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Desenvolvimento sustentável

Conceito sistémico que se traduz num modelo de desenvolvimento global que incorpora os
aspectos de desenvolvimento ambiental . Foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório
Brundtland.

“O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer


a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa
possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento
social e económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso
razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.”

Âmbito e definições de aplicação


O conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito que abrange várias áreas, assentando
essencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento económico, equidade social e a
protecção do ambiente.

A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural adiciona um novo enfoque na questão


social, ao afirmar que "… a diversidade cultural é tão necessária para a humanidade como a
biodiversidade é para a natureza" torna-se "as raízes do desenvolvimento entendido não só em
termos de crescimento económico mas também como um meio para alcançar um mais
satisfatório desenvolvimento intelectual, emocional, moral e espiritual ". Nessa visão, a
diversidade cultural é a quarta área política do desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável é dito para definir limites para o mundo em desenvolvimento.


Enquanto os actuais países de primeiro mundo, poluíram o planeta durante o seu
desenvolvimento, incentivam agora os países do terceiro mundo a reduzir a poluição, o que, por
vezes, impede o seu crescimento. Alguns consideram que a implementação do desenvolvimento
sustentável implica um retorno a estilos de vida pré-modernos.

Os três componentes do Desenvolvimento sustentável


Sustentabilidade ambiental

A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e componentes do


ecossistema, de modo sustentável, podendo igualmente designar-se como a capacidade que o
ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para os outros seres
vivos, tendo em conta a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função como fonte de
energias renováveis.
As Nações Unidas, através do sétimo ponto das Metas de desenvolvimento do milénio procura
garantir ou melhorar a sustentabilidade ambiental, através de quatro objectivos principais

1. Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas


nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.
2. Reduzir de forma significativa a perda da biodiversidade.
3. Reduzir para metade a proporção de população sem acesso a água potável e saneamento
básico.
4. Alcançar, até 2020 uma melhoria significativa em pelo menos cem milhões de pessoas a
viver abaixo do limiar da pobreza.

Sustentabilidade económica

A sustentabilidade económica, enquadrada no âmbito do desenvolvimento sustentável é um


conjunto de medidas e politicas que visam a incorporação de preocupações e conceitos
ambientais e sociais. Aos conceitos tradicionais de mais valias económicas são adicionados
como factores a ter em conta, os parâmetros ambientais e sócio-económicos, criando assim uma
interligação entre os vários sectores. Assim, o lucro não é somente medido na sua vertente
financeira, mas igualmente na vertente ambiental e social, o que potencia um uso mais correcto
quer das matérias primas, quer dos recursos humanos. Há ainda a incorporação da gestão mais
eficiente dos recursos naturais, sejam eles minerais ou energéticos, de forma a garantir uma
exploração sustentável dos mesmos, ou seja, a sua exploração sem colocar em causa o seu
esgotamento.

Sustentabilidade sócio-politica

A sustentabilidade sócio-politica centra-se no equilíbrio social, quer na sua vertente de


desenvolvimento social, quer sócio-económica, é um veiculo de humanização da economia, e ao
mesmo tempo, pretende desenvolvera o tecido social, os seus componentes humanos e culturais.

Neste sentido, foram desenvolvidos dois grandes planos: a agenda 21 e as metas de


desenvolvimento do milénio.

A Agenda 21 é um plano global de acção a ser tomada a nível global, nacional e local, por
organizações das Nações Unidas, governos, e grupos locais, nas diversas áreas onde se
verificam impactos significativos no ambiente. Em termos práticos, é a mais ambiciosa e
abrangente tentativa de criação de um novo padrão para o desenvolvimento do século XXI,
tendo por base os conceitos de desenvolvimento sustentável.

As Metas de Desenvolvimento do Milénio (MDM) surgem da Declaração do Milénio das


Nações Unidas, adoptada pelos 191 estados. Criada em um esforço para sintetizar acordos
internacionais alcançados em várias cúpulas mundiais ao longo dos anos 90 relativos ao meio-
ambiente, desenvolvimento, direitos das mulheres, desenvolvimento social, racismo, etc. Esta
declaração menciona que os governos "não economizariam esforços para libertar os nossos
homens, mulheres e crianças das condições abjectas e desumanas da pobreza extrema", tentando
reduzir os níveis de pobreza, iliteracia e promovendo o bem estar social. Estes projectos são
monitorizados com recurso ao Índice de Desenvolvimento Humano, que é uma medida
comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida.

Na prática, é uma estratégia eficaz para o desenvolvimento sustentável reunindo as aspirações e


capacidades de governo, sociedade civil e do sector privado para criar uma visão para o futuro.

Temos 7 pontos chave:

• Alterações climáticas e energia limpa


• Transporte Sustentável
• Consumo e produção sustentáveis
• Conservação e gestão dos recursos naturais
• Saúde pública
• Inclusão social, demografia e migração
• A pobreza no mundo
Reciclagem
A reciclagem é o termo geralmente utilizado para designar o reaproveitamento de
materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais
podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o
plástico. As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de fontes
naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que
necessitam de tratamento final, como o aterro, ou a incineração.

O conceito de reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado
original e ser transformado novamente num produto igual em todas as suas
características. O conceito de reciclagem é diferente do de reutilização. A reutilização
consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro. Um exemplo
claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do papel.

O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado pela
primeira vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramagem diferente.
Isto acontece devido a não possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado
original e sim transformá-lo em uma massa que ao final do processo resulta num novo
material de características diferentes. Outro exemplo é o vidro. Mesmo que seja
"derretido", nunca irá ser feito um outro com as mesmas características tais como cor e
dureza, pois na primeira vez em que foi feito, utilizou-se de uma mistura formulada a
partir da areia.

Já uma lata de alumínio, por exemplo, pode ser derretida de volta ao estado em que
estava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a
ser uma lata com as mesmas características.

A palavra reciclagem ganhou destaque nos media a partir do final da década de 1980,
quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não
renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de espaço para a
disposição de resíduos e de outros dejectos na natureza. A expressão vem do inglês
recycle (re = repetir, e cycle = ciclo).

Os 3 RRR (Reduzir, Reutilizar e Reciclar):


Quando se trata um problema de controlo de resíduos é necessário que essa abordagem siga uma
hierarquia:

i) Em primeiro lugar é necessário verificar se não será possível evitar a produção do resíduo,
por exemplo utilizando produtos fabricados de forma diferente, ou prolongando o tempo de vida
útil do produto.

ii) Em segundo lugar é necessário verificar se não é possível encontrar uma nova serventia
para esse produto, em que grande parte das suas propriedades ainda possam ser rentabilizadas,
caso por exemplo de um pneu que seja recauchutado; grande parte dos materiais usados para o
seu fabrico e toda a tecnologia vão ser aproveitados, apenas se acrescentando a borracha gasta
durante o seu primeiro ciclo de vida.
iii) Finalmente quando não é possível aproveitar grande parte do valor do produto podemos
tentar a terceira alternativa, ou seja aproveitar a matéria prima que o constitui, em alguns casos
para fabricar produtos idênticos, como no caso do usos de sucatas de aço para produzir perfis e
chapas com características similares ao do produto original. Neste caso estamos perante uma
operação que actualmente se denomina reciclagem.

O três princípios constituem a conhecida sigla dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Dada a grande perda de trabalho e tecnologia incorporada na maioria dos produtos quando
passamos da segunda para a terceira opção, importa aqui questionar-nos se os esforços
necessários à implementação das duas primeiras hipóteses estão ser encarados de forma igual à
actualmente dedicada à reciclagem.

O uso das melhores tecnologias actualmente disponíveis em condições economicamente


aceitáveis, (BATNEC), permite fabricar produtos com elevada longevidade. Não corresponde
portanto ao avanço tecnológico o slogan implícito da nossa sociedade: "deite fora e compre
novo".

Em relação à sigla dos 3Rs, só para o terceiro R existem políticas concretas, planos e incentivos.
Para a implementação do princípio da redução e para o da reutilização pouco mais se tem feito
do que uma vaga campanha moral, com efeitos muito reduzidos.

Sugerem-se assim medidas concretas para que a redução de resíduos deixe de ser uma atitude
meramente verbalizada mas sem consequências práticas.

Por exemplo a criação de incentivos para o aparecimento de veículos de construção modular,


sem alterações estéticas num período pré-definido, acompanhada de um incentivo a uma
verdadeira indústria de recondicionamento como existe para a aviação e para a reparação naval,
seria uma boa oportunidade de efectivamente reduzir a produção de resíduos, baixar
drasticamente o consumo de matérias-primas e outros recursos não renováveis, conseguindo
criar novas actividades económicas bem mais compatíveis com o desenvolvimento sustentado
do que a actual espiral da produção intensiva.

Enquanto tal não acontece teremos de continuar na parte mais baixa da hierarquia dos 3Rs,
continuando a tentar a reciclagem como forma de minimizar os problemas referidos.

Os vocábulos reciclar e reciclagem, ou os correspondentes em francês e inglês, são palavras


bastante recentes. Todavia o aproveitamento de materiais usados deve ser quase tão antigo
quanto a humanidade. O termo corresponde obviamente ao desenvolvimento de uma actividade
industrial nova, que se distingue do processo de aproveitamento tradicional de objectos ou
materiais usados.

Quando encontramos num pacote de plástico de iogurte o símbolo com as setas apontando para
um percurso circular, sugerindo um regresso ao princípio, imaginamos que os materiais que
constituem a embalagem podem ser reaproveitados para fazer uma nova embalagem, idêntica à
anterior. Contudo, para isso seria necessário em primeiro lugar que o consumidor colocasse essa
embalagem num recipiente de recolha reservado aos plásticos; em segundo lugar seria
necessário que a empresa de reciclagem separasse este tipo de embalagem de outras, por
exemplo das garrafas de refrigerantes: existem cinco tipos principais de termoplásticos que têm
de ser separados para permitir uma reciclagem em boas condições técnicas. Em terceiro lugar
seria necessário remover toda a sujidade. Apesar destes cuidados, o polímero reprocessado não
serviria para fazer uma embalagem idêntica, mas sim para produzir um objecto com menores
exigências, por exemplo um vaso ou um cabide. O facto do plástico reciclado não servir para
fazer uma nova embalagem idêntica à anterior, significa que novas matérias primas obtidas a
partir do petróleo, ou seja polímero novo, vão ser gastas para alimentar esta indústria de
produção crescente.

Em Portugal, em 1980, os resíduos de embalagens de vidro, papel, cartão e plásticos


representavam cerca de 20% do conteúdo dos resíduos urbanos. No início da década de 90 os
mesmos materiais representavam já cerca de 45% do lixo doméstico (SPV, 2000). Este
crescimento enorme verifica-se também noutros países, nomeadamente nos EUA. O aumento da
produção de resíduos cresceu igualmente para outros tipos de materiais.

Portugal produz actualmente 3,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos e as


estimativas apontam para um acréscimo de 1,15 milhões de toneladas na próxima década.
Destes resíduos 628 mil toneladas correspondem a embalagens não recuperáveis declaradas à
Sociedade Ponto Verde. Apenas 3,1% das embalagens plásticas foram recicladas em Portugal,
em 1998. Embora Portugal esteja ainda muito longe de outros países, onde a actividade de
reciclagem se desenvolveu há muito tempo, a verdade é que mesmo com grandes progressos,
(por exemplo se atingíssemos resultados dez vezes superiores aos actuais), dificilmente
conseguiremos, ultrapassar os 40% dos EUA. Significa isto que mais de 360 mil toneladas de
matérias-primas vão ser perdidas anualmente, e que as restantes só serão realmente
aplicadas para fazer novos produtos, idênticos aos originais, no caso dos metais e do vidro.

A actividade de reciclagem, embora útil, não resolve portanto o problema da nossa


sociedade de consumo: muitos dos materiais reciclados não substituem as matérias-primas
virgens necessárias ao fabrico de novos produtos, nem mesmo das simples embalagens
descartáveis, que exigem um elevado nível de qualidade das matérias primas. Contudo, as
campanhas de reciclagem têm tido um papel pedagógico atraindo a atenção das populações para
o assunto. Ao apelar à triagem dos resíduos deu-se um primeiro passo para iniciar um processo
de consciencialização da sociedade, que tem de ser continuado subindo na hierarquia prevista
pela legislação comunitária.

A análise do que se passa nos EUA onde as politicas de reciclagem se encontram muito
avançadas permite constatar que a evolução do consumo é superior aos ganhos conseguidos
pelo avanço da reciclagem, conforme se pode inferir da observação dos dois gráficos seguintes.
Isto significa que todos os anos é necessário utilizar matérias-primas virgens em quantidades
crescentes.
Reduzir na origem

A lógica do mercado consumista, promotora de novos consumos, tem recorrido à publicidade


para incentivar a criação de novos hábitos e valores

O recurso a conceitos que apenas servem uma lógica de expansão de mercado, é uma das causas
para o contínuo crescimento do consumo e de uma verdadeira inversão da política dos 3Rs:
diminui-se o tempo de vida útil dos produtos promovendo a sua substituição precoce, e
simultaneamente apresenta-se a reciclagem como a forma amigável de recuperar o déficit
ambiental gerado pela onda consumista.

Combater a publicidade que conduz à espiral do consumo é uma das formas de evitar a
delapidação de recursos e diminuir os subprodutos industriais, que vão destruindo o nosso
equilíbrio ecológico, entre os quais se encontram os RIP.

Os benefícios da reciclagem só podem verdadeiramente ter efeitos práticos se ao mesmo tempo


se travar a actual tendência de diminuição da vida útil dos produtos e se encontrar uma forma
industrializada de os podermos reutilizar.

Impõe-se que os Estados dêem alguns passos para inverter a actual situação, agindo de forma
pioneira, como já foram capazes de o fazer quando incentivaram a substituição dos CFC, numa
altura em que a indústria dizia não haver tecnologia para o fazer, ou promovendo motores de
combustão mais limpa, substituindo a gasolina com chumbo.

Sem empresas de recauchutagem a reutilização dos pneus não passaria duma utopia. Sem
empresas de recondicionamento e campanhas incentivando a substituição dos objectos que "já
passaram de moda", a política dos 3 Rs reduz-se ao actual "r", o mais pequeno.

É imperioso subir na hierarquia de prioridades e reduzir a produção de resíduos,


incentivando politicamente a reutilização e o recondicionamento dos produtos de forma
eficiente, e não com os actuais processos artesanais.

Impõem-se uma política de incentivo à criação de bens duradouros, nomeadamente pelo


emprego das melhores tecnologias na concepção de produtos em que seja possível a substituição
fácil das partes constituintes gastas ou danificadas, em alternativa a duvidosas soluções do tipo
destruição/reciclagem.

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