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Aviso e oração dos vingativos

Vocês caçoam do preto da noite


Pensam que com elas, as lâmpadas
Poderão se afastar do escuro
Do lúgrube, do ventoso

Esperam antenos que lumiões fechados


Considerem ao menos rasgar o cortão do breu
Ledo engano, ledo momento, ledo tudo
O preto da noite é fumaça, é bruma, é fundo

Sabem o que os escuros pensam disso?


Eles absorvem teus cérebros, tuas entranhas
Eviscerados neurônios, desnaturadas lâmpadas
Que queimam sangue e cheiram tacanhas

Cabou o breu, caçoou a noite escura


Viraram a abanar as fuças de gozaria
Caiam o chão de risadas, que ecoam fundas
Nas pedras do chão e nas gretas da lua

Esse é o escuro, que não fala, escuta


Escuta o pigarro, o sarro, a pulha
O Caim, o Abel, a abelha, a madeira
Escuta e dá ai, dá em, te dá a morte. Amem.

Entendam que fugir é porcaria, o fundo é mesmo o ponto começo e ponto final.
A fuga das paredes do céu dá em nada e isso, e isso, é pior, o que talvez se
pense de ruim. A pérgola do nosso jardim tem plantas de espinhos e cortá-los
vai sangrar a roseira que brotará feia e tornar-se-á infecunda.

A vingança do escuro é ficar de luz apagada.

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