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Capitulo + Carl Orff Um compositor em cena Melita Bona Melita Bona é mestre em Educacio pelo Programa de Pés-Graduacao em Educacdo (PPGE/ME) da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e licenciada em Educacdo Artistica por essa mesma instituicdo, Tem Licenciatura Plena em Artes Pldsticas pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Estudou piano e flauta doce no Conservatério Curt Hering de Blumenau e na Escola Superior de Musica de Blumenau. Participou de cursos no exterior, desta- cando-se os cursos no Instituto Orff/Mozarteum (Austria), e obteve diploma de Formacao de Professor de Educacio Vocal e Regencia Coral, pelo Estado da Baviera (Alemanha). E professora na Furb, onde lectona as disciplinas de ‘Metodologia do Ensino da Miisica e Estdgio Curricular Supervisionado, Desenvolve pesquisas no ambito da forma- ao docente ¢ atua em cursos de formagao continuada na area de educacao mustcal. Ideias 4.1 Palco e bastidores Os cinco valumes do OnffSchulwerk (Obra escolar) de Carl Orff — que deram forma a uma proposta para o ensino de musica ~ surgiram nos meados do século XX e tiveram como pano de fundo as indmeras trans- formagoes ocasionadas por um novo espirito que permeava a Europa. Nessa época, a Alemanha passou a ser referencia para a vanguarda de manifestagdes culturais e o centro de producdes artisticas e intelectuais. A Primeira Guerra Mundial, o declinio do idealismo, o surgimento, nas artes, do impressionism e, na musica, da atonalidade sao fatores marcantes desse periodo. A educacao, em geral, experimentava novos direcio- namentos, inclusive no que diz respeito a misica e danca. Sergei Diaghilev', empresario russo, provo- cou uma revolucao na danca ao afastar a coreografia das regras clissicas, Suas ideias inovadoras exerceram influéncia sobre o campo das artes na Furopa e contribuiram para a integracao da danca, especificamente do ballet, com as demais linguagens artisticas do novo século. © suigo Emile Jaques-Dalcroze? elaborou um sistema em que 0 corpo é 0 ponto de partida para 0 aprendizado musical, Para Rudolf von Laban — nascido em Pressburg, um dos maiores coredgrafos € pro- fessores de danca de seu tempo, criador da labarotation’ —o movimento corporal e a danca representavam a energia interna e a base para todas as expressbes de arte. Os principios de Jaques-Daleroze e de Laban transformaram o conceito de Educagao na dancae na elaboracio de atividades relacionadas ao movimento " Sergei Pavlovitch Diaghilev (1872-1928), empresirio,crtico de arte, implantou novas diretrizes para o ballet russo, Em colzbora- «a com renomados artistas, milsicos, coreografos ¢ compesitores, soube juntar os setores da arte ¢ estabelecer uma nova estética dadanea no século XX (Portinari, 1989). > Avida ea obra de Emile Jaques-Dalereze foram apresentadas no cepitulo 1 deste liv. » Labanotation: método de regisro grfco dos movimentos (Portinar., 1989) corporal, além de terem promovido o surgimento de imimeras escolas de danca e de gindstica ritmica. O cenario apresentado ¢ as novas tendéncias conceituais da coreografia influenciaram a produgao musical de Orff, sempre marcada pelo movimento. E inegavel a contribuigdo de Orff para o campo da muisica e do teatro no decorrer do século XX. De acordo com Thomas (1994, p. 16, tradugao nossa), “Orff nao compés musica absoluta, Sua misica tem sempre origem na linguagem e libera a ideia poética”. Os procedimentos e recursos utilizados ne construgao da composicio musical fundamentam-se em blocos, estruturas em forma de pilates, de bordoes e de osti- natos, os quais carregam uma conducio melodica propria. Tal estrutura apresenta, ainda, na base, o aporte cenico, a fantasia e 0 tmaginacio. © conceito artistico permeia também a obra pedagégica que, segundo Thomas (1994), nem sempre foi compreendida. A Orff-Schulwerk, cuja esséncia ¢ o pensamento musical elementar, muitas vezes foi con- siderada primitiva, A educagdo musical ~ elementar ou bésica ~ parte do entendimento de que linguagem, musica movimento estao originalmente interligados pelo fendmeno ritmico. Fundamentada no principio filos6fico da ontogenia, cigncia que estuda o processo de maturagdo € desenvolvimento do individvo em todas as etapas do crescimento, a proposta pedagsgica de Orff visa 0 ensino musical a partir da pritica - “fazer miisica”. Conforme Alfaya e Parejo (1987, p. 73), “falar de um desenvolvimento musical ontogenico significa dizer que a crianca percorrerd, na sua aprendizagem musical, as mesmas etapas que atravessou o homem até chegar ao nivel atual” Thomas (1994) aponta dois fatores determinantes no envelvimento de Orffcom o trabalho pedagogico: a concep¢ao sonora permitiucthe transitar entre a grande estrutura artistica ¢ a célula da obra pedagégica, e vice-versa, sem comprometer a ordenagao dessas esiruturas; 0 segundo aspecto diz respeito ao interesse do compositor por todos os processos de formagao ¢ de evolucao do ser humano € a aleicao pelo untverso infantil. Para o educador musical, € fundamental tomar contato com abordagens pedagogicas e procedimentos de outros autores e, principalmente, compreendé-los de forma contextualizada. Uma proposta € passfvel de interpretagies diferenciades e, nesse sentido, considera-se importante conhecer a esséncia das ideias do 18 ‘Melita Bona, autor € 0 modo como elas se constituiram. Aproximar-se das concepodes ¢ dos principios de Orff torna-se imprescindivel pata o entendimento de suas acdes e produgées, tanto no campo pedagogico quanto no campo artistico. A proposta pedagégica de Orff foi direcionada para um determinado momento e espaco, um locus, e, consequentemente, para um publico especifico, ¢ assim deve ser compreendida 4.1.1 Orff no Brasil Segundo uma pesquisa realizada por Brandner-Vailati e outros*, em 1990, para as comemoragoes dos 40 anes da primeira edigdo do Musik far Kinder (Musica para criancas), os primeiros impulsos para a intro- ducéo da proposta de Carl Orff no Brasil aconteceram em 1963, por meio dos cursos ministrados por Hermann Regner®, em Teres6polis e nas cidades de Sao Paulo, Brastlia e Rio de Janeiro. Durante os anos de 1960 e 1970, muitos estudantes e professores de miisica brasileiros realizaram periodos de estudes ou cursos no Instituto Orff, em Salzburg. Retornando ao Brasil, aplicaram, em seus espacos de atuagao, os conhecimentos adquitidos, Cita-se, por exemplo, a professora Ellen Klohs que, em 1964, introduziu as ideias de Orff no Colégio Americano em Porto Alegre (RS), além de ministrar aulas de alemgo para crian- as no Instituto Goethe, embasadas na Obra escolar. Outras instituigdes de ensino mencionadas na pes- quisa, que incorporaram o método Orff: Conservatério Lavignac, de Santos (1969), Escola de Musica de Blumenau (1971), Fundacdo das Artes de Sao Caetano do Sul (1973), Escola de Musica de Belas Artes do Parana (1974), Escola Utta de Educagao Musical, Sao Paulo (1978), Colegio Bom Jesus de Curitiba (1981), *0 Instituto Orff de Salzburg havia solicitado a colaboracto de pessoas para a elabaracto de reltos de pesquisa sobre o acolhimen- to € 0 desenvolvimento do Orff Schulwerk em diferemes palses. Pavtciparam dessa pesquisa: Elmarina Samways, Fatima Pereira, Marla Brandner-Vailatie Melita Bona Gehring ° Hermann Regner, educador musical e compositor, ministrou cursos em diversos petsese foi o precursor das adaplagdes do Orff -SchulWwerk para outros idiomas e cutras culturas, Durante muitos anos, foi diretor do Instituto Orff, membro do conselho e presi- dente da Fundacao Carl Orit (Regner, 2007), Pedagogias em educaga musical 9 Seminarios de Musica Pré-Arte, Rio de Janeiro (1985), Enny Parejo Atelier Musical, S40 Paulo (1999). Ess sdo apenas alguns exemplos, pois os dados da pesquisa nao abrangem todas as iniciativas de pessoas e i tituigdes que trabalharam com os instrumentos € a obra de Orif. A partir da década de 1970, em diferent localidades, realizaram-se cursos e oficinas de musicalizacdo inspiradas nas ideias de Orff, paulatinamen difundidas e mescladas ao universo da educacio musical no Brasil. Em Sao Paulo, no ano de 2004, dou-se a Associacao Orff Brasil (Abraorff, 2009), sob a orientagdo da Fundagao Carl Orff de Munique, pol meio da professora Verena Maschat, membro do Instituto de Orff, de Salzburg, com 0 propésito de opo tunizar o conhecimento e divulgar as ideias pedagogicas de Carl Orff. No cenario brasileiro, muitos aut tes discutem e/ou apresentam metodologias alinhadas a proposta de Orff (Peixoto; Jardim, 1980; Alfaya; Parejo, 1987; Lopes, 1991; Moura; Boscardin; Zagonel, 1989; Penna, 1990, 1995: Santos, 1994; Paz, 2000; Fonterrada, 2005; Bourscheidt, 2007), calcadas na participacto do aluno, ou partindo da pritica para a construgao do conhecimento teérico. As caracteristicas da heranga cultural de Orff, expressas na linguagem, nna miisica e na danca, ao serem transportadas para a realidade brasileira, podem e devem incluir as melo- dias, as cangdes, os padres ritmicos e instrumentos de percussto brasileiros ao material do compositor. Vale lembrar, aqui, 0 trabalho de arranjos de cang6es infantis brasileiras de Bourscheidt (2007). Adaptacoes semelhantes ocorreram na China, Africa, Japao, Austrilia ¢ Franga, entre outros paises, A possibilidade de adequacao des principios de Orff para as diferentes realidades culturais ¢ que torna a Obra escolar uma pro- posta universal, 130 Melita Bona Vida e obra 4.2 Caminhos percorridos® 1895-1919: Formacdo e primeiros estudos musicais Carl Orff nasceu em 10 de julho de 1895, na cidade de Munique, Alemanha. Sua familia convivia com a misica. Diariamente os pais executavam pecas para piano a quatro maos e, a cada domingo, realizavam saraus de musica de camara. O pal, Heinrich Orff, era oficial do exército e apaixonado por musica. A mae, Paula Koestler, pianista, aos 12 anos de idade obteve o grau de concertista. Proximo a sua casa existiam Testaurantes tipicos, de onde todas as noites ecoavam miisicas folcléricas, e um quartel, de onde se ouviam marchas militares (Thomas, 1994). Certamente as disposi¢des musicais de Orff foram marcadas por todo esse ambiente musical. O infcio dos estudos de musica ao piano deu-se em 1900, sob a orientacio de sua progenitora, Durante a trajet6ria escolar, as preferéncias se concentravam no aprendizado de linguas anti- fas. Ele identificava-se, em especial, com a obra de Homero: “a leitura de Homero era musica para mim” (Orff, citado por Thomas, 1994, p. 11, tradugao nossa). Gradativamente, a misica tornou-se o foco princi- pal de seus estudos. Além das aulas de violoncelo e da participagao na orquestra da escola onde estudava, © seu timbre de soprano permitiu-lhe cantar solos no coral da igreja, Na época, uma das atividades que mais Ihe agradava eram os duetos cantados com a mae, notadamente as obras de Mozart na versio original, €m italiano. Aos 14 anos, Orff teve contato com o mundo dos grandes espetaculos, por meio da épera O Navio Holandes de Richard Wagner (Gersdorf, 1981). Entre 1912 e 1914 realizou estudos na Academia de Masica de Munique. No inicio de sua carreira como compositor, Orff foi influenciado pelas transformacoes " Dados ordenados cronologicamente de acordo com Gersdorf (1981). Pedagogias em educaga rusieal 131 lisicals do inicio do século XX. O contato com a musica de Hector Berlioz, Anton Bruckner, Richard Strauss, Gustav Mahler, Claude Debussy, as combinacées de som e ruido, a enarmonia dos futuristas ¢ a Proposta atonal de Arnold Schonberg foram suas referencias e proporcionaram-lhe a perspectiva de um novo universo (Thomas, 1994). Em 1916 assumiui, por um ano, a funcio de Mestre Capela na Orquestra de Camara de Munique, e de 1918 a 1919 foi Mestre Capela no Teatro Nacional de Mannheim, juntamente com regente Wilhem Furtwangler, € no Teatro da Corte do Grao Duque de Darmstadt, 1919-1935: Definicao do proprio estilo Segundo Thomas (1994), na segunda fase de estudos, Orff definiu o seu estilo de composigao, fruto de ind- eros estudes € experimentos musicais criativos, Aqui as agdes da Vereinigung fir Zeitgenossische Musik? foram determinantes. Em 1920 casou com a solista Alice Solcher, A filha, Godela, nasceu em 1921, mas a unio durou apenas cinco anes. Sob a orienta¢ao musical de Carl Orff, em 1924, Dorothee Gunther fundou @ Guntherschule', uma escola para o ensino da gindstica ritmica e da danca, No ano seguinte, em 1925, estreiou Orpheus, obra baseatla no LOrfeo, de Claudio Monteverdi. Além dos compositores contempara- nneos, Orff dedicou-se aos estudos dos velhos mestres, © contato com a origem da dpera, principalmente com a obra de Monteverdi, contribuiu para a definigio de seu caminho como compositor, Entre 1930 € 1933 Orff foi regente da Sociedade Bach de Munique * Vereinigung far Zeitgenossische Musik: Associagto de Musica Contemporanea, fundada em 1927 por Fritz Bachtet, que, entre 1929 ¢ 1931, onganizou quatro festivais de Musica Novaem Munique (Gersdorf, 1981), "Gantherschule: Escola de Ganther, nome da fundadors, 12 Melita Bona 7-1954; Pertodo de estreias lo periodo entre 1937 e 1953 deu-se a estreia das obras Carmina Burana, Der Mond (A lua), Die Kluge (A uta) ¢ Catulli Carmina, Bernauerin, Antigonae, Trionfo di Afrodite. A primeira edigio do programa de radio 1 -Schulwerk — Musik far Kinder (Obra escolar: miisica para criangas), na Radio da Baviera, aconteceu em (948 e a publicaco homonima da obra pedagégica (Orff-Schulwerk — Musik fir Kinder) na editora Schou, ¢m Mainz, ocorreu de 1950.4 1954. Entre 1950 e 1960 Orff foi professor de composicao na Escola Estadual ‘Superior de Musica de Munique. 1956-1982: Reconhecimento universal Em 1956, Orff recebe o titulo de Honra ao Mérito de Ciencias e Artes e, no ano de 1959, obtém 0 reco- nhecimento internacional como compositor, por meio do titulo de Doutar Honoritio da Universidade de Tubingen, Nesse mesmo ano deu-se a estreia de Oedipus der Tyrann (Edipo o tirano). Em 1961, torma-se diretor do recém-fundado Instituto Orff, junto ao Mozarteum de Salzburg. No periodo de 1962 a 1966, realiza palestras sobre 0 Onff-Schulwerk em diferentes paises: Jap, Canada, Portugal, Egito, Senegal. Nessa ¢poca, sua obra pedagégica difundiu-se em todo o mundo. Foi agraciado com o titulo Doctor Honoris Causa der Universitat Manchen (Doutor Honoris Causa da Universidade de Munique) em 1972 ¢, no mesmo ano, com o Grosses Verdienstkreuz mit Stern und Schulterband der Bundesrepublik Deutschland (Ordem de Mérito da Republica Federal da Alemanha), a mais alta condecoracao da Alemariha, A estreia de sua tltima obra De temporum fine comoedia: Spiel vom Ende der Zeiten — Viglia (peca sobre o final dos tempos, denominada A vigil), aconteceu em 1973. A partir de 1975 trabalha na documentacio sobre sua obra, Carl Orff und sein Werk (Carl Orff e sua obra), constitutda de oito volumes. Car! Orlf faleceu no dia 29 de marco de 1982, em Munique. Pedagogias em educagio musical 13 4.2.1 Producao musical e pedagogica A cantata cénica Carmina Burana? e 0 Schulwerk (Obra escolar) tornaram-se a sintese da producio musical e pedagdgica de Orff. Segundo o proprio compositor, “asraizes e fontes da musica para a Carmina sao antigas, elas datam do comeco da Obra Escolare, desse modo, estao associadasao desenvolvimento de um estilo de misica elementar” (Orlf, citado por Gersdorf, 1981, p. 84, traducdo nossa) As primeiras composicoes de Orff foram perdidas e as que datam do tempo de estudo encontram-se em forma de manuscrito no Arquivo Orff, em Munique/Alemanha, Desde 1923, sua produgdo musical e pedagegica, constituida de obras vocais, instrumentais e miisica cénica, encontra-se publicada pela editora B. Schou (Mainz: Schott’s Sohne). O trabalho musical de Orff caracteriza-se por composigoes vinculadas a palavra e pela orquestragao apoiada substancialmente no piano e nos instrumentos de percussdo. Os textos por ele musicados abrangem o repertorio da literatura universal: a tragédia grega, a lirica medieval, 9s contos de fadas, 0 ambito fonético de sua lingua materna. A seu modo, Orif evidencia a conexao entre aspectos presentes em diferentes periodos da historia Producao musical As obras para coro e instrumentos: As Frihe Lieder (Primeiras cangOes), para uma voz e piano, foram com- postas entre 1911 e 1921 ¢ contém uma introducao de Werner Thomas. Em 1930, surgiram trés canta~ tas com textos do poeta austriaco Franz Werfel e, em 1931, dois corais sobre textos de Bertolt Brecht!°, As canoes Die Sanger der Vorwelt (Os cantores do pasado), de 1955 e Nanie und Dithyrambe (Nenia e * Carmina Burana: do latim, Carmen, que significa poemna/cangao; e Burana ou Bure tipo de habito grosseiro de la usado por mon- ‘ges e peregrinos, Bertol: Brecht (1898-1956), poeta, dramatnrgo ¢ romancista alemAo, cuja obra foi marcada pela revelta contre os valores da burguesia 134 Melita Bona Ditirambo)!*, de 1956, apresentam textos de Friedrich Schiller", Em 1972, Orff compos Rota: summer is fcwnen in, um canone sobre o vero, com original datado do século XII. Orff produziu ainda pecas para coro a capella e para coro falado. No que diz respeito a adaptacées e versbes, motivado pelos estudos sobre os velhos mestres, Orffcriou novas versdes a partir de obras de Claudio Monteverdi e William Byrd. (i) Orpheus ~ primeira verséo em. 1925 e segunda em 1940 ~segundo o original, LOrfeo: Favola in musica di Claudio Monteverdi, 1607, em tres versbes; (ii) Tanz der Sproden (Danca das melindrosas 1925/1940) segundo a obra, Ballo del! ingrate in genere rappresentativo di Claudio Monteverdi, 1608, em duas versoes; (iii) Lamento de Ariadne (Lamento de Ariadne, 1925/1940) a partir do original Lamento d’Ariana di Claudio Monteverdi, 1608, em duas versdes. Em 1958, Orif reuniu estas tres obras no Lament: trttico teatrale, no sentido de sintetizar os lamentos do homem (Orpheus), da mulher (Ariadne) e dos jovens (Tanz der Sproden). Adaptou a peca para cravo, The Bells, de William Byrd, para cinco orquestras e 6rgto denominando-a Entrata (Entrada, 1930/1963). Obras cénicas A vida ea obra de Orff foram regidas pelo teatro. No percurso de sua producao artistica, aprimora uma nova concepcio de palavra, movimento e som, em que o tiltimo deixa de ser o elemento dominante para estar a servico da cena e da palavra (Thomas, 1994). Entre 1917 e 1962, Orff trabalhou na Ein Sommernachtstraum (Sonho de uma noite de verao), peca de William Shakespeare, para a qual produziu seis versoes musicais, sempre em busca da superacdo do proprio trabalho. “Nenia: antigo termo romano; cangio finebre; pranto. Ditirambo:termo grego, originalmente o canto festivo para Dionisio, canto ou discurso que exprime entusiasno (Ferreira, 1995), " Friedrich Schiller (1759-1805), poeta, dramaturgo ¢ historiador alemAo. Sua linguagem real'stae forte critica social tomiaram sua ‘obra uma das referencias do classcismo alemao. ® Claudio Monteverdi (1567-1643), compositor italiano que teve grande teconhecimento pelo seu estilo, criador da primeire opera Fayola ’Orfeo. “+ William Byrd (1543-1623), compositor inglés, destacou-se por suas obras sacras ¢ miisica instrumental Pedagogias em educaglo musical 135 ee Aestreia da cantata cénica Carmina Burana, em 1937, foi um momento crucial na produgao de Orff. El passa a desaprovar seus trabalhos anteriores e a considerar a Carmina Burana como o fundamento das prodi es que a seguiram, Trata-se da primeira obra da trilogia intitulada Trionfi (obras de pompa, de grande esilo que inclui ainda Catulli Carmina, 1943, e Trionfo di Afrodite, 1953. A cantata constitui-se de cangSes e poesi latinas ¢ alemés registradas em um manuscrito do século XIII e encontradas em 1803, no Mosteito da Order de Sao Bento (Baviera/Alemanha), durante a secularizagao de mosteiros e conventos da Baviera. As poesi de caréter satirico-moral sao seguidas de cangdes de amor, de embriaguez, de jogos e encenactes religios (Gersdorf, 1981). A forga ritmica elementar e a possibilidade figurativa dessa coletanea poética motivarart Orff a compor a musica. A orquestra é tratada, na integra, como um diversificado instrumento de percussio, Nas obras de 1939, Der Mond (A lua), ede 1943, Die Kluge (A astuta, sobre o conto do reie da mulher sibia), baseadas em contos populares registrados pelos irmaos Grimm e classificadas como Marchenoper: (Opera de conto de fadas), Orff aproxima-se das “formas simples” (Thomas, 1994, p. 16, traduco nossa) ao destacar a sabedoria ¢ 0 simbolismo da cultura popular, As pesqnisas sobre 0 vocabulirio e nuances de sua lingua matema resultam em obras que exploram a riqueza do idioma bavaro e conduzem o compositor para o ambito do Bairisches Welttheater (Teatro do mundo da Baviera), que representa o contexto original de Orff, o locus onde passou a maior parte de sua vida. Em Die Bernauerin, 1947, (O sofrimento de Agnes Bernauer) e Astutuli, 1953 (baseada no conto As novas vestes do Rei), com textos no idioma bivaro, o compositor desenvolve a forga ritmica € melodica pre= sentes na linguagem, O mesmo ocorre em Ludus de Nato Infante mirificus: Ein Weihnachtsspiel (Um misté- rio de Natal), 1960, no qual contrapde o bem e as forgas malignas, ¢ na Comoedia de Christ resurrectione (Comédia sobre a ressurreigao de Cristo), 1957. As duas obras se complementam em formato de diptico. © periodo final da producao, Orff classificou como Abendlandisches Welttheater (Teatro do mundo ocidental) (Thomas, 1994). Sao desia fase a pera trigica Antigonae (Antigona, deusa grega do amor, da beleza e da fertilidade), 1949, cujo libreto € a traducdo hermética de Sofocles por Friedrich Holderlin'®, "9 Friedrich Holderlin (1770-1843), poeta ltico e romaneista alemao; em sua obra sintetizou o esplrito de Grécia antiga, 136 ‘Nelita Bona ledipus der Tyrann (Edipoo tirano), 1959, também conforme o texto de Holderlin e Prometheus (Prometeu), 968, como texto original de Esquilo, criador da tragédia grega. A tltima obra de Orl, De Temporum fine comoedia: das Spiel vom Ende der Zeiten ~ Vigilia (Orat6rio cénico sobre o final dos tempos, denominado A vigilia), teve sua primeira apresentacao no festival de musica de Salzburg em 20 de agosto de 1973, execu- ada pela Orquestra Sinfonica e Coro da Radio de Colénia sob a regencia de Herbert von Karajan. Producao pedagégica A producto pedagogica de Orff, em grande parte com a patticipacdo de Gunild Keetman, inicia-se entre 1930 e 1934, com a série de cadernos do Orff-Schulwerk, Elementare Musik (Obra escolar — Musica ele- mentax), atualmente esgotada. Os cadernos contém pecas para diversos conjuntos instramentais, como, E2 Spielstiicke far kleines Schlagwerk/Keetman (Pecas para pequena percussio); GI — Speilstacke {fiir Blockflote/Keeiman (Pecas para flauta doce); Hl ~ Spielstacke far Blockflote und kleines Schlagwerk/ Keetman (Pecas flauta doce e pequena percussao): Klavieribung 1- Kleines Spielbuch/Orff (Exercicios para piano 1 — Pequeno livro pratico); Geigeniibung 1 und 2 - Spiel und Tanzstiicke fur eine bew zwei Geigen! Onff (Exercicios para violino 1 ¢ 2— Pegas para dancar e tocar para um e dois violinos). Fles foram reedita- dos apés 1948. Os cinco volumes do Orff-Schulwerls: Musik fitr Kinder (Obra escolar: miisica pata criangas) concebidos em parceria com Gunild Keetman, Band I: Im Fiinftonraum (Volume I: Pentaténico), Band I: Dur—Bordun und Stufen (Volume Il: Modo maior —Borddes e acordes perfeitos), Band III: Dur—Dominanten (Volume Ill: Dominantes no modo maior), Band IV: Moll ~ Bordun (Volume IV: Bordoes no modo menor) e Band V: Moll — Dominanten (Volume V: Dominantes no modo menor) surgiram entre 1950 e 1954. A obra foi traduzida para 17 idiomas. Ainda sob o titulo Orff Schulwerk: Musik fiir kinder (Obra escolar: miisica para criancas), Orffe Keetman produziram o volume intitulado Paraliponema: rezitation, melodram, sprechchor (Paraliponema: recitagio, melodrama e coro falado). A obra Die Weihnachtsgeschichte (A histé- ria do Natal) tem o texto de Orff ea mtisica de Keetman e encontra-se traduzida para outios idiomas e die- letos (Gersdorf, 1981). Pedagogias em educagdo musical bt Proposta pedagégica 4.3 Obra escolar: sons e palavras em movimento Conhecer a proposta pedagégica de Orff implica em tomar contato com determinados elementos: a origem, © material pedagégico, os instrumentos musicais, e, especialmente, o princtpio que articula todos os com- ponentes. O compositor fundamenta-se em experimentos vivenciados na Guintherschule com estudantes de ginastica, danca e musica. A Guntherschule surge em 1924, em Munique, onde também atuavam Gunild Keetman, na area de misica € movimento, e a dancarina Maja Lex, disefpula de Rudolf von Laban. Em conjunto com essas profissionais, Orff pode colocar em pratica as suas ideias sobre mUsica, movimento e linguagem. Desse modo, ampliou a forma instrumental do acompanhamento musical das dancas e exercicios de movimento, comumente realizado com o piano, incluindo outros instrumentos musicais, Os alunos, jovens e adultos, deveriam acompanhar os movimentos e coreografias com instrumentos tocados por eles mesmos, ¢ criar musica para essas estruturas. Foi necessdria a elaboracdo de novos instrumentos, com maior facilidade de manuseio e aprendizagem. Com o auxilio do musicélogo Curt Sachs e do construtor de instrumentos Carl Maendler, surgiram os instrumentos de plaquetas"* xilofones, metalofones, jogos de sinos, O repertério orientava-se pela misica presente em outras culturas, mas também da Renascenca e do Barroco. ‘© Plaquetas: também denominadas placas, laminas ou barras sonoras de madeira ou de metal, sfinadas no sistema temperido € posicionadas sobre uma calxa de ressonancia, percutidas com baquetas. 138 Melita Bona, De acordo com Haselbach (1971, p. 139, tradugao nossa): Dorothee Giinther e Carl Orff contaram, entre outros, com a colaboragao de Maja Lex, Rose Daiber, Ruth Opitz, no campo da educacdo do movimento, e com Gunild Keetman, Wilhelm Twittenhoff e Hans Bergese, no ensino da miisica. Até 0 seu fechamento, em 1944, a Gantherschule formou cerca de 700 estudantes. O grupo de danga da Gintherschule, com coreografia ¢ danca solo de Maja Lex e direcao musical de Gunild Keetman, apresentou-se em varios paises da Europa tendo recebido condecoragies em diversos congressos. A primeira edigao da Obra escolar surgiu em 1930 € constitufa-se em um volume com exercfcios ritmi- co-melédicos para flauta doce e instrumentos de percussao e de plaquetas, Concretizedas na Guntherschule € publicadas nesse primeiro volume, as ideias despertaram o imteresse de pedagogos da ¢poca. Leo Kestenberg desejava experimentar ¢ introduzir a proposta da Obra escolar em uma escola piiblica de Berlim. No entanto, o cenério politico e a Segunda Guerra Mundial interromperam o andamento do proceso de ampliagao e divulgacao do trabalho iniciado, Durante essa guerra, a Gantherschule foi totalmente destruida, Onff dedicou-se, entao, & sua obra artistica (Haselbach, 1971), Em 1948, a Ridio da Baviera solicitou composicdes para o universo infantil inspiradas nas atividades da Gintherschule, com o objetivo de criar uma série de programas musicais para criangas, com miisicas executadas por elas mesmas, Orie sua colega de trabalho, Gunild Keetman, encontravam-se ante o desafio de adequar as criancas a proposta de movimento e miisica, originalmente destinada aos jovens e adultos. ‘Nesse processo de adaptacdo, a importancia de se iniciar a educagao ritmica o mais cedo possivel tornou-se cada vez mais evidente. A linguagem ¢ o canto receberam, a partir de entao, um novo destaque. A prinefpio sem intengdes pedagogicas, Orff foi impulsionado para o campo da educagdo de forma quase involuntaria (Thomas, 1994), Livre de ideologias e regras fixas, a Obra escolar surge, inicialmente, a partir do acervo de cangoes infantis e foleléricas do Sul da Alemanha e da Austria, O material foi registrado em conjunto com Gunild ‘Keetman. edagogias em educacio musical 139 4.3.1 Esséncia A esstncia da proposta pedagogica de Orff encontra-se na edticagio musical elementar ou basica. Para 0 autor, a musica elementar oferece oportunidades para vivencias significativas, contribuindo para o desem. volvimento da personalidade do individuo. Segundo Orff (1964), esse tipo de miisica é uma espécie d humus para 0 espirito. Assim, a mtisica elementar desencadeia a base e as disposicdes a partir das quais faturas experiéncias artistico-musicais podem se desenvolver, pois as vivencias musicais da infancia passam a ser referéncia para 0 adulto, Em um dos poucos textos sobre esse principio, ao explicitar sua concepcao de masica elementar, o autor diz: O que é elementar? Elementar, em latim elementarius, quer dizer “pertencente aos elementos, primeira materia, primeiro principio, relacionado ao principio”. Prosseguindo, 0 que é musica elementar? Musica elementar jamais sera unicamente misica, ela esté interligada ao movimento, adanca e a linguagem, € aquela musica, realizgada pessoalmente pelo individuo, com a qual ele estd vineulado como executante € no apenas como ouvinte. Ela & pré-espiritual, desconhece as grandes formas e a arquitetura, ela contém pequenas formas de sequéncias, ostinati e pequenos rondds. Musica elementar esta a flor da terra, € natural, corpérea, pode ser aprendida e vivenciada por todos, é addequadaa crianca, (Orff, 1964 [1951], p. 16, tradugdo nossa, grifo do original) Na pratica, a muisica cantada, dancada e tocada pela crianca agrega os elementos da linguagem, da musica e do movimento entendidos como unidade, abordados de forma conjunta ¢ acrescidos pela improvisacao, 140 + Linguagem: Os nomes proprios, as rimas, as cancdesinfantise os poemas encontram-se na base de padroes ritmicos, improvisagies melédicas e atividades corporais, constituindo o ponto de partida para pequenas células ritmicas. Inicialmente de cariter binario, sem anacruse, utilizando-se de figuras denominadas seminima, colcheia e minima, estes “tijolos” so o fundamento para estrutu- ras ritmicas mais elaboradas. Da mesma forma, essas estruturas apoiam as primeiras praticas nos instrumentos de plaqueta (Keetman, 1981). Melia Bona + Muisica: No inicio, sto utilizados pequenos motivos melédicos, de trés e cinco tons. De forma gra- dativa, esse ambito € ampliado para diversos modos ~ pentatdnicos, os antigos, o maior € o menor, até a miisica contemporanea, © trabalho ritmico inicial acompanha as melodias criadas pelo pro- fessor, as falas ritmadlas e 0 canto criado pelas criancas, possibilitando muitas formas de execugio e de improvisacao. De acordo com Lopes (1991, p. 54), “o canto emerge como consequencia do trabalho de entonagio, respiracao e fraseio expressivo, explorados na recitacéo ritmica” * Movimento: Nesse campo, so explorados 0s movimentos corporais, as formas de deslocamento com suas variantes ¢ os diferentes passos, embasados nas brincadeires de roda e dangas folcléricas de diferentes paises. As atividades com movimento propiciam experiéncias corporeas dle espaco tempo, individuais e grupais, com diferentes dinamicas, favorecendo a percepeao do proprio corpo no espago ¢ em relacao ao grupo. Ao propor 0 movimento corporal como base do entendimento da musica, Orff segue o caminho apresentado por Jaques-Daleroze e von Laban. + Improvisagao: Na proposta de Orff, a improvisagdo desempenha uma funcao determinante. Segundo Haselbach (1971), a improvisacdo — criagdo de uma musica propria — faz parte do prinefpio gerador da Obra escolar e deve set contemplada pelo professor em cada aula. A autora menciona as seguintes categorias: improvisecao melodica (vocal ou instrumental), improvisagao ritmica (métrica e amétrica), improvisagao idiomatica (criagao de texto, invengao de palavras) € improvisacdo de movimentos. Aqui cabe o alerta de Keller (1963, p. 29, traducao nossa): “nada merece ser preparado [pelo professor] de forma mais meticulosa do que a prética ¢ a supervisio de exercicias criativos e de improvisacao” A pritica de movimentos, as atividades ritmicas e o aprendizado da melodia ocorrem de forma simul- tinea: © movimento ou gesto pode ser traduzido em ritmo ou som; de modo inverso, um som ou ritmo pode gerar um gesto, movimento ou danca. O cariter circular dos trés elementos nao permite afirmar onde se encontra o inicio. A proposta, sem desmerecer o individuo, ¢ dirigida a pequenos grupos (Keller, 1963). © ponto de partida de cada atividade encontra-se no individuo, ou no grupo, nas disposigées que estes apresentam e no que podem realizar com o proprio corpo, de acordo com a faixa etatia Pedagogias em educagao musical 1 4.3.2 Material pedagogico Oscinco volumes que compsem o cerne do material pedag6gico da Obra escolar surgiram entre 1950 e 19! (Haselbach, 1971) e contém mais de mil exemplos musicais da cultura europeia. Na sequéncia dos livros, Orff busca contemplar a linguagem, o canto e a pratica instrumental, de forma elementar e gradat de acordo com o modo de ser da crianca. Partindo de rimas, pregdes, lengalengas, cantigas infantis, b deias proprias do universo infantil até a estruturacdo musical de poemras, o compositor aborda os element desde a sua forma mais singela até as complexas estruturas ritmico-melédicas para a danca + Volume I: Pentatonico ~ tem como ponto de partida as rimas ¢ parlendas infantis da tradi europeia, em especial da cultura alema. Na construgto da melodia, Orff parte do intervalo terpa menor entre as notas sol 3 ¢ mi 3, a terga chamativa, Gradativamente introduz as notas 3, r€ 3 e dé 3, resultando na escala pentatonica, Aqui o compositor restringe-se & escala de ci tons por considerar esse ambito melédico mais adequado pera a crianga pequena (Orff; Keet: 1961[1950)). + Volume II: Bordoes ¢ acordes perfeitos ~ dé continuidade ao contetido do primeiro volu ampliando-o. Apresenta as partes iniciais de exercicios no modo maior (heptafonia) e as harm nias relativas aos graus II e VI. Nesse volume, predominam as cangdes ¢ pecas instrumentais q deverdo set complementadas com a diversidade dos exercicios ritmicos do volume anterior (Ort Keetman, 1964 [1951)), + Volume II: Dominantes no modo maior — direciona-se para o ambito das dominantes em mod maior. A pritica com as dominantes, antes construfde sobre borddes e ostinatos, apresenta-se agora de outra forma. Segundo Orff, tais exercicios conduzirao a ambitos musicais familiares, porém desejavel evitar um estilo convencional, principalmente nas improvisagées (Orff; Keetman, 1953), " Pregio: pequena melodia, entoada de forma live, proxima do ecitativo musical, utilizada pelos vendedores ambulantes 12 Melita Bona + Volume IV: Bordées no modo menor — introduz 0 universo do modo menor e os modos antigos. O repertério inclui antigas cangdes da Europa. O ambito da crianca pequena encontra-se ausente (Orff; Keetman, 1954a) + Volume V: Dominantes no modo menor ~ 0 quinto ¢ viltimo volume do Misica para criancas apresenta as dominantes no modo menor. Dessa forma, as bases elementares da harmonia nos sete sgraus da escala estdo contempladas. Na introdugao desse volume Orff diz: “aqui as experiéncias dla pratica de aproximadamente trés décadas esto registradas” (Orff; Keetman, 1954b, introdugéo, traducdo nossa). De acordo com Orff (1964), aescola seria o lugar ideal para a aplicacao dessa proposta. Os cinco volu- mes da obra pretendem ser apenas um roteiro, um parametzo que poderd nortear © trabalho do professor. Para trabalhar com essa metodologia, € necessario que o professor tenha algum conhecimento musical ¢ nogoes sobre as ideias € principios do pedagogo. Segundo Orff (1964, p. 13, traducao nossa): Em cadauma de suas fases, a Obra Escolar pretender oferecerestimulos para ser estruturada de forma continua e independente, portanto, nunca estara defnitivamente concluida, mas sempre em processo de desenvolvimento ¢ constituicao, sempre em movimento. Nisso, porém, reside também um grande perigo, 0 perigo do desenvolvimerto em uma direcdo equivecada. A conducao independente [do processo] tem como pressuposto uma formacao especifica eprofundada e uma incondicional familiaridade com 0 estilo, 4s possibilidades ¢ as finalidades da Obra Escolar. A Obra escolar se inicia, no primeiro volume, com uma rima infantil sobre dois sons /sol-mi/ e ¢ fina- lizada, no quinto volume, com a poesia de Goethe. Os exemplos musicais apresentados nos cinco volumes nao obedecem a uma sequéncia linear e devem ser explorados simultaneamente, segundo as necessidades dle cada grupo. A estrutura da obra permitiu a sua adaptagio musical e poética em muitos paises. A adap- lacao implica na vtilizagao dos elementos culturais de cada pais: linguagem, padrdes ritmicos, dancas € instrumentos que pertencem a cultura de cada lugar. Pedagogias em educagte musical 148 Maria de Lourdes Martins traduziu e adaptou os primeiros dois volumes da Obra escolar para 0 port gués (Orff; Keetman, 1961 [1950], 1964 [1951]). Também de sua autoria € o volume Cancdes para as escolas, contendo dez cangdes populares portuguesas com arranjos para o Instrumental Orff (Martins, 1961). Segundo Thomas (1994, p. 14, tradugo nossa), “a transposi¢ao para 17 idiomas, até o momento, con: firma a sustentacao transcendental da ideia”. No caso, a ideia significa a educagao musical elementar, o princt pio que une linguagem, muisica € movimento. Posteriormente, surgiram outros volumes direcionados a dif rentes culturas, entre os quais se encontra o de autoria de Regner (1965), com cangoes folcloricas brasileiras, 4.3.3 Instrumental Orff O conjunto de instrumentos musicais, reconhecido como Orff-Instrumentarium (Instrumental Or), surgi a partir das experiéncias realizadas na Gantherschule, com a funcao de executar os componentes ritmicos da pratica musical. © segundo impulso para a ampliagao do Instrumental Orff deu-se em 1949: os programas de musica para criancas, iniciados pela Radio da Baviera, em 1948, continuaram no ar por mais de cinco anos ¢ sua repercussdo foi enorme, especialmente no ambito das escolas. No entanto, a implantacio da proposta e edu- cacao musical nas escolas alemas encontrou dificuldades devido a falta de instrumentos musicais necess4- ios pois os originais haviam sido destruidos com a Gintherschule. Assim, em 1949, Klaus Becker-Ehmck, construtor de instrumentos, ¢ seu seguidor, Carl Maendler, fundaram o Studio 49, fabricante original do Instrumental Orff. Orientados pelo compositor, adaptaram instrumentos para a educagdo clementar, repro- duziram e aperfeicoaram exemplares medievais e de outras culturas, além de se dedicarem a criagao de novos instrumentos (Haselbach, 1971). Na juventude, o estudo de obras de Debussy inspirou a concepcao sonora de Orff e motivou-o a ‘nvestigar os instrumentos exdticos no Museu Etnologico de Munique. Ele sabia que Claude Debussy fora influenciado por esses instrumentos durante a Exposicao Mundial de Paris, em 1889, apesar de nunca té-1os utilizado em suas composigdes (Gersdorf, 1981). 144 Melita Bona Instrumental Orff ou Orff-Instrumentarium compoe-se de uma serie de instramentos clasificados deacordo com a sua constracao e técnica de execucio, direcionados a pratica de miisica e danca elementar. Convém lembrar que Orff ndo foi o inventor de nenhum desses instrumentos, mas reconheceu 0 significado € auutilizagio deles na educagto musical e no movimento. O conjunto ¢ formado por flautas, instrumentos percussivos de afinacao definida (plaquetas, timpanos) e de percussao de altura indeterminada, cordas friccionadas e dedilhadas. O instrumental pode ser diversificado de acordo com as especificidades de cada grupo de alunos (Haselbach, 1971) Na figura 4.1 observamos os seguintes instrumentos: + Plaquetas: 1 xilofone baixo (diatonico), 1 xilofone contralto/soprano (diatonico), 1 metalofone contralto (iatonico), 1 jogo de sinos contralto/soprano (cromatico), 1 jogo de sinos contralto (diatonico) * Percussao: | bumbo (50 cm diam.), 1par de baquetas de feltro, 1 pandeireta (30 cm diam.), 1 pan- deiteta (35 cm diam.), 2 triangulos, 1 prato com estante, 1 par de cimbalos, 3 blocos de madeira, 1 par de clavas, 1 castanhola, 1 chocalho de madeira (ganz4), 1 par de maracas. Os instrumentos de plaquetas: xilofones, soprano, contralto e baixo; metalofones, soprano, contralto ¢ baixo; Glockenspiel (jogos de sinos), soprano e contralto foram idealizados por Or visando as atividades de improvisacao e criagdo de uma mtisica especifica, As plaquetas sao removiveis e permitem 0 uso selecio- nado dos sons, de acordo com a faixa etaria. Merecem especial atencao as baquetas wtilizadas na execugdo desses instrumentos, pois delas depende grande parte do resultado sonoro. De preferéncia, percutem-se 0s xilofones e metalofones com baquetas de feltro ou de borracha, ¢ os jogos de sinos com baquetas de ‘madeira (Keller, 1963). Para complementar, utilizam-se a flauta doce e os demais instrumentos de percussao. Assim, a produgao musical com 0 proprio corpo, a voz e os gestos sonoros poder ser ampliada por meio da utilizacao dos instrumentos. A voz, aqui, € compreendida como instrumento melédico elementar. Pedagogias em educagao musical 145 Figura 4.1 — Exemplo de instrumentos do Instrumental Orff 146 Metta Bona, Em sua obra Elementaria: Erster Umgang mit dem Orff-Schulwerk, Keetman (1981) explicita a utilizagao instruments de plaquetas, Segundo a autora, ao iniciar-se a pritica com tais instrumentos, também € ‘ecessario observar os principios basicos da postura adequada. Pode-se tocar sentado ou em pe. + Sentado: o instrumento devera ficar um pouco acima dos joelhos do executante. Os pés devem estar bem apoiados, + Em pé: posiciona-se o instrumento aproximadamente na metade da altura do corpo de quem o toca. A postura corporal deverd ser solta, com os cotovelos afastades do corpo. Para a obtengao de maior qualidade sonora, cada toque de bequeta sobre as plaquetas deve ser realizado com o principio da “mola”, {sto ¢, mantendo-se a flexibilidade do pulso, Inicia-se com as duas maos simultaneamente, sempre obser- vando a altura das mos e dos bracos, a distancia em relacio ao instrumento e a preciso equilibrada do toque em ambas as mos. Segundo Graetzer e Yepes (1961, p. 45, tradugao nossa), “deve-se obter a igual- dade dos movimentos para que as duas notas se fundam em um s6 som”. Todos os momentos de prética instrumental requerem uma escuta atenta, a fim de lograr éxito no resultado sonoro. Na introdugao do primeiro volume da Obra escolar, o proprio Orff (Orff; Keetman, 1961 [1950] ) faz um alerta: A cexecucdo de todos os instrumentos, mesmo dos mais simples, requerinstrucao adequada e pratica. Devemos, especialmente, visar obter belas sonoridades e um perfeito sentido de conjunto. Deste modo, obter-se-4 uma sélida base para futuros conjuntos ¢ interpretacdes, islo é: uma verdadeira compreensao da linguagem e expresso musical. Este volume & uma espécie de cartilha onde ox primeiros passos so aprendidos. Keetman (1981) sugere que @ crianga, a partir dos quatro ou cinco anos de idade, pode ser iniciada na pratica do xilofone, segnindo algumas etapas. Primeiro faz 0 acompanhamento em forma de ostinato enquanto o professor toca a melodia. Depois, toca o acompanhamento e, simultaneamente, canta a melodia. Na etapa seguinte, passa a executar a melodia no instrumento, Pedagogias em educagad musical 7 Figura 4.2 — Exemplo de instrumentos de percussao do Instrumental Orff Instrumentos ilustrados na Figura 4.2: +L pandeiro, 1 pandeiro sem pele, 1 agogo de madeira, 1 afoxé, 1 kokirico, 1 reco-reco, 2 pares de maracas (mexicanas), 1 tubo de metal (ganza), 1 bloco de madeira, 1 baqueta, 2 pares de clavas. ‘Alem dos instrumentos mencionados e exemplificados, a proposta pedagogica de Orll considera a inclusao de instrumentos de todos os tipos e culturas. 148 Melita Bona Sala de aula 4.4 Praticas de musica elementar Os exemplos praticos apresentados a seguir so frutos da experiencia pessoal de sala de aula, Apontam-se possibilidades e sugestées alinhadas a proposta de Orff, que poderao servir de estimulo a outras elabora- goes e/ou adaptacdes, de acordo com as diferentes realidades. Os registros musicais sao referencias para 0 professor. E uma prerrogativa da proposta que, em todas as atividedes, o professor domine letra, estrutura ritmica e melodia, isto é, que tenha interiorizado a partitura, Os registros musicais poderao ser apresentados acs alunos posteriormente, de acordo coma faixa etaria, em atividades complementares, 4.4.1 “Um, dois, trés...”: 0 ritmo a partir da palavra “Um, dois, trés, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, para doze faltam tres", + Caminhar pelo espaco livremente e repetir texto até que todos 0 dominem. As palavras devem set pronunciadas com a atencao dirigida as sflabss, enfatizando-se a acentuagao da silaba tonica Explorar diferentes andamentos, intensidades e dinamicas (destocamento e fala), + Repetir o texto, fala ritmada, observando as pausas Um, dois, trés, (pausa) Quatro, cinco, seis, (pausa) Sete, oito, nove, para doze faltam tres. Mnemonic tradicional brasileira, As mnemonias sio parlendas que tém por finalidade ensinar algo as criangas, como ntimeros ounomes (Melo, 1985). Pedagogias em educagio musical 149 + Cada integrante do grupo escolhe um lugar no espaco para o ponto de partida. Ao iniciar-se a f ritmada, todos stem do lugar, caminhando no andamento estipulado. Ao término da parlen devem estar novamente em seu lugar, Retomar diferentes andamentos e dinamicas. + Formagao de semicirculo. Todos repetem a parlenda acompanhada por gestos corporais Figura 4.3 — Ritmo com gestos corporais Plat t+ fee. pate Jomvaenen, |sce Co bet + im, dl te ‘No Por plmada, entende so haimente das aos sb 2 cons, akerndoae a mo dei € 4 mavesquerda. Inkalment, excan de fala rad ‘els percusivoscorporms se mules, vorecend 4 precni mica + Repetir ¢ solicitar que um dos integrantes marque a pulsagdo, com gesto corporal ou na pandei retal®, Da mesma forma, andar pelo espago e observar o ponto de partida e de chegada, + Realizar apenas os gestos corporais ¢ a marcacao da pulsagao, omitindo @ fala ritmada, Ao silenciar voz, obtém-se a produgio percussiva corporal, a base da musica elementar instrumental + Executarem forma de cénone, inicialmente em dois grupos e depois ampliar até quatro grupos. + Incluir instramentos de pequena percussio. De forma gradativa, os gestos corporais so intensifiz cados ou substituidos por instrumentos de percussio. + Inclusao de ostinatos e improvisacdes melédicas nos instrumentos de plaquetas. "© Pandeireta: instrumento de percussio semelhante a0 pandeiro, porém sem soalhas. Denominado Handtrommel, em alemto, tambor para tocar com as mlos, a pandeireta pertence ao Instrumental Orit 10 ‘Melita Bena 4.4.2 Movimentos para Iaia Nessa atividade, a melodia da cancio é o ponto de partida dos movimentos, para o individuo familiarizar-se com a capacidade expressiva do préprio corpo. Esse conhecimento poders auxiliar no entendimento de ques- tes musicais. Aconselha-se que o grupo permaneca em silencio, sem conversar durante todo 0 proceso, con- centrando-se na escuta ¢ nas proprias ac6es, A auséncia inicial da letra contribuird para o maior aprofunda- mento do discurso musical, Ao final da atividade, € produtivo dialogar e refletir sobre os procedimentos. Recursos: espaco amplo, pandeireta Figura 4.4 —Partitura TATA, or ee ee ee ied picts wom gee = a Fonte: Nowaes, 1986, 177 * Grupo espalhado pelo espaco, sem encostar um no outro, em siléncio. © professor permanece um pouco afastado e orienta a atividade, No inicio, € preciso explorar o espaco, caminhando em todas as direcdes livremente, sem imposicao de andamento, ritmo e dinamica. Observar a postura e @ soltura do corpo, perceber-se no espaco/sala e no grupo, Pedagogias em educagio musical ast + Grupo parado para escutar, © professor toca a melodia da cangfo na flauta ou em outro instrument melédico, repetindo-a algumas vezes. O grupo devera se movimentar de forma livre, buscand expressar com 0 corpo o entendimento e a percepeao dos elementos escutados (condugao da linha melodica, métrica, ritmo), evitando gesticulagdes e movimentos estereotipados, De acordo com a dinamica de cada grupo, os procedimentos podem ser repetidos varias vezes. Chama-se a atencao para os diferentes planos de movimentacao — baixo, médio, alto, a utilizagao do corpo inteiro. ‘+ Retoma-se a mesma proposta aos pares. As duplas deverao realizar os movimentos frente a frente No infcio, para compreender 0 movimento do colega e, em seguida, buscando complementar as suas formas de expressao. E interessante que todos observem os movimentos dos demais. + Somente quando essas etapas estiverem claras, apresenta-se a letra e canta-se a cancio. Retomam-se 0s movimentos em duplas, com a miisica cantada pelo grupo. Variante: Envolver todo o grupo em movimento coletive. Outra possibilidade ¢ sugerir que em todos 05 movimentos haja um contato fisico com outra pessoa, um leve encostar-se ao outro 4.4.3 Escutar e interagir com a musica de Orff Inspirada em uma danga (Tanz), a primeira faixa da parte Uf dem Anger da Carmina Burana de Carl Orff (1968) contempla diferentes aspectos: a aprendizagem da forma rondo, a pratica de compassos alternados, a improvisacdo ritmica em gestos sonoros e a escuta musical, A danca (Tang) tem a forma de um rond6 € apresenta a seguinte estrutura: /A BA CAD A/. O rondé caracteriza-se pela repeticdo de um tema ow motivo principal /A/, intercalado com partes ou secgbes contrastantes /B, C,D/ chamadas de episddios. tema principal /A/ comega ¢ termina na tonalidade da tonica cada vez que reaparece, ¢ cada episodio esta em uma tonalidade vizinha (Bennett, 1986 [1980]). Nesse caso, para a pratica de gestos sonoros, tomou-se apenas a estrutura ritmica do tema /A/. O professor deverd escutar o exemplo musical algumas vezes para se familiarizar com a obra, especifi- camente com o trecho selecionado, Sugere-se iniciar a atividade sem mencionar a obra para os alunos, uma vez que a identificagio da estrutura ritmica, na versdo original, faz parte do proceso. 12 Melita Bona + Pratica ritmica: sentados em circulo, todos realizam a estrutura ritmica da parte / A/ com gestos sonoros. Semelhante ao exemplo anterior, por palmadas entende-se aqui o batimento das maos sobre as coxas, alternando 2 mao direita e a mao esquerda. O andamento deverd ser adequado ao grupo, inicialmente mais lento do que na versio original. Figura 4.5 — Estrutura ritmica da parte /A/, com gestos corporais namin fp dtl ff dette} As partes /B, Ce D/ poderao ser executadas por solistas, um para cada episodio, em forma de impro- visagdo (com gestos sonoros ou instrumentos de percussao). Realizam-se algumas vezes para que outros participantes possam executar as improvisacbes dos episddios. + Escuta da gravacao do Tanz: solicita-se a atencio para as semelhancas e diferencas da pritica ritmica realizada, identificando-se 0s episodios ¢ os instrumentos, Escutam-se algumas vezes + Escutar ¢ acompanhar a parte /A/ do rondé com os gestos sonoros. Quando se inicta um trabalho de educagao musical, ¢ preciso ter em mente os propésitos, os objetivos musicais e extramusicais a serem alcancados. © professor podera partir de atividades corporais elemen- tares, de acordo com a sua realidade: formas de deslocamento, movimentos, fala ritmada, gestos sonoros € utilizagdo da voz como recurso melédico, A aplicagao da proposta nao depende necessariamente dos instrumentes nem do material pedagégico elaborado por Orif. Estes so recursos que podem enriquecer 0 trabalho de educagao musical. Porém, para colocar as idetas em pratica, € imprescindivel o conhecimento aprofundado sobre a essencia do processo, alem do desafio de identificar as necessidades, 0 interesse ¢ a realidade cultural de cada grupo. edagogias em efucagao musical 153 Para saber mais ‘UNIVERSITAT MOZARTEUM SALZBURG. Abteilung fir Musik: und Tanzpadagogik ~ Orff-Insttut, Disponivel em: . Acesso em: 14 out. 2009, Situado junto @ Universidade Mozarteum de Salzburg (Austria), 0 Orff-Insitut foi fundado em 1961, pelo comps pedagogo Carl Orfl,O Instituto visa a formacao de professores de musica e danga elementar e a formacao continuada areas, Entre suas pritcas educativas consta: Milsca € danca em servigos socials e na pedagogia inclusiva, Os cursos verao, realizados anualmente, posstbilitam que estudantes, professores de musica, terapeutas, professores de danga € interessados do mundo todo tenham coniato com a Obra escolar. ORFF-SCHULWERK FORUM SALZBURG. About OrflSchulwerk informationen. Disponivel em: . Acesso em: 14 out, 2009. A revista Orff-Schulwerk informationen, com duas edicdes anuais, apresenta artigos atualizados sobre miisica elementar ceducagao da danga. A publicagio eletronica esta dispontvel nos idiomas alemao e ingles. Referéncias ABRAORFF — Associacdo Orff Brasil. Disponivel em: . Acesso em: 14 out. 2000 ALFAYA, Monica; PAREJO, Enny. Masicalizar: uma proposta para vivéncia dos elementos musicas. Brastia: Musined, 1987. BENNETT, Roy. Forma e estruturana mustea. Rio de janeiro: J, Zahar, 1986 [1980]. Original ingles BOTELHO, Suzi Chagas, Iniciagao musical... 6? Revista Artis, Sio Caetano do Sul, 1974, BOURSCHEIDT, Luts. Musica elementar para criancas: arranjos de cangbes infantis brasileiras para instrumentos Orff, Curitiba: De Artes, 2007. BRANDNER-VAILATI, Marlita etal, Bericht aber die Aufnahme und Entwicklung von Anregungen des Orff-Schulwerks in Brasilien. In; BEGEGNUNGEN. 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