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Planeamento e Gestão de Instalações Desportivas

José Pedro Sarmento


ÍNDICE

1. Planeamento e Gestão de Instalações 3


2. Organização e Gestão de Pessoal 5
3. Caracterização de Instalações Desportivas 8
3.1. Tipos de Instalação Desportiva 10
Piscinas 10
Campos de Relva Natural 11
Campos de Relva Artificial 11
Recintos Cobertos 12
Recintos ao Ar Livre 12
Postos Náuticos 12
Centros de Estágio 13
4. Gestão de Material Desportivo 14
5. Problemas da Gestão de uma Instalação Desportiva 17
6. Consultas Úteis 18

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1. PLANEAMENTO E GESTÃO DE INSTALAÇÕES DESPORTIVAS

Introdução
A melhoria do nível de vida na Europa Ocidental tem sido caracterizada, entre muitos indicadores, por
um enorme aumento da oferta desportiva aos cidadãos. Este aumento é evidente num cada vez maior e
melhor parque de instalações desportivas disponíveis.
A qualidade e complexidade atingidas exigem um esforço de formação cada vez mais consistente e
diversificado dos técnicos responsáveis pela sua gestão e funcionalidade.
Serei um gestor desportivo?

Actividades principais
. Planear
. Construir
. Gerir.

Planear
. Detectar oportunidades
. Executar estudos de pré-viabilidade
. Estudar os produtos a oferecer
. Conhecer o mercado
. Promover estudos técnicos (localização, engenharia e arquitectura)
. Identificação dos recursos necessários (qualificações e competências, físicos e financeiros)

Construir
. Definição dos cadernos de encargos
. Equipas de acompanhamento e desenvolvimento técnico
. Fiscalização da obra

Gerir
. Espaços
. Actividades
. Recursos humanos
. Recursos financeiros
. Enquadramento político

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Realidade Portuguesa
. Não planeamos em rede.
. Não trabalhamos em equipas pluridisciplinares de projectistas
. Não definimos previamente os modelos de gestão
. Cedemos repetidamente:
ao conhecimento empírico
à gestão do imediato
e à ilusão dos resultados a curto prazo.

Consequências
Temos uma oferta de instalações desportivas desequilibrada e desadaptada com a procura, com o tipo de
actividades pretendidas, de fraca qualidade, com pequena capacidade multidisciplinar e quase nula
interactividade.

Necessidades futuras
. Pensar as instalações desportivas de uma forma integrada e em rede
. Integrar os gestores nas equipas de projectistas e criar uma nova forma de comunicação entre eles
. Reconhecer o papel fundamental do caderno de encargos na definição do que será cada instalação.

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2. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE PESSOAL

Introdução
O acto de organizar corresponde ao assumir do poder e consequentemente à distribuição de competências
e atribuições numa estrutura organizativa.
Gerir pessoas é conseguir manter a motivação entre os membros de forma a que os objectivos da
organização e de cada um dos membros sejam atingidos com os níveis de eficácia pretendidos.

O que é uma organização ?


É um sistema interactivo de pessoas, acções, funções, cargos, relações e tarefas através do qual uma
organização procura atingir os seus objectivos primordiais.

Situação Actual
As concepções tradicionais sobre a estrutura das organizações baseavam-se em comportamentos fechados
e profundamente defensivos. Actualmente esta área do conhecimento científico encontra-se em
desenvolvimento, essencialmente motivado pelas “Alterações na estrutura do trabalho” e pela
“Revolução da informática”.

Factores primordiais
A interacção com o envolvimento
privilégio do fluxo informativo na dinâmica da organização
As parcerias.

Os Gurus da gestão
. Peter Drucker, evidencia o papel fundamental do elemento humano na performance da organização;
. James Champy, aposta na inovação constante como forma de sobrevivência de qualquer organização;
. Michael Hammer, defende o risco como o factor fundamental do sucesso;
. Charles Handy, realça a importância do sentimento de identificação dos elementos com a organização;
. Henry Mintzberg, fala-nos da importância da definição prévia da forma da uma estrutura de
organizativa.

Mecanismos de coordenação segundo Mintzberg.


Ajuste mútuo - Tem por base o simples processo de comunicação verbal
Supervisão directa - Estabelece-se a partir da responsabilização de um elemento pelo trabalho
desenvolvido por um grupo
Estandardização pelo processo de trabalho - É com base no conteúdo do trabalho que a coordenação é
especificada e programada
Estandardização pelos resultados - A coordenação realiza-se em função das características dos produtos

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Estandardização pela qualificação do pessoal - Neste caso os eixos de coordenação estão dependentes da
formação dos elementos
Ajuste mútuo - Retoma a comunicação verbal mas a um nível de complexidade superior

Construção dos quadros de pessoal


. Definição das tarefas
. Distribuição das competências
. Abertura de concursos
. Selecção dos candidatos

Objectivos da Gestão de Pessoal


. Criar um bom clima dentro de uma organização
. Permitir o atingir dos objectivos de cada membro
. Manter o entusiasmo e a motivação
. Superar as situações de impaciência e frustração
. Desenvolver o prazer de identificação com a organização

Objectivos individuais dos membros de uma organização


. Bem estar social
. Estabilidade no emprego
. Possibilidades de promoção
. Condições de trabalho
. Segurança na reforma
. Vencimentos

Factores de diferenciação:
. Sexo
. Formação
. Disponibilidade

Factores de individualização
. Capacidade de decisão
. Sistemas de comunicação
. Sistemas de recompensa e punição

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3. CARACTERIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES DESPORTIVAS

Introdução
. Classificação das instalações desportivas
. Tipologia das instalações desportivas
. Dimensionamento das instalações desportivas
. Determinação da localização
. Natureza dos equipamentos
. Factores de gestão

Classificação das instalações desportivas


Segundo o Atlas Desportivo Nacional de 1985
Recinto desportivo - é toda a área de prática desportiva (campo de ténis ou de basquetebol)
Instalação desportiva - é todo o recinto ou conjunto de recintos do mesmo tipo com anexos funcionais
(balneários e arrecadações), tipo pavilhão de uma escola
Complexo desportivo - conjunto de instalações ou recintos desportivos de diversos tipos (Estádio
Universitário)
Complexo integrado - complexo desportivo complementado por outro tipo de estruturas como zonas
comerciais e serviços médicos (Estádio das Antas)

Tipologia das instalações desportivas


Grandes jogos - Instalações de ar livre que se destinam à prática de modalidades como o Futebol, Hóquei
e Rugby. Possuem dimensões sempre superiores a 90x45m e os pisos podem ser relvados naturais e
artificiais (de areia ou de água) ou pelados
Pequenos jogos - Instalações de ar livre que se destina à prática do Andebol, Basquetebol, Patinagem,
Ténis e Futebol de Salão ou Futsal, áreas de piso muito diversificado com dimensões aproximadas de
40x20 metros
Salas ou naves de desporto - Instalações cobertas para a prática das mais diversas modalidades com
dimensões superiores aos 40x20 metros
Pistas de atletismo - Pistas em piso sintético com número variável de corredores
Piscinas - Existem piscinas cobertas e descobertas para competição, ensino e recreação. As primeiras
poderão ter medidas entre os 50X25 e os 25X12,5 metros com profundidades variáveis

Dimensionamento das instalações desportivas


. Em função do número e tipo de utilizadores
. Em função da frequência e tipo de actividades
. Em função de estratégias de desenvolvimento

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Determinação da localização
. Proximidade de zonas residenciais
. Proximidade de zonas escolares
. Proximidade de zonas de lazer
. Proximidade de áreas laborais
. Complementaridade com outros equipamentos sociais

Natureza dos equipamentos


. Naturais ou artificiais
. Cobertos ou de ar livre

Factores de gestão
. Número e tipo de utilizadores
. Tipos de prática desportiva:
. Formal, informal ou recreativa.
. Horários de funcionamento
. Recursos humanos disponíveis
. Tecnologia existente
. Meios financeiros
. Condições para o público

3.1 TIPOS DE INSTALAÇÃO

Piscinas
. Cobertas e descobertas
. De competição, de lazer e mistas.
. Olímpicas, de 50 metros, de 25 metros e de 16 metros

Sistemas de funcionamento de uma Piscina


. Sistema de circulação de água
. Sistema de tratamento químico da água
. Sistema de aquecimento de água
. Sistema de aquecimento e refrigeração do ambiente

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Áreas da Piscina
. Pé descalço e pé calçado
. Área técnica
. Balneários
. Recepção
. Área administrativa

Actual conceito de Piscina


. Sistema integrado e interactivo de actividades
Actividades aquáticas:
Formativas, treino e recreativas
Carácter individual, colectivo e familiar
. Actividades complementares:
Jacuzi, saunas húmidas e secas, solários, salas de aeróbica e de musculação
Actividades comerciais:
. Bares, lojas de desporto, gabinetes médicos, etc

Campos de Relva Natural


. Custo muito elevado:
de construção
de manutenção
. Reduzida utilização diária

Principais cuidados
. Capacidade de absorção de água
. Escoamento de águas pluviais
. Sistema de rega
. Compactação
. Corte
. Tratamento

Campos de relva artificial


água e areia
. Custo muito elevado de construção
. Grande utilização diária
. Custos muito pequenos de manutenção

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Principais cuidados
. Limpeza
. Rega
. Escoamento de águas fluviais
. Reposição de areia

Recintos Cobertos
. Naves Desportivas
. Polivalentes
. Ginásios
. Salas de Artes Marciais
. Salas de Armas
. Salas de Musculação
. Campos de Squash

Principais cuidados:
. Limpeza
. Manutenção das características do piso
. Climatização
. Iluminação

Recintos ao Ar Livre
. Polivalentes exteriores
. Campos de Ténis:
Campos de terra batida
Campos de relva artificial (areia)
Campos de piso rápido (sintético e betuminoso)
. Campos de Futebol de terra batida

Principais cuidados:
. Limpeza
. Escoamento das águas
. Manutenção das características do piso

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Postos Náuticos
. Vela
. Remo
. Canoagem
. Motonaútica

Centros de Estágio
. Alojamento
. Alimentação
. Serviços Administrativos
. Serviços Desportivos
. Instalações Desportivas

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4. GESTÃO DE MATERIAL DESPORTIVO

Gerir material desportivo


Corresponde a um conjunto de operações que se inicia com a selecção das características dos materiais a
adquirir, passando pela sua aquisição, utilização, armazenamento e manutenção.

Selecção do material
Fase de grande complexidade, onde se tenta detectar as necessidades de determinada instalação ou
actividade e se tenta encontrar entre o material disponível no mercado aquele que de acordo com as
disponibilidades existentes garante uma maior qualidade de funcionamento.

Aquisição
Fase em que se opta por uma determinada proposta em função das condicionantes técnicas, económicas,
de garantia, de facilidade de manutenção e prazos de entrega.

Utilização
Rentabilização do investimento através de uma adequada e equilibrada utilização dos materiais, sempre
de acordo com as limitações impostas pelos fabricantes.

Manutenção
Conjunto de acções que evitam a deterioração dos materiais e intervêm quando o estado de conservação
dos mesmos põe em risco os seus possíveis utilizadores.

Manutenção de material desportivo


A rentabilização e a gestão correcta e controlada do material desportivo passa pela existência de um
ficheiro individual ou inventário, que é um elemento dinâmico em constante actualização, desde o
momento de aquisição até ao acto de dar baixa no efectivo.

Dados de um ficheiro individual de material


. Data de aquisição
. Empresa fornecedora
. Características técnicas
. Limitações Técnicas
. Cuidados de limpeza
. Cuidados de manutenção
. Avarias (data, tipo e causa)
. Reparações (data, tipo, entidade responsável e data de entrega)s

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Armazenamento de material desportivo
Quanto melhor armazenado estiver o material, assim se poderá controlar, utilizar e manter durante mais
tempo em bom estado de conservação.

Características do local de armazenamento


. Dimensão adequada ao material.
. Pé direito nunca inferior a 2,50 m
. Portão de acesso adequado.
. Localização no mesmo piso do recinto desportivo
. Ventilação (evitando humidades e alterações rápidas e profundas de temperatura).
. Iluminação
. Segurança
. Boas acessibilidades

Arrumação do material
Disposição de acordo com a utilização
Recurso a armários de prateleiras para materiais pequenos
Armários com rodas para transporte.

Programas regulares de manutenção


O desenvolvimento tecnológico dos materiais e equipamentos utilizados no desporto exige planos de
manutenção muito rigorosos, definidos em conjunto com o fornecedor de forma a especificar todas as
acções de avaliação e intervenção e sua distribuição no tempo, de tal modo que o material não perca a sua
eficácia funcional.

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5. PROBLEMAS DA GESTÃO DE UMA INSTALAÇÃO DESPORTIVA

Relações Públicas
Sector que pretende desenvolver as acções de apoio a todos os intervenientes directos (jogadores e
técnicos) e indirectos (espectadores, jornalistas, dirigentes, agentes diversos e público em geral). Neste
âmbito ganha importância decisiva, o tipo, a quantidade e a qualidade dos meios disponíveis aos serviços
de atendimento geral e específico dos diferentes grupos.

Segurança
Esta área corresponde não apenas ao controlo dos diversos grupos de pessoas envolvidas, mas também a
todo o controlo dos percursos de acesso e de retorno ao local do evento por parte dos espectadores,
participantes e acompanhantes.
O controlo da ordem pública tem de ser estudado de forma integrada, nunca reduzindo o evento a ele
próprio, respeitando uma visão global a que correspondem fases anteriores, simultâneas e posteriores à
realização do evento, alargando-se mesmo a vigilância e controlo às áreas envolventes.

Primeiros Socorros
Os cuidados médicos imediatos representam hoje em dia, em qualquer actividade um pressuposto básico.
Toda a actividade desportiva tem de possuir planos de intervenção para situações dos mais diversos graus
de gravidade. Estes planos têm de estar devidamente testados e garantidos todos os esquemas de
interligação com os diversos organismos envolvidos (meios de intervenção rápidos, meios de evacuação,
apoios de retaguarda e serviços de relações públicas).

Limpeza
A limpeza é um dos sectores que hoje em dia mais preocupa os gestores, não só pela qualidade necessária
neste tipo de serviço, mas também pelos problemas que põe não só na Gestão dos Recursos Humanos
(horários e formação), como pelos elevados valores monetários que estão em causa.

In Workshop de Gestão de Instalações Desportivas, ISMAI, Maia, Junho 1999

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CONSULTAS ÚTEIS:

Livros
Bayeux, P.; Dupuis, J. (1995). Equipements sportifs: coúts et controle de gestion. Revue EPS. Paris.
Drucker, P. (1990). Organizações sem Fins Lucrativos. Difusão Cultural.
Hansen, H. Gestão Economica em Piscinas Cobertas e de Ar Livre. Antologia de Textos “Desporto e
Sociedade”. DGD. Lisboa.
Lacouture, P. (1996). Programmation, conception et entretien des Équipements sportifs. CNFPT. Paris.
Minztberg, H. (1995). Estrutura e Dinâmica das Organizações. Publicações Dom Quixote. Lisboa.
Pires, G. (1995) Desporto: planeamento e Gestão de projectos. FMH-UTL. Lisboa.
Sayers, P. (1991). Managing sport and leisure facilities: a guide to competitive tendering. Bechenham.
Kent. E&FN Spon.
Slack, T. (1997). Understanding Sport Organizations. Human Kinetics. USA.
Walker, M.; Stotlar, D. (1997). Sport facility management. Jones and Bartlett. Boston. USA.
Cunha, Luís Miguel. (2007). Os Espaços do Desporto – uma Gestão para o Desenvolvimento Humano.
Lisboa: Almedina.

Revistas
Revista Piscinas XXI (Português)
Revista Instalaciones XXI (espanhol)
European Journal of Sport Management (Inglês)
International Journal of Sport Management (Inglês)
IAKS

Na Web
www.lin.ca/resource/html/humid.htm
Site sobre os problemas mais comuns em piscinas e como os resolver - INGLêS
www.lin.ca/resource/html/nbaqsafe.htm
Site sobre segurança em piscinas - INGLêS
Cultura.gencat.es/esport/ftee
Manual sobre instalações desportivas – CATALÃO

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