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C8 - O Paraná Domingo, 6/9/2009
HISTÓRIA
A Independência, sem lantejoulas
Governo imperial sempre transmitiu uma versão falsa de 1822. A República a repetiu
Cascavel - O príncipe dom
Pedro, a cavaleiro de um des-
lumbrante corcel, levantou a
espada e bradou: “Independên-
cia ou morte!” Para um filme
de ficção, uma bela imagem.
Mas nem de longe a cena cor-
responde à história e à verdade.
Na versão oficial, exibida em
fulgurante quadro de Pedro
Américo, uma imitação da
obra Batalha de Friedland, do
pintor francês Ernest Meisso-
nier. Por isso o vale do Ipiran-
ga se transformou em uma
colina. A mula de d. Pedro
vira um belo cavalo. Roupas
simples de viagem são muda-
das para trajes de gala. Os dois
mensageiros que traziam as
cartas aparecem na pintura
oficial como cerca de trinta
guerreiros militarmente uni-
formizados, montando cavalos
castanho-escuros e brancos.
A história oficial não se
narra, nem de longe, que o
príncipe estava com diarreia
e afastado por necessidade
da comitiva quando os emis-
sários chegaram. Mas a ver-
dade além dos detalhes é que
d. Pedro oficializou a inde-
O príncipe perjuro
O juramento solene do prínci-
pe d. Pedro sucumbiu à bem-su-
cedida manobra arquitetada pela
maçonaria, sem a qual a inde-
pendência ainda poderia ter de-
morado muitos anos.
O grande nome da independên-
cia, na verdade, foi o maçom Gon-
çalves Ledo, que em agosto fez,
publicamente, uma espécie de
declaração de guerra contra Por-
tugal. No dia 6 desse mesmo
mês, José Bonifácio elaborou um
documento afirmando que o Bra-
sil era um país politicamente in-
dependente, mas que continua-
va ligado a Portugal pela tradição
e pelos laços de família. D. Pe-
dro assinou esse documento.
Tudo já estava resolvido no 7
de setembro, quando se deu
formalmente a separação entre
Brasil e Portugal. As forças polí-
ticas mais avançadas, que de-
sejavam transformações, foram
caladas por um arranjo elitista.
No fim, a maçonaria, cujos se-
tores mais progressistas sonha-
vam com a República, teve que
se contentar com o Império.
O líder maçom Gonçalves Ledo
foi o grande comandante da
Operação Independência
O quadro épico da independência: pintura copiada de obra francesa
pendência do Brasil, embo-
ra nem de longe fosse esta a
sua própria vontade ou o
tenha feito por “amor ao
Brasil”. Aliás, Pedro disse
ao pai que sua “honra” era
Calendário
8 de setembro de 1984
Lançado o Núcleo de Pro-
dução Industrial de Casca-
vel, baseado nos kibutzim
israelenses.
9 de setembro de 1770
Xavier de Almeida declara
descober tos os Campos
Gerais.
9 de setembro de 1890
Intendente (prefeito) de Curi-
tiba, Vicente Machado, assi-
na contrato com a Compa-
nhia de Água e Luz do Estado
de São Paulo, para iluminar
a cidade com “uma força ilu-
minativa de onze mil velas”.
9 de setembro de 1924
Colônia Lopeí recebe posto
telefônico dotado de telégra-
fo, obra concluída sob a di-
reção de João de Almeida
Mourão, com a implantação
de postes telegráficos ao
longo de 51 quilômetros, li-
gação feita com o Porto São
Francisco.
10 de setembro de 2005
Realiza-se o I Festival de Ci-
nema de Cascavel.
“maior que todo o Brasil”.
Em 4 de outubro de 1821, o
príncipe jurou ao pai, d. João VI:
“A independência tem-se
querido cobrir comigo e com
a tropa; com nenhum conse-
11 de setembro de 1934
Nasce em São Fidélis (RJ)
José Richa, prefeito de Lon-
drina, senador e governador
do Paraná.
11 de setembro de 1960
Instalada a Diocese de Tole-
do, com a posse do bispo
dom Armando Círio.
12 de setembro de 1814
Fundação da cidade parana-
ense de Antonina.
12 de setembro de 1981
Agricultores do Oeste promo-
vem reunião de emergência
para protestar contra o empo-
brecimento da classe rural.
Vicente Machado deu o
primeiro passo para a Copel
12 de setembro de 1986
Justiça Federal determina o
fechamento da Estrada do
Colono, que em maio de 1997
seria reaberta a golpes de foice
pela população dos arredores.
Divulgação
guiu, nem conseguirá, porque serei perjuro e que eles farão
a minha honra e a dela é mai- essa loucura, mas será depois
or que todo o Brasil. Queri- de eu e de todos os portugue-
am-me e dizem que me querem ses, estarmos feitos em postas,
aclamar imperador: protesto é o que juro a V. M., à Nação
a Vossa Majestade que nunca e Constituição Portuguesa”.
Histórias do Paraná (68)
Aldino Formighieri tinha então vinte anos de idade e trazia a
missão de promover acordos com os posseiros e impedir a
ação de intrusos que invadiam as terras per tencentes à
Fundação de Colonização, em trabalho chefiado por Arman-
do Zanato, este originário de Carazinho (RS).
Teve tão bom desempenho na expulsão de intrusos que o gover-
nador Moysés Lupion o convidou para dirigir o setor de segurança
da Fundação como delegado e comandante de polícia na região.
Em outubro de 1949, a companhia Industrial e Agrícola Ben-
to Gonçalves, com Pedro Soccol e José Callegari (*), elabo-
rava um novo projeto de colonização – Medianeira – que co-
meçou a se formar com a atração de colonos sobretudo de
Bento Gonçalves e Guaporé (RS).
Já em 1950 a Pinho & Terras geraria dois novos focos de coloni-
zação, trazendo agricultores de Farroupilha para formar Céu Azul,
com Reinaldo Biazus e Emílio Gomes, e de Flores da Cunha e
Caxias do Sul para criar Matelândia, com Benjamin Biazus.
O nome Matelândia não se deve ao ciclo da er va que deu
riqueza ao Paraná. Foi uma homenagem ao colonizador Mi-
guel Emílio Matte, o empresário que tentou povoar a região
mas acabou perdendo as terras que possuía por não conse-
guir pagar o empréstimo de cem mil pesos que tomara junto
ao argentino Alfredo Giombelli.
(A seguir: Bordin recusou ser dono de Terra Roxa)
Morte para quem?
Para formalizar o reconhecimento da independência brasileira, o
governo britânico exigiu que o Brasil pagasse um débito de 2
milhões de libras que Por tugal devia à Inglaterra. Na verdade, a
independência resultou de um arranjo político que manteve a
monarquia, a escravidão e o latifúndio. A grande massa da popu-
lação, afastada do processo decisório, continuou na miséria. Daí
o historiador Mário Schmidt afirmar que o grito “Independência
ou Mor te” significava: Independência para as elites e Morte para
o povo. A independência custou ao Brasil ser dependente dos
banqueiros ingleses e de uma dívida que ainda hoje não está
solucionada. Já se aproxima de um trilhão e meio de reais.
Na internet: http://dihitt.com.br/Cascavel E-mail: naroda@ig.com.br