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AULA 1
REVISÃO DE QUÍMICA: ÁTOMOS E MOLÉCULAS, CÁTIONS E
ÂNIONS, FORMULAÇÃO QUÍMICA, REAÇÕES QUÍMICAS,
ESTUDO DAS SOLUÇÕES
1. Introdução
2. Átomos e moléculas
Os elétrons são muito mais leves que os prótons e os nêutrons e são carregados
negativamente. Dispõem-se em camadas ao redor do núcleo, constituindo no conjunto a eletrosfera.
O número máximo de camadas na eletrosfera de um átomo é sete.
Em seu estado normal o átomo é eletricamente neutro, sendo o número de prótons
igual ao de elétrons. O número de prótons ou de elétrons de um átomo denomina-se número
atômico.
Os elementos químicos são classificados em grupos ou famílias que levam em
consideração as similaridades entre as suas propriedades físicas e químicas.
Na tabela periódica, os elementos são arranjados em linhas de número atômico
crescente, de modo que sejam posicionados na mesma coluna os elementos que possuem o mesmo
número de elétrons na última camada eletrônica. Os átomos interagem entre si, recebendo, cedendo
ou compartilhando elétrons da última camada.
Quando um átomo cede e outro recebe um ou mais elétrons de forma definitiva,
caracteriza-se uma ligação iônica. Assim, os átomos passam a adquirir carga elétrica e passam a ser
chamados de íons. O átomo que perde um ou mais elétrons resulta com carga elétrica positiva e é
chamado de cátion, enquanto o que recebe passa a possuir carga elétrica negativa e é chamado de
ânion.
Exemplo: CLORO + SÓDIO → CLORETO DE SÓDIO
Na + Cl → Na+ + Cl-
Na+ : Cátion
Cl- : Ânion
Exemplos de íons de interesse nos estudos de controle da qualidade de águas:
CÁTIONS
• FERRO: Fe+2 (íon ferroso), Fe+3 (íon férrico)
• MANGANÊS: Mn+2 (íon Manganoso), Mn+4 (íon mangânico)
• METAIS ALCALINOS: Na+ (sódio), K+ (potássio)
• METAIS ALCALINO-TERROSOS: Ca+2 (cálcio), Mg+2 (magnésio)
• METAIS PESADOS: Cr+6 (cromo hexavalente), Cr+3 (cromo trivalente), Zn+2 (zinco), Pb+2
(chumbo), Cd+2 (cádmio), Hg+2 (íon mercúrico), Ba+2 (bário), Cu+2 (cobre), Ni+2 (níquel), Sn+2
(estanho), Al+3 (alumínio).
ÂNIONS
3. Funções químicas
Os ácidos sofrem dissociação na água ou ionização, o que pode ser representado pela
seguinte equação química, a título de exemplo:
HCl + H2O → H3O+ + Cl-
Quando o grau de ionização, isto é, a relação entre o número de moléculas ionizadas
e o número total de moléculas dissolvidas, é elevado, o ácido é chamado de ácido forte. São os
casos dos ácidos clorídrico, sulfúrico e nítrico. Os ácidos orgânicos, como por exemplo o ácido
acético, H3C-COOH, ionizam-se pouco, sendo portanto fracos.
Bases, por sua vez, são compostos que possuem como ânions apenas os íons
hidroxila (OH-).
5
3. Oxidação e Redução
Nox: 0 6 2 6 4
Elemento oxidado: Cu
Elemento reduzido: S
Agente oxidante: H2SO4
Agente redutor: Cu
6
Nox: 1 -2 0 0 -1
Elemento oxidado: S
Elemento reduzido: I
Agente oxidante: I2
Agente redutor: H2S
Elemento oxidado: S
Elemento reduzido: Fe
Agente oxidante: Fe+3
Agente redutor: H2SO3
Elemento oxidado: Fe
Elemento reduzido: Mn
Agente oxidante: MnO4-
Agente redutor: Fe+2
B. Número de moles de um composto. É a relação entre a massa do composto e seu peso molecular.
ex: Calcular o número de moles de CaCO3 presentes em 1,0g do composto.
massa 10
.
n! de moles = = = 0,01 moles
peso molecular 100
C. Equivalente-grama de um composto. É a relação entre seu peso molecular e o número “ν” que
representa a sua “valência” ou reatividade.
valores de ν:
ácidos: número de hidrogênios ionizáveis
ex: ácido clorídrico, HCl ν=1
ácido sulfúrico, H2SO4 ν=2
ácido nítrico, HNO3 ν=1
ácido acético, H3C-COOH ν=1
ácido oxálico, H2C2O4 ν=2
bases: Número de hidroxilas ionizáveis
ex: hidróxido de sódio, NaOH ν=1
hidróxido de cálcio, Ca(OH)2 ν=2
hidróxido de amônia, NH4OH ν=1
massa 10
n! de equivalentes − grama = = = 0,204 eq.
Eq. grama 98
2
8
Solução:
Peso Molecular (M) da água: (2x1) + (16x1) = 18 g
2. Um composto apresentou em sua análise 75% de carbono e 25% de hidrogênio. Qual é a sua
fórmula empírica?
Solução:
xC + yH = CxHy
12x y = 12x + y (pois C = 12 g e H = 1 g ) (massas atômicas)
y - 12x + y
25 - 100
Solução:
Solução:
a. Ca(NO3)2
a.1. Peso molecular (M) = (40x1) + (14x2 ) + (16x6) = 164 g
a.2. % N = (14x2).100 / 164 = 17,07 %
b. Ca(CN)2
b.1. Peso molecular (M) = (40x1) + (12x2) + (14x2) = 92 g
b.2. % N = (14x2).100 / 92 = 30,4 %
c. (NH4)2SO4
c.1. Peso molecular (M) = (2x14) + (8x1) + (1x32) + (4x16) = 132 g
c.2. % N = (2x14).100 / 132 = 21,2 %
9
Solução:
Solução:
Vazão: 20 m3/d
Cobre: 5 mg/L
Níquel: 10 mg/L
Zinco: 12mg/L
Solução:
ECu+2 = 58 / 2 = 29 g
ENi+2 = 56 / 2 = 28 g
EZn+2 = 60 / 2 = 30 g
N=C/E
1. Qual é o símbolo e a carga elétrica do: íon de sódio, íon de cobre I, íon de ferro III, íon de níquel
e íon de chumbo II?
Elemento Ca O H U Cl
Número atômico 1 92 17
Massa atômica 16 238 35
Número de prótons 20 0
Número de nêutrons 20
Número de elétrons 8
Composto Fórmula
Cloreto de Sódio
Sulfato de Alumínio
Hidróxido de Cálcio
Ácido Clorídrico
Óxido de Ferro III
Fórmula Nome Cátion Ânion Peso (g) molecular Equivalente grama (g)
NaOH Hidróxido de Sódio Na+ (OH)- 40 40
NH4OH
Na2CO3
NaHCO3
CaCO3
Ca(HCO3)2
MgCO3
Mg(HCO3)2
Al (OH)3
Fe(OH)3
Pb(OH)2
Cd(OH)2
FeCl3
FeSO4
FeS
Na2S
Na2SO4
NaCl
12
BaCl2
BaSO4
CaSO4
NaClO
Ca(ClO)2
AgCl
K2Cr2O7
K2CrO4
Na2S2O3
Na2S2O5
KMnO4
KCl
H2O2
C ( mg / L )
= M ( moles / litro ) x ( P.M .)
soluto ( mg )
14
e que:
C ( mg / L )
= N ( equiv ./ litro )
x Eg soluto ( mg )
τ. d
C=
100
Esta relação é útil, por exemplo, para o preparo de soluções ácidas. Nos rótulos dos
ácidos p.a., aparecem as seguintes inscrições:
Ácido Sulfúrico : H2SO4 p.a. densidade: 1,84g/mL
título: 96,5 - 98%
Ácido Clorídrico: HCl p.a. densidade: 1,19 g/mL
título: 36 - 38%
Ácido Nítrico : HNO3 p.a. densidade: 1,40 g/mL
título: 65%
Solução:
a. Concentração em mg/L:
C = m1 / V3 , onde:
C = Concentração da solução, em mg/L
m1 = massa do soluto. m1 = 3 g = 3.000 mg
V3 = Volume da solução, em L. V3 = 2,0 L
C = 3.000 / 2,0 = 1.500 mg/L
b. Concentração molar:
b.1. Peso molecular do ácido acético (M1):
M1 = (4x1) + (12x2) + (16x2) = 60 g
c. Concentração normal:
c.1. Equivalente grama do ácido acético (E1):
E1 = M1 / v
V = 1 (número de hidrogênios ionizáveis)
E1 = 60 / 1 = 60 g
Nota: quando v = 1, o peso molecular do soluto é igual ao seu equivalente grama e o valor da
concentração molar coincide com o da concentração normal.
b) Qual é a massa de carbonato de sódio, Na2CO3, necessária para o preparo de 500 ml de solução
0,02 N?
Solução:
c. Concentração da solução (C ):
C = N x E1. Portanto, C = 0,02 x 53 = 1,06 g /L ou 1060 mg / L
16
Solução:
a. Concentração (C) , em g / L:
C = (τ x d) / 100
C = ( 96 x 1,84 ) / 100 = 1,766 g / mL = 1766 g / L
b. Concentração molar ( M ):
b.1. Peso molecular do ácido (M1):
M1 = ( 2x1 ) + ( 32x1) + ( 16x4 ) = 98 g
3. Calcular a concentração em g / L, molar e normal de uma solução de ácido nítrico, cujo título é T
= 65% e cuja densidade é d = 1,40 g / mL.
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CV + CB V B
C = A A
, onde:
M
V A
+V B
i
i =1
i
i =1
1. Em uma casa de química de uma estação de tratamento de água, deseja-se dosar cal hidratada,
Ca(OH)2, de forma a resultar em uma concentração de 20 mg/L na água. A estação trata 200 L/s
de água.
Qual o volume necessário de tanques de preparo e qual a capacidade do sistema de dosagem?
Solução:
A. Concentração da suspensão da Ca(OH)2 no tanque de preparo:
Será considerado o preparo da suspensão com τ = 20%.
A densidade da suspensão é d = 1,2 g/mL. A concentração resultante será de:
τ xd
C= = 0,20 x 1,2 = 2 ,4 g / mL = 240000mg / L
100
2. Um córrego poluído de vazão igual a 5 L/s, DBO igual a 50 mg/L, concentração de oxigênio
dissolvido igual a 2 mg/L e temperatura de 26°C, descarrega suas águas em rio de vazão igual a
45 L/s, DBO igual a 5 mg/L, oxigênio dissolvido igual a 6,5 mg/L e temperatura de 20°C.
Supondo-se que a 50m a jusante a mistura já tenha sido completada, quais as características das
águas do rio nesse ponto?
Solução:
Q x DBO RIO
+ QCÓR . x DBO CÓR .
= RIO
MISTURA
Q RIO
+ QCÓR .
45 x 5 + 5 x 50
∴ DBO MISTURA = 9 ,5 mg / L
45 + 5
3. Em uma cidade, são reservadas para o abastecimento público conjuntamente águas de três
procedências:
- Estação de Tratamento de Água: vazão: 20L/s
pH : 8,0
- Poço Artesiano: vazão: 5L/s
pH : 9,0
- Fonte com Cloração: vazão: 5L/s
pH : 6,0
Considerando-se o conceito de pH, a ser definido posteriormente: pH = - log [H+], pode ser
calculada a concentração hidrogeniônica [H+] = 10-pH da mistura, através de:
Q x [H ]
+
+Q x [H ] + Q +
x [H ]
+
[H ]+
MIST
=
ETA ETA poç o
Q +Q +Q
poç o fonte fonte
∴ [H ] +
MIST
=
20 x 10−8 + 5 x 10−9 + 5 x 10−6
20 + 5 + 5
= 1,735 x 10−6
Estes efluentes serão descarregados em um rio classe II, que apresenta as seguintes características:
Vazão mínima: 100 m3/s
Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO5,20°C: 4mg/L
Cor: 15mg/L Pt
Temperatura: 22°C
Oxigênio Dissolvido: 5,5 mg/L
pH: 7,0
A.2. Temperatura
Para que a elevação de temperatura das águas do rio (∆T ) não seja superior à 3°C, a temperatura
máxima dos efluentes industriais poderá ser calculada através de:
TRIO x QRIO + TEFL x QEFL
∆=
QRIO + QEFL
∆T = Elevação máxima, 3°C
TRIO: Temperatura das águas do rio à montante do lançamento
QRIO: Vazão mínima do rio
TEFL: Temperatura dos efluentes industriais
22
∴ TEFL = 625°C
Assim, a temperatura máxima dos efluentes industriais não poderá ser superior à
40°C, para atendimento ao padrão de emissão. No entanto, o próprio tratamento biológico exige
temperaturas inferiores a 40°C para facilitar a dissolução do oxigênio na água.
A.3. pH
O pH dos efluentes não atende aos padrões de emissão, mas o tratamento biológico por si só exige
pH próximo a 7,0.
B) Verificação dos requisitos da Classe II:
B.1. DBO5,20°C
Para que a DBO das águas do rio não ultrapasse 5mg/L, a DBO máxima dos efluentes industriais
pode ser calculada através de:
QRIO x DBORIO + QEFL x QEFL= (QRIO + QEFL) x DBOCLASSE 2, onde:
QRIO = vazão mínima do rio = 100m3/s
DBORIO=DBO5,20 das águas do rio à montante do lançamento=4mg/L
QEFL = vazão média dos efluentes industriais = 0,5m3/s
DBOEFL = DBO5,20°C máxima dos efluentes industriais
DBOCLASSEII = DBO5,20°C máxima permitida para rio classe (5mg/L)
Assim:
100 x 4 + 0,5 x DBOEFL = (100 + 0,5) x 5
∴ DBOEFL = 205 mg/L
B.2. Cor
Para que a cor das águas do rio não ultrapasse a 75mg/L, a cor máxima dos efluentes industriais
pode ser calculada através de:
QRIO x CORRIO + QEFL x COR EFL= (QRIO + QEFL) x CORCLASSEII
onde:
QRIO = vazão mínima do rio: 100m3/s
CORRIO = cor das águas do rio, a montante do ponto de lançamento: 15 mg/L Pt
QEFL = vazão média dos efluentes industriais 0,5m3/s
COREFL = cor máxima a ser apresentada pelos efluentes industriais
CORCLASSEII = cor máxima permitida para as águas de Classe II (75 mg/L)
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Assim:
100 x 15 + 0,5 x COREFL = (100 + 0,5) x 75
∴ COREFL = 12075 mg/L
Lançando-se os efluentes com cor = 2000 mg Pt/L, a cor da mistura será:
100 x 0,5 x 2000
CORMIST = = 25mg / L 100x15 + 0,5x200
100,5
100 x 5,5 + 0
Lançando-se os efluentes com OD = 0, o OD da mistura será ODMIST = = 5,47 mg / L .
100,5
No entanto os efluentes dos sistemas de tratamento aeróbios apresentam O.D. na faixa de 1 a
2mg/L, pelo menos.
Para que o pH das águas do rio não caia abaixo de 6, o pH mínimo dos efluentes industriais (pHEFL)
pode ser calculado através de:
QRIO[H+]RIO + QEFL[H+]EFL = (QRIO + QEFL) x [H+]CLASSE II
Assim:
100 x 10-7 + 0,5 x [H+]EFL = (100 + 0,5) x 10-6
∴ [H+]EFL = 18 x 10-4 ⇒ pHEFL = 3,74
Lançando-se os efluentes com pH = 4,5, após a mistura teremos:
100 x 10−7 + 0,5 x 10−4 ,5
( H + ) MIST = = 2 ,57 x 10−7 ⇒ pH MIST = 6,59
1100.5
No entanto, para o próprio processo biológico de tratamento é necessária a neutralização da acidez
dos despejos.
24
Vazão: 10 m3/s
DBO: 3,5 mg/L
Temperatura: 21oC
pH: 6,5
Cor: 30 U.C.
Oxigênio Dissolvido: 5,5 mg/L
Pergunta-se: Qual (is) parâmetro (s) deverá (ão) ser modificado(s) e com que redução (ões)
percentual (is)?
calculada através de N A =
N B x V B . A solução de NaOH padronizada deverá ser
N A
transferida para o frasco de reagente etiquetado. (CORRIGIR A FÓRMULA)
0,02 x V GASTO
acidez (mg / L CaCO3 ) = x 50.000 = 10 x V GASTO
NaOH
DE NaOH
100
Ou seja, para o cálculo da acidez em mg/L de CaCO3, basta multiplicar o valor lido
na bureta por dez.
2. Em um acidente, 200 litros de ácido sulfúrico concentrado, H2SO4 18M, foram descarregados
em um lago de 1.7x107 litros de volume, cujas águas apresentavam pH = 7,0. Sabendo-se que os
peixes do lago sobrevivem apenas em águas com pH > 5, verificar se ocorrerá mortandade de
peixes. Em caso afirmativo, determinar a massa de cal virgem necessária para que as águas do
lago retornem às condições anteriores.
+
2 SO4 ⇔ 2 H + SO4
2
Obs: H
18 M 36 M
V . [H ]
+
+ V H SO [H ]H SO
+
[H ]
LAGO
+ LAGO
=
2 4
2 4
MIST
V LAGO + V H SO2 4
∴ [H ] +
MIST
=
1,7 x 107 x 10−7 + 200 x 36
1,7 x 107 + 200
[H ] +
mist
= 4,0 x 10−4 ⇒ pH MIST
= 4,0
A) Cálculo da distância (L) em que toda a soda estará neutralizada pelo CO2 das águas do rio:
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( D" )CO 2 :
τ x d 36,2 x 1,15
C= = = 0,416g / cm3 = 416g / L
100 100
Q =
D HCl
=
36,5g / s
= 0,08774 L / s ou 787 ,72 L / hora
HCl C 416g / L
36,5g − 35,5g
36,5g / s − DCl −
∴ DCL = 35,5g / s
e a concentração de cloretos (CCl-) será:
=
D Cl −
=
35,5
= 0,228g / L ou 228mg / L
C Cl −
Q (155 + 1 + 0,0877)
RIO
4. Uma indústria lança uma vazão de 0,2L/s de uma solução contendo ácido acético em um rio. A
solução apresenta uma concentração de 0,2g/L. Qual o consumo anual de oxigênio das águas do rio,
sabendo-se que a equação da reação de decomposição é:
H3C - COOH + 2O2 → 2CO2 + 2H2O
60g ↔ 64g
Solução:
60 g − 64 g
0,04 g / s − DAAC
30
0,04 X 64
∴ DAAC = = 0,0427 g / s
60
1. Quantos moles de ácido sulfúrico são neutralizados por 4 equivalentes de hidróxido de sódio?
(Resposta: 2 moles)
2. Tem-se 0,98 g de ácido sulfúrico em 1 L de solução. Qual é a concentração molar? Qual é a
concentração normal? (Resposta: 0,01 M ; 0,02 N)
3. Tem-se 3,7 g de hidróxido de cálcio em 5 L de solução. Qual é a concentração molar? Qual é a
concentração normal? (resposta: 0,01 M ; 0,02 N)
4. (a) Quantos equivalentes de hidróxido de bário existem em 200 mL de uma solução 0,1 N? (b)
Quantos moles? (c) Quantos equivalentes de ácido clorídrico são necessários para a sua
neutralização? (d) Quantas gramas? (Resposta: (a )0,02 ; (b) 0,01 ; (c) 0,02 ; (d) 0,73 g)
5. Se 10 mL de certa solução de ácido sulfúrico neutralizou 20 mL de uma solução 1 N de
hidróxido de potássio, qual é a sua concentração em (a) equivalentes por litro (b) moles por litro
(c) gramas por litro? (Resposta: (a) 2 N ; (b) 1 M ; (c) 98 g/L)
6. Se 25 mL de um ácido 0,2 N neutralizou uma base, quantos equivalentes de base existiam?
Quantas gramas de base existiam se ela fosse (a) hidróxido de sódio; (b) hidróxido de cálcio?
(Resposta: 0,005 ; (a) 0,2 g ; (b) 0,185 g)
7. Se 10 mL de hidróxido de amônia N / 5 neutralizam 20 mL de ácido sulfúrico, qual a
concentração deste? (Resposta: 0,1 N)
8. Quantos mL de ácido 0,2 N são necessários para neutralizar 25 mL de alcalinidade 0,25 N?
(Resposta: 62,5 mL)
9. Quantos mL de solução 0,2 M de HCl neutralizam 0,02 moles de: (a) KOH; (b) Ba(OH)2, cada
um dissolvido em 500 mL de água? (Resposta: (a) 100 ; (b) 200 )
10. (a) Quantos equivalentes de ácido oxálico, H2C2O4, são necessários para neutralizar 1
equivalente de KOH? (b) quantos moles de ácido oxálico por mol de KOH? (c) Quantas
gramas? (Resposta: (a) 1 eq. ; (b) 0,5 moles ; (c) 0,8 g)
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1. Em qual das seguintes alternativas são listados apenas íons que se apresentam na forma
monovalente:
a) Sódio, cálcio, cloreto
b) Sódio, potássio, nitrato
c) Cálcio, bicarbonato, nitrito
d) Magnésio, carbonato, permanganato
e) Potássio, magnésio, cloreto
2. Em qual das seguintes alternativas são listados íons que se apresentam na forma bivalente:
a) Cálcio, sulfato, hipoclorito
b) Alumínio, magnésio, sulfeto
c) Cálcio, ferro, bicarbonato
d) Potássio, cálcio, fosfato
e) Sódio, magnésio, sulfato
4. Quantas gramas de enxofre estão presentes em 0,01 mols de metabissulfito de sódio, Na2S2O5:
(dadas as massas atômicas: Na: 23g; S: 32g; O: 16g)
a) 0,03
b) 121,60
c) 1,90
d) 0,64
e) 0,32
5. Onde se tem maior massa de nitrogênio: (Dadas as massas atômicas: N: 14g; C: 12g; H: 1g; O:
16g; P: 31g; Na: 23g)
a) 500 g de uréia, CO(NH2)2
b) 1500 g de fosfato monoamônio, NH4(H2PO4)
c) 1000g de glicina, CH2(NH2)COOH
d) 2000 g de nitrato de sódio, NaNO3
e) 400 g de hidróxido de amônio, NH4OH
9. A massa de cal virgem, CaO, 90% de pureza no produto comercial, necessária para o preparo
de 500 L de solução de cal hidratada, Ca(OH)2, 50 mg/L, será:(Dadas as massas atômicas: Ca:40g;
O:16g; H:1g) RESPOSTA CERTA 21g
a) 36,7g
b) 42,8g
c) 56,5g
d) 67,9g
e) 71,2g
10. A massa de hidróxido de sódio, NaOH, necessária para o preparo de 200 mL de solução 0,025
mols/L é: (Dadas as massas atômicas: Na:23g; O:16g; H:1g)
a) 50mg
b) 100mg
c) 150mg
d) 200mg
e) 250mg
11. A concentração em g/L e mols/L de uma solução de ácido clorídrico, HCl, título τ = 37% e
densidade d= 1.19g/mL é: (Dadas as massas atômicas: H:1g; Cl:35,5g)
a) 0,440g/L ou 0,012 mols/L
b) 4,403g/L ou 0,121 mols/L
c) 44,03g/L ou 1,206 mols/L
d) 440,3g/L ou 12,063 mols/L
e) 440300g/L ou 12063 mols/L
12. Em uma estação de tratamento de água deseja-se dosar cloreto férrico, FeCl3, de forma a
resultar em uma concentração de 30 mg/L na água. A vazão de água é de 100 L/s. A vazão de
solução a 2% a ser adicionada à água será de: CERTO:540,8
a) 15 L/h
b) 28 L/h
c) 162 L/h
d) 204 L/h
e) 383 L/h
34
Esses efluentes são lançados continuamente em um rio classe 2, que apresenta as seguintes
características:
• Vazão mínima (Q7,10): 15 m3/s
• DBO5,20 : 4 mg/L
• Cor: 15 mg/L (Pt)
• Temperatura: 19oC
Amostra 1 2 3 4 5
pH 5,5 5,9 8,0 6,3 7,3
a) 6,6
b) 6,0
c) 6,8
d) 6,4
e) 7,2
16. Quantos mols de hidróxido de sódio, NaOH, são necessários para neutralizar 10 mols de ácido
fosfórico, H3PO4? (Dadas as massas atômicas: Na:23g; O:16g; H:1g; P:31g)
a) 10
b) 120
c) 1200
d) 1
e) 30
17. Qual a concentração molar de uma solução contendo 2,3g de ácido clorídrico, HCl, em 1L de
água? (Dadas as massas atômicas: H:1g; Cl:35,5g)
a) 0,23
b) 0,12
c) 0,04
d) 0,063
e) 0,01
a) 35,2 mg/L
b) 12,2 mg/L
c) 18,7 mg/L
d) 9,5 mg/L
e) 4,1 mg/L
19. Quantos mols de hidróxido de magnésio, Mg(OH)2 existem em 500 mL de uma solução a 15
mg/L? (Dadas as massas atômicas: Mg:24g; O:16g; H:1g)
a) 0,129
b) 0,259 x 10-2
c) 0,259
d) 0,259 x 10-4
e) 1,29 x 10-4
a) 60,8 g/L
b) 30,4 g/L
c) 15,2 g/L
d) 7,6 g/L
e) 3,8 g/L
21. Se 25 mL de um ácido 0,02 N foram consumidos para neutralizar uma base, quantas
miligramas da base existiam se ela fosse hidróxido de sódio, NaOH, e hidróxido de cálcio,
Ca(OH)2, respectivamente?
a) 10,0 e 10,0
b) 10,0 e 18,5
c) 20,0 e 37,0
d) 20,0 e 18,5
e) 18,5 e 18,5
23. Quantas gramas de ácido oxálico, H2C2O4, são necessários para neutralizar 2 mols de hidróxido
de sódio, NaOH? (Dadas as massas atômicas: Na:23g; O:16g; H:1g; C:12g)
a) 90
b) 45
c) 180
d) 80
f) 40
QUADRO DE RESPOSTAS – AULA 1
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
B
C
D
E
Valor 0.4 0.3 0.3 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45
Nº 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
A
B
C
D
E
Valor 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45 0.45
37
AULA 2
REVISÃO DE QUÍMICA: CINÉTICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO
APLICADOS AOS ESTUDOS DE CONTROLE DE QUALIDADE
DAS ÁGUAS
1. Cinética Química
1.1. Considerações iniciais
A cinética química é o estudo da velocidade das reações. A identificação das leis que
regem as variações das concentrações das várias espécies químicas em função do tempo é
particularmente importante nos sistemas onde ocorrem reações lentas. No campo do saneamento
básico e ambiental, são várias as aplicações nos estudos sobre o tratamento de águas para
abastecimento: cinética da floculação, cinética da redução do índice de coliformes através da
cloração; nos estudos sobre o tratamento de esgotos: cinética da biodegradação de esgotos sanitários
e de efluentes industriais, cinética da remoção de outros poluentes; nos estudos de controle da
poluição das águas naturais: cinética de remoção de DBO e de outros constituintes.
1.2. Conceito
As concentrações das diversas espécies químicas que tomam parte de uma reação,
variam com o tempo. A temperatura, a pressão, a presença de catalisadores, são fatores que alteram
a velocidade da reação.
Em geral, podemos escrever para a reação A→B +C:
− ∂ [ A] + ∂ [ B] + ∂ [ C]
ν= = =
∂t ∂t ∂t
Em um caso mais geral, a velocidade relativa de variação da concentração de cada
espécie é influenciada pelo coeficiente estequiométrico da equação química. Por exemplo, na
equação: NH 4+ + 3 O2 → NO3− + 4 H + , o íon hidrogênio está sendo formado quatro vezes mais
2
depressa do que a amônia está desaparecendo. Assim, o valor numérico da velocidade depende de
ser expressa em termos de amônia, oxigênio, nitrato ou hidrogênio. Por isso, as pesquisas
demonstram que a velocidade global da reação química pode ser definida através das relações entre
as variações das concentrações em função do tempo e os coeficientes estequiométricos. Assim, para
o sistema:
aA + bB → cC + dD, podemos escrever:
−1 ∂ [ A] −1 ∂ [ B] +1 ∂ [ C] +1 ∂ [ D]
ν= = = =
a ∂t b ∂t c ∂t d ∂t
Esta equação representa a metabolização de um substrato (S) através das enzimas (E)
produzidas pelos microrganismos, formando um complexo intermediário e, posteriormente, os
produtos (P), ocorrendo também a regeneração da enzima.
∆G = ∆H − T∆S , onde:
H 2 + C l2 → 2 HCl
+
E2 E3
E1
Nota-se a formação do complexo ativado com o nível energético E2, que é maior do
que E1.
Para que a reação ocorra é necessário introduzir-se uma quantidade de energia maior
do que ∆E A = E2 − E1 . O fluxo energético que ocorre nas reações pode ser representado pelos
gráficos:
41
γ = coeficiente de atividade
Para soluções não eletrolíticas e soluções eletrolíticas muito diluídas, o que é o caso
da maioria das águas utilizadas para abastecimento, γ = 1,0. Para soluções de eletrólitos com a força
iônica do meio I < 0,1M e 0 < T < 40°C, o valor de γ pode ser calculado por:
I
log γ = −
2
AZ , onde:
1 + I
Para águas com teores de sólidos dissolvidos CS < 500mg/L, a força iônica pode
também ser calculada através de: I = 2,5 x 10-5 CS
A constante A, pode ser determinada através de:
A = 1,82 x 106 (DT)-3/2, onde:
T = temperatura da solução (°K)
D = constante dielétrica da água = 78,3
Para 25°C ⇒ A = 0,51
Para soluções de eletrólitos com I < 0,005M, o coeficiente γ pode ser calculado
através de:
log γ = −
2
AZ I
Exemplo: Calcular as atividades dos íons em uma solução 0,01M de CaSO4 e 0,015M de MgCl2.
42
Exercício Proposto:
1. Calcular as atividades dos íons em solução quando são misturadas 212,5 mg de NaNO3 com 131
mg de ZnCl2.
Resposta:
Na NO3 Zn Cl
Conc. Ativa (moles/L) 0,0045 0,0045 0,0013 0,0036
∫ ∂ [ A] = − k ∫ ∂t
[ A] 0 0
∴ [ A] − [ A] 0 = k . t ⇒ [ A] = [ A]0 − kt , onde
43
Por outro lado, para que uma reação seja de primeira ordem é necessário que ao se
lançar em gráfico os dados de logaritmo natural de concentração em função do tempo, obtenha-se
uma reta. A inclinação desta reta representa a constante da velocidade da reação que tem, neste
caso, a dimensão 1/tempo ou tempo-1.
∂ [ A]
= − k [ A]
∂t
∂ [ A]
= k .∂t
[ A]
Demonstração:
[ A]
∂ [ A] t
∫ A = − k ∫ ∂t
[ A ]0 0
[ A]
∴ ln = − k . t ⇒ [ A] = [ A]0 . e − k .t ,
[ A]0
que é a equação de uma reação de primeira ordem. Da equação anterior podemos ainda escrever
que:
ln[A] - ln[A]0 = - kt ou
ln[A] = ln[A]0 - k.t, o que demonstra que ao se lançar em gráfico os valores de ln[A] contra os
valores de tempo obtém-se uma reta, cuja declividade é igual a -k. Graficamente, tem-se:
44
Por sua vez, para que uma reação seja de segunda ordem, é necessário que se obtenha
uma reta quando se lança em gráfico os valores do inverso das concentrações com o tempo, pois:
∂ [ A]
= − k [ A]
2
∂t
∂ [ A]
= k .∂t
[ A] 2
[ A]
∂ [ A] t
∫ = − k ∫ ∂t
[ A] 0 [ A]
2
0
[ A]
1 1 1
− [ A] = − k .t ⇒ =
[ A] [ A] 0
+ k . t . , que é a equação de uma reação de segunda ordem, que
[ A] 0
E lançando-se em gráfico [A] x t, ln [A] x t e 1/[A] x t, obtem-se que a curva ln[A]xt aproxima-se
de uma reta, o que indica que a reação em questão é de 1ª ordem.
Pesquisar-se uma a uma as diversas ordens de reação pode ser um procedimento
muito exaustivo. Pode-se determinar aproximadamente a ordem de uma reação, tendo como ponto
de partida a reação de ordem n, genérica, através do seguinte desenvolvimento:
∂ [ A]
= − k [ A]
n
∂t
−∂ [ A]
= k .[ A]
n
∂t
aproximando-se os diferenciais em intervalos, temos:
−∆ [ A] −
n
−
= k A , onde A representa a concentração média do reagente no intervalo considerado.
∆t
− ∆ [ A] − n
∴ log = log k A
∆t
− ∆ [ A] −
∴ log = log k + n log A , de onde se observa que lançando-se em gráfico os valores de
∆t
− ∆ [ A] −
log contra log A a curva resultante deverá ser aproximadamente uma reta, cuja inclinação
∆t
é a ordem da reação. Graficamente temos:
46
log
0 180
-25 5 -5,00 0,70 2,22
5 155
-60 7 -8,57 0,93 2,10
12 95
-27 10 -2,70 0,43 1,91
22 68
-26 9 -2,89 0,46 1,74
31 42
-16 9 -1,78 0,25 1,53
40 26
−∆ [ A] −
E lançando-se em gráfico os valores de contra os valores de log A ,
∆t
observa-se que a reta resultante apresenta inclinação aproximada de 45°, o que demonstra que a
reação é de primeira ordem, em que pese o baixo coeficiente de correlação da reta ajustada a partir
dos resultados experimentais.
1.6.2. Temperatura
De uma maneira geral, aumentando-se a temperatura do sistema, aumenta-se a
energia das moléculas que participam de uma determinada reação que tem a sua velocidade
aumentada. O efeito da temperatura sobre a velocidade das reações pode ser preliminarmente
avaliado através da regra experimental de Van’t Hoff: “As velocidades das reações dobram ou
triplicam para um aumento de 10°C no valor da temperatura”. Embora não se deva esperar que esta
regra se aplique a todos os casos e para todas as faixas de temperatura, um exemplo típico em que
este comportamento se verifica são os digestores anaeróbios de lodos, onde o rendimento
praticamente duplica quando se eleva a temperatura do lodo de 25°C para 35°C.
Para se estimar de forma mais precisa o efeito da temperatura, pode-se utilizar a lei
de Van’t Hoff-Arrhenius. Influir na velocidade da reação significa alterar o valor da constante da
velocidade k. A citada lei prevê a seguinte expressão para a variação de k:
47
∂ ln k E
= , onde:
∂T R. T 2
∴ ln
k
k
2
1
[ (T
= E 2
− T )] / R. T . T
1 1 2
E
e fazendo-se = C , temos:
R T 1 .T 2
" (T T 1)
k 2
=
C 2
−
k 1
C
= θ , temos:
( − )
= k 1 . θ T 2 T 1 , onde:
e fazendo-se " k 2
1. Um resíduo apresenta uma taxa de decomposição k = 0,1 d-1 a 20°C. Quanto tempo levaria para
decompor 90% deste resíduo de concentração total igual a 1200 mg/L. A temperatura ambiente é de
30°C.
Solução:
48
Como a dimensão da taxa k apresentada é d-1, subentende-se que a reação em questão é de primeira
ordem. Portanto:
[A] = [A]0 . e-k.t
[A]0 = 1200 mg/L
k = 0,17d-1
[A] = 0,1 x 1200 = 120mg/L (90% de decomposição)
∴ 120 = 1.200 . e-0,17 x t ⇒ t = 13,5 dias
∂ (ln k ) E 1
Solução: partindo-se da equação diferencial do efeito da temperatura sobre k, = ,
∂T R T2
integrando-se temos:
−E 1
lnk = + ln B
R T %$#
constante
1
Portanto, lançando-se em gráfico os valores de lnk contra (lembrar que T é a temperatura
T
absoluta, em °K), os pontos alinhar-se-ão aproximadamente e a inclinação da reta é numericamente
igual ao valor de -E/R (o sinal negativo indica que a reta é descendente).
Lançando-se em gráfico estes dados, encontrou-se E/R = 8593 portanto, para T1 = 15°C = 288°K e
T2 = 40°C = 313°K
θ = e8593/(288)(313) = 1,100
1. Um rio recebe descarga contínua de um poluente em determinado ponto, a partir do qual sua
concentração foi monitorada no trecho de jusante, tendo-se obtido os seguintes resultados:
Sabendo-se que a velocidade das águas do rio é 0,1 m/s qual (a) a ordem e (b) a taxa da reação que
leva à redução progressiva na concentração deste poluente ao longo do rio? (c) Qual o tempo
necessário para a redução em 90 % da concentração deste poluente e a que distância do ponto de
lançamento ocorrerá?
Resposta: (a) 1a ordem ; (b) 0,1 h-1 e (c) 23 horas
Tempo (minuto) 00 03 06 09 12 15 18 21 24 27
Conc. Remanes. 13494 4537 1808 713 276 109 43 16 06 03
Escherichia Coli
(org./100mL)
2. Equilíbrio Químico
2.1. Conceito
Para se introduzir os princípios do equilíbrio químico, uma reação química será
analisada quantitativamente, de modo a se mostrar que o estado de equilíbrio realmente ocorre.
Consideremos a seguinte reação química que se supõe ocorrer em uma solução aquosa:
1
A+ B ↔ C + D
2
O sentido duplo da seta indica que tanto a reação da esquerda para a direita como a
inversa podem ocorrer. Suponhamos que as espécies A e B sejam misturadas em uma solução
aquosa e que se monitora as concentrações de C em função do tempo, conforme mostrado na figura
a:
50
1
A + B →C + D
2
C + D→ A+ B
51
Se o mecanismo da reação é tal que a colisão entre uma única partícula de A e uma
única partícula de B é necessária para que a reação ocorra no sentido 1 e que a colisão entre uma
única partícula de C e uma única partícula de D é necessária para que a reação ocorra no sentido 2,
então, no início, a velocidade da reação no sentido 1 será maior do que no sentido 2 porque as
concentrações iniciais de A e B são maiores do que as de C e D e portanto a freqüência de colisões
é maior. Assim, se a concentração de A ou B for dobrada, o número de colisões entre A e B por
unidade de tempo deverá dobrar e portanto a velocidade de reação no sentido 1 também deverá
dobrar. Por outro lado, se as concentrações de A e B forem dobradas, o número de colisões entre A
e B será quadruplicado, o que também ocorrerá com a reação no sentido 1. Esta linha de raciocínio
1
sugere que para uma reação do tipo A + B ↔ C + D , as velocidades das reações nos sentidos 1 e 2
2
podem ser expressas matematicamente através de:
ν1 = k1 [A] . [B]
ν2 = k2 [C] . [D] onde:
ν1: velocidade da reação no sentido 1
ν2: velocidade da reação no sentido 2
k1 k2: constantes de velocidade, que consideram todos os fatores que afetam a velocidade, exceto as
concentrações dos reagentes.
[A], [B], [C], [D]: concentrações dos reagentes, em moles/litro
As variações das velocidades nos sentidos 1 e 2 são ilustradas na figura d.
k1 [ C ].[ D] [ C ][ D]
= ⇒ ( K ) eq = , onde
k 2 [ A].[ B ] [ A][ B ]
Neste caso, foi considerado que o mecanismo da reação é tal que é necessária a
colisão de uma única partícula de A com uma única de B para que a reação ocorra (sentido 1) e
idem para C e D (sentido 2). Considerando-se agora um mecanismo em que é necessária a colisão
simultânea de duas partículas de A com uma de B (sentido 1) e de duas de C com uma de D
(sentido 2), ou seja:
1
2 A + B ↔ 2C + D
2
ν1 = k1[A]2[B]
ν2 = k2 [C]2[D]
[ C ]2 . [ D]
no equilíbrio ν1 = ν2 e ( K ) eq =
[ A]2 . [ B ]
Esta é a representação matemática da lei do equilíbrio químico cuja forma geral pode
ser aplicada em muitos tipos de reações de interesse no campo do saneamento, tais como as de
dissociação, ionização, precipitação (solubilidade) e formação de complexos. Notar que o
mecanismo real da reação pode diferir consideravelmente da estequiometria geral. Contudo, as
propriedades do equilíbrio de um sistema não dependem da intensidade (nível) em que é alcançado
e que a equação acima só pode ser aplicada para o estado de equilíbrio. Deve ser notado também
que o uso de concentrações ativas é mais correto do que o uso da concentração analítica real
(concentração molar). Há três pontos na equação acima que devem ser compreendidos:
[ HI ]2 ( 0,0102 )
2
K= = = 45,9
[ H2 ].[ I 2 ] 0,000862 x 0,00263
3. Calcular a constante de equilíbrio para a reação abaixo, a 700oC, sabendo-se que nesta
temperatura existem em equilíbrio 1,02 moles/L de N2; 1,60 moles/L de H2 e 0,10 moles/L de NH3.
Solução:
5. Calcular a constante de equilíbrio para a reação abaixo, a 700oC, sabendo-se que nesta
temperatura existem em equilíbrio 1,02 moles/L de N2; 1,60 moles/L de H2 e 0,10 moles/L de NH3.
[H ] . [ClO]
+ −
Ka =
[HClO]
Ka
∴ + =
[ClO] −
H [ ][HClO]
55
E lembrando-se que [H+] = 10-pH pode-se construir a seguinte tabela, arbitrando-se valores de pH e
calculando-se as porcentagens de HClO:
pH [H+] % HClO
3,0 10-3,0 99,99
4,0 10-4,0 99,98
5,0 10-5,0 99,75
5,5 10-5,5 99,22
6,0 10-6,0 97,56
6,5 10-6,5 92,67
7,0 10-7,0 80,00
7,5 10-7,5 55,85
8,0 10-8,0 28,57
8,5 10-8,5 11,29
9,0 10-9,0 3,85
9,5 10-9,5 1,25
10,0 10-10,0 0,40
De onde se observa que quanto menor for o pH, maior será a porcentagem de ácido
hipocloroso não dissociado, o que é interessante sob o ponto de vista da desinfecção. No entanto,
observa-se que para valores de pH ligeiramente inferiores a 7,0, as porcentagens de HClO são
bastante elevadas, representando uma situação satisfatória.
1
aA + bB ↔ cC + dD,
2
ν1 = k1.[A]a.[B]b
ν2 = k2 [C]c.[D]d
ln( K ) eq = const . −
ÃO
RT
onde R é a constante dos gases e ∆H° é a variação de entalpia da reação.
Se a reação no sentido 1 for endotérmica, então a reação no sentido 2 é exotérmica.
O princípio de Le Chatelier estabelece que a posição do equilíbrio varia no sentido de aliviar a
carga imposta. Isto significa que se é adicionado calor em um sistema químico em equilíbrio, a
posição deste irá variar de modo que uma parte da energia térmica adicionada ao sistema possa ser
utilizada. Assim, se é adicionado calor ao sistema mencionado, a posição do equilíbrio é deslocada
para a direita (favorecendo a reação endotérmica), o que significa que o valor da constante aumenta.
O efeito da temperatura sobre a constante de equilíbrio é ilustrado na figura a seguir.
57
Pode-se observar que a declividade depende do sinal de ∆H°. Assumindo-se que ∆H°
permanecerá constante na faixa de temperatura entre T1 e T2, a integração da equação anterior
resulta:
k 2 ∆HREAÇÃO T2 − T1
0
ln =
k1 R T1 . T2
Se k1 é conhecido, é possível a determinação de k2.
2. Determinação de k a 10°C
∆H °reação (T2 − T1 )
log k10°C = + log k 25°C
2,303 R T1 T2
− 2950(283 − 298)
∴log k10°C = + log10− 8,34
(2,303)(1,98)(283)(298)
∴k10°C =10− 8, 22
58
SO2 + H2O2 → SO3. Se entrar H2S o processo pára por envenenamento do V2O5. Em
V O
2 5
2.4.4. Pressão
Aumentando-se a pressão, diminuem-se as distâncias, possibilitando a ocorrência de
maior número de colisões.
Segundo Arrhenius, todos ácidos, sais e bases se dissociam formando íons quando
em solução aquosa. Ele observou também que soluções equivalentes de compostos diferentes
variam grandemente na condutividade, isto é, no seu grau de ionização.
+ −
H Ac ↔ H + Ac
+ −
=
H . Ac = 1,75 x −5(25! C ) pK = 4,7
K A [HAc ] 10 A
+ O↔
+
+
−
=
[ NH ][OH ] = 1,75 x 10
+
4
−
−5
(25! ) pKb = 4,7
NH H NH OH K
3 2 4 b
[ NH ] 3
a.3. Outros
- gás sulfídrico
K=H
+ − −13
H S ↔ H + HS !
2 1 1
H S
2
HOCl ↔
+
+
−
=
[H ] . [OCl ] = 2,7 x 10
+ −
−8
pK A = 7,5
H OCl K A
[HOCl ]
O ácido hipocloroso (HOCl) é o agente desinfetante que resulta da aplicação do
cloro puro na água. Este equilíbrio é importante, porque o poder de desinfecção do íon hipoclorito
(OCl-) é menor que o do ácido hipocloroso não dissociado.
- Carbonatos e bicarbonatos
[CO ]
−4
CO 3
+ H 2 O ↔ HCO 3 + OH K = 1
3
−2
!
1
3
H 2 CO 3 OH
−
[ ]
− −
( )
HCO + H 3 2
O ↔ H 2 CO + OH
3 K 2= [HCO ]
−
= 2,3 x10−8 25! C pK 2 = 7,6
3
Quando uma base forte é titulada com um ácido forte, o pH inicial da base é muito
alto, geralmente na faixa entre 12 e 13. A medida que o ácido vai sendo adicionado, o pH varia
muito pouco no começo, caindo lentamente até 10. A partir daí, o pH cai muito rapidamente até um
valor em torno de 4,0; a partir daí a variação torna-se novamente lenta e gradual. O comportamento
inverso pode ser percebido na titulação de ácidos fortes (ver figura a seguir).
Quando os ácidos fracos são titulados com uma base forte, o comportamento é
diferente do que o dos ácidos fortes. Não ocorre o trecho praticamente vertical na faixa de pH entre
4 e 10. As variações de pH em relação aos volumes gastos da base titulante são mais uniformes e a
curva apresenta estágios ou patamares em número de acordo com o número de hidrogênios
ionizáveis presentes no ácido fraco. Na figura abaixo apresenta-se a curva de titulação da mistura
hidróxido-carbonato.
d) Íons complexos
Íons complexos são substâncias solúveis formadas pela combinação de espécies mais
simples em solução. Por exemplo, se Hg+2 e Cl- estão presentes na água, eles irão se combinar,
formando HgCl2(aq). O cloreto pode se combinar com o mercúrio em outras proporções formando
uma variedade de complexos:
Hg+2 + Cl- ↔ HgCl+ K1 = 5,6 x 106 (25°C)
HgCl+ + Cl- ↔ HgCl2 K2 = 3,0 x 106
HgCl2 + Cl- ↔ HgCl3- K3 = 7,1
HgCl3 + Cl- ↔ HgCl4-2 K4 = 10
63
Importância: Este efeito é utilizado na análise da DQO em que se adiciona sulfato de mercúrio para
eliminar interferência de íons cloreto.
A constante de equilíbrio neste caso é chamada constante de estabilidade e o íon Cl-,
ligante. Exemplos de ligantes: H+, OH-, CO3−2 , NH3, F-, CN-, S2 O3−
e) Produto de solubilidade
Todos os sólidos são solúveis em algum grau. Por exemplo, cloreto de prata, AgCl, e
sulfato de bário, BaSO4, são considerados pouco solúveis. Contudo, em contato com a água eles se
dissolvem, numa certa extensão, de acordo com os equilíbrios:
K=
[ ] . [Cl ]
Ag
+ −
K=
[ Ba ] . [SO ]
+2 −2
4
[AgCl] [BaSO ] 4
[Na+] = 0,008M
[Cl-] = 0,008M
[Ag+] = 0,01M
[ NO3− ] = 0,01M
Ag+ + Cl- ↔ AgCl ∴[Ag+].[Cl-]=0,01x0,008=8x10-5>Kps=3,0x10-10→precipitará AgCl.
4. Determinar as porcentagens de H2S liberadas a 25oC para pH variando de 10 a 14. Dado: H2S =
H+ + HS- (K = 1,3x10-13) (25oC)
Resposta:
pH 10 11 12 13 14
% H2S 99,9 98,7 88,5 43,5 7,1
65
3. Referências Bibliográficas
1. As concentrações ativas dos íons K, NO3, Na e CO3, presentes em uma solução 0,005M de
KNO3 e 0,015M de Na2CO3 são, respectivamente:
2. Para que uma reação seja de 2ª ordem, é preciso que se obtenha uma reta ao lançar-se em
gráfico os resultados de:
a) Concentração X tempo
b) Logaritmo da concentração X tempo
c) Inverso da concentração X tempo
d) Concentração ao quadrado X tempo
e) n.d.a.
3. Se a constante da velocidade de uma reação tem por dimensão tempo-1, significa que a reação é
de:
a) ordem zero
b) primeira ordem
c) segunda ordem
d) ordem fracionária
e) n.d.a.
4. Um resíduo apresenta uma taxa de decomposição igual a 0,08 d-1 (base e), a 20oC. Quanto
tempo levaria para ocorrer a decomposição de 80% deste resíduo, a 20oC?
a) 2,6
b) 4,9
c) 7,7
d) 12,6
e) 20,1
Tempo (dias) 1 2 3 4 5
Conc. (mg/L) 90,5 81,9 74,1 67,0 60,7
a) 99,92
b) 99,89
c) 99,84
d) 99,80
e) 99,76
10. O equilíbrio da amônia na água pode ser representado pela seguinte equação química:
NH3 + H2O ⇔ NH4+ + OH- K=1,75.10-5 (25oC)
As porcentagens de NH3 quando o pH for 6,5 e 12,5, a 25oC serão, respectivamente:
a) 0,18 e 99,94
b) 10,16 e 89,76
c) 21,27 e 79,33
d) 36,88 e 64,77
e) 44,14 e 60,08
68
a) 2,99
b) 3,72
c) 4,21
d) 5,36
e) 7,42
Elevando-se o pH da água de 10,0 para 12,5 a redução na liberação de H2S será de:
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
B
C
D
E
Valor 0.8 0.8 0.8 0.8 0.8 1.0 0.8 0.8 1.0 0.8 0.8 0.8
69
AULA 3
REVISÃO DE QUÍMICA: FUNDAMENTOS DE QUÍMICA
COLOIDAL E DE ELETROQUÍMICA APLICADOS AOS ESTUDOS
DE CONTROLE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS
1. Considerações iniciais
Quanto mais se reduz o tamanho de uma partícula, mais se aumenta a relação área
superficial/volume. Um cubo de 6 cm de aresta possui área superficial de 6 cm2 e volume de 1 cm3.
Se fracionarmo-lo em pequenos cubículos de 1µm de aresta, a área superficial total é aumentada
para 600 m2, enquanto que o volume total se mantém em 1 cm3. As partículas em estado coloidal
são suficientemente pequenas de forma a possuir relação área superficial/volume bastante elevada,
isto é, estas partículas manifestam grandes áreas expostas ao meio onde se inserem, podendo
intercambiar com ele, gerando o que se conhece pelos chamados “fenômenos de superfície”.
São as propriedades mais importantes que decorrem desta anterior, que resulta no
fato de que todas as partículas coloidais são carregadas eletricamente. Águas com pH entre 5 e 10, o
que compreende a grande maioria das águas naturais, apresentam predomínio de partículas com
saldo de carga negativa, gerando um potencial médio estimado em – 30 mV. Quando imergimos
eletrodos na água, isto é, aplicamos uma diferença de potencial, as partículas coloidais migram para
o polo de sinal oposto, propriedade eletrocinética conhecida por eletroforese.
2.2.5. Diálise
Existem dois principais fatores que dificultam a aglutinação das partículas coloidais:
a camada de solvatação e a carga elétrica. A camada de solvatação é uma fina película de água
fortemente aderida à partícula coloidal. A afinidade dessas partículas pela água resulta da presença
de certos grupos polares como OH, COOH e NH2 em sua superfície. Os colóides que possuem
camada de solvatação são chamados hidrófilos ou hidrofílicos e são mais difíceis de flocular. Os
colóides que não possuem camada de solvatação são chamados hidrófobos e são mais fáceis de
flocular, por não possuírem esta barreira contrária à ação dos agentes empregados para a sua
desestabilização.
A carga elétrica que se manifesta na superfície das partículas coloidais é chamada
carga elétrica primária. Ela pode ser originada da dissociação de grupos reativos presentes nas
extremidades das moléculas contidas na estrutura da micela do colóide, ou simplesmente pela
adsorção seletiva de íons dispersos na água. A carga elétrica primária de colóides hidrofílicos
resulta principalmente da dissociação de grupos como COOH e NH2, por exemplo, da seguinte
forma:
PROTEÍNA-COOH + H2O = [ PROTEÍNA-COOH ] - + H3O+ (solução verdadeira)
PROTEÍNA-NH2 + H2O = [ PROTEÍNA-NH3 ]+ + OH- (solução verdadeira)
Observa-se, através dessas reações de dissociação, que ocorrem efeitos sobre o pH
da água. A seguinte experiência poderia ser feita em laboratório: dissolver uma certa quantidade de
proteína em um copo contendo água com pH inicial igual a 7,0. Se o pH após a dissociação se
reduzir, foi porque havia um saldo de grupamentos carboxílicos em relação ao grupo amina.
Continuando a experiência, adicionando-se agora sucessivamente gotas de uma solução diluída de
ácido clorídrico, o valor do pH da água continuará diminuindo. Com base na lei de Chatelier, ou o
princípio do deslocamento do equilíbrio, pode-se imaginar que chegar-se-á a um valor de pH em
que a dissociação de grupos amina igualar-se-á à dos grupos carboxilícos, pois a introdução de
ácido no meio inibirá esta última. Este pH é conhecido por ponto isoelétrico da partícula. O inverso
também poderá ocorrer: adicionar a proteína à água e o pH subir. Neste caso ocorreu saldo de
grupos amina e a elevação adicional de pH com hidróxido de sódio levará ao ponto isoelétrico dessa
partícula. O conceito de ponto isoelétrico é importante nos estudos de coagulação e floculação,
demonstrando claramente a importância do pH da água nestes fenômenos sequenciais. O ponto
isoelétrico da partícula é um valor de pH bastante favorável para a aplicação de agentes
coagulantes, por reduzir as barreiras eletrostáticas. Alguns efluentes industriais floculam em alguns
casos mediante apenas a variação de pH, notadamente efluentes contendo metais e que são
alcalinizados durante o tratamento.
À medida que a partícula coloidal manifesta sua carga primária, passa em seguida a
atrair contra-íons, formando um campo eletrostático ao redor do núcleo da partícula e de sinal
contrário ao da carga primária. Quanto mais próximo o contra-íon estiver da superfície da partícula,
maior a força de atração. Assim, forma-se uma primeira camada de contra-íons que, na teoria da
dupla camada de Stern, chama-se camada compacta. Os íons mais afastados são atraídos mais
fracamente, e a camada que se inicia após o final da camada compacta e se estende até o meio
neutro, onde a força de atração pela partícula é praticamente zero, chama-se camada difusa. É esta
configuração que faz com que, quando se colocam duas partículas coloidais de mesmo sinal
próximas entre si, ocorra a interação entre os campos eletrostáticos que se formam ao redor de cada
uma, resultando em forças de repulsão que impedem a coagulação.
Quando a partícula coloidal é submetida a uma diferença de potencial, ela migra para
o polo de sinal contrário à sua carga primária. Os contra-íons que se encontram na camada
compacta estão fortemente atraídos à partícula e são capazes de migrarem junto com ela. Mas os
que estão na camada difusa, nem todos possuem esta capacidade. Pode-se imaginar um plano no
interior da camada difusa que corresponde ao limite desta capacidade de acompanhamento da
partícula, isto é, as cargas que estão até este plano são capazes de acompanhar a partícula e as que
estão fora não. Este plano é chamado de plano de cisalhamento. O potencial máximo de repulsão
eletrostática ocorre exatamente na superfície da partícula; é ele que tem que ser neutralizado para a
desestabilização da partícula, mas é muito difícil de ser medido. O que pode ser medido é o
potencial manifestado no plano de cisalhamento, que é o chamado potencial zeta, isto porque o
potencial zeta corresponde ao potencial das cargas que estão dentro do plano de cisalhamento e
pode ser medido por eletroforese, uma vez que estas cargas migrarão com a partícula para o polo de
sinal contrário. Certamente este potencial zeta é menor que o total, mas por poder ser medido mais
facilmente, serve de referência para as intervenções nas estações de tratamento de água, como o
estabelecimento das dosagens de coagulantes. O potencial zeta é dado por:
Z = 4πdq / D , onde:
q= carga da partícula
d = espessura da zona de influência da carga da partícula
D = constante dielétrica do líquido
concentrada. Dois efeitos que resultam em coagulação podem ocorrer: à medida que a suspensão
coloidal torna-se mais concentrada, aumenta-se a oportunidade para um contato mais efetivo entre
as partículas. Ao mesmo tempo, a concentração de eletrólitos aumenta, resultando em um
decréscimo na espessura da camada difusa; mas também é inviável economicamente para as
aplicações em saneamento.
A precipitação mútua é também um mecanismo de coagulação não utilizado em
saneamento devido aos grandes volumes de água a serem tratados. Ocorre quando colóides de
cargas opostas são misturados. Se forem adicionados em quantidades equivalentes em termos de
cargas eletrostáticas, a coagulação ocorre quase que completamente. Os colóides carregados
positivamente que resultam das adições de sais de alumínio ou ferro trivalentes podem, de certa
forma, agir desta maneira e remover os colóides carregados negativamente.
formação de flocos grandes e densos contendo ramificações que promovem entrelaçamentos entre
os flocos formando estruturas maiores e mais pesadas. Nas estações de tratamento de água a etapa
de floculação é chamada de mistura lenta. Os floculadores hidráulicos são tanques com chicanas
onde o grau de mistura é controlado pelo espaçamento entre elas produzindo perda de carga
adequada. Nos floculadores mecânicos, os tanques são munidos de turbina sendo o grau de mistura
comandado pela potência do motor.
O principal parâmetro de controle da energia para mistura é o chamado gradiente de
velocidade, que está associado à variação da velocidade do escoamento, ponto a ponto, segundo
uma direção perpendicular a ele. Expressando-se matematicamente, G = dv/dy , sendo v a
velocidade e y o eixo perpendicular ao escoamento. A dimensão do gradiente de velocidade é 1 /
tempo e normalmente é expresso em s-1.
Nos estudos de floculação, além do gradiente de velocidade, o tempo de mistura tem
influência decisiva nos resultados. Por isso criou-se o número de Camp, o adimensional igual a Gxt
cujos valores são utilizados na interpretação da adequação do grau de mistura a ser imposto no
tanque de floculação.
Além da energia para a mistura, a floculação é influenciada pelas características
físicas e químicas da água como o pH, a alcalinidade, a temperatura e a distribuição de partículas.
Neste último caso, é importante a presença de partículas maiores, sólidos em suspensão, que atuem
como núcleos para a formação de flocos grandes e densos.
Cada mg/L de sulfato de alumínio requer 0,33 g de Ca(OH)2 (ou 0,25 mg/L CaO),
eleva a dureza permanente em 0,45 mg/L.
2.9 Questionário
3. Fundamentos de Eletroquímica
Equação de Nernst:
Nernst é nulo e E = Eo. Na tabela 2 a seguir são apresentados valores de potencial padrão de
oxidação:
Quando dois eletrodos diferentes se combinam, forma-se uma pilha eletrolítica cuja
força eletromotriz é dada por:
Exemplo 1: Quando combinamos um eletrodo padrão de cobre com outro de ferro, ocorre a seguinte
reação:
Cu+2 + Fe = Cu + Fe+2
Qual o sentido da reação espontânea?
Exemplo 2: Qual o potencial de oxidação para a meia pilha Pb = Pb++ + 2e, quando a concentração
de Pb++ for igual a 0,001 M? Dado Eo = + 0,126 V.
Exemplo 3: Qual o potencial desenvolvido por uma pilha eletrolítica formada com Zn / Zn++ (0,01
M) e Cu / Cu++ (0,1 M)? Qual será a reação produzida? Dados: Eo (Zn) = + 0,763 V e Eo (Cu ) = -
0,337 V
Eletrodo de Zinco:
E = 0,763 - ( 0,0591 / 2 ) . Log 10-2 = 0,822 V
Eletrodo de Cobre:
E = - 0,337 - ( 0,0591 / 2 ) . Log 10-1 = - 0,307 V
Para que a FEM da pilha seja positiva, o zinco deverá sofrer oxidação e o cobre
redução.
Caso se deseje que a reação ocorra no sentido contrário, deve-se aplicar uma
diferença de potencial externa superior a 1,129 V, de maneira a neutralizar o potencial da pilha e
inverter o sentido de funcionamento, constituindo uma célula eletrolítica.
Reações:
Fe = Fe+2 + 2e- (anodo)
H2O + ½ O2 + 2e- = 2OH-
Ferrugem:
Fe+2 + 2 OH- = Fe(OH)2
2Fe(OH)2 + ½ O2 + H2O = 2Fe(OH)3 = Fe2O3
b) Quando o meio não contém ar ou oxigênio dissolvido, o processo catódico mais comum é
representado por:
2 H+ + 2e- = H2
O potencial de eletrodo é dado por:
E = Eo - ( 0,059 / 2 ) . Log [ H+] / pH2
83
Exemplo: Um reservatório de cobre contendo uma solução 0,2 M de CuSO4 a pH 6,7, em equilíbrio
com o ar atmosférico poderá ser corroído? Dado pO2 = 0,2 atm.
Os objetivos básicos da proteção contra a corrosão são diminuir a energia livre, fator
termodinâmico como a proteção catódica, ou diminuir o fator cinético, que pode ser feito através de
revestimentos. Na prática, objetiva-se aumentar a resistência do material metálico, diminuir a
corrosividade do meio através de tratamento ou interpor uma barreira entre o material e o meio.
Proteger um sistema contra a corrosão significa evitar a formação de pilhas
galvânicas ou, eventualmente, forçar a criação de uma pilha controlada que ataque apenas um
eletrodo especial que é colocado no sistema com essa finalidade.
O primeiro mecanismo consiste em escolher os materiais metálicos que não formem
pilhas, ou protegê-los superficialmente com material que impeça a corrosão, como é o caso de
tintas, compostos betuminosos, epoxi, galvanização, cromeação, etc..
O segundo mecanismo consiste na proteção catódica, aplicável a todos os metais, na
qual, para proteger estruturas de ferro, coloca-se um eletrodo de zinco ou de magnésio, para serem
corroídos no lugar do ferro. A proteção catódica pode ser feita ligando a estrutura a ser protegida no
polo negativo de um gerador de corrente contínua, que é a chamada proteção catódica imposta ou
com corrente impressa, ou ligando a estrutura a um material metálico garantidamente anódico, que
consiste na chamada proteção catódica galvânica ou com eletrodos de sacrifício.
85
3.4 Questionário
1. Explicar o que se entende por potencial de eletrodo.
2. Conceituar corrosão.
3. Explicar o mecanismo da formação da ferrugem.
4. Que substâncias podem ser encontradas na água, no ar e no solo e que tornam esses meios
corrosivos?
5. Que principais grupos de medidas podem ser tomadas para a atenuação de processo corrosivo
de determinado material?
6. Que tipo de proteção contra a corrosão pode ser dada a uma tubulação de ferro ao atravessar sob
uma via ferroviária? Explicar.
7. Calcular a força eletro-motriz que se desenvolve ao se construir uma pilha com Sn / Sn++ (0,05
M) e Cu / Cu++ (0,2 M)?
8. A que valor de pH deve ser mantido um reservatório de cobre contendo solução 0,3 M de
CuSO4 em equilíbrio com o ar atmosférico para que não seja corroído?
4. Referências Bibliográficas
4. Coagulação e floculação:
a) São sinônimos
b) São fenômenos de significados contrários
c) São fenômenos independentes entre si
d) São fenômenos seqüenciais
e) n.d.a.
6. Quando se imerge um metal em uma solução aquosa contendo íons desse metal, ocorre:
a) A manifestação de uma diferença de potencial
b) Corrosão do metal
c) A alteração do estado de oxidação do metal em solução
d) A precipitação dos íons metálicos da solução sobre o metal introduzido.
e) n.d.a.
7. Quando combinamos um eletrodo padrão de chumbo e outro de zinco, ocorre a seguinte reação:
Pb+2 + Zno ⇔ Pbo + Zn+2
Zno = Zn+2 + 2e- ( + 0,736 V)
Pbo = Pb+2 + 2e- ( + 0,126 V)
87
Nº 1 2 3 4 5 6 7
A
B
C
D
E
Valor 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.0
88
AULA 4
REVISÃO DE QUÍMICA: CONCEITOS DE QUÍMICA ORGÂNICA
APLICADOS AOS ESTUDOS DE CONTROLE DA QUALIDADE
DAS ÁGUAS
1. Características fundamentais
A química orgânica é a parte da química dedicada ao estudo dos compostos de
carbono. Originou-se em 1685 quando se compreendia que os compostos orgânicos eram derivados
apenas de seres vivos, plantas e animais. Este pensamento se verificou até 1828 quando ocorreu
acidentalmente a primeira síntese de composto orgânico. Após o advento da química orgânica
moderna, muitos compostos puderam ser produzidos através de reações químicas, sendo que hoje
são conhecidos mais de um milhão de compostos orgânicos diferentes.
Os compostos orgânicos contêm carbono ligado a outros elementos. Os
hidrocarbonetos contêm apenas carbono e hidrogênio, e muitos outros compostos possuem apenas
carbono, hidrogênio e oxigênio. Em compostos orgânicos naturais, o carbono associa-se a
nitrogênio, fósforo e enxofre. Os compostos orgânicos sintéticos contêm carbono associado a
halogênios (cloro, flúor, bromo e iodo) ou a certos metais e diversos outros elementos.
Os compostos orgânicos são diferentes dos inorgânicos sob diversos aspectos, que
podem ser sintetizados pelas seguintes principais propriedades:
• peso molecular: os compostos orgânicos possuem pesos moleculares elevados
• combustão: muitos compostos orgânicos são combustíveis
• pontos de fusão e ebulição: os compostos orgânicos possuem baixos pontos de fusão e de ebulição
• solubilidade: os compostos orgânicos são pouco solúveis em água
• Isomeria: diversos compostos orgânicos diferentes podem apresentar a mesma fórmula química
• reações: os compostos orgânicos apresentam reações moleculares geralmente de baixa
velocidade
• energia: os compostos orgânicos apresentam em geral elevado nível energético, servindo como
nutrientes para bactérias e outros organismos.
Os compostos orgânicos podem ser naturais, como por exemplo óleos minerais e
vegetais, açúcares, celulose, etc, podem ser obtidos em processos fermentativos como os álcoois ou
por síntese, de onde se origina uma variedade muito grande de compostos.
O carbono tetravalente apresenta a singular propriedade de formar cadeias através de
ligações covalentes. Estas cadeias podem ser abertas com ou sem ramificações, ou fechadas. Estas
cadeias, compostas fundamentalmente por átomos de carbono, podem conter outros elementos,
como é o caso freqüente do nitrogênio.
Exemplos:
90
Exemplos:
H H
H3C C C CH3
H H
isobutano:
H
H3C C CH3
CH3
92
n-pentano:
H H H
H3C C C C CH3
H H H
isopentano:
H H
H3C C C CH3
H CH3
H
|
HC ou CH3 = metil
|
H
H H
| |
HC C ou H3C CH2 = etil
| |
H H
93
Reações Químicas
O nome de todos os compostos desta série termina com o sufixo eno. São, por isso,
também chamados de alcenos ou oleofinas. O etileno, o propileno e o butileno são formados em
grande parte durante o fracionamento do petróleo. Os compostos alifáticos que possuem duas
ligações duplas são chamados de dioleofinas e os que contêm mais de duas são chamados de
polienos.
A série dos alcinos, por sua vez, é caracterizada pela presença de uma tripla ligação
em sua cadeia carbônica. Aparecem em efluentes industriais, como os da indústria de borracha
sintética. Exemplo: HC≡CH
2.1.2. Álcoois
Formam-se a partir da oxidação de hidrocarbonetos.
Exemplos:
- álcool metílico ou metanol: CH4 + ½ O2 → H3C-OH
- álcool propílico ou propanol: H3C-CH2-CH3+ ½O2 → H3C-CH2-CH2OH
A química dos álcoois é decorrente da presença do grupamento OH, podendo ser
genericamente designados por R-OH, seno que R representa um radical orgânico, metil, etil, propil,
etc.
Os álcoois são classificados em primários, quando o grupo OH está ligado a um
carbono de extremidade da molécula; secundários, quando o grupo OH está ligado a outros dois e,
terciários, quando o grupo OH está ligado a um carbono ligado a outros três.
95
Exemplos:
- álcool primário:
H
H3C CH2 C OH
H
- álcool secundário:
H
H3C CH2 C CH3
OH
- álcool terciário:
CH3
H3C C CH3
OH
enzima
Amido + H2O ⇒ maltose
de malte
enzima
C12H22O11 + H2O ⇒ 2 glucose
(maltose) de centeio
fermentação
C6H12O6 ⇒ 2 CO2 + 2 C2H5OH
Nomenclatura
Os álcoois são designados pelo sufixo ol:
96
CH3
\
Ocorrem dois tipos principais de reações com os álcoois que são de interesse no
campo do saneamento ambiental:
b.) Oxidação
Na presença de oxidantes fortes ou de microrganismos sob condições aeróbias, os álcoois são
rapidamente oxidados:
b.1.) álcoois primários em aldeídos:
OH O
| "
H3C – C – CH3 + ½ O2 = H2O + H3C – C – CH3
2 propanol acetona
Os álcoois terciários apenas sob forte oxidação são convertidos a CO2 e H2O. Os
microrganismos aeróbios oxidam rapidamente álcoois primários e secundários a CO2 e H2O, tendo
como produtos intermediários aldeídos e cetonas.
Propriedades físicas
Os ácidos orgânicos com 1 a 9 carbonos na cadeia são líquidos. Todos os outros são
sólidos, como as graxas. Os ácidos fórmico, acético e propiônico apresentam odores penetrantes. Os
outros apresentam maus odores, como o butírico e o valérico. O ácido butírico pode estar presente
nos efluentes de laticínios, trazendo o problema de odor. Todos os ácidos orgânicos são fracos sob o
ponto de vista de ionização. O ácido fórmico é o mais forte de todos.
Todos os ácidos orgânicos são de grande interesse no campo do tratamento de
efluentes líquidos por processos anaeróbios, onde representam estágios intermediários desta via
metabólica. Utiliza-se como nomenclatura para os ácidos orgânicos o sufixo óico. Exemplos:
2.1.4. Ésteres
São compostos formados a partir de reações entre ácidos e álcoois. Corresponde aos
sais da química inorgânica. São geralmente representados por:
2.1.5. Éteres
São conhecidas duas séries homólogas desses compostos: a série do benzeno e a série
dos polinucleares. A série do benzeno é formada por um radical alquil na substituição de um ou
mais hidrogênios do anel de benzeno. Exemplos: benzeno, tolueno e xileno. Esta série de produtos é
largamente utilizada como solvente e na síntese de produtos químicos. Os hidrocarbonetos
polinucleares são constituídos de diversos anéis de benzeno interligados.
101
3. Exercícios Propostos
1. Diferenciar química orgânica e química inorgânica. Qual delas possui maior número de
compostos conhecidos? Por quê?
2. Classifique os compostos abaixo em orgânicos ou minerais:
H – C C C C C – CH3
H H H2
OH
b.) H2C = C – C – CH3
CH3 H
O
"
c.) H3C – C – O – CH3
5. Relacionar:
c.) H – C ≡ C – H
OH
a.) H3C – C – C – CH3
CH3 H2
CH3
b.) H3C – C – C – C = O
CH3 H2 H
O H CH3
"
c.) H3C – C – C – C – CH3
CH3 H H2
H
d.) H3C- C – C – C – C = O
H2 H2 CH2 OH
CH3
103
O
"
e.) H3C – C – C – O – C – CH3
H2
9. Reconhecer as funções:
a.) R – OH
O
"
b.) R – C – OH
O
"
c.) R – C – O – R1
O
"
d.) R – C – R1
O
"
e.) R – C – H
f.) R – O – R1
O
"
g.) R – C – OH
10 Completar:
b.) Hidrocarbonetos com cadeia alifática insaturada com dupla ligação pertencem à classe dos
________________________________________.
c.) Hidrocarbonetos com cadeia alifática insaturada com tripla ligação pertencem à classe dos
________________________________________.
e.) Hidrocarbonetos com cadeia alicíclica com uma dupla ligação pertencem à classe dos
__________________________________________________.
4. Referências Bibliográficas
1. GENDA, A., “Química Orgânica – Conceitos Básicos”. Apostila do Curso de Saúde Pública
para Engenheiros. Faculdade de Saúde Pública, 1972.
H – C –- C – OH
H–N–H
4) (OSEC-SP) Qual das reações abaixo pode ser classificada como de esterificação?
5) (FUVEST-SP) Um composto orgânico com a fórmula molecular C3H2OH deve ser classificado
como:
a) Ácido
b) Álcool
c) Aldeído
d) Base
e) Fenol
6) (FUVEST-SP) Um composto orgânico com a fórmula molecular C3H7OH deve ser classificado
como:
a) Ácido
b) Álcool
c) Aldeído
d) Base
e) Fenol
106
CH3
a) Ácido carboxílico
b) Aldeído
c) Éter
d) Fenol
e) Cetona
O CH3
Indica:
a) metilacetato de propilo
b) propanoato de isopropilo
c) etilisopropilcetona
d) oxopropano – oxiiso propano
e) n.d.a.
a) C3 H6O
b) C4H8O
c) C4 H8O2
d) C5H10O
e) C5H10O2
H2 H2 H2
107
10) (PUC-SP) O ácido monocarboxílico, de massa molecular igual a 88 e que apresenta cadeia
acíclica ramificada é o :
a) Butanóico
b) Metilpropanóico
c) Benzóico
d) Pentanóico
e) 2metilbutanóico
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
A
B
C
D
E
Valor 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 1.0 0.9 0.9 0.9 0.9
108
AULA 5
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS ÁGUAS: COR, TURBIDEZ,
SÓLIDOS, TEMPERATURA, SABOR E ODOR
1. Introdução
Os principais parâmetros utilizados para caracterizar fisicamente as águas naturais
são a cor, a turbidez, os níveis de sólidos em suas diversas frações, a temperatura, o sabor e o odor.
Embora sejam parâmetros físicos, fornecem indicações preliminares importantes para a
caracterização da qualidade química da água como, por exemplo, os níveis de sólidos em suspensão
(associados à turbidez) e as concentrações de sólidos dissolvidos (associados à cor), os sólidos
orgânicos (voláteis) e os sólidos minerais (fixos), os compostos que produzem odor, etc..
As suas aplicações nos estudos e fenômenos que ocorrem nos ecossistemas aquáticos
e de caracterização e controle de qualidade de águas para abastecimento público e residuárias,
tornam as características físicas indispensáveis à maioria dos trabalhos envolvendo qualidade de
águas.
organismos aquáticos. Embora existam técnicas mais específicas para a identificação de substâncias
tóxicas na água, a presença de cor verdadeira na água pode ser indicadora dessa possibilidade. No
entanto, a não inclusão como padrão de emissão (artigo n° 21 da resolução n° 20 do CONAMA)
permite que determinadas indústrias contem com as diluições sofridas no corpo receptor e não
necessitem de tratamento adicional específico para a remoção da cor residual de efluentes tratados
por processos biológicos, por exemplo. Por outro lado, este tratamento físico-químico em nível
terciário, à base do emprego de coagulantes, apresenta custo elevado devido ao grande consumo do
produto e à grande produção de lodo a ser desidratado e disposto em aterro.
No controle da qualidade das águas nas estações de tratamento, a cor é um parâmetro
fundamental, não só por tratar-se de padrão de potabilidade como também por ser parâmetro
operacional de controle da qualidade da água bruta, da água decantada e da água filtrada, servindo
como base para a determinação das dosagens de produtos químicos a serem adicionados, dos graus
de mistura, dos tempos de contato e de sedimentação das partículas floculadas. Por serem
parâmetros de rápida determinação, a cor e a turbidez são muito úteis nos ensaios de floculação das
águas (Jar test) e nos ensaios de sedimentação em colunas e de filtração em leitos granulares.
Para os problemas de lançamento de efluentes industriais, deverá ser levada em
consideração a necessidade de atendimento aos padrões de cor do corpo receptor.
A cor das águas tem sido historicamente medida através de comparação visual,
empregando-se soluções padrão de cor e fonte de luz.
Para estudos envolvendo necessidades de medidas com maior grau de precisão, o
método de determinação da cor por espectrofotometria é recomendado. Para os controles rotineiros
de estações de tratamento de água e em estudos limnológicos, o uso do comparador visual é
bastante razoável.
Neste, a amostra é disposta em um tubo de Nessler enquanto que em um outro
adiciona-se água destilada. Ligando-se a lâmpada do aparelho, vai-se observar uma mancha escura
no campo referente à amostra, devida à absorção de parte da radiação luminosa, enquanto que no
campo da água destilada a imagem é bastante clara. Em seguida, deverá ser pesquisada no disco de
cor qual a posição que leva à coincidência entre as manchas. O disco de cor contém uma solução
sólida de cloroplatinato de potássio (K2PtCl6) em cloreto de cobalto (CoCl2), daí o nome de método
platina-cobalto. Esta solução tem uma tonalidade esverdeada, tal como as águas do rio europeu que
era estudado quando o parâmetro foi introduzido. Assim, uma água com cor 5, apresentará
sombreamento semelhante ao produzido pela água destilada quando se posiciona sobre ela o disco
na posição 5, que contém a solução com 5 mg/L de platina.
Quando os valores da cor são muito elevados, como é o caso de efluentes industriais,
devem ser preparadas diluições prévias da amostra até reduzir a cor abaixo do alcance do disco;
mas, para este caso, o método espectrofotométrico é mais recomendado.
Deve ser observado que este método de comparação visual é de certa forma
subjetivo, dependendo da sensibilidade do operador. Além disso, as diversas águas apresentam
colorações muito diferentes da solução de cloroplatinato, dificultando a comparação.
Quanto ao resultado da cor, cinco unidades de cor ou 5 UC representa o mesmo que
5 mg/L Pt, ou 5 uHazen.
É importante fornecer o pH da amostra quando se utiliza este método para a
avaliação da cor de águas naturais, não sendo apropriado para águas contaminadas por resíduos
industriais.
111
A cor pode ser determinada por espectrofotometria visível, quando esta propriedade
é expressa pelo comprimento de onda (λ) dominante na transmissão da luz em um equipamento
apropriado a tais medidas (espectrofotômetro). Dessa forma, cobre-se todo o espectro luminoso e
não apenas tons amarelos e marrons.
Águas naturais possuem intensidade de cor que varia entre 0 e 200 unidades pois,
acima disso, já seriam águas de brejo e pântano com elevada concentração de matéria orgânica
dissolvida. Coloração abaixo de 10 unidades quase não é perceptível. No Brasil, aceita-se para água
bruta, isto é, antes do seu tratamento e distribuição em sistemas urbanos, valores de até 75 unidades
de cor (Resolução CONAMA nº 20, de 18/06/86).
estações de tratamento de águas. A erosão pode decorrer do mau uso do solo, em que se impede a
fixação da vegetação. Este exemplo mostra também o caráter sistêmico da poluição, ocorrendo
interrelações ou transferência de problemas de um ambiente (água, ar ou solo) para outro.
Os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais também provocam elevações na
turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em conseqüência das atividades de
mineração, onde os aumentos excessivos de turbidez têm provocado formação de grandes bancos de
lodo em rios e alterações no ecossistema aquático.
relação à vela, a chama reduz de intensidade progressivamente até desaparacer por completo,
quando deverá ser efetuada a leitura na escala. Este método obedece ao princípio da “turbidimetria”,
ou seja, a fonte de luz e o observador encontram-se em posições opostas (ângulo de 180°) e os
resultados são expressos em UJT (Unidade Jackson de Turbidez).
Este método, no entanto, apresenta a limitação de não determinar valores baixos de
turbidez (abaixo de 25 UNT), como é o caso da água tratada, porque partículas muito pequenas não
dispersam a luz na faixa amarelo-vermelho do espectro eletromagnético, que corresponde à chama
da vela. Assim, foi necessário desenvolver outros métodos, que são chamados de nefelométricos,
mais sensíveis, que consistem em um equipamento dotado com uma fonte de luz (filamento de
tungstênio), que incide na amostra, e um detector fotoelétrico capaz de medir a luz que é dispersa
em um ângulo de 90o em relação à luz incidente. A turbidez assim medida é fornecida em unidades
nefelométricas de turbidez (UNT), comparável à UJT.
Antes da determinação do valor da turbidez da amostra, a escala apropriada deverá
ser escolhida e calibrada. Para esta calibração, são utilizadas suspensões-padrão de formazina
(contém sulfato de hidrazina e hexametilenotetramina) ou de sílica. Desta forma, os resultados de
turbidez podem também ser expressos em termos de mg/L de formazina ou sílica, dependendo do
padrão utilizado na calibração. Os resultados expressos desta forma são equivalentes àqueles
representados por UNT.
As partículas que provocam turbidez nas águas são as mais fáceis de serem
separadas, por tratar-se de sólidos em suspensão sobre os quais, devido às baixas relações área
superficial/volume apresentadas, ocorre a predominância de fenômenos gravitacionais. Desta forma,
a turbidez pode ser removida através de sedimentação simples, utilizando-se decantadores, sendo
também possível e interessante em alguns casos o emprego da flotação por ar dissolvido. A filtração
pode ser entendida como um processo complementar aos anteriores, ou ser empregada diretamente
em casos de águas de baixa cor e turbidez.
Nos projetos dos decantadores, um dos parâmetros mais importantes a ser definido é
a taxa de escoamento superficial (vazão aplicada por área em planta do decantador). Para esta
finalidade, são conduzidos ensaios em colunas de sedimentação, onde o principal parâmetro de
controle é a turbidez remanescente (residual) em função do tempo.
4. Sólidos em águas
4.1. Considerações iniciais
Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que permanece
como resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma temperatura pré-
estabelecida durante um tempo fixado. Em linhas gerais, as operações de secagem, calcinação e
filtração são as que definem as diversas frações de sólidos presentes na água (sólidos totais, em
suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis). Os métodos empregados para a determinação de sólidos
são gravimétricos (utilizando-se balança analítica ou de precisão), com exceção dos sólidos
sedimentáveis, cujo método mais comum é o volumétrico (uso do cone Imhoff).
a) Sólidos totais (ST): Resíduo que resta na cápsula após a evaporação em banho-maria de uma
porção de amostra e sua posterior secagem em estufa a 103-105°C até peso constante. Também
denominado resíduo total.
114
b) Sólidos em suspensão (ou sólidos suspensos) (SS): É a porção dos sólidos totais que fica retida
em um filtro que propicia a retenção de partículas de diâmetro maior ou igual a 1,2 µm.
Também denominado resíduo não filtrável (RNF).
c) Sólidos Voláteis (SV): é a porção dos sólidos (sólidos totais, suspensos ou dissolvidos) que
se perde após a ignição ou calcinação da amostra a 550-600°C, durante uma hora para sólidos
totais ou dissolvidos voláteis ou 15 minutos para sólidos em suspensão voláteis, em forno
mufla. Também denominado resíduo volátil.
d) Sólidos Fixos (SF): É a porção dos sólidos (totais, suspensos ou dissolvidos) que resta após a
ignição ou calcinação a 550-600°C após uma hora (para sólidos totais ou dissolvidos fixos) ou
15 minutos (para sólidos em suspensão fixos) em forno-mufla. Também denominado resíduo
fixo.
e) Sólidos Sedimentáveis (SSed): É a porção dos sólidos em suspensão que se sedimenta sob a
ação da gravidade durante um período de uma hora, a partir de um litro de amostra mantida em
repouso em um cone Imhoff.
4.3. Classificação
J
J
115
Nos estudos de controle de poluição das águas naturais e principalmente nos estudos
de caracterização de esgotos sanitários e de efluentes industriais, as determinações dos níveis de
concentração das diversas frações de sólidos resultam em um quadro geral da distribuição das
partículas com relação ao tamanho (sólidos em suspensão e dissolvidos) e com relação à natureza
(fixos ou minerais e voláteis ou orgânicos). Este quadro não é definitivo para se entender o
comportamento da água em questão, mas constitui-se em uma informação preliminar importante.
Deve ser destacado que, embora a concentração de sólidos voláteis seja associada à presença de
compostos orgânicos na água, não propicia qualquer informação sobre a natureza específica das
diferentes moléculas orgânicas eventualmente presentes que, inclusive, iniciam o processo de
volatilização em temperaturas diferentes, sendo a faixa compreendida entre 550-600°C uma faixa
de referência. Alguns compostos orgânicos volatilizam-se a partir de 250°C, enquanto que outros
exigem, por exemplo, temperaturas superiores a 1000°C.
No controle operacional de sistemas de tratamento de esgotos, algumas frações de
sólidos assumem grande importância. Em processos biológicos aeróbios, como os sistemas de lodos
ativados e de lagoas aeradas mecanicamente, bem como em processos anaeróbios, as concentrações
de sólidos em suspensão voláteis nos lodos dos reatores têm sido utilizadas para se estimar a
concentração de microrganismos decompositores da matéria orgânica, isto porque as células vivas
são, em última análise, compostos orgânicos e estão presentes formando flocos em grandes
quantidades relativamente à matéria orgânica “morta” nos tanques de tratamento biológico de
esgotos. Embora não representem exatamente a fração ativa da biomassa presente, os sólidos
voláteis têm sido utilizados de forma a atender as necessidades práticas do controle de rotina.
Imagine-se as dificuldades que se teria, se fosse utilizada, por exemplo, a concentração de DNA
para a identificação da biomassa ativa nos reatores biológicos!
Algumas frações de sólidos podem ser inter-relacionadas, produzindo informações
importantes. É o caso da relação SSV/SST que representa o grau de mineralização de lodos. Por
exemplo, determinado lodo biológico pode ter relação SSV/SST = 0,8 e, depois de sofrer processo
de digestão bioquímica, ter esse valor reduzido abaixo de 0,4.
Os níveis de concentração de sólidos sedimentáveis e de sólidos em suspensão são
relacionadas entre si, constituindo-se em outro parâmetro prático de grande importância no controle
operacional dos sistemas de tratamento biológico de esgotos, conhecido por índice volumétrico de
lodo (IVL). O IVL representa o volume ocupado por unidade de massa de lodo.
a) Sólidos sedimentáveis
O cone Imhoff numerado deverá ter as suas paredes internas lavadas com água de
torneira e em seguida deverá receber 1,0 litro da amostra homogeneizada que deverá permanecer
em repouso. Após 45 minutos, o cone deverá sofrer suave rotação de 360° utilizando-se as duas
mãos. Esta operação tem por objetivo promover o desprendimento dos sólidos aderidos à parede do
cone e não pode ser vigorosa para que não ocorra a re-suspensão de sólidos sedimentados. Após um
tempo de 60 minutos, a leitura final poderá ser realizada (posição da interface lodo/líquido
sobrenadante), anotando-se o resultado em mL/L. No fluxograma a seguir são resumidas as
principais operações:
Nestes casos, apenas processos especiais de tratamento apresentam boa capacidade de remoção.
Dentre estes processos, destacam-se aqueles que têm como princípio os fenômenos de adsorção,
troca-iônica, precipitação química e osmose reversa.
Nas estações de tratamento de esgotos sanitários e de efluentes industriais
predominantemente orgânicos, ocorrem reduções nas concentrações de sólidos voláteis dos
despejos que são tratados por processos biológicos.
5. Temperatura
A temperatura é uma condição ambiental muito importante em diversos estudos
relacionados ao monitoramento da qualidade de águas. Sob o aspecto referente à biota aquática, a
maior parte dos organismos possui faixas de temperatura "ótimas" para a sua reprodução. Por um
lado, o aumento da temperatura provoca o aumento da velocidade das reações, em particular as de
natureza bioquímica de decomposição de compostos orgânicos. Por outro lado, diminui a
solubilidade de gases dissolvidos na água, em particular o oxigênio, base para a decomposição
aeróbia. Estes dois fatores se superpõem, fazendo com que nos meses quentes de verão os níveis de
oxigênio dissolvido nas águas poluídas sejam mínimos, freqüentemente provocando mortandade de
peixes e, em casos extremos, exalação de maus odores devido ao esgotamento total do oxigênio e
conseqüente decomposição anaeróbia dos compostos orgânicos sulfatados, produzindo o gás
sulfídrico, H2S. Desta forma, a definição da temperatura de trabalho nos estudos de autodepuração
natural faz-se necessária para a correção das taxas de desoxigenação e de reaeração, normalmente
obtidas para a temperatura de referência de 20°C.
No campo do tratamento biológico de esgotos, as temperaturas mais elevadas
registradas nos países do hemisfério sul levam a comportamentos diferentes dos registrados em
sistemas existentes no hemisfério norte. Os modernos reatores utilizados no tratamento anaeróbio
de efluentes industriais podem, no Brasil, operar à temperatura ambiente, enquanto que na Europa
necessitam de controle a 35°C. Os sistemas de lagoas de estabilização são também bastante
favorecidos por este aspecto. Até mesmo entre as diferentes regiões do território brasileiro, as
cargas orgânicas admissíveis nos sistemas de lagoas variam de acordo com as temperaturas médias
registradas. No nordeste e centroeste, por exemplo, as cargas aplicáveis são maiores do que na
região sudeste.
Os processos físico-químicos em que ocorre equilíbrio, como por exemplo a
dissociação do cloro e os processos de precipitação química, são também dependentes da
temperatura, mas o efeito não é tão significativo como nos processos biológicos.
A temperatura da água é normalmente superior à temperatura do ar, uma vez que o
calor específico da água é bem maior do que o do ar.
Devido às importantes influências da temperatura sobre a configuração dos
ambientes aquáticos, normalmente este parâmetro é incluído nas legislações referentes ao controle
da poluição das águas. No Estado de São Paulo, é imposto como padrão de emissão de efluentes a
temperatura máxima de 40oC, lançados tanto na rede pública coletora de esgotos como diretamente
nas águas naturais. Além disso, nestas últimas não poderá ocorrer variação superior a 3oC com
relação à temperatura de equilíbrio. Isto é importante para efluentes industriais produzidos a quente,
como os de tinturarias, galvanoplastias, indústrias de celulose, etc.
A temperatura das águas é medida de maneira bastante simples através de
termômetros de mercúrio. A temperatura do ar, variável controlada em diversos estudos ambientais,
pode também ser medida através dos termômetros de máximas e mínimas, que registram as
temperaturas limites durante determinado período, por exemplo, 24 horas.
120
6. Sabor e odor
A água pura não produz sensação de odor ou sabor nos sentidos humanos. Uma das
principais fontes de odor nas águas naturais é a decomposição biológica da matéria orgânica. No
meio anaeróbio, isto é, no lodo de fundo de rios e de represas e, em situações críticas, em toda a
massa líquida, ocorre a formação do gás sulfídrico, H2S, que apresenta odor típico de ovo podre, de
mercaptanas e amônia, esta última ocorrendo também em meio aeróbio. Águas eutrofizadas, isto é,
águas em que ocorre a floração excessiva de algas devido à presença de grandes concentrações de
nutrientes liberados de compostos orgânicos biodegradados, podem também manifestar sabor e
odor. Sabe-se que certos gêneros de algas cianofíceas (algas azuis, resistentes às condições de
severa poluição) produzem compostos odoríficos, em alguns casos até mesmo tóxicos. É, por
exemplo, o problema cíclico que ocorre em São Paulo na Represa do Guarapiranga, manancial que
recebe esgotos e abastece parte da região metropolitana. Vários episódios têm ocorrido, sendo que
há alguns anos uma floração de Anabaena provocou odor semelhante ao do BHC, sendo que a
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo-SABESP, encontrou grandes
dificuldades para contornar o problema na fase de captação, onde foram testados diversos algicidas,
e na fase do tratamento (emprego de adsorção em carvão ativado).
Outra fonte que causa problemas de sabor e odor nas águas para abastecimento
público refere-se à presença de fenóis. Esses compostos, mesmo quando presentes em quantidades
diminutas (o padrão de potabilidade no Brasil é de 0,1µg/L, a título de recomendação), reagem com
o cloro residual livre formando clorofenóis que apresentam odor característico e intenso.
Além destas fontes principais, existe ainda o gosto na água proveniente de metais,
acidez ou alcalinidade pronunciadas, cloreto (sabor salgado), etc..
Na legislação brasileira aparece apenas a designação “não objetável” para sabor e
odor, o que representa certa subjetividade. A legislação paulista é talvez rigorosa demais,
condenando a presença de qualquer tipo de odor senão o de cloro. Nos Estados Unidos é utilizada a
técnica do odor limite para quantificar o problema, que consiste em proceder-se a diluições da
amostra até que o odor não seja mais detectado. Se, por exemplo, apenas com diluições superiores a
1:5 os odores não podem mais ser percebidos, diz-se que aquela amostra de água apresenta odor
limite 5. É óbvio que é uma técnica que também envolve subjetividade e imprecisões, mas é uma
maneira de se aproximar melhor à questão, que pode ser interessante em diversos estudos. Para uma
identificação precisa das concentrações dos compostos aromáticos presentes na água, técnicas
analíticas sofisticadas como a cromatografia gasosa ou cromatografia/ espectrometria de massa
podem ser necessárias.
A adsorção em carvão ativado granular ou em pó é a técnica mais empregada e
eficiente no controle de odor. Em casos particulares, como no importante problema da liberação de
H2S de processos anaeróbios, perceptível pelo olfato humano em concentrações da ordem de apenas
1 ppb, técnicas oxidativas empregando-se cloro, peróxido de hidrogênio e ozonização, entre outras,
ou técnicas de precipitação química com sais de ferro, podem ser testadas. Essa medida, no entanto,
deverá ser bem planejada, devendo ser primeiramente testada em menor escala para a verificação da
eficiência real e para a identificação de problemas operacionais como a descarga de oxidante
residual que possa resultar em efeito tóxico ao meio.
121
7. Questionário
Cor: 5 U.C.
Turbidez: 2 UNT
Sólidos totais: 350 mg/L
Sólidos fixos: 150 mg/L
Sólidos voláteis: 250 mg/L
Sólidos em suspensão totais: 280 mg/L
Sólidos em suspensão fixos: 60 mg/L
Sólidos em suspensão voláteis: 200 mg/L
Sólidos dissolvidos totais: 100 mg/L
Sólidos dissolvidos fixos: 20 mg/L
Sólidos dissolvidos voláteis: 80 mg/L
Sólidos sedimentáveis: 40 mL/L
Comentar sobre a coerência dos resultados.
16. Qual a diferença entre nefelometria e turbidimetria?
17. Que aspectos podem influenciar na precisão dos resultados da determinação da cor de
amostras de água através do método da comparação visual?
8. Referências Bibliográficas
6) São importantes fontes de odor nas águas naturais ou para abastecimento público:
a) Decomposição anaeróbia de matéria orgânica sulfatada, algas azuis, compostos fenólicos
b) Decomposição aeróbia de matéria orgânica nitrogenada, detergentes, algas azuis
c) Decomposição anaeróbia de matéria orgânica nitrogenada, óleos, gás carbônico
d) Algas azuis, compostos fenólicos, nitrato
e) Decomposição aeróbia de matéria orgânica sulfatada, óleos, detergentes
8)Em uma análise de amostra de lodo de um tanque de aeração de sistema de lodos ativados foram
obtidos os seguintes resultados:
• Massa do filtro-membrana após filtração de 25 mL do lodo e secagem a 104oC:0,2312 g
• Massa do filtro-membrana após calcinação a 600oC:0,1427 g
10) Das seguintes frações de sólidos, qual constitui padrão de emissão de emissão de efluentes nas
águas naturais:
a) Sólidos sedimentáveis
b) Sólidos em suspensão
c) Sólidos voláteis
d) Sólidos totais
e) Sólidos dissolvidos
11) Os parâmetros cor e turbidez possuem maior utilidade nos controles de:
a) Estações de tratamento de água para abastecimento e estações de tratamento de esgotos
b) Poluição de águas naturais e estações de tratamento de água para abastecimento
c) Poluição de águas naturais e estações de tratamento de esgotos
d) Estações de tratamento de esgotos e estações de tratamento de efluentes industriais
e) Poluição de águas subterrâneas e estações de tratamento de efluentes industriais
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
A
B
C
D
E
Valor 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 1.0 0.9 0.9 0.9
126
AULA 6
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DAS ÁGUAS:
pH, ACIDEZ, ALCALINIDADE E DUREZA
1. pH
1.1. Conceito
Keq =
[ H ] . [ OH ]
+ −
[H O]
2
nos corpos receptores (artigo 18 do decreto 8468) e entre 6 e 10 para o lançamento na rede pública
seguida de estação de tratamento de esgotos (artigo 19-A).
1.3. Determinação de pH
Para a determinação de pH são disponíveis os métodos eletrométrico (eletrodo de pH
ou pH-metro), o método comparativo utilizando-se o papel indicador universal de pH e “kits”
utilizados em piscinas (indicadores colorimétricos em solução líquida).
O método eletrométrico é mais preciso e portanto mais recomendável para as
aplicações em laboratório e para o controle dos sistemas de uma maneira geral. Para algumas
condições de campo em que não é exigida grande precisão, o papel indicador de pH pode ser
utilizado para estimativas preliminares.
O pH-metro consiste em um potenciômetro, um eletrodo de vidro, um eletrodo de
referência e um dispositivo de compensação de temperatura. Quando os eletrodos são imersos na
solução, um circuito é formado através do potenciômetro. O eletrodo de referência consiste em uma
semi-célula que gera um potencial de eletrodo constante. Geralmente são utilizados eletrodos de
prata/cloreto de prata e, em menor escala, cloreto de mercúrio (chamado Calomelano). O eletrodo
indicador é constituído por um bulbo de vidro especial (borossilicato de sódio) contendo uma
concentração fixa de HCl ou uma solução tampão com pH conhecido em contato com um eletrodo
de referência interno. Quando se imerge o eletrodo na solução, a superfície externa do bulbo se
hidrata, promovendo-se assim a troca de íons sódio com íons H+ da solução, de modo a formar uma
camada superficial de íons hidrogênio. Este fato se associa à repulsão de ânions, como sítios de
silicatos negativamente carregados, por exemplo, produzindo um potencial na interface da solução
(vidro), que é função da atividade dos íons H+ na solução.
Os pH-metros devem ser calibrados com “soluções tampão”, antes da sua utilização,
apresentando uma inclinação de 55 a 59 mV/pH em ambas as faixas de calibração. O bulbo do
eletrodo deve ser sempre bem conservado, mantido imerso em solução de cloreto de potássio. A
imersão em água destilada provoca diluição da solução interna, não sendo procedimento
recomendado Existem pH-metros portáteis, que podem ser utilizados em campo, alimentados por
baterias. Além dos pH-metros de laboratório, existem os industriais, cujas sondas podem ser
imersas diretamente nos tanques de tratamento, emitindo informações contínuas em tempo real.
Os indicadores de pH são substâncias químicas que apresentam mudanças bruscas de
coloração em função da variação do pH do meio. Existem compostos químicos capazes de cobrir
toda faixa de variação de pH, conforme indicado na Tabela 1:
1.4. Correção de pH
Acidez de uma água pode ser definida como sua capacidade de reagir
quantitativamente com uma base forte até um valor definido de pH, devido à presença de ácidos
fortes (ácidos minerais: clorídrico, sulfúrico, nítrico, etc.), ácidos fracos (orgânicos: ácido acético,
por exemplo, e inorgânicos: ácido carbônico, por exemplo) e sais que apresentam caráter ácido
(sulfato de alumínio, cloreto férrico, cloreto de amônio, por exemplo).
2.2. Fontes de acidez nas águas
O gás carbônico é um componente habitual da acidez das águas naturais. Vale
lembrar que o gás carbônico dissolvido na água representa o ácido carbônico, através do seguinte
equilíbrio químico:
CO2 + H2O ↔ H2CO3
Portanto, embora o gás carbônico não chegue a provocar profundas condições de
acidez nas águas, é um componente importante por estar sempre presente, mediante sua dissolução
na água proveniente da atmosfera, por diferença de pressão parcial (Lei de Henry) ou por resultar,
em caso de águas poluídas, da decomposição aeróbia ou anaeróbia da matéria orgânica. Isto ocorre
também no hipolímnio de lagos estratificados e em águas subterrâneas, especialmente aquelas com
níveis reduzidos de carbonatos, pois estes reagem com o gás carbônico formando bicarbonatos. O
131
gás carbônico é bastante solúvel na água, podendo normalmente ser encontradas concentrações
deste gás bem superiores às de oxigênio dissolvido.
Os ácidos minerais surgem em águas naturais principalmente através de descargas de
efluentes industriais não neutralizados. São muito os ramos industriais que utilizam-se de ácidos em
seus processos industriais, destacando-se as metalurgias e a siderurgia, onde são freqüentes os
processos de decapagem ácida. A decapagem é em muitos casos necessária para a remoção da
camada oxidada (ferrugem) das peças, antes de seu uso ou de seu recobrimento por outro metal
(etapa de galvanoplastia). Em águas naturais, a acidez mineral pode ser formada através da
oxidação de sulfetos, como indicado nas equações químicas:
2So + 3O2 + 2H2O → 2 H2SO4
FeS + 3½O2 + H2O → FeSO4 + H2SO4
Estas reações podem ser enzimáticas. Também a hidrólise de sais de alguns metais
pode levar à formação de acidez mineral nas águas, como ocorre nas estações de tratamento de
águas para abastecimento público na etapa de coagulação, por exemplo com cloreto férrico ou
sulfato de alumínio, conforme indicado nas equações químicas:
FeCl3 + 3H2O ↔ Fe(OH)3↓ + 3H+ + 3Cl-
Al2(SO4)3 + 6H2O ↔ 2 Al(OH)3↓ + 6H+ + 3S04-2
Os hidróxidos metálicos formados são insolúveis, precipitando-se e promovendo a
floculação por varredura.
Não há praticamente nenhuma relação com o gás carbônico, sob o ponto de vista da
saúde pública. Os ácidos minerais que possivelmente teriam, são identificados pela manifestação de
sabor azedo em concentrações relativamente baixas.
A grande importância no controle da acidez das águas reside nos estudos de
corrosão, que pode ser provocada tanto pelo gás carbônico (presente em águas naturais) como pelos
ácidos minerais (presentes em efluentes industriais). O parâmetro “acidez” não se constitui, apesar
de sua importância, em qualquer tipo de padrão, seja de potabilidade, de classificação das águas
naturais ou de emissão de esgotos; o efeito da acidez é controlado legalmente pelo valor do pH.
A acidez quantificada em mg CaCO3/L tem seu uso restrito ao controle dos
processos de tratamento. É o caso, por exemplo, do parâmetro “ácidos voláteis”, utilizado no
controle de reatores anaeróbios de tratamento de esgotos. Sabe-se que, nestes, a concentração de
ácidos voláteis deve ser mantida baixa e que um aumento representa desequilíbrio entre a fase de
fermentação ácida e a metanogênese. As metanobactérias utilizam os ácidos voláteis e, quando seus
crescimentos encontram-se inibidos, ocorre acúmulo de ácidos no sistema e o pH cai.
O gás carbônico também está envolvido com o consumo de cal no processo de
abrandamento de água pelo processo conhecido por “cal e soda” (neste caso “soda” representa a
soda-barrilha, carbonato de sódio). Em diversas etapas deste processo, o gás carbônico reage com a
cal, precipitando carbonato de cálcio.
do pH-metro na amostra e anotando-se os volumes gastos de NaOH quando são atingidos valores
preestabelecidos de pH (8,3 e 4,5). Pode também o ponto final ser determinado utilizando-se
indicadores colorimétricos. Historicamente tem-se utilizado a fenolftaleína, que apresenta ponto de
viragem em pH de cerca de 8,3 e o alaranjado de metila, cuja viragem ocorre em pH de cerca de
4,5. O “Standard Methods”, em sua 18ª edição, propôs a alteração dos indicadores para púrpura de
metacresol (pH 8,3) e verde de bromocresol (pH 4,5). Em ambos os casos ocorre viragem de azul
para amarelo.
Trata-se, portanto, de análise de fácil execução e que não exige instrumentação
sofisticada.
Para a determinação da acidez total da amostra é necessário titular-se até o pH 8,3,
pois somente neste valor de pH garante-se a total neutralização do gás carbônico presente na
amostra, prevalecendo apenas o equilíbrio entre bicarbonatos e carbonatos. Já os ácidos minerais
prevalecem em faixas mais baixas de pH, normalmente em valores inferiores a 4,0, enquanto que o
gás carbônico está presente na faixa 4,5-8,3.
Para a neutralização destes ácidos minerais basta o pH ser elevado até 4,5 (ver curva
de titulação de ácidos fortes). Este segundo limite é utilizado para se fazer a distinção entre a acidez
mineral e a devida ao CO2, conforme o diagrama:
Os resultados de acidez das amostras são expressos em mg/L de CaCO3. Esta forma
de expressão é utilizada pois a acidez representa um conjunto de substâncias, e não necessariamente
uma única. Por isso, é necessário utilizar-se um soluto de referência, para transformar dados de
concentração molar em mg/L, sendo que o CaCO3 é utilizado universalmente, permitindo a
comparação entre resultados em mg/L.
A alcalinidade das águas associa-se à dureza, como será visto adiante, sendo
responsável pela precipitação de carbonatos principalmente em sistemas de águas quentes,
provocando a formação de incrustações.
EXEMPLO: Foram tituladas 04 (quatro) amostras de água com H2SO4 0,02N. Foram utilizados 100
mL de amostra em cada titulação, tendo-se obtido os seguintes resultados:
136
Solução:
Cálculo das alcalinidades:
MH SO
2 4
alcalinidade(mg / L CaCO3 ) = x 100.000,
VAMOSTRA
onde o número 100.000 representa o peso molecular do CaCO3 expresso em mg.
Para MH SO
2 4
= 0,01e V AMOSTRA = 100 mL, pode-se concluir que para a cálculo da alcalinidade,
para estas condições, basta multiplicar o resultado da titulação por 10. Assim, tem-se:
4.7. Pseudo-dureza
A pseudo-dureza é provocada pela presença de íons sódio, através do efeito de “íon
comum”, em águas do mar e em águas salobras.
A titulação é feita com EDTA 0,01M sendo que a amostra tem seu pH elevado para
10 através da adição de solução tampão. O indicador metalocrômico é o negro de Eriocromo T
(NET), que apresenta viragem de vermelho (vinho) para azul (escuro), quando a reação de
complexação se completa.
O resultado da dureza é expresso em mg/L CaCO3, através da relação:
5. Questionário
1) Cite exemplos de aplicação do parâmetro pH em:
a) ETAs , b) ETEs e c) Controle da poluição de um lago eutrofizado.
2) Misturando-se quantidades iguais de duas águas, uma com pH = 6,0 e outra com pH = 8,0 , qual
será o pH resultante?
141
6) Pode uma água natural conter acidez e alcalinidade ao mesmo tempo? Justifique.
8) O que é dureza de uma água? Qual a principal forma em que a dureza pode ser introduzida em
uma água natural?
9) Explicar a influência da dureza no uso de uma água para abastecimento público e industrial.
10) Na determinação dos componentes da alcalinidade de uma amostra de água, através da titulação
de 100 mL de amostra com H2SO4 0,01 mol/L, foram obtidos os seguintes resultados:
pH inicial da amostra: 9,5
volume gasto de ácido até pH = 8,3: 6,3 mL
volume gasto de ácido até pH = 4,5: 8,4 mL
Calcular as alcalinidades de carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos da amostra.
6. Referências bibliográficas
1. APHA, AWWA, WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. 18th
ed. Washington. 1992.
2. CETESB, “Legislação Estadual, Controle da Poluição Ambiental”. Série Legislação. São Paulo,
1991.
3. CETESB, “Legislação Federal, Controle da Poluição Ambiental”. Série Legislação. São Paulo,
1991.
4. KATO, M. T. “Acidez”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do Solo.
Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
5. KATO, M. T. “Alcalinidade”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do
Solo. Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
6. KATO, M. T. “Dureza”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do Solo.
Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
142
2) Com relação à influência do pH da água na solubilidade de metais pesados, pode ser dito que:
a) Quanto mais elevado for o pH, os metais pesados são menos solúveis e para ocorrer uma
precipitação mais eficiente, deve-se elevar o pH dos efluentes para um valor entre 13 e 14.
b) Os metais pesados são menos solúveis em meio alcalino apresentando, cada um,
determinado valor de pH em que se precipitam em maior extensão.
c) Os metais pesados são menos solúveis em meio ácido, sendo a faixa de pH entre 3 e 5 a
mais recomendada para a precipitação destes.
d) Os metais pesados são menos solúveis em valores de pH em torno de 7, devendo-se
neutralizar
e) A solubilidade de metais pesados na água é independente da condição de pH.
3) Com relação à influência do pH sobre a presença da amônia na água pode ser dito que:
a) Aumentando-se o pH aumenta-se a concentração de amônia gasosa, que é a forma mais
tóxica para os peixes
b) O aumento do pH leva a umaumento na concentração do íon amônio, que é a forma mais
tóxica para a fauna ictiológica
c) Diminuindo-se o pH aumenta-se a concentração de amônia gasosa que é a forma mais
tóxica para a fauna ictiológica
d) Diminuindo-se o pH aumenta-se a concentração do íon amônio que é a forma mais tóxica
para a afauna ictiológica.
e) A variação de pH não tem qualquer efeito sobre a ação tóxica da amônia na água.
7) Na análise de uma água para abastecimento público foram obtidos os seguintes resultados:
• pH: 6,0
• Alcalinidade de bicarbonato:10 mg/L (CaCO3)
• Alcalinidade de carbonato: 5 mg/L (CaCO3)
• Alcalinidade de hidróxido: 5 mg/L (CaCO3)
• Acidez total: 20 mg/L (CaCO3)
• Dureza total: 15 mg/L (CaCO3)
• Dureza permanente: 15 mg/L (CaCO3)
• Cálcio: 10 mg/L (Ca)
• Magnésio: 5 mg/L (Mg)
a) zero, 85 e 120
b) zero, 50 e 70
c) 50, 70 e zero
d) 85, 120 e zero
e) 70, 85 e zero
10) É vantagem do emprego da cal hidratada em relação à soda cáustica no tratamento de efluentes
industriais:
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A
B
C
D
E
Valor 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0
145
AULA 7
ÂNIONS DE INTERESSE EM ESTUDOS DE CONTROLE DE
QUALIDADE DAS ÁGUAS: SULFATO, SULFETO, CLORETO,
CIANETO
1. Sulfato em Águas
1.1. Fontes de sulfato nas águas
−2
O Sulfato é o ânion SO4 , um dos mais abundantes íons na natureza. Surge nas
águas subterrâneas através da dissolução de solos e rochas, como o gesso (CaSO4) e o sulfato de
magnésio (MgSO4) e pela oxidação de sulfatos (exemplo: pirita, sulfeto de ferro). O enxofre pode
ser encontrado na natureza em quatro estados de oxidação que se transformam entre si:
−2 −2 −2
↔ ↔ SO ↔ SO4 .
0
S S 3
Nas águas superficiais, ocorre através das descargas de esgotos domésticos (por
exemplo, através da degradação de proteínas) e efluentes industriais (exemplos: efluentes de
indústrias de celulose e papel, química, farmacêutica,etc.).
Em águas tratadas o sulfato é proveniente do emprego de coagulantes como o sulfato
de alumínio, sulfato ferroso, sulfato férrico e caparrosa clorada.
Nas águas para abastecimento público, o sulfato deve ser controlado porque provoca
efeitos laxativos, sendo o padrão de potabilidade fixado em 400 mg/L pela Portaria 36 do Ministério
da Saúde.
As concentrações de sulfato em águas naturais variam em geral na faixa de 2 a 80
mg/L, embora possam exceder a 1000 mg/L em áreas próximas a descargas industriais ou em
regiões áridas onde sulfatos minerais, tal como o gesso, estão presentes.
Nas águas para o abastecimento industrial, o sulfato provoca incrustações em
caldeiras e trocadores de calor.
É bastante conhecido o problema da ocorrência da corrosão em coletores de esgoto
de concreto, motivada pela presença de sulfato, conforme a figura:
148
A concentração de sulfato nas águas pode ser determinada por meio de precipitação
com cloreto de bário, conforme:
BaCl 2 ↔ Ba +2 + 2Cl −
(meio ácido → HCl )
Ba + 2 + SO4− 2 ↔ BaSO4 ↓
Por tratar-se de íon solúvel em água, o sulfato só pode ser removido por
processos especiais, como por exemplo a troca-iônica (resinas aniônicas) e a osmose reversa.
Estes processos normalmente inviabilizam economicamente o uso da água para o
abastecimento público. Para o tratamento de efluentes, pode-se também utilizar a própria
precipitação com sal de bário, o que não é recomendado pois a eficiência pode não atingir
valores suficientemente elevados (o processo baseia-se no equilíbrio químico), e
principalmente por gerar lodo contaminado com bário. É um caso de difícil solução, devendo-
se em primeiro lugar procurar reduzir na fonte os efluentes com concentrações excessivas de
sulfato. Para pequenas vazões, pode ser viável a técnica de cristalização de sulfato, à base de
processo de destilação.
2. Sulfeto
2.1. Fontes nas águas naturais
A forma iônica S-2 está presente em quantidade pouco significativa, menor que 0,5%
do sulfeto dissolvido em pH igual a 12,0 e menor do que 0,05% em pH menor do que 11,0. Sob o
ponto de vista analítico, os sulfetos são divididos em três categorias:
a) Sulfeto total, incluindo as formas dissolvidas e particuladas;
b) Sulfeto dissolvido, definido como a forma de sulfeto que permanece na água após a remoção
através de coagulação e floculação com cloreto de alumínio e sedimentação; e
c) Sulfeto de hidrogênio não ionizável: Calculado a partir da concentração de sulfeto dissolvido,
do pH da amostra e da constante de dissociação do H2S.
Basicamente, existem dois métodos para a quantificação de sulfeto em águas:
a) Método colorimétrico do azul de metileno, mais utilizado para águas não poluídas e com
concentrações de sulfeto inferior a 20 mg/L. Este método é baseado na reação do sulfeto com o
cloreto férrico e a dimetil-p-fenilenodiamina, produzindo o azul de metileno. O fosfato de
amônio é adicionado para o desenvolvimento da cor e para a remoção da coloração do cloreto
férrico. Para que este método possa ser aplicado, a solução de sulfeto deve ser padronizada por
titulometria com iodo.
b) Método titulométrico com iodo, que é exato para concentrações de iodo acima de l mg/L, na
ausência de interferentes e se a perda de H2S for evitada. Este método pode ser evitado, desde
que as interferências sejam removidas. Baseia-se no fato de que o iodo reage com o sulfeto em
solução ácida, oxidando-o a enxofre.
Inicialmente, antes da realização da determinação propriamente dita, devem ser
removidas as substâncias interferentes como tiossulfato, sulfito e matéria orgânica, e o sulfeto deve
ser concentrado. Para isto, faz-se a precipitação do mesmo com acetato de zinco e remove-se o
sobrenadante, que é substituído por água destilada.
o oxigênio na tubulação ou em um tanque, de tal forma que o tempo de contato seja suficiente para
sua dissolução. Após este tempo de contato, o esgoto com o oxigênio dissolvido é conduzido ao
fluxo de esgotos por meio de difusores.
A adição de produtos químicos é outra medida corretiva que pode ser considerada.
Pode-se recorrer tanto à oxidação do sulfeto com cloro ou peróxido de hidrogênio, ou convertê-lo
em uma forma não volátil através de precipitação química com sais metálicos ou através da
elevação de pH.
O cloro oxida o sulfeto através da reação:
Portanto, são necessárias 4 partes de peróxido para oxidar uma parte de sulfeto.
Na introdução de sais metálicos para o controle de sulfeto, o mais usado é uma
combinação de ferro II e ferro III, na proporção de 1:2. A reação de precipitação pode ser
representada pela seguinte equação:
Em ambos os casos ocorre a formação de gás sulfídrico, que pode ser parcialmente
absorvido em água de cal, formando sulfidrato de cálcio. A outra parcela deste gás é queimada,
formando SO2, que é utilizado na destruição do H2S que permaneceu no despejo, convertendo-se
em enxofre elementar, conforme:
Outro processo de remoção de sulfeto é o arraste com ar ou vapor, que pode ser
realizado em colunas de bandejas ou recheadas. A água residuária entra no sistema pela parte
superior e o vapor ou ar é introduzido na parte de baixo, circulando em contra-corrente.
Anteriormente, procede-se à acidificação dos despejos para provocar o deslocamento do equilíbrio
no sentido de maximizar a quantidade de gás sulfídrico. No tratamento de águas residuárias
provenientes de refinarias de petróleo obtém-se cerca de 96 a 100% de eficiência na remoção de
sulfeto através deste processo, sendo sua concentração no despejo tratado inferior a 5 mg/L.
Nos processos de tratamento biológico aeróbio, o sulfeto é removido por oxidação
ou por volatilização.
3. Cloreto em Águas
3.1. Fontes nas águas naturais
O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas através de solos e
rochas. Nas águas superficiais são fontes importantes as descargas de esgotos sanitários, sendo que
cada pessoa expele através da urina cerca de 6 g de cloreto por dia, o que faz com que os esgotos
apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam a 15 mg/L. Diversos são os efluentes
industriais que apresentam concentrações de cloretos elevadas, como os da indústria do petróleo,
algumas indústrias farmacêuticas, curtumes, etc. Nas regiões costeiras, através da chamada intrusão
da língua salina, são encontradas águas com níveis altos de cloreto. Nas águas tratadas, a adição de
154
cloro puro ou em solução leva a uma elevação do nível de cloreto, resultante das reações de
dissociação do cloro na água.
Por se tratar de mais um caso de íons em solução verdadeira da água, os cloretos são
muito estáveis, não sendo removidos em estações convencionais de tratamento de águas. Exigem
processos especiais como os de membrana (osmose reversa), destilação (como por exemplo a
destilação solar) e processos à base de troca-iônica. Infelizmente estes processos são complexos e
caros, sendo em geral inviáveis para o emprego no abastecimento público de água no Brasil.
Recentemente, os custos do processo têm-se reduzido; unidades mais compactas têm sido
desenvolvidas e utilizadas em pequenos sistemas de abastecimento com água salobra. Estas
instalações são frequentes no tratamento de águas que abastecem algumas modalidades de
indústrias bastante exigentes em termos de qualidade da água.
4. Cianeto
4. 1. Fontes nas águas naturais
O cianeto é o ânion (CN)- que aparece nas águas naturais devido a descargas de
efluentes industriais, principalmente os provenientes de seções de galvanoplastias. Também as
fecularias de mandioca apresentam efluentes contaminados com cianeto. As galvanoplastias são
atividades industriais em que se faz o recobrimento de uma peça metálica por outro metal, para
conferir-lhe proteção contra a corrosão ou embelezamento, ou então para aumentar a resistência
mecânica. O recobrimento é feito geralmente por eletrodeposição, por incursão de corrente elétrica
em um banho. O cianeto é um dos eletrólitos comumente presentes nos banhos alcalinos. Embora
muitos esforços tenham sido feitos no campo da Engenharia Química para a substituição deste
componente tóxico, esta é ainda a situação encontrada no Brasil.
5. Questionário
1) Que problemas podem ser advindos das descargas de efluentes industriais com elevadas
concentrações de sulfato no sistema público de coleta e tratamento de esgotos?
2) Que tipos de efluentes industriais podem conter cianeto? Que princípios de tratamento podem
ser considerados para a remoção destes constituintes das águas?
3) Que dificuldades podem ser previstas no abastecimento de água de uma comunidade a partir de
uma fonte em que a água natural apresenta elevados níveis de cloreto (água salobra)?
157
4) Comentar sobre a confiabilidade dos resultados das determinações de DQO usadas no controle
da poluição por matéria orgânica em águas marinhas e em efluentes industriais com elevados
níveis de cloreto.
5) Discorrer sobre as técnicas para o controle de odor devido a sulfeto em sistemas de esgotos
sanitários.
6. Referências bibliográficas
11. APHA, AWWA, WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. 18th
ed. Washington. 1992.
12. CETESB, “Legislação Estadual, Controle da Poluição Ambiental”. Série Legislação. São Paulo,
1991.
13. CETESB, “Legislação Federal, Controle da Poluição Ambiental”. Série Legislação. São Paulo,
1991.
14. KATO, M.T. “Cloretos”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do Solo.
Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
15. KATO, M.T. “Sulfatos”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do Solo.
Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
16. METCALF & EDDY, “Wastewater Engineering: Treatment, Disposal, Reuse. 3rd ed. New
York. Mc Graw-Hill Book Company, 1991.
17. MINISTÉRIO DA SAÚDE, “Portaria 36: Padrões de Potabilidade”. 1990.
18. MORITA, D.M., “Sulfetos”, em: Caracterização de Águas Residuárias. Curso elaborado para a
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. São Paulo. Janeiro,
1996.
19. MORITA, D.M. e PIVELI, R. P., “Ânions de Interesse nos Estudos de Controle da Qualidade
das Águas”. Em: Caracterização de Águas Residuárias. Curso elaborado para a Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. São Paulo. Janeiro, 1996.
20. POVINELLI, J., Notas de aula da disciplina “Técnicas Experimentais em Saneamento
Ambiental”, do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento. Escola
de Engenharia de São Carlos – USP, 1979.
21. SAWYER, C.N. & McCARTY, P.L., “Chemistry for Environmental Engineers”. 4th ed. New
York. Mc Graw-Hill Book Company, 1994.
22. TAKAHASHI, A., “Sulfetos em Interceptores de Esgotos: Ocorrência, Medidas Preventivas e
Corretivas”. São Paulo, 1983, 108p. Dissertação (Mestrado) Escola Politécnica – USP.
1) Não é problema decorrente da redução de sulfato à sulfeto, em condições anaeróbias nas redes
coletoras de esgotos:
a) Corrosividade
b) Exalação de maus odores
c) Proliferação de vetores como ratos e baratas
d) Toxicidade sobre os operadores da rede
e) Inibição da atividade metanogênica caso seja empregado processo anaeróbio de tratamento de
esgoto
158
6) Qual dos seguintes processos de tratamento é adequado para a remoção de cloreto de águas:
a) Oxidação
b) Coagulação e floculação
c) Precipitação química
d) Osmose reversa
e) Centrifugação
8) A concentração de sulfato em águas para abastecimento pode ser determinada através de:
a) Cromatografia gasosa ou turbidimetria
b) Titulometria ou espectrofotometria UV-Visível
c) Turbidimetria ou espectrofotometria UV-Visível
d) Titulometria ou espectrofotometria de absorção atômica
e) Turbidimetria ou espectrofotometria de absorção atômica
159
10) A presença excessiva de cloreto em uma amostra de água traz importante interferência na
determinação de:
a) Demanda bioquímica de oxigênio
b) Demanda química de oxigênio
c) Carbono orgânico total
d) Óleos e graxas
e) Fósforo total
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A
B
C
D
E
Valor 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0
160
AULA 8
FERRO, MANGANÊS E METAIS PESADOS EM ÁGUAS
1. Ferro em Águas
1.1. Fontes de ferro nas águas
Basicamente, o ferro pode se apresentar nas águas nos estados de oxidação Fe+2 e
Fe . O íon ferroso (Fe+2) é mais solúvel do que o férrico (Fe+3). Portanto, os inconvenientes que o
+3
ferro traz às águas devem ser atribuídos principalmente ao ferro “ferroso”, que, por ser mais
solúvel, é mais freqüente. Quando se pretende determinar apenas a fração solúvel, as amostras de
água são filtradas antes de serem submetidas à determinação da concentração de ferro. Este
parâmetro é denominado “ferro solúvel”. É também comum o uso da expressão “ferro coloidal”,
pois as partículas de ferro podem apresentar tal comportamento na água.
funcionamento aceitável. No entanto, é conceito clássico que, por outro lado, a pré-cloração de
águas deve ser evitada, pois, em caso da existência de certos compostos orgânicos chamados
precursores, o cloro reage com eles formando trihalometanos, associados ao desenvolvimento do
câncer.
através de aeração, empregando-se aeradores de cascata, de tabuleiro ou bocais que lançam jatos de
água para a atmosfera. Em geral a aeração não é suficiente para produzir bons resultados,
necessitando-se empregar um oxidante químico forte, normalmente o hipoclorito de sódio ou outro
composto clorado. O uso de polieletrólitos pode causar uma melhoria na eficiência do processo.
Metais pesados são elementos químicos que apresentam número atômico superior a
22. Também podem ser definidos por sua singular propriedade de serem precipitados por sulfetos.
Entretanto, a definição mais difundida é aquela relacionada com a saúde pública: metais pesados
são aqueles que apresentam efeitos adversos à saúde humana.
Os metais pesados surgem nas águas naturais devido aos lançamentos de efluentes
industriais tais como os gerados em indústrias extrativistas de metais, indústrias de tintas e
pigmentos e, especialmente, as galvanoplastias, que se espalham em grande número nas periferias
das grandes cidades. Além destas, os metais pesados podem ainda estar presentes em efluentes de
indústrias químicas, como as de formulação de compostos orgânicos e de elementos e compostos
inorgânicos, indústrias de couros, peles e produtos similares, indústrias do ferro e do aço,
lavanderias e indústria de petróleo.
a) Chumbo
O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos, nestes
últimos, naturalmente, por contaminação e na embalagem. Está presente na água devido às
descargas de efluentes industriais como, por exemplo, os efluentes das indústrias de acumuladores
(baterias), bem como devido ao uso indevido de tintas e tubulações e acessórios à base de chumbo.
Constitui veneno cumulativo, provocando um envenenamento crônico denominado saturnismo, que
consiste em efeito sobre o sistema nervoso central com conseqüências bastante sérias.
O chumbo é padrão de potabilidade, sendo fixado o valor máximo permissível de
0,05 mg/L pela Portaria 36 do Ministério da Saúde, mesmo valor adotado nos Estados Unidos. No
entanto, naquele país, estudos estão sendo conduzidos no sentido de reduzir o padrão para 0,01
mg/L. É também padrão de emissão de esgotos e de classificação das águas naturais. Nestes, para as
classes mais exigentes os valores estabelecidos são tão restritivos quanto os próprios padrões de
potabilidade, prevendo-se que o tratamento convencional de água não remove metais pesados
consideravelmente. Aos peixes, as doses fatais, no geral, variam de 0,1 a 0,4 mg/L, embora, em
condições experimentais, alguns resistam até 10 mg/L. Outros organismos (moluscos, crustáceos,
mosquitos quironomídeos e simulídeos, vermes oligoquetos, sanguessugas e insetos tricópteros)
desaparecem após a morte dos peixes, em concentrações superiores a 0,3 mg/L. A ação sobre os
peixes é semelhante à do níquel e do zinco.
b) Bário
O bário pode ocorrer naturalmente na água, na forma de carbonatos em algumas
fontes minerais. Decorre principalmente das atividades industriais e da extração da bauxita. Não
possui efeito cumulativo, sendo que a dose fatal para o homem é considerada de 550 a 600 mg.
Provoca efeitos no coração, constrição dos vasos sanguíneos elevando a pressão arterial e efeitos
sobre o sistema nervoso. O padrão de potabilidade é 1,0 mg/L (Portaria 36).
Os sais de bário são utilizados industrialmente na elaboração de cores, fogos de
artifício, fabricação de vidro, inseticidas, etc..
c) Cádmio
O cádmio se apresenta nas águas naturais devido às descargas de efluentes
industriais, principalmente as galvanoplastias. É também usado como inseticida. Apresenta efeito
agudo, sendo que uma única dose de 9,0 gramas pode levar à morte e efeito crônico, pois concentra-
se nos rins, no fígado, no pâncreas e na tireóide. O cádmio não apresenta nenhuma qualidade, pelo
menos conhecida até o presente, que o torne benéfico ou essencial para os seres vivos. Estudos
feitos com animais demonstram a possibilidade de causar anemia, retardamento de crescimento e
morte. O padrão de potabilidade é fixado pela Portaria 36 em 0,005 mg/L.O cádmio ocorre na
forma inorgânica, pois seus compostos orgânicos são instáveis; além dos malefícios já
mencionados, é um irritante gastrointestinal, causando intoxicação aguda ou crônica sob a forma de
sais solúveis. A literatura, no entanto, registra o caso de quatro pessoas que, por longo tempo,
ingeriram água com teor de 0,047 mg/L de cádmio, nada apresentando de sintomas adversos. No
Japão, um aumento de concentração de cádmio de 0,005 mg/L a 0,18 mg/L, provocado por uma
mina de zinco, causou a doença conhecida como “Doença de Itai –Itai”. A ação do cádmio sobre a
fisiologia dos peixes é semelhante às do níquel, zinco e chumbo.
165
d) Arsênio
Traços deste metalóide são encontrados em águas naturais e em fontes termais. É
usado como inseticida, herbicida, fungicida, na indústria da preservação da madeira e em atividades
relacionadas com a mineração e com o uso industrial de certos tipos de vidros, tintas e corantes. É
encontrado em verduras e frutas. Em moluscos, até 100 mg/Kg, sendo que a ingestão de 130 mg é
fatal. Apresenta efeito cumulativo, sendo carcinogênico. O padrão de potabilidade é 0,05 mg/L,
estabelecido pela Portaria 36 do Ministério da Saúde.
e) Selênio
Este não-metal se apresenta nas águas devido às descargas de efluentes industriais. É
tóxico tanto para o homem quanto para os animais. Provoca a chamada “doença alcalina” no gado,
cujos efeitos são permanentes. Aumenta e incidência de cáries dentárias e suspeita-se que seja
potencialmente carcinogênico, de acordo com os resultados de ensaios feitos com cobaias. O padrão
de potabilidade é 0,01 mg/L (Portaria 36).
f) Cromo hexavalente
O cromo é largamente empregado nas indústrias, especialmente em galvanoplastias,
onde a cromeação é um dos revestimentos de peças mais comuns. Pode ocorrer como contaminante
de águas sujeitas a lançamentos de efluentes de curtumes e de circulação de águas de refrigeração,
onde é utilizado para o controle da corrosão. A forma hexavalente é mais tóxica do que a trivalente.
Produz efeitos corrosivos no aparelho digestivo e nefrite. O padrão de potabilidade fixado pela
Portaria 36 é 0,05 mg/L.
g) Mercúrio
O mercúrio é largamente utilizado no Brasil nos garimpos, no processo de extração
do ouro (amálgama). O problema é em primeira instância ocupacional, pois o próprio garimpeiro
inala o vapor de mercúrio, mas, posteriormente, torna-se um problema ambiental, pois normalmente
nenhuma precaução é tomada e o material acaba por ser descarregado nas águas. Casos de
contaminação já foram identificados na região do Pantanal, no norte brasileiro e em outras. O
mercúrio é também usado em células eletrolíticas para a produção de cloro e soda e em certos
praguicidas ditos mercuriais. Pode ainda ser usado em indústrias de produtos medicinais,
desinfetantes e pigmentos.
É altamente tóxico ao homem, sendo que doses de 3 a 30 gramas são fatais.
Apresenta efeito cumulativo e provoca lesões cerebrais. É bastante conhecido o episódio de
Minamata no Japão, onde grande quantidade de mercúrio orgânico, o metil mercúrio, que é mais
tóxico que o mercúrio metálico, foi lançada por uma indústria, contaminando peixes e habitantes da
região, provocando graves lesões neurológicas e mortes. O padrão de potabilidade fixado pela
Portaria 36 do Ministério da Saúde é de 0,001 mg/L. Os efeitos sobre os ecossistemas aquáticos são
igualmente sérios, de forma que os padrões de classificação das águas naturais são também bastante
restritivos com relação a este parâmetro.
h) Níquel
O níquel é também utilizado em galvanoplastias. Estudos recentes demonstram que é
carcinogênico. Não existem muitas referências bibliográficas quanto à toxicidade do níquel;
todavia, assim como para outros íons metálicos, é possível mencionar que, em soluções diluídas,
estes elementos podem precipitar a secreção da mucosa produzida pelas brânquias dos peixes.
Assim, o espaço inter-lamelar é obstruído e o movimento normal dos filamentos branquias é
bloqueado. O peixe, impedido de realizar as trocas gasosas entre a água e os tecidos branquias,
166
morre por asfixia. Por outro lado, o níquel complexado (niquelcianeto) é tóxico quando em baixos
valores de pH. Concentrações de 1,0 mg/L desse complexo são tóxicas aos organismos de água
doce.
i) Zinco
O zinco é também bastante utilizado em galvanoplastias na forma metálica e de sais
tais como cloreto, sulfato, cianeto, etc.. A presença de zinco é comum nas águas naturais,
excedendo em um levantamento efetuado nos EUA a 20 mg/L em 95 dos 135 mananciais
pesquisados. O zinco é um elemento essencial para o crescimento, porém, em concentrações acima
de 5,0 mg/L, confere sabor à água e uma certa opalescência à águas alcalinas. Os efeitos tóxicos do
zinco sobre os peixes são muito conhecidos, assim como sobre as algas. A ação desse íon metálico
sobre o sistema respiratório dos peixes é semelhante à do níquel, anteriormente citada. As
experiências com outros organismos aquáticos são escassas. Entretanto, é preciso ressaltar que o
zinco em quantidades adequadas é um elemento essencial e benéfico para o metabolismo humano,
sendo que a atividade da insulina e diversos compostos enzimáticos dependem da sua presença. A
deficiência do zinco nos animais pode conduzir ao atraso no crescimento. Nos EUA, populações
consumindo águas com 11 a 27 mg/L não tiveram constatada qualquer anormalidade prejudicial à
saúde. Os padrões para águas reservadas ao abastecimento público indicam 5,0 mg/L como o valor
máximo permissível.
j) Alumínio
O alumínio é abundante nas rochas e minerais, sendo considerado elemento de
constituição. Nas águas naturais doces e marinhas, entretanto, não se encontra concentrações
elevadas de alumínio, sendo esse fato decorrente da sua baixa solubilidade, precipitando-se ou
sendo absorvido como hidróxido ou carbonato. Nas águas de abastecimento e residuárias, aparece
como resultado do processo de coagulação em que se emprega sulfato de alumínio. Aparece nas
frutas e em outros vegetais em concentrações superiores a 3,7 mg/kg e em alguns cereais em
quantidades maiores que 15 mg/kg. O total de alumínio na dieta normal é estimado de 10 a 100
mg/dia. Pequenas quantidades de alumínio do total ingerido são absorvidas pelo aparelho digestivo
e quase todo o excesso é evacuado nas fezes. O total de alumínio presente no organismo adulto é da
ordem de 50 a 150 mg. Não é considerado tóxico ou prejudicial à saúde, tanto que não está incluído
em nenhum padrão de qualidade de águas para abastecimento público. Apesar disso, existem
estudos que o associam à ocorrência do mal de Alzheimer.
l) Estanho
O estanho (Sn) é um dos metais usuais, de cor branca, relativamente leve e muito
maleável. O estanho é inalterável ao ar e encontrado na natureza, sobretudo sob a forma de óxidos.
Este metal apresenta baixa solubilidade em águas, mesmo com aquecimento. Em soluções
concentradas de hidróxidos alcalinos, reage desprendendo hidrogênio. Praticamente não existe
bibliografia sobre a sua toxicidade aos organismos aquáticos, bem como quanto aos seus possíveis
efeitos à saúde humana.
m) Prata
A prata ocorre em águas naturais em concentrações baixas, da ordem de 0 a 2,0
µg/L, pois muitos de seus sais são pouco solúveis; a não ser no caso de seu emprego como
substância bactericida ou bacteriostática, ou ainda em processos industriais, esse elemento não é
muito abundante nas águas. A prata tem ação oligodinâmica, assim como o cobre. Esse elemento é
cumulativo, não sendo praticamente eliminado do organismo. A dose letal para o homem é de 10 g
como nitrato de prata. A ação da prata sobre a fauna ictiológica é semelhante às do zinco, níquel,
chumbo e cádmio.
167
n) Cobre
O cobre ocorre geralmente nas águas, naturalmente, em concentrações inferiores a
20 µg/L. Quando em concentrações elevadas, é prejudicial à saúde e confere sabor às águas.
Segundo pesquisas efetuadas, é necessária uma concentração de 20 mg/L de cobre ou um teor total
de 100 mg/L por dia na água para produzirem intoxicações humanas com lesões no fígado. No
entanto, concentrações de 5 mg/L tornam a água absolutamente impalatável, devido ao gosto
produzido. Interessante é notar, todavia, que o trigo contém concentrações variáveis de 190 a 800
mg/kg de cobre, a aveia 40 a 200 mg/kg, a lentilha 110 a 150 mg/kg e a ervilha de 13 a 110 mg/kg.
As ostras podem conter até 2000 mg/kg de cobre. O cobre em pequenas quantidades é até benéfico
ao organismo humano, catalisando a assimilação do ferro e seu aproveitamento na síntese da
hemoglobina do sangue, facilitando a cura de anemias. Para os peixes, muito mais que para o
homem, as doses elevadas de cobre são extremamente nocivas. Assim, trutas, carpas, bagres, peixes
vermelhos de aquários ornamentais e outros, morrem em dosagens de 0,5 mg/L. Os peixes morrem
pela coagulação do muco das brânquias e consequente asfixia (ação oligodinâmica). Os
microrganismos perecem em concentrações superiores a 1,0 mg/L. O cobre aplicado em sua forma
de sulfato de cobre, CuSO4.5H2O, em dosagens de 0,5 mg/L é um poderoso algicida. O Water
Quality Criteria indica a concentração de 1,0 mg/L de cobre como máxima permissível para águas
reservadas para o abastecimento público.
Cada íon metálico tem o seu valor de pH ótimo de precipitação como hidróxido, de
forma que, quando se têm misturas de diversos metais, pode ser necessário que se trabalhe em mais
de uma faixa de pH. Como normalmente as vazões de efluentes são baixas, os tratamentos são
desenvolvidos de forma estática, em regime de batelada, o que facilita o uso de mais de uma faixa
170
de pH. Nos processos contínuos, ter-se-ia que utilizar uma série de sistemas de mistura e
decantação.
Os desvios dos valores esperados teoricamente são grandes, de forma que sempre
devem ser feitos ensaios de tratabilidade antes do uso em escala industrial. A presença de agentes
complexantes é o principal fator de baixa eficiência do processo. Pré-tratamento à base de
floculação química pode ser necessário. O uso de polieletrólitos ou a filtração final dos efluentes
tratados podem resolver problemas decorrentes da má sedimentabilidade das partículas formadas.
O cromo hexavalente constitui uma particularidade em termos de tratamento. Devido
ao fato de não precipitar bem, todos os efluentes contaminados com cromo hexavalente devem ser
segregados dos demais para serem encaminhados ao pré-tratamento, que consiste em redução do
cromo à forma trivalente. São empregados como agentes redutores sulfato ferroso ou metabissulfito
de sódio. O pH da reação é mantido em torno de 2,5-3,0 pela adição de ácido sulfúrico. Completada
a redução, os efluentes poderão sofrer em seguida o processo de precipitação através de elevação de
pH ao valor recomendado.
Recentemente, foi desenvolvido nos Estados Unidos o processo de precipitação dos
metais pesados na forma de sulfetos. Além de serem mais insolúveis do que os hidróxidos, são
menos sujeitos à ação de agentes complexantes e podem ser precipitados em um único valor de pH.
Foi desenvolvido o processo com sulfeto solúvel, empregando-se o sulfeto de sódio, e o processo
com sulfeto insolúvel, utilizando-se um reagente à base de sulfeto ferroso. Embora os resultados
sejam melhores do que os obtidos no processo hidróxido, há o risco no manuseio de sulfetos,
podendo-se produzir compostos tóxicos. O processo ainda não é recomendável para ser adotado em
indústrias brasileiras que têm grandes dificuldades operacionais, normalmente não designando
técnicos químicos especializados para executar as operações de tratamento e controle. Uma
alternativa a ser investigada seria o emprego do processo sulfeto como polimento do processo
hidróxido, trabalhando-se desta forma com dosagens menores de sulfetos; mas a necessidade de um
bom controle das reações, persiste.
Um outro problema importante dos processos à base de precipitação química que
deve ser levado em consideração é a produção de quantidades relativamente grandes de lodos
contaminados com metais. Estes devem ser encaminhados a sistemas adequados de tratamento ou
disposição final, que nem sempre encontram-se disponíveis.
Os recentes avanços tecnológicos na área do tratamento de águas apontam a
possibilidade do emprego de processos de membrana como a osmose reversa para a remoção de
metais pesados das águas, o que pode ser usado como tratamento final, ou polimento sequencial a
outros processos mais simples, de forma a preservar as membranas do ataque de outros constituintes
presentes nos efluentes, reduzindo-se assim os custos operacionais do sistema.
4. Questionário
6) Como a presença de metais pesados em uma água natural pode influir em seu uso para
abastecimento público?
7) Qual a influência da presença de metais pesados em sistemas de esgotos sanitários, em relação
ao comportamento do tratamento biológico?
8) Quais os princípios de tratamento que podem ser aplicados para a remoção de metais pesados de
efluentes líquidos industriais? Comentar sobre as vantagens e desvantagens de cada um.
9) Na análise de uma água natural a ser utilizada para abastecimento público foram obtidos os
seguintes resultados:
pH: 10
Cor: 5 mg Pt / L
Sólidos dissolvidos: 600 mg/L
Ferro solúvel: 2,3 mg/L
Chumbo: 9,7 mg/L (Pb)
Cádmio: 1,2 mg/L (Cd)
Pergunta-se:
a) Existem incoerências neste laudo? Se sim, quais?
b) O que pode ser dito sobre a tratabilidade desta água para abastecimento público, de forma a
atender aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 36 do Ministério da Saúde?
5. Referências bibliográficas
1) APHA; AWWA; WEF. “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”.
American Public Health Association, 18th ed., Washington, 1992.
2) BRAILE, P.M.; CAVALCANTI, J.E.W.A..”Manual de Tratamento de Águas Residuárias
Industriais”. São Paulo, CETESB,1993.
3) BRANCO, S.M. “Hidrobiologia Aplicada à Engenharia Sanitária”. CETESB, São Paulo, 2ª ed.,
1987.
4) CETESB. Legislação Estadual, Controle da Poluição Ambiental, Estado de São Paulo. Série
Legislação, São Paulo, 1991.
5) CETESB. Legislação Federal, Controle da Poluição Ambiental, Estado de São Paulo. Série
Legislação, São Paulo, 1991.
6) ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. “Technology for Treatment of Effluents of
Metal Finishing Industries: Sulfide Precipitation”. Technology Transfer Series,
Washington, E.P.A., 1978.
7) Federal Water Pollution Control Administration, “Report of the National Advisory Committee
to the Secretary of the Interior”. Washington, Water Quality Criteria, 1968.
8) GUIMARÃES, F.P. “Veiculação Hídrica das Doenças”.Em: Curso de Epidemiologia e
Profilaxia das Doenças de Veiculação Hídrica. IES – SURSAN, Rio de Janeiro, 1967.
9) MINISTÉRIO DA SAÚDE. “Portaria 36: Padrões de Potabilidade”. 1990.
10) MORITA, D.M.; GARCIA Jr., A.D. “Metodologia Analítica Básica para Águas”. Em: Apostila
do curso Gerenciamento de Recursos Hídricos, Fundação Centro Tecnológico de
Hidráulica, 1993.
11) ROCHA, A.A., “Efeitos dos Poluentes Encontrados nos Efluentes de uma Galvanoplastia”.
REVISTA DAE nº 130 (42): 89-93, 1982.
172
12) ROCHA, A.A., “Poluição, Proteção e Usos Múltiplos de Represas”. São Paulo, CETESB, 1977.
13) SALGADO, M.J.M. “Influência dos Metais Pesados nas Águas Interiores”. Trabalho da
Disciplina Hidrobiologia II, Faculdade de Saúde Pública da USP, 1980.
14) SAWYER, C.N. & McCARTY, P.L., “Chemistry for Environmental Engineers”. 3rd ed. New
York. Mc Graw-Hill Book Company, 1978.
4) O método mais usual para a determinação da concentração de ferro total em águas envolve:
a) Oxidação e titulação de formação de complexos
b) Precipitação e gravimetria
c) Redução e espectrofotometria UV-visível
d) Oxidação e espectrofotometria de absorção atômica
e) Precipitação e digestão química
5) Os diversos metais pesados podem ser determinados em águas, mesmo em baixas concentrações
e com bons níveis de precisão através de:
a) Cromatografia líquida
b) Espectrofotometria de absorção atômica com forno de grafite
c) Espectrômetro de massa
d) Cromatografia gasosa
e) Titulometria de ionização
6) Os metais pesados podem ser removidos de efluentes industriais, como as águas de lavagem de
galvanoplastias, com maior eficiência através de:
a) Agentes oxidantes
b) Precipitação química
c) Troca-iônica
173
d) Floculação química
e) Processo biológico aeróbio
8) Com relação à descarga de efluentes industriais contendo metais pesados nos sistemas de
esgotos sanitários:
a) Pode trazer prejuízo apenas para a rede coletora, dificultando a sua operação
b) Pode trazer prejuízo apenas para a rede coletora e para o sistema de tratamento por processo
biológico
c) Pode trazer prejuízo apenas para o tratamento biológico, podendo inibir completamente o
processo
d) Pode trazer prejuízo apenas para a disposição final do lodo seco, proveniente do tratamento
biológico, por encontrar-se contaminado
e) Pode trazer prejuízo para a operação da rede coletora, para o tratamento biológico e para a
disposição final do lodo seco
10) Constitui-se em importante fonte de contaminação de águas naturais por mercúrio, em diversas
regiões do Brasil:
a) O uso na extração de ouro por amalgamação
b) O uso em indústrias de tintas e pigmentos
c) O uso em indústrias têxteis
d) O uso em curtumes
e) O uso em indústrias de materiais plásticos
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A
B
C
D
E
Valor 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0
174
AULA 9
A QUÍMICA DO CLORO E DO FLÚOR NAS ÁGUAS DE
ABASTECIMENTO PÚBLICO
Nesta figura, o ramo ascendente da curva de cloração indica que as cloraminas estão sendo
formadas e o trecho descendente mostra suas destruição, ou seja, a transformação em compostos
inertes sob o ponto de vista da desinfecção.
Há situações em que se pode desejar clorar uma água com cloro residual combinado. São os
casos onde a rede de distribuição é longa, e o cloro livre, por ser mais instável, é consumido antes
de chegar aos pontos de consumo mais desfavoráveis, ou o caso de águas contendo fenóis, cresóis
ou tanino pois, após a cloração, os clorofenóis formados desenvolvem sabor e odor na água tratada.
Nestes casos, deve-se dosar cloro até o ponto de formação máxima das cloraminas.
Por outro lado, nos casos em que, embora a água contenha amônia se deseja clorar com cloro
residual livre, deve-se dosar cloro até o ponto de inflexão correspondente à destruição total das
cloraminas. Esta técnica é denominada cloração ao break-point.
• Reações do cloro com outros compostos
O cloro reage com outros compostos orgânicos e inorgânicos, em decorrência de sua ação
oxidante, oxidando ferro, manganês, nitrito e sulfeto, estes últimos conforme a reação:
H2S + 4Cl2 + 4H2O ↔ H2SO4 + 8HCl
Oxida também compostos orgânicos, conforme o exemplo:
178
179
Cl Cl
| |
- C = C - + Cl2 ↔ - C - C -
| | | |
H H H H
O cloro residual pode ser removido por processo de adsorção, empregando-se carvão
ativado, ou por processos de oxi-redução empregando-se por exemplo o tiossulfato de sódio que
reage com o cloro, segundo:
2Na2S2O3 + Cl2 → Na2S4O6 + 2NaCl + 10H2O
2. Fluoreto em Águas
2.1. Fontes de fluoreto nas águas
O flúor é o mais eletronegativo de todos os elementos químicos, tão reativo que nunca
é encontrado em sua forma elementar na natureza, sendo normalmente encontrado na sua forma
combinada como fluoreto. O flúor é o 17o elemento em abundância na crosta terrestre,
representando de 0,06 a 0,9 % e ocorrendo principalmente na forma de fluorita (CaF2), fluoroapatita
(C10(PO4)6 e criolita (Na3AlF6). Porém, para que haja disponibilidade de fluoreto livre, ou seja,
disponível biologicamente, são necessárias condições ideais de solo, presença de outros minerais ou
outros componentes químicos e água.
Traços de fluoreto são normalmente encontrados em águas naturais e concentrações
elevadas geralmente estão associadas com fontes subterrâneas. Em locais onde existem minerais
ricos em flúor, tais como próximos a montanhas altas ou áreas com depósitos geológicos de origem
marinha, concentrações de até 10 mg/L ou mais são encontradas. A maior concentração de flúor
registrada em águas naturais é de 2.800 mg/L, no Quênia.
Na tabela 1 são apresentadas concentrações de fluoreto em águas subterrâneas do Estado de São
Paulo.
181
O fluossilicato de sódio era o composto mais utilizado, tendo sido substituído pelo
ácido fluossilícico em diversas estações de tratamento de água. Apesar da corrosividade do ácido,
pelo fato de se apresentar na forma líquida facilita sua aplicação e o controle seguro das dosagens é
condição fundamental para a fluoretação. O fluoreto de sódio é muito caro e o fluoreto de cálcio,
pouco solúvel.
Alguns efluentes industriais também descarregam fluoreto nas águas naturais. São os
casos das indústrias de vidro e de fios condutores de eletricidade.
No ar, a presença de fluoreto deve-se principalmente a emissões industriais e sua
concentração varia com o tipo de atividade. Estima-se um valor de exposição abaixo de 1µg/L,
pouco significativo em relação à quantidade ingerida através da água e de alimentos. Todos os
alimentos possuem ao menos traços de fluoreto. Os vegetais possuem concentrações maiores
principalmente devido à absorção da água e do solo. Alguns alimentos tais como peixes, certos
vegetais e chá, possuem altas concentrações de fluoreto. O uso da água fluoretada na preparação de
alimentos pode dobrar a quantidade de fluoreto presente. Estima-se uma quantidade diária ingerida
de 0,2 a 3,1 mg para adultos e 0,5 mg para crianças de 1 a 3 anos.
Outras fontes de fluoreto são as pastas de dente, gomas de mascar, vitaminas e
remédios. O uso tópico de fluoreto contribui para uma absorção maior. O fluoreto ingerido através
da água é quase completamente absorvido pelo corpo humano, enquanto que o flúor presente nos
alimentos não é totalmente absorvido; em alguns casos, como através de peixes e outras carnes,
chega apenas a 25%. Uma vez absorvido, o fluoreto é distribuído rapidamente pelo corpo humano,
grande parte é retida nos ossos, enquanto que uma pequena parte é retida nos dentes. O fluoreto
pode ser excretado pela urina e sua excreção é influenciada por uma série de fatores tais como o
estado de saúde da pessoa e seu grau de exposição a esta substância.
Podem ocorrer águas naturais com níveis de fluoreto acima dos valores desejados
para abastecimento público, bem como os efluentes industriais que os contém devem ser tratados
antes do lançamento nas águas naturais. São disponíveis, para a remoção de fluoreto, processos à
base de adsorção, empregando-se alumina ativada. Existe também o método da adsorção em farinha
de osso, que pode produzir bons resultados com vantagens econômicas. A precipitação com cálcio
184
pode resolver apenas parcialmente o problema, sendo usado geralmente associada a outros
processos. Recentemente, tem-se recomendado o emprego da osmose reversa que, além de
eficiente, permite a recuperação do fluoreto para uso em outros sistemas de abastecimento de água.
3. Questionário
1) Definir: a) demanda de cloro; b) cloro residual; c) cloro residual livre e d) cloro residual
combinado.
2) Com base no equilíbrio do ácido hipocloroso na água, o que pode ser dito sobre a influência do
pH no processo de desinfecção com cloro residual livre?
3) Explicar a evolução do processo de cloração de uma água contendo nitrogênio amoniacal.
4) Dê exemplo de aplicações em saneamento que podem decorrer da ação oxidante do cloro.
5) Em que casos típicos a pré-cloração de águas para abastecimento público é necessária e por que
ela deve ser evitada?
6) Que dificuldades podem ser esperadas na aplicação de cloro na desinfecção de esgotos
sanitários?
7) Por que a fluoretação de águas para abastecimento público deve ser um processo bem
controlado?
4. Referências bibliográficas
1. APHA, AWWA, WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. 18th
ed. Washington. 1992.
2. BERENHAUSER, A.H., “Remoção de fluoreto de águas para abastecimento público através do
processo de osmose reversa”. Projeto de Qualificação para o Mestrado. Faculdade de
Saúde Pública da USP, 2000.
3. CETESB, “Técnicas de Abastecimento e Tratamento de Águas – Volume II”.
CETESB/ASCETESB. 2ª ed. 1988.
4. KATO, M.T., “Cloro Residual”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do
Solo. Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
5. KATO, M.T., “Fluoretos”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do Solo.
Escola de Engenharia Mauá. São Caetano do Sul/SP, 1983.
6. MINISTÉRIO DA SAÚDE, “Portaria 36: Padrões de Potabilidade”. 1990.
7. POVINELLI, J., Notas de aula da disciplina “Técnicas Experimentais em Saneamento
Ambiental”, do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento. Escola
de Engenharia de São Carlos – USP, 1979.
8. ROCHA, A.A., “Efeitos dos poluentes encontrados nos efluentes de uma galvanoplastia”.
REVISTA DAE nº 130 (42): 89-93, 1982.
9. SAWYER, C.N. & McCARTY, P.L., “Chemistry for Environmental Engineers”. 4th ed. New
York. Mc Graw-Hill Book Company, 1994.
185
3) Com relação à dosagem de cloro a ser aplicada em uma água para abastecimento público:
a) Deve ser constante, da ordem de 0,5 mg/L
b) Depende da espécie de organismo a ser destruído
c) Depende da presença de matéria redutora que exerce demanda de cloro
d) É estabelecida em função da turbidez da água
e) Depende do consumo "per capita" da região
6) O controle do residual de fluoreto em águas para abastecimento público deve ser rigoroso por
que:
a) Dosagens inferiores aos valores recomendados levam à perdas de eficiência no combate à cárie
dentária e dosagens excessivas podem levar à fluorose dentária e fluorose óssea
b) Dosagens inferiores aos valores recomendados causam a fluorose dentária e dosagens
superiores levam à fluorose óssea
c) Dosagens inferiores aos valores recomendados levam à fluorose óssea e dosagens superiores
podem levar à fluorose dentária
186
d) Tanto as dosagens inferiores aos valores recomendados quanto as superiores podem levar a
uma perda da eficiência no combate à cárie dentária
e) Tanto as dosagens inferiores aos valores recomendados quanto as superiores podem levar à
fluorose dentária ou óssea
8) Para a remoção de excesso de fluoreto em águas para abastecimento público pode-se recorrer à:
a) Troca-iônica com alumina ativada e oxidação com cloro
b) Aeração e adsorção em farinha de osso
c) Adsorção em farinha de osso e coagulação/floculação
d) Osmose reversa e decantação
e) Osmose reversa e coluna com alumina ativada
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8
A
B
C
D
E
Valor 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25
187
AULA 10
OXIGÊNIO DISSOLVIDO E MATÉRIA ORGÂNICA EM ÁGUAS
Figura 1: Simbiose entre bactérias e algas em lagoas de estabilização. FONTE: JORDÃO &
PESSOA (10).
Existem outros processos de tratamento de esgotos em que a aeração do meio é feita
artificialmente, empregando-se aeradores superficiais eletro-mecânicos ou máquinas sopradoras de
ar em tubulações contendo difusores para a redução do tamanho das bolhas. Novos sistemas de
aeração vêm sendo continuamente desenvolvidos. São utilizados também processos em que, ao
invés de aeração, introduz-se oxigênio puro diretamente no reator biológico.
Anodo M → M 2 + + 2e −
Catodo 1
2 O2 + H 2 O + 2e − → 2 HO −
1
2 O2 + M + H 2 O → M (OH ) 2
mg / L O2 =
N Na 2S2 O3 x VNa 2S2 O3 x 8000
V AMOSTRA
100
A principal fonte de matéria orgânica nas águas naturais é, sem dúvida, a descarga de
esgotos sanitários. No Brasil, a grande maioria dos municípios não possui sistema de tratamento de
esgotos.
Em um esgoto predominantemente doméstico, 75% dos sólidos em suspensão e 40%
dos sólidos dissolvidos são de natureza orgânica. Estes compostos são constituídos principalmente
de carbono, hidrogênio e oxigênio, além de outros elementos como nitrogênio, fósforo, enxofre,
ferro, etc. Os principais grupos de substâncias orgânicas encontradas nos esgotos são carboidratos
(25 a 50%), proteínas (40 a 60%) e óleos e graxas (10%). Outros compostos orgânicos sintéticos são
encontrados em menor quantidade como detergentes, pesticidas, fenóis, etc. (Metcalf & Eddy,
1991).
As proteínas são os principais constituintes do organismo animal, ocorrendo em
menor extensão nas plantas. Todos os gêneros alimentícios naturais (animais ou vegetais) contêm
proteínas. Elas são estruturalmente complexas e instáveis, estando sujeitas a diversas formas de
decomposição. Existem proteínas solúveis e insolúveis na água. São formadas quimicamente pela
ligação de um grande número de aminoácidos, resultando em pesos moleculares que variam de 20
mil a 20 milhões de gramas. Todas as proteínas contêm carbono, hidrogênio e oxigênio, mas
distinguem-se por apresentarem cerca de 16% de nitrogênio e constituem, conjuntamente com a
uréia, as principais fontes de nitrogênio nos esgotos. Na maioria dos casos, o fósforo, o enxofre e o
ferro também estão presentes.
Os carboidratos encontram-se amplamente distribuídos na natureza, incluindo os
açúcares, amidos, celulose e fibras de madeira. Contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. Alguns são
solúveis em água, como os açúcares, outros, como os amidos, são insolúveis. Os açúcares tendem a
se decompor produzindo álcool e gás carbônico, fermentados por enzimas produzidas por leveduras
e bactérias. Os amidos são mais estáveis, mas são convertidos em açúcar pela atividade microbiana;
a celulose é o carboidrato mais resistente à decomposição.
Os óleos e graxas são ésteres de álcool ou glicerina com ácidos graxos. Os
glicerídeos de ácidos graxos que são líquidos à temperatura ambiente são chamados óleos e os que
são sólidos, graxas. Quimicamente são muito parecidos, constituídos de carbono, hidrogênio e
oxigênio em proporções variáveis. Estão presentes nos alimentos, não sendo facilmente
decompostos biologicamente. São atacados pelos ácidos minerais, resultando na formação de
glicerina e ácidos graxos. Na presença de álcalis (NaOH, por exemplo), a glicerina é liberada e são
formados sais alcalinos de ácidos graxos, denominados sabões, que são estáveis. Os sabões comuns
são formados pela saponificação de gorduras com o NaOH. São solúveis em água mas, como visto
anteriormente, na presença dos constituintes da dureza, os sais de sódio são trocados por sais de
cálcio e magnésio, também chamados de sabões minerais, que são insolúveis e se precipitam.
Os detergentes ou agentes tensoativos são grandes moléculas ligeiramente solúveis
em água que causam o fenômeno da formação de espumas nas águas naturais. O tipo de surfactante
utilizado nos detergentes sintéticos comerciais foi substituído no Brasil na década de 80, sendo que
anteriormente era empregado o sulfonato de alquil benzeno, ABS, e hoje em dia se utiliza o
sulfonato de alquil benzeno linear, LAS, bem menos resistente à biodegradação que o ABS,
reduzindo os problemas de formação de espuma.
193
A DBO é o parâmetro fundamental para o controle da poluição das águas por matéria
orgânica. Nas águas naturais a DBO representa a demanda potencial de oxigênio dissolvido que
poderá ocorrer devido à estabilização dos compostos orgânicos biodegradáveis, o que poderá trazer
os níveis de oxigênio nas águas abaixo dos exigidos pelos peixes, levando-os à morte. É, portanto,
importante padrão de classificação das águas naturais. Nas classes que correspondem às águas
menos poluídas, exigem-se baixos valores máximos de DBO e elevados limites mínimos de
oxigênio dissolvido. Na legislação federal, a Resolução nº 20 DO CONAMA, são impostos os
limites máximos de DBO de 3, 5, 10, 5, 10 e 5 mg/L para as águas de classe 1, 2, 3, 5, 6 e 7 e os
limites mínimos de oxigênio dissolvido de 6, 5, 4, 2, 6, 4, 5 e 3 mg/L, para as águas classe 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7 e 8 respectivamente. A DBO é também uma ferramenta imprescindível nos estudos de auto-
depuração dos cursos d’água. Além disso, a DBO constitui-se em importante parâmetro na
composição dos índices de qualidade das águas.
No campo do tratamento de esgotos, a DBO é um parâmetro importante no controle
da eficiência das estações, tanto de tratamentos biológicos aeróbios e anaeróbios, bem como físico-
químicos (embora de fato ocorra demanda de oxigênio apenas nos processos aeróbios, a demanda
195
“potencial” pode ser medida à entrada e à saída de qualquer tipo de tratamento). Na legislação do
Estado de São Paulo, o Decreto Estadual nº 8468, a DBO5 de cinco dias é padrão de emissão de
esgotos diretamente nos corpos d’água, sendo exigidos ou uma DBO5 máxima de 60 mg/L ou uma
eficiência global mínima do processo de tratamento na remoção de DBO5 igual a 80%. Este último
critério favorece aos efluentes industriais concentrados, que podem ser lançados com valores de
DBO ainda altos, mesmo removida acima de 80%.
A carga de DBO, expressa em Kg/dia é um parâmetro fundamental no projeto das
estações de tratamento biológico. Dela resultam as principais características do sistema de
tratamento como áreas e volumes de tanques, potências de aeradores, etc.. A carga de DBO pode ser
obtida do produto da vazão pela concentração de DBO. Por exemplo, em uma indústria já existente
em que se pretenda instalar um sistema de tratamento, pode-se estabelecer um programa de
medições de vazão e de análises de DBO, obtendo-se a carga através do produto dos valores
médios. O mesmo pode ser feito em um sistema de esgotos sanitários já implantado. Na
impossibilidade, costuma-se recorrer a valores unitários estimativos. No caso de esgotos sanitários,
é tradicional no Brasil a adoção de uma contribuição "per capita"de DBO5 de 54 g/hab.dia. Porém,
há a necessidade de melhor definição deste parâmetro através de determinações de cargas de DBO
em bacias de esgotamento com população conhecida. No caso dos efluentes industriais, também
costuma-se estabelecer contribuições unitárias de DBO em função de unidades de massa ou de
volume de produto processado. Na tabela 2 são apresentados valores típicos de concentração e
contribuição unitária de DBO5:
Alguns efluentes industriais que possuem microrganismos, como são os casos dos
laticínios e dos matadouros, por exemplo, podem ter a DBO analisada desta forma.
não deve provocar demanda de oxigênio superior a 0,6 mg/L. O consumo de oxigênio devido à
matéria orgânica presente na própria semeadura é chamado fator da semente. Este fator deverá ser
levado em consideração no cálculo final da DBO da amostra, isto é, para cada diluição, a variação
de oxigênio ocorrida deverá ser descontada do fator da semente. Este será determinado através da
realização paralela da DBO da semente, em que se empregam, por exemplo, cinco diluições para o
cálculo do consumo médio de oxigênio por mililitro de semente. Note-se que neste caso a
imprecisão nos resultados é maior pela introdução de mais uma variável, a condição da semente,
tornando a situação crítica em alguns casos de efluentes industriais tratados que apresentem valores
de DBO5 próximos ao limite máximo imposto na legislação.
É histórica a tentativa de se instrumentalizar a análise de DBO, utilizando-se
respirômetros como o de Warburg, em que a DBO é medida manometricamente. Estes
respirômetros são constituídos de manômetros acoplados aos frascos em que ocorrem as reações de
DBO. Devido ao consumo de oxigênio, deverá ocorrer uma deflexão no fluído manométrico que
deverá ser associada ao valor da DBO. Para que o efeito contrário da pressão do gás carbônico
produzido na decomposição da matéria orgânica não altere o resultado, são colocadas nos frascos
soluções que absorvem CO2, como por exemplo o hidróxido de potássio. Tem-se encontrado muita
dificuldade na calibração deste método, além de não se conseguir com isso eliminar a necessidade
da incubadora ou reduzir o tempo gasto na análise.
Lt = Lo . e − k t
|
onde L0 é a DBO total de primeiro estágio, também chamada de DBO “última” ou DBO carbonácea
total. Trabalhando-se na base decimal, temos:
Lt = L0.10-k.t
onde k é a constante da velocidade da reação, referida à base 10. Para se estabelecer a relação entre
k| e k pode ser utilizado:
K|
k=
2.303
removida, porque o que se mede é consumo de oxigênio, que se relaciona com a matéria orgânica já
oxidada ou removida. A DBO remascente, Lt, e a DBO removida, y, são complementares, conforme
ilustrado:
Figura 3: Efeito da constante de reação k na DBO (para um dado valor de L0). FONTE: METCALF
& EDDY (1991).
O efeito da temperatura se exerce sobre o valor das constantes k’(ou k) e L0. O efeito
da temperatura sobre a taxa da reação k pode ser expressa pela seguinte equação, derivada da Lei de
Van’t Hoff-Arrhenius.
kT°C = k20°C.θ(T-20)
onde kT°C é o valor de k na temperatura T°C e θ é o coeficiente de temperatura; são propostos os
seguintes valores médios para θ:
θ = 1,056, para temperaturas entre 20 e 30°C
θ = 1,135, para temperaturas entre 4 e 20°C.
Para situações melhor definidas, são atribuídos outros valores para θ. Na equação de
Streeter-Phelps utilizada em estudos de autodepuração natural de cursos d’água, o efeito da
temperatura sobre k é calculado utilizando-se θ = 1,047. Em estudos de tratamento de esgotos em
lodos ativados e filtros biológicos, utiliza-se θ = 1,08.
A temperatura provoca também efeito sobre o valor de L0, pois apesar de
corresponder à quantidade total de matéria carbonácea biodegradável, em temperaturas superiores a
20°C, por exemplo, podem se desenvolver melhor outros grupos de microrganismos não atuantes a
20°C e o valor de L0 aumenta. A expressão proposta para a correção de L0 para a temperatura é a
seguinte:
L0
T!C
= L0
20 ! C
[1 + 0,02 ( T − 20)]
∂y
Nesta equação, k’ e L0 são desconhecidos. Se for assumido que representa o
∂t
valor da declividade da curva a ser plotada através de uma série de dados, para um dado valor de k’
e L0, então, devido a erros experimentais, os dois lados da equação acima diferirão de uma
quantidade R. Reescrevendo a equação em termos do resíduo R, tem-se:
∂y
R = k ' ( L0 − Y ) −
∂t
∂y
Utilizando-se a notação y′ para , tem-se:
∂t
R = k '.L0 − k ' y − y '
Sejam a = k '. L0 e b = − k ' :
R = a + by − y '
Se a soma dos quadrados dos resíduos deve ser mínima, as seguintes equações
devem ser satisfeitas:
202
∂ ∂R
∑R = 0 ⇒ ∑ 2R
2
=0
∂a ∂a
∂ ∂R
∑R = 0 ⇒ ∑2R
2
=0
∂b ∂b
Aplicando-se as operações acima ao residual R, escrito anteriormente, tem-se:
Na + b Σ y − Σ y' = 0
a Σ y + b Σ y 2 − Σ y y' = 0
onde: n = número de dados
k’ = -b (base e)
L0 = -a/b
Exemplo (Metcalf & Eddy, 1991): calcular as constantes da DBO, utilizando o método dos mínimos
quadrados, para a seguinte série de dados:
t (dias) 2 4 6 8 10
y (mg/L) 11 18 22 24 26
t(dias) 2 4 6 8 10
y(mg/L) 11 18 22 24 26
(t/y)1/3 0,57 0,61 0,65 0,69 0,73
0,04
a = 0,53 e b = = 0,02
2
0,02
∴ k = 2,6 x ⇒ k = 0,099 d-1 (k1 = 0,228 d-1)
0,53
1
L0 = = 29,4 mg / L
2,3.0,099.0,533
O método de Fujimoto consiste em lançar-se em gráfico os valores de DBO t+1
versus DBOt, sendo que o ponto de intersecção desta reta com a reta de tangente igual a 1
representa o valor de LO. A partir deste e com um dos valores de DBO removida pode-se determinar
a taxa k| através da equação da DBO removida.
50
30
10
20
40 10 20 30 40
204
DBOt (mg/L)
Do gráfico: LO = 27,8mg / L
Y6 = 22mg / L
Y = LO (1 − e − k . t )
|
22 = 27,8 (1 − e − k . 6 ) ⇒ k | = 0,293 d −1
|
apresente relação DQO/DBO igual a 3/1, poderá, por exemplo, apresentar relação da ordem de 10/1
após tratamento biológico, que atua em maior extensão sobre a DBO.
2 a b
C= n+ −
3 6 3
206
O dicromato de potássio é dosado em excesso nos balões para que o saldo seja
determinado por titulação na fase seguinte e com isto se possa determinar seu consumo.
c) interferência de cloreto
Algumas substâncias inorgânicas oxidáveis presentes na amostra podem interferir
nos resultados, aumentando-os.
6Cl- + Cr2O7-2 + 14H+ → 3Cl2 + 2Cr+3 + 7H2O
2) Demanda Nitrogenada
a) NH3 + 3/2 O2 NITROSSOMO
→ HNO2 + H2O
NAS
3) A demanda teórica de oxigênio é igual a [3/2 + (3/2 + ½)] mol O2/mol glicina, ou 3,5 mol O2/mol
glicina ou ainda 112g O2/mol.
2.8. Exercícios
3. A DBO5 a 20°C é igual a 250 mg/L para 3 despejos diferentes, mas os valores de k a 20°C são
iguais a 0,12 d-1, 0,16d-1 e 0,20d-1. Determinar a DBO última de cada amostra.
4. O valor da DBO de um esgoto foi medido a 2 e a 4 dias, sendo encontrados 125 e 225 mg/L,
respectivamente. Determinar a DBO5, utilizando um modelo cinético de 1ª ordem.
a) Os seguintes resultados de DBO foram obtidos para uma amostra de esgoto bruto a 20°C:
t(dias) 0 1 2 3 4 5
y (mg/L) 0 65 109 138 158 172
Calcular a constante da velocidade da reação e a DBO final de 1° estágio, utilizando o método dos
mínimos quadrados e o método de Thomas.
6. Idem para:
t(dias) 1 2 4 5 8
y(mg/L) 32 57 84 106 111
7. Dados os seguintes resultados determinados para uma amostra de esgoto à 20°C, determinar a
DBO carbonácea final, a DBO nitrogenada final, a constante de velocidade da reação carbonácea k
e a constante de velocidade para a demanda nitrogenada kn. Determinar k (θ = 1,05) e kn (θ = 1,08)
à 25°C.
209
t, dias 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
DBO, mg/l 0 10 18 23 26 29 31 32 33 46 56
t, dias 11 12 13 14 16 18 20 25 30 40
DBO, mg/l 63 69 74 77 82 85 87 89 90 90
Estimar a quantidade total de oxigênio em mg/l que deve ser fornecida para estabilizar
completamente este despejo. Qual seria o valor da DQO e da demanda teórica de oxigênio para este
despejo?
11. Sabe-se que um despejo industrial contém apenas ácido esteárico, C100H36O2, glicina,
C2H5O2N e glicose C6H12O6. Os resultados das análises de laboratório são os seguintes: nitrogênio
orgânico: 10 mg/l, carbono orgânico: 125 mg/l e DQO = 400 mg/l
Determinar a concentração de cada constituinte, em mg/l.
a) Referências Bibliográficas
1. APHA, AWWA, WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”,
18th ed. Washington, 1992.
2. AGUDO, E.G. "Demanda Bioquímica de Oxigênio". Apostila da disciplina Fundamentos
Químicos do Saneamento. Universidade Mackenzie, 1992.
3. AGUDO, E.G. "Demanda Química de Oxigênio". Apostila da disciplina Fundamentos
Químicos do Saneamento. Universidade Mackenzie, 1992.
4. BRAILE, P.M. & CAVALCANTI, J.E., "Manual de Tratamento de Águas Residuárias
Industriais". São Paulo, CETESB, 1993.
5. CETESB, "Nota técnica sobre tratamento de efluentes de abatedouros e frigoríficos". 1989.
6. CETESB, "Nota técnica sobre tratamento de efluentes de laticínios". 1989.
7. CETESB, "Nota técnica sobre tratamento de efluentes de indústrias de celulose e papel".
8. CETESB, "Nota técnica sobre tratamento de efluentes de curtumes". 1989.
9. CETESB, "Nota técnica sobre tratamento de efluentes de indústrias de refrigerantes e
cervejarias". 1989.
10. CETESB, "Nota técnica sobre tratamento de efluentes de indústrias de suco cítrico
concentrado". 1990.
210
11. JORDÃO, E.P.; PESSOA, C.A., "Tratamento de Esgotos Domésticos" - Vol. I - Concepções
Clássicas de Tratamento - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
(ABES) - 2a. Edição - Rio de Janeiro, 1982. 536p.
12. METCALF & EDDY, "Wastewater Engineering: Treatment, Disposal, Reuse". 3rd ed, . Mc
Graw - Hill Book Company .New York, 1994.
A quantidade total de oxigênio (em mg/L) necessária para oxidar completamente esse despejo será:
a) 1250
b) 2456
c) 2594
d) 1200
e) 3000
t(dias) 2 4 6 8 10
DBO (mg/L) 984 1580 1942 2162 2295
3) A DBO5,20oC é igual a 500 mg/L e a constante de desoxigenação à 20oC é k= 0,15d-1 (base 10).
A DBO de 5 dias a 25oC para esse efluente é (em mg/L):
a) 500
b) 602
c) 608
d) 625
e) 669
d) O valor da DQO é geralmente inferior ao da DBO5,20oC e quanto mais próximo forem esses
valores menor será a fração biodegradável
e) O valor da DQO é geralmente superior ao da DBO5,20oC e quanto mais próximos forem esses
valores maior será a fração biodegradável
5) Com relação à afirmação: "Quanto mais poluída por matéria orgânica biodegradável estiver
uma água, maior será a demanda bioquímica de oxigênio a ser exercida e menor será a
concentração de oxigênio dissolvido", pode ser dito que:
a) Está correta, quaisquer que sejam as demais condições ambientais
b) Depende da temperatura e da taxa de degradação do resíduo
c) Depende da taxa de degradação do resíduo e da velocidade das águas
d) Depende da velocidade da água e da presença de outros nutrientes além do carbono
e) Depende da temperatura e da presença de outros nutrientes além do carbono
8) Dois resíduos essencialmente carbonáceos apresentam k1 = 0,10 d-1 e k2 = 0,20 d-1 (base 10),
sendo que ambos possuem DBO20,20oC = 3.000 mg/L. As relações DBO5/DBO20 de ambos os
resíduos são, respectivamente:
a) 0,51 e 0,73
b) 0,63 e 0,79
c) 0,66 e 0,85
d) 0,69 e 0,90
e) 0,75 e 0,95
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A
B
C
D
E
Valor 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0
213
AULA 11
NUTRIENTES: COMPOSTOS DE NITROGÊNIO E FÓSFORO EM
ÁGUAS
Para que melhor se compreenda as transformações que o nitrogênio sofre nas águas é
necessário conhecer o seu ciclo na natureza, ilustrado na figura 1:
O nitrogênio orgânico que toma parte no tecido de uma planta pode ser incorporado
em tecidos animais pelo processo nutricional destes. A morte, seguida de decomposição, de animais
e vegetais e, principalmente, as transformações sofridas pelos compostos orgânicos presentes nos
esgotos, levam à formação de nitrogênio amoniacal nas águas, nas formas de amônia gasosa (NH3)
ou do íon amônio ( NH +4 ). Nas águas, o processo de oxidação biológica sofrida pela amônia, que é
convertida a nitrito ( NO−2 ) por um grupo de bactérias nitrificadoras chamadas Nitrossomonas e,
posteriormente, a nitrato ( NO−3 ) por outro grupo conhecido por Nitrobacter, chama-se nitrificação.
A nitrificação é um processo que ocorre apenas em meio aeróbio, pois não existem bactérias
anaeróbias nitrificadoras. Corresponde, como visto, à demanda bioquímica de oxigênio de segundo
estágio, devendo ocorrer nas estações de tratamento de esgotos. O processo inverso, ou seja, a
redução biológica é possível, mas o caminho preferencial é a redução de nitrato a nitrito e
posteriormente a nitrogênio gasoso (N2).
Este processo se denomina desnitrificação e ocorre em meio anóxico, isto é, na
ausência de oxigênio livre, em lodos de fundo de rios e lagos e de unidades de separação de sólidos
(decantadores) de estações de tratamento de esgotos. Reatores anaeróbios são projetados com esta
função específica, pois a nitrificação (aeróbia) e a desnitrificação (anóxica) levam ao controle
efetivo dos problemas que os compostos nitrogenados podem trazer às águas naturais.
Ocorrem ainda, no ciclo do nitrogênio na natureza, as fixações química e biológica e
o seu uso como nutriente, sendo que as plantas são capazes de metabolizar nitratos e os animais
nutrem-se de nitrogênio na forma orgânica, principalmente.
Como visto, o nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas de nitrogênio
orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras chamam-se formas reduzidas e as duas
últimas, formas oxidadas. Pode-se associar a idade da poluição com a relação entre as formas de
nitrogênio, ou seja, se for coletada uma amostra de água de um rio poluído e as análises
demonstrarem predominância das formas reduzidas significa que o foco de poluição se encontra
próximo; se prevalecer nitrito e nitrato, ao contrário, significa que as descargas de esgotos se
encontram distantes. Nas zonas de autodepuração natural em rios, distinguem-se as presenças de
nitrogênio orgânico na zona de degradação, amoniacal na zona de decomposição ativa, nitrito na
zona de recuperação e nitrato na zona de águas limpas.
Os compostos de nitrogênio são nutrientes para processos biológicos. São tidos como
macronutrientes pois, depois do carbono, o nitrogênio é o elemento exigido em maior quantidade
pelas células vivas. Quando descarregados nas águas naturais conjuntamente com o fósforo e outros
nutrientes presentes nos despejos, provocam o enriquecimento do meio tornando-o mais fértil e
possibilitam o crescimento em maior extensão dos seres vivos que os utilizam, especialmente as
algas, o que é chamado de eutrofização. Quando as descargas de nutrientes são muito fortes, dá-se o
florescimento muito intenso de gêneros que predominam em cada situação em particular. Este
crescimento exagerado de populações de algas podem trazer prejuízos aos usos que se possam fazer
dessas águas, prejudicando seriamente o abastecimento público ou causando poluição por morte e
decomposição. O controle da eutrofização, através da redução do aporte de nitrogênio, é
comprometido pela multiplicidade de fontes, algumas muito difíceis de serem controladas como a
fixação do nitrogênio atmosférico, por parte de alguns gêneros de algas. Por isso, deve-se investir
preferencialmente no controle das fontes de fósforo.
216
destilando-se, segundo o mesmo procedimento, a água do laboratório. Nesta prova em branco, não
deverá ocorrer variação de cor perceptível na solução de ácido bórico. A amônia destilada da
amostra é finalmente quantificada através de titulação com ácido sulfúrico. Adicionando-se o ácido,
a solução de ácido bórico com a amônia recolhida tende a recuperar a sua cor original. A solução
utilizada no teste em branco é usada como referência para a identificação do ponto final da
titulação. Os resultados são expressos em mg/L de N. Esta determinação de nitrogênio em águas
não é recomendada para baixas concentrações, inferiores a 1 mg/L.
Desta forma, determina-se a concentração de nitrogênio amoniacal na amostra. Para
a determinação do nitrogênio orgânico, necessita-se uma digestão química prévia dos compostos
nitrogenados, que são convertidos em amônia. Empregam-se na digestão mercúrio metálico, sulfato
de sódio e sulfato de cobre. A operação pode ser realizada em um conjunto compacto de digestão.
Em resumo, procedendo-se apenas à destilação da amônia e sua titulação, mede-se
apenas o nitrogênio amoniacal presente na amostra. Fazendo-se a digestão, a destilação e a
titulação, mede-se o nitrogênio orgânico mais o nitrogênio amoniacal, o que é chamado nitrogênio
total Kjeldahl (NTK). É este o parâmetro utilizado para ser relacionado com a DBO ou DQO, na
previsão das necessidades de nutrientes em reatores biológicos de tratamento de esgotos, uma vez
que os microrganismos decompositores não assimilam formas oxidadas. Finalmente, o nitrogênio
orgânico isoladamente pode ser obtido por diferença entre os resultados obtidos com e sem digestão
prévia da amostra.
No outro grupo, o das formas oxidadas, nitrito e nitrato, a análise é desenvolvida
através de colorimetria. O nitrito reage com a sulfanilamida e a etilenodiamina, conjuntamente,
formando um complexo rosa que obedece a lei fundamental da colorimetria. Já o nitrato, necessita
ser reduzido a nitrito antes da execução da colorimetria. Para isso, a amostra é percolada por uma
coluna preenchida por cádmio metálico. Procedendo-se em seguida à etapa de colorimetria, obtém-
se a concentração de nitrito e nitrato, conjuntamente. A concentração de nitrato individualmente é
obtida por diferença entre os resultados obtidos com e sem a passagem da amostra pela coluna de
cádmio. Normalmente, é difícil se encontrar nitritos em águas naturais pois estes são instáveis,
oxidando-se rapidamente a nitratos. Na análise colorimétrica, há a necessidade de se construir a
curva de calibração, empregando-se como padrão, solução de nitrato de sódio.
Este processo tem seu uso restrito devido à necessidade de grandes unidades devido
às baixas taxas de aplicação, o que resulta em custo elevado. Outro processo físico-químico que
pode ser empregado é a cloração ao “break-point”. As reações que ocorrem entre o cloro e a amônia
nas águas foram mostradas em capítulo anterior. Ocorre inicialmente a formação das cloraminas
(cloro combinado) que são destruídas em seguida à medida que se aumentam as quantidades de
cloro adicionadas. Após a destruição total das cloraminas, o cloro adicionado a seguir se mantém
como residual livre na água. A cloração ao “break-point” também tem o seu uso limitado
economicamente devido principalmente à necessidade de se utilizar elevadas dosagens de cloro.
Além disso, outras reações paralelas podem ocorrer, dependendo da composição da água,
decorrentes principalmente da ação oxidante do cloro.
Os processos biológicos normalmente empregados para o tratamento de esgotos não
são muito eficientes na remoção de nitrogênio amoniacal. Os processos de lodos ativados devem ser
modificados para melhorar neste aspecto, aumentando-se a aeração e o tempo de residência celular.
Em sistemas com aeração prolongada, é possível a nitrificação praticamente completa dos esgotos
quando a taxa de introdução de oxigênio situa-se na faixa de 3,0 Kg O2 por Kg de DBO aplicada.
219
Alguns autores propõem o uso de dois sistemas de lodos ativados em série, para a remoção de boa
parte da DBO carbonácea no primeiro, melhorando as condições dos efluentes para a nitrificação no
segundo sistema. Os filtros biológicos aeróbios também não produzem bons níveis de nitrificação.
As melhores condições para a nitrificação estão nas partes inferiores do filtro, uma vez que as
janelas laterais de ventilação são posicionadas ao redor dos fundos do filtro, e também porque na
parte inferior boa parte da DBO carbonácea, que inibe o crescimento das nitro-bactérias, já foi
removida, uma vez que os filtros são de escoamento descendente. As lagoas aeradas mecanicamente
são pobres em nitrificação. As lagoas de estabilização fotossintéticas também não produzem
elevados graus de nitrificação, apesar dos elevados tempos de detenção adotados. Bons resultados
podem ser obtidos somente após o tratamento em lagoas terciárias ou de maturação. Ocorre também
desnitrificação no lodo de fundo destas lagoas facultativas, em condições anóxicas.
A nitrificação é muito importante mas a desnitrificação também é bastante desejável,
no sentido de se reduzir a concentração de nitrato, que pode interferir na potabilidade da água.
A principal tendência atual da evolução do tratamento de esgotos sanitários está na
otimização dos processos biológicos para melhorar as remoções de nitrogênio e fósforo,
entendendo-se que os prejuízos provocados pela eutrofização são também preocupantes. Os estudos
conduzem para o uso de sistemas híbridos anaeróbios-anóxicos-aeróbios de nitrificação-
desnitrificação e remoção de fósforo. Pesquisas são realizadas em sistemas de lodos ativados
existentes, modificando-se o sistema de aeração no sentido de se produzir zonas anaeróbias e
anóxicas. Os arranjos denominados BARDENPHO e UCT são os mais difundidos. A bioquímica
desses processos é bastante complexa mas razoavelmente conhecida, necessitando-se
prioritariamente de maior número de resultados práticos da operação destes sistemas. Infelizmente,
o conceito atual é o de que, apesar destas modificações, o nível de remoção é insuficiente para
diversas situações.
2. Fósforo em Águas
2.1. Fontes de fósforo nas águas
O fósforo pode se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os fosfatos
orgânicos são a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas. Os ortofosfatos, por outro
lado, são representados pelos radicais PO−43 , HPO−42 e H 2 PO4− , que se combinam com cátions
formando sais inorgânicos nas águas. Os polifosfatos ou fosfatos condensados são polímeros de
ortofosfatos. No entanto, esta terceira forma não é muito importante nos estudos de controle de
qualidade das águas, porque os polifosfatos sofrem hidrólise, convertendo-se rapidamente em
ortofosfatos nas águas naturais.
31
converter os resultados de PO43- para P, deve-se multiplicá-lo por , ou seja 0,326.
31 + 16 x 4
1
Para se fazer o inverso, deve-se multiplicar o resultado por , ou seja, 3,065.
0,326
3) Questionário
4) Referências Bibliográficas
1. APHA; AWWA; WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”.
American Public Health Association, 18th ed., Washington, 1992.
223
2) Lançando-se um efluente contendo nitrogênio orgânico em um rio, sem que haja esgotamento
completo do oxigênio dissolvido de suas águas, a sequência de transformações a ser sofrida pelo
nitrogênio será:
a) Nitrogênio amoniacal, nitrogênio orgânico, nitrato e nitrito
b) Nitrogênio orgânico, nitrogênio amoniacal, nitrato e nitrito
c) Nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal e nitrogênio orgânico
d) Nitrato, nitrito, nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal
e) Nitrogênio orgânico, nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato
c) Fenômeno que ocorre em ambiente aeróbio em que o nitrato é oxidado a nitrito e este é
reduzido em nitrogênio gasoso.
d) Fenômeno que ocorre em ambiente aeróbio ou anóxico em que o nitrogênio orgânico oxida-
se sucessivamente em nitrito e nitrato
e) Fenômeno que ocorre em ambiente exclusivamente aeróbio em que o nitrogênio amoniacal é
oxidado sucessivamente a nitrito e nitrato
5) Com relação à presença de formas reduzidas de nitrogênio nos reatores biológicos para o
tratamento de efluentes orgânicos pode ser dito que:
a) Deve ser evitada, pois mesmo em pequenas quantidades exerce efeito inibidor sobre o
tratamento biológico
b) É indispensável, devido ao efeito tampão produzido por estas substâncias que conferem ao
sistema resistência com relação à queda de pH
c) Deve ser evitada pois somente as formas oxidadas são desejáveis para garantir o
crescimento biológico nos reatores
d) É indispensável, por tratar-se de macro-nutrientes que se ausentes ou presentes em
quantidades insuficientes em relação ao carbono orgânico, ocorre limitação do crescimento
biológico nos reatores
e) Não há influência dessas substâncias no tratamento biológico de efluentes orgânicos
7) Nos laudos de análises de águas, a expressão NTK - Nitrogênio Total Kjeldhal, representa a
soma de:
a) Nitrito e nitrato
b) Amônia e nitrato
c) Nitrogênio orgânico e amoniacal
d) Nitrogênio orgânico e nitrato
e) Amônia e nitrito
10) São princípios de tratamento físico-químico para a remoção de nitrogênio amoniacal das águas:
a) Redução química e precipitação
b) Adsorção e troca-iônica
c) Coagulação/floculação e flotação com ar dissolvido
d) Precipitação química e flotação com ar dissolvido
e) Cloração ao "break-point" e alcalinização seguida de arraste com ar
11) Não constituem fontes importantes de descarga de fósforo nas águas naturais:
a) Solo, efluentes de indústria de celulose, efluentes de indústria têxtil
b) Esgoto doméstico, efluentes de laticínios, drenagens de áreas agrícolas
c) Drenagens de áreas urbanas, esgoto doméstico e efluentes de indústria de fertilizantes
d) Efluentes de indústrias de detergentes, drenagens de áreas urbanas e efluentes de indústrias de
pesticidas
e) Efluentes de matadouros e frigoríficos, esgoto doméstico e drenagem de áreas agrícolas
13) Técnica de tratamento que apresenta maior capacidade de redução da concentração de fósforo
dos esgotos sanitários:
a) Lodos ativados com aeração prolongada
b) Sistema biológico misto anaeróbio/aeróbio
c) Precipitação química com sais de alumínio ou ferro
d) Oxidação com cloro
e) Adsorção em carvão ativado
A quantidade em kg/dia de fosfato de sódio, Na3(PO4), necessária para perfazer uma relação DQO/P
igual a 350:1 será: (Dadas as massas atômicas: Na = 23g; P = 31g; O = 16g)
226
a) 0,6
b) 2,9
c) 8,4
d) 15,5
e) 26,8
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A
B
C
D
E
Valor 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7
Nº 11 12 13 14 15
A
B
C
D
E
Valor 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6
227
AULA 12
PROBLEMAS ESPECIAIS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS: ÓLEOS E
GRAXAS, DETERGENTES E FENÓIS
4,0 unidades, a emulsão oleosa é quebrada, ocorrendo floculação. A seguir, os flocos formados
poderão flotar ou sedimentar, dependendo de suas densidades. Após a separação do material flotado
ou sedimentado, procede-se à neutralização do pH dos efluentes tratados antes da descarga final.
Finalmente, existe ainda a possibilidade do emprego de bactérias biofixadas para
melhorar a operação de caixas de gordura ou para aliviar tratamentos biológicos sobre-carregados,
mas esta tecnologia encontra-se pouco desenvolvida no Brasil até o presente.
2. Detergentes em Águas
2.1. Definição
Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais através das descargas de
efluentes industriais. Indústrias de processamento da borracha, de colas e adesivos, de resinas
impregnantes, de componentes elétricos (plásticos) e as siderúrgicas, entre outras, são responsáveis
pela presença de fenóis nas águas naturais.
mg/L de fenóis também provocam inibição. Estudos recentes têm demonstrado que, sob processo de
aclimatação, concentrações de fenol superiores a 1000 mg/L podem ser admitidas em sistemas de
lodos ativados. Em pesquisas em que o reator biológico foi alimentado com cargas decrescentes de
esgoto sanitário e com carga constante de efluente sintético em que o único tipo de substrato
orgânico era o fenol puro, conseguiu-se ao final a estabilidade do reator alimentado somente com o
efluente sintético contendo 1000 mg/L de fenol.
No Estado de São Paulo, existem muitas indústrias contendo efluentes fenólicos
ligados à rede pública de coleta de esgotos. Para isso, devem sofrer tratamento na própria unidade
industrial, de modo a reduzir o índice de fenóis para abaixo de 5,0 mg/L (Artigo 19-A do Decreto
Estadual no 8468). O índice de fenóis constitui também padrão de emissão de esgotos diretamente
no corpo receptor, sendo estipulado o limite de 0,5 mg/L tanto pela legislação do Estado de São
Paulo (Artigo 18 do Decreto Estadual no 8468) como pela legislação federal (Artigo 21 da
Resolução no 20 do CONAMA).
Nas águas naturais, os padrões para os compostos fenólicos são bastante restritivos,
tanto na Legislação Federal quanto na do Estado de São Paulo.
Nas águas tratadas, os fenóis reagem com o cloro livre formando os clorofenóis, que
produzem sabor e odor na água. Por este motivo, os fenóis constituem-se em padrão de
potabilidade, sendo imposto o limite máximo bastante restritivo de 0,001 mg/L pela Portaria 36 do
Ministério da Saúde.
3.4. Tratamento
4. Questionário
5. Referências Bibliográficas
1. APHA, AWWA, WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”.
American Public Health Association, 18th ed., Washington, 1992.
2. KATO, M.T., “Detergentes”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do Solo.
Escola de Engenharia Mauá, 1983.
3. KATO, M.T., “Óleos e Graxas”. Roteiro de aula da disciplina Qualidade da Água, do Ar e do
Solo. Escola de Engenharia Mauá, 1983.
4. METCALF & EDDY, “Wastewater Engineering: Treatment, Disposal, Reuse”. Mc Graw-Hill
International Editions, 3rd ed. 1991.
234
5. SAWYER, C.N. & McCARTY, P.L., “Chemistry for Environmental Engineers”. 3rd ed. New
York. Mc Graw-Hill Book Company, 1978
6. VILLAS BÔAS, D.M.F., “Estudo Microbiológico de Sistemas de Lodos Ativados com Ênfase
nas Bactérias Degradadoras de Fenol”. Tese de Doutorado. Escola Politécnica da USP,
1999.
4) A técnica da determinação de óleos e graxas em águas através da extração com solvente não
atende às necessidades da legislação federal, a Resolução nº 20 do CONAMA, uma vez que:
a) Não permite a determinação das concentrações de óleos de origem mineral e vegetal em
separado, com boa precisão para baixas concentrações
b) Não pode ser aplicada aos diversos tipos de efluentes industriais
c) É muito sofisticada, não sendo possível o seu desenvolvimento na maioria dos laboratórios
d) Não é indicada para concentrações esperadas de óleos e graxas acima de 100 mg/L
e) Existe a possibilidade de contaminação do laboratório com o solvente utilizado.
5) Para a determinação das frações de óleos e graxas em função das origens, recomenda-se o
emprego de:
a) Espectrofotometria na faixa de infravermelho
b) Espectrofotometria na faixa ultravioleta-visível
c) Espectrofotometria de absorção atômica
d) Cromatografia gasosa
e) Cromatografia líquida
235
13) Assinale a alternativa em que são apresentados apenas tipos de indústrias cujos efluentes
possuem compostos fenólicos:
a) Siderurgia, celulose e papel, borracha e têxtil
b) Plástico, petroquímica, galvanoplastia e eletrônica
c) Resinas impregnantes, plástico, celulose e papel e mecânica
d) Colas e adesivos, têxtil, galvanoplastia e siderurgia
e) Siderurgia, plástico, borracha e resinas impregnantes
15) Técnica analítica com a qual se pode medir um por um dos compostos fenólicos nas águas, com
bom grau de precisão:
a) Método colorimétrico da aminoantipirina
b) cromatografia gasosa
c) Espectrofotometria de absorção atômica
d) Titulometria de formação de complexos
e) Eletrodo de íon seletivo
16) O fator mais restritivo relacionado com o prejuízo do uso para abastecimento público de águas
contendo fenóis refere-se à:
a) O desenvolvimento de sabor e odor devido aos clorofenóis formados quando se aplica a
desinfecção com cloro residual livre
b) Sua toxicidade aguda, sendo que estes compostos não são removidos satisfatoriamente em
ETAs convencionais
c) Sua reação com fluoreto, diminuindo a eficiência deste no combate à cárie dentária
d) Dificuldades na etapa de floculação química da água, levando à formação de flocos leves e de
baixa velocidade de sedimentação, sobrecarregando os filtros
e) Necessidade de pré-cloração para a sua oxidação
237
17) Com relação à presença do fenol em efluentes tratados pelo processo de lodos ativados:
a) É inadmissível, em qualquer faixa de concentração.
b) É tóxico para os microrganismos que atuam no processo, não sendo admitidas concentrações na
faixa de 50 mg/L, seja através de adição pontual ou administradas continuamente
c) Concentrações bastantes elevadas, da ordem de 1000mg/l, podem ser admitidas, quando
administradas continuamente, sem configurar uma situação de choque
d) Mesmo em situações de choque, não ocorre qualquer prejuízo para a nitrificação do processo
que opera na faixa com aeração prolongada
e) Apenas a digestão anaeróbia do excesso de lodos ativados pode ser comprometida pela presença
de grandes quantidades de fenóis nos efluentes
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9
A
B
C
D
E
Valor 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6 0.6
238
AULA 13
PESTICIDAS EM ÁGUAS
1. Introdução
Ainda que seja admitida a necessidade do controle químico de pragas, uma vez que
são inúmeros os exemplos de safras integralmente perdidas devido à ação predatória de pragas (ver
tabela 1), caso as aplicações de tais produtos sejam feitas de forma racionalizada, os problemas
ambientais poderiam ser significativamente reduzidos. O que se observa em muitos casos são
aspersões sem controle de dosagens, manuseios indevidos dos recipientes, sendo freqüentes as
descargas de restos de produtos e lavagens de galões utilizados nas águas naturais. E,
principalmente, em alguns casos não são observados os afastamentos necessários das plantações das
margens dos rios e não são construídos sistemas de drenagem que impeçam o acesso de águas de
enxurradas aos mesmos. Assim, o problema que inicialmente é de contaminação do solo, passa
também a se refletir nos ambientes aquáticos. E esta é uma situação que demonstra claramente que
os problemas de contaminação das águas devem ser resolvidos na fonte geradora, uma vez que,
atingidas as águas naturais, pouco se pode fazer no sentido de reverter os prejuízos da qualidade
que, neste caso, são muito sérios.
Deve ser lembrado que existe o controle biológico de pragas (a joaninha é predadora
de cochonilhas, ou bactérias combatem a praga do algodão, por exemplo) e ainda técnicas agrícolas,
como é o conceito clássico de que a rotatividade das culturas diminui a incidência de pragas.
Os praguicidas são classificados em inseticidas, fungicidas e herbicidas mas, de uma
maneira geral, não há ação específica sobre a praga, sendo venenos indiscriminados que atingem a
todo o ecossistema por onde se dispersam. Em alguns casos a ação é específica, como são os casos
dos herbicidas sistêmicos, que atuam através da seiva das plantas.
exposição são curtos mas as doses são elevadas ou os produtos são muito tóxicos, os sintomas
aparecem rapidamente. Na sub-aguda, a exposição é moderada e os produtos são medianamente
tóxicos e a intoxicação aparece lentamente. Na intoxicação crônica, os efeitos são tardios por
exposição pequena ou moderada, ocasionando danos irreversíveis como paralisias e neoplasias. As
intoxicações dependem de outros fatores como as características químicas e toxicológicas do
produto, características do indivíduo exposto e das condições de exposição.
A descarga de pesticidas nas águas leva à contaminação química que traz diversos
problemas de saúde pública, em geral muitos graves. Descrevem-se em seguida os efeitos à saúde
dos principais compostos orgânicos utilizados. Quando não se usam pesticidas orgânicos,
compostos à base de metais pesados ou cianetos, entre outros, os substituem. Os efeitos destes já
foram descritos em capítulos anteriores.
a. Inseticidas
b. Fungicidas
c. Herbicidas
5. Controle de pesticidas
6. Questionário
7. Referências Bibliográficas
4) O controle preventivo das descargas de pesticidas nas águas é preferível ao corretivo, pois:
a) Trata-se de carga difusa e a sua remoção da água só é possível mediante processos especiais de
tratamento para uso no abastecimento público
b) Trata-se de carga concentrada, prejudicando os ecossistemas aquáticos anteriormente aos
problemas trazidos para a saúde pública
c) Trata-se de carga difusa e é recomendável tratar estes efluentes antes da descarga nas águas
naturais
d) Trata-se de carga concentrada e uma única dose pode trazer problemas irreversíveis para o
ecossistema aquático e para a saúde pública
f) Trata-se de carga difusa e ocorrem efeitos sinérgicos à medida que os pesticidas reagem na água
com outros compostos orgânicos naturais formando substâncias ainda mais tóxicas.
Nº 1 2 3 4
A
B
C
D
E
Valor 2.5 2.5 2.5 2.5
245
AULA 14
SOLVENTES ORGÂNICOS EM ÁGUAS: BENZENO, TOLUENO E
XILENO
1) Benzeno em águas
a. Identificação e propriedades
e. Remoção de benzeno
O benzeno pode ser removido das águas através de processos físico-químicos como
o arraste com ar ou a adsorção em carvão ativado. Pode também ser degradado biologicamente em
248
reatores aeróbios quando as condições ambientais nestes forem favoráveis, especialmente quando
sua concentração for baixa relativamente ao conteúdo global de matéria orgânica biodegradável.
2) Tolueno em águas
a. Identificação e propriedades
tóxicos sobre embrião e feto foram observados em ratos, por inalação, além da ocorrência de aborto
em coelhas expostas durante todo o período de gestação. Por outro lado, a administração via oral de
tolueno provocou teratogenicidade em camundongos.
A capacidade do tolueno de interferir na biotransformação e alterar o efeito tóxico de
diversos solventes, tem sido documentada por diversos pesquisadores. Por exemplo, o tolueno
diminui a metabolização e a neuro-toxicidade do n-hexano e também a metabolização e os efeitos
do benzeno de redução dos glóbulos vermelhos do sangue. Por outro lado, aumenta a ação tóxica do
tetracloreto de carbono sobre o fígado.
Com relação aos efeitos observados diretamente sobre os seres humanos, a ação
primária do tolueno é sobre o sistema nervoso central. Pode causar excitação ou depressão, com
euforia na fase de indução, seguida de desorientação, tremores, desânimo, alucinações, convulsões e
coma. Pode também causar anomalias transitórias nas atividades enzimáticas no fígado e problemas
renais.
Os estudos existentes indicam que a produção e o uso do tolueno não trazem efeitos
adversos significativos sobre os ecossistemas aquáticos e terrestres. Os níveis de toxicidade aguda
para peixes e invertebrados aquáticos (CL50) variam de 3,7 a 1180 mg/L, sendo que a maioria dos
organismos apresentam CL50 na faixa de 15 a 30 mg/L. A fotossíntese e a respiração dos
organismos das comunidades fitoplantônicas marinhas são inibidas na faixa de 34 mg/L. Nenhum
efeito adverso foi observado em estudos de exposição a longo prazo com três espécies de peixes de
água doce e salgada, em concentrações na faixa de 1,4 a 7,7 mg/L. Os peixes em desova podem
detectar e evitar águas contendo tolueno na faixa de 2 mg/L. Os efeitos da exposição ao tolueno são
reversíveis e seus resíduos não se acumulam em peixes ou através da cadeia alimentar aquática.
As concentrações de tolueno em efluentes industriais variam de 0,01 a 20 mg/L. A
degradação do tolueno por microrganismos ocorre na faixa de 63 a 86 %, após período superior a 20
dias. Por outro lado, o impacto negativo dos derramamentos de tolueno é limitado à área imediata
ao seu redor, devido à sua rápida degradação em condições aeróbias.
e. Remoção de tolueno
voláteis das águas. Também a degradação biológica destes compostos é possível em determinadas
condições específicas.
3) Xilenos em águas
a. Identificação e propriedades
xileno, de 7,9 mg/L para o m-xileno e 1,7 mg/L para o p-xileno, resultados estes obtidos em ensaios
com truta e pescada. Quase não se dispõe de informações sobre a exposição crônica de organismos
aquáticos.
Com relação à degradação biológica, pode ser dito inicialmente que bactérias
aeróbias do gênero Pseudomonas têm se demonstrado capazes de se reproduzirem usando tanto
meta como para-xileno como fonte única de carbono. Aparentemente, o mesmo não ocorre com o
isômero orto.
Em águas subterrâneas, ocorre a degradação biológica de xilenos pela microfauna
autóctone devido à contaminação por gasolina. Depois de um período de aclimatação de 3 a 4 dias,
as concentrações de cada hidrocarboneto começam a ser reduzidas sob taxas mensuráveis. A
remoção de m e p-xileno completa-se no período de 7 dias, enquanto que a degradação do o-xileno
é mais lenta, levando 11 a 12 dias.
Tanto o m quanto o p-xileno demonstraram-se facilmente biodegradáveis usando
como inóculo lodo ativado de uma ETE municipal, sendo convertidos dentro do período de 13 dias.
Neste estudo, a concentração inicial de xileno foi de 100 mg/L, aplicado a 30 mg/L de biomassa. A
degradação do xileno foi monitorada pela taxa de consumo de oxigênio, comparada a um sistema de
controle.
A degradação de misturas de benzeno, tolueno e p-xileno foi estudada em culturas
puras de Pseudomonas e culturas mistas. Em culturas mistas, a presença do p-xileno não provocou
aumento da duração da fase de adaptação, mas provocou redução na taxa de degradação do tolueno,
quando comparada com a taxa sem a adição de p-xileno. A degradação do p-xileno ocorreu apenas
após longo período de aclimatação. Na presença de tolueno, ocorreu redução deste período de
aclimatação e aumento na taxa de degradação do p-xileno. Em culturas puras de Pseudomonas, a
degradação do p-xileno foi mais lenta; quando adicionado isoladamente, nenhuma degradação
ocorreu nas três primeiras semanas. Também neste caso, observou-se que a taxa de degradação do
p-xileno aumentou com a adição de tolueno. Observou-se também que a taxa de degradação dos
xilenos depende da concentração de oxigênio dissolvido.
Sob condições anaeróbias, o o-xileno, juntamente com outros compostos de alquil-
benzeno, tem-se demonstrado degradável. Nenhuma degradação significativa do o-xileno ocorreu
nas 20 semanas iniciais, mas após 40 semanas a concentração se reduziu a 22 % da inicial. Após
120 semanas, a fração remanescente foi inferior a 1 %. Em suspensões anóxicas contendo
Pseudomonas, ocorreu o crescimento destas na presença de tolueno, m-xileno e p-xileno, que foram
degradados parcialmente.
d. Determinação de xilenos
e. Remoção de xilenos
4) Questionário
1. Qual a classificação química dos compostos benzeno, tolueno e isômeros de xileno? Apresentar
suas fórmulas estruturais.
2. Quais as principais fontes nas águas naturais, superficiais e subterrâneas, de: a) benzeno, b)
tolueno e c) xilenos
3. Quais os efeitos provocados sobre os organismos que compõem os ecossistemas aquáticos e
sobre a saúde pública devido ao lançamento nas águas naturais de: a) benzeno, b) tolueno e c)
xilenos?
4. Qual o principal método analítico recomendado para a determinação das concentrações de
benzeno, tolueno e xileno em águas?
5) Referências bibliográficas
Nº 1 2 3
A
B
C
D
E
Valor 3.0 3.0 4.0
254
AULA 15
INTERPRETAÇÃO DE LAUDOS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
1. Considerações iniciais
Foi visto em fascículos anteriores que o principal fator que regula a estabilidade de
partículas na água é o tamanho. As partículas maiores são mais facilmente removidas. Assim, boa
parte dos sólidos em suspensão podem ser removidos por processos de sedimentação simples ou por
flotação com ar dissolvido. Complementarmente, a filtração pode ser usada para a remoção de
sólidos em suspensão mais finos, de baixa velocidade de sedimentação ou de baixa capacidade de
aderência ou aprisionamento de bolhas de ar na flotação com ar dissolvido.
Já as partículas em estado coloidal necessitam sofrer processos de coagulação e
floculação para serem transformadas em sólidos em suspensão antes de serem removidas através
das operações anteriormente descritas.
Na remoção de partículas por coagulação e floculação, destaca-se o caso de águas
com turbidez baixa e cor elevada, que resultam na predominância de flocos pequenos e de baixa
velocidade de sedimentação. São os casos de águas de mananciais protegidos da ação antrópica,
mas encerrados em áreas de densa cobertura vegetal. Assim, a cor elevada é devida à decomposição
da vegetação que atinge as águas, levando à formação de matéria orgânica em estado coloidal,
como os ácidos húmico e fúlvico, sem que haja turbidez em igual proporção. Após a floculação,
nesses casos, os flocos resultantes podem ser muito pequenos, devido à ausência de partículas
maiores que atuem como núcleo para a formação de flocos grandes. É também o caso de águas
subterrâneas com concentrações elevadas de ferro ou, mais raramente, de manganês. Embora seja
ainda possível a remoção destas partículas por meio de coagulação e floculação, estes processos
unitários têm que ser otimizados e, normalmente, bons resultados são obtidos apenas quando se
associa uma ação oxidante, além do uso de polímeros para aumentar o tamanho dos flocos. Deve-se
256
estar atento, nesses casos, para as possibilidades de formação de trihalometanos (THMs), cujos
residuais na água devem ser rigorosamente monitorados quando se emprega cloro como oxidante.
As partículas em solução verdadeira na água, íons ou pequenas moléculas, são de
grande estabilidade, o que significa difícil remoção, por manifestarem cargas elétricas e por serem,
praticamente, desprovidas de massa. Exigem processos especiais de tratamento como a adsorção,
troca-iônica, osmose reversa ou a precipitação química, dentre outros. A precipitação química é um
processo de equilíbrio e apresenta rendimento apenas parcial; por vezes, é incapaz de promover o
atendimento aos padrões de potabilidade ou para determinados usos industriais. Recaem nesta faixa
de tamanho das diminutas partículas dissolvidas na água, importantes contaminantes químicos ou
substâncias que, de outras formas, prejudicam seu uso.
Dentre as espécies iônicas, destacam-se cátions como os diversos metais pesados
como o chumbo, bário, cádmio, arsênio, selênio, cromo, mercúrio, estanho, cobre, zinco, níquel e
alumínio, além dos metais alcalino–terrosos produtores de dureza, como o cálcio e o magnésio.
Todos esses íons são removidos eficientemente através de troca-iônica ou por meio de processos de
filtração através de membranas especiais, como a osmose reversa. A precipitação química, como o
processo da cal e soda usado no abrandamento da água, pode ter resultado insatisfatório.
Dentre os ânions, destacam-se os íons cloreto, fluoreto, sulfato, sulfeto, nitrato e
cianeto, dentre outros. De uma maneira geral, colunas preenchidas com resinas aniônicas ou
processos de filtração em membranas também resolvem esses problemas de qualidade das águas de
forma eficiente. Podem ser mencionados os usos da osmose reversa para a dessalinização (remoção
de cloreto) e desfluoretação das águas. A remoção de fluoreto tem sido também feita através de
colunas com alumina ativada. Na remoção de cloro residual, pode-se recorrer à adsorção em carvão
ativado. Cianeto pode ser removido por oxidação com cloro, peróxido de hidrogênio ou através de
ozonização.
total do consumo de ácido fluossilícico, que é caro. Neste caso, haveria a necessidade de mistura
com vazão igual de outra água de outra fonte isenta de fluoreto. O emprego de técnicas de
desfluoretação deveria ser estudado se não existirem fontes alternativas para o abastecimento em
questão.
Os níveis excessivos de ferro, associados à cor elevada da água, na ausência de
turbidez significativa, poderão levar a dificuldades na etapa de coagulação e floculação. Métodos
oxidativos, como a aeração ou, mais provavelmente, a cloração, serão necessários, além do uso de
polieletrólito para promover uma melhoria global no processo de floculação.
Caso haja necessidade do emprego de coagulante como o sulfato de alumínio, sendo
que esta possibilidade seria indicada através de ensaios de tratabilidade, provavelmente a
alcalinidade natural da água, 30 mg/L em CaCO3, será suficiente para promover o efeito de
floculação por varredura, sem que haja a necessidade de adição artificial de alcalinizante como a cal
hidratada. A relação estequiométrica entre dosagem de coagulante e presença de alcalinidade é,
neste caso, da ordem de 2:1 e, para os valores apresentados de cor e turbidez da água, dificilmente
seria necessária dosagem de coagulante superior a 60 mg/L.
Finalmente, o nível de sulfato da água é baixo e, mesmo aumentado durante o
tratamento não excederá ao padrão de potabilidade. A presença de 5 mg/L de nitrato, embora
preocupante, merecendo monitoramento rigoroso, não excede ao padrão de potabilidade, que é de
10 mg/L.
O que se pode dizer sobre a degradabilidade desse efluente em reatores aeróbios e anaeróbios?
Dadas as massas atômicas: P: 31g ; O: 16g ; N: 14 g.
Solução:
a) Relação SV/ST:
b) Relação DBO5/DQO:
d) Substâncias tóxicas
d.1.) Óleos e graxas: Haverá a necessidade de tratamento físico-químico para a remoção de óleos e
graxas, tanto para tratamento posterior de natureza aeróbia quanto anaeróbia.
d.2.) Fenóis: É possível que ocorra algum efeito inibidor, tanto em reatores aeróbios quanto em
anaeróbios, devendo-se conduzir estudos em escala piloto.
d.3.) Sulfato: É provável que ocorra inibição em reatores anaeróbios pela redução a sulfetos,
devendo-se conduzir estudos em escala piloto.
e) pH: É necessária a elevação do pH dos despejos para um valor em torno de 7,0; tanto para o
tratamento aeróbio quanto para o anaeróbio.
5. Exercícios propostos
1. Verificar a consistência do seguinte laudo de análises de uma água para abastecimento público e
tecer comentários sobre sua tratabilidade através de uma ETA do tipo convencional ou clássica:
pH: 6,5
Turbidez: 8,3 UNT
Cor: 6 mg/L (Pt)
Alcalinidade de bicarbonatos: 180 mg/L (CaCO3)
Alcalinidade de carbonatos: 20 mg/L (CaCO3)
Dureza total: 15 mg/L (CaCO3)
Cálcio: 10 mg/L (Ca)
Magnésio: 5 mg/L (Mg)
Nitrato: 12 mg/L
Nitrogênio amoniacal: 1,3 mg/L (N)
Cloreto: 50 mg/L
Sulfato: 20 mg/L
Fluoreto: 0,2 mg/l
Ferro: 1,2 mg/L (solúvel)
Sólidos dissolvidos 450 mg/L
Sólidos em suspensão 200 mg/L
pH: 8,9
Oxigênio dissolvido: 12 mg/L
DBO5: 180 mg/L
DQO: 320 mg/L
Nitrogênio total (NTK): 35 mg/L (N)
Nitrogênio orgânico: 20 mg/L (N)
Nitrogênio amoniacal: 15 mg/L (N)
Nitrito: 1,0 mg/L (NO2)
Nitrato: 5 mg/L (NO3)
Fósforo total: 8,2 mg/L (P)
Ortofosfato: 4 mg/L (PO4)
Fosfato orgânico: 20 mg/L (PO4)
Sólidos totais: 540 mg/L
Sólidos fixos: 200 mg/L
Sólidos voláteis: 360 mg/L
262
1) Na análise de uma água para abastecimento público foram obtidos os seguintes resultados:
a) A cor relativamente alta da água pode ser devido à presença das 1,2 mg/L de ferro.
b) Devido à relação entre os resultados de cor e turbidez é possível que sejam formados flocos
pequenos e de baixa velocidade de sedimentação.
c) A presença de ferro em concentração acima do padrão praticamente inviabiliza o uso desta água
para abastecimento público, por exigir processos sofisticados de remoção.
d) A presença de fluoreto em excesso recomenda que se investigue a possibilidade de mistura
desta água com a de outra fonte
e) A presença de nitrato em concentração acima do padrão indica série dificuldade de tratamento,
devido à exigência de processos especiais
2) Ainda com relação ao laudo de análises apresentado na questão anterior, pode-se afirmar que:
a) Este manancial está sujeito à descarga de efluentes industriais
b) A remoção do excesso de nitrato deverá ser promovida anteriormente ao tratamento
convencional
c) Com base nos resultados obtidos, é possível o atendimento aos padrões de potabilidade através
do tratamento em uma ETA convencional ou clássica
d) A osmose reversa seria um tratamento indicado para a remoção do excesso de fluoreto dessa
água
e) A presença de 20 mg/L de sulfato na água deverá trazer problema ao sistema de distribuição de
água tratada
263
5) Na análise de uma água a ser tratada para abastecimento público foram obtidos os seguintes
resultados:
pH: 6,5
Turbidez: 8,3 UNT
Cor: 6 mg/L (Pt)
Alcalinidade de bicarbonato: 160 mg/L (CaCO3)
Alcalinidade de carbonato: 20 mg/L (CaCO3)
Dureza total: 150 mg/L (CaCO3)
Cálcio: 40 mg/L (Ca)
Magnésio: 10 mg/L (Mg)
Nitrato: 12 mg/L
Nitrogênio amoniacal: 1,3 mg/L (N)
Cloreto: 50 mg/L
264
Sulfato: 20 mg/L
Fluoreto: 0,2 mg/l
Ferro: 1,0 mg/L (solúvel)
Sólidos dissolvidos: 450 mg/L
Sólidos em suspensão: 200 mg/L
6) Ainda com relação ao laudo apresentado na questão anterior, assinale a alternativa incorreta:
a) A presença de 1,0 mg/L de ferro deveria contribuir pra uma ocorrência de intensidade de cor
superior a 6 mgPt/L
b) A presença de 50 mg/L de cloreto é incompatível com uma concentração de 450 mg/L de
sólidos dissolvidos
c) A presença de 200 mg/L de sólidos em suspensão contribui para a manifestação de uma
turbidez superior a 8,3 UNT
d) É possível ter-se cor igual a 6 UC e turbidez igual a 8,3 UNT em uma mesma amostra
e) É possível encontra-se 20 mg/L de sulfato e 0,2 mg/L de fluoreto em uma mesma amostra de
água
e) Não é possível ter-se ao mesmo tempo nitrogênio orgânico e nitrato em uma amostra de
efluente
8) Ainda com relação aos resultados apresentados no laudo da questão anterior, assinale a
alternativa incorreta:
a) As concentrações de fósforo total, fosfatos orgânicos e ortofosfatos são coerentes entre si
b) A diferença de 20 mg/L entre a concentração de sólidos totais e a soma das concentrações de
sólidos fixos e voláteis pode ser justificada pelo grau de precisão envolvido nestas
determinações
c) Não há incoerência entre os resultados de óleos e graxas e índice de fenóis
d) É possível ter-se concentrações de sulfato superior à de fosfato
e) É possível a presença de 12 mg/L de chumbo em pH 8,9
Nº 1 2 3 4 5 6 7 8
A
B
C
D
E
Valor 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25 1.25