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1.0 - PERÍODO COLONIAL (1532 – 1822)1.0 - PERÍODO ram a organizar expedições para encontrar no sertão bra-
COLONIAL (1532 – 1822) sileiro recursos para serem convergidos para suas vilas.
Tais expedições bandeirantes são classificadas confor-
1.1.0 – Ocupação de Mato Grosso1.1.0 – Ocupação de me seus objetivos, são elas:
Mato Grosso Caça ao Índio : o objetivo destas expedições era
Diversos fatores levaram a ocupação da região do Mato caçar os nativos com o fim de vendê-los como mão-de-
Grosso, dentre elas podemos destacar: obra escrava. Tal atividade comercial era lucrativa devido
a grande necessidade de escravos na colônia e o baixo
- Expedições Bandeirantes
preço dos escravos nativos em relação aos escravos
- Pecuária negros.
- Tratado de Madri (1750) Exemplos:
1.1.1 – Expedições Bandeirantes1.1.1 – Expedições - 1718 – Antônio Pires de Campos
Bandeirantes - 1719 – Pascoal Moreira Cabral
(Óleo de Ettore Marangoni / Acervo do Museu Histórico Sorocabano) Mineração : o objetivo destas expedições era a
exploração de ouro e pedras preciosas os quais seriam
vendidos a Metrópole conforme ordenava o pacto-coloni-
al.
Exemplos:
- 1719 – Pascoal Moreira Cabral
- 1719 – Irmãos Antunes Maciel
Monções : o objetivo destas expedições era praticar
o comercio nas regiões mineradoras utilizando os rios,
onde normalmente as Cia´s de Comércio não chegavam.
De certa forma foram as mais lucrativas pois trocavam
seus produtos principalmente por ouro.
Bandeira de Pascoal Moreira Cabral e André Zunega, partindo para Exemplo:
o Mato Grosso - 1722 – Miguel Sutil
Diversas expedições foram organizadas no período
Sertanismo de Contrato : estas eram expedições
colonial, dentre elas as mais importantes foram as En-
tidas como mercenárias, pois os recursos advindos dela
trada e as Bandeiras, vejamos as principais característi-
vinham principalmente da destruição de quilombos, da
cas destas expedições:
busca de escravos fugidos, da proteção de fazendas entre
outros.
Exemplo:
- Domingos Jorge Velho
www.historiadobrasil.net/.../bandeirantes.jpg

1.1.2 – Tipos de Bandeira1.1.2 – Tipos de Bandeira

Site: www.lyceepasteur-ceb-ccslf.com.br/Pedag/Primaire/BCD/bresil/histoire.htm

No Período Colonial (1532-1822) a região de São


Paulo de Piratininga era um dos locais mais pobres do
Brasil, por este e outros motivos, os paulistas começa- Domingos Jorge Velho

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TEXTO COMPLEMENTAR cando dos nossos 5 mortos e 14 teridos, e tão maltrata-


dos que foram conduzidos em redes para o nosso arrai-
al. Com este infeliz successo, o cabo da tropa, Pascho-
al Moreira Cabral, estranhando nesta occasido o revez
da fortuna contra o valor da sua disciplina sempre trium-
phante em outras occasiões, não quiz continuar com os
exames para maior descobrimento, contentando-se por
aquella occasião com as tres oitavas de ouro da primei-
ra amostra.
“Do arraial, onde tinha postado a tropa, aviou para S.
Paulo a Antonio Antunes Maciel, dando por elle conta
com a dita amostra ao general Conde de Assumar, asse-
gurando-lhe que estava a fazer rigoroso exame para des-
cobrir minas de ouro.
“Assim o fez já depois da partida de Maciel, e não só
achou ouro com abundancia na passagem do primeiro
descobrimento, mas tambem em todo a rio Cuxipó. “Foi
Antonio Antunes Maciel recebido com alvoroço de con-
PASCHOAL MOREIRA CABRAL tentamento do general Conde de Assumar, com jubilos
“Governando a Capitania de S. Paulo o general della, de alegria dos moradores de S. Paulo e villas da sua
D. Pedro de Almeida, Conde de Assumar, pelos annos comarca, pelas quaes se derramou logo a noticia de sua
de 1718 (em outros lugares se diz 1719) , fez uma entra- chegada e da nova descoberta do ouro. Sem demora, o
da no sertão de Cuybá Paschoal Moreira Cabral, nasci- general applicou os meios para o regresso de Maciel,
do na cidade de S. Paulo, das principaes familias della,
porque escreveu ao cabo Paschoal Moreira Cabral re-
como filhos do capitão Pedro Alvares Moreira Cabral e
mettendo-lhe a provisão de guarda-mor para a partilha
de sua mulher D. Sebastiana Fernandes, filha do capi-
tão-mor povoador André Fernandes, primeiro padroeiro e das terras mineraes, na forma do regulamento delles.
fundador da capella de Santa Anna, depois igreja matriz Porém, quando chegou Maciel já as minas estavam des-
de Parnahyba. Levando por fieis companheiros do seu cobertas e dando ouro com muita abundancia: concor-
valor e disciplina a Antonio Antunes Maciel, Francisco reu logo muita gente para as novas minas pela navega-
Velho Moreira e outros de igual nobreza e experiencia, ção dos rios Pardo e Tieté.
com os soldados que compunham o corpo da tropa em
“Vendo os moradores das novas minas que já forma-
numero sufficiente para a intentada conquista do valoro-
so gentio Aripoconé. Estabeleceram arraial no sitio que vam um numeroso concurso em ararial dilatado, trata-
ao presente tempo é conhecido com o nome de Arraial ram de eleger um cabo-maior que os regesse e ordenas-
Velho e Casa de Telha, distante da villa de Cuyabá 14 se a conquista do gentio barbaro, para melhor explora-
dias de viagem. Nelle se embarcou a gente da tropa, rem o paiz e poderem tirar ouro sem receio daquelles
subindo o Cuyabá até a barra do Cuxipó mirim; aqui lar- inimigos que, em repetidos assaltos, mortes e roubos,
garam as canoas e penetrando o sertão por terra rompe- lhes perturbavam o progresso de sua nova povoação, que
ram trilho do gentio Aripoconé, que se encaminhava para não podia permanecer segura. Elegeram de commum
as cercanias e cordilheiras de S. Jeronymo. accôrdo ao capitão Fernando Dias Falcão, promettendo
“Seguindo este trilho passou a tropa o rio Cuxipó- todos obedecer-lhe nas materias politicas e militares até
mirim ao pé da barra do Rio do Peixe, onde toparam as que tivessem outro governador ou ministro por ordem re-
rancharias do dito gentio, que ahi havia conseguido uma gia.
muito grande pesca, que beneficiavam seccando os pei-
xes ao sol, dos quaes se aproveitou toda a tropa, que “Este voluntario accôrdo foi em 1719 e quando ainda
por esta fartura o denominaram “Rio do Peixe”. no Cuyabá se achavam os dois irmãos Lemes, que su-
pposto ahi chegaram em fins do dito anno, já acharam
“Deste lugar continuaram a marcha até a barra do rio
Botuca, Que tomou este nome de umas moscas gran- governando o capitão-mor Fernando Dias Falcão, o qual
des assim chamadas, que ferem não só aos homens governou aquellas minas por 5 annos, com os acertos
como os animaes. Nesta paragem, sem os instrumen- da sua acreditada capacidade, e, chegando a gostosa
tos de minerar e só com um prato de pau, no espaço de noticia de que era general da Capitania Rodrigo Cesar
duas horas, se extrahiu tres oitavas de ouro. de Menezes, se recolheu a S. Paulo na monção do anno
“Este descobrimento não impediu por então o curso de 1723, trazendo o ouro dos reaes quintos. O general
o trilho que lhes facilitava o encontro da empreza. Na Rodrigo Cesar lhe passou patente, a 27 de Abril de 1724,
madrugada do dia seguinte deram no alojamento do bra- de capitão-mor das ditas minas, para onde voltou com
vo gentio Aripoconé, e nesta avançada ficaram as nos- este emprego no mesmo anno.”
sas armas sem o triumpho que esperavamos, porque a (“Notas para historia de Parnahyba”. Pe. Paulo Florência da Silveira
força do gentio foi muito desigual ao nosso partido, fi- Camargo. São Paulo, 4 de Setembro de 1935)

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1.1.3– A fundação do Arraial da Forquilha1.1.3– A Fique esperto:


fundação do Arraial da Forquilha - As Lavras do Sutil, atualmente é o Bairro Baú, no
Em 1718, Antônio Pires de Campos, filho do famoso centro de Cuiabá, exatamente onde se encontra a Fato
bandeirante Manoel Bicudo, atinge o Rio Coxipó, em Cursos e Concursos
busca dos índios Coxiponé e vindo logo atrás estava - Por ser de aluvião (superfical) as minas esgotaram-
Pascoal Moreira Cabral, também em busca de nativos se rapidamente
para escravizar, este veio de forma acidental descobrir
ouro nas barrancas do Rio Coxipó, alterando assim os
objetivos de sua expedição de apresamento para mine- 1.2 - ADMINISTRAÇÃO COLONIAL
radora.
Mato Grosso fazia parte da Capitania de São Paulo,
Logo após a sua descoberta a bandeira de Moreira a qual no inicio da ocupação de nossa região, era gover-
Cabral é atacada pelos índios Aripoconé, auxiliado pela nada por Rodrigo César de Menezes.
bandeira dos irmãos Antunes, Cabral vence os nativos.
Com o interesse de fiscalizar de perto todas as ativi-
(união das Bandeiras).
dades mineradoras, Menezes muda-se para Cuiabá, logo
A fundação de um núcleo populacional era necessá- após ter eliminado o poder regional (Os Irmãos Leme)
ria, para se garantir a posse do território e a exploração
Em 1727, Rodrigo César de Menezes eleva Cuiabá a
do ouro, para tanto foi lavrada no dia 08 de abril de 1719,
categoria de Vila (Vila Rela do Bom Jesus de Cuyabá)
a ata de fundação do Arraial da Forquilha, o qual seria o
1º núcleo populacional do Mato Grosso. Conseqüências:
Após a fundação, a administração do Arraial foi en- - aumento de impostos
tregue a Pascoal Moreira Cabral (escolhido pela popula- - fiscalização rigorosa
ção)
A queda da produção aliada ao aumento de impos-
Em 1724, a Coroa Portuguesa, não confirma a esco- tos e a fiscalização rigorosa fazem com que a popula-
lha nomeando Fernando Dias Falcão como Guarda-Mor- ção buscasse ouro em outras regiões o que conseqüen-
Regente e um dos irmãos Antunes como Superintenden- temente leva a fundação de outros povoados:
te das Minas.
- 1724, Lavra dos Cocais è Livramento
Fique esperto:
- 1734/35, Lavras do Rio Galera e Lavras de Santana
- As Bandeiras de Caça ao Índio também podem è Nortelândia
aparecer como Apresamento ou Preação, não existem
- 1746, Nossa Senhora do Bom Parto è Diamantino
diferenças entre elas.
- 1751, Arraial de Nossa Senhora do Rosário è Ro-
- As Bandeiras Mineradoras também podem apare-
sário Oeste
cer com outro nome, neste caso como Bandeira de Pros-
pecção - 1777, Tanque de Arinos, Lavra de Ana Vaz è Poco-

- Moreira Cabral, não permaneceu no cargo, pois o
mesmo não era eletivo e sim de confiança (uma espécie 1.2.1 – Os Irmãos Leme1.2.1 – Os Irmãos Leme
de D.A.S. da época)
Os irmãos João e Lourenço Leme, exerciam grande
- A atividade bandeirante e mineradora deu origem poder sobre a região mineradora de Cuiabá. Influencia-
aos arraiais de São Gonçalo Velho localizado as mar- vam na escolha dos representantes locais e eram extre-
gens do Rio Cuiabá e Arraial da Forquilha, as margens mamente respeitados pela população.
do rio Coxipó
Esta liderança regional era perigosa, para as inten-
- Na verdade as etnias conhecidas como: Aripoconé, ções de Menezes, pois poderiam causar empecilhos nas
Beripoconé e Coxiponé, são conhecidos costumeiramen- ações do governo, junto às minas.
te como Bororo
Estrategicamente o governador os convida a compor
1.1.4 – As Lavras do Sutil1.1.4 – As Lavras do Sutil cargos no governo, (provedor e sargento-mor das minas
de Cuiabá) estes negaram, dizendo que só aceitariam o
Em 1722, chega a região o Sorocabano Miguel Sutil,
posto mais alto, ou seja, o de Guarda-Mor-Regente ocu-
este encontra ouro no Córrego da Prainha, estabelecen-
pado por Fernando Dias Falcão.
do ali uma pequena lavra a qual logo cresce devido o
grande deslocamento populacional tanto da Forquilha Revoltado Menezes, inicia um processo de perse-
quanto de outras regiões. Várias monções passam a guição aos Leme, o qual culminou na execução dos dois
abastecer a região. O trabalho era executado basica- bem como de todos os seus escravos
mente por escravos e homens livres. Fique esperto na prova:
As Minas de Cuiabá atraíram aventureiros de várias - Facínoras para alguns e heróis para outros, não
regiões, obviamente a maioria destes da capitania de podemos julgar com precisão a situação histórica des-
São Vicente. Eram principalmente mineradores, tropei- tes dois personagens, pois se os mesmos foram prejudi-
ros e monçoeiros, todos em busca do enriquecimento ciais ao estado, o estado não poderia registrar outra coi-
rápido. sa a não ser que estes eram marginais.

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TEXTOS COMPLEMENTARES A perseguição aos Leme – Parte II


“Rodrigo César fita o confidente nos olhos. Com es-
panto: - Vos mecê é capaz de liquidar os Lemes? - Afir-
A perseguição aos Leme – Parte I mo-o sobre palavra de honra. Rodrigo César começa a
“João Leme da Silva e Lourenço Leme da Silva eram passear pela sala. Não diz palavra. Vai e vem pensativo.
filhos de Pedro Leme da Silva, o Torto, e de D. Domingas Eis que estaca de repente: - Diabo de situação a minha,
Gonçalves. Estes dois eram chamados “irmãos Lemes” Sebastião do Rego! Eu, depois desses cargos que dei
de complicada questão. Como vimos acima, estavam em aos Lemes, eu não posso decentemente, mandar pren-
Cuyabá, gozavam das boas graças do capitão general dê-los sem um motivo aceitável. Está claro, excelência!
Rodrigo Cesar de Menezes, que fizera ficar no esqueci- Mas quem mandará prendê-los não será o general Rodri-
gues César; será o juiz. Eu arranjo um mandato do de-
mento as maldades dos dois Lemes. Porém, aconteceu
sembargador (...) Estava tudo ao talho da foice, tudo ve-
que, voltando de Cuyabá, entregaram a Sebastião Fer-
lhacamente preparado. Bastava uma palavra do governa-
nandes do Rego grande quantia para compra de negros. dor; bastava um gesto e os Lemes estariam perdidos.
Este ato só não fez a compra como instigou Antonio Rodrigo César não vacila:
Fernandes de Abreu Filho, furioso contra os assassinos
- Nesse caso, Sebastião do Rego, tem vosmecê a
do pai, denunciar perante o ouvidor Godinho Manso dos
ordem, trate da prisão dos Lemes! Nada mais de tempe-
crimes dos Lemes: 1.º a morte de Antonio Fernandes de
riteros (sic). É preciso, sim senhor acabar com a arro-
Abreu, pae; 2.º as violencias contra as filhas de João gância dos dois paulistas. Agora, dê no que dei vamos
Cabral, que por isso enlouqueceu, e 3.º mais duas mor- cortar o mal pela raiz: prisão e forca! “
tes. (Setúbal, P, 1948:127-8)
Sebastião Fernandes, que desejava apoderar-se do
ouro dos dois irmãos, como finalmente conseguiu que 1.2.2 – Os principais Capitão Generais (Governado-
Rodrigo Cesar de Menezes mandou por um “bando” que res)1.2.2 – Os principais Capitão Generais (Gover-
se effectuasse a prisão dos Lemes. Encarregado de pre- nadores)
parar a escolta, Rego recrutou os soldados em Parnahy-
Antônio Rolim de Moura (1751 a 1765)
ba e Sorocaba e planejou uma emboscada. Deixou os
soldados escondidos ao chegar a Itú, de modo que nin- - Estabeleceu a Capitania de Mato Grosso
guem percebeu. Fingiu visita a João e Lourenço Leme, - Fundou a primeira capital (Vila Bela)
que lhe offereceram regio banquete. Quando todos dor- - Incentivou a colonização
miam deu o tiro combinado e a casa foi cercada. Perce-
- Assinatura do Tratado de Madri
beram os irmãos Lemes a trahição e fugiram, na confu-
são de tiros e gritos, para Porto Feliz. Na casa ficaram João Pedro Câmara (1765 a 1769)
mortos 5 escravos e sete prisioneiros. Em um sitio mon- - Sobrinho de Dom Rolim de Moura
taram guardas, capangas e fizeram abrir caminho, es- - Fundou destacamentos para a proteção do territó-
crevendo, diz Pedro Taques, em lettreiro: “Se o ouvidor rio
aqui vier, este é o caminho”. De facto, veio em pessoa o
- Consolidou as fronteiras
desembargador Manoel de Mello Godinho Manso com
uma tropa de valentes soldados. Luís Pinto de Souza Coutinho (1769 a 1772)
- Considerado um péssimo administrador
Atacados, João e Lourenço Leme fogem matto a
dentro e a escolta continúa a perseguil-os. Após muitos - Embates com o Marquês de Pombal e Cia de Je-
dias, enfraquecido, resolveu João ir esconder-se no sitio sus (Jesuítas)
da madrinha Maria de Chaves. Esta, com medo das pe- - Expulsão dos Jesuítas
nas publicadas no edital, mandou avisar ao ouvidor Go- Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáce-
dinho. Os soldados cercam a casa, mas como estava à res (1772 a 1789)
margem do Tieté, João Leme, num esforço sobrehuma-
- Considerado o maior administrador da história co-
no, atravessa o rio a nado, escapando, assim, ainda uma
lonial do Mato Grosso
vez, a seus perseguidores. Depois um grupo da escolta
o prendeu. - Fundou o Forte Coimbra (1775), a margem direita
do rio Paraguai, território espanhol (Fecho dos Morros)
Continou a diligencia da tropa por mais trinta dias, e,
- Fundou o Forte Príncipe da Beira, à direita do Gua-
afinal, Lourenço Leme, encontrado dormindo no proprio
poré
leito foi assassinado. João Leme foi levado á Bahia, diz
ainda Pedro Taques, onde foi degolado em 1723. - Fundou o povoado de Albuquerque em 21/01/1781
(Corumbá)
Os paulistas voltavam agora suas vistas para Cuya-
- Fundou a Vila Maria em 06/10/1778 (Cáceres)
bá e Goyaz.”
(“Notas para historia de Parnahyba”. Pe. Paulo Florência da Silveira - Fundou São Pedro D´el Rey em 21/01/1781 (Poco-
Camargo. São Paulo, 4 de Setembro de 1935) né)

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nante que por mais tempo administrou este Estado em


- Fundou o povoado de Casalvasco em 1783 toda sua História
João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáce- - Caetano Montenegro, foi o único governador não
res (1789 a 1796) militar do período colonial
- Irmão do governador anterior - O planejamento da distribuição de água em Cuiabá
- Pacificação dos índios guaicuru (famosos índios era baseado na construção de canos a céu aberto levan-
cavaleiros do pantanal) do água do rio Mutuca a Cuiabá, o tentativa foi um fra-
casso pois as técnicas de engenharia da época eram
Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1796 a insuficientes para solucionar o problema
1802)
1.2.3– Criação da Capitania de Mato Grosso e a fun-
- Doutor em leis
dação de da 1ª Capital1.2.3– Criação da Capitania
- Fundação do povoado de Miranda em 1797 de Mato Grosso e a fundação de da 1ª Capital
- Tentativa de invasão espanhola no Forte Coimbra Em 09 de maio de 1748, as minas de Mato Grosso,
(impedida pela Cel. Ricardo Franco) são desmembradas de São Paulo, as viagens dos três
Manuel Carlos de Abreu e Meneses (1802 a 1807) primeiros governadores de São Paulo (Rodrigo César,
- Primeiro governador a se posicionar publicamente Conde de Sarzedas e D. Luís de Mascarenhas) tinham
a favor da transferência da capital de Vila Bela para Cui- mostrado as dificuldades de administrar tão extensa área
abá. como se fosse uma só capitania.

- Este sugeriu ao Rei de Portugal em 1804, tal trans- O primeiro governador da então criada Capitania de
ferência, referindo-se a questões de saúde. Mato Grosso foi: Capitão General Antônio Rolim de Mou-
ra (posse 17/01/1751)
- Vila Bela era uma região insalubre, com diversos
casos de febre amarela, Malária e outras doenças ele- A criação da Capitania de Mato Grosso, era uma
vando os índices de mortalidade todos os meses estratégia da Coroa Portuguesa para pressionar a Espa-
nha na assinatura de um Tratado para o reconhecimento
João Carlos Augusto d´Oeynhausen e Gravem- do território ocupado pelos portugueses.
berg (1807 a 1819)
Tal tratado acabou sendo realizado em 1750/51, o
- Criou a Companhia Franca dos Leais Cuiabanos Tratado de Madri se baseou em um preceito do Direito
em 1808 (proteção de Cuiabá) Romano o “Uti Possidets” (terra ocupada, terra possuí-
- Fundou a Santa Casa de Misericórdia da), o mesmo reconhecia parte do território a oeste de
Tordesilhas como sendo território lusitano.
- Planejamento da distribuição de água em Cuiabá
Em 19 de março de 1752, obedecendo a todo um
- Inicio do processo de transferência da capital para
plano previamente traçado pela Metrópole Portuguesa,
Cuiabá
D. Rolim de Moura funda Vila Bela da Santíssima Trin-
- Elevação de Cuiabá a cidade (Carta Régia de 17/ dade, erguida às margens do rio Guaporé, a qual seria a
09/1818) primeira capital.
Francisco de Paula Magessi Tavares de Carva- Esta foi fundada seguindo as recomendações da
lho (1819 a 1821) Coroa portuguesa através da Carta Régia de 19 de janei-
- último Capitão General ro de 1749, a qual dizia que deveriam proteger a frontei-
ra, manter a navegação pelo Guaporé impedir o comér-
- Nomeado em 07/07/1817, mas chegou em Cuiabá
cio entre espanhóis e portugueses, porém manter a ami-
somente em 06/01/1819, onde toma posse
zade entre eles. Suas enérgicas atitudes conseguiram
- Criação de um fábrica de pólvora consolidar as posições estratégicas portuguesas por todo
- Construção de uma Olaria o vale do Guaporé.
- Transferiu da capital para Cuiabá: Casa de Fundi-
ção, Junta da Fazenda e várias guarnições militares
TEXTO COMPLEMENTAR I
- Não foi bem aceito pela população cuiabana
Curiosidades:
E nasce a Província de Mato Grosso
- Existe uma discussão sobre o nome anterior de Em 1748, as minas de Mato Grosso são desmem-
Poconé: São Pedro D´el Rey ou São João D´el Rey, São bradas das minas de São Paulo, sendo nomeado como
Pedro seria em homenagem a D. Pedro III e São João Capitão-General Antõnio Rolim de Moura. A capital da
homenagem ao santo nova capitania foi instalada oficialmente em 1752, nas
- 17/09/1818, nesta data Cuiabá foi elevada à cate- margens do Guaporé, passando a ser denominada Vila
goria de cidade, por Magessi, lego depois em 05/11/1819, Bela da Santíssima Trindade. A necessidade de povoa-
a Casa de Fundição foi transferida para Cuiabá. mento da região do Guaporé se deu em virtude do impe-
- Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, rativo de vigilância da fronteira. Por esse motivo, o gover-
por quase 17 anos dirigiu o Mato Grosso, sendo o gover- no português deu carta branca a Rolim de Moura para

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que escolhesse o local onde deveria ser instalada a sede Gomes da Silva, o Barão de Vila-Maria, era genro de
da capitania. No entanto, foi recomendado ao capitão- João Pereira Leite que, por sua vez, era genro de Leo-
general que o local escolhido não deveria ser insalubre, nardo Soares de Souza. O filho de João Pereira Leite,
ainda que próximo ao rio Guaporé ou a um de seus aflu- João Carlos, partindo da Jacobina, transpôs o rio Para-
entes navegáveis. guai, e fundou a fazenda Descalvado “que logo povoou
As instruções que se seguem são datadas de 19 de de milhares de cabeças de gado”.
janeiro de 1749 e se referem à medida que Antônio Ro- Seria preciso um livro para dar a dimensão exata da
lim de Moura deveria tomar para administrar a nova capi- grandeza da Jacobina no século passado. O melhor tes-
tania: temunho é o do francês Hercules Florence, que integrou
- Fundação da capitania de Mato Grosso. a expedição Langsdorff ao interior do Brasil entre 1825 e
- Criação da Companhia de Dragões. 1829, e foi hóspede da Jacobina. Em seu livro “Viagem
fluvial do Tietê ao Amazonas”, ele conta que, em 1827, a
- Erecção de Juiz de Fora e/ou de Ouvidor Jacobina era “a mais rica fazenda da Província, tanto em
- Privilégios e isenções para os moradores da capi- área como em produção”. Tinha cerca de 60 mil cabeças
tal. de gado, 200 escravos e igual número de alforriados. “As
- Prevenções e cuidados com vizinhos dos domínios roças abrangiam canaviais, plantações de mandioca, fei-
espanhóis e jesuítas. jão, cereais e café para abastecimento dos núcleos ad-
jacentes. Possuía, também engenho movido por força
- Informações à coroa para decidir se as comunica- hidráulica”.
ções fluviais com o Pará seria permitidas.
A produção era tão farta que D. Ana Maria da Silva,
- Os ataques dos índios Paiaguá. mulher de Leonardo, contou ao viajante que mandara “seis
- Os Caiapós. grandes canoas cheias de víveres” ao Forte de Coimbra -
distante 882 Km, via rio Paraguai - para “sustento gratui-
- Proteção aos Pareci.
to da Guarnição”. O português João Pereira Leite vanglo-
- Fundação de Aldeias para os mansos. riava-se de possuir “tantas terras quantas o rei de Portu-
- Proibição da extração de Diamantes. gal”.
(Moura, C. E, 1982:21) Outro aspecto que não passou despercebido de Her-
cules Florence foi a força das mulheres que comanda-
TEXTO COMPLEMENTAR II ram a fazenda após a morte dos maridos: primeiramen-
te, a de D. Ana Maria e, anos mais tarde, a de sua filha,
Maria Josepha de Jesus Leite, conhecida como a “Nha-
nhᔠda Jacobina. Coube ao segundo filho de Maria Jo-
sepha, João Carlos Pereira Leite, ocupar o papel do últi-
mo grande chefe da Jacobina. João Carlos foi o constru-
tor do atual Cemitério São João Batista e impediu que a
epidemia de varíola chegasse a Cáceres após a Guerra
do Paraguai, barrando a passagem na estrada de qual-
quer pessoa procedente de Cuiabá.
O episódio mais marcante da biografia de João Car-
los está ligado ao herói da revolução baiana conhecida
como Sabinada. Segundo os historiadores, Sabino Viei-
ra, condenado ao degredo em 1838, adoeceu na vizi-
nhança da Jacobina, e caiu nas graças do major João
Carlos. “As autoridades não querendo, ou mesmo não
podendo abrir luta com o major João Carlos, de bom ou
Sede da Fazenda Jacobina. - Foto: Alessandro Pinto de Arruda - mau grado fizeram vista grossa sobre o caso e em Jaco-
Jacobina - onde começa a história de Cáceres bina continuou a permanecer o Dr. Sabino, exercendo
com muita competência a sua profissão de médico...”,
A história de Cáceres confunde-se com a da Fazen-
conta o historiador Estevão de Mendonça, citado por
da Jacobina. Na opinião do historiador Natalino Ferreira
Luís-Philippe Pereira Leite no livro “Vila Maria dos meus
Mendes, Jacobina é a “célula-mater” de Cáceres. O por-
maiores”. Sabino Vieira morreu na Jacobina em 1846.
tuguês Leonardo Soares de Souza, que, em 1772, re-
quereu à Coroa as terras conhecidas como Jacobina, foi Inúmeros fatores contribuíram para alterar a trajetó-
convocado, em 6 de outubro de 1778, para subscrever a ria da Jacobina no século XX, entre eles, o fim da escra-
ata de fundação de Vila-Maria de Portugal, hoje Cáce- vidão em 1888, a ascensão dos engenhos de cana-de-
res. açúcar no Nordeste e as leis trabalhistas criadas por
Vargas na década de 30. Hoje, a fazenda pertence à
Segundo Natalino Ferreira Mendes, Jacobina foi a
família Lara e é um dos maiores atrativos históricos de
célula-mãe de todo o vale do rio Paraguai, já que o fun-
Cáceres. Conhecer e preservar a sua história é resgatar
dador do Firme (a região conhecida como Nhecolândia,
a nossa própria história e construir a nossa identidade.
que, hoje, pertence a Mato Grosso do Sul), Joaquim José
Texto: Martha Baptista. Original em http://www.caceres.mt.gov.br

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TEXTO COMPLEMENTAR III - A origem do nome Mato Grosso foi atribuída pelos
Bandeirantes que encontraram ouro na região dos Pare-
O marco de Jauru ci e Guaporé, locais onde o mato era denso, fechado e
A peça, lavrada em mármore e secionada em duas grosso.
partes, cada uma feita por uma das coroas, portuguesa 1.2.5- A transferência da capital para Cuiabá1.2.5-
e espanhola, foi construída para celebrar o Tratado de A transferência da capital para Cuiabá
Madrid, de 13 de janeiro de 1750, atualizando a linha do
Equador, que foi estabelecida pelo Tratado de Tordesi- A disputa entre Cuiabá e Vila Bela já era históricas,
lhas, de 1494. Em 18 de janeiro 1754 foi plantada à mar- quando Gravemberg e Magessi, passaram mais tempo
gem do rio Jauru pelo 1.º Governador e Capitão-General em Cuiabá do que na capital.
da Capitania de Mato Grosso, D. Antônio Rolim de Mou- - Motivos: Distância dos grandes centros, dificulda-
ra Tavares. Porém, em 1761, o Ajuste do Pardo anula o de de comunicação, insalubridade da região, bem como
Tratado de Madri, deixando o Marco do Jauru sem a fina- os interesses da elite cuiabana pelo poder político
lidade a que foi construído.
A situação era a seguinte:
Durante mais de um século permaneceu em mata
Vila Bela: Residência Oficial dos Governadores
fechada, até que em 2 de fevereiro de 1883, graças à
influência de pessoas como o Marechal Antônio Maria (Capital de Direito)
Coelho e o Major João Carlos Pereira Leite, foi transpor- Cuiabá: Sede dos governantes
tado para a praça principal de Cáceres, onde foi tomba-
do como monumento nacional, pelo Ministério da Edu- (Capital de Fato)
cação. Tal fato era eminente visto as atitudes dos últimos
Em cada lado há uma inscrição, de acordo com Her- governadores de Mato Grosso:
cules Florence em seu trabalho “Viagem Fluvial do Tietê - 1812, o Cap. Gen. João Carlos de Gravemberg
ao Amazonas”: muda-se para a Cuiabá, este promove constantemente
festas, sendo estas utilizadas para alienar a população
quanto à verdadeira situação econômica do Mato Gros-
so (Pão e Circo)
-1819, o Cap. Gen. Magessi, transfere grande parte
do aparato administrativo e fiscal para Cuiabá, proble-
mas de ordem econômica (salários atrasados) fazem com
que o mesmo volte para Vila Bela.
Nos dois primeiros lados acima havia a coroa Portu-
Deposto em 20/08/1821, pelo então Ten. Cel. Antô-
guesa e Espanhola, respectivamente, hoje já praticamen-
nio Navarro de Abreu (cuiabano), foi estabelecida uma
te destruídas.
junta governativa em Cuiabá e outra em Vila Bela. Em
Fonte: “Monumentos Mato-grossenses” de Luís Philippe Pereira
Leite, “Marco do Jauru” de D. Aquino Corrêa e “Primeiro
Cuiabá esta junta era liderada pelo Bispo D. Luis de
Centenário da Transladação do Marco do Jauru para a Cidade de Castro.
Cáceres - 02/02/1883 a 02/02/1983” de Natalino Ferreira Mendes. A disputa só foi resolvida em 1825 quando Cuiabá
1.2.4 – A situação da capital ganha foro de Capital, pelo Imperador D. Pedro I.

Devido à distância e todas as dificuldades da região TEXTO COMPLEMENTAR I


do Guaporé, foram dados vários incentivos para se colo-
nizar Vila Bela:
- isenção de impostos Cuiabá ou Vila Bela
- isenção do pagamento de entrada “Transferência da capital, de Vila Bela para Cuiabá
Mato Grosso, na primeira metade de século XIX, vivia
- suspensão do pagamento das dívidas por 03 anos uma realidade diversa se comparada a do início da sua
Mesmo com vários incentivos, as péssimas condi- colonização, pois a mineração estava em decadência e
ções fizeram com que não se deslocassem tantas pes- a economia baseava-se principalmente em atividades
soas para capital. agropecuárias e no comércio. Com relação aos seus
Em 1755, foi instalada a Cia. De Comércio do Grão núcleos populacionais, os mais desenvolvidos eram Vila
Pará, a função desta era abastecer a região, mas logo Bela e a cidade de Cuiabá.
foi desativada, devido às dificuldades já relatadas. E nesse período que a elite cuiabana passa a alme-
Curiosidades: jar a transferência da capital para Cuiabá, alegando às
autoridades govemamentais que Vila Bela deveria deixar
- A capital Vila Bela da Santíssima Trindade, foi er-
de ser a capital porque era um local insalubre, propician-
guida seguindo um planejamento urbano.
do com isso o aumento da mortalidade, provocado prin-
- Antônio Rolim de Moura logo depois de ter sido cipalmente pela febre amarela.
nomeado governador de Mato Grosso, recebeu o título
Para a elite cuiabana, engajar-se na luta pela trans-
de Conde de Azambuja e posteriormente 2º Vice-Rei do
ferência da Capital tinha um sentido mais amplo, uma
Brasil
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vez que era a possibilidade de inserir Mato Grosso no O poder público, através da Câmara Municipal de
comércio internacional, abastecendo os países europeus Vila Bela da Santíssima Trindade, e os proprietários de
que passavam pela Revolução Industrial e tinham neces- escravos patrocinaram a bandeira para destruir o quilom-
sidade de matérias-primas. bo e recapturar seus moradores.
Assim, a transferência da capital se deu quando a A bandeira contendo cerca de trinta homens e co-
elite cuiabana, apoiada por outros segmentos sociais, mandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de
destituiu o capitão-general Francisco Tavares Magessi Vila Bela até o quilombo, e, de surpresa, atacou-o, pren-
de Carvalho e proclamou, após a deposição do governa- dendo quase a totalidade dos moradores. Alguns morre-
dor, uma junta govemativa em Cuiabá no dia 20 de agos- ram no combate que se travou, outros fugiram.
to de 1821. Os escravos que sobreviveram foram capturados e
Vila Bela tentou resistir, formando também uma ou- levados para Vila Bela, sendo colocados para reconhe-
tra junta governativa, chegando inclusive a pedir apoio ao cimento público, a mando do capitão-general de Mato
governo de Lisboa. Apesar do confronto entre Vila Bela e Grosso Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres
Cuiabá, em 1822 D. Pedro I acabou aprovando a junta e após o ato de reconhecimento, os escravos foram sub-
governativa de Cuiabá. A documente a seguir ilustra o metidos a outros momentos de castigos, com surras,
processo de transferência da capital para Cuiabá e a tendo parte de suas orelhas cortadas e tatuados o rosto
conseqüente deposição de Magessi” com a letra “F” â?” de Fugitivo â?” feita com ferro em
Fonte : Enciclopédia Britânica Brasileira brasa.
O objetivo da repressão era intimidar novas fugas,
TEXTO COMPLEMENTAR II porém, a vontade, o desejo e a luta pela liberdade era
maior que essa humilhação. Tal conquista esteve pre-
sente por um bom tempo e em 1791 â?” duas décadas
O Quilombo do Quariterê após a primeira â?” uma segunda bandeira foi organiza-
Este texto é uma colaboração do Professor João de da para recapturar negros fugitivos e, finalmente, acabar
Medeiros Alves com o quilombo do Quariterê.
Como marco oficial, a História de Mato Grosso ini- Comandada pelo alferes de dragão, Francisco Pedro
ciou-se, em 1719, nas margens do rio Coxipó-Mirim, com de Melo, a bandeira de 1791 continha 45 homens que
a descoberta de ouro pelos homens que acompanhavam destruíram as edificações e plantações do quilombo, re-
o bandeirante Pascoal Moreira Cabral. capturando sua população e devolvendo aos seus do-
nos, em Vila Bela. Porém, percebendo a ineficiência dos
Com o sucesso da mineração e a necessidade de castigos físicos, os escravos não mais foram torturados
garantir para Portugal, a posse de terras além Tratado publicamente.
de Tordesilhas, foi criado em 1748 a Capitania de Mato
Grosso, sendo a primeira capital Vila Bela da Santíssi- Outros quilombos na região também foram destruí-
ma Trindade, na extremidade oeste do território colonial. dos, inclusive ao comando do mesmo alferes, Francisco
de Melo, que assolou os quilombos de “João Félix” e o
Para trabalhar na mineração, chegaram, no século do “Mutuca”. No local do quilombo do Piolho, após sua
XVIII, em Mato Grosso, os primeiros escravos de origem destruição a mando do capitão-general João de Albuquer-
africana. Como resistência à escravidão, as fugas foram que de Melo Pereira e Cáceres, foi organizada uma al-
constantes, sendo individuais ou coletivas, formando di- deia â?” a Aldeia da Carlota â?” que visava o interesse
versos quilombos. Por ocasião da presença da capital português em garantir a posse da terra num local tão
â?” Vila Bela da Santíssima Trindade â?” a região do isolado. Os moradores da aldeia contavam com o apoio
vale do rio Guaporé foi onde houve maior concentração do governador.
dessas aldeias de escravos fugitivos.
Outros quilombos também foram organizados em
O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do sécu- terras mato-grossenses durante os séculos XVIII e XIX,
lo XVIII, localizado próximo ao rio Piolho, ou Quariterê, podendo ser registrados aqui, apenas para exemplificar,
reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios e os quilombos “Mutuca” e “Pindaituba”, situados na Cha-
mestiços de negros e índios (cafuzos). José Piolho, pro- pada dos Guimarães, os “Sepoutuba” e “Rio Manso”, pró-
vavelmente foi o primeiro chefe do quilombo. Depois, ximos a Vila Maria (atual Cáceres).
assumiu o poder sua esposa, Teresa. Fugidos da explo-
ração branca, os habitantes do quilombo conviviam co- A historiadora Elizabeth Madureira refere-se à orga-
munitariamente em uma fusão de elementos culturais nização de 11 quilombos em Mato Grosso, porém regis-
de origem indígena e africana. Os homens caçavam, le- tra o pouco que ainda foi percorrido e pesquisado sobre
nhavam, cuidavam dos animais e conseguiam mel na o assunto.
mata; as mulheres preparavam os alimentos e fabrica- (Fonte: Prof. João de Medeiros Alves )
vam panelas com barro, artesanato e roupas. As dificul- 2.0 - PERÍODO IMPERIAL (1822 –
dades de abastecimento, principalmente de escravos,
com que constantemente conviviam os habitantes da
1889)
região guaporeana, levou-os a organizar uma bandeira Com a proclamação da Independência do Brasil, to-
para atacar os escravos fugitivos. das as antigas Capitanias passaram a ser Províncias,
estas controladas pelo Imperador. A situação da Capital

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foi resolvida pelo Império, e o primeiro Presidente da Pro- Curiosidades:


víncia foi nomeado em 10 de setembro de 1825, José - Os portugueses eram chamados “carinhosamente”
Saturnino da Costa Pereira pelos cuiabanos de: Bicudos e Pés de Chumbo
2.1 – A RUSGA (1834) - O Campo do Ourique, se encontra onde é a atual
Contexto Histórico: - Abdicação de D. Pedro I Câmara Municipal de Cuiabá, antiga Assembléia Legis-
lativa (transferida em agosto de 2005)
- Instalação do Governo Regencial
- Silva Manso ficou conhecido como o Tigre de Cuia-
Grupos Políticos: bá
Políticos se organizavam em sociedades, as quais
serviam de base para suas reivindicações. TEXTO COMPLEMENTAR
Liberais => Sociedade dos Zelosos da Indepen-
dência Liberais x Conservadores
(Maioria de brasileiros, defendiam a Constituição a A Rusga foi um movimento ocorrido em Mato Grosso
Regência e D. Pedro II) no ano de 1834, durante o período regencial. Para enten-
Conservadores => Sociedade Filantrópica dermos esse movimento regional, se faz necessário bus-
car nesse período marcado por lutas políticas e por vári-
(Maioria de portugueses, Monarquista defendiam a
os movimentos sociais, a sua origem.
volta de D. Pedro I)
No período regencial dois grupos políticos domina-
A Rusga se encontra em um contexto de revoltas do
vam a vida pública nacional: os progressistas e os re-
Período Regencial (1831 a 1840), estas pediam entre
gressistas, mais tarde transformados em Partido Liberal
outras coisas reformas políticas, sociais e administrati-
e Partido Conservador, respectivamente. Esses dois par-
vas, no caso cuiabano, foi um revolta de cunho político e
tidos passaram a ter um domínio político durante todo o
social com um caráter anti-lusitano, liderada pelos libe-
segundo reinado, De ponto de vista ideológico, tinham
rais com ajuda da população cuiabana.
poucas diferenças entre si; suas discordâncias eram
O que eles queriam? apenas produtos da ambição pelo poder. Outro grupo sem
Liberais: tomar o poder da província então governa- grande expressão nacional eram os republicanos (que
da pelo conservador Antônio Corrêa da Costa. se tornou partido de 1870), que engatinhavam seus pri-
meiros passos e apoiavam as mudanças de regime polí-
Cuiabanos: Expulsar os portugueses, os quais acre- tico do Brasil, de monarquia para república.
ditavam que eram os grandes e verdadeiros culpados de
sua situação miserável. Nas províncias, os grupos políticos liberais e conser-
vadores se organizavam em sociedades. Seguindo essa
O plano dos revoltosos era iniciar o movimento em tradição em Mato Grosso, os liberais se agrupavam na
maio de 1834, na eminência da revolta Antônio Corrêa Sociedade dos Zelosos da Independência e os conser-
da Costa se afasta do governo provincial. Assume André vadores na Sociedade Filantrópica. Conforme estudo da
Gaudie Ley este após governar por quatro meses entre- professora Elizabeth Madureira Siqueira (1990, p. 102)
ga o governo novamente para Corrêa da Costa, que de- sobre a Rusga, a Sociedade Filantrópica
pois de alguns dias abandona definitivamente o governo.
“...desejava recolocar no trono D. Pedro I, assim como
Com isto Mato Grosso passa a ser governado por verem mantidos no poder político da província de Mato
um Conselho, que entrega a Presidência da Província ao Grosso o grupo que tradicionalmente vinha conduzindo a
liberal João Poupino de Caldas. Os Liberais atingem seu política, e que, naquele momento, estava simbolizado
objetivo!? pelo então presidente Antônio Corrêa da Costa, nomea-
Não! Na época os Liberais eram divididos em duas do por D. Pedro I. A Sociedade dos Zelosos da Indepen-
facções: Moderados e Radicais, Poupino era Moderado dência era responsável pela aglutinação de forças políti-
e os Radicais estavam apoiando a idéia da população, a cas de tendência moderada, uma vez que esta não con-
qual estava prestes a se tornar real. cordavam com as idéias republicanas [...] Almejavam
No dia 30 de Maio de 1834 os revoltosos enfurecidos destituir do governo da província de Mato Grosso o grupo
partem do Campo do Ourique em direção ao centro e a político que, há anos a dirigia e, em seu lugar colocar os
golpes de machado invadiram e saquearam as Casa liberais.”
Comerciais portuguesas bem como suas residências Portanto, dois grupos políticos disputavam o poder
assassinando homens, mulheres e crianças de origem na província de Mato Grosso, como também ocorria em
lusitana. Muitos foram executados no antigo Largo da nível nacional. É nesse contexto que ocorreu a Rusga.
Matriz, onde hoje é a Praça da República. Os membros da Sociedade dos Zelosos da Independên-
O principal líder dos revoltosos foi Antônio Luís Patrí- cia (liberais) pretendiam tomar o poder que estava com a
cio da Silva Manso. Sociedade Filantrópica (conservadores).Segundo Eliza-
beth Madureira, “os revoltosos, liderados pela Socieda-
A Rusga, conseguiu alterar somente a situação polí- de dos Zelosos da Independência, planejavam uma rebe-
tica da Província, problemas de cunho social não foram lião que teria início na madrugada de 30 de maio de 1834”.
resolvidos. O conselho de governo, reunido a 27 de maio, prevendo

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a aproximação da data marcada para a eclosão do movi- com os cofres públicos vazios, o que sempre resultava
mento, resolveu tentar um contragolpe, elegendo como em atraso no pagamento de salários, aprofundando, con-
presidente da província um dos líderes do movimento, seqüentemente, a miséria social. Representou mais uma
João Poupino, que era membro do conselho de governo ocasião encontrada para os pobres usufruírem de bene-
e pertencia à Sociedade dos Zelosos da Independência. fícios passageiros e extravasarem seus anseios de mu-
Mas de nada adiantou essa escaramuça. danças. É a partir desse contexto que podem ser expli-
É interessante notar que no dia 30 de maio, data da cados os saques, roubos e mortes cometidas. Assim
também pode ser explicada a repressão ao movimento,
rebelião, a população saiu pelas ruas de Cuiabá. Mem-
promovida por Poupino Caldas, no momento em que a
bros das camadas inferiores e da guarda nacional grita- Rusga explodiu
vam palavras de ordem; armados, roubaram e saquea- Fonte : Enciclopédia Britânica Brasileira
ram casas de comércio e até mortes foram registradas.
2.2 – A GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)
Podemos levantar uma questão a respeito da defla-
gração do movimento. Se os liberais (Sociedade dos Choque militar ocorrido na América do Sul, envolven-
do os seguintes países:
Zelosos da Independência) haviam conseguido o poder,
BRASIL
através da nomeação de Poupino Caldas como presi-
PARAGUAI ARGENTINA
dente da província no dia 27 de maio, por que as cama-
URUGUAI
das mais baixas participaram de uma rebelião que já
tinha data marcada (30 de maio de 1834). Tendo como Principais Motivos?
referência o trabalho da professora Elizabeth Madureira - questão da navegabilidade (bacia platina)
participação de populares no movimento não pode ser - pretensões expansionista paraguaias
considerada um ato político consciente. A província de - autonomia econômica do Paraguai
Mato Grosso passava por uma grave crise econômica,

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A situação industrial brasileira no período era caóti- Cuiabá temendo ser atacada organiza as tropas (cor-
ca, o Brasil não possuía fábricas para abastecer seu po de voluntários cuiabanos), estes foram comandados
mercado interno, tendo de importar produtos da Inglater- inicialmente por Hermenegildo Portocarrero e posterior-
ra. Os britânicos foram os grandes responsáveis pela mente por Augusto Leverger, que acaba também assu-
inclusão da América Latina no sistema do capital inter- mindo a presidência da Província (1865-1866), sendo
nacional. seguido pelo General José Vieira Couto Magalhães (1866-
Enquanto a América Latina entrava neste modelo in- 1868) e novamente Augusto Leverger agora com o título
ternacional o Paraguai caminhava no séc. XIX sozinho de Barão.
com seu próprio modelo econômico: auto-suficiente, 80% O primeiro ponto de resistência escolhido foi à re-
das terras eram públicas as quais eram entregues a cam- gião de Barão de Melgaço e o Morro de Santo Antônio,
poneses (produção de matéria-prima) etc... mas felizmente o inimigo nunca chegou.
A Inglaterra não aceitava na América Latina ter um O desenrolar da guerra foi trágico várias batalhas,
país fora do sistema capitalista mundial, isto fica claro centenas de mortes, principalmente do lado paraguaio
nas declarações do embaixador britânico Thorton, onde que rapidamente é derrotado. Em 1867 o Uruguai e a
o mesmo dizia que o regime paraguaio nocivo ao povo. Argentina deixam a guerra para resolverem questões
Por várias vezes o Brasil vai entrar em disputa com o políticas internas, o Brasil continua agora com o objetivo
Paraguai, envolvendo questões de fronteiras entre Para- de encontrar o líder paraguaio Solano Lopez, o qual é
guai e MT e de navegabilidade pelo rio Paraguai (rota localizado na batalha do Cerro-Corá e morto por solda-
comercial que ligava o Mato Grosso pelo Estuário do dos brasileiros.
Prata ao mundo). Estas disputas inicialmente foram di- Com o fim da Guerra do Paraguai, reativa-se as ro-
plomáticas, vejamos algumas missões diplomáticas: tas fluviais, onde produtos podem ser exportados e im-
MISSÃO LEVERGER: Chefiada inicialmente por Au- portados via Estuário do Prata, Mato Grosso passa a se
gusto Leverger, este buscava fazer um Tratado de Ami- comunicar com a Europa, América e interliga-se com
zade entre os dois governos facilitando assim a navega- vários portos
ção pelo rio Paraguai (sem sucesso) Versões
MISSAO PIMENTA BUENO: chefiada por José Pi- É evidente que encontramos diversas versões para a
menta Bueno (Gov. de MT- 1836 a 1837), este buscava Guerra do Paraguai, e estas diferenças teóricas ficam
fraquear o rio, ou seja, pagar pela utilização da rota fluvi- evidentes quando citamos os dois principais autores do
al (sem sucesso) assunto, veja:
MISSAO PARANHOS: Chefiada por José Maria Pa-
ranhos, assim como a missão anterior, buscava a fran-
quia do rio que novamente não foi conseguida. Maldita Guerra - FRANCISCO DORATIOTTO
Em 1856, é assinado um tratado de navegação entre O historiador Francisco Doratiotto pesquisou
Paraguai e Brasil, ligando Mato Grosso ao Rio de Janei- fontes durante quinze anos para compor a obra.
ro. As idéias e atitudes políticas do governo brasileiro, Mostra como a Guerra do Paraguai começou
não eram aceitas pelo governo paraguaio, sobretudo nos com um conflito regional, diferindo
estruturalmente da teoria de muitos
interesses com o Uruguai e a Argentina.
historiadores. As principais batalhas...
Enquanto os paraguaios apoiavam os Blancos, o
Brasil apoiava os Colorados (partidos políticos uruguai-
os), tal apoio contrário faz com que o Tratado de Amiza- A Guerra Contra o Paraguai - JÚLIO JOSÉ
de seja rompido. Os ânimos começam a se esquentar, CHIAVENATO
Que pensar de uma guerra em que morrem
só faltava um pequeno motivo para a guerra eclodir.
99,74% da população adulta masculina do país
A participação da Inglaterra neste momento foi cruci- “inimigo”? Conflito bélico ou genocídio? Sob a
al pois a mesma não tinha interesses na pacificação a instigação da Inglaterra, a guerra contra o
região, uma guerra seria lucrativa e eliminaria o Para- Paraguai - o mais importante conflito em que o
guai, o qual em sua visão era um exemplo que poderia Brasil se envolveu.
prejudicar seus negócios na América do Sul.
Estopim da GuerraEstopim da Guerra Fique esperto na prova:
Aprisionamento do Marquês de Olinda - Augusto Leverger, receberá o título de Barão de
Embarcação brasileira a qual navegava pelo Rio Pa- Melgaço
raguai com destino a Mato Grosso, levando produtos e - O governador Frederico Carneiro de Campos, nun-
passageiros dentre eles o governador de Mato Grosso: ca chegou a Cuiabá, morreu em uma prisão Paraguaia
Frederico Carneiro de Campos - O famoso Morro de Santo Antônio, o qual está es-
O Império brasileiro declara guerra ao Paraguai e tampado no Brasão de Armas, era conhecido como Co-
quase que imediatamente o Paraguai inicia uma ofensi- lina de Melgaço
va sobre o Mato Grosso, invadindo Corumbá e posterior- - Os rios que compunham a bacia platina (rio da Pra-
mente Dourados.

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ta, Rio Paraná e Rio Paraguai) eram de extrema impor- Esta vozes indígenas (quase
tância na época para o transporte de passageiros e de a totalidade do exército paraguaio
carga, sendo o meio mais seguro e rápido de transporte, de Solano Lopez era formado por
uma viagem terrestre que demorava alguns meses, pe- soldados guarani), passados cen-
los rios demorava-se alguns dias. to e vinte oito anos do fim da Guer-
ra do Paraguai continuam aguar-
- O Uruguai antiga província brasileira (Cisplatina), dando seu lugar reconhecimento
era uma região estrategicamente importante para o Bra- pela historiografia oficial não-índia.”
sil e para o Paraguai, pois parte de seu território era uma (Paulo Humberto Porto Borges, trecho retirado da Internet)*
das margens da foz do rio Prata, o qual desaguava do
Oceano Atlântico. 3.0 - Período Republicano (1889 – ...)
- A foz do rio Prata era a principal entrada e saída de Após a Guerra do Paraguai, diversos fatos levaram o
embarcações de carga e de passageiros da América do governo imperial a entrar em isolamento político: A QUES-
Sul. TÃO MILITAR, A QUESTÃO RELIGIOSA E A QUESTÃO
- A invasão paraguaia começou pelo Forte Coimbra, ABOLICIONISTA.
não tendo sucesso partiu para a cidade de Corumbá. Estas questões, levaram o Império à desestrutura-
- Apesar da guerra não ter chego até Cuiabá, um ção de suas bases aliadas isolando-o politicamente, le-
grande número de habitantes da capital morreram, não a vando a QUEDA DO IMPÉRIO e a conseqüente Procla-
tiros de canhões e espingardas e sim por varíola (bexi- mação da República.
ga), esta muito pior que a guerra vitimou quase um terço As oligarquias rurais passaram a dominar todo o
(1/3) da população. cenário político, fazendo com que o governo seja uma
- A varíola vai de alastrar pelas regiões de Rosário extensão do poder dos chamados Coronéis, (grandes
Oeste, Guia, Diamantino e Rio Abaixo. produtores rurais) estes manterão relações eleitorais e
políticas promíscuas, fraudulentas e criminosas, (políti-
- O comandante das tropas brasileiras as quais inici-
ca do café-com-leite, política dos governadores e voto de
aram uma verdadeira caça a Lopez, foi o genro de D.
cabresto) mantendo assim no governo membros ligados
Pedro II, Conde D´Eu.
à aristocracia rural.
- O Mal. Floriano Peixoto foi Presidente da Província
do Mato Grosso em 1884, inclusive tendo um filho cuia-
bano 3.1 – CONFLITOS POLÍTICOS DA REPÚBLICA VELHA
(1889 – 1930)
TEXTO COMPLEMENTAR:
3.1.1 - O movimento de 18923.1.1 - O movimento de
A GUERRA DO PARAGUAI E A QUESTÃO INDÍGENA 1892

“Passados quase um século e meio, este conflito - Primeiro movimento armado após a proclamação
continua revelando-se polêmico e suscitando questões. da República
E, neste momento que a historiografia latino-americana, - Antônio Maria Coelho é escolhido para governar o
impulsionada pelo acordos econômicos do MERCOSUL, Estado, este cria um novo partido o Nacional Republica-
se debruça sobre o que foi, sem dúvida, a mais prolon- no (união de republicanos e conservadores)
gada - com exceção da Guerra da Criméia - e a mais
- Com a queda e Marechal Deodoro, o grupo formado
cruenta guerra internacional já ocorrida no período entre
por Manuel Murtinho, Generoso Paes Leme, derrubam
1815 e 1914, é necessário ouvir e registrar algumas vo-
Antônio Maria e através eleições Murtinho passa a ser
zes que ainda não foram ouvidas pela historiografia ofici-
governador.
al à respeito deste conflito, vozes que permanecem au-
díveis apenas na tradição oral e no imaginário de seus - Grupo oligarca do sul (MS) não aceita e depõe
respectivos grupos. Como no relato do professor Guara- Murtinho à distância
ni Pedro Mirim explicando o ‘por quê’ de sua família ter - Floriano Peixoto contém a oposição ao seu gov.
sobrevivido a guerra: enviando ao MT tropas (Legião Floriano Peixoto), as quais
“Ymã xeraryi oexa raka’e jurua guery joguero’a jave. foram chefiadas por Paes Leme recolocando Murtinho
Jogue raa ma taperupi vy oexa ma jurua kuery ou ma no poder.
ramo onhemi okuapy ita kupepy. Kyringue’i onhemi hapy 3.1.2 – O Massacre da Baía do Garcez (1898-1901)
naxei ramo rivema jurua kuery mbojujka pai.”
- CONTEXTO HISTÓRICO: Política dos
“Minha avó contava o que ela passou na época da
guerra com a minha mãe. Ela contou que existia um Governadores / Presidente Campos Sales
caminho estreito por onde eles passaram durante essa - Manuel Murtinho deixa o governo de MT para apoiar
guerra. Eles se escondiam debaixo das pedras. A sorte seu irmão Joaquim Murtinho (Ministro da Fazenda do
é que o nenê não chorou, senão todos teriam sido mor- Presidente Campos Salles)
tos. Por isso que todos nós chegamos vivos até o final - Murtinho lança o nome de José Metelo para a sua
da guerra.” sucessão, Generoso Ponce lança Peixoto de Azevedo
(Rompimento Político)

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- Peixoto de Azevedo vence as eleições e Murtinho - Após seu assassinato o corpo do Cel. Totó ficou
inicia um movimento para depor Azevedo insepulto por vários dias.
- Formação de um grupo armado chefiado por Totó
Paes de Barros (usineiro) que sitia o centro de Cuiabá e TEXTO COMPLEMENTAR:
pela força obriga à Assembléia a anular as eleições, con-
vocando um novo pleito. Morte de Totó Paes faz 100 anos hoje
-Vence o candidato de Murtinho: Antônio Pedro de
Barros, que para garantir seu governo monta uma tropa Grande pecuarista e maior industrial do Estado,
o então presidente de Mato Grosso foi assassinado
armada (divisão patriótica) chefiada pelo “coronel” Totó
há exatamente um século, no Coxipó do Ouro
Paes.
“Já haviam se passado seis dias desde que o então
- O objetivo desta tropa era evidente: acabar com presidente do Estado de Mato Grosso, Antônio Paes de
quaisquer foco de oposição ao governo Barros, o Totó Paes, decidira deixar a zona urbana de
- Em 1901 é descoberto um reduto oposicionista na Cuiabá em busca de esconderijo em uma fábrica de pól-
vora na região do Coxipó do Ouro.
Usina Conceição (Propriedade de João Paes de Barros,
irmão de Totó) Com a Capital inteiramente cercada por tropas sob o
comando do senador Generoso Ponce, sua única espe-
- Totó Paes cerca o local prendendo os oposicionis- rança de retornar ao poder era a chegada de uma expe-
tas, que são levados até o local chamado de Baia de dição militar trazendo os reforços prometidos pelo gover-
Garcez, onde foram executados e jogados no rio (com o no federal. O destino, porém, não permitiria tal reviravol-
abdômen aberto em cruz para que não boiassem) ta.
- Em 1902, devido uma grande seca, os corpos são Traído por um partidário, o fugitivo teve seu paradeiro
descobertos, mas nada acontece com os culpados. descoberto por uma guarnição comandada pelo coronel
Joaquim Sulpício de Cerqueira Caldas. E, imediatamen-
3.1.3 – O Movimento de 1906 te após a captura, foi assassinado com dois tiros à quei-
ma-roupa. Era o dia 6 de julho de 1906.
- Totó Paes candidata-se e vence as eleições de 1902
Político habilidoso, grande pecuarista e maior indus-
(apoiado pelos irmãos Murtinho)
trial do Estado – proprietário da então moderna usina de
- Totó, acreditando que somente o apoio da Presi- Itaicy (ver matéria) -, Totó Paes saiu da vida para prota-
dência da República era o suficiente (Política dos Go- gonizar em um dos mais controvertidos episódios da his-
vernadores), se afasta dos Murtinho tória e também da historiografia de Mato Grosso.

- Manoel e Joaquim Murtinho se unem com antigos “Depois do assassinato, veio uma campanha de di-
famação que se estendeu por décadas. O objetivo, além
inimigos de Totó: Generoso Ponce, Pedro Celestino,
de ligar seu nome a fatos e crimes dos quais não se tem
Peixoto de Azevedo entre outros, para derrubá-lo evidência alguma, era o de eliminá-lo da história de Mato
- Generoso Ponce é pressionado por Totó e foge para Grosso”, acredita o historiador Paulo Pitaluga Costa e
o Paraguai, abrindo um jornal chamado “À Reação”, o Silva, do Instituto Histórico e Geográfico.
qual atacava o governo de Totó Autor da pesquisa “A Visão dos Vencidos: Cem Anos
Depois”, Pitaluga é um dos organizadores da série de
- Líderes oposicionistas de outras regiões reagem e
eventos que nesta semana pretendem relembrar o cen-
atacam o governo, tornando o controle de diversos redu- tenário da morte do político e, principalmente, defender
tos governistas, por exemplo a Fazenda Itaici de propri- a revisão de seu legado.
edade de Totó Descrito por muitos como um déspota, responsável
- Preocupado Totó Paes pede ajuda ao Governo Fe- direto por barbaridades como o massacre de 17 oposito-
deral, este envia tropas para Mato Grosso res na Baía do Garcez e pela manutenção de um regime
de terror entre os funcionários de sua usina, Paes seria,
- O objetivo da Presidência da República era manter a partir desta ótica, um empresário moderno e dinâmico,
o Governo Estadual (Paes de Barros), mas antes das que acabou por se tornar um político incômodo às anti-
tropas chegarem até Cuiabá, cidade já estava cercada. gas oligarquias.
Totó renuncia! “Totó Paes era um líder que, continuando na vida
- Têm inicio uma verdadeira perseguição ao Cel An- política e na liderança econômico-industrial, por certo
tonio Paes de Barros, esta termina com seu assassina- impediria, tempos depois, a continuidade do poder de
Generoso Ponce e seus correligionários”, aponta o his-
to.
toriador, em seu estudo.
Curiosidades: Empossado presidente do Estado em 15 de agosto
- Totó é assassinato em seu esconderijo, uma anti- de 1903, Totó Paes vinha obtendo bons resultados com
ga fábrica de pólvora, no Coxipó do Ouro. uma administração baseada na austeridade, aponta Pi-

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taluga. “(...) Iniciou um governo de moralização, a iniciar - Na busca de mangabeiras, alguns encontraram di-
pela normalização das alquebradas finanças do Estado. amantes, iniciando assim uma corrida em busca da vali-
Era uma mentalidade nova, que afetava muitos interes- osa pedra.
ses”.
Fato violento ocorrido na região leste do Estado (Ara-
A derrota para as forças de Generoso Ponce, que guaia) na década de 20
conseguiu arregimentar quase 4 mil homens para a cha-
mada “revolução de 1906”, significaria também o início Morbeck (baiano) è Barra do Garça
da campanha contra sua memória. “Não queremos colo- Carvalhinho (pernambucano) è Alto Araguaia
cá-o em um pedestal, acima do chão, como fizeram com - Estes eram Engenheiros, sócios de garimpos de
aqueles que o assassinaram. Existem idéias e idéias, Diamante na região.
teorias e teorias. Nosso objetivo é apenas que a verdade
seja esclarecida”. - Conflito pelo controle político e econômico dos ga-
Arquivo: Jornal Diário de Cuiabá- Edição nº 11559 06/07/2006  
rimpos de diamante
RODRIGO VARGAS - Interesse do Governador Pedro Celestino Correa da
Reporter Costa (pai de Fernando Correa da Costa) em enfraque-
cer o Cel. Morbeck e implantar o seu poder na região
3.1.4 – Caetanada (1916)3.1.4 – Caetanada (1916) Motivo: Cel. Morbeck nunca deu apoio político a
- Movimento ocorrido em 1916, o qual envolvia ques- Pedro Celestino (transferir o poder de Morbeck a Carva-
tões relacionadas as eleições de Caetano Manoel de lhinho)
Farias Albuquerque (Gen. Caetano) - Nomeação de Carvalhinho para o cargo de chefe da
- Caetano, nega exonerar funcionários públicos con- polícia (poder maior do que o de prefeito)
siderados pelo seu partido (PRC — Partido Republicano - Carvalhinho inicia uma onda de críticas a Morbeck
Conservador) como adversários (provocação)
- Caetano passa a sofrer pressões de vários políti- - Morbeck ataca Carvalhinho (disputa dura aproxi-
cos da Câmara de Deputados e do Senador Antônio Fran- madamente 20 anos)
cisco Azevedo (Vice-presidente do Senado) - Foi no Governo de Mário Correa da Costa que as
- Não encontrando saída, Caetano acena com a re- coisas se apaziguaram. Coube ao Tenente Telésforo
núncia e pede licença a assembléia (viagem para o RJ Nóbrega a mando do governador garantir e controlar a
para formalizar a renúncia) situação.
- Devido o apoio de Pedro Celestino (Partido Repu- - Não conformado com a possibilidade de não reto-
blicano de Mato Grosso) Caetano desiste de renunciar e mar o poder, Carvalhinho ataca a força estadual, onde
cerca a Câmara de Deputados morreram muitos soldados inclusive o próprio Ten. Te-
- Alegando falta de segurança o Presidente da A.L, lésforo.
transfere os trabalhos para Corumbá, dividindo o gover- - Temendo o revide do governo, fogem para Goiás,
no: mas logo são presos e levados para Cuiabá, onde fica-
ram presos até 1930, quando foram soltos pelo governo
Vargas.
Curiosidades:
- O conflito entre Morbeck e Carvalhinho, também é
chamado com Morcegos contra os Cai Nágua. Isto por-
que Morbeck iniciou o conflito atacando Carvalhinho no
período noturno e Carvalhinho fugiu pelo (rio Araguaia).

- A.L, pede o impeachment de Caetano Albuquer-


que, que este procura se defender através de um hábeas
corpus (STF)
- Wenceslau Braz intervém no estado, colocando
como interventor federal Camilo Soares de Moura, sendo
substituído rapidamente pelo então Bispo Dom Aquino
Corrêa.
- O Brasão de Armas de Mato Grosso foi criado nes-
3.1.5 – Morbeck e Carvalhinho3.1.5 – Morbeck e te período exatamente em 14/08/1918, pela resolução
Carvalhinho nº 799:
- Na década de 20 muitos migrantes (MG e NE) vie- D. Francisco de Aquino Corrêa, Bispo de Prusíade,
ram para a região Leste de Mato Grosso, em busca das Presidente do : Estado de Mato Grosso.
“famosas mangabeiras” árvores que se multiplicaram por Faço saber a todos os seus habitantes que a As-
todo a região do Araguaia. sembléia Legislativa decretou e eu sancionei a seguinte

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Resolução: ta, conhecido como Rusga, se caracterizou também como


Art. 1 ° - O Brasão d’ Armas do Estado de Mato uma luta armada entre a facção tradicional e a elite emer-
Grosso compõe-se de um escudo em estilo português, gente pelo controle do poder político mato-grossense. O
isto é, com a ponta redonda, ocupada por um campo de fim da chamada rebelião cuiabana, com a prisão dos
sinople, sobre o qual assenta, lado a lado, um morro de líderes nativistas, não acabou com o uso da violência
ouro com dois cabeços, sendo um no centro do escudo, como instrumento de conquista de poder.
e outro um pouco mais abaixo, para a sinistra do mes- O advento da República, em 1889, também não mo-
mo. O resto do escudo é um céu de blau, sobre o qual dificara em nada esta situação. Muito pelo contrário. O
domina, em chefe, a peça heráldica ultimamente consa- novo regime intensificou o clima de violência no Estado,
grada no Brasão da Cidade de S. Paulo, como símbolo abrindo maior espaço à situação declarada do coronelis-
do bandeirante, símbolo este que consiste em um braço mo.
armado a empunhar uma bandeira com a flamula quadri- Através do sistema de coronelato, reconhecia-se a
dentada e ornada com a Cruz da Ordem de Cristo, tudo força de alguns coronéis pelo beneplácito do poder pú-
de prata, exceto a cruz que é de goles. O escudo tem blico. Contudo, em muitas ocasiões, esta força política
por timbre uma fênix de ouro a renascer da sua imortali- era contestada pelos opositores. Em 1890, por exem-
dade ou fogueira de goles, e por suporte dois ramos flo- plo, o General Antônio Maria Coelho, aliando-se ao Clu-
ridos, um de seringueira e outro de erva-mate, enlaça- be Militar “Benjamin Constant”, empreendeu uma luta
dos na base por uma fita que traz a legenda: “Virtute aberta contra o coronelismo regional via Partido Nacio-
Plusquam Auro”. nal, além de utilizar-se (no governo estadual) de todos
Art. 2° - Fica o Poder Executivo autorizado a abrir o os mecanismos de pressão política e da máquina admi-
necessário crédito para as despesas de impressão e nistrativa do Estado para coagir os partidários ou correli-
propaganda do referido brasão. gionários do Partido Republicano, na tentativa de enfra-
Art. 3° - Revogam-se as disposições em contrário. quecer a força política do Coronel Ponce.

Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o O Coronel Generoso Ponce, no entanto, agiu rápido.
conhecimento e execução da referida Resolução perten- Ao lado de Antônio Azeredo e Joaquim Murtinho, forçou
cer, que a cumpram e façam cumprir fielmente. a deposição de Antônio Maria Coelho do governo de Mato
Grosso pelo então Presidente do Brasil, Deodoro da Fon-
O Diretor da Secretaria do Governo a faça imprimir, seca.
publicar e correr. Palácio da Presidência do Estado, em
Cuiabá, 14 de agosto de 1918, 30° da República. Em 1892, esse quadro inverteu. O governador de-
posto e seus aliados destituíram o Presidente eleito do
Estado, Manoel José Murtinho. O que levou o Coronel
TEXTO COMPLEMENTAR: Ponce, á frente de 3.000 homens armados (Legião Patri-
ótica “Floriano Peixoto”) a invadir Cuiabá e derrubar o
A cultura política de Mato Grosso I governo instalado pelo grupo de Antônio Maria. Desse
modo, em julho de 1892, Manoel Murtinho pôde retornar
ao governo do Estado.
Diante do episódio envolvendo o atentado con-
Sete anos depois deste episódio, a pistola e a vio-
tra um dos postulantes a uma das vagas na Câmara
lência voltaram a ser apêndices da política mato-gros-
Municipal de Cuiabá, o eleitor ficou meio assustado e,
sense. De um lado, o Coronel Ponce e seus aliados pro-
certamente, procurou respostas convincentes que pu-
curando, através de trincheiras, resistir o cerco em que
dessem explicar tal ato. Não as encontrando, perdeu parte
eram submetidos; do outro lado, os Murtinhos e Totó
de sua confiança na vida político-partidária e nos políti-
Paes que estreitavam ainda mais a pressão. Sangue,
cos. Mal sabe ele que a cultura política de todas as uni-
terror e pânico dominaram a Capital. No final do quinto
dades brasileiras foi - e continua sendo - sempre a luta
dia de massacre das forças de Totó Paes, o grupo pon-
pelo poder, a luta de interesses dos grupos, disfarçados
cista foi destronado do controle político regional. Pas-
de ideais, a ser usada ou para manutenção ou para con-
sando, então, a governar o Estado, Antônio Pedro Alves
quista de cargos eletivos (e do governo). Nesta luta, a
de Barros, um dos aliados de Totó Paes.
pistola e a violência sempre estiveram presentes. Foi a
violência armada, empreendida pelo Governador da Ca- A partir de então, ocorreu uma série de violências
pitania de São Paulo, que destruiu o prestígio dos ir- contra os que se opunham á nova força política oligárqui-
mãos Leme e destituiu Pascoal Moreira Cabral do posto ca no poder. A mais tristemente célebre delas, a chacina
de Guarda-mor. O último Governador e Capitão-general da Baia do Garcez, em 1901, levou a morte 17 poncis-
da Capitania de Mato Grosso, Francisco de Paula Ma- tas.
gessi, caiu em virtude de um movimento violento. Este Sucederam-se violências de toda ordem: fraudes elei-
marcou a passagem do poder das mãos do representan- torais, compra de votos, perseguições, demissões de
te da Coroa portuguesa para uma elite dominante radi- funcionários ligados a oposição, retaliações, espanca-
cada em Cuiabá. mentos e assassinatos. Os membros do grupo que as-
A violência transformava-se, então, em instrumento cenderam às posições de mando, interviam continua-
de obtenção e manutenção do poder político no Estado. mente nos arranjos político-partidários, não medindo as
Isso ficou claro em 1834, quando um movimento nativis- conseqüências de suas imposições.

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Por essa razão (uma delas), a oposição (liderada Em 1929, com a quebra da bolsa de Nova Iorque, a
por Ponce, Pedro Celestino e os Murtinho) se levantou crise do café chega ao seu limite, fazendo com que as
contra o governo de Totó Paes. Este, sentindo-se pres- exportações do produto diminuíssem de forma drástica.
sionado, abandonou o Palácio do governo e escondeu-
Devido a própria crise, Washington Luís não atende
se numa fábrica de pólvora no Coxipó do Ouro. Desco-
os produtores (coronéis), com o Convênio de Taubaté,
berto, foi friamente assassinado. Com isso, o grupo do
gerando um grande desconforto entre as oligarquias e o
Coronel Ponce voltou a controlar politicamente o Esta-
governo federal.
do.
No inicio do processo eleitoral em 1930, quando Mi-
Depois de um certo período da chamada “paz arma-
nas Gerais esperava através do seu então governador:
da” (1907-1916), a violência, como estratégia de obten-
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada a indicação para a
ção e manutenção do poder, voltou a ser empreendida.
Presidência da República, Washington Luís de forma
Desta feita governava Mato Grosso o General Caetano
surpreendente indica o paulista Júlio Prestes.
de Albuquerque.
No geral, a violência ocorreu tanto no embate jurídi- Quebra a Política do Café-com-leiteQuebra a Políti-
co como na luta armada, manifestando-se de forma mais ca do Café-com-leite
cruel e brutal. A Caetanada chegou ao seu final em 1917, Andrada então busca apoio em outros estados para
com a intervenção do Presidente da República, Wen- formar uma chapa de oposição a Júlio Prestes.
ceslau Brás. Mato Grosso passou, então, a ser adminis- Formação da chapa chamada, Aliança Liberal, com-
trado por um Interventor Federal. Registrou-se uma certa posta pelos estados de MG., RS. e PB.. A chapa seria
trégua. As pistolas e a violência foram substituídas por composta da seguinte forma:
acordos políticos entre os líderes partidários. A eleição
de Dom Aquino Corrêa, por exemplo, foi fruto dessa su- - PRESIDENTE: Getúlio Dorneles Vargas (RS.)
posta conciliação. A mesma que promoveu o retorno de - VICE: João Pessoa (PB.)
Pedro Corrêa da Costa ao governo (1922-24) e foi esten-
Como toda a Máquina Político-Eleitoral, estava nas
dido aos governos de Estevão Alves Corrêa (1924-26) e
mãos do Presidente Washington Luís, era lógico que o
Mario Corrêa da Costa (1926-30).
vencedor seria Júlio Prestes e não Getúlio Vargas.
Apesar dessa conciliação, registravam-se a retalia-
ção e as antigas perseguições políticas; as trincheiras Em 03 de outubro de 1930, Vargas lidera um movi-
foram reconstruídas e as pistolas, reapareceram-se. mento golpista, que termina em 24 de outubro do mes-
mo ano, este impede Júlio Prestes de tomar posse e
Desse modo, nas diversas regiões do Estado, ocor- coloca do poder Getúlio Vargas.
reu a luta pelo poder de mando local (o conflito entre
José Morbeck e Manoel Balbino de Carvalho, no garimpo 3.2.1 – Os Interventores
do Garças e do Araguaia, pode ser colocado como exem- Vários interventores federais, sucederam-se nos go-
plo); enquanto na esfera do governo estadual, os mem- vernos de todos os Estados, somente Minas Gerais foi
bros dos Partidos Conservador e Republicano mantinham exceção. Para Mato Grosso inicialmente , foi enviado o
vivas as velhas estratégias de ascensão ao poder. Po-
Cel. Antonino Mena Gonçalves, o segundo interventor foi
rém, a partir de 1930, as raposas da política são, aos
Artur Antunes Maciel, o terceiro Leônidas Antero de Ma-
poucos, tiradas do mando político estadual. Em seus
tos e o último foi Julio Muller.
lugares, assumem indivíduos que, embora nativos do
Estado e identificados com os grupos dominantes, não 3.2.2 – A Revolta Constitucionalista e a criação do
eram muito ligados às raízes partidárias. esses indivídu- Estado do Maracajú - 1º divisão do estado - (1931-
os eram os chamados interventores, nomeados pelo 1932)
Governo Federal.


SÃO PAULO GETÚLIO VARGAS


Contudo, a partir de 1935, o sistema de interventori-
as terminara. O Estado, então, passou a ser administra-
do por um governador eleito pelos constituintes estadu-
ais, em virtude de uma coligação partidária envolvendo
os partidos mais representativos na assembléia legisla-
tiva do Estado. Mário Corrêa, no entanto, não conseguiu
manter por muito tempo a aliança que o elegera. Mas
isso, prezado leitor ou prezada leitora, é tema do nosso
próximo artigo.
(LOUREMBERGUE ALVES)
Arquivo: Jornal Diário de Cuiabá- Edição nº 9806 11/12/2000)  
3.2 – A ERA VARGAS
O último Presidente da chamada República Oligár-
quica (1889-1930), foi o fluminense Washington Luís
Soldados paulistas.
(1926-1930), este mantinha todos os acordos (Convênio http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://
de Taubaté e Política do Café com Leite) entre as oligar- upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d5/
quias regionais. Tunel_1932.jpg/300px-Tunel_1932.

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Movimento ocorrido em São Paulo, contra o governo 3.2.3 – Tanque Novo (1933)
de Vargas.
Com a desculpa de querer reconstitucionalizar o país,
os paulistas irão entrar em choque com o governo, pe-
dindo a renúncia de Vargas. Na verdade o que os paulis-
tas queriam era a saída de Getúlio para que estes pu-
dessem restabelecer o poder perdido com o golpe de 30
A região sul do Mato Grosso, aproveitando a situa-
ção irá participar desta revolta apoiando os paulistas,
com o interesse de em um novo governo sem Getúlio,
estes conseguiriam a separação do Mato Grosso por
Costa, Maria de Fátima Gomes. Dissertação de Mestrado/ UnB/
um curto período, rapidamente organizaram um governo (1987)
onde o médico Vespasiano Barbosa Martins, seria então
chefe do executivo do Estado do Maracajú, este durou - Líder: Laurinda de Lacerda Cintra (Doninha)
90 dias, quando o governo federal acaba com a revolta.
- Baseado nos “dons” místicos de Dona Doninha, o
que deu origem a um movimento político “religioso” , que
obteve grande repercussão no Estado
- Doninha começou a ter visões de urna santa cha-
mada Maria da Verdade (Jesus Maria José), este fato
desencadeou uma verdadeira peregrinação ao local (Po-
coné)
- Doninha proíbe a comunidade a consumir bebidas
alcoólicas e diariamente eram realizadas procissões
- A população cresce rapidamente e seus habitantes
passam a ser identificados como oposicionistas a Var-
Soldados da União entrincheirados em Silveiras, Vale do Paraíba gas (inicia a perseguição)
http://www.getulio50.org.br/textos/gv6.htm - 1932, Tanque Novo é invadido e Doninha é presa
(84 dias) em Cuiabá
Fique esperto na prova: - Situação piora quando os moradores se filiam ao
- A data do início da revolução foi estabelecida em 14 Partido Constitucionalista de Mato Grosso (votação ma-
de julho. No entanto, o início das hostilidades se precipi- ciça contra o governo que apoiava a Aliança liberal pró
tou com a destituição e passagem para a reserva de Getúlio)
Bertoldo Klinger, comandante militar de Mato Grosso,
- Nova invasão em 1932, agora com uma grande re-
que havia rompido publicamente com o Governo Provisó-
sistência aramada (Doninha é presa novamente)
rio e prometido apoio das tropas sob seu comando ao
movimento paulista. As expectativas eram de que cinco - Doninha foi julgada e libertada em 1934 (morreu em
mil soldados sediados em Mato Grosso passassem a 23/06/ 1973)
fazer parte das forças revolucionárias. Curiosidades:
- Foi no governo de Julio Muller que o Colégio Liceu - Nhô Tico, prefeito de Poconé, será um dos maiores
Cuiabano foi construído, bem como o Grande Hotel (pos-
opositores, promovendo verdadeiras perseguições aos
terior sede do finado Banco Bemat) e a ponte ligando
moradores de Tanque Novo, alegando desordem e anar-
Cuiabá e Várzea Grande, denominada Ponte Julio Mul-
quia
ler.
- O episódio do Tanque Novo é caracterizado como
- O que de certa forma oficializou a Política do Café
um movimento político, cujos interesses das forças ge-
com Leite, foi o Pacto de Ouro Fino, assinado em 1913
tulistas era a manutenção do controle do voto no municí-
na cidade de Ouro Fino (MG)
pio de Poconé
- Em 1943, foi criado pelo Governo Federal, o Territó-
rio Federal do Guaporé, desmembrando parte do Estado 3.3 – OS GOVERNOS MILITARES
de Mato Grosso e parte do Amazonas, este é o atual Governava o Mato Grosso pela segunda vez: Fer-
Estado de Rondônia (homenagem ao Mal Rondon) nando Corrêa da Costa.

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3.3.1 - A participação do Mato Grosso no golpe de


1964 • 1960 => A vitória de Jânio Quadros , para presidên-
cia da República, fez com que as intenções de divisão
- MT. Juntamente com SP, MG, RJ, RS, PR, GO,
se intensificassem ainda mais pois o mesmo era nasci-
aliaram-se a favor do golpe militar do na região sul de Mato Grosso
- Tropas cuiabanas (16° BC - 44° BlMtz) partem em • 1963 => “Manifesto pró-divisão do Estado de Mato
direção à Brasília e permanecem lá até a posse do Gen. Grosso”, este circulou e pela primeira vez é visto clara-
Castelo Branco mente a intenção também do norte para a divisão.
- A escolha para Presidente e Governador passou a • 1977 => E criado o Estado de Mato Grosso do Sul
ser indireta
3.4 – A Nova República
- MT, MG. e Guanabara, por terem elegido governa-
dores os quais eram considerados pelos militares como 3.4.1 – Histórico dos últimos governadores
inconvenientes, foram destituídos pelo AI-5, sendo Pe- Governadores do Mato Grosso
dro Pedrossian o último governador eleito pelo voto dire-
to.
3.3.2 – A 2ª divisão do Estado
O governo federal decreta a divisão do estado em
1977, alegando dificuldade em desenvolver a região di-
ante da grande extensão e diversidade. No norte, menos
populoso, mais pobre, sustentado ainda pela agropecu-
ária extensiva e às voltas com graves problemas fundiá-
rios, fica Mato Grosso. No sul, mais próspero e mais
populoso, é criado o Mato Grosso do Sul.
De certa forma a divisão do Estado foi necessária
devido a grande quantidade de conflitos históricos nas
regiões, ocasionadas por divergências políticas entre as
lideranças do sul e do norte.
Em 11 de Outubro de 1977 é promulgada a Lei Com-
plementar nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do
Sul. Em 1979 e efetivada a divisão territorial. www.ms.gov.br/governadores/pedro_pedrossian.gif
Os principais movimentos divisionistas foram:
3.4.1.1 – Pedro Pedrossian (Pedro Placa)
• Final do Séc. XIX => Fundação do Partido Autono-
mista, liderado por Barros Cassal e João Caetano Muzzi
• 1901 => Movimento divisionista liderado por Jango
Mascarenhas (João Ferreira Mascarenhas)
• 1932 => Região sul apóia os paulistas na Revolta
Constitucionalista ocorrida em São Paulo contra o go-
verno de Vargas, chegando a ponto de nomearem Ves-
pasiano Barbosa Martins como Governador da região sul
• 1934 => Vespasiano Barbosa lidera um novo movi- Com o slogan “O novo Mato Grosso” , Pedrossian,
mento divisionista, levando até o Congresso Nacional um dá inicio a um grande programa de obras a serem reali-
manifesto pró-divisão do Estado. zadas em todo o estado:
• 1937 => Nova tentativa frustrada de divisão no mo- - Construção da nova ponte Júlio Muller
mento da discussão entre os limites de Goiás e Mato - Estação de abastecimento de água e captação
Grosso
- Ampliação da produção de energia elétrica
• 1947 => Tentativa de se introduzir na Constituição
- Criou o anel rodoviário (Perimetral)
Estadual, a possibilidade de mudança da Capital do Es-
tado. - Concluiu a construção do Hospital Geral

• Dec. 50 è Grande quantidade de manifestos são - Criou a Universidade Federal de Mato Grosso (1º
apresentados à Câmara dos Deputados, os quais pre- Reitor Dr. Gabriel Novis Neves)
tendiam a divisão.
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3.4.1.2 – José Fragelli


- Surge POLONOROESTE (Programa Integrado de
Desenvolvimento do Noroeste do Brasil)
- INTERMAT (Instituto de Terras do Mato Grosso)
- Ampliação do sistema de abastecimento de água
da Capital
- Diretas Já, reinicia as eleições diretas para gover-
nadores de Estado
3.4.1.6 – Júlio Campos

- Estendeu a rede de transmissão de energia gerada


em Urubupungá (região sul)
- Implantou a linha de transmissão da Cachoeira
Dourada-Cuiabá (região norte)
- Construiu o C.P.A. – Centro Político e Administrati-
vo
- Construiu o Estádio do Verdão
3.4.1.3 – Garcia Neto
- Primeiro governador eleito pelo voto direto
- Construção e pavimentação de estradas (ex. a es-
trada de Jangada)
- Aceleração do processo de colonização da região
norte
- teve como meta transformar Mato Grosso no “Ce-
leiro Agrícola do Brasil”
- Plano de extensão da energia termoelétrica
- Natural de Sergipe, foi eleito de forma indireta pela
- Oficializou o Hino de Mato Grosso (composto por
Assembléia Legislativa, no governo do Presidente Gei-
Dom Francisco de Aquino Correa e música de Emilio
sel
Heiner)
- Ocorreu o processo de divisão territorial do Estado
- Inicio da construção da usina hidroelétrica de Man-
de Mato Grosso
so
- Renunciou ao governo do Estado para ser candida-
- Construção das hidroelétricas de Apiacás, Caiabis,
to ao Senado (1978), sendo que foi derrotado pelo Dep.
Primavera, Culuene, Juina, Braço Norte e Aripuanã.
José Benedito Canelas
- Deixou o governo para se candidatar a Deputado
3.4.1.4 – Cássio Leite de Barros Federal, assumiu o seu vice Wilmar Peres (10 meses)
- Primeiro governador após a divisão de fato do Esta-
3.4.1.7 – Carlos Bezerra
do
- Vice de Garcia Neto, o qual havia deixado o gover-
no para disputar uma cadeira no Senado
- Garcia Neto perde a disputa eleitoral
3.4.1.5 – Frederico Campos

- Slogan “Em direção ao Social”


- Constituição de 1988 (Presidente José Sarney)
- Abertura democrática da educação (eleição para
- Abriu o Estado para a colonização, trazendo uma diretores de escolas)
grande quantidade de migrantes, os quais fundam várias - Criação da Secretaria de Meio Ambiente
cidades
- Criação da ZPE (Zona de Processamento de Ex-
- Inicio o PROMAT (Programa Especial de Desenvol- portação) em Cáceres, para escoar a produção regional
vimento de Mato Grosso)
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- Surge a Ferronorte, empreendimento ferroviário, - Reforma e reestruturação do Estado è Extinção:


onde procurou interligar Mato Grosso aos portos brasi- CODEMAT, COHAB, CASEMAT, BEMAT entre outras, a
leiros SANEMAT foi municipalizada.
- Atrasos nas folhas de pagamento, torna o governo - Conclusão da Usina de Manso
tumultuado
- Construção do Ramal Gasoduto Brasil-Bolívia
- Deixa o governo em 1990 para concorrer a uma
- Privatização da Cemat e Telemat
vaga no Senado, assume o vice Edson de Freitas.
* 2º Mandato
3.4.1.8 – Jaime Campos
- Renegociação das contas públicas;
- Lançamento do Programa “Mato Grosso, é Hora de
investir”
- Mato Grosso assume o segundo lugar na produção
de grãos
- Aumento significativo do rebanho bovino
- A ferrovia chega a Mato Grosso
- Na educação implantou a Gestão Compartilhada
(consolidou a democracia nas escolas de Mato Grosso)
- Autonomia financeira administrativa e pedagógica
nas escolas;
- Priorizou o transporte ( conservação e restauração
de rodovias) - Construiu a Ponte Sérgio Moita, ligando Cuiabá a
Várzea Grande
- Assinou um acordo em Santa Cruz de La Sierra,
ligando a cidade de Cáceres por via fluvial com a cidade - Construiu o Parque Mãe Bonifácia;
de Nueva Palmira no Uruguai via Rio Paraguai - Projeto Tucum, Educação lndígena
- A FIEMT (Federação das Indústrias de Mato Gros- - Criação do PRODEI e FUNDEIC - Secretaria adjun-
so) inicia integração Sul-americana, trabalhando uma ta de comercio exterior (Pró-madeira, Pró-couro, Pró-café,
saída via Oeste ‘Oceano Pacifico’ Prodemat e Pró-granja);
-Trabalhou-se um acordo comercial com a Bolívia, - Criação do FETHAB
Chile, Argentina e Brasil; - Programa Luz no Campo;
- Visita do Papa João Paulo II a Cuiabá (1991) - Criação dos Programas PADIN e PADIC voltados
3.4.1.9 – Dante de Oliveira para a pequena produção;
- Programa PANTAN visa o desenvolvimento susten-
tável do Pantanal;
- Deixa o governo para ser candidato ao Senado.
Assume Rogério Salles;
- Morre em Julho de 2006, devido uma infecção ge-
neralizada causada por uma pneumonia
3.4.1.10 – Blairo Maggi

Um dos políticos mato-grossenses de maior relevân-


cia nacional, grande idealizador da emenda constitucio-
nal (CB 67) conhecida como: emenda Dante de Oliveira
ou emenda das Diretas Já! Foi ministro no governo de
José Sarney.
* 1º Mandato
- Transforma Mato Grosso em grande pólo agroin-
dustrial - Assegura a biodiversidade, promove a integra-
ção regional e internacional, assegura o equilíbrio fiscal
Gov. Blairo Maggi, o rei da soja
- Buscou levar Mato Grosso ao Cenário nacional e - Aos 43 anos Blairo Maggi nasceu em São Miguel
internacional (“vendia” bem o Estado) do Iguaçu, Estado do Paraná. Foi amador de paus em
- Período marcado também por protestos e prisões, Boião, engraxate, formado em Agronomia, Produtor Ru-
situação política e social complicada ral e Empresário;

204 - História de Mato Grosso Curso Preparatório para: Agente/Assistênte Prisional


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- Eleito em primeiro turno com mais de 60% dos votos, Conceito: Empresas metropolitanas que intermedia-
com poucos dias de campanha vam o comércio entre metrópole e colônia
- Toma posse em 2003 pela coligação “Mato Grosso
mais forte” 4.1 – SISTEMAS PRODUTIVOS
- Em campanha apresentou como proposta: Sistemas produtivos, são os períodos em que deter-
- Trabalhar as reformas estruturais do Estado como a minado produto foi importante para a economia de nossa
reforma tributária. região. Em toda a história de Mato Grosso encontramos
- Como político antes de eleito Governador foi Suplente os seguintes sistemas:
e Senador da República por alguns meses;
- Eleito Governador trabalha a transparência
- Trabalha a idéia de valorização de quem produz e o
respeito de quem paga seus impostos;
- Por decreto Governamental, baixou o ICMS da carne,
do arroz e do feijão produzidos de MT;
- Tomou uma medida e racionalizou a Máquina Pública,
reduzindo as despesas e gastos nos setores públicos.
Reduzir a 50% do orçamento os gastos públicos e todas as
Secretarias do Estado.
- Em parceria, vem trabalhando a malha viária Estadual,
para escoamento da Produção Rural.

4.0 – Economia
Mesmo não sendo (“ainda”) território oficialmente
português, Mato Grosso fazia parte da Capitania de São
Paulo, sendo assim todas as políticas aplicadas pela
Metrópole dentro da colônia eram colocadas em prática
também no Mato Grosso.
Tais políticas estavam inseridas no sistema colonial,
que nada mais era que o conjunto de práticas político-
econômicas que refletiam até mesmo na sociedade, den-
4.1.1 – MINERAÇÃO
tre estas práticas podemos citar:
- Pacto-Colonial: Permeava todo o sistema colonial, “Em pó, em pepita ou em grão, só o ouro valia!“
pois era o que defina as relações econômicas entre me- Como já vimos anteriormente, a mineração foi a gran-
trópole e colônia. de responsável pela colonização e urbanização de algu-
mas regiões de Mato Grosso
Características principais:
- Mão-de-obra => 1719 a 1889: negra e nativa
1889 ... : livre
- Extrativismo mineral
- Mercado Externo
- Fiscalização Rígida (Casas de Fundição)
- Altos Impostos
Conceito: podemos conceituar o pacto-colonial de - Ouro de Aluvião (superficial)
várias formas:
- Técnicas de retirada arcaicas: Faiscação e Lavra
- Monopólio comercial da metrópole dentro da sua
colônia - Sociedade: Urbana, tendências matriarcais e clas-
ses sociais
- Conjunto de obrigações devidas pela colônia a sua
metrópole
- Companhias de Comércio: mantinha funcionando
todo o sistema colonial, através do “comércio” entre
metrópole e colônia.

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A fiscalização sobre a produção de ouro era extre- - Período dos Engenhos (Séc. XVIII e XIX)
mamente rígida e presente, ou seja os representantes
- Período das Usinas (Séc. XIX e XX)
da Coroa Portuguesa, verificavam de perto toda a movi-
mentação das minas. O principal imposto cobrado pela Período dos Engenhos (Séc. XVIII e XIX)
Metrópole era o Quinto este era cobrado nas Casas de
Características principais do período:
Fundição, local onde o ouro era derretido transformado
em barras e quintado, ou seja, retirava-se 20% como - Mão-de-obra predominantemente escrava negra
imposto. Após este processo o ouro era entregue a Co- (Guiné)
roa, respeitando o Pacto-Colonial.
- produção nômade
Sociedade
- cultivo primitivo, baseado nas cheias e vazantes
dos rios
- consumo interno (abastecimento das regiões aurí-
feras)
Neste momento a cana-de-açúcar e todos os seus
produtos derivados, possuíam uma função econômica
paralela ao da mineração, ou seja, convivia economica-
mente com a extração de ouro e pedras preciosas, for-
necendo não só açúcar, mas também aguardente.
Curiosidades:
- “Nesta sociedade, inicialmente reinava a discórdia Tais produtos possuíam uma importância impar para
e a ambição. Campeava o assassinato, o roubo e toda a população garimpeira, servindo de remédio e fonte de
sorte de crimes. O bandeirante aventureiro, sem qual- energia (glicose e sacarose) devido a dificuldade de se
quer instrução, agia somente em proveito próprio, dando conseguir alimentos de outras regiões.
asas à ganância e cometendo as maiores atrocidades
Logo a produção se alastrou por toda a região de
para conseguir um punhado de ouro ou uma curva do
Chapada dos Guimarães, Poconé, Livramento e Cáce-
córrego para batear”
res (aproveitando as margens dos rios) na metade do
- “ O ouro corria livre. Era o padrão monetário oficial século XVIII, a província mato-grossense possuía 19 en-
do lugarejo. Só com ele, a preços absurdos, comprava-
genhos.
se o peixe e o charque, o sal e a pólvora, a roupas e as
armas. Com ele alugavam-se ou compravam-se as mi- Os engenhos eram construções simples, com tec-
seráveis palhoças que proliferavam córrego abaixo. Seu nologia rudimentar, construídos com madeira e movidos
peso era o fiel da balança para aquisição de um escra- a forca animal e em alguns casos hidráulica.
vo, índio, negro ou pardo, e ainda, com ele negociava-se
a companheira para servir ao senhor e ao mesmo tempo Período das Usinas (Séc. XIX e XX)
continuar sua prole.” Características principais do período:
Costa e Silva, Paulo Pitaluga. Casas de Fundição - Mão-de-obra escrava e livre
em Mato Grosso. Cuiabá. 1977.
- cultivo sistematizado e extensivo
- Entre 1825 e 1833, as Casas de Fundição, passa-
ram a cunhar moedas de cobre no valor de 20 réis, 40 - consumo interno e externo
réis e 80 réis. A expansão do mercado consumidor, devido a aber-
- Em 1831, a cunhagem de moedas começou a ser tura da navegação pelos rios da bacia platina, fez com
centralizada no Rio de Janeiro (Criação da Casa da Mo- que as possibilidades de produzir açúcar para exporta-
eda) ção aumentassem sobre maneira, mas havia um proble-
- Em 1833, foram encerrados os trabalhos da Casa ma: o açúcar mato-grossense não possuía qualidade
de Fundição de Cuiabá . suficiente para atender o mercado europeu. O açúcar
- No longo do tempo em que as Casas de Fundição deveria ser refinado e de boa qualidade, diferentemente
cunharam moedas (1825 a 1833), estas atenderam prin- do famoso e batizado “potó”.
cipalmente os interesses do governo, sendo uma verda-
Isto obrigou os antigos senhores de engenho a bus-
deira máquina de fazer dinheiro, sendo utilizada para
pagar dividas públicas, salários e soldos. car tecnologia estrangeira para fabricar o produto dese-
jado pelos europeus, surgiam assim as usinas de açú-
4.1.2 – Cana-de-Açúcar car.
Trazido pelo Vice-Rei das Índias, Martin Afonso de O dia a dia nas usinas
Souza, a cana-de-açúcar, foi o primeiro produto siste-
maticamente plantado no Brasil. O período da safra era entre maio e novembro, dias
No caso do ciclo econômico cana, na região do Mato difíceis de muito trabalho, podemos identificar os perso-
Grosso, teremos dois períodos distintos: nagens das usinas as seguinte forma:

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- Camaradas: trabalhadores que se dedicavam as 4.1.3 – Erva Mate


tarefas mais duras e pesadas, construíam suas próprias
casas e cuidavam se sua alimentação (quebra-torto).
- Operários: trabalhavam diretamente nas fábricas,
costumavam a trabalhar muito cedo (madrugada) e tam-
bém se utilizavam do quebra-torto
- Encarregado da fazenda: responsável pelo gado e
sub-produtos
- Encarregado do armazém: responsável pelo comér-
cio
- Encarregado do depósito: responsável pelo arma-
zenamento da produção
- Guarda-livros: era o contador, cuidava das finanças
das usinas
- Chefe da Fábrica: direção da Casa de Máquinas
- Encarregado Geral: gerencia a usina como um todo O ciclo da erva mate, verificado entre os anos de
1882 até 1947, foi o grande responsável pelo desenvolvi-
- Coronel: proprietário da fazenda e da usina, utiliza-
mento e povoamento do Estado.
va-se da violência para fazer cumprir todas as suas or-
dens, criando até mesmo um código de leis, que ele  Segundo consta do relato de alguns historiadores,
mesmo estipulava. em 24 de dezembro de 1879, Thomaz Laranjeira enviou
uma carta ao “Governo de Cuiabá”, informando que que-
Curiosidades:
ria arrendar terras de ervais.
- A Metrópole não via com bons olhos, o fornecimen-
 Num primeiro momento, mais precisamente em de-
to de aguardente na região, acreditando ser este produto zembro de 1882, através do Decreto 8.799, o Imperador
fator principal para uma diminuição da produção aurífera concedeu permissão a Thomaz Laranjeira para colher
da região. Em 1735, o Conde de Sarzedas, governador “herva-matte”.
da capitania de São Paulo, ordenou a destruição de to-
 Posteriormente, em junho de 1890, o Chefe do Go-
dos os engenhos de cana-de-açúcar das regiões das
verno Provisório da República editou o Decreto 520 e
minas de Cuiabá, sendo que não teve sucesso.
ampliou a concessão, autorizando a exploração da “Her-
- O açúcar produzido em nossa região era conheci- va-Matte” no Estado de Mato Grosso.
do como “potó”, de cor escura e pouco solúvel (masca-
 Para melhor ilustrar o documento citado e a preocu-
vo), este abastecia somente a baixada cuiabana e adja-
pação dos Governantes à época, destacamos a redação
cência
utilizada no decreto:
- quebra-torto, era uma alimentação completa, ou seja  ”...O Marechal Manoel Teodoro da Fonseca, Chefe
era como se fosse um almoço realizado no final da ma- do Governo Provisório da República dos Estados Uni-
drugada, justamente para que o trabalhador pudesse dos do Brazil, constituído pelo Exército e Armada, em
suportar o duro trabalho. nome da Nação, atendendo à conveniência não só de
- Atualmente a Fazenda Ressaca, onde operava a promover o desenvolvimento da indústria extrativa de
Usina da Ressava, é um moderno centro de criação de produtos florestais de Mato Grosso, como de aumentar
gado, trabalhando inclusive com tecnologia de biologia a renda pública, resolve conceder permissão ao cidadão
genética para melhoramento de raça, pertencente à Gren- Thomaz Laranjeira para a exploração de erva mate em
dene S.A.. Mas, desde 1902 até 1967 a Fazenda Res- terrenos devolutos ...”
saca funcionou como usina de açúcar e aguardente,  Deste trecho, devemos destacar três característi-
produzindo 3.500 sacas de açúcar e 100.000 litros de cas que definem os objetivos da concessão:
aguardente por safra, chegando a ter 27.000 hectares de  1. a concessão foi feita “em nome da Nação”;
área. O empreendimento foi iniciado por D. Francisco
Villanova, em 1872, posteriormente posto a funcionar por 2. a concessão almejava o desenvolvimento da in-
Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, com quem sua dústria extrativa e o aumento da renda pública e, final-
mente:
viúva contraiu núpcias. O prédio da casa de máquinas
da Fazenda Ressaca foi construído em pedra canga la- 3. a concessão era feita em “terras devolutas”.
vrada, com argamassa de areia e cal, e impressiona pela  Este foi um dos primeiros expedientes legislativos
solidez que vence aos anos. de que se tem notícia, tratando especificamente da ex-
Fonte: Jornal A Notícia, ano II, n.º 56, de 18 a 24/08/ ploração de erva mate em terras devolutas do Estado de
2000. Mato Grosso.

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 Não é difícil imaginar as dificuldades e obstáculos 4.1.4 – Poaia (Ipeca)


pelos quais os colonizadores se deparavam a cada dia,
na árdua tarefa de povoar nosso Estado.
 Os relatos nos contam inúmeros casos de doenças
e mortes, houve, por isso, muitas importações de mão-
de- obra.
 O ambiente era selvagem, com animais e insetos
de todas as espécies, razão pela qual só o arrojado, o
forte se ambientava.
 Se estávamos diante de uma região despovoada,
então, de onde vieram esses peões e por quê?
 ”Vieram, quase todos da República do Paraguai, em
dezenas e dezenas de levas, porque não estava com-
pensando o pagamento, na zona ervateira, guarani...”
 Mas não foram somente os paraguaios!
 No início da “fabricação da erva”, era comum ver-se,
changadores, aqueles que vivem de pequenos trabalhos
de conclusão rápida, trabalhando em ranchadas ervatei-
ras.
 Nesta época, também segundo os historiadores,
durante longos anos duas tribos de índios percorriam a
fronteira Brasil-Paraguai: Teís e Caiuás.
 Eram denominados índios errantes (nômades), pois A poaia passou a ter uma importância econômica
jamais levantavam aldeias definitivas. em meados do Século XIX, quando começou a ser ex-
 Nada de absurdo encontramos nesta afirmação, uma portada para Europa. Dessa planta nativa de Mato Gros-
vez que estas tribos varavam ermos de mais de 600 lé- so, Bahia, Espírito Santo e Pará, eram aproveitadas as
guas, tão somente para descobrirem novas paragens.   suas raízes para fabricação de medicamentos na Euro-
A tribo errante dos Teís faz parte da história do mate, pa.
sem nenhuma dúvida, pois jamais foi de se fixar, mas o Em Mato Grosso, as matas de poaia localizavam-se
pouco que parava – no caso da elaboração do mate, por nas bacias dos rios Paraguai e Guaporé. Nos livros de
exemplo, contribuía para a produção. plantas medicinais brasileiras a Cephaeles lpecapuanha
 Os anos de 1882 e 1937 delimitam então o chama- é assim classificada: ‘família das rubiácias, é um arbus-
do ciclo da erva mate em Mato Grosso, sendo 1882 o to que atinge em média 35 cm de altura, tem folhas ovais
início, o apogeu na década de 20 e o declínio em 1937. opostas, deformas lanceoladas, verdes; flores brancas
 A erva mate em Mato Grosso era nativa em vasta pequeninas, encontradas em meio a mata cerrada; po-
região, os ervais estendiam-se desde a foz do rio Pardo pular-mente conhecida como Ipeca, Ipecacuanha ou
no Rio Paraná, por este até Sete Quedas, percorrendo a Poaia’.
linha de fronteira com o Paraguai até Ponta Porã, e pela
serra de Maracajú até os limites atuais do Município de Para a exploração da poaia eram feitos arrendamen-
Sidrolândia, daí pelo rio Pardo até sua foz, no Rio Para- tos através de empresas de capital estrangeiro ou naci-
ná. onal. No interior da mata instalavam-se as feitorias, bar-
 Percebe-se que a extensão dos ervais cobria prati- racões e ranchos de palha que serviam de depósito de
camente todo a Região Sul do Estado, fronteira com o mantimentos e da poaia e também de moradia para os
Paraguai. poaeiros.
  Mas a época da extração foi terminando. Os trabalhadores eram contratados nas cidades, por
  Com o fim da concessão outorgada e o cancela- empresas, para fazerem a extração das raízes e o salá-
mento do contrato de exploração, no final dos anos 40, rio pago era correspondente à quantidade de poaia ex-
houve a liberação de mais de 2 milhões de hectares de traída. Como era aproveitada somente a raiz, era neces-
terras do patrimônio do Estado. sário arrancar a planta, portanto, o período propício para
 Foi a liberação desta área que trouxe o seu des- sua extração era o das chuvas; nos outros meses o tra-
membramento em milhares de títulos e na formação dos balhador deveria se autosustentar, então, retornava para
núcleos de povoadores, que se transformaram atualmente a cidade na busca de sua sobrevivência.
em mais de 20 municípios da parte sul de Mato Grosso
Assim que o trabalhador era contratado verbalmen-
(hoje Mato Grosso do Sul)

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te, ele recebia como instrumentos de trabalho o sapicuá 4.1.6 – Pecuária


(recipiente de couro ou lona para transportar as raízes e
Primeiramente, o crescimento da pecuária foi res-
ferramentas de trabalho) e o saraquá (instrumento usa-
ponsável pelo abastecimento interno da capitania de Mato
do para retirar as raízes do solo). O poaeiro recebia tam-
Grosso, ainda no transcurso do século XVIII, propiciado
bém uma certa quantidade de alimentos. Esses materi-
pelas condições naturais, como terras e pastos em abun-
ais eram descontados em valor monetário no acerto do
pagamento, gerando uma dependência do trabalhador dância.
para com a empresa. Já na segunda metade do século XIX, a criação de
Curiosidades: gado atendia inclusive parte do mercado internacional.
Várias charqueadas iriam proliferar em algumas regiões
- Os poaeiros extraiam a ipeca nos meses de chuva de Mato Grosso, principalmente após o término da Guerra
e retornavam para casa na maioria das vezes doentes do Paraguai (1870). Essas “fazendas” produziam char-
4.1.5 – Borracha que, caldo, extrato de carne, couro, sebo, que eram ex-
portados para a Europa e algumas regiões platinas. Esse
é o momento em que ocorre a expansão do capital dos
grandes centros capitalistas para o restante do mundo.
Em Mato Grosso esse capital chega para promover a
instalação dessas empresas.
A primeira charqueada instalou-se na região de Cá-
ceres -Descalvado -, e seu proprietário era o argentino
Rafael Dei Sar Mais tarde o saladeiro de Descalvado foi
vendido a uma companhia belga, que o transformou em
indústria de extrato de carne. Posteriormente, essa pro-
priedade foi adquirida pela Brazil Land & Casttle Packing
Co., empresa ligada ao sindicato Facquhr (Alemanha).
A produção da pecuária teve seu maior impulso com
a construção da ferrovia Noroeste do Brasil (SP/MT), no
período da Primeira República. Na região sul de Mato
Grosso, várias cidades se formaram a partir da ferrovia,
dentre elas: Três Lagoas, Águas Claras e Ribas do Rio
Pardo; outras tiveram sua população aumentada, como
Campo Grande, Aquidauana e Miranda.
O gado, a partir desse momento, passou a ser trans-
Os seringueiros trabalhadores da extração do látex, portado em pé, do sul de Mato Grosso para a cidade de
eram na maioria nordestinos que fugiam da seca na bus- Bauru, Estado de São Paulo. A seguir, da s um quadro
ca de melhores condições de vida. Estes acabavam en- demonstrativo da quantidade de reses existentes por
contrando uma mata hostil um exaustivo trabalho, ad- município de Mato Grosso, nas primeiras décadas do
quiriam a preços elevados alimentos e demais produtos século XX :
necessários a sua sobrevivência no armazém do serin-
galista (proprietário do seringal), este pagava um valor
muito baixo pelas bolas de borracha do seringueiro, que
eram revendidas a preços altos em casas comerciais
Em Mato Grosso o látex era extraído principalmen-
te das Mangabeiras de cor branco-azulado, com o qual
se fabricava borracha de excelente qualidade, estas eram
encontradas as margens dos rios que formam as Bacias
do Rio Paraguai e Amazonas.
A existência da Mangabeira passa a ser relevante no
momento em que Mato Grosso se abriu para o comércio
mundial ( 2ª metade do século XIX).
Uma vez extraídas e rudimentarmente beneficiadas,
essas matérias-primas seguiam para as indústrias naci-
onais e estrangeiras, através do rio Paraguai – estuário Fonte: Elizabeth Madureira SIQUEIRA, O processo
do rio da Prata. histórico de Mato Grosso, p. 77.
Somente com a construção da ferrovia Madeira-Ma- A ferrovia não só impulsionou a produção da pecuá-
moré (século XX) é que a produção da borracha, extraída ria como aumentou o fluxo migratório para Mato Grosso;
da região amazônica e mato-grossense, seguia via porto as terras foram valorizadas, gerando especulação imobi-
de Manaus. liária.

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01) A partir de 1750, com os Tratados de Limites, fixou-se a b) Explique as transformações econômicas que a mine-
área territorial brasileira, com pequenas diferenças em ração provocou no Brasil.
relação a configuração atual. A expansão geográfica
havia rompido os limites impostos pelo Tratado de Tor- 04) O bandeirismo foi uma atividade paulista do século XVI
desilhas. No período colonial, os fatores que mais con- e XVII. Suas expedições podem ser divididas em dois
tribuíram para a referida expansão foram: grandes ciclos:
a) criação de gado no vale de São Francisco e desenvol- a) O dos capitães do mato e de prospecção.
vimento de uma sólida rede urbana.
b) O de expansão das fronteiras e de prospecção.
b) apresamento do indígena e constante procura de ri-
c) Da caça ao índio e o de busca do ouro.
quezas minerais.
d) O dos capitães do mato e de caça ao índio.
c) cultivo de cana-de-açúcar e expansão da pecuária no
Nordeste. e) O de expansão das fronteiras e o de busca do ouro.
d) ação dos donatários das capitanias hereditárias e
05) Em 1694, uma expedição chefiada pelo bandeirante
Guerra dos Emboabas.
Domingos Jorge Velho foi encarregada pelo governo
e) incremento da cultura do algodão e penetração dos
metropolitano de destruir o quilombo de Palmares. Isto
jesuítas no Maranhão.
se deu porque
02) Personagem atuante no Brasil colônia, foi “fruto social a) os paulistas, excluídos do circuito da produção colo-
de uma região marginalizada, de escassos recursos nial centrada no Nordeste, queriam aí estabelecer
materiais e de vida econômica restrita (...)”, teve suas pontos de comércio, sendo impedidos pelos quilom-
ações orientadas “ou no sentido de tirar o máximo pro-
bos.
veito das brechas que a economia colonial eventual-
mente oferecia para a efetivação de lucros rápidos e b) os paulistas tinham prática na perseguição de índios,
passageiros em conjunturas favoráveis - como no caso os quais aliados aos negros de Palmares ameaça-
da caça ao índio - ou no sentido de buscar alternativas vam o governo com movimentos milenaristas.
econômicas fora dos quadro da agricultura voltada para c) o quilombo desestabilizava o grande contingente es-
o mercado externo (...)”. cravo existente no Nordeste, ameaçando a continui-
Carlos Henrique Davidoff, 1982. dade da produção açucareira e da dominação coloni-
O personagem e a região a que o texto se refere são, al.
respectivamente: d) os senhores de engenho temiam que os quilombolas,
a) o jesuíta e a província Cisplatina. que haviam atraído brancos e mestiços pobres, orga-
b) o tropeiro e o vale do Paraíba. nizassem um movimento de independência da colô-
c) o caipira e o interior paulista. nia.

d) o bandeirante e a província de São Paulo. e) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os


e) o caiçara e o litoral baiano. colonos à revolta contra a metrópole visando trazer
novamente o Nordeste para o domínio holandês.
03) Comentando a Guerra dos Emboabas (1709), o histori-
ador Antônio Sérgio escreveu: 06) O Brasil estava sob domínio ibérico de 1580 a 1640.
Neste período os criadores de gado e os bandeirantes,
“Cedo no Brasil se buscaram as minas. Para isso se
que buscavam metais e pedras preciosas, atravessa-
organizavam expedições (bandeiras) que se internavam pelo
sertão. Enfim, a descoberta fez-se e a notícia atraiu muita ram a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas, incor-
gente. Os habitantes de São Paulo consideravam como porando ao território brasileiro:
inimigos todos os que pretendiam, como eles, enriquecer a) Minas Gerais, Amazonas e Pará
com o ouro”.
b) Ceará, Piauí e Alagoas
(adaptado de Antônio Sérgio, BREVE INTERPRETA-
c) Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso
ÇÃO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL)
d) Maranhão, Pernambuco e Bahia
a) Quem eram os emboabas e por que os paulistas en-
traram em guerra contra eles? e) Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina

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07) Os Bandeirantes paulistas foram responsáveis pela in- c) a instalação de manufaturas e a suspensão dos im-
teriorização e expansão do projeto colonial português. postos sobre as riquezas.
Suas expedições visavam ao aprisionamento de índi-
d) a conversão agrícola da economia e o esvaziamento
os, com a finalidade de transformá-los em mão-de-obra
demográfico da província.
escrava, e a metais preciosos para seu enriquecimento
pessoal ou da Coroa portuguesa. e) a interrupção da exploração do ouro e a decadência
a) Diga como eram chamadas as expedições conduzi- das cidades.
das pelos bandeirantes.
11) As Bandeiras utilizaram amplamente os rios para pene-
b) Apresente pontos de divergência, presentes na Histo- trar no território brasileiro e atingir regiões distantes do
riografia Brasileira, a respeito da ação dos Bandei-
litoral. Entre suas funções, é possível afirmar que
rantes.
a) estavam intimamente ligadas ao tráfico negreiro e bus-
08) Qual destas definições expressa melhor o que foram cavam o interior para vender escravas africanos para
as Bandeiras? aldeias indígenas.
a) Expedições financiadas pela Coroa que se propunham b) opunham-se às tentativas de catequização de índios
exclusivamente a descobrir metais e pedras precio-
pelos jesuítas por considerar os índios destituídos de
sas
alma.
b) Movimento de fundo catequético, liderados pelos je-
c) Procuravam, a mando da metrópole Portuguesa. Pe-
suítas para a formação de uma nação indígena cristã
dras e metais preciosos no interior do Brasil e no
c) Expedições particulares que apresavam os índios e
leito dos rios que navegavam.
procuravam metais e pedras preciosas
d) Empresas organizadas com o objetivo de conquistar d) fundavam cidades ao longo dos rios e dos caminhos
as áreas litorâneas e ribeirinhas que percorriam e garantiam, posteriormente, seu abas-
e) Incursões de portugueses para atrair tribos indígenas tecimento de alimentos.
para serem catequizadas pelos jesuítas e) eram contratadas, por senhores de terras, para per-
seguir escravos fugitivos e destruir quilombos.
09) Podemos afirmar sobre o período da mineração no Bra-
sil que 12) A descoberta do ouro, no final do século XVII e século
a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros XVIII, alterou o caráter da colonização brasileira na
de toda espécie, que inviabilizaram a mineração. medida em que:
b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios a) a colonização ficou restrita ao litoral, não gerando gran-
para Portugal. des mudanças administrativas.
c) a mineração deu origem a uma classe média urbana
b) resultou na interiorização da colonização e na entrada
que teve papel decisivo na independência do Brasil.
maciça de colonos, surgindo uma sociedade urbana
d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou
e um mercado interno.
sua exploração.
c) o ouro, rigidamente controlado em sua exploração,
e) a mineração contribuiu para interligar as várias regi-
não foi alvo de contrabando.
ões do Brasil, e foi fator de diferenciação da socieda-
de. d) Portugal equilibrou sua balança de pagamentos, liber-
tando-se da dependência econômica inglesa.
10) “Já se verificando nesta época a diminuição dos produ-
e) o trabalho escravo foi suplantado pelo trabalho livre,
tos das Minas, viu-se o capitão Bom Jardim obrigado a
voltar suas vistas para a agricultura (...) Seus vizinhos desenvolvendo-se também as manufaturas com a pro-
teriam feito melhor se tivessem seguido exemplo tão teção do governo colonial.
louvável em vez de desertar o país, quando o ouro de-
13) Sobre o período da mineração em MT, julgue os itens.
sapareceu.” (John Mawe. Viagens ao Interior do Brasil,
principalmente aos Distritos do Ouro e Diamantes.) (0) O ouro de aluvião foi descoberto pela bandeira de
Segundo as observações do viajante inglês, os efeitos Antônio Pires de Campos em 1719, na região do rio
imediatos da decadência da extração aurífera em Mi- Coxipó, onde se formou o Arraial da Forquilha.
nas Gerais foram
(1) O Arraial de Cuiabá surgiu em decorrência do desco-
a) a esterilização do solo mineiro e a queda da produção brimento do ouro por Miguel Sutil na região da prai-
agropecuária.
nha, e este passa a administrá-lo com o cargo de
b) a crise econômica e a consolidação do poder político
Guarda-Mor Regente.
das antigas elites mineiras.

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(2) Monções de abastecimento eram expedições, que (2) Entre as atividades econômicas desenvolvidas na
geralmente partiam da Capitania de São Vicente, cujo época, a extração da borracha era atrativa devido ao
objetivo era abastecer as regiões mineradoras com mercado externo.
produtos, remédios e escravos. A monção responsá- (3) A presença das autoridades portuguesas impediria o
vel pelo abastecimento das minas de Cuiabá era Com- desenvolvimento de idéias revolucionárias, especial-
panhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. mente abolicionista, muito comuns naquele período.

14) Sobre o papel das monções de abastecimento, julgue 17) Sobre a Capital de MT, Vila Bela, julgue os itens.
os itens. (0) Antônio Rolim de Moura não escolheu Cuiabá como
(0) O povoamento desta distante área colonial foi se efe- sede da Capital da Capitania de MT, apesar de ser
tivando através de um intenso fluxo migratório em di- uma vila povoada e estruturada, porque estratégica-
reção às minas cuiabanas. Nesse período as mon- mente a nova sede deveria se situar na zona de mai-
ções tiveram importante papel pois traziam para esta or litígio com o Império Espanhol, ou seja, na região
região um grande contingente populacional. do Alto Guaporé.
(1) Foi através do tráfico monçoeiro que os núcleos mi- (1) Fundada em 1752, Vila Bela, a primeira capital de
neradores foram abastecidos com todas as espécies MT, recebeu muitos colonos, estimulados pela isen-
de mercadorias, medicamentos, escravos e ferramen- ção de impostos oferecidos pelo governo.
tas de trabalho. (2) Vila Bela rapidamente tornou-se auto-suficiente, com
(2) O trajeto utilizado pelas monções não trazia grandes uma rica agricultura e um intenso comércio local.
dificuldades o que fazia com que seus produtos fos- (3) Para abastecer a nova capital foi criada pela metró-
sem de fácil aquisição. pole a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Ma-
(3) Trouxe como conseqüência a valorização do ouro das ranhão, que partia diretamente da capitania de São
minas, a partir do momento que somente aceitavam Vicente.
este como pagamento pelos seus produtos.
18) “Viva a Constituição brasileira
15) Sobre a administração colonial das minas cuiabanas, Viva D. Pedro II
julgue os itens. Morram os bicudos pés de chumbo”
(0) Rodrigo César de Menezes pretendia passar a residir Os gritos dos revoltosos ecoavam pelas ruas.... “Na
em Cuiabá objetivando verificar, pessoalmente a real escuridão da noite apenas se ouvia o barulho dos
situação das minas, tanto no aspecto referente à ar-
machados e das alavancas arrombando portas...”
recadação dos impostos pertencentes à Coroa Por-
Os trechos acima fazem referência à “Rusga”, movimento
tuguesa como também desejava implantar um novo
político-social que eclodiu em 30 de maio de 1834, em
aparato fiscal na região.
Cuiabá.
(1) Durante sua administração criou-se o quinto, Cuiabá
Assinale a alternativa que caracteriza corretamente essa
foi elevada à categoria de Vila, o comércio e o índice
populacional cresceram grandemente. rebelião:

(2) Apesar da rígida imposição fiscal, a Metrópole portu- (A) liderada por negros libertos e brancos pobres,
guesa tardou a chegar a esta região, ocasionando influenciada pelo ideário positivista, a revolta exigia a
um grande acúmulo de ouro entre os mineradores. imediata abolição da escravidão e o congelamento dos
preços de aluguéis e alimentos;
16) (UFMT/99) Em 1998 estão sendo comemorados os 250
anos da criação da Capitania de MT. Identifique alguma (B) representou os interesses dos partidários da Junta
das razões dessa medida da Coroa Portuguesa, jul- Governativa de Vila Bela que promoveram a separação
gando os itens. da região do resto do Brasil, pois não aceitavam a
(0) A descoberta do prata no Rio Guaporé poderia atrair a independência proclamada por D. Pedro I;
atenção dos colonos espanhóis e então ameaçar os (C) articulado pela Sociedade dos Zelosos da Indepen-
interesses lusitanos. dência, o movimento tinha, inicialmente, objetivos
(1) O povoamento do extremo oeste da colônia deveria políticos moderados, mas assumiu um caráter vio-
ser garantido e facilitado com a instalação de um lento na medida em que grupos radicais exigiam a
aparato político-militar. expulsão dos portugueses;

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(D) obteve grande apoio das camadas médias urbanas e b. Os índios aliados auxiliaram os paulistas como
da burguesia manufatureira que, influenciadas pelo guias nas viagens, uma vez que dominavam as
liberalismo, defendiam a imediata proclamação da melhores rotas a percorrer, identificavam as ca-
República; choeiras, suas transposições e os varadouros.
(E) refletiu a ação do Partido Brasileiro, pois os proprie-
c. Esse sistema era feito duas vezes ao ano e a
tários rurais de Mato Grosso defendiam o fortaleci-
viagem durava de quatro a seis meses, dependen-
mento do poder imperial, contrariando a orientação
federalista do Nordeste. do do volume das águas.
d. As monções que se dirigiam de São Paulo para
19) Mato Grosso percorriam um único roteiro, saindo
“... uma das grandes tarefas assumidas por todos os de Porto Feliz, seguindo pelos rios Tietê, Grande,
Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e
governos republicanos, desde a Proclamação, foi a de
produzir a unificação territorial e cultural do país e de seu Cuiabá.
povo... e. Os produtos agrícolas, de primeira necessidade,
Assim, um verdadeiro arsenal de políticas públicas foi como o feijão, a mandioca, a farinha de mandio-
sendo mobilizado, ao longo do período republicano, para ca, a cachaça e o açúcar eram produzidos em
que o arquipélago se transformasse em continente ou, como localidades próximas a Cuiabá. Tudo o mais de que
queriam alguns, para que o Brasil efetivamente deixasse os mineradores necessitavam, chegavam das capi-
de ser um gigante adormecido, e acordasse para o futuro.” tanias de São Paulo ou do Grão-Pará.
(FREIRE, A. et al.(coord.), A República no Brasil.
21) Quanto à Rusga, revolta que se desenvolveu em
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.)
Mato Grosso durante a Regência, pode-se afirmar.
Uma das políticas públicas republicanas empreendidas
com o objetivo de promover a integração e o desenvolvi- a. Foi composta majoritariamente pelos Caramurus,
mento do estado de Mato Grosso foi: grupo político que desejava o retorno de Dom
(A) a formação de várias colônias de imigrantes na parte Pedro I e a volta do Brasil à condição de colônia.
norte do estado com o objetivo de absorver o grande b. Havia uma forte articulação dos revoltosos com
con ingente de japoneses chegados ao Brasil no pe- movimentos semelhantes que se desenvolviam no
ríodo pós-Segunda Guerra; Pará, na Bahia e no Rio Grande do Sul.
(B) a criação de várias empresas de navegação fluvial, c. Foi um movimento popular, tendo sido plural em
subvencionadas pelo Governo Federal, com o objeti- suas reivindicações, como a defesa da abolição
vo de promover a integração do estado com o resto
da escravatura.
do país, conforme previsto no Plano de Metas elabo-
rado para o Governo Juscelino Kubitscheck; d. Os liberais radicais, liderados por Poupino Caldas,
(C) a instalação de um pólo siderúrgico no extremo nor- desejavam, com a Rusga, expulsar da província e
te, com ampla participação do capital estaduniden- exterminar o poder dos grandes comerciantes,
se, para promover o desenvolvimento da indústria de proprietários de terras e de escravos.
base no país, meta prioritária do Governo de Getúlio e. Foi organizada pela Sociedade dos Zelosos da
Vargas; Independência, composta por elementos da elite bu-
(D) a aplicação, na década de 70, de uma política de rocrática, profissionais liberais e componentes da
ocupação e desenvolvimento através da instalação Guarda Nacional.
de núcleos de colonos à beira de rodovias conforme
previa o Plano de Integração Nacional; 22) Nas primeiras duas décadas da República em Mato
(E) a desapropriação, na década de 40, de antigas fa- Grosso, ocorreram intensas disputas políticas, tendo
zendas de cana-de-açúcar, para promover a reforma
agrária através da concessão de lotes de terra aos como marca o fenômeno do coronelismo. É caracte-
retirantes nordestinos, que deveriam desenvolver uma rístico desse processo.
agricultura alimentar voltada para o mercado externo. a. Ausência de violência nas disputas políticas e solu-
ção das divergências por intermédio de acordos e
20) Ao sistema de abastecimento e de transporte de pes- alianças.
soas, implementado através dos rios, que se dirigi-
am a Mato Grosso no período colonial, deu-se o nome b. Em Mato Grosso o poder e influência das oligar-
de Monções. quias estavam concentradas nas mãos de diver-
Em relação a esse sistema, é incorreto afirmar. sas famílias, que ora se uniam, ora se separavam, de
acordo com seus interesses.
a. Os varadouros eram partes do trajeto, em que as
canoas e as bagagens eram carregadas no ombro c. O poder das oligarquias e dos coronéis foi
dos índios ou dos africanos, atravessando tre- obstáculo para que os governantes pudessem levar
chos de terra, localizados entre as cabeceiras dos a contento os seus projetos, uma vez que esses
rios navegados. se negavam a afirmar alianças e compromissos.

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d. As disputas entre o comerciante Generoso Ponce
e o usineiro Totó Paes, foram marcadas pela
cordialidade e alto nível, chegando sempre a um
entendimento aceito por todos.
e. A ascensão de Dom Aquino Corrêa ao governo de
Mato Grosso significou o predomínio de uma das
frações oligárquicas na disputa conhecida como
“Caetanada”.

23) Em relação à história do movimento que levou ao


processo de divisão do Estado de Mato Grosso, é
correto afirmar.
a. A divisão do Estado de Mato Grosso e a criação
do Estado de Mato Grosso do Sul foram resultado
de um processo democrático desenvolvido durante
o governo do general Ernesto Geisel.
b. Antes da decisão do presidente Ernesto Geisel,
de dividir o Estado de Mato Grosso essa questão
não havia sido objeto de debates, ações e dispu-
tas entre lideranças políticas das regiões sul e norte
do Estado.
c. Essa cisão territorial representou a concretização
de lutas históricas, defendidas por lideranças polí-
ticas do sul de Mato Grosso, que remontam ao
final do século XIX.
d. A divisão não foi um processo tranqüilo porque as
lideranças políticas de Cuiabá e Campo Grande
tinham interesses e objetivos comuns.
e. Os dois Estados, resultantes da divisão, tiveram
seu desenvolvimento econômico e populacional
comprometidos por aquele processo.

GABARITO 12) Resolução: O ciclo da mineração, sucedendo ao ciclo


01) B do açúcar na economia colonial brasileira, alterou certas
características da estrutura socioeconômica do Brasil. Claro
02) D
que, com o fim do ciclo minerador e o advento do Renasci-
03) a) Forasteiros (portugueses) mento Agrícola, características como a urbanização perde-
b) Urbanização, estratificação social, fluxo imigrante, trans- ram muito de sua ênfase.
ferência do reino econômico do nordeste para o centro-sul, Resposta: C
etc.
13) F-F-F
04) C
14) V-V-F-F
05) C
15) V-F-F
06) C
16) F-V-F-F
07) a) Entradas ou bandeiras.
17) V-F-F-F
b) Para muitos são vistos como heróis que desbravaram os
18) C
sertões, para outros homens movidos pela cobiça e ganân-
cia de enriquecimento. 19) D
08) C 20) D
09) E 21) E
10) D 22) B
11) E (gabarito oficial) - Obs.: Há que se levar em conside- 23) C
ração que não era função do bandeirante contratado perse-
guir escravos fugitivos, pois esta atribuição era dos chama-
dos capitães-do-mato.

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