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Aluna: Camila Santos

Professora: Andréa
Série: 1° A

Resenha Crítica sobre o filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”


por Henry Alfred Bugalho

"Somente a dor é positiva", dizia Schopenhauer. Talvez esta seja a melhor explicação
para o grande mistério envolvendo a crítica: por que os críticos preferem malhar um
filme ao invés de elogiá-lo?

A crítica deveria ser, a princípio, a análise das partes constituintes de determinado


objeto e a avaliação de como tais partes se articulam. Porém, comumente, a crítica se
desenvolve como a constatação de que a articulação é falha e como o objeto é, por isso,
deficiente.

Isto é inevitável. Quando se trata de filmes ruins, além de ser muito mais fácil de falar
sobre eles, há um prazer imanente em atacá-los. "Somente a dor é positiva" e o
desprazer que certo filme nos causa é o solo sobre o qual obtemos algum prazer, ao
apresentarmos suas falhas.

Talvez seja por isto que demorei tanto tempo para criticar "O Fabuloso Destino de
Amélie Poulain". Assisti a ele umas dez ou doze vezes e sempre me encanto com este
filme.

A trama é despretensiosa: Amélie descobre escondida há quarenta anos, na parede de


seu banheiro, uma caixinha de brinquedos. Ela decide que devolverá tal descoberta ao
dono e, se isto mudar a vida dele, ela, daquele momento em diante, dedicará sua vida a
ajudar as pessoas.

Tudo neste filme é encantador, começando com a intérprete de Amélie (Audrey


Tautou), passando pela trilha sonora, pelo roteiro magnífico, pela direção de arte e,
principalmente, pela fotografia. "Amélie" é uma obra de arte em último sentido,
causando prazer estético pelo maravilhamento de causa. É daqueles filmes que se ama -
inclusive chega a ser cultuado - ou se odeia, mas não há quem fique indiferente diante
dele.

O diretor Jean-Pierre Jeunet atingiu o ápice de carreira neste filme (até que prove o
contrário!); preparou-se para ele em "Delicatessen" e o imitou em "Eterno Amor";
"Alien, A Ressurreição" é um corpo estranho...
É difícil saber se "Amélie" um dia se tornará um clássico do cinema, ainda mais em
nossa época, quando tudo é tão efêmero que já nasce ultrapassado, mas, certamente, é
uma obra-prima de beleza e encantamento.

Resenha Crítica sobre o filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”


por Renata Cássia

Simples, ingênuo e engraçado. O novo filme do cineasta francês Jean-Pierre Jeunet já


levou mais de sete milhões de franceses ao cinema e está tendo uma carreira gloriosa
fora da Europa. Além de faturar vários prêmios nos Estados Unidos (Melhor Filme
estrangeiro pela Broadcast Films Critics Association e pela Online Films Critics
Association), chega ao Oscar 2002 cotadíssimo, mesmo tendo sido preterido no Globo
de Ouro por "Terra de Ninguém".

Mas do que se trata esse filme com nome de menina e sorrisos na tela? O "Fabuloso
Destino de Amélie Poulain" ("Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain" - FRA 2001) fala
das coisas simples da vida. As neuras de uma família. Os sonhos de uma garota que
nunca teve amigos. A busca do amor. Dizem que o quanto mais simples algo é, mais
difícil é de se conseguir, certo? Errado, e Amélie está aqui para provar isso. 

Fechada em seu mundo interior, Amélie vê tudo no mais cor de rosa e, impulsionada
por uma descoberta em seu próprio banheiro, decide ajudar o mundo. Durante sua
caminhada, ela aprende a ajudar a  si mesma. 

O filme tem passagens ótimas logo de cara. Jean-Pierre Jeunet mostra o gosto de cada
personagem da família Poulain. A mãe de Amélie, por exemplo, acha o suprasumo da
diversão encerar o piso com suas pantufas (as donas de casa de plantão enxergarão um
certo exagero aí). Mas no decorrer das cenas, o cineasta mescla humor com ternura. O
resultado é que o espectador fica tocado pela inocência de Amélie e se pergunta: será
que ainda existem pessoas boas? Pessoas capazes de dar a mão a um ceguinho e ajudá-
lo a atravessar a rua? 

E mais: pessoas que descrevem um simples trajeto para alguém que não pode ver?
Coisas tão fáceis e ao mesmo tempo tão difíceis de fazer. Amélie anda de metrô e,
acredite, dá de livre e espontânea vontade moedas aos mendigos (ótima a passagem em
que um deles se recusa a aceitar o dinheiro alegando que não trabalha aos domingos!) 

No mundo moderno, onde todos estão tão preocupados consigo mesmo, tão
mergulhados no trabalho, nas contas e no seu mundinho individualizado, Amélie
Poulain surge como uma fada madrinha. Poderia ser um conto de fadas, com elfos e
anões, como a superprodução "O Senhor dos Anéis". Mas não é. Amélie não precisa de
varinha mágica para mudar o mundo. Tudo o que ela faz é prestar atenção no próximo e
tocá-lo de alguma maneira. E isso vale, e muito. 
A "Academia Européia de Cinema" entregou o prêmio Felix de melhor filme europeu
para "Amélie Poulain". Jean-Pierre Jeunet concorreu com produções de peso como "Os
Outros" e "O Quarto do Filho". Jeunet recebeu ainda o prêmio de melhor diretor e o
prêmio de melhor filme segundo o público. 

"Amélie Poulain" é adorável, doce, comovente e universal. É simples, ingênuo e


engraçado. Se o mundo for realmente perfeito, o Oscar 2002 de filme estrangeiro já tem
dono.

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