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Guia de

Campo de
Árvores da
Caatinga

Volume I

José Alves de Siqueira Filho (Editor)


Amanda Pricila Batista Santos
Maria de Fátima da Silva Nascimento
Fábio da Silva do Espírito Santo

Petrolina, PE
2009
Fotografias

Fabio da S. do Espírito Santo

Figuras: 1 (A, C e E); 2 (A e E); 3 (A, B, D e E); 4 (A,B, D e E); 6 (D); 7 (A, B
e E); 8 (A, B, C, D e E); 9 (A, C, D e E); 10 (B e E); 11 (A, B, C e E); 12 (A, B, C
e D); 13 (A e E); 14 (A, B, C e E); 15 (A, B, D e E); 16 (A, B, D e E); 17 (A, B, C
e E); 18 (A, B, C, D e E); 19 (A e E); 20 (A, B, C, D e E).

José Alves de Siqueira Filho

Figuras: 1 (B e D); 2 (B e D); 3 (C); 4 (C); 5 (A, B, C, D e E); 6 (A, B e C); 7 (C


e D); 9 (B); 10 (A, C e D); 11 (D); 12 (E); 13 (B, C e D); 14 (D); 15 (C); 16 (C);
17 (D); 19 (B, C e D).

Roger Fazollo

Figuras: 2 (C); 6 (E).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Sistema Integrado de Bibliotecas UNIVASF

G943 Guia de Campo de Árvores da Caatinga / Amanda Pricilla


Batista Santos, Maria de Fátima da Silva Nascimento, Fábio da
Silva do Espírito Santo, Editado por José Alves de Siqueira Filho
Siqueira Filho ...[et al]. – Petrolina: Editora e gráfica
Franciscana Ltda, 2009
64p. ; il., 21 cm.

Inclui Bibliografia
ISBN:

1. Espécies nativas, Nordeste do Brasil, Semiárido,


Valoração das Sementes e Fenologia. I. Siqueira
Filho, José Alves de.

CDD 582
Chegando o tempo do inverno,
Tudo é amoroso e terno,
Sentindo o Pai Eterno
Sua bondade sem fim.
O nosso sertão amado,
Estrumicado e pelado,
Fica logo transformado
No mais bonito jardim.

Neste quadro de beleza


A gente vê com certeza
Que a musga da natureza
Tem riqueza de incantá.
Do campo até na floresta
As ave se manifesta
Compondo a sagrada orquesta
Desta festa naturá [...]

A Festa da Natureza
Patativa do Assaré
Agradecimentos

Os autores agradecem a todos que


contribuíram para a realização desta obra,
especialmente:

À Universidade Federal do Vale do São


Francisco (UNIVASF) pelo apoio institucional.

Ao Ministério da Integração Nacional, à


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da
Bahia (FAPESB), ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), à Fundação o Boticário de Proteção à
Natureza (FBPN) e ao Programa de
Revitalização do Rio São Francisco pelo
financiamento das pesquisas que subsidiaram
esta obra.

À Organização de Proteção Ambiental


Caboclo (OPAC) e ao Instituto de Permacultura
da Bahia (IPB) pelo apoio logístico nas
atividades de campo.

À equipe do Laboratório de Botânica e


Conservação da Biodiversidade (LBCB) da
UNIVASF e do Centro de Referência para
Recuperação da Flora das Áreas Prioritárias na
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - Bioma
Caatinga” (CRAD/UNIVASF) pelo apoio e
incentivo.

À Rozzanna Esther Cavalcanti Reis de


Figueirêdo e Jefferson G. de Carvalho Sobrinho
(CRAD/UNIVASF) pela revisão do texto e à
Manoel Pereira dos Santos (UNIVASF) pelo
auxílio nas atividades de campo.
Sumário

Prefácio 06

Apresentação 07

Índice de nomes científicos 10

Índice de nomes populares 11

Período de floração das espécies em estudo 12

Período de frutificação das espécies em estudo 13

Referências bibliográficas 54

Anotações 61
Prefácio

Foi com imensa satisfação que aceitei o


convite, para elaborar o prefácio do “Guia de
Campo de Árvores da Caatinga”. Aproveito a
oportunidade, para parabenizar os autores pela
iniciativa. A obra, sem dúvida, será muitíssimo
necessária à identificação – na caatinga – de vinte
espécies arbóreas desse ecossistema, ainda, tão
pouco estudado!
O guia é ricamente ilustrado,
contemplando: os nomes científicos das espécies,
as famílias, nomes populares, ocorrência,
fisionomia da vegetação, características
morfológicas, informações ecológicas,
fenologia, recomendações e períodos para a
coleta de sementes, sugestões à produção de
mudas, utilidades, preço sugerido
(Kg/sementes), bibliografia consultada e por fim,
páginas destinadas às anotações do usuário.
O pequeno formato, o número de páginas
e a terminologia objetiva, tornam a publicação,
por demais apropriada ao ensino, à pesquisa e à
extensão, norteando alunos de graduação e de
pós-graduação, pesquisadores, docentes de
Botânica e de áreas afins, bem como amantes da
natureza! É um livro para se ter, aplicar,
compartilhar e também presentear, de tão atraente
e útil!

Marlene Carvalho de Alencar Barbosa


Curadora do Herbário UFP - Geraldo Mariz
Universidade Federal de Pernambuco

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 06


Apresentação

A Caatinga é o único bioma


exclusivamente brasileiro e se apresenta como o
quarto bioma mais extenso do país, ocupando uma
área de aproximadamente 735.000 Km².
Representa 70% da região Nordeste e 11% do
território nacional, onde vivem aproximadamente
28 milhões de habitantes. Recentemente, a
Caatinga foi reconhecida como uma das 37
“Grandes Regiões Naturais do Mundo”.
Apesar da sua extensão e importância para
o Brasil, a Caatinga possui menos de 2% de sua área
coberta por unidades de conservação de proteção
integral, sendo considerado um dos biomas
brasileiros menos conhecido e protegido. Muitos
subestimam sua diversidade biológica
considerando-a pobre, com poucas espécies
endêmicas e, portanto, de baixa prioridade para
conservação. Mas, ao discorrer sobre a Caatinga, é
necessário livrar-se de alguns mitos e preconceitos
relacionados à pobreza paisagística e da sua
diversidade florística.
Vale ressaltar, que na estação seca, a
Caatinga demonstra sua complexidade, pois os
seres que nela vivem desenvolveram muitas
estratégias de sobrevivência em condições de
variação na amplitude térmica e um regime de
chuvas curto e irregular.
Toda explosão da renovação de vida na
Caatinga já parecia muito natural aos olhos do
sertanejo observador, sendo divulgada através de
poesias, como as do menestrel Gonzagão que
cantava: “mandacaru quando fulora na seca é o sinal
que a chuva chega no sertão...”. A maioria das
espécies vegetais da Caatinga apresenta
características xerofíticas, como: espinhos, folhas
pequenas e finas (microfilia), ciclo fenológico
curto, perda de folhas na estação seca (caducifolia),
raízes tuberosas e dormência das sementes. Isso faz
da Caatinga um ambiente onde as exceções se
transformam em regras.

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 07


Guiados pela observação e curiosidade da
pesquisa científica, reuniram-se Amanda Pricilla
Batista Santos e Maria de Fátima da Silva
Nascimento, na época, alunas do ensino médio de
escolas públicas de Juazeiro, na Bahia, juntamente
com Fabio da Silva do Espírito Santo, aluno de
Engenharia Agrícola e Ambiental da UNIVASF, sob
a orientação de José Alves de Siqueira Filho,
professor da UNIVASF, para elaborar este primeiro
volume do guia de campo exclusivo com espécies da
Caatinga.
Este produto é resultado das pesquisas
desenvolvidas durante a execução do projeto
denominado: “Rede de Sementes da Bacia
Hidrográfica do Submédio São Francisco”
financiado pela FAPESB através do Programa de
Iniciação Científica Júnior. O guia é ricamente
ilustrado com 100 imagens das espécies,
priorizando detalhes do hábito de vida, caule,
folhas, flores, frutos e sementes. As imagens foram
clicadas pelos autores em várias localidades de
estudo no Sertão da Bahia e de Pernambuco.
Em três anos de pesquisas foram reunidos
dados referentes às 20 espécies que compõe este
guia, por meio de levantamentos bibliográficos,
troca de informações com especialistas, entrevistas
com feirantes que comercializam sementes, testes
de germinação, bem como atividades de campo e
laboratório.
Estas espécies foram escolhidas por serem
de grande importância para a Caatinga, em especial
Spondias tuberosa Arruda (Anacardiaceae),
Z iz iphus joaz eiro M art. (Rhamnaceae),
Handroanthus spongiosus (Rizzini) S. Grose
(Bignoniaceae), Poincianella pyramidalis (Tul.)
L.P. Queiroz (Fabaceae), Pseudobombax
simplicifolium A. Robyns e Ceiba glaziovii K.
Schum. (Malvaceae), por serem endêmicas da
Caatinga. Buscou-se abordar aspectos importantes
para o conhecimento de cada espécie, como:
ocorrência, fisionomias, características
morfológicas, informações ecológicas, fenologia,
coleta de sementes, produção de mudas e utilidades.
A identificação taxonômica das espécies segue o

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 08


sistema de classificação proposto pelo
“Angiosperm Phylogeny Group II - APG II”.
O preço por quilograma de semente,
sugerido neste guia, foi inferido a partir da avaliação
de sete parâmetros, sendo eles: distribuição
geográfica, endemismo, ameaça de extinção, grupo
funcional, esforço de coleta, dificuldades de
processamento e número de sementes/Kg.
A elaboração deste guia de campo é uma
iniciativa que visa, a princípio, auxiliar as
atividades de pesquisa do “Centro de Referência
para Recuperação da Flora das Áreas Prioritárias na
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - Bioma
Caatinga” (CRAD/UNIVASF) à medida que
colabora nos processos de identificação das
espécies em campo, coleta de sementes e produção
de mudas, buscando também contribuir com os
estudos voltados ao manejo, uso sustentável e à
recuperação de áreas degradadas na Caatinga.
Este guia pretende disponibilizar à
população em geral e à comunidade científica
informações que encontram-se dispersas na
literatura e divulgar parte da notável flora da
Caatinga, incrementando o conhecimento sobre a
diversidade da flora brasileira.

Os Autores

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 09


Índice de Nomes Científicos

Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm. 14

Aspidosperma pyrifolium Mart. 16

Bauhinia cheilantha (Bong.) D. Dietr. 18

Capparis hastata Jacq. 20

Ceiba glaziovii K. Schum. 22

Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett 24

Erythrina velutina Jacq. 26

Handroanthus impetiginosus
(Mart. ex. DC) Mattos 28

Handroanthus spongiosus (Rizzini) S. Grose 30

Hymenaea martiana Hayne 32

Inga vera Willd. 34

Myracrodruon urundeuva Allem. 36

Poincianella pyramidalis(Tul.) L.P.Queiroz 38

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss &


Cambess.) A. Robyns 40

Pseudobombax simplicifolium A. Robyns 42

Schinopsis brasiliensis Engl. 44

Spondias tuberosa Arruda 46

Syagrus coronata (Mart.) Becc. 48

Tabebuia aurea (Silva Manso) S. Moore 50

Ziziphus joazeiro Mart. 52

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 10


Índice de Nomes Populares

Aroeira, aroeira-do-sertão, aroeira-verdadeira 36

Baraúna, braúna, braúna-do-sertão, quebracho 44

Barriguda, paineira-branca 22

Catingueira, pau-de-rato 38

Cascudo, sete-cascas, mulambá, pau-de-cascas 30

Craibeira, caraibeira, ipê-amarelo-do-cerrado 50

Embiratanha, imbiratanha 42

Feijão-bravo, feijão-de-burro 20

Imbiruçu, imbiraçu, embiruçu 40

Umburana-de-cheiro, imburana-de-cheiro,
cumaru 14

Imburana-de-cambão, imburana-vermelha 24

Ingá, ingá-de-beira-de-rio, ingá-do-brejo 34

Ipê-roxo, ipê-rosa, pau-d'arco 28

Jatobá, jataí, jitaí 32

Juazeiro 52

Licurizeiro 48

Mororó, unha-de-vaca, pata-de-vaca 18

Mulungu, corticeira, suína 26

Pereiro, pau-pereiro, peroba-rosa, trevo 16

Umbuzeiro, imbuzeiro 46

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 11


Período de floração das espécies em estudo

Espécie Meses
M J J A S O N D J F M A
Amburana cearensis
Pseudobombax marginatum
Pseudobombax simplicifolium

Handroanthus impetiginosus
Bauhinia cheilantha
Ceiba glaziovii

Schinopsis brasiliensis
Myracrodruon urundeuva

Aspidosperma pyrifolium
Tabebuia aurea

Erythrina velutina
Syagrus coronata
Commiphora leptophloeos

Spondias tuberosa
Poincianella pyramidalis
Inga vera

Handroanthus spongiosus
Capparis hastata
Ziziphus joazeiro
Hymenaea martiana

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 12


Período de frutificação das espécies em estudo

Espécie Meses
J A S O N D J F M A M J
Amburana cearensis
Aspidosperma pyrifolium
Handroanthus impetiginosus
Bauhinia cheilantha
Myracrodruon urundeuva
Tabebuia aurea
Pseudobombax marginatum
Pseudobombax simplicifolium
Ceiba glaziovii

Schinopsis brasiliensis
Erythrina velutina
Syagrus coronata
Handroanthus spongiosus
Spondias tuberosa
Poincianella pyramidalis
Inga vera

Capparis hastata
Commiphora leptophloeos
Ziziphus joazeiro
Hymenaea martiana

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 13


Amburana cearensis
(Allemão) A.C. Sm.
Família: Fabaceae
Nomes populares: umburana-de-cheiro, imburana-de-
cheiro, cumaru.
Ocorrência: MT, MS, GO, DF, TO, CE, RN, PB, PE, SE,
BA, MG, ES, SP, Paraguai, Peru, Argentina, Bolívia.
Fisionomias: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta
de Galeria, Floresta Estacional Decidual, Caatinga.
Características morfológicas: Árvore de 4 a 12 m de
altura. Tronco de 40 a 100 cm de diâmetro, casca externa
lisa, amarelo-avermelhada, com ritidoma que se
desprende em lâminas finas. Folhas compostas, alternas,
imparipinadas, com 7 a 15 folíolos ovalados, alternos.
Flores alvas, com cerca de 4 cm de comprimento,
dispostas em racemos axilares ou terminais, aromáticas,
odor adocicado e suave. Frutos tipo legume, secos,
deiscentes, alongados, preto-acinzentados por fora,
amarelados e lisos por dentro, achatados, de 7 a 9 cm de
comprimento, contendo uma ou duas sementes.
Sementes achatadas, ovaladas, rugosas, negras, de 1 a 2
cm de diâmetro, providas de uma ala terminal com cerca
de 5 cm de comprimento.
Informações ecológicas: Espécie decídua, heliófita,
clímax. Árvore comum em solos arenosos e profundos.
Apresenta melitofilia como síndrome de polinização.
Dispersão das sementes pelo vento (anemocoria). Status
de conservação: vulnerável à extinção.
Fenologia: Floresce entre os meses de maio e julho e
frutifica entre junho e outubro.
Coleta de sementes: Coletar as sementes diretamente na
árvore, quando os frutos iniciarem a abertura espontânea,
ou recolhê-las no chão após a queda. Um quilograma de
sementes contém aproximadamente 2.650 unidades.
Produção de mudas: Colocar as sementes para
germinar, sem nenhum tratamento, em substrato organo-
arenoso. A emergência das plântulas ocorre entre 5 e 30
dias após a semeadura e a taxa de germinação é superior a
80%.
Utilidades: Árvore ornamental. Casca e sementes
indicadas para o tratamento de gripe, bronquite.
Sementes também usadas para facilitar a digestão e para
tratar derrames, enxaquecas e cólicas. Folhas e frutos
palatáveis aos caprinos.
Preço sugerido: R$ 10,01/kg de sementes.
Bibliografia consultada: 04, 05, 08, 11, 21, 23, 26, 27,
29, 36, 39, 40, 42, 43, 44, 48, 59.

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 14


A

Figura 1. Amburana cearensis: (A) hábito, (B) tronco, (C) inflorescência,


(D) fruto e (E) sementes.

Guia de Campo de Árvores da Caatinga 15

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