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Ciéncia do Direito Tributariole Discussao Critica Humberto Avila Professor Titular de Diveito Tributdvio da Wuit versidade de Sao Paulo eda Universidade Federal do Rio\Grande do Sul. Resumo © presente artigo tem dois objetivos. Defm lado, pretende expor quais as condighes para uma discussio critica no ambito da Ciencia do Direito, ndo-a do ataque pessoal ¢ dh debate forense. Nesse sentido, Jio critica préssupde, entre outros requisites, a diferenci demonstra-se que a discu abertua 4 critica e uma regulada estruttira de raciocinio légico. De outro Jado, propoe-se a mostrar que a Cignciaklo Direito exerce as atividades de », audscrigdo, reconstrugio © criagao de significados, sendo, por isso, insuficiente, ainda mais no ambitd do Direito Tributério, defender que exerce ela somente uma dessas atividades ou mesmo alegar, por meio de generalizagdes € sem um racincinio, estruturado, que desempenha a atividade de construis, como se todas ad atividades fossem iguais com re~ lacio ao estatuto lagico, ao fundamentd epistemoligico € aos métodos, A conelusio geral é a de que as atividades tvercidas pela Cigncia do Direito adas com palavras vaghs, inexatas e generalizantes, pre- cisam ser estruturadas quanto a formulagio de teorias, 2 articulagao dos argumentos ¢ a uilizagao de métodos Palavras-chave: Ciencia do Diveito Tributario, estrutura Tigi mento epistemoligico, métodos, discuss descrig mais que qualif a, funda (0 critica, definigao, requisites. Abstract This article has two objectives. On dne hand, it aims to show what conditions ave required for a critical dikcussion in the Science of Law, &s distinct from a personal quarrel or forensic debate. It argues that among, other requirements critical discussion presupposes openness to criticism and a regulated structure of logical reafoning. On the other hand, it sets ise the Sciench of Law describes, adjudicates, meanings. itis JnsulTicient, especially in the field out to show that bec reconstructs and creates of Lax Law, to argue that it performs only one of these activities or even that it to claim, through generalization ant without suuctured reasonin only constructs meaning, as ifall these Activities were the same regarding their logical structure, epistemological foundation and methods. “The general conclusion is that the activitiesfof the Science of Law, instead of deing depicted in vague, imprecise and generic words, must be structured in terms of the formulation of theories, the art ation of arguments and DIREITO TRIBUTARIO ATUAL nf 32 Introducdo Recentemente publiquei, en revista ciqntitica, um artigo formulando erfti- eas a respeito da fungi - mera ou fundamantalmente - descritiva da Ciéneia do Direito Tributarie. Seu propdsito foi o de ferificar se a fungao da Ciéncia do Direito é descrever o contetido das normas juridicas, sem nele interferir, ou, em vex disso, descrever, adscrever ¢ criar significados e, em caso afirmativo, como com base em que critérios essas atividades sip exercidas, Entre tantos outros pon- tos, demonstrei que 1) a Giéncia do Direito ‘Tributivio cdmpre as atividades de descricio, re. construc, decisio e criacao de significados; 9) todas essas atividades - € nao si ima - s4o exereiday pela Ciéneia do Direito Tributario, nao se podendo dfirmar, mediante reducionismo sim- plificado e generalizante, nem que afCiéncia do Direito Tributario s6 dese creve objetos pré-constituidos, come se at interpretacio nao passasse de um ato de puro conhecimento (teotia cognitiva da interpretagao), nem que ela se limita a construir seu objéto, como se fosse a interpretagio tin ato de pura vontade, passivel de ser}retegado ao talante ¢ 2 ideologia do intérprete (eoria cética da interpretagao); as mencionadas atividades tm por objeto nao apenas elementos te tuais, mas também extvatextais, cmo atos, fatos, costumes, finalidades c eleitos, cada qual exigindo do intérprete o exame de elementos € rela- Hes completamente diversos, sendd insuficiente interpreté-los por meio da mera identificacao da fungdo gramatical e légica dos vocibulos ou da estrutura sintitica das disposighes légais; 4) a verificagio de que deve a Ciéneig do Direito Tributario exercer viirias atividades distintas, somada a consideragio de que a realizagio do Direito depende de processes discursivos ef institucionais claros © operacionais, conduz a necessidade de desenvolvgr aquilo que designe’ como “estrttt ralismo argumentativo”, destinado afindicar as estruturas argumentativas necessirias & qualificagio ¢ identificacio dos textos normatives (teoria das fontes), 4 identificagao das forms justificativas (teoria das nermas). contextualizagao dos contetidos norativos (Leora dos sistemas), 2 desert cao, decisao, reconstrugio € criagio|de significados (eoria da interpr Gao) € A identificacio, classificaciofe valoragio dos argumentos (tot! juridica da argumentagao), sendo absolutamente insuficiente a wtilizacs de expresses imprecisas, vagas € generalizantes, ainda que estilistic mente rebuscadas, i . A importincia da demonswragin de que a Ciéneia do Direita exerce varia atividades distintas reside, de um lado, na cdmprovagao de que numerosos M4, em ver de fazer parte de outra Ciencia, comd a Eeonomia ou as Finangas Pol out de outro ramo da Cigncia do Direito, coho © Direito Financeire. compe abjeto da propria Giéncia do Dircito, em gdval, e da Cigncia do Diveito Tribu! Tonge de ser 42 rio, em particular; de outro, na clucidagao de que esses temas, DIREITO TRIBUTARIO ATUAL n® 32 161 xados 3 modo objetivo. desde que se tenha um condcito de abjetividade nao apenas rela cionado a uma realidade ou a um sentido @bjetividade semantica), mas também vinculado di estrutura do discurso (objetividdide discursiva). Situam-se nesse dimbi- to questoes expressivas para o Direito Tributario, como a finalidade e a destina- gio das contibuighes; a promogio, a restriio ¢ a protegio de prineipios fund mentais da tributag cionalidade dos agentes fiscais e dos contribbintes nas atividades de fisealizacio & de planejamento tributirio; a razoabilidada dos critérios empregados para dif renciar os contribuintes; € os efeitos da tribiftacio, sua medida e sua proporgio, A discussio a respeito do objeto da Cigicia do Direito Tributario nao € nova Ela ja foi travada em diferentes épocas e cosh base em diversas perspectivas, nor vontade © A ideologia do intérpretel podem devem ser examinados de iy at finalidade e os efeitos da vibutacio extafiscal; a imen- maimente sob 0 ponto de vista da limitagio tle poder ¢ da divisio das disciplinas. \ particularidade da discussio critica ora frtabubada reside ma defimitagio da sinnfhiéneia das eoneepgses de Giéneia, de vefdade, de objetividade e de interpre- Lagiio para a demarcagao do objeto da Ciénga do Direito ‘Tributavio, * Sobre tal assunto, mais recentemente ji publicado um artigo, de autoria do Professor Paulo de Barros Carvalho, com 0 objetivo de rebater os argumentos sciculados em meu texto sobre a fungio da Ciéneia do Direito Tributario. artigo foram apresentados varios Obices As teses que defendi, entre os quais 0 de echos citaclos em meu texto nao representariam a posigio de seus auto- res; o de que a Cigneia do Direito teria a fuitcao de construir seu objeto, € nao a Jo, 0 de que os elementos que conceitue como extratextuais seriam na verdade textuais, tendo em vista a definigiofde texto como tudo quanto se possa in seria equive: Nese que os tr de deserevé pretar; eo de que a expressio “estrunnplismo argumentative cada, por referir-se a tradigao’linguistica antiga © diversa: Por meio deste artigo, sero enfrentadas os temas trazidos a liga pelu muito bem-vindo texto acima mencionado, Entretgnto, este artigo, conquanto conciso, hao seri breve. F que ele nao se satislaz em cdntestar as “breves consideragbes” de Carvalho: analisa também os requisitos cueflever estar presentes en qualquer dliscussio critica. Nesse sentido, adota-se a diretriz. de Pessoa: “Serei conciso, po rém nao breve: em matéria complexa a brevitlade & confusao”> scussao Critica Discussao erfticy ha quando os argumehtes utilizados se submetem aos eri- Stérios da razoabilidade, da relevancia ¢ da suficiéncia,! Razodvel 6 0 argumento a CARVALHO, Pala de Barros, “reves consideragies sobre a fiengie descritivs ea Cidsca « rei Tribute. Gon y wn 2013, hlem. iidem. fn: CARVALHO, Paull de Barros: © SOUZA, Cecilia Prisila de {Gr86) § Cangas Nacional de Sovais V1. St Paul: Nees, ESCA. Fern “Co or Jridie, Vigponiel ey hp.com 201m Opa ids Tribuairiuy = stoma tribativia byasileiva es relagies intern 3. pp. 379-840. auc. "Carrespunsléns inédiva, Carta militar nde identifica”. sep. 128.0 162 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL n® 32 respeito do qual hii forte evidencia de veradidade ¢ nenhuma forte evidéncia de falsidade. Relevante é 0 argumento eujas prqmissas permitem uma conclasio jus- tificada com base na Logica ow nos fatos. E suficiente é 0 argumento cujas premis- sas, examinadas em conjuni Discussio critica nao ha, portanto, quando o interlocutor se preocupa mais em atingir pessoalmente seu opositor, em vey de enfrentar o objeto da d >; quando a linguagem confunde no lugar de fomunicar; quando a veracidade dos argumentos € presumida em ver de comprpyada; e quando os argumentos sto empregados de forma invilida, € nao consjstente. Quando isso ocorre, nao ba argumentagao racional, mas a utilizagio de falicias na argumentagio, Estas con », proporeionard suporte para a conchasio, sistem em raciocinios invalidos, embora comfaparéncia de verdadeiros, que intro- duzem elementos irrelevantes, inconclusives|ou irrazodveis na discussio.* Par estuclo, imporfa realgar que o emprego de faléciase impede ou dificulta a discussio critica, por qomprometer a racionalidade e a jus- tificagao do discurso. Com efeito, o uso das falacias atinentes ao objeto da discys- so faz com que esta perca seu foco por meio da introdugao de elementos imper- finentes, sejam eles relacionados & pessoa do interlocutor, sejam referentes a as: pectos secundarios ou periléricos ao mérith do debate. O emprego de falacias relativas a linguagem impede a comunicagag em razdo da vagueza e da equivoci- dade dos termos ou expressdes utilizados. Q recurso a falicias que concernem & sntos simplesmente bloqueia a justificagio dos ntos pelo uso de presimgdes. Ea mabipulagiin das fakieias que dizem re vir de funda es, Em suma, 0 usofde fakicias compromete a discussio vei ‘1 0s propositos de: prova da veracidade dos argu argun peito a validade dos argumentos nao permite que estes possim se mento para as conclus6 critica, por substituir a racionalidade pela eMogio ou pela erenga. Tado isso im- plicitamente. Por isso mesmo sio as faldcias fonceituadas como “eros no raciock- hie que nao envolven o uso explicita de um forma invalida” ou como um argu- ida’® Pois bem, a leitura atenta e refletida dafresposta de Carvalho revela um tex- to permeado de falécias. Algumas delas idm respeito ao modo como os argu- mentos sao veiewlados, fundamentados e estruturados. Estas devem ser € serao enfrentadas ao longo deste artigo. Outras, nb entanto, apenas procuram desquat lificar 6 autor do texto critico € seus argumentos, desviar o foco da discussa0 ou ta De fato, a resposta me qualifica como jovem professor” ¢ insinua que eu nfo lidaria “com mais intimidade com as categorias da Teoria Geral do Direito! além de diretamente sustentar que cu teri me “aventurado num campo bem mento “cuja conclusao é invalida, no entantg parece vi simplesmente bloques HAMBLIN, Chhtles Leontel Pallas Lanadres: Mthnen. 1970. p. 12 JOUNSON, Ralph. “The Mae af he spleens va Resitalizi allaty hur fas HANSEN. Hans Vs € INTO. Rolo tye flair cst and contemporary vedingn, Pena: PUP. HM. PP Wee TINDALE Clartephr fallacies and enetmentappisad, Canbrilge: CUP. 2007, pt KELLEY, Davil. The ert of rasening 3 el, Nowa York: Notion INOS, p. 125, KEMEREN, Frans DIREITO TRIBUTARIO ATUAL n® 32 163 mais dificil do que imaginara”? Além de tentar me descredenciar, a resposta de Carvalho empreende grande estorge para desqualificar meus argumentos, em vex de combaté-los, Nesse sentido. reputa meu texto como um “trabalho que se pretende colaborar para o aprimoramento da Ciéncia” € que apresentaria uma ‘visdo superficial e incorreta de tema Uo reldvante”, mereé de “referencias isola- das, apressadas” a alguns autores € uso de Express menos impertinente fiscal cla corregio semattica dos termos do discurso”, com 0 aquelas {tilizadas pelos politicos em hordrio Ses que nao satistariam “ao que revelaria “mi retérica, tal come eleitoral”? Ao assim proceder, serve-se 0 autor em tua resposta da conhecitta fitdcia do ataque pessoal argumentum ad hominew ou peryonal attack: ataca o interlocutor em vex de seus argumentos.” Metaforicamente, chuta a pessoa em ver ca bola! Esta foi a técnica usada na resposta, em que adotd um discurso repleto de expressbes de desdém, como as acima referidas. A parf dessa técnica, a resposta emprega outras duas. De um lado, a faldeia do apelo ao tidiculo, Esta se caracteriza pelo ata- §ud aos argumentos por meio de expressdes pbusivas que se destinam a ridicula rizidos no lugar de racionalniente enfrenti-fos." Foi a estratégia argumentativa empregada na resposta quando comparou a argumentagao que utilize), sem ele: tivamente a combater ou demonstrar seu erro, Aquelas usadas por “politicos em hordrio eleitoral”. De outro lado, it faldcia dos epitetas carvegadas (louded epithets) Esta consiste em usar rétulos preambularey desqualiticadores dos argumentos com 0 ito de preveniv uma conclusio destatoravel, em lugar de deixar 0 leitor chegar a sua propria conclusao.” Essa foi, poy exemplo, a estratégia aplicada para minha qualificagao - logo no inicio da resposta e de modo categdrico - como por- tador de “visio superficial e incorreta de tenta to relevant O importante, para os propésitos destefartigo, é que um argumento nao s¢ faz verdadeiro ou falso em fing: owiliza. Um argumento € verdadeivo ou falsp em razio de sua rele estrtinura logiea © pel Jo. Os argumentos divigidos A pesspa, portanto, nada mais sio do que uma tentativa de manipular © ouvinte ou a hudiéncia." Destinam-se, em dltima analise, a eliminar 6 oponente da discussio 9 forga de sua desqualificagio, como se ele ndo tivesse sequer 0 diveito de falar! Nesse sentido, afirma Walton: » da idacle, Ha origem ow da rotulagao de quem dineia, razon coeréneia de sua Dilidade e suficiéncia, reveladas por su justit CARVALHO, Paulo dedtarros. “Breves camsideragpes sobre at fungiin eleseritiva da Ciéncia de Direito Tributsirio”. faz CARVALHO, Paulo dle Baipos: © SOUZA, Cecilia Canogresso Naina de studs tribtirios «sistema trifutivia bras Siw Pannko: Naeses, 2OES, pp. 382 © S88, thadem, yp. 879¢ 89 WALTON, Dugts if hncan aygamonts. Atala: UP. 1998, po EEMEREN, Frans ean et afi, ligumentation: analssish mnluatian, presentation, Nova York: Routed. 1 e200), pT 2 SOCCIO, Dauiglas: e BARRY, Vincent, Pructical lgid. 38 ed, Wadlowortl: Cengage. 199. p. HG SOCCIO, Douyghis: ¢ BARRY. Vincent, Prstival lage. 5 ed. Walworth: Cengage. 88. p. Lik VLEET, facub van, fuformal lngical fallacies. May IEPA. 2011. p. 1 164 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL ge 39° © argumento ad hominem on atadue pessoal 6 frequememente a respostg dlefensiva imediata a qualquer argumento nove © perturbadar a respeite de uma qu ses sfio ameagados e as emogies ebrrem soltas O diilogo, pois. s6 € possivel quando nenhuma das partes & impedidla de ingressar na discussio sob a alegacio del ndo ser séria.!” Como lembra Popper i que prelere ativar em vous estdio comroversa © polarizadt, especialmente quando inten i i eres 10 se pode ter uma dliseussio racional qom alguém a ser convencido por voce"." Por essa raza, deve st discussia ciemtifica atet-se any argumentos esposados € 2 sta forga, marftendo-se longe de quest6es pessoas ™ Argumentagio envolve convencimemo (Jberzeugiig). © naw persuastio foreada (Cherredung).!" Simplesmente » que é importante do que nao 6 que o utiliza: quanda se recebe a critica dg modo pessoal: ou quando se despiZra 1 ha diseyssio critica quando nao se distingue a quand se confunde o arg Lo com aquele quem ten visdes conflitantes.” Dai por qhe deve a discussdo critica condurinse com consideragao e respeito mtituos entre bs participantes, prescindindo, portan to, da utilizagao de adjetivos meramente Hlepreciativos, seja contra a pesson do auton; seja contra seus argumentos. Afinal,.4 discussio cientifiea deve ser pautaca pela abernura a eritica relativamemte aos pontos de partida eleitos, ao procedi mento de pesquisa adotado e aos resultades obtides, assim como pela humildade, livre e espontinea, de todos os seus partietpantes.: Além de Lingar mao de argumentos pessoatis, Carvalho qualificow minha critica como despropositada logo de inicip, centrando suas objegGes na suposta incorregio das eitagdes, da fixagaio da data Inicial do positivismo e do emprego de termos ou expressdes como “formalismo” fe “estraturatismo”, Tais questoes sio. em alguma medida, relevantes, t sa ao Amago da discuss, ao long nto que sergio enfientadas, naquilo que interes deste texto, Nao compdem, porém, 0 nticleo do debate, que consiste em saber quats as ativiciades desempenhadas pela Ciencia do Direito © as consequéncias que decorrem de uma concepgio reducionista dat fungao da Giéncia do Direito Tributario e de seu objeto. A resposta de Carvalho, contudo, cohcentraese precis {6es, Tanto que comega com a frase “inicicthos pels citagoes”. E, depois de longo empenho no sentido de demonstrar que of textos citados nao amparariam ums visto deseritiva da Ciencia do Direito, volta sua argumentagio para a suposta MENTE Nessas ques inadequacio do uso das expresses “estrutkralisme argumentative” © “formalise no epistemoldgico”. Ao manifestarse dess maneira, 0 autor faz uso da conheci da faldécia da dispersao (ved herring) - vética qile consiste emi introduzir na discussie um elemento periféricn, secundério ow logicamente irrelevante como forma de WALTON. Dulas Ad donno argnoents, Alabang CAP, 1908. p. NU © EEMEREN, Fans wat GROOTENDORST, Roll “Argannentun atl hanrinea"s Jas HANSEN Hans Vise PINTO, Raber Gongs. Op. rp lig © POPPER. Karl Rainn Ganjectices and iepattions The grth of rirmtfr bared, 5 ebony des: Rowtlerge, 19th. p. ARNO. Auli, Ess the dr trina study af Ls Dordlyeriu: Springer, 2011, 9. 74 pigetfO TRIBUTARIO ATUAL 1? gistrair a atengio do interlocutor ¢ stilmdiue mucar o objeto da diseussio. O seanto capital, pata o escopo deste artigo. que o debate sobre a fungao da Cie, Me do Direito Triburirio nao pode ser subprituido por mera discussao em torno de palavras, ainda mais quando - como se demonstra ao longo cestas paginas - os ificado, fermos ott eNpressOes supostamente equivorados, alm ce ter tide seu s estipulado e ser Eicilmente compreensiveisem razao do contexte em qt (is, comportam significados usuais ou tégnicos consolidados ¢ nitidamente di- versos daqueles que foram presumicos na jesposta inseri- Por fim, a mencionada equivocado que nem sequer mereceria sep respondido, Sustenta, por exemplo, que “nao serdo necessivias muitas Finhas yara demonstrar a improcedéncia dos fundamentos oferecidos pelo autor”, que “bastariam dois dedos de paciéncia ¢ a quengio que escritos ce tal profundicade epbram incessantemente do leitor”, que Splica dedicalse a sustentar que 0 texto critica & Lo nao vale a pena ingressar maqu Je tipo dg vertente epistemoldgica” © que “con- 4 Wheargumentar, neste passo, representarial um estipéndio inatil, de tal arte que me dispenso faze Ao reagir desse modo, a relerida resposta se utiliza da chamada faldcia da desconsideragio sumiria (dismissal), tecnica que consiste em manifesta uma atitride de indignagdo ou superioridade por meio fla desconsideragio preliminar do ar gumento usado pelo interlocutor Yrata-se da tentativa de substituir uma argu- mnewtagiy racional por mera alitude de indigntgdo, exteriorizacta pela simples carac- terizagao de um argumento como obyiamepte improcedente, Gom isso 0 eponen- te, em vez de confrontado, é simplesmente impedido de ingressar tia discussao. a discussio, em ver de desenvolvida, é intérrompida antes mesmo de se iniciar Dai que seja tal falicia também classificada como uma alicia de pressuposican: 0 suposto equivoco do interlocutor, em ver He demonstrado com razdes, & mers mente pressuposto pelo interlocutor, por jneio de uumra atitude de indignagao. Contudo, como afirmam Soceio e Barry, “Renhuma medida de indignagio pode substituir um pensamento clare Niio deve passar despercebido, ainda o fato de a resposta de Carvalho ser fade frases que objetivam neutralizarfaa discuss: “(.) quem lida com mais intimidade com as categorias da Teoria Geral do Direito, sabe muito bem (..) “(.) nao lida A vontade com categorias desse tope (..)": “L-) quem sabe a locugao, submetida ao esmeril de especialistas ilusttes (..) autor dizer que quem lida com mais intimiqlace 2 vontade com as categorias or reple Fan outras palavras, quero quem é especialista ilustre sabe que ele tem razio, ato passo que, inversamente, quem afirma que ele nfo tem rain é porque nao fida com mais intimidade € 2 vontade com as categorias ou nao € especidlista lustre. ‘Trata-se de antiga esta SOCCIO, Douglas: HARRY, Vincent Op vit. pH * CARUALITO, Kool se Barron claves couiderdgicy sre a fang desert da Cis Peet paattae fe CARVALHO. Panto te Rarrins ¢ SOUZ\. Cecilia Prise de (orgs § vin slinn es orlagies tnterwat 166 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL n® 39 tégia argumentativa para prevenir desacordos. assim descrita por Fearnside ¢ Holther ‘Outros meios de prevenir desdeordos sie a bajulagio da audiéneia Cou hao preciso dizer para um grupd inteligente como este...). apelos av dese- jo de ser acatado (eu acrediwo qpe todos iro concordar que..), apelos ao decente quer...), @ assim por » de desacordofraria de suaves avtificios calculados para tornar Eieil 6 acordo Celaro que fodos nés acreditamos.) a assergies pre. conce desejo de ser respeitado (todo america diante, Preveng: uosas para intimidar a oposigio Csomente uma pessoa confiasa sue geviria.c) Or © debate, seja levando 0 intimidado leitof a concorday irrefletidamente com aqui- dade de defétider sett ponto de vista: quer pela inversio de dnus de demonstrar a veracidadedeum, umento, quer pel levante para a discussio eviticd é que as mencionadas fakicias obstruem Jo que esta sendo dito, seja ne; undo ao jnterlocutor a porta 1 apresentagio de determinada premissa como autoesidente ¢, por isso, independente de comprocagyo.” . Estas concisas consideragdes preambutires sao imprescindiveis para que nao haja comprometimento do nivel da discubsio eritica e sua transformagio em mera disputa pessoal, baseada em emogies e drengas, e nao em argumentas ¢ justifica des" Como lembra Neumann, a “arguprentacio mira o conhecimento racional nao efeitos emacionais’ Ad mais, sie fimperiosas para que Jo se perca, com fakicias argumentativas, 0 foco principalfda discussin, que & ode delimitar a fun- gio da Cie tir que seja substituido por disputas merhmente indivicluais ¢ laterais, ou mesmo \cia do Direito Tributario ¢ schis efeitos tesricas ¢ priticos, sem permi- verbats. Feitas estas reflexdes gerais sobre @ debate cientifico, passo a enfrentar os pontos relevantes trazidos a debate em razao da evitica que dirigi & fungio deseri Hiva da Giéncia do Direito Tributirio, aproveitando a preciosa ocasiio para tam: hém sentar as bases para uma discussie ritiea no ambito do Direito: . Ciénc do Direito e Desericao O principal objetive do artigo que egcrevi a respeito da funcdio da Ciéncia do Direito Triburario foi o de demonstrar qe © disctrse doutrinario, além da des. crigio. envolve a reconstrugin, a decisio ba ertagio de significados de elementos texiuais € extratexturais, com base em matodos, argumentos ¢ critérios de preva- Jéncia argumentativa. Em razio disso, teenie ay “proposigées” cientificas au se limitam a descrever seu objeto & mod como se apresenta, sem nele in FEARNSIDE. Ward: © HOLTHER, Willian, Ballaey- the eontegfedt of ancument, Fnvglexconel: Prea tice Hall, 1959, p10 FEMEREN, Frans: © GROOTENDORST, Rub. "The pragmntaialectical approach to fallacies fie MANSER. Hams Vis © PINTO. Robert tongs). Bullucies. elassiead aud coutempucry reading Pensilvania: PLP INU; p LIB. EFMEREN, Frans; ¢ GROOTENDORST. Ra. siwnmentation pigeliO TRIBUTARIO ATUAL n* 32 7 rerfevirs antes reconstrocm, decidem ¢ erpam significaclos, o que € bem diferente {produ consequéncias tedricas € praticay muito distintas Ocomteiido, o estatute Joutico € as teorias de conhecimento dlefeada uma dessas atividades foram de qe nstrados (le manera separada. Fundarpentada ¢ exemplificada ponto por pon~ to Em virtude disso & que se reproduziran trechos doutrinsrios que, de manera express ssa € uma question, Outra € saber be os trechos das obras citadas, os quetls favem express referencia ao cariter desgritivo da Cig ros fragmentos diminutos dos textos a qe pertencem, fragmentos que nao relle- tiriam a posigio de seus autores. Ha, portanto, das questoes distintas a conside e categorica, aludem ao cardterflescritive da Ciéncia do Direito cia do Direito, seriam me: rary a primeira é saber se a fungao da C dencia do Direito € apenas descrever ou. jlém disso, também reconstruir, decidir f eriar significados, bem como q ie consequéncias tedricas € priticas dessy constatagiin; a segunda, diversi, € vere fear se as obras dos autores citados, na eiptica feita ao cardter mera ou fundamen * talmente descritive da Cigneia ‘lo Direitol sustentam - € em que medida - 0 cunho _descritivo da Giéneia do Diveito, primgira questio diz respeito a eri ica da tese descritivista da Cigneia do Direito; a sestfuca, 2 importincia e representatividade de trechos doutrinsrios que the fazem releréneia explicit, Nesse aspect, notir-se que as eonsideragdes leitas por Carvalho a meu texto Ficaram chreunseritas 3 se- gunda questio. ssa distincao & le importéncia capital, porquanto comprova que & preps to nuclear de meu artigo nao foi contestado: 0 discurso doutrinario, a par da descrigio, engloba a reconstrugio, a debisio ca eriagio de significades. A de- monstracto separada, fundamentada e ¢xemplificada de cada uma dessas ative dades ¢ o seu fundamento epistemolégido nao sofreram qualquer objegin. E 10- das as repercussdes deesrrentes dessa cficlusio - importantissimas, alls - per manecem firmes para ser examinadas. @) que resta saber € s€ os trechos citados nia critica sio efetivam Comecemos pela obra de Carvalho] utilizagio primordial de passagens de seu Curso de Diveito Tribuldrio, as quais poderiam ser somadas dezenas de outras passagens de diversits publicagdes, decoype do singelo fato de a obra ter sido, até © momento, reeditacla 26 veres, descomsiderando-se 1s reimpressées, possibilitan- do ao autor 6 aprofundamento e a reflesfio ¢. eventualmente, revisio € retifici i Tepresenta © pensamento fundamental {do autor sobre a maté teste que pretende seja tansmitido aos @udiosos do tema, Assim sendlo, a come provagio de rio constituirem os trechot citaclos meros fragmentos islados que hao encontrariam respaldo em sua obrafpassa, em primero lugar, pela demons- raga de que ha termos ou expressdes, pilizados com insisténeia, que alastim a ate meros fragmentos isokados das obras. de suas posighes, ideias € argumentbs." O Graso, contorme est concepsio. pensamento alegagin de que “descrever” & empregadhy no sentido de “conseruir Com efeito, além de a obra de Catyalho afirmar que 0 Direito ¢ a € formam “dois mundos que nd se confundem”, que as “proposighes” clentiHicas “simmlesmente descrevemn seu objeto, sem nee interlerir”, & que a Ciéncia do Di éncia 168 DIREMTO TRIBUTARIO ATUAL n? 32 veito “se ocupa em deycrever o direito pogitive tal como se apresenta que @ “direito positive forma um plano de linguagem de indole prescrition, a0 tempo em que a Cigncia do Direito, que o felata, compde-se de uma camada de Hinguagem fundamentalmente deseritina”."|Mfirma ainda que a Cigneia do Direi to “cabe descrever esse enredo normative” Jque o cientista do Direito “vai debru Sarse sobre o universo das normas juridicas”, “interpretando-as ¢ descrevendo. as", tendo o produto de sua atividade “carter descritive”. ¢ sua linguagem sendo emitida por meio de 1 ima juridica é a significagao que obtemos a partir da leitura dos textos", mediante proposighes descritivas’.*" Nao bastasse we adwz que “compete & Cigncia do \ assevera proposigdes descritivgs". Mais adiante, sustenta que “nor- Diveito Tributtrio descrever esse objeto, exjfedindo proposicées declar nentemente descritiva, reproduzindy, was’ ¢ mais: que a doutrina possui “ling de forma elucidativi reito positive”, com a “finalidade de rekatarl com precisio, a sua realidade-obje gem €4 ata 2 contetido € os mecapismos de articulagio proprios do di to" Ainda, de acordo com o Casa, a “doulvina mio é fonte do diveito positito, Seu discurso descritivo nao altera a natured prescritiva do direito, Ajuda a com. preendé-lo, entretanto nao 0 modifica Esses techos, aos quitis muitos outros poderiam ser somados, comprovan: due ha alusio - nao isolada ¢ esparsi, mas abundante continua - 4 fungao des. critiva da Ciéneia do Direito, Mais: de nonisitam que o significado do termo “des- crever", nos referids trechos, é absolutamente incompativel com o significado de construir”. Isso porque, além de empregar d termo “descrever”, sustenta a obrit de mancira expressa, que as proposigdes cientiticas “simplesmente” descrevem as hormas”, “mediante proposighes declaratival” do seu contetido, tal “como ele se apresenta” ¢ “sem nele interferin”. O contesfo nw deixa espago algum para a ambiguidade. De fato, fosse o termo “descrever” equtivalente a “construir”, a atividade exercida pelo intérprete nao se circunscrevetia a “simplesmente descrever” um objeto tal “como ele se apresenta” ¢ “sem nele imerferir”, Ora, “construir algo “sem nele interferir”, deixando-o tal “como be apresenta’, simplesmente nao construir, Porque construir € precisamente infroduzir ow modificar um objeto a partir de propriedades antes nao existentes. Eff Se apresenta, sen nele interferir. € algo simplesmente impossivel. Equivaleria criar sem eriar. Mais, afirmar que o cic declarativas” & assumir 0 carter deseritive df Ciéneia do Direito - de um lado, Porque “declarar™ significa tornar claro, divérsamente do que significa “cons truir’, de outro, porque “proposi¢io” si fido de sentido de um smunciado dotado de um dos valores de verddde, isto & de qual se possa dizer lo cleixando 6 objeto tal como tista sq pronuncia “mediante proposigoes nifita @ conte CARVALHO, Palo de Harvos. Cura de Diseita Tibubiriy. 22 ed. Si Paulo: Saraiva, 2000, pp. 45 €36, respectivamente (pp. 83,42 e 35 cl 264 ed, Siw Pause Saraiva, 204. | fhidesn, yp. 4, 35 6 38, respectivinnente (pp. 34 6 37 da 24 ed, Sto Pater Saraiva, 2 hide. yp. M1 E48, respectivamente (pp. 34 € 87 dt 26 erl, Sie Pane Sei m4), DIREITO TRIBUTARIO ATUAL n® 32 169 verdadeiro ou falso.* Por meio de (ima prdpesigao se exprime uma tese te6rica, ito €, uma crenca relativa a realidade. Gome afirma Dworkin ent stat pest tritica ao positivismo, as "proposigées” sig usiday “para descrever ou declarar cortas relagaes” "sho verdkideiras quand descrevem corretamente o contetido das leis". Ve termo “descrever” com @ sentido de declarah; esta também ra wtilizagao v dot tum objeto, Tanto é assim que o proprio Cabvalho alirma que “a forma de aparar se, portanto, que 6 problema hie esti apenas no uso continustde do ‘iterada mio “proposigio", que representa prycismente o enuneiado deseritiva de 6 valor logico dos enunciados descritives tla Ciencia do Direito & confrontilos fom o resultado da experiéncka; e 0 padraoempirico para os testes da Dogmiitica rename do diveito positivo: uma ver confirmados, serao tides por verdadeiros; is, sempre que negados, considerar-se-a falsos"." Note-se que, para relerido autor, objeto das proposigoes € o “conjuntd de normas vilidas”, € ndo o conjunto _dlgeminciaclos normativos oir dispositivos}concepgio ave além de confundir 0 objeto da interpretagio (dispositive) com feu resultado (worm), mais um vex demuncia 6 carter descritive da Cigneia db Direito, Oeorre, porém, que como a Ciéncia do Direito, além de descrever, adspreve, reconstrdi e cria significados, 0 cientista se pronuncia por meio de proposiqies descritivas, mas também por mete por de ennnciadas interpretativos recinustrutivos eladseritioas, e de formulagies normalicas =o que € algo bem diverso. Estas concisas observagies ate ncia da evitica que apresentei a fungio descritiva da Gientia do Direito: os tree thos citados pres supdem wm sentido pré-coustituide no proflute legislado, tanto que = expressa € intistentemente - mencionam que o discunpo doutrinario nao interfere no objeto them o modifica; a Ciéncia do Diveito, conthclo € como visto, no apenas desereve naw treconstrdi, adscreve € cra significados. A reconstrugio de significados, @ am a importincia © a pertin escolha de um significado entre 0s varios elm cretizagio de principins por meio da evita de regras implic txemplos, comprovam que os conteridos fe mativos no poctem ser simplesmente ncia, tal como se apresentam, como defende ssiveis por um dispositive € a con- as, entre OULTOS descritos, sem qualquer interfere Carvalho, ‘© fundamental, relativamente a esse ponto, & que ndo se pode constrauiy am raciocinio viliclo com premissas contraditdrias, tampouco com a mera introdugio Gircunstancial de palavras novas ou com # tentativa de redetinigio de palavvas aantigas, E tal incondisténcia naw € elimina com a tentativa comtingente de atri buick dde um nove significado ao termof"descrever", quando as expresses, 0 fermos que indicam um conterido pré-conptituidy - a exemplo das expresses tal como xe apresenta” € "sem. nele imterteriy” ou dos termos “relata, “dee Jara” € “reprodu” ~ persistem, e quando se defipe a linguragem ceseritiva come sendo aqueta informativa ou declarativa, prépri para a ransmissio do con scimento, » GUASTINE, Riccardo, Sintassi def Divtta, Turiny: Giaypichelli, 2011p. 58 ot “ : rv Ganichelli, E900, 92 19 170 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL a? 3 Ressalte-se que a propria resposta descrigao” significaria “compreensio"| procura comprovar ‘descrever” citando um trecho de outra @ Nao parece excessive relembrar Vue a descritividade inerente ao discur- so cientifico adquire wma tonalid fade especial sempre que 0 alvo do co. nhecimento esteja na regiao dntich ¢ clos objetos culturais, como é direito, Pasto que tais bens se manifestam sempre suficiente a mera descrigiia do preensio."** A leitura atenta desse trecho, contucla, prova que o termo “deserever °, para Carvalho, equivale 0 mesmo que “declargr™ De “compreensio” nas obras do autor, como! circunstancial de que no discurso cientilic sendo necessaria a sua compreensao, rest te Carvalho, depois de pretender que significado de le suas obras, assim redigido: ocaso do carregades de valax, wd seri Purditeno, tarnande-se indispensiivel sua com. fato, se “descrigao” significasse falegado em sua vesposta. a afirmacio. po seria suficiente a mera descricao, tia totalmente sem tio, Ela equiva, leria a dizer algo parecido com “nao sera pute iente @ mera compreensao, sende aecessiia a sua compreensio™ Tal constatagio demonstra que o termo "dense so” tem o significado de dectarar, nao del > dejcompreender, diferentemente do que sustentou na resposta Avesposta em aprego reproduz ainda putro trecho de ouutra obra, onde cons. aque “o chamado ‘direito positive’ nav aphrece como algo ja constituido, pronto Lee ottaelo, reportada, deserito”, Essil obra mais recente de Carvalhe, ale, te nao eliminar todos os trechos anteriored.do sett Cur dle Dinca Tributarin, ain- Bt editado com as expressies antes menciasadas, comprova que 0 termo “desere- er" nao pode ser havido por “compreendd osta, Fosse assim, a frase reproduzie: ositivo’ nao aparece como al circunstancia demonsty cado de declarar, na de jr") conforme pretendido em sua res. a clevgria ser lida como” ‘o chamado ‘direito algo ji constitufdo, pronto p. ara Ser compreendido” i uma vez mais {que o terme “descrever” tem o signi compreender. Esya circunstincia, lembre-se, € relorga- * Pelos trechos antes reproduzidos, dentrd ox quais consta o de que 0 discurso, ‘doutrina, relativamente ao Direito, “jue a compreendé-lo, entretanto nao o odifica."S Aqui, € 6 préprio terma “comprbender que & incompativel como de onstruir” Acontirmacao de que os techos citado. nao constituem um “diminute fra ento de texto’ como quer fazer crer a resp: 31; pela demonstracao de que ha conceitd vr ele com frequéncia. que sta de Carvalho, passa, em segundo s fundamentais, também utilizados igualmente atastam a possibilidade de se atribuir ao “ino “descrever” 6 mesmo sentide de “consttuir tros se poderiam a Um desses conceitos, aos quitis + ode “metalinguagem descritiva De fato, além dea obra de Carvalho sustentar que erfere no desenvolvimento da Direito, el] Ciencia do Direito nao defende que 6 Direito © a Ciencia ARVALHO. Pues de Barros Breves considleractis silees 6 thansas piRettO TRIBUTARIO ATUAL n° 32 ral conatituem “dois mundos que nao se corffindem”, asseverando que “e direito postive format um plano de linger cf noe pros it ‘ao tempo em que a de uma camada de linguagem funda- Mancina do Direito. que o relata, compoe-s mmentalmente descritiva’." Essa posigio de|que a Ciéneia do Direito € wna mets Jinguagem deseritiva, que “rel jugen do legisladon, simplesmente rie procede. De am lado, porque a Tinguage) nao € meramente descritiva, Como Jembra a obra gle Guastini Tal apiniao é falsa. De um lado. a finguagem da cigncia juridica nao € sempre deseritiva, na medida em tye muitas vezes a ciéneia juridica nao uit” a ling se limita a descrever normas predxistentes, mas formula normas novas. De outro lado, a linguagem da cigncia juridica nao € sempre uma meta- Finguagem a respeito da linguaggm das fontes, ja que a cléneia juridica nao se limita a falar das fontes, mas as ‘ansforma.”* _o Por consequéncia do qtie se acaba de hfirmar, também nao se pode delender que o Direito ¢ a Cigncia formam “dois mandos que nao se confunden diseurso doutrinario ajuda 4 “compreendé-lo, entretanto nao o modifica.” Ora, “ou que © ny razao das atividades reconstrutivas, adSeritivas ¢ eriativas da Ciencia do Direl- to, 0 Direito é enviquecido ¢ wansformada pela C da 0 mesmo trabalho de Guastint, cia do Direito."" Gomo recor- “A configuragao das relagies entre direito e doutrina em termos de lin- guagem-objeto ¢ metalinguage teremos ocasiio de ver, entre a Knguagem do direito (das “fontes) e a Finguagem dos juristas nao subsisfe unva barreira Kigiea insuperdivel, Os juristas nao se limitam a analisak 6 discurso das fontes plasmam-no € modelam-no."” Desse modo, alirmar que eles constijuem “dois mundos que nao se confine nterpenetracio e - de modo indireto, porém enfitico sustentar’o earater ceserptivo da Ciéneia do Direito, Ora, a Glen poy do Direito nao faz somente descrever d Direito, porquante a interpretacao dos dispositivos exige ao imérprete reconstruit, decidir € recriar significados. A men- cionada nogio nada mais € do que umabimplificagio excessiva das atividacles da Cignein do Direito, que toma uma atividsde (descrigio) como se exaurisse todas as outras desempenhadas pelo intérprete] reconstr A posigio de que a Ciéncia do Direjto é uma metalingtagem descritiva da Jinguagem do legislador tan gem nem sempre é metalinguagem. A réferida Ciencia Sobre o Direito, porque a linguagem do le moldada ¢ desenvalvida peli Tinggutagem dos jurisias, que a reconstital em ver de meramente “verter sobre ela." a[é tomada com cautela. Porque, como dem” é desconsiderar, wma ver 0 ais, ess o, clecisio € eriagiio)." bém nao prpcede, de outro Lido, porque a lingw 1 verte simplesmente gistaclor # CARVALHO, Paulo de Barras, Curso de Diveite Tribatiin, 25% ed. Sie 5, AF e , reapectivantente Pail: Saraiva, ZHI. pp 38, 172 DIREITO TRIBUTARIO ATUAL n¢ 30 Isso ocorre. primeiro, porque a anifidade dontrinaria, como dito, alin de emitir propasicirs descritiaus, destinadas 4 deserever niticados de dispositivos ue Hi solieram provessos anteriores de stgniliciagio. emite emunciados interprone eos reemisrations, voltados a veconstruir significado de dispositivos, enuncindes interpre elativos adseritivuy, divigidos a deciel WF 0 significado de dispositivos, e forme. lagoes normativas. utilizades para introda casos, 0 Direito & mulde novos significados. Em todos esses dv pela Ciencia do Direito, Segundo, a Ciencia do Direito nao veife simplesmemte sobre 6 Direito, tendo em vista que tanto adiciona normas ae Dire}to qua cia do Direito nto the subtrai outras." A Cién- diciona normas ao Direito Quando procede a integragio de lac ssim entendido 9 procedimento por freia do qual o int rprete labora, di games, normas implicitas que, embora privfadas de validade formal, so consiclecs radas validas do ponto de vista material, Ciéneia do Direito subiui noven s do. Direito quando procede a solugio de antindmias, assim compreendida a téenign por meio da qual o imérprete elimina uma dlas dias nor ‘mas explicitas em confli« to, de tal sorte que una delas, embora vilidd do ponto de vista formal, é conside. rada invilida pelo intérprete do ponte de vibta material O pre ichimento de lacunas ¢ a solugdo de antinomias demonst ‘am, pois, sero sistema juridico composto day normas Explicitas formalmente valichas et tuidas pelo Poder Legislative, menos as normas explicitas materialmente invali- das € maisas normas implicitas materialmente vilidas lesenvolvidas pela Cigna do Direito.” Hal constatagiio fiz ver que 0 Direito nay apenas & moldade pela Cigncia do Direito, como €tansformada por ela. Indica também que a ting hao se limita a deserever a li em do legigfaclor, nem some nao podendo ser qualificada como metalingh ragem dos juristas Ne verte sobre ela, gem descritiva qu * do legislador, como se bla fosse sempre uma sobrelingus- rte sobre linguagem preseriti gem ou linguagem de sobrenivel, cestinada afransmi noticias de sua compos- ura como sistema empirico, como abertamente defende a abra de Carvalho Ess concepcio aqui criticada, aliis, toi Hefendida pela doutrina ha wuito tentpo. A obra dle Bobbio, depois de menciondr que « legislador se exprime pon meio de uma linguagem que nao € rigorosa e que a Ciéne linguagem com rigor. completude © ordenaca deve transformar sua argumenta que o diseurso dog- aritico clos juristas consiste em uma metalingukagem (descritiva) que verteria so 2re it Hinguagem (prescritiva) do legistador: “Gra bem, a doutrina na sua parte ‘ssencial é uma aniilise da linguagem, mais precisamente daquela linguagem darticular na qual se expressa o legislaclor por mein de proposigies normativas Vobra de Carvalho seguit esse entendimento, yestentande que “tal discurse fala o seu objeto - 0 diveito positive -, que, por stud vex, tambern se apresenta como im estrato de lin ttagem, porém de cunhe pieseritivo™.© A obra de Gutastini GUANTINL, Riccatels, Dale font piREITO TRIBUTARIO ATUAL n# 32 anit, criticow precisamente esse posiipmamente de mado objetive da seguin- fe mancira A teoria da ciéncia juridica de Bbbbio inclui duis teses entre st Contts. Eames, De um lado, Bobbio exprehamente teoriza que o diseurse dogmi- fico dos juristas sejt uma metalipguagem (deseritiva) que verte sobre @ Jingnagem (preseritiva) do legislador. De outro lado, Bobbie teoriza, além disso, que a cicneia juridica seja jrma ciéneia que transforma o proprio objeto tornando-o mus rigorose, isto & univoco, completo e coerente A veavia dle Bobbio parece assim enolta env uma contradigio insolitvel A contradigio insolivel ¢ facilment# perceptivel a que se relere a obra de Guastini é rigorosamente a mesma reste nna discussio critica ora travada. FE Sempre bom recordar que a consisténeda flo pensamento € de st expres paz de afastar possiveis contradigoes, € elemento essene jul da discussio cientili- ee Outro conceito fundamental é 6 de walor. Em outra bra, Carvalho afirma qite o que proporciona “acesso ao reino d s valores 6 a intuigio emocional, nao a aepsivel nent a intelectual” Subjacente afessa concepgio, portant, estilo enten “iment de que os valores no so capazgs dle conhecimento racional € abjetivo oo tae af cle umn pervepgio meramentd pessoal e emoriva. Sua inter pretagio € ie fe wontace, nvio de conhecimento, Qutim. A influencia do pensamento de Kelsen é visivel. Para esse anton, a ( ianciade Direito deveria afastar-se do mundo vantadle e circunscrevé-lo ao do eonhegimento. Tal concepgio parte do pres- suiposto, ad lo de Viena, de que nao podem os valores ser descritos com objetividade, ppr dizerem respeito ao convenciment pessoa, e ndo ao conhecimento.* A releypncia dessa concepgio, pars os proposi- eoty eliseussio acerca da fungao da Gigneia do Direito Tributirio, € @ de que alguns temas termina deixande de fazbr parte de seu objeto, Se a Cleneis do Dercity deve tratar com objetividade seu objeto, mas parte dele nao permite conhecimento objetivo, soniente uma payte & examinackt, Nao surpreende, por tanto, a afirmagio de Carvalho segundp a qual “nao Iii causar desalento en un} cunho de abjetividade aos prineipios tide pelos empiristas do Ch hinguém que nds no possamos cy Lenia eles deixarag de ser principios. Logo se percebe por tris dessa concepgio de valores ha tambem wma coucepean semi’ de Isso nunca ocorrer que. abjetividade, e nap ~ como sustentel NOG to evitico © noutro trabalho - uma ear & GUASTINI, Riewarde, Pi sevde, Turin: Giappiebelli, 199, p, AARNIO. Malis. Ess vial study af Laie. Dovedreclt: Springer, 2B, pp 7 CARVALHO, Panto dle Burtes, Pvite Tiibuedvid i rene undue, Sto Pauli: Nowses, 2008, p> 17h, VOB GEN. Manabe Revisissenschate aly Nevin «ade aly Kaltasssensehaths Selon Frtioveh Hiv cwetngebuny? BIT. pp. LIST-L280. fie RLEGATSRY, Hans a cans eH vee teslisirlewretische Scale, W. 1. Wie: Fritz Steiner, 2010 pp. 32 e eet einer Rechislelre™, fa [OBLONER, Clemens: € 50% 174 DIRENTO TRIBUTARIO ATUAL 9° 39 cepcio disctasiva on metudeligica de objetWvidade, igualmente capaz de permitir g esame dos principios.” As consideragdes anteriores ehicidaln que os trechos citados sao represent. tivos e correspondem ts obras citadas, nal medida em que sho recarrentes e supon tados tanto por partes quanto por congeitos fundamentatis incompativeis, ovo sem falar em diversos outros temas que|direta ou indiretamente, evidenciam « mesmo reduicionismo epistemoldgico, de kjue siio exemplos os seguintes asstinten, a contraposigio entre vontade ¢ conhecinjento, linguagem e metalinguagem e ser € dever ser; 0 monismo € 0 corte metodbligico: verificagao de proposigées: 4 base empirica do conhecimento; ¢ assim[por diamte. Nao se trata, pois, nem de refer éncias isoladas, apressadas’, nem mbtito menos de “diminuto fragmento de texto” das obras refericlas, como tentou demonstrar Carvalho em sta resposta™™ ‘Trata-se de algo bem diferente disso. = E tal conclusio nao é alterada pelo ¢mprego circunstancial do termo “cons. truir”. Em primeiro lugar, porque, se hxi thechos ¢ conceitos incompativeis com o sentido de construir que continuam perméando os trabalhos referidos, surge ma- nifesta e insoldvel contradigio interna, Dq fato, na mesma obra nao se pode sus fentar, sem cair em irrecusivel contradi¢no, que descrever significa “relatar” c “declarar” significados, de um lado, € “cri” ¢ “atribuir” significados, de outro Nao pode um termo comportar um signifitado © seu oposto ao mesmo tempo, no mesmo contexto, Ainda mais se consideratmos 0 uso de diferentes termos, indi- cando que, fosse a intengio aribuir significados iguais, ter-se-ia empregado o mesmo termo, nao Lermos distintos, ‘Lal discurso revela, repita-se, incontornavel contradicio. Além de contradicio, 9 discurso contide na resposta revela 0 uso de termos ), alternancia ("des- com ambiguidace (“descrever” significa “dbelarar” ou “criat crever™ significa: num momento “declara}": noutro, “eriar”) © concomitancia (“descrever” significa “declarar” ¢ “criar”), Ora, em um discurso racional, deve-se buscar, como ideal regulative para sua clabloracao, a ndo redundancia no uso da linguagem, de acordo com a qual nao se phde atribuir a dois termos diferentes significados que sejam no todo ou em partd idénticos, como se exige até mesmo do legislador: ‘Val diretriz, impede que se hossam atribuir o mesmo sentido aos mesmos termos (presungao de constincia terminoldgica) € @ mesmo sentido a termos diferentes, ou sentidos diferentes ftermos iguais (presuncao de nio si- nonfmia). Este tipo de discurso foge do idealfanalitico, que proclama um discurso vernido ein linguagem cientifica, sem contradigoes ¢ ambiguidades, ¢ pronto para ser compreendide pelo destinatdrio, como ihsiste explicitamente a obra de Car- valho, AVILA. Humberto, Seenanen juridira, 2° ed. Sie Paul Malleeinns, 2022, p. 120. "CARVALHO, Pi Direitey Tribus tle de Barris. “Breves consideragtes sobre i fungiey deseritiva da Cigneia din pRertO TRBUTARIO ATUAL #32 a I 4 terminologica, mais do que surpreender € confundit' 0 Essa inconstine {eitor, simplesmente impede & discussao critica. Isso porque semeia a confasio ne ugar de promovera clareza. Pio oportuniza a fuga as criticas por meio de expli ees ad hoc ou de recuos definitdrios incompativeis com o uso ordinario € téent engi s Tinguagem. Com efeito, 0 uso de um terme ambiguo (X = A ou B) permite cod que seu tsterio, quando ¢ riticado, possa alegar qu qrente daquele que o critico revelou ter ente indido (X = A, mio B); 0 uso alterna- do de um {ervo no fempo ou No Eespach (X = Ac B) permite que seu usuario possi defender-se sustentando que 0 util{ou com sentido distinto daquele expos- to pelo eritico (X = A, nao B): € 0 ‘uso contraditorio de um terme (X = Ae no-A) wrdoriza seu ustiério a adatar tum ou outfo sentice movendo-se de um lado para Maro conforme a critica que The € divigida. Esta postur ao transformar a diseus- ai ritica num mero jogo ce pakawras,ffaz com que os termes, © permissio vara tuma metafora, funcionem como “alyos “ trocados incessantemente de Hisar como “estrategia imunizadora” para afastar @ autor de qualquer critica ‘0 empregont com sentido di toeavelasin de que afingio deseyitiva da Ciencia do Direito € sustentada peta doutrins também nao é alterada, gm segundo lugar, pelo uso gendrico da veanatruir” Dado 0 carater prafico da Gigncia do Diveito, € preciso de etivamente Con- pakavt ponstrar o que significa “construir” € iadicar critérios intersubj Gionalizar as varias atividades interpre- troliveis, que possam dilerenciar € ope} aerene De fate, empregar o termo “desdfever” no sentido de “evar faz que tudo vias ativi passe ser “eviar”, como se a atividade nterpretitiyt nao envolvesse ¥ reres distintas quanto ao seu estate Ioygico € ao métode utilizado pelo intérpre te, inclusive atividades deseritivas. Com eleito, na critica,que dirigi ajfuungie descritiva ca ¢ so exerce fungig mera ow fundamentalme ncia do Direito, te descritiva argumentel que est ¥ Frtjuanto, ao Taco at atividate desertiva cumpre tambGn outa atividades, corde arativa, sv adgcrtiva € a cfiativat. Em outras paactas 3 Clana! do J anciados interpretativos reconstrutives, s descritivas, Direito emite propostco ‘emunciados interpretatives adscritivos t formulagé implica que a Cineia tambem clescreve signifiendos ou 0 {ato de determinadas instituigdes ja terem atribuido certos fanite ados a determinados dispositivos. alguimas situages, os terme out expressiies COMSTIES do dispositive rh tiveram seul signiticacos atribuiidos, por padres de 5 narmativas.? Isso, porém. Assim, € objeto de interpreta vie continuo, por meio de conceitos dputrinrios, de decisoes 10) isprudenciis, “le inetrumentos normatives interpretagivns e ct propria Tegislagio- De um lado, quando © termo oufexpressae tier 1 significady objeto de uma prtica argumentative anterior, capers ao intéspreke descrevé-lo. Nesse caso, ado de um dispositive quando interpretar significa a atividade de identificar a vig renee entla area univocidade, admite|apenas um significado em deerminado context, De outro lado, quando 0 teriho ou EXprEssiia TVET mais de wm significa PRETO TRBUTAR ATLA lo usualmente empregucd, eaberi do Imerprete descrevé-los. Nesse cas inter bretay significa a atividade median ‘qual o intérprete ddentifica mo signi Cades de tn disposition quando este (lida a sua ambiguidade admite mais de ian Nas duas situagoes ~ de univocidadd © de ambiguidade - ¢ imérprete desermog weeades, isto &, reconhece, eomseath leclara ou assere com que significade oy qanuticados determinado terme é insbing ‘onalmente usado, Quando imérprete lesempena essa atividide, na vend He esti descrevency 0 fa dle den, Mninady lispositivo ter recebide urna dark, inlerpretagao, © ndo propriamente interpre. fando enunciados normatives © qua importa, nesse aspecto. € que a reterida Aescrigio $6 € possivel porque ox signlficados nem sempre sao indeterminados, nen Pou totalmente indeverminadol nay aid Uhre Indeterminados porque do Di 2s Controvérsias sao eternad nn medida em que os drgaos aplicadores do Direito fixam significados ae se tbrnam consolidados ¢ dominantes; & nao Sto lotalmente indeterminaclos Fred Peo enunciado normative tem acy hiteleo dle significagio objeto de consdlida lof” Nesses casos, em que hii acondes ifiter- poets sincvinicos e parciais, & per {cilamente possivel formutar Proposigées po pativas acerca da existéncia de tea aunacts novmas.*" Em outras pal Wras, €admissivel falar em inter bretagao no tentido de descricto, mesma que seja ela Permeada por métodos ary lo isso v z Be jut Problema adicional a discussie feita neste pont: ait, slescrever” tem o sentido eke ‘criar Carvalho afasta as ativickades ste prehh tcim televidas, do ambito da Ciéneia do Direito. Em outras palavy Sag Pebletha nao esti apenas em atriba ao termo ‘lescrever” o sentide de “cons * masfem negar que a Cienein também exerca atvidades descritivas, sob i gene Haacig de que tude 0 que cla face ‘construir Sem maiores especificagiies Repitase que o incre emprego do tebmo “eriar” nag & suficiente para estru: ELTA 0 Processo discursive e eliminray toda sua complexidade, Surge aqui, com Clareray outro aspecto relevante a Sti dispussio: & Cigneia de. Dineips Hi basta usar palavras erudita tetica che Mateite fenéricas que tudo explicany mas na¢ brientam. A beleza estética da fi Suagen, conquanto louvavel, desk que nao Obscurit, nao supre a necessitate de procéssos discursivos c institucionais indis, Pensaveis & cletividacle do Diteite, £ prectio, acima de tudo, diferenciar as gunn dadles desempenhadas pelo nag Prete COM} critérios clatos ¢ opereia tis EXatamente por isso venho sustern Ino. ndusive na andlise amteriormente formulada, que a ativideh {erpretativa Snvolve a descrig » (reconhecimento, CRuNagto, declaragio ou assergio re jeuiicados), a reconstrugae (recansina gio de significados), a decisie tewrathe dle ups significado entre os vivir admiti los por um dispositive) ¢ “ertasao de significados (atribuigda de significade além de dispositivos expressus, Mhuigio de sighificade a partir ce dispositives ex- PreSOS: oF argumentagie, deduriea og indhtiva, utilizagio dle teoriay junigices ‘tue condicionany a interpre dln isa? de vegas implicitas medlisane ea retizagio de prine ‘Pos ou intraducao dle excegius 1 FETAS Urs) Tcl iecev von DIREMTO TRIBUTARIO ATUALn#-32 meio da indicagio de técnicas interpretativas, Agumentos € critérios de prevalén cia entre eles. Ora, alirmar que a Ciétleia do Direito “descteve” signiticados, ¢ acribuir ao termo “descreve” 6 me smo sefidto de consti", € igualar fendmenos qquc Mo completamente distintos em seu bsiatuto logico, em sen Método & em seu fundaments, E isso é extremamente grin Porque deixa o aplicador sem critéries coer Bart suas atividactes. Lemitfe-se que um dos eriterion sn discussie centifica € precisamente a existéncia delcriterine intersubjetivos que possam ser publicamente fontrolados.* fodas us consideragoes anteriores demonstram que a obra de Carvalho su- aoe ctaede Lane deseritivista da Ciencia do Direito, sendo os trechesn 08 concei- tos ditaclos bastante representativos dessaleoncepgao, Tal constatagao nao é infir= tact com a alegacdo contraditéria e cirdunstancial de que 0 termo “descrev equivale a construir x Come consequéncia diis obser vagiey antecedentes, fe que ndo ha qual- *qlier equivoco na afirmagao de que adudfes que detendem o carter empirico déscritive da Ciéncia do Diveito Praticarh um “formatisme epistemoligico”. A Fesposta i meu texto qualifica essa exprestio como incompativel com seu signifi cad pretensamente adequado, Lembre-sd que tal « Xpressio teve seu sentido es Upulado no referido texto, da seguinte tor pa “A compreensao de que a fungio dh Ciencia do Direito & mevamente des- “Hever significados envolve, pois, wha espécie de Jormalisma epistemolégicn, rr medida em que pressupoe um ebnceito muito restrite a conhecime fo (conhecimento como juizo tedric) de captagao de uma realidade © nao come juizo pritico destinacla a dirfcionar um estado de cota) um rol muito limitado de atividades (cescr'tivas, mas 1 10 adscritivas e eviativas). Orin Se a expresso teve o seu sentidld estiptlaco, a critics de Carvalho s6 Potle divigir-se aos termos utilizados, no al seu sentido, Pois uma definigao esti- pulitiva € uma proposta de uso de deterninade termo de certa maneira, nag Podendo ser verdadeira nem fals {ihenas cpntestivel por outros critérios aplies Yeis 2 elaboracio de definigoes.” Tal const#tagio transforma a discussio numa mera disputa por palavras. Ainda assim, §Mportante realgar que os termos tém sido usuathnente empregados pela doutri Yeom sentido similar ao que thes foi atribuide. “oni efeito, o termo “form: alismo” & usado, de um lado, pava detinir varias lormas de reducionismo, seja na interpretatao (or ‘malismo interpretative), seja pa concepeao de Ciencia Formalisme cientifjen).” Uma das acepgdes de “forma- "smo", segundo Tarello, por exemplo, é predisamente aquela que adota critérios Prnnigen bere. “Argumentagio juris ea imu da Hero elexrtce kh Dilntiri «28. Sav Paula: Malheiros, 2001 pps lh fae TAN AAN. ey se the doctrinal stad Lae. Derlvecht: Springer 211 b LAYMAN, Stephen C. Phe pater offic. ca. Hntons Metre ai 2004. p99. DIREITO TRIBUTARIO ATUAL a? 3 bara definir © que & juridico € 0 queria o &, € ue baseia a interpretacio em elementos que thes sio intrinsecos, deikandy de lado os extrinsecos, como sto un fatores teleolégicos © funcionais! Fofmalismo” pressupse. pois, que o Direito TH Ant entidade autnoma, cabendd ao inter prete descrevé-lo “como ele &:" Fal acepcio vincula o termo “formalisntor suum método que nega possa o Direity ee ee € produzir efeitos Dai se o empregar em referencia ag teopias que sustentam ser a inter pretagio un to de descoberta ou conhecimenty defumn objeto, como o faz Guastini, qualif cando tal postura como “cognitivismo [Metpretativo’, © como o faz igualmente Willa que prefere denominar-a mesma fosicto dectoy ‘malismo interpretative O fetmo “Formalismo” € atilizadd, de outro lace Para expressar a com Preensio de que a Ciéncia do Dircito sb conhece a dimensio estruturakele um objeto, mas nao seus Pressupostos mattriais. Tanto a utilizagio de formulas ‘Marve a detesa do chamado “corte epistemoldgico” evieenn iam esse forpralismo, Em outras palavras, 0 termo formalismo” costuma se empregado pehi doutrina para exprimir um conceito resthite de conhecimento, de interpretagao & de metodologia, nao havendo qualquer L280 para qualificé-lo como equivocado Nao por acaso 0 préprio Kelsen FH qualificava sua teoria de formalista, precisa- Cae Por elimina, de sew objeto de invdstigagiu os fins do Direito: “A elimina sito do momento finalistico da constr Leag juridico-conceitual fiz com que o con.

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