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AMBIENTE

ECOnfuso
Excesso de informações ecológicas pode confundir e
desestimular quem deseja viver de forma mais
sustentável
Alex Almeida/Folha Imagem

Sandra Quinteiro,
41, que tem dúvidas sobre as ações ecológicas

JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

[...] ALÉM DAS INFORMAÇÕES INCOMPLETAS, OUTRO


PROBLEMA QUE DESESTIMULA AÇÕES ECOLÓGICAS É A
FALTA DE OPÇÃO AOS HÁBITOS POLUENTES

O motivo (salvar o planeta) é justo e a demanda, grande:


reciclar o lixo, diminuir o consumo, preferir os orgânicos,
usar papel reciclado, gastar menos energia elétrica e
menos água, ter sempre à mão uma "ecobag" para não
passar nem perto das sacolinhas plásticas.

O problema é que, como se fala tanto em sustentabilidade


e aquecimento global, a quantidade de informações, muitas
vezes contraditórias, confunde e cansa até o mais bem
intencionado ecologicamente.

A consultora em desenvolvimento organizacional Sandra


Quinteiro, 41, por exemplo, não acha fácil cumprir a sua
parte. No prédio onde mora, o lixo reciclável é todo
separado: papel, plástico, metal... Mas ela não sabe onde
se encaixa a caixinha longa vida -e já ouviu diversas teorias
sobre o assunto. Também se sentiu bem ao levar uma
caneca para o trabalho, para não usar mais copos
descartáveis. Até alguém comentar que a água usada para
lavá-la geraria outro tipo de impacto ao ambiente.

"Existem muitas informações contraditórias porque elas


envolvem dados técnicos bastante complexos. Se até entre
os cientistas há controvérsias, imagine entre os leigos. O
consumidor teria de ser um especialista em energia, em
água etc. para entender tudo", analisa a socióloga Fátima
Portilho, da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro), autora do livro "Sustentabilidade Ambiental,
Consumo e Cidadania" (ed. Cortez).

Além de ter os dados em mãos, é preciso entender por que


se deve adotar determinada ação -e saber que nem sempre
uma iniciativa terá somente resultados positivos –, o que
torna o engajamento ecológico ainda mais complicado. Por
exemplo, ao escolher um carro a álcool porque polui menos
do que o veículo a gasolina, o consumidor sustenta a
produção de um combustível que pode ser responsável por
desmatamento de floresta e que pode oferecer condições
ruins de trabalho.

"As escolhas sempre terão elementos contraditórios e é


preciso fazer ponderações, decidir o que deve ser
priorizado. Minha ação vai diminuir o aquecimento global?
Ou desencadear algum problema social? Ao compreender
isso, percebe-se que as respostas não são "preto no
branco'", diz Hélio Mattar, diretor-presidente do Instituto
Akatu.

E, mesmo com essa reflexão, ainda ficam


questionamentos, pois é difícil saber como uma escolha
poderia causar tamanho efeito no ambiente, quando se
abordam somente termos genéricos. "Isso atrapalha porque
se fala muito das conseqüência globais, mas falta o
direcionamento para o que pode ser feito localmente",
explica Eliane Saraiva, coordenadora do curso Técnico
Ambiental do Senac de São Paulo.
De olho nesse turbilhão de informações e dúvidas, o Idec
(Instituto de Defesa do Consumidor) criou um site de
orientação para o consumo consciente
(www.climaeconsumo.org.br), que pretende ligar as
pequenas ações às grandes questões ecológicas. "Falta
uma conexão entre os problemas ambientais e os hábitos
de consumo, não é fácil ser um consumidor responsável",
diz Lisa Gunn, coordenadora-executiva do Idec.

Tantas incertezas podem explicar os números de uma


pesquisa do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e do
Ibope, divulgada no mês passado. Apesar de todas as
sugestões, a população ainda não tem uma ação ecológica
relativamente simples: 67% dos brasileiros entrevistados
não separam o lixo reciclável e somente 5% encaminham o
lixo orgânico para a transformação em adubo.

Além de informações incompletas, outro problema que


desestimula a adoção de atitudes ecológicas é a falta de
opção aos hábitos poluentes. Esse é o dilema do
administrador Matheus Oshikiri, 34. Ele reutiliza quase todo
o lixo que produz -manda as embalagens para reciclagem,
e o orgânico vira adubo para seu jardim-, não come fritura,
"não sei o que o estabelecimento que fritou o meu pastel
vai fazer com aquele óleo" e evita as sacolinhas plásticas.
Ainda assim, gostaria de fazer mais, como deixar de usar o
carro, comprar discos de segunda mão e escolher
embalagens de papel reciclado. "Quero ter a opção de ser
mais sustentável. Mas o sistema de transporte de São
Paulo é horrível, a malha ferroviária é insuficiente, não se
estimula o comércio de produtos usados, só se fala em
recicláveis, mas não em reciclados... O meu esforço tem de
ser muito maior aqui do que em outros países", lamenta.

Falta de alternativa

Maria Cláudia Kohler, coordenadora do curso de pós-


graduação em meio ambiente e sociedade da FESPSP
(Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) e
coordenadora de voluntários do Greenpeace Brasil,
concorda: o assunto está em pauta, mas é difícil aderir por
falta de alternativa.
"O produto orgânico é melhor, mas é mais caro. As pessoas
não têm opção na questão financeira e faltam estímulo e
políticas de governo. E ainda falta opção. Adoraria escolher
entre energia eólica e solar, mas não há essas
possibilidades em minha rede de abastecimento. Não há
pasta de dente sem caixa de papelão...", diz.

Algumas escolhas convergem para ações econômicas,


como a diminuição no consumo de energia elétrica, explica
Fátima Portilho, da UFRRJ. Esse benefício imediato pode
facilitar a adesão à mudança do hábito. Verifica-se isso na
mesma pesquisa do WWF e do Ibope: 80% dos
entrevistados sempre desligam lâmpadas e deixam o
computador em estado de hibernação quando saem do
ambiente por pouco tempo.

Isolado, mas produtivo

O psicólogo Sean White, 29, acredita que as mudanças


precisam ser drásticas para causar efeito na natureza e
que, apesar de estar na moda dizer que é ecologicamente
sustentável, não sente um compromisso geral com a causa.
"Esse monte de informação me desestimula, porque faço
pequenos gestos e ainda assim me sinto culpado. Ficam na
discussão se uso um copo de plástico ou de papel, mas eu
preciso tomar o meu café de algum jeito", desabafa.

Essa sensação de isolamento também torna mais difícil o


engajamento às ações ecológicas, segundo Fátima
Portilho. "Eu faço o esforço, mas posso desanimar quando
percebo que só eu ajo", diz.

E, para constar, sem querer causar confusão: a caixinha


longa vida deve ir ao compartimento dos papéis. De acordo
com a Tetra Pak, a embalagem segue antes para a
indústria papeleira e, depois, para outras indústrias que
aproveitarão o plástico e o alumínio.

Consumo controlado

É possível consumir produtos fabricados de forma mais sustentável.


O monitoramento da origem do item, por exemplo, dá dicas sobre a
produção -se foi preciso desmatar áreas ou se os efluentes foram
tratados de maneira correta. As certificações são bons indícios de
que houve preocupação ambiental na produção. Se houver maior
demanda por itens sustentáveis, mais empresas passarão a usar
essa "estratégia" para atrair clientes.

Escolher itens produzidos em menor escala é uma boa idéia. "Em


qualquer região do país, produção em larga escala
necessariamente leva a um maior impacto ambiental", comenta
Hélio Mattar, do Akatu.

Em tempos de preços mais acessíveis e muitas opções de


pagamento, é preciso também analisar a relevância do que se
compra. "A redução no consumo tem de acontecer, o que não
significa abrir mão do conforto. Quanto mais dinheiro uma pessoa
tem, menos sustentável ela é", comenta Lisa Gunn, do Idec.
Quando for adquirir algum produto, pense em sua finalidade: uma
embalagem PET pode causar eventual impacto se não for reciclada,
mas levar uma embalagem de vidro ao piquenique, por exemplo,
pode ser inconveniente. "O importante é refletir sempre antes de
comprar, antes de pensar em que pacote vai escolher por conta das
informações ecológicas, pense sobre o uso daquilo", sugere Mattar,
do Akatu.

E, sobretudo, entender que não dá para ser totalmente radical, mas


sim ser mais ecológico no que é possível. "Não dá para ser
consciente 24 horas por dia, é impossível saber tudo a respeito de
tudo, não dá para transferir toda a responsabilidade para um único
"ator'", alivia a socióloga Fátima Portilho.

Ela sugere que cada família tenha uma versão reduzida da Agenda
21 (plano de ação para desenvolvimento sustentável em todo o
mundo, criado na Eco 92): a "agenda da mesa da cozinha". Nela
devem ser discutidas quais ações serão aplicadas na casa.
"Reciclamos o lixo? Vamos comprar um carro ou não? Deve-se
trazer a questão ambiental para a vida doméstica, decidir o que
pode ou não ser feito."
NA INTERNET
www.folha.com.br
Saiba como identificar empresas e produtos sustentáveis em podcast da Folha
Online
Dúvidas cruéis
Sem respostas simples, saiba no que pensar ao adotar uma
ação aparentemente ecológica

1. Evitando as sacolas plásticas, como armazenar o lixo em


casa?
Não faz sentido não usar as sacolas do supermercado para, depois,
ter de comprar sacos plásticos para colocar os resíduos da casa. O
melhor é usar a sacola retornável sempre e pegar o mínimo de
sacolas no mercado para o lixo da casa. Também tente reaproveitar
o lixo ao máximo: mande para a reciclagem tudo o que pode e
prepare compostagem com os descartes orgânicos. Dessa forma,
sobra pouco -em alguns casos nenhum- material a ser descartado,
o que diminui a necessidade das sacolinhas.

2. Alimentos orgânicos de longe ou produto normal de perto?


Dificilmente o produto orgânico será produzido muito longe da
região onde é comercializado, pois é plantado em pequena escala e
já tem custo mais alto mesmo sem contabilizar o transporte
prolongado. Mesmo que seja transportado, como o produto
convencional também agride o ambiente com o transporte, o
impacto permanece similar. Mas como a produção orgânica não
polui os lençóis freáticos e não contém agrotóxicos, revela-se a
melhor alternativa. Quem deseja consumir esse tipo de produto sem
aumentar demais as despesas pode procurar as feiras e produtores
que entregam em domicílio, com preços melhores do que os dos
supermercados.

3. Faz sentido reciclar embalagens mesmo que tenha de gastar


água para limpá-las?
Sim, mas que se use o mínimo de água possível. É justificável lavar
os pacotes em casa porque, para reciclagem, elas precisam estar
limpas. Isso também evita maus odores, o que pode levar ao
descarte do material. Para evitar desperdício, é possível separar um
pouco da água usada para lavar louças e reusá-la para limpar as
embalagens.

4. Copo de plástico descartável ou de vidro, que tem de ser


lavado?
Se o uso de água para lavar o copo de vidro for racional, ele
continua uma opção melhor do que o descartável. Outra mudança
de hábito que faz diferença: trocar as garrafas de água mineral pelo
velho filtro, que causa muito menos impacto ao ambiente.

5. Chuveiro elétrico ou com aquecimento solar, que gasta mais


água?
O gasto excessivo de água na ducha com aquecimento solar se
deve mais a uma questão de hábito: como a água do chuveiro
elétrico esfria à medida que aumenta a vazão, o usuário tende a
abrir menos a torneira para manter a temperatura confortável. Já
com a ducha, não há limites, pois a temperatura não dependente da
quantidade de água. Por esse motivo, as duchas de sistemas de
aquecimento podem gastar até 60 litros de água por minuto, contra
os seis litros, em média, gastos pelo chuveiro elétrico. Para evitar
desperdícios, instale um regulador de vazão de duchas, que limita o
gasto de água -o indicado é manter de oito a 12 litros por minuto,
para que o banho continue confortável e mais ecológico. O
aquecimento solar, além de vir de fonte renovável e não gerar
emissões de gases-estufa, oferece benefício imediato na conta de
luz.

6. Vale a pena trocar a carne por soja para evitar o


desmatamento?
Como precisa de pastagens grandes, o gado normalmente é criado
longe da área de consumo, o que implica em emissão de carbono
para o transporte da carne e, em alguns casos, desmatamento da
região -essa criação é considerada o primeiro fator de
deslocamento da fronteira agrícola, com efeito na floresta
Amazônica, por exemplo. A soja é o segundo fator de deslocamento
e também pode levar ao desmatamento de florestas. Por isso,
substituir a carne vermelha pela soja por questões ambientais pode
não ser a melhor saída. Uma opção é trocar parte do consumo por
carne de frango, cuja criação gasta cerca de 3,5 mil litros de água
por quilo de carne (a bovina gasta por volta de 10 mil) e não precisa
de grandes áreas para sua criação.

7. Lâmpadas fluorescentes gastam menos energia e poluem


mais?
As fluorescentes são a melhor opção porque gastam cerca de um
quinto da energia das lâmpadas incandescentes e já contêm bem
menos mercúrio do que as primeiras versões. Como ainda
oferecem riscos ao ambiente quando descartadas, é necessário que
haja mais lugares para descarte seguro. Infelizmente, no Brasil há
poucos lugares que recebem esses produtos, como a Apliquim, em
Paulínia, no interior de SP (0/xx/19/3884-8140). Existe um projeto
para obrigar os fabricantes a receberem essas lâmpadas de volta,
como já acontece com baterias de celular. Outra opção é usar
iluminação de LED ("light emiting diode", diodos emissores de luz
em inglês), que não contém metais pesados, mas ainda cara.

8. Papel reciclado branco é tão ruim quanto papel virgem?


O processo de "branqueamento" do papel gera uma carga
ambiental grande, mas é difícil comparar os impactos de ambos os
tipos de papel. O importante é pensar na finalidade ao escolher o
produto e saber que parte do que se usa normalmente já tem fibra
reciclada, como papel higiênico e caixas de papelão. O argumento
de que o papel virgem destrói árvores é fraco porque, atualmente,
os fabricantes utilizam madeira de reflorestamento, além de tratar
os efluentes. Observe se o selo FSC consta da embalagem: ele
garante que a madeira utilizada é ecologicamente adequada. Usar
papel reciclado também tem impacto social, ao estimular o trabalho
dos catadores, por exemplo, e pode ser levado em conta na hora da
decisão.
Fontes: ANDRÉ GIMENES, pesquisador do grupo de energia do Departamento
de Energia e Automação Elétrica da Escola Politécnica da USP; ANDRÉ
VILHENA, diretor-executivo do Cempre (Compromisso Empresarial para
Reciclagem); CARLA TATIANA NAU, engenheira química da Brasil Recicle;
ELIANE SARAIVA, coordenadora do curso Técnico Ambiental do Senac;
HÉLIO MATTAR, diretor-presidente do Instituto Akatu; MARIA CLÁUDIA
KOHLER, coordenadora do curso de pós-graduação em Meio Ambiente e
Sociedade da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo; LISA
GUNN, coordenadora-executiva do Idec; MARIA LUIZA OTERO D"ALMEIDA,
responsável pelo laboratório de papel e celulose do Centro de Tecnologia de
Rercursos Florestais do IPT; RICARDO CHAIM, coordenador do PURA
(Programa de Uso Racional da Água) da Sabesp.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2407200805.htm
Jornal Folha de São Paulo – folha equilíbrio – 24 de julho de 2008

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Formiga "salva" teoria sobre a


Amazônia
Pesquisa mostra que diversidade de espécies supera isolamento
pelos rios da região, que não são tão intransponíveis

Estudo apóia tese defendida pelo biólogo sambista Paulo Vanzolini,


de que a riqueza zoológica surgiu em núcleos de vegetação
diferenciados
Reuters

Saúva rainha ao lado de algumas operárias em uma colônia

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma hipótese controvertida para explicar por que a Amazônia tem


tanta biodiversidade acaba de ganhar reforço. A teoria dos refúgios -
noção de que a proliferação do número de espécies de animais da
floresta surgiu da divisão da região entre áreas com diferentes tipos
de vegetação- é defendida pelo biólogo sambista Paulo Vanzolini.
Após sofrer inúmeros ataques, a idéia está sacudindo a poeira e
dando a volta por cima.

Tudo por causa de um estudo feito com saúvas. Segundo os


autores, que publicaram o trabalho na edição de ontem da revista
"PLoS One", a grande explosão de diversidade desses insetos
ocorreu à revelia da barreira imposta quando os rios amazônicos se
formaram. A superdiversificação é recente, e teve mais vigor por
volta de 2 milhões de anos atrás.

"É a primeira vez que a teoria dos refúgios é testada para um grupo
de invertebrados", diz Maurício Bacci Jr, bioquímico da Unesp
(Universidade Estadual Paulista), do campus de Rio Claro. "Na
verdade, estamos propondo uma espécie de reconceituação da
teoria dos refúgios", diz o pesquisador. Ele assina o estudo com
dois brasileiros e dois americanos.

Os cientistas reconstruíram a história de três espécies de saúva


com dados genéticos. Com uma análise estatística das árvores
genealógicas dos insetos, foi possível saber qual teoria explica
melhor a explosão da biodiversidade das formigas na Amazônia. O
método identifica há quanto tempo a troca de genes entre
populações de locais diferentes foi interrompida. Isso pode fazer
uma espécie se dividir em duas.

"Esse estudo, logo de início, mostrou que as formigas proliferaram


pela floresta independentemente da barreira formada pelos rios
amazônicos." Isso não foi visto nas viagens do grupo, mas há
relatos de que ninhos de formiga navegam pelos rios em troncos,
podendo atravessar quilômetros de extensão. "Voando, realmente,
as formigas não conseguem", diz Bacci Jr. "Mas isso [a travessia]
ocorre até nos oceanos."

A floresta virou mar

Os mesmos testes, entretanto, foram mais adiante. Eles mostraram


que, além da teoria dos refúgios, uma outra tese proposta pelos
cientistas para explicar a diversidade da floresta também teve um
papel relevante no caso das saúvas.

"A invasão marinha [por causa do aumento do nível dos oceanos] é


que teria se iniciado o processo de isolamento. Depois surgiram os
refúgios", diz o bioquímico. Esse processo de entrada de água
salgada sobre a planície amazônica ocorreu há cerca de 15 milhões
de anos -antes, portanto, da formação do rio Amazonas, há 12
milhões de anos, como diz a pesquisa. Com a água entrando, áreas
situadas em maior altitude teriam se transformado em ilhas de um
"mar" amazônico.

Segundo o novo estudo, as espécies de formiga se diversificaram


depois disso, entre 14 milhões de anos atrás e 8 milhões de anos
atrás.

A partir desse cenário é que a região Amazônica passou a ser, mais


recentemente, um verdadeiro centro de origem de novas espécies
de formigas.
Migração

"Mas elas não surgiram diretamente na Amazônia", diz Bacci Jr.


Segundo o pesquisador, há evidências de que as formigas deixaram
a mata atlântica -antes de ser desmatada ela era mais extensa e
exuberante- e, só depois, migraram do litoral para o norte do país.

As saúvas, hoje, estão presente em praticamente todos os países


da América do Sul. "Elas só não chegaram ao Chile. As formigas
conseguem atravessar os rios, mas subir os Andes é um pouco
mais difícil."

Com menos barreiras no resto das Américas, as saúvas já


conseguiram migrar até o sul dos Estados Unidos.

memória

Tese ganhou nome errado, diz


Vanzolini
DA REPORTAGEM LOCAL

"Fizemos apenas um modelo de especiação de uma espécie. Um


bicho. Nós não desenvolvemos nada. Não usamos o termo "teoria
dos refúgios" no trabalho de 1970."

A frase acima, dita por Paulo Vanzolini em entrevista à Folha em


março, é apenas mais um tempero no polêmico caldo que envolve
esta tese científica, criada sobre idéias dele e do biólogo Jürgen
Haffer.

Basicamente, os adeptos dessa teoria - sempre muito questionada


por causa da escassez de registros paleontológicos para sustentá-
la- dizem que toda a biodiversidade da Amazônia surgiu de áreas
que sempre foram florestadas e úmidas.

Nessas regiões é que o ocorreu o isolamento reprodutivo das


espécies. Depois -quando as áreas mais secas diminuíram em
tempos de mais umidade- é que a colonização ganhou mais
terreno.
Além da invasão marinha, que pode ou não estar ligada a uma
mudança do clima, a barreira imposta pelos caudalosos rios
amazônicos também é sempre usada para explicar a especiação.
Porém, pelo menos para as saúvas, parece que tanta água não
formou um obstáculo tão eficiente.

Apesar de reativar a importância dos refúgios, o estudo das


formigas traz uma informação totalmente oposta à prevista pela
teoria original.

O DNA sugere que, há mais ou menos 21 mil anos, no auge da era


do gelo, a espécie de saúva mais presente nas áreas úmidas tinha
uma distribuição muito mais abrangente do que outra espécie de
área seca. (EG)

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2407200801.htm

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