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Excertos da intervenção de Severn Susuki, em representação da ECO (Environmental Children’s Organization) durante a cimeira da Terra da ONU. Rio de Janeiro (Brasil), Junho de 1992
Viajei cinco mil milhas para vos dizer adul- Hoje tenho medo de apanhar sol por causa Vocês ensinam-nos a sermos comportados no
Arquitectura e ambiente
amigos para sempre
No início dos
anos 90, o mun-
Nuno Martins
do despertou anos 60 e da grande crise petrolífera de rigos do aquecimento global e das alte-
Arquitecto e docente 1974, a Organização para as Nações Uni- rações climáticas. Na origem destes fe-
no Mestrado Integrado para os perigos das (ONU) nomeou, no início dos 80, uma nómenos estaria um aumento jamais ex-
de Arquitectura na Escola comissão de peritos para debater a degra- perienciado das concentrações de gases
Superior Artística do Porto
do aquecimento dação do meio ambiente e os problemas de efeito de estufa (GEE’s) na atmosfera,
sociais inerentes ao desenvolvimento. Em em particular do dióxido de carbono
“Tu não tens de prever o futuro, mas sim de o permitir”
global e das alte- 1987, as conclusões são publicadas sob o (CO2), um resíduo tóxico da queima de
Antoine de Saint-Exupéry rações climáti- título NOSSO FUTURO COMUM, um combustíveis fósseis - como o carvão, o
omeçamos por definir a construção sustentável. Em documento que aponta para a incompa- petróleo, e o gás natural. Também as
PEGADA ECOLÓGICA
se do ciclo de de obra local. Não surpreende, portanto, tificação LiderA), a par da escola de arqui-
que a par de sistemas tecnológicos con- tectura da Faculdade de Arquitectura de
vida dos edifí- temporâneos se venha assistindo a um Lisboa (oferece Estudos Avançados em
crescente interesse por recuperar siste- Arquitectura Bio-Climática), é patente a
cios e, nessa mas tradicionais, como por exemplo, a aproximação científica ao tema da cons-
construção em terra e em madeira. trução sustentável. Na área da formação
lógica, aten- profissional, referência para a oferta for-
As razões imperativas para mativa proporcionada pela Ordem dos
dendo à cha- o projecto verde - o preço ambiental Arquitectos Portugueses, nomeadamen-
mada energia te pela secção Norte, com o recém-con-
Pode assim dizer-se que a arquitectura ou cluído ciclo de formação 3R, e a oferta per-
incorporada construção sustentável tem como objec- manente da ARQCOOP, uma cooperati-
tivo uma redução geral dos custos de edi- va de arquitectos que ministra cursos so-
dos materiais - ficação - em particular no que refere bre Arquitectura Ecológica e Eco-Urbanis-
aos custos ambientais, onde se contabi- mo em Lisboa e Coimbra.
resultante da lizam os referidos impactos ambientais
adversos, dando origem a um novo con- As instituições públicas
Fonte: http: // www. Ecodebate .com .br/ 2008 /11 /05 /a- pe- soma da ener- ceito, o de preço ambiental. Trata-se de e as organizações ambientais
gada-ecologica-brasileira-entrevista-especial com lucas-goncalves- fazer edifícios mais confortáveis, mais
pereira
gia relativa à saudáveis e mais amigos do ambiente. A esta aposta, devem somar-se os esforços de
Complementarmente, recomenda-se o visionamento do ví- extracção das No quadro do desenvolvimento susten- divulgação e de oferta de formação de en-
deo “A História das Coisas”, no qual a bióloga america- tável, torna-se imperativo reforçar a cons- tidades de origem governamentais, como
na Annie Leonard explica a economia dos materiais e matérias-pri- ciência ambiental de cada cidadão mas a ADENE (Associação para a Energia) e
revela quem está custeando as nossas compras baratas também aclarar a responsabilidade so- não governamentais, como a QUERCUS.
(http: //www .youtube .com /watch?v =3c88 _Z0FF4k&fea- mas, seu pos- cial do arquitecto, dos engenheiros e dos É também visível um grande esforço edi-
ture=related). Pode também visitar o site http: //www construtores e fornecedores no proces- torial que tem permitido a importação de
.storyofstuff .com /anniesbio.html terior proces- so de produção de edifícios. obras fundamentais da literatura interna-
cional sobre a construção sustentável, bem
As cidades e os edifícios como fontes de poluição samento, ma- O desafio da sustentabilidade como a publicação de investigação produ-
a formação especializada e o mercado zida em Portugal, a partir das universida-
Oitenta por cento da população europeia vive em cidades e
nuseamento, des e de institutos públicos como LNEC
passa 90 por cento do tempo no interior de edifícios, sen- transforma- Inevitavelmente, algumas interrogações se ou o INETI.
do estes responsáveis por mais de um 1/3 das emissões levantam. Quanto custa construir com
de gases de efeitos de estufa libertados para a atmosfe- ção, transporte tecnologias sustentáveis, novas ou anti- O sector das energias, as empresas,
ra (os outros dois terços são enviados pelas industrias gas? Qual o preço adicional em relação os técnicos e a construção
e pelos transportes, sobretudo o automóvel privado). Ao e aplicação. à construção convencional a que nos
longo do ciclo de vida de um edifício, o consumo ener- fomos habituando nas últimas décadas? Existem hoje em Portugal um número alar-
gético que lhe está associado pode dividir-se, actualmen- Existem projectistas e empresas prepa- gado e crescente de técnicos habilita-
te, em 85 por cento para o seu funcionamento e 15 por rados para dar resposta às exigências dos a produzir um diagnóstico de neces-
cento para a sua construção. Esta discrepância, para o de uma arquitectura amiga do ambien- sidades para edifícios a reabilitar, bem
futuro, tende a diminuir ou inverter-se, à medida que os te? Está facilitado o acesso aos mate- como apresentar estratégias de interven-
edifícios vejam aumentada a sua autonomia energéti- riais ditos ecológicos, que permitam me- ção e recomendações de projecto ao ní-
ca, o que tem vindo a conseguir-se graças à introdução lhoramento simples e eficazes? vel da arquitectura e das soluções cons-
de sistemas solares (térmicos e fotovoltaicos) e de outras trutivas, tanto para edifícios existentes
energias renováveis (eólica, biomassa, geotérmica), bem As universidades como a criar de raiz. Os critérios a apli-
como através de sistemas de reutilização e reciclagem car serão os consumos de energia, a aná-
de águas (pluviais e domésticas). Particularmente nos últimos cinco/oito anos, lise do ciclo de vida dos materiais, o uso
algumas escolas de engenharia e de ar- da água e a gestão dos resíduos.
Os novos critérios: análise do ciclo quitectura vêm apostando na investiga- No mercado da construção, multiplicam-se
de vida e energia incorporada ção científica e numa formação especiali- as empresas que apresentam soluções
zada ao nível do projecto, atendendo, de produtos “ecológicos” ou “verdes”, pro-
Construir de forma sustentável implica projectar a partir da em primeira instância, ao desenho verde dutos que devem ter certificação de qua-
análise do ciclo de vida dos edifícios e, nessa lógica, aten- da arquitectura - que dá relevância aos fac- lidade. Através da Internet conseguimos
dendo à chamada energia incorporada dos materiais - tores ambientais, sociais e ecológicos - e facilmente localizar estas empresas, bem
resultante da soma da energia relativa à extracção das ao desenho solar passivo, o qual privilegia como aquelas que oferecem soluções de
matérias-primas, seu posterior processamento, manu- a eficiência bio-climática dos edifícios. energias alternativas e controle inteligen-
seamento, transformação, transporte e aplicação. Aproveitando a reformulação curricular sus- te para aquecimento/arrefecimento e
A escolha de materiais e processos construtivos com baixa citada pela adaptação ao modelo de Bolo- bom funcionamento das nossas casas.
energia incorporada (o tijolo cerâmico, por exemplo, é nha, algumas escolas de engenharia e ar- Igualmente encontramos empresas que ins-
fabricado em fornos a altas temperaturas, obrigando a quitectura vem revelando uma especial talam sistemas de aproveitamento de
gastos energéticos e produzindo elevado número de atenção com respeito ao tema ambiental, águas pluviais e residuais, bem como ou-
emissões) e com longa durabilidade (o que permitirá propondo novas disciplinas. Destaca-se o tras que aplicam sistemas de isolamen-
amortizar durante mais anos os custos associados) e mestrado integrado de Arquitectura da to e insonorização e caixilharias mais eco-
ponderando ainda a quantidade de água incorporada no Escola Superior Artística do Porto (ESAP), eficientes, ou seja, constituídas por ma-
seu processamento e fabrico (alguns materiais como o com uma aposta do 1.º ao 5.º ano, incluin- teriais e soluções que aumentam o
betão, o aço e o alumínio consomem grandes quantida- do unidades curriculares como: Sistemas conforto térmico, acústico e visual, miti-
des) deve estar, portanto, no centro das preocupações Ambientais e Sustentabilidade, Economia gando os impactos ambientais.
com os impactes ambientais adversos e com o esgota- de Recursos, Conforto Ambiental I e II, Também na Internet existem diversos por-
mento dos recursos (fósseis e água). Princípios e Práticas para uma Arquitec- tais ligados a associações de defesa do
Por outro lado, somando-se aos efeitos negativos do trans- tura Sustentável e Eco-Urbansimo e De- ambiente, que nos informam e encami-
porte dos materiais provenientes de longas distâncias senho de Espaços Exteriores. Nas escolas nham para soluções sustentáveis ino-
Em Portugal,
06 vadoras e de fácil acesso.
tem-se cons-
truir sustentável é indiscutivelmente mais uma maior reutilização de muitos dos
truído sem económico. objectos do quotidiano. Por fim a recicla-
O panorama nacional qualidade. Ca- gem, transformando os materiais inú-
da arquitectura sustentável Custos económicos e períodos teis em novos produtos ou matérias-pri-
sas com 10, de retorno dos investimentos mas, de forma a diminuir a quantidade
De Norte a Sul do país, tanto à escala urbana, como da rea- de resíduos, poupar energia e recursos
bilitação ou construção de edifícios, registamos experiên- 15, 20, 25 Tudo começa por uma boa localização e uma naturais valiosos.
cias tidas como boas práticas. Loteamentos como a in- boa orientação solar. A seguir passa-se ao Na construção, podemos optar por materiais
ternacionalmente premiada Urbanização Ponte da Pe- anos, que desenho da forma arquitectónica e ao tra- não compósitos (que mesclam vários ma-
dra, em Leça da Palmeira, do arquitecto Carlos Coelho, tamento do invólucro e desenho/distri- teriais num só) e sistemas “mais limpos”,
um bairro social (!) que adoptou medidas de gestão da constituem buição das aberturas (portas e janelas e “mais secos”, de produção estandardiza-
energia, da água e dos resíduos; edifício de habitação co- clarabóias). Boas opções neste campo po- da- -modulada, que se acoplem por mé-
lectiva, como o projectado pela arquitecta Lívia Tirone
parte significa- dem significar ganhos solares, protecção todo mecânicos que facilitem a sua futu-
no Parque das Nações, em Lisboa; casas em madeira pro- tiva do nosso ao sol e aos ventos, melhor ventilação e ra desmontagem e separação por tipo.
veniente de florestas sustentáveis, projectadas pelo ar- iluminação naturais, sem acréscimo de Este tipo de materiais deverão produzir
quitecto Jorge Lira no Norte; construções em terra da parque habita- custos. Trata-se de aproveitar a nosso menos lixo e apresentar um grande po-
Marca de Terra, no Algarve; construções em estruturas favor o que de melhor tem o nosso cli- tencial de reutilização ou reciclagem no
leves de aço (sistema baseado em estruturas aparafusa- cional, apre- ma: o Sol, o relevo com pendentes soa- final de vida.
das em aço galvanizado e panos verticais e horizontais lheiras, sobretudo a Sul, a presença ame- Um projecto de uma casa ou de um bairro
constituídos por painéis de fibras de madeira, lã de ro- sentam patolo- nizadora das massas de água dos rios e pode ainda contemplar, com custos ra-
cha e gesso cartonado) da Gastedi em Aveiro. dos mares, e os ventos moderados. A zoáveis, a separação de lixos orgânico e
gias, níveis de adopção de medidas que reforçam o iso- o seu reaproveitamento para composta-
O sistema LSF - baixa energia incorporada, reduzidas emis- lamento, a opção por materiais ecologi- gem, bem como, se houver área suficien-
sões e produção de lixo elevado potencial de recicla-
degradação e camente menos impactantes e a intro- te, incluir um sistema natural de depu-
gem de desconforto dução de sistemas de energia solar tér- ração de águas residuais.
mica e de medidas optimizadoras dos
que obrigam a consumos energéticos e de água, podem
representar, feitas as contas finais, um
elevados gas- acréscimo de 5, 10, 15 por cento, no má-
ximo. Ou seja, estamos numa ordem de
tos mensais valores que se podem gerir no projecto.
Se for necessário, poupa-se em outras
com energia, áreas menos importantes para o confor-
to. O projecto sustentável, pela sua natu-
com água e reza, tende a ser mais económico, pois
com frequen- tem na sua génese racionalizar, maximi-
zar ganhos passivos e minimizar perdas.
tes obras de Seja como for, com excepção dos micro-
geradores (fotovoltaicos, geotérmicos e
manutenção. eólicos), tratam-se de investimentos que
apresentam um período de retorno de
três a cinco anos (os outros, seis a 12
anos). Ou seja, gastamos o mesmo, ou
um pouco mais, que recuperamos ra- ■ A educação ambiental deve começar em casa e a
pidamente ganhando dinheiro a partir simples separação doméstica do lixo possui um in-
daí, e, não menos importante, estamos discutível valor pedagógico para as nossas crianças.
a contribuir para salvar o planeta! Existem no mercado caixotes de lixo próprios. Faça
da ida ao ecoponto um hábito e um motivo de or-
Custo aproximado de um sistema solar tér- gulho para toda a família.
mico para uma habitação com quatro
membros: 2.500 a 3.000 euros. Período As directivas europeias
de retorno: 3-5 anos e a legislação nacional
Custo aproximado de um sistema solar fo-
tovoltaico para uma habitação com Os patamares de qualidade dos nosso edifí-
quatro membros: 18 a 21.000 euros. cios têm recebido um forte impulso a
Período de retorno: 6-8 anos partir do quadro normativo que incide
O mau hábito de construir mal Custo aproximado de um sistema de ener- sobre o licenciamento de obras. A partir
gia geotérmica para uma habitação com da transposição de directivas comunitá-
As experiências atrás focadas reforçam a convicção de que a quatro membros: 24.000 a 30.000 euros. rias, actualizaram-se os regulamentos de
construção com preocupações ambientais não tem de Período de retorno: 10-12 anos sistemas de climatização e de comporta-
ser mais cara, nem mais barata, do que a que não reve- Custo aproximado de um sistema de micro- mento térmico e da qualidade do ar - os
la estas preocupações. Em Portugal, tem-se construído geração eólica para uma habitação com novos RCCE e RSECE -, impondo-se pa-
sem qualidade. Casas com 10, 15, 20, 25 anos, que cons- quatro membros: 14 a 16.000. Período râmetros mais adequados e exigentes pa-
tituem parte significativa do nosso parque habitacional, de retorno: 4-5 anos ra o dimensionamento das instalações
apresentam patologias, níveis de degradação e de des- Fonte: empresas da especialidade de climatização, para os isolamentos tér-
conforto que obrigam a elevados gastos mensais com micos, para a ventilação e iluminação na-
energia, com água e com frequentes obras de manuten- A política dos 3R’s - como praticá-la turais. Com o novo pacote legislativo de
ção. Sem surpresa, são casas extremamente poluidoras, em casa e no dia a dia 2006, chegou também a obrigatorieda-
devido à queima de gás e lenha. São também geradoras de de certificação energética e da quali-
de enormes quantidades de resíduos não reutilizáveis e Reduzir, Reutilizar e Reciclar os resíduos são dade do ar interior. Em termos de comu-
não recicláveis na sua construção e no seu fim de vida. as palavras de ordem e por esta sequên- nicação para o público, esta certificação
Apresentam substâncias tóxicas diversas, como formal- cia de importância. O primeiro passo é, assemelha-se à que já se fazia voluntaria-
deído, que aparece nas madeiras coladas ou compos- portanto, reduzir os resíduos produzi- mente para muitos dos nossos electro-
tos orgânicos voláteis (COV) libertados pelas tintas, dos. A produção de produtos com uma domésticos. A partir de 2009, poderemos
vernizes e diluentes. Ora bem, um edifício sustentável maior longevidade e durabilidade é con- valorizar e comparar as casas e aparta-
tem de ser capaz de contornar todos estes problemas, dição importante para a redução. Outra mentos pela sua categoria energética (de
ao menor custo possível. A médio e longo prazo, cons- meta importante é a de contribuir para A a H).
Uma constru-
Sistemas internacionais
ção sustentá- 07
e nacionais de certificação ambiental
vel ou biocli-
mática respon-
A par deste sistema obrigatório, têm vindo a ser introduzi-
dos em Portugal sistemas de certificação ambiental de de de forma
edifícios, que têm em conta um leque de parâmetros
muito mais vasto que a da certificação energética, esten- muito particu-
dendo-se, desde logo, aos impactos ambientais. Adapta-
do de sistema internacionais o sistema português Li- lar às condi-
dera, assenta no conceito de reposicionar o ambiente na
construção, na perspectiva da sustentabilidade.
ções do terre-
Recorrendo à consultoria de técnicos habilitados e adoptan- no, ao movi-
do a certificação portuguesa do LiderA ou outras estran- Pautas para uma te a sua massa (coberturas, floreiras,
geiras, mais consolidadas, como o americano LEED ou mento aparen- arquitectura sustentável: paredes). Favorecer a construção com
o inglês BREEAM, ou o internacional SBTool, os pro- paredes auto-portantes em edifícios
jectistas, consultores, promotores e construtores passam te do sol, às 1. Adoptar normativas urbanísticas com de pouca altura
a ter ao seu dispor uma ferramenta de trabalho que per- o objectivo de alcançar uma constru- 7. Favorecer a recuperação, reutilização e
mite assegurar ao consumidor final um nível de quali- correntes de ção sustentável (forma dos edifícios, reciclagem de materiais de constru-
dade construtiva assente no superior desempenho distância de sombreamento, orienta- ção utilizados
ambiental. ar, fazendo re- ção dos edifícios, dispositivos de ges- 8. Favorecer a pré-fabricação e a industria-
tão de resíduos, etc) lização dos diversos componentes
flectir estes as- 2. Aumentar o isolamento dos edifícios, do edifício
pectos na or- permitindo ao mesmo tempo, a sua 9. Reduzir ao máximo os resíduos gera-
“transpirabilidade”. Estabelecer venti- dos na construção do edifício
ganização e lação cruzada em todos os edifícios e
a possibilidade dos utentes poderem Integração das fontes
distribuição abrir qualquer janela de forma manual de energia alternativa
3. Orientação Sul dos edifícios, de modo
espacial, na a que a maioria dos compartimentos 1. Favorecer a utilização de colectores
com necessidades energéticas estejam solares térmicos para aquecimento das
abertura e orientados a Sul, ao passo que as divi- águas sanitárias
sões de serviço podem ficar orientadas 2. Estimular a utilização de biomassa, so-
orientação dos a Norte bretudo de resíduos, paletes de serra-
vãos. Dispen- 4. Dispor de uma orientação aproxima- dura e outros bio-combustíveis
da dos envidraçados em torno dos 60 3.Integrar os colectores de forma adequa-
sando a insta- por cento para Sul, 20 por cento para da, com o objectivo de reduzir a eficá-
Oeste, dez por cento para Norte e cia dos mesmos
lação de siste- dez por cento para Este 4. Favorecer a integração e complemen-
5. Dispor de protecções solares para Este taridade de diferentes energias: solar-
mas mecâni- e para Oeste, de modo que só entre luz eléctrica
indirecta, e para Sul, de modo a que 6. Favorecer a utilização de energia solar
cos de climati- no Verão não entrem raios solares por meio de um correcto desenho bio-
O sistema de certificação ambiental LiderA dispõe de três no interior dos edifícios, enquanto que climático do edifício, sem necessida-
níveis (estratégico, projecto e gestão do ciclo de vida), ten-
zação, procura no Inverno sim possam fazê-lo de de utilização de colectores solares
do em vista permitir o acompanhamento nas diferen- tirar partido 6. Aumentar a inércia térmica dos edifí- mecânicos
tes fases de desenvolvimento do ciclo de vida do em- cios, aumentando consideravelmen-
preendimento. Ou seja, é possível certificar o projecto dos elementos
em cada uma das suas fases, bem como, separadamen-
Bibliografia
te, a construção da urbanização, de cada edifício e, in- arquitectóni- O clima está nas nossas mãos -
dividualmente, de cada fracção. Os domínios avaliados História do aquecimento global, Tim
são local e integração, recursos, cargas ambientais, cos de sempre, Flannery, Estrela Polar, Lisboa 2006
delo português a partir de modelos internacionais, gere dimento ener- Novos Edifícios - Um Impacte Am-
a atribuição da classificação, de A++, classificação má- biental Adverso, Pedro Bento, Par-
que Expo 98, Lisboa 2003
xima, até G. Em Portugal, diversos edifícios têm já esta gético. Assim,
certificação, nomeadamente, a Torre Verde do Parque Tecnologias Construtivas para a
das Nações e a Urbanização Cooperativa Ponte da Pedra o conforto é Sustentabilidade, Ricardo Mateus e
Luís Bragança, Edições Ecopy, Porto
em Leça do Balio. 2006
conseguido de
Sustainable Construction: Green
Para concluir, uma ou duas ideias. A primeira, é de que uma
construção sustentável ou bioclimática responde de for- forma natural. Building Design and Delivery, Char-
les Kilbert, John Willey&Sons, Inc,
ma muito particular às condições do terreno, ao movi- New Jersey, 2008
mento aparente do sol, às correntes de ar, fazendo reflec- Arquitectura y Clima, Vitor Olgyay,
tir estes aspectos na organização e distribuição espacial, Gustavo Gili, Barcelona, 1979
na abertura e orientação dos vãos. Dispensando a insta-
Reabilitação de edifícios antigos -
lação de sistemas mecânicos de climatização, procura patologias e tecnologias de inter-
tirar partido dos elementos arquitectónicos de sempre, venção, João Appleton, Edições
para alcançar um maior rendimento energético. Assim, Orion, Amadora, 2003
boa, 2007
EM SEGUIDA APRESENTAM-SE DOIS EXEMPLOS DE PRÁTICAS DE CONSTRUÇÃO E PROJECTO
08 SUSTENTÁVEL, UMA DE REABILITAÇÃO, OUTRA AO NÍVEL DO PROJECTO DE RAIZ. AMBAS SE
SITUAM EM POVOAÇÕES DA PERIFERIA DA CIDADE DE COIMBRA.
A PRIMEIRA CONSISTIU NA RECUPERAÇÃO DE UMA CASA DO SÉCULO XIX, NA POVOAÇÃO DE FORNOS, DESTINANDO-SE A TURISMO EM ESPAÇO RURAL, A SE-
GUNDA DIRIGIU-SE A UMA FAMÍLIA NÃO NUMEROSA, E IMPLANTA-SE NUMA COLINA VOLTADA A POENTE, NOS LIMITES DA ALDEIA DO AMEAL, NUMA ZONA DE
EXCELENTE ENQUAMENTO PAISAGÍSTICO. NA PRIMEIRA INTRODUZIRAM-SE AS COMODIDADES QUE SE IMPÕEM NUMA CASA ABERTA A TURISTAS; NA SEGUN-
DA, PROCUROU-SE HARMONIZAR A RELAÇÃO DA CONSTRUÇÃO COM A NATUREZA, RELEVO E CLIMA LOCAL, AO MESMO TEMPO QUE SE DAVA RESPOSTA A UM
EXIGENTE PROGRAMA FUNCIONAL.
Na casa de turismo, recuperaram- (iluminação natural e ventilação acen- Na casa unifamiliar as soluções apontam para