Aluno) (1 CMDT Aluno)
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b) A Desgraduação:
Acontecia por faltas muito graves, que demonstrassem não possuir o
Colegial idoneidade e perfil para exercer o comando, junto dos Colegiais
mais novos. Nestas faltas, podemos incluir, entre outras, a insubordinação e
o desrespeito claro praticado para com os superiores.
A desgraduação aparecia sempre como a última punição, imposta
depois de uma longa lista de outras punições que denunciavam o Colegial
graduado como não merecedor de exercer as respectivas funções. Podia ser
temporária, ou definitiva. Havendo razões para desgraduar, mais razões
havia para punir. Era habitual as baixas de graduação serem acompanhadas
da punição de prisão rigorosa por período variável, entre os 10 e os 30 dias.
c) A Expulsão:
Desde o início, que algumas deserções do Colégio da Feitoria foram
punidas com expulsão. Porém, a partir de 1814, passou a ser prática normal.
Todos os Colegiais que fugissem do RCM eram expulsos, mesmo que
regressassem arrependidos. A reincidência continuada em determinadas
faltas extraordinárias, poderiam também conduzir à expulsão. É o caso, por
exemplo, da “prática de acções indecentes” e de “…incorrigibilidade em
sua conducta…”.
As expulsões eram decretadas, obrigatoriamente, pelo Ministro da
Guerra, mediante proposta do Director do Colégio
4.4. Avaliação
O passeio que temos vindo a fazer, no interior do Colégio, vai terminar com
a visita ao Marechal Director, Teixeira Rebelo. Encontrava-se acamado na
sua residência, por ter sido acometido, recentemente, de grave e
desconhecida «moléstia»1. S. Exª habitava parte do 2º piso do Claustro onde,
actualmente, se localizam as salas de aula do 3ºano. O seu estado agravou-se
bruscamente, tendo sido chamado o Capelão para lhe administrar
os últimos Sacramentos. Em boa hora o fez, pois acabou por falecer pelas
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1
Doença contagiosa, ou não, cuja natureza se desconhecia na época e que conduzia,
inevitavelmente à morte, por ausência de tratamento adequado. Exemplos: Tuberculose, Hepatite,
Meningite, vários tipos de cancro, etc.
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- Pelas 17H00, o Corpo Colegial formou duas alas desde a porta da Cape-
ela, até ao portão de saída;
- Às 18H00 saiu o féretro, por entre as alas, até ao Coche, transportado pe-
lo 1º e 2º Comandantes do Colégio, por um Lente, dois Professores e um
Colegial.
- Atrás da urna, seguia O T.Cor Cândido José Xavier, até agora Sub-Direc-
tor e a partir de agora, Director interino. Levava na mão a chave do Cai-
xão. Finalmente, o Corpo Colegial, cujas alas se reorganizavam em pelo-
tões, seguindo o cortejo.
6. Epílogo
“ Naquele mesmo dia, pelas 2 horas da tarde, foi o seu corpo depositado
na Capela, e postada à porta desta uma Guarda para fornecer duas
sentinelas, havendo dois criados que assistiam continuamente ao Corpo
(…) Pelas 5 horas da tarde, postou-se o Corpo Colegial em alas desde a
porta da Capela, até à da rua .(…) Às 6 horas da tarde saiu o Corpo, e foi
conduzido por entre as alas até ao coche, pelos dois comandantes do
Colégio, por um Lente, dois Professores, um dos Colegiais premiados.
Seguia-me eu ao caixão, acompanhado do Ajudante do Colégio; e
seguido pelo Corpo Colegial, cujas alas dobravam em pelotões,
cobrindo o Cortejo. As Caixas cobertas de Luto batiam a marcha até que
o coche se pôs em movimento. Atrás do coche seguiam-se 12 seges
em que ía o Estado-Maior e Corpo Instructivo do Colégio, e os 4
Colegiais premiados em rigoroso Uniforme e com as suas espadas.
Tais foram as honras fúnebres que este Colégio pode prestar ao seu
1
Fundador…”
(Adaptado)
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Ofício do Sub-Director, T.Cor Cândido José Xavier, para o Ministro da Guerra, de 07 de
Outubro de 1825)
O Real Colégio Militar : Uma Escola Estruturante da História de Portugal – 1802/1825
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