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  • ARENDT, Hannah. Responsabilidade Pessoal Sob A Ditadura (1964)

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    Responsabilidade pessoal sob a ditadura

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    ARENDT, Hannah. Responsabilidade Pessoal Sob a Ditadura (1964)

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    Responsabilidade pessoal sob a ditadura

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    Responsabilidade pessoal sob a ditadura’ Inicialment, gostara de comentaracontrovérsia um tanto furiosa desencadeada pelo meutieo Eichmann em Jerusalém. Uso deliberadamente a palavea “desencadeada’, em vez da palavra “causade’ pois como jé tenho apontado, uma grande parte da controvéra se drgi um ivo que jams fora serio. Poriss, 2 mina primeitareagto fi desconsierar toda a questi com as famosas palvras de um expritoso austraco:"Nao hi nada to Aivertdo quantoa discuss de umlivro que ninguém ea”: Como ‘controvérsia continvouentretanto © como, especialmente nos su ltimos estgio, mais eras vores ndos6 me atacavam pelo que ca nunca tinha dit mas, ao contrisio,passarama me defen- poriss,comeceia.compreenderque talvezhouvesealgo mais exerciciolevemente soturno do que sensacio ou divesa0. joe igulmenteaimpresso de que algo mais do que"“emogaes” envolvio, isto 6, algo mais do que mal-entendldos hones Iweem alguns casoscausaram um auténtico colapsodecom- jocntreaautora eoletor,etambém algo maisdo queasdis- J faiticas es de grupos de interes, ge inharn menos ‘edo do meu ive que da posibildade de que ele desse inicio a jutro exame imparciale detalhado do period em questi, Acontrovérsiainvariavelmentesepropunhaatodacspéciede ‘qustdesestvtamente moras muita das quais nunca tinham me ‘corrido, enquantooutrastinham so mencionadas por mim apenas de passagem, Et apresntara um relao factual do ul mento, ¢ até subtitulado io, Ui relat sobre a banalidade do ‘mal aos meus lhos era to evidentemente sustetid pelos fatos do proceso que eu mdosenti ser necesria mais nenhumaexpli- ‘acto. Bu apontara para um fat que sentia ser chocante por con tradizerasnossasteoriasarespeito dom portanto,parvalgover- dado, mas nto plausve Decertomodo,cutinhaacito como natura quetodosainda acreditamos junto com Sécates,queémelhorsofreromal do que inflig-o. Esa crenca revelou-se um ero, Hava uma convicsse funda de que imposivl resistin qualquer tipo de tentacio, «de que nose pia confirm nenhun de ns, nem squerespe- rar que esistssemos no momento critica, dequesertentaoeser oreado €quase a mesma cosa, enquanto, nas palavras de Mary MeCarthy, a primera a identifier ess facia: “Se alguém Ihe sponta um reer edi" Mateo seu amigo sno vou matar oe ele ost fentenda 6 sso” Embora uma tentago1m ques conre perigo de vida poss ser una desculpalegl pars um crimeyea no ‘ceriamente umajusificacio mora. Finalments,edemodomita surpreendente, jt quese tratava de um jugament cujo resultado, a producio de um juio,fqucisabendo que invariavslmente, proprio jularéerrado no podejulgar quem nto esta presente Thcidentalmenteesefoioargumentode Eichmann contra julgt- ‘mento da corte distil. Quando informado dequehowveraaler- natvas ede que podera ter se furtado aos sev deveres assssn0s, satis dn cle insist em que esas eram lendas do pr guerra visto posterior aos acontecimentos esustentadas por pestoas que ‘no sabiam outinham exqucido comoascoisasreaimentetinham se passa. ‘Havarasrazdespelasquaisadisessiododireto odacapa dae dejulgarincide na maisimportante questo moral. Duas coisas esto implicadas nese ponto: primeito, come poss distin. guirocerto docrrsdo,seamsiriaoatotslidadedo mevambien- te prejulgou a questo? Quem sou eu para ule, segundo, em ‘que medida, seéqueha alguma medida, podemosjulgaracontec mentosou ocorénciaspassadosem que niocestivamospresentes? Quanto sims, parece gritantementesbvio quenenhumahisto- riografiaenenhum procedimento no tribunal seriam posiveis se nogistemosa ns mesmos esa capackade’ Seria posivel dar un paste alm esustntar ue i muito poucosexemplos em sie, 20 usara nossa capacidade de jugar no julgamos em retrospectira, isso valetant para ohistoriador quanto para ojuir no tribunal, ‘que pode ter boas raves para desconiar dos relatos das este ‘munhas acularesou do julgamento daqueesqueestavam presen tes. Alem do mals como esa questo de julgarsem estar presente geralmenteligada com a acusag de arrogincia, quem jamais sfirmou que, ao jlgar uma ofensa, pressuponko que ex proprio serinincapardecomet®-atMesmo ojuizquecondenaumhonsem porassassinatosinda pode dizer: assim, sen oss pela grag ce Devs,procedo ea! Assim, prima facie tudo iso parece tlic elaborada, mas “quando muita pessoas, sem erem sido manipuladas,comegam a f ‘algo masenvovide doqueapenastolice.Existe em nossa soe ade um medo bom difundido dejulgar que no tem nada ver ‘coma fase biblica "Nao julgues, para que ndo seas julgado ese «esse edo fala em temos deatiat a primeira peda invoct esa fase em vio, Pos, por tis da ndo-vontade de jlgr,oeultase@ susp de gueninguém én, — ” x tolice,e sent das esto pessoas iteigentes, hi geralmen ‘que alguém sea responsivl pelo que fez on de que se podevia ‘esperar que respondesse pelos seus atos, No momento em que se propoem questdes morais, mesmo de passagem,aquele que as propee sera conffontado com essa asustadora falta de autocon- Fang econseqtentemente de orgulboe tam som uma espé- cede falsa modésta que ao dizer" Quem sou eu para juga? que mente significa: "Somos todos precios, gualmente rns, aqueles que tentam (on fingem) permansce parcialmentedecen- tessiosantos ou hipéeritasjcem qualquer dos casos deveriam nos deixar em poz” Dai enorme alrido assim que aguém atribui ‘uma culpa espectia a uma pessoa em paticula em verde pra «alpadtodososatosouacontesimentosem tendéncshistricas ‘emovimentosdaltcos.em sama,emalguma necessdade iste rosa que funciona pelascosts dashomenseconferea tuo o que fazer algum tipo de significado mais profundo, Desde que sta- ‘camasraizesdosatsde Hitler até Plato, JoaguimdiFioreou Nietz- sche, atéa cienca e tecnologia modeena, ow até 0 nilsmo ou @ Revolucio Frances, tudo est bem. Masassim que se cham Hitler dle assassin de mastas — admitndo, claro, que ese asasino de ‘massa specifier poltcamente muito talentsae também que fexoofendmeno do Terciro Rech nto pode se explicadounica- mente pelo que Hier fie coms el influenciow as pessoas —hi tum consenso geal deque esse ulgamento da pessoa vulgare «cede sofiticagi,erosedeveria permite queintrfvissena inter pretagio da historia. Assim, para hes dar outro exemplo de uma ‘ontrovésia contempornes,0enredo da peace Rolf Hochhuth, ‘Ovigirioem queo papa Pio xi éacusido por se sino singular na Gpoca dos grandes massacres dejudeus no Lest foi imit entecontestade no apenas pelagitara dahierarquia atic, ‘oque final écompreensivel. Foi também contest plastica es dagueles cra abide naa ¢prouzirimagens: Hochhth, {em-seafirmaco,acusou o papa de sero principal culpado, para deseulpar Hilereo povo slemio,o que uma snplesinverdade Mais significativsem nosso contextotem sidoa rpreensiodeqite <6certamente” superficial acusar o papa acusaea ainge toda a

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