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CENTRO DE TREINAMENTO BÍBLICO PARA PASTORES E LÍDERES

Resumo dos Tópicos Escatológicos


Panorama de Doutrina Bíblica

ALUNO: MARCOS AURÉLIO DE MELO

PROFESSOR: PASTOR JOTA REINER

PETROLINA, 11 DE SETEMBRO DE 2010.


1 – O ARREBATAMENTO

O arrebatamento da Igreja não se confunde com a Segunda Vinda de Cristo. Quando


a Bíblia faz referência ao arrebatamento são utilizadas palavras de alerta e quando
faz referência à Segunda Vinda são utilizadas palavras de refrigério.

Jesus voltará para buscar Sua Noiva (a Igreja), mas não tocará na terra. Apenas virá
nas nuvens e a igreja será arrebatada aos céus. Os santos que morreram “em Cristo”
(da época da igreja) serão ressuscitados e receberão corpos glorificados. Os crentes
que estiverem vivos no momento do arrebatamento serão arrebatados e glorificados
sem passar pela morte física. A partir de então todos os salvos por Cristo viverão
eternamente com o Senhor e serão poupados da ira de Deus que virá sobre toda a
terra.

As Escrituras não nos fornecem dados para definição de data (momento exato) do
arrebatamento da igreja. Será de repente – num abrir e fechar de olhos – por isso o
seu caráter é iminente. Os autores do Novo Testamento já atestaram este caráter
iminente do arrebatamento e ninguém ousou marcar data ou hora.

Existem três posições quanto ao arrebatamento que tentam argumentar sobre a


relação com a tribulação. Vejamos estas posições:

a) A posição PÓS-TRIBULACIONISTA: afirma que o arrebatamento e a Segunda


Vinda de Cristo são o mesmo evento e por isso defende a ideia que a Igreja
passará pela Tribulação para ser purificada dos seus pecados. É importante
lembrar que a tribulação não foi designada para a igreja. Os castigos que serão
derramados são para demonstrar a ira de Deus contra o pecado e tem um
direcionamento específico como disciplina para o povo de Israel. No livro de
Apocalipse apenas nos três primeiros capítulos observamos a presença da
igreja, mas do capítulo 4 até o 18 não há nenhuma referência à igreja presente
nestes eventos.

b) A posição PRÉ-TRIBULACIONISTA: afirma que o arrebatamento e a Segunda


vinda são eventos distintos e que o arrebatamento se dará antes do início da
tribulação. Esta posição mantém a distinção básica entre Igreja e Israel que
deve ser levada em consideração para interpretar as passagens escatológicas.
Esta posição é a mais coerente porque baseia-se numa interpretação literal
dos textos bíblicos. Enquanto a igreja estiver no céu celebrando as bodas do
Cordeiro, Israel estará passando pela tribulação de sete anos bem como todos
os habitantes da terra.
c) A posição MIDI-TRIBULACIONISTA: afirma que o arrebatamento da
igreja ocorrerá no meio da tribulação. Não encontra base bíblica para
sustentação deste argumento, pois o mesmo gera muitas incoerências.

2 – OS SETE ANOS DE TRIBULAÇÃO

A Tribulação que sobrevirá sobre a terra será um período de sete anos que
será marcado por grandes tragédias universais. Neste tempo Deus derramará
Sua ira e Seu juízo sobre os pecadores que negligenciaram a fé salvadora em
Cristo Jesus. Será um tempo de angústia para Jacó (Jr. 30:7), quando Deus
também vai tratar novamente com o Seu povo Israel.

Estes sete anos de tribulação servirão para alguns propósitos, tais como: punir
o pecador e julgar a maldade, por à prova os judeus e gentios não salvos,
cumprir inúmeras profecias do Antigo e Novo Testamento e demonstrar a
fidelidade de Deus que não deixa o pecado sem a devida punição.

Nenhuma pessoa remida por Cristo entrará na Grande Tribulação, pois o


arrebatamento já terá ocorrido para levar a igreja ao céu. Muitas guerras, fome,
devastação em massa, pragas, apostasia, blasfêmias, martírios, destruição,
mortes serão constantes na época da tribulação. Mas mesmo neste período
turbulento a graça de Deus ainda se mostrará em favor de pecadores que se
arrependem. Pessoas se voltarão para Deus pela convicção operada através
do Espírito Santo. As pregações de duas testemunhas também serão utilizadas
para trazer despertamento espiritual neste período.

3 – A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

A segunda vinda de Cristo será necessária porque Ele foi rejeitado durante a
sua primeira vinda, quando Ele exerceu seus papéis de sacerdote e profeta.
Ele foi rejeitado pelos judeus que não viram em Jesus o rei que eles
esperavam. Ele voltará e pisará na terra para dar fim a toda maldade que se
levanta contra o nome de Deus. O justo Juiz mostrará o seu eterno poder na
grande batalha do Armagedom (Ap. 19: 11-21), para completar a medida da ira
divina contra o mal e o pecado.

A segunda vinda de Cristo cumprirá muitas profecias do Antigo Testamento,


que mostravam a majestade divina na pessoa do Messias para sujeitar todas
as nações a Si mesmo, como o propósito de estabelecer a base para o início
do Reino Milenar de paz e justiça perfeitas.
Os textos bíblicos sobre a segunda vinda de Cristo destacam que será
repentina e não esperada, mas sabemos que se dará após o período de sete
anos tribulacionais. Será um retorno em grande poder e glória, pois Cristo
voltará em Majestade para que todo joelho se dobre diante d’Ele. Ele descerá
no Monte das Oliveiras, conforme profetizado, e ali derrotará todos os inimigos
de Israel.

Existem três concepções sobre em que momento se dará a segunda vinda de


Cristo. Veremos os detalhes resumidamente de cada uma delas:

a) Concepção PÓS-MILENISTA: afirma que o reino de Deus é sinônimo de


reino milenar e que o Rei já está reinando nos corações dos redimidos.
Defende também que a humanidade está em crescente evolução e que
chegará o tempo em que a paz será total, a justiça será plena e a
prosperidade, universal. Para esta concepção, o reino milenar (que não é
necessariamente igual a mil anos) já foi inaugurado com o nascimento da
igreja, e que após findar este reino, Jesus Cristo voltará e terá início o
estado eterno. Nesta visão errônea, não existe distinção entre a Igreja e
Israel e o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo são exatamente o
mesmo evento escatológico. Tal posição não encontra apoio nas
Escrituras e distorce passagens bíblicas claras porque não prioriza a
interpretação literal do texto sagrado.

b) Concepção AMILENISTA: afirma que a Igreja cumpre simbolicamente as


profecias que foram dadas a Israel. O reino é apenas espiritual e não
haverá nenhum reino literal de 1000 anos, conforme esta posição. A era
da igreja terminará em grande angústia, e logo após terá início a
eternidade com Cristo. É mais uma posição anti-bíblica.

c) Concepção PRÉ-MILENISTA: afirma, com base em interpretação literal


das Escrituras, que a segunda vinda de Cristo se dará antes do Milênio
ou Reino Milenar. Deus ainda tem promessas a cumprir que dizem
respeito às alianças feitas com Davi, e que foram reafirmadas na Nova
Aliança. Por isso, há a necessidade de que um reino literal de mil anos
seja estabelecido com o propósito de constituir paz e prosperidade
mundial, com a sede em Jerusalém. Cristo voltará ao final da tribulação
para exercer juízo e para estabelecer o Seu reinado milenar sobre a
terra. Esta é a concepção que interpreta corretamente as distinções que
existem entre Israel X Igreja e entre o Arrebatamento X 2ª Vinda.
A segunda vinda de Cristo é um ponto-chave no entendimento do plano
escatológico divino, pois estabelece o início de uma era que colocará todas as
nações sob a regência do Senhor dos Senhores, para mostrar que a justiça e
paz são possíveis somente quando Cristo Jesus é o Rei absoluto.

4 – O REINO MILENAR

O reino milenar se refere ao reinado que Cristo vai estabelecer sobre o mundo
no período literal de mil anos, no qual haverá paz, prosperidade e justiça real,
em cumprimento à Aliança feita com Davi reforçada na Nova Aliança. Neste
reinado de Cristo, a igreja estará atuante e somente pessoas salvas entrarão
no Milênio. Neste período, Satanás estará preso e ficará até o final do Milênio
quando será solto novamente.

A Bíblia nos mostra que neste período haverá uma série de mudanças. Dentre
estas mudanças, Israel será reunido como povo à sua terra, onde habitará em
perfeita paz, pois o rei Jesus estará no governo. Neste tempo, Jerusalém será
estabelecida como capital do mundo e todas as nações estarão sujeitas ao
Senhor Jesus. Paz e prosperidade serão evidentes em todo o mundo como
marca registrada do governo de Deus sobre os homens.

De acordo com a leitura e correta interpretação dos textos bíblicos que tratam
do reino milenar, a população física do reino será composta dos 144.000
judeus selados, judeus e gentios que foram salvos durante a grande tribulação
e a igreja que será auxiliadora do Rei ao redor do mundo. Mas ao longo dos
anos, muitos dos filhos nascidos no período do milênio ainda se revoltarão
contra o reinado de Cristo, pois o pecado jaz no coração humano desde o seu
nascimento. Os rebeldes que se levantarem contra o rei Jesus se associarão a
Satanás, que será solto após o Reino Milenar. Esta última revolta dos
pecadores será finalizada com a derrota final de Satanás e então se inaugurará
a eternidade para os salvos em Cristo Jesus.

Vários propósitos importantes serão cumpridos no reino milenar, dentre eles


podemos destacar: as promessas feitas a Davi serão de fato cumpridas; a
provisão da terra dada a Abraão será atingida; Cristo será o rei supremo acima
de todas as nações e governará com equidade; o milênio será uma clara
demonstração de como Deus tencionou que o homem vivesse sobre a terra;
também servirá para demonstrar a dureza do coração pecaminoso, que mesmo
sob condições favoráveis ainda se rebela contra Jesus Cristo; e a glória do
reino milenar terá como alvo engrandecer os desígnios eternos de Deus.
As concepções equivocadas que distorcem o ensino bíblico sobre o milênio e
não o consideram como literal, mostram que o coração do homem é
continuamente mau e não quer estar sob o governo de Cristo. Sabemos que
muitas ideias errôneas sobre este assunto são repassadas geração após
geração, e Satanás está satisfeito com estes equívocos, pois ele também não
quer reconhecer a grandeza de Cristo – o Rei eterno vitorioso e santo.

5 – A REBELIÃO FINAL

Após o reinado milenar de Cristo, Satanás será solto por breve período e
enganará novamente muitas nações. Os rebeldes se unirão a ele na vã
tentativa de fazer frente ao Deus todo-poderoso. Deus irá julgar Satanás e a
pecaminosidade das pessoas que rejeitaram a Cristo (filhos nascidos no
milênio). Esta batalha no livro de Apocalipse é descrita como Gogue e
Magogue, que será a reunião de todos que se opõem a Deus. Mas a vitória do
Senhor será rápida e completa. Logo após esta grande batalha, os não-salvos
serão ressuscitados para o juízo final que é o Tribunal do Trono Branco.

As ressurreições que a Bíblia descreve podem ser agrupadas em alguns


aspectos distintos:

a) A ressurreição de Cristo: é considerada como as “primícias” porque


inaugura todas as demais ressurreições. A necessidade de um corpo
glorificado é vital porque a “carne” não pode herdar o reino dos céus. Na
morte de Cristo no Calvário, a Bíblia nos diz que túmulos foram abertos e
algumas pessoas ressuscitaram depois de um grande terremoto

b) A ressurreição dos salvos: os santos que morreram na época da igreja,


que a Bíblia denomina “mortos em Cristo” serão ressuscitados no
arrebatamento da igreja. Aqueles que estiverem vivos no momento do
arrebatamento receberão corpos glorificados, e então ficarão para
sempre com o Senhor.

c) A ressurreição dos salvos do Antigo Testamento: a ressurreição corpórea


de todos os salvos do AT que morreram crendo nas promessas de
salvação, serão ressuscitados na ocasião da segunda vinda de Cristo
(Dn. 12:1-2). Os salvos que morreram no período da Grande Tribulação
também serão ressuscitados na segunda vinda de Cristo, para que
possam participar do reino milenar também. O Antigo Testamento
enfatiza em vários textos que haverá uma ressurreição. A ressurreição
corpórea dos crentes é chamada de Primeira Ressurreição – que é
destinada para vida eterna dos justos.

d) A ressurreição dos não-salvos: só acontecerá a ressurreição corpórea


dos não-salvos após o reino milenar e antes do juízo final. Também
receberão corpos imortais, mas padecerão eternamente as
conseqüências da desobediência a Deus. A Bíblia denomina esta etapa
de a Segunda Morte.

Logo após o término da rebelião liderada por Satanás, que enganará muitas
nações, terão início os juízos divinos. As pessoas são condenadas porque
rejeitaram a revelação feita por Deus que providenciou o escape da
condenação do pecado através da morte de Cristo. A vida em pecado confirma
a rejeição das pessoas com relação a Deus.

Os juízos que a Bíblia descreve também são distintos:

a) O juízo dos salvos: acontecerá apenas com o propósito de galardoar os


crentes que foram fiéis ao Senhor e que permaneceram produzindo
frutos dignos do arrependimento. Deus justificou de uma vez por todas
os que reconheceram a necessidade de entregar suas vidas a Cristo,
pois o pagamento efetuado na Cruz quitou totalmente o débito que
pesava contra eles. Por isso, este juízo será para avaliação e não para
condenação. É descrito na Bíblia como o Tribunal de Cristo.

b) O juízo dos não-salvos: o juízo de todos que rejeitaram a Cristo é


chamado na Bíblia de o Grande Trono Branco e se dará após a
ressurreição corpórea destas pessoas (final do milênio). Os não-salvos já
estão condenados por causa da incredulidade que ostentaram em seus
corações em relação a Deus, mas ainda assim ouvirão do Senhor o
veredicto. Os livros serão abertos para mostrar as obras más que foram
cometidas confirmando a pecaminosidade.

c) O juízo de Satanás e os demônios: as hostes infernais também serão


julgadas e condenadas por Deus. Eles já sabem do veredicto e que não
há nenhuma possibilidade de salvação para eles porque já estão no
estado eterno. A execução do juízo sobre Satanás só acontecerá no final
dos tempos porque Deus tem seus propósitos ao utilizar a própria
rebelião demoníaca com o fim de cumprir o Seu plano soberano.

6 – O DESTINO FINAL DOS HOMENS

Antes de esclarecermos sobre o destino final dos homens é necessário


ponderar sobre o que acontece temporariamente com os salvos que morrem e
aguardam a ressurreição corpórea.

Os corpos dos salvos do Antigo Testamento estão temporariamente no Sheol,


que é traduzido por sepultura. É importante lembrar que a morte, tanto no AT
como no NT, fazem referência à separação entre corpo e espírito. Portanto,
parece mais adequado concluir que na morte o espírito do crente do AT vai
imediatamente para a presença de Deus. Os não-salvos do AT estão em
agonia e tormento consciente.

Após a morte, os corpos dos salvos do Novo Testamento permanecem também


no túmulo, mas o espírito vai logo para a presença de Deus onde ficará numa
espécie de ante-sala do céu. Paulo diz que “ausente no corpo, presente com o
Senhor”, não há intermédios entre estes fatos. Os não-salvos da época do
Novo Testamento já estão no inferno (hades) sendo punidos por seus pecados.
Quem está no paraíso não pode passar para o hades, ou vice-versa. O paraíso
representa a presença de Deus (céu) onde existe paz e conforto consciente; já
no inferno é um lugar de separação de Deus e lá só há dor e tormento
consciente.

Agora podemos concluir sobre o destino final do homem. Este destino final tem
como pré-requisito o estado eterno de todos, tanto salvos como não-salvos.
Não há nenhuma segunda chance após alcançar o estado eterno, por isso o
destino eterno é definido em vida. Vejamos:

a) DESTINO DO NÃO-SALVO: após o reino Milenar e a revolta final de


Satanás, todos os mortos não-salvos serão ressuscitados e atirados para
sempre no lago de fogo (Ap. 20: 5-15). A ressurreição dos não-salvos
será para Deus mostrar o veredicto no juízo final. A sentença será a
punição eterna dos incrédulos e podemos deduzir que haverá sentenças
variadas (punições em proporção aos atos praticados em vida). O
homem não-salvo estará eternamente separado de Deus e eternamente
em tormento. No lago de fogo serão lançados todos os não-salvos, o
Hades, a morte, a besta, o falso-profeta, os demônios e também o
próprio Satanás.

b) DESTINO DO SALVO: todos os salvos serão destinados ao céu (novo


céu e nova terra, descrito em Apocalipse 21). Estarão eternamente
presentes com o Senhor e eternamente num estado de paz e bênção
sem fim. Como vários galardões serão outorgados aos crentes que se
mostraram produtivos em suas vidas, o céu talvez não seja o mesmo
para todos os crentes. No céu não haverá mais conflito, dor, choro,
lamento, doenças, noite, morte, maldição, pecado ou impiedade.
Somente os crentes que tiverem seus nomes escritos no Livro da Vida e
do Cordeiro terão lugar garantido neste lar eterno de beleza singular. No
céu haverá adoração, serviço e louvor ao Senhor por toda a eternidade e
a presença de Cristo será desfrutada por todos os salvos.

7 – CONCLUSÃO

O estudo da Escatologia (as últimas coisas) é muito importante para a Igreja do


Senhor, pois serve para fortalecer a fé de todos os salvos e aumentar ainda
mais o nosso amor pela obra de Deus. Sabemos que os propósitos eternos de
Deus se cumprirão na íntegra e nenhuma promessa ficará sem o devido
cumprimento. Por isso, cabe a cada um de nós estudarmos diligentemente este
assunto e consolarmos uns aos outros com tais promessas.

Além disso, a interpretação literal e normal das Escrituras é o melhor caminho


para o correto entendimento da Palavra do Senhor. Quando os textos bíblicos
são interpretados alegoricamente, distinções essenciais deixam de ser feitas e
o prejuízo hermenêutico é enorme.

A Escatologia fornece para o cristão o embasamento de conteúdo que será de


grande importância no fortalecimento espiritual contra as ilusões deste mundo
tão passageiro.

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