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Pesquisa investiga qualidade de águas

minerais vendidas no Pará


Enviada em 6 de julho de 2010 – Imprimir esta matéria – Enviar para um amigo

De acordo com o Ministério Público, novas


irregularidades foram encontradas em outras marcas de águas vendidas no
Pará
Do Jornal Beira do Rio/UFPA
Segundo os especialistas, cerca de 70% do corpo humano é formado por água. Ela é
essencial para o transporte de alimentos, de oxigênio e de sais minerais, além de
estar presente em todas as secreções (como o suor e a lágrima), no plasma
sanguíneo, nas articulações, nos sistemas respiratório, digestivo e nervoso, na urina
e na pele. Por isso é recomendado que um ser humano adulto tome, em média, dois
litros e meio de água por dia. Para suprir a sua necessidade diária e por não confiar
na qualidade da água do abastecimento público, boa parte da população recorre à
água mineral. Mas o que é uma água mineral? Qual a diferença desse tipo de água
para águas comuns, provindas de lençóis freáticos? Será que o que nos é vendido
realmente atende aos padrões mínimos para ser considerado água mineral?
Responder a esses questionamentos é o objetivo da Pesquisa “As Águas Minerais na
Região Metropolitana de Belém: diagnósticos e proposições técnicas e sociais”.
O Projeto, coordenado pelo professor Milton Matta, do Instituto de Geociências, foi
motivado a partir de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no qual o aluno
Desaix Paulo Balieiro Silva propôs-se a coletar amostras de águas nas fontes de
quatro das principais empresas de água mineral de Belém: Belágua, Nossa Água,
Mar Doce e Indaiá, e compará-las com amostras de água tirada de garrafas comuns
das mesmas marcas, compradas em supermercados, porque, assim, seria possível
verificar como os processos físico-químicos se modificam depois da retirada da
água, do envasamento e da venda. Para a surpresa dos pesquisadores, foi
constatado que nenhuma das águas poderia ser classificada como “água mineral”,
mas como uma “água potável de mesa”.
Na época da defesa do TCC, em 2005, o professor Milton Matta foi intimado a
prestar depoimento no Ministério Público, acerca desse problema. O Ministério
Público emitiu uma notificação dando prazo de 20 dias para que as empresas
relacionadas se pronunciassem e tomou providências após ouvir as partes
interessadas. Agora, o Ministério Público Federal, no Pará, formalizou o pedido de
mudança nos rótulos das garrafas de água potável que estão sendo vendidas como
água mineral no Estado. De acordo com o procurador federal Bruno Araújo Soares
Valente, a fraude foi descoberta a partir do estudo realizado na Universidade
Federal do Pará (UFPA).
Ministério Público comprova irregularidades
De acordo com o Ministério Público, novas irregularidades foram encontradas em
outras marcas de águas vendidas no Pará. De acordo com o Código das Águas
Minerais, aprovado no ano de 1945, “para que seja considerada água mineral, ela
precisa ter determinadas substâncias, em determinada quantidade, que possuam
uma ação terapêutica comprovada. Isso não é constatado nessas águas”, disse
Desaix Silva.
Por isso, baseado nessa pesquisa, o professor Milton Matta elaborou um projeto que
visa estudar oito grandes marcas de água da Região Metropolitana de Belém, sobre
diversos aspectos, tanto geológicos quanto sob o ponto de vista da engenharia
sanitária, a fim de atestar vários fatores que podem estar interferindo na qualidade
da água vendida como mineral.
Mas qual a diferença entre uma “água mineral” e uma “água potável de mesa”?
Segundo o Artigo 1° do “Código de Águas Minerais” do Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), as “águas minerais são aquelas provenientes de fontes
naturais ou de fontes artificialmente captadas, que possuam composição química
ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com
características que lhes confiram uma ação medicamentosa”. Já o Artigo 3° do
Código diz que águas potáveis de mesa são as águas de composição normal,
provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas, que
preencham tão somente as condições de potabilidade para a região. Dentro desses
parâmetros, as águas coletadas eram “águas potáveis de mesa”.
Essa similaridade foi facilmente identificada, pois o professor Milton Matta já tinha
estudos com as águas de Belém e os resultados foram os mesmos. “Em minha tese
de doutorado, em 2002, estudei as águas subterrâneas da região de Belém e de
Ananindeua, e conheço-as muito bem. Então, as águas ditas minerais, das quatro
marcas analisadas, apresentam, exatamente, a mesma composição que águas
subterrâneas comuns de Belém. Nenhuma delas era diferente”, afirma o professor.
Potável ou mineral?
Mas qual a desvantagem de classificar o seu produto como água potável de mesa e
não como água mineral? É o mercado e o apelo comercial. O professor Milton Matta
comenta que as empresas preferem classificar as águas como minerais para trazer
maior credibilidade e apelo comercial ao seu produto. Mas isso não é razoável,
porque as pessoas, de uma maneira geral, não tomam água mineral por causa da
mineralização, mas pela sua potabilidade.
Um fator que deve ser levado em conta para a classificação da água como mineral é
a ação medicamentosa que essa água proporciona. E nenhuma das águas analisadas
apresentava qualquer tipo de ação dessa natureza. Segundo Milton Matta, não
existe nenhum problema no processo de extração, envasamento e comercialização
da água, pelo menos em uma das fábricas que deu acesso aos estudantes. “Eu vi o
trabalho que eles fazem lá, desde a captação até o engarrafamento. Não há
nenhum problema com eles.”
O Projeto tem duração de 12 meses, e a proposta é que ele seja feito durante um
ciclo hidrológico completo, com coletas de água tanto durante as estações secas,
quanto durante as estações chuvosas. Para desenvolver a pesquisa, foram
elaborados dez planos de trabalho, que serão executados por dez alunos, cinco de
Geologia e cinco de Engenharia Sanitária. Cada aluno será orientado por um dos
sete professores envolvidos no Projeto, entre eles, o próprio Milton Matta.
Assim, será possível apresentar um resultado mais abalizado com relação à
qualidade das águas minerais vendidas em Belém, levando em consideração
diversos parâmetros, como pH, salinidade, condutibilidade hidráulica, sódio total
dissolvido, transparência, turbidez, dureza, oxigênio dissolvido, temperatura,
nitrogênio, cloretos, ferro, oxigênio consumido e coliformes, critérios importantes
para a comercialização e a garantia de qualidade. Dessa forma, também é possível
reafirmar se as águas são realmente minerais ou não.
O Projeto das águas minerais conta com a parceria do governo do Estado do Pará,
do Conselho Regional de Engenharia (CREA-PA), do Departamento Nacional de
Produção Mineral, do Ministério Público, da Agência Brasileira de Água Mineral, do
Congresso de Interação da Sociosfera da Amazônia, além da parceria das próprias
empresas de água mineral. Dessa maneira, todos sairão ganhando: as empresas,
pois ficaria comprovada a qualidade das águas comercializadas; a sociedade, que
obtém informações sobre a qualidade das águas que consome e a comunidade
científica, que realiza pesquisas importantes na área.
O perigo da água ácida
Outro aspecto que tem interessado o professor Milton Matta é em relação ao pH das
águas minerais vendidas em Belém. Para o professor, esse é um problema
importante. “Se você pegar qualquer garrafinha de água mineral, o pH varia de 3,6
a 4,2. Ora, isso é ácido. O pH tinha que ser entre 6.5 e 8.5, segundo a legislação
vigente”. O pesquisador conta que, a longo prazo, o consumo frequente de uma
água com característica tão ácida pode causar diversos males, como gastrite,
úlcera, câncer estomacal. De acordo com o professor, essa não é uma característica
somente das águas minerais, isso acontece com todas as águas da Amazônia. De
uma maneira geral, as águas da região são ácidas, quer sejam de poços, de rios,
quer sejam minerais. Um outro projeto que está sendo elaborado pela Faculdade de
Geologia, em parceria com a área de Medicina, estudará, exatamente, os casos de
doenças causadas pelas águas ácidas da Amazônia, entre outras doenças de
veiculação hídrica.x
Xx
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(0,36 segundos)

Resultados da pesquisa
Diário do Pará - Pará | Água mineral tem alto nível de acidez no Pará
13 maio 2010 ... é lindo assistir as reportagens vinculadas nos teles jornais a
respeito das ...É normal que água mineral ou de água mesa ter característica ácida,
ou seja, pH menor que 7. " ... Vídeo: tropa de choque acaba com protesto
em Belém ... UFPA: curso de diversidade cultural à distância. 20/09 - 14h20 ...
www.diariodopara.com.br/N-89962-
AGUA+MINERAL+TEM+ALTO+NIVEL+DE+ACIDEZ.html- Em cache
Diário do Pará - Pará | Águas subterrâneas são mais viáveis para o ...
22 mar. 2010 ... É ideal para o abastecimento de Belém”,
argumenta. ... da UFPA, indicam que existem reservas subterrâneas de água de
mais de 10,68 bilhões de ... Água Mineral: Pesquisa revela que a água
mineral comercializada em Belém é ...
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