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Este artigo utiliza as informações geradas pela pesquisa domiciliar “Acidentes do trabalho e doenças
profissionais no Estado de São Paulo”, realizada entre fevereiro e abril de 2001, pela Fundação Seade sob
demanda da Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho –Fundacentro.
**
Analistas da Fundação Seade. Sugestões e comentário são bem vindos (pmontagn@seade.gov.br)
1
Ver, entre outros, Mendes, 1995.
2
Segundo a PNAD, em 1999 esta parcela correspondia a 64% da força de trabalho do país.
3
Ver, entre outros, Monteiro e Bertagni, 2000.
trabalho, seja porque o valor do benefício da previdência pública é o mesmo que o
salário recebido, quando o tempo de afastamento não supera quinze dias,
independentemente de se tratar de doença ou de acidente.
Por esses motivos, desenvolveu-se uma metodologia de pesquisa
domiciliar, com o objetivo de avaliar não só a ocorrência de acidentes de trabalho,
mas também a existência de medidas de proteção coletivas e individuais e da sua
efetiva utilização por parte dos empregados. Foram colhidas também informações
sobre a percepção que têm os trabalhadores dos diferentes tipos de risco
enfrentados nos locais de trabalho e se estão informados sobre esses riscos.
De modo a testar essa metodologia, que mais tarde será aplicada a outras
unidades da federação, foi realizada, entre fevereiro e abril de 2001, pesquisa com
amostra de 4.000 domicílios, representativa da Região Metropolitana de São
Paulo e municípios do interior do Estado de São Paulo com população urbana
igual ou superior a 97.000 pessoas. Segundo a PNAD 1999, nesta unidade da
federação encontrava-se pouco mais de um quinto da população brasileira e cerca
de 21% da população economicamente ativa do país. No entanto, em 1994, o
Estado era responsável por aproximadamente 60% das notificações de acidentes
e doenças do trabalho no Brasil.
A população alvo da pesquisa correspondeu aos indivíduos com pelo
menos dez anos de idade, que tiveram experiência de trabalho nos doze meses
anteriores ao período de entrevista, abrangendo cerca de 60% dos moradores dos
domicílios visitados que estavam nesta faixa etária.
Tabela 1
Estimativas e Distribuição da População Economicamente Ativa – PEA
e dos Acidentados com Experiência de Trabalho nos Últimos
Doze Meses, segundo Tipo de Acidentes
Estado de São Paulo
2001
Tipo de Acidentes Estimativas Em %
(Em pessoas)
2
População Economicamente Ativa 13.545.000 100,0
Acidentados 883.000 6,5
Acidente Tipo 790.000 5,8
Acidente de Trajeto 93.000 0,7
Tabela 3
Distribuição dos Indivíduos de 10 Anos e Mais com Experiência de Trabalho
nos Últimos 12 Meses, que Sofreram Acidente nos Últimos 12 Meses no
Trabalho Atual ou no Imediatamente Anterior, por Tipo de Acidente,
segundo Tempo de Afastamento do Trabalho
3
Estado de São Paulo
2001
Em porcentagem
Tempo de Afastamento do Trabalho Total (1) Acidente
Tipo
Total 100,0 100,0
Nenhum Dia 43,3 45,9
1 a 15 Dias 41,4 40,4
Mais de 15 Dias ... ...
Fonte: Fundação Seade – Fundacentro/ MTE;
Pesquisa de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais – PATDOP.
(1) Inclui os acidentes de trajeto.
(...) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.
Tabela 4
Distribuição dos Indivíduos de 10 Anos e Mais com Trabalho Atual,
por Condição de ter Sofrido Acidente nos Últimos 12 Meses,
segundo Horas Trabalhadas por Dia Habitualmente
Estado de São Paulo
2001
Em porcentagem
4
Horas Trabalhadas por Acidente
Dia
Total (1) Sofreu Não
Acident Sofreu
e Tipo Nenhum
Acidente
Total 100,0 100,0 100,0
Até 6 Horas 16,0 . 16,4
7 ou 8 Horas 45,0 44,3 45,1
9 Horas ou Mais 39,0 47,3 38,5
Fonte: Fundação Seade – Fundacentro/ MTE.
Pesquisa de Acidentes de Trabalho e Doença Profissionais
( 1 ) Inclui aqueles que sofreram acidentes de trajeto.
(...) a amostra não comporta a desagregação para esta categoria.
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Gráfico 1
Distribuição dos Indivíduos de 10 Anos e Mais com Trabalho Atual, por
Condição de ter Sofrido
Acidente de Trabalho nos Últimos 12 Meses, segundo Nível de Instrução
Estado de São Paulo
2001
56
48
40
32
24
16
0
T otal (1) Sofreu Acidente T ipo Não Sofreu Acidente
Medidas de segurança
Para o detalhamento apresentado a seguir sobre as condições de
segurança nos locais de trabalho, foram considerados apenas os trabalhadores
que atuam sob alguma supervisão hierárquica. Nesta situação encontram-se os
assalariados com e sem carteira assinada do setor privado, os trabalhadores
autônomos que trabalham para uma empresa e os empregados do setor público.
Estes trabalhadores perfazem cerca de 60% dos ocupados na pesquisa. Os
demais, isto é, os trabalhadores por conta própria, os trabalhadores familiares que
não são remunerados e os empregadores têm um grau de autonomia
relativamente maior em suas decisões sobre segurança, em comparação com os
trabalhadores do primeiro grupo, uma vez que tendem a ser menos pressionados
para a execução de tarefas em ritmo e ordem pré-definidos.
Indagou-se dos entrevistados se os locais de trabalho ofereciam
equipamentos de proteção coletiva (EPC), caso fossem recomendados.
Constatou-se que 80% dos trabalhadores tinham acesso a medidas e
equipamentos de proteção coletiva, quando necessários, no caso de andaimes
com proteção lateral, identificação de produtos tóxicos, sinalização de locais
perigosos e ventilação artificial (exaustor, diluidor). Portanto, pelo menos 20% dos
6
trabalhadores exercem suas atividades sem proteção, em situações em que
medidas desse tipo são recomendadas. No entanto, a cobertura cai para 56,9% no
que se refere a isolamento acústico, embora a maioria tenha referido usar EPI
para ruído (86%) (Tabela 5).
Tabela 5
Percentual de Indivíduos de 10 Anos e Mais que Atualmente Trabalham para
Empresas, segundo Necessidade e Existência de Medidas de Proteção
Coletiva
Estado de São Paulo
2001
Em porcentagem
Medidas de Proteção É Necessário (1) Existe
Coletiva (2)
4
Vale notar que, embora estejam ausentes os equipamentos de proteção de tela e de tendinite, o
consenso é que estes representam apenas paliativos para o cansaço representado pelo esforço repetitivo
causador de Ler/Dort, aconselhando-se de preferência a rotação de tarefas, a observância de intervalos
regulares de descanso e a diminuição da freqüência de movimentos repetitivos.
7
Tabela 6
Percentual de Indivíduos de 10 Anos e Mais que Atualmente Trabalham para
Empresas, segundo Recomendação, Existência e Uso de Medidas de Proteção
Individual
Estado de São Paulo
2001
Em porcentagem
Medidas de Proteção Recomendado (1) Existe (2) Usa Sempre (3)
Individual
Uniforme/Avental 20,9 87,8 93,1
Cinto de Segurança 14,7 96,8 88,8
Botas 22,9 90,7 91,5
Capacete 9,6 90,9 81,8
Óculos de Segurança 16,5 93,7 84,7
Máscara 16,9 88,0 79,9
Luvas 27,9 92,5 84,4
Protetor de Ouvido 17,5 91,3 86,0
Cadeira Ajustável 30,4 79,1 94,8
Teclado Ajustável 22,7 74,8 91,4
Tela Protetora de 21,0 63,9 90,6
Luminosidade
Protetor de Tendinite 15,9 33,2 61,0
Fonte: Fundação Seade – Fundacentro/ MTE;.
Pesquisa de Acidentes de Trabalho e Doença Profissionais - PATDOP
(1) Percentual em relação ao total de indivíduos de 10 anos e mais que atualmente trabalham para empresas.
(2) Percentual em relação ao total de indivíduos que responderam que a medida de proteção é recomendada
para o exercício do trabalho.
(3) Percentual em relação ao total de indivíduos que responderam que a medida de proteção existe na empresa.
8
Ainda no tópico de segurança, indagou-se dos entrevistados quais seriam
as melhores providências para reduzir o risco de acidentes e doenças do trabalho.
Eles indicaram treinamento (45%), maior fiscalização das condições de trabalho
(31,6%) e campanhas de esclarecimento (23,4%) (Tabela 7). Esta ordem de
prioridades se mantém, quer o trabalhador se considere bem ou mal informado
sobre os riscos que corre no trabalho. Apesar de os funcionários de empresas
entenderem o treinamento como o principal fator de segurança, menos de metade
deles (41,5%) declarou ter recebido treinamento nos procedimentos necessários.
Esse percentual é um pouco mais elevado para os homens (48,6%) do que para
as mulheres (31,2%). Isso se explica, provavelmente, pela inserção mais precária
das mulheres no mercado de trabalho.
Pouco mais da metade dos trabalhadores (55,9%) se considera
suficientemente informada sobre os riscos de acidente e doenças do trabalho.
Como era de se esperar, quanto mais escolarizado, mais bem informado o
trabalhador se considera.
Tabela 7
Distribuição dos Indivíduos de 10 Anos e Mais que Atualmente Trabalham para
Empresas, por Condição de Estar Suficientemente Informado sobre os Riscos
de
Acidentes ou Doenças do Trabalho, segundo Opinião sobre a Melhor Forma
para Evitar Acidentes ou Doenças no Exercício do Trabalho
Estado de São Paulo
2001
Em porcentagem
Melhor Forma para Está Suficientemente Informado sobre os
Evitar Acidentes ou Riscos de Acidentes ou Doenças do Trabalho
Doenças
Total Sim Não
Total 100,0 100,0 100,0
Treinamento 45,0 46,7 42,8
Maior Fiscalização das 31,6 27,6 36,5
Condições de Trabalho
Campanhas de 23,4 25,6 20,7
Esclarecimento
Fonte: Fundação Seade – Fundacentro/ MTE;. Pesquisa de Acidentes de Trabalho e Doenças
Profissionais.
Percepção de Risco
Pode-se afirmar que os trabalhadores têm uma percepção bastante clara
dos riscos existentes no desempenho de suas atividades profissionais. Os dados
obtidos mostram que 63,9% dos trabalhadores em empresas consideravam estar
expostos a algum tipo de risco no exercício de suas funções. Essa percepção era
um pouco mais elevada entre aqueles que trabalhavam na indústria e na
construção civil (66,9%) e nos serviços destinados à produção (64,9%), mas
também era alta entre os trabalhadores em atividades do agregado comércio,
serviços sociais e serviços destinados ao consumo (61,7%) (Gráfico 2).
Gráfico 2
Proporção de Indivíduos com Percepção de Risco, que Trabalham em
Empresa, segundo Setor de Atividade
Estado de São Paulo
2001
9
Indústria e Construção Civil
80,0
66,9
64,9
61,7
60,0
40,0
10
Tabela 8
Distribuição dos Indivíduos de 10 Anos e Mais que Atualmente Trabalham
para Empresas, por Tipo de Risco Percebido
Estado de São Paulo
2001
Tipos de Risco Em %
Desconforto na Posição de Trabalho 28,7
Risco de Acidente de Tráfego/Trânsito enquanto 21,2
Trabalha
Risco de Choque Elétrico 19,8
Pisos Escorregadios 17,6
Risco de Contágio de Doenças 15,0
Uso de Ferramentas ou Máquinas Perigosas 14,1
Contato com Substâncias Químicas Perigosas 13,1
Risco de Ataque por Animais ou Insetos 6,6
Fonte: Fundação Seade – Fundacentro/ MTE; Denatran/ MJ.,
Pesquisa de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais
11
em serviços destinados à produção (21,9%). Entre os empregados em comércio,
serviços sociais e serviços destinados ao consumo, 14,7% consideram a
existência de risco de choque elétrico ou fogo em seu trabalho.
Segundo o nível de instrução, tanto os analfabetos e pessoas que cursaram
o ensino fundamental incompleto, quanto os que têm ensino médio incompleto
apresentam maior risco de sofrer choque elétrico em seu trabalho, 25,8% e 21,5%,
respectivamente. Esse percentual passa a 15,4% entre os que cursaram o ensino
médio completo e superior completo ou incompleto. A explicação pode residir no
tipo de função exercida em virtude do diferencial de qualificação.
Provavelmente por causa da distribuição setorial e ocupacional desse risco,
os homens se consideram mais expostos (22,9%) do que as mulheres (15,2%). A
incidência segundo faixa etária é mais homogênea, considerando-se sob perigo de
choque elétrico ou fogo 20,4% daqueles com idades entre 25 e 44 anos, 19,1%
dos que tinham até 24 anos e 18,9% dos maiores de 45 anos.
Risco de Pisos Escorregadios
Os pisos escorregadios foram sinalizados como risco no trabalho por 17,6%
do total dos trabalhadores, afetando principalmente aqueles que trabalham no
comércio, serviços sociais e serviços destinados ao consumo (21,0%). Entre os
trabalhadores em atividades da produção essa porcentagem é de 15,4%, e na
indústria e na construção civil, de 14,1%.
Provavelmente em função da distribuição setorial dos trabalhadores, as
mulheres (19,2%) são mais atingidas que os homens (16,5%), uma vez que as
atividades comerciais e os serviços destinados ao consumo empregam grande
número de mulheres. Em relação à idade, a identificação desse risco acontece em
18,2% dos trabalhadores de 25 a 44 anos, 17% dos maiores de 45 anos e 16,6%
dos jovens até 24 anos.
Os trabalhadores analfabetos ou com ensino fundamental incompleto e os
que cursaram o fundamental completo ou médio incompleto são os que se sentem
mais ameaçados pelo risco de trabalhar em locais com pisos escorregadios
(20,1% e 17,5%, respectivamente). A partir daí o nível de instrução não parece
fazer diferença, pois a percepção desse risco entre os trabalhadores que cursaram
o ensino médio ou mais declina apenas levemente (16,1%).
Risco de Contágio por Doenças
Existe percepção de risco de contágio no exercício profissional por parte de
15,0% dos trabalhadores. Como previsto, essa percepção é mais freqüente nas
atividades de comércio, serviços sociais e destinadas ao consumo (22,0%), nas
quais estão incluídos os ramos referentes à saúde. Nos serviços destinados à
produção, esse percentual se reduz para 11,2%.
Devido à elevada presença de mulheres nos serviços de saúde, elas são as
mais afetadas, 18,7%, enquanto apenas 12,5% dos homens declaram encontrar-
se nessa situação.
Considerando a escolaridade, observa-se que os trabalhadores com curso
médio completo ou superior são mais afetados (16,9%), seguidos pelos que têm
curso fundamental completo ou médio incompleto (13,9%) e pelos analfabetos ou
que possuem curso fundamental incompleto (12,8%). Esta associação entre a
percepção do risco de contágio por doenças e o nível de instrução pode ser
entendida como resultando da exigência de maior escolaridade em vários dos
serviços de saúde.
Provavelmente o grau de instrução e de experiência requerido nos serviços
de saúde também influi na freqüência diferencial da percepção do risco segundo
os grupos etários considerados. De fato, esse risco é percebido por 17,7% dos
trabalhadores com mais de 45 anos e por 16,8% dos que têm entre 25 e 44 anos,
mas reduz-se a 9,0% entre os jovens abaixo de 25 anos.
Uso de Ferramentas ou Máquinas Perigosas
12
O risco no uso de instrumentos é assinalado por 14,1% dos trabalhadores.
O risco percebido nessa utilização atinge de forma mais expressiva aqueles que
trabalham na indústria ou na construção civil (27,1%), os que desempenham
atividades de produção (13,2%) e, de forma mais branda, os que atuam no
comércio, serviços sociais e serviços destinados ao consumo (6,8%).
A distribuição ocupacional e setorial condiciona, provavelmente, a incidência
por sexo. Dessa forma,18,9% dos homens se julgam em risco de se machucar
com ferramentas ou máquinas perigosas, enquanto entre as mulheres essa
percentagem é significativamente inferior (7,2%).
A incidência da percepção de risco no uso de ferramentas e máquinas
perigosas, concentra-se, principalmente, entre os trabalhadores menos
qualificados: 21,1% dos analfabetos ou com curso fundamental incompleto e
17,1% daqueles que cursaram o fundamental até o fim ou médio incompleto
afirmam estar sujeitos a esse risco. Esses percentuais se situam sete e três
pontos, respectivamente, acima do referente ao total dos trabalhadores expostos a
esse tipo de risco. Os trabalhadores que têm pelo menos o ensino médio
encontram-se seis pontos percentuais abaixo do total, com 8,6%.
Em relação à distribuição etária, como na maioria dos casos, os
trabalhadores de 25 a 44 anos referem este risco com mais freqüência, 15,4%,
seguidos pelos jovens de até 24 anos,13,3%, e pelos maiores de 45 anos, 11,6%.
Contato com Substâncias Químicas Perigosas
O risco representado pelo contato com substâncias químicas perigosas no
trabalho foi identificado por 13,1% dos trabalhadores. Esse percentual é de 20,3%
entre os que se dedicam a atividades na indústria e na construção civil e de
14,1%, nos serviços destinados à produção. Já entre os que trabalham no
comércio, serviços sociais e serviços destinados ao consumo, esse percentual é
mais reduzido (8,3%), conforme esperado.
Também nesse tipo de risco, a distribuição setorial parece influenciar a
percepção diferencial dos sexos, mostrando que os homens se julgam
significativamente mais expostos do que as mulheres, com 16,5% e 8,3%,
respectivamente. Conforme a expectativa, os trabalhadores que exercem
atividades na produção estão muito mais vulneráveis a esse risco (22,5%),
enquanto os que desempenham atividades burocráticas são menos afetados
(6,9%).
No tocante à idade, a percepção desse risco também esta mais concentrada
entre as pessoas de 25 a 44 anos (14,3%) e aquelas com 45 anos e mais (13,7%),
embora não seja desprezível entre os jovens até 24 anos, atingindo 10,1% destes.
Segundo nível educacional, os grupos que se declararam mais expostos
são os analfabetos ou que não concluíram o ensino fundamental (15,2%),
seguidos pelos que cursaram fundamental completo ou médio incompleto (14,1%).
Esse percentual, embora inferior aos anteriores, é também bastante expressivo
entre os trabalhadores que têm o curso médio completo ou mais anos de estudo
(11,4%).
Risco de Ataque por Animais ou Insetos
O risco de ataque por animais ou insetos foi apontado por 6,6% dos
trabalhadores. Sua incidência esta concentrada entre os homens (8,0%) e os
analfabetos ou que não concluíram o ensino fundamental (7,8%).
Entre os trabalhadores em serviços destinados à produção, 10,3%
apontaram a existência de risco de ataques por animais e insetos em seu trabalho,
e 6,4% daqueles que trabalhavam no comércio, serviços sociais e serviços
destinados ao consumo.
13
Considerações finais
14
suficientes para evitar a ocorrência de acidentes, uma vez que parcela expressiva
dos acidentados revelou sua existência no local de trabalho.
A pesquisa revelou também que cerca de dois terços dos trabalhadores
convivem diariamente com riscos de acidente e outros agravos à saúde e têm
percepção destes fatos. Não obstante a maior parte dos riscos ser encontrada no
setor industrial, os setores comercial e de serviços também apresentam riscos
crescentes, não devendo ser deixados à margem quando da definição de
programas de prevenção. Além disso, apenas 46,5% dos ocupados tinham
recebido treinamento para a realização das suas atividades e 44% declarou não
estar adequadamente informado sobre as medidas preventivas em relação a
acidentes de trabalho.
Destaque-se no entanto que, independente do grau de informação
individual, os trabalhadores acreditam que a melhor maneira de promover
segurança e saúde são, pela ordem, treinamento em práticas seguras, maior
fiscalização por parte dos órgãos governamentais e, em terceiro lugar, campanhas
de esclarecimento.
Embora a maior parte dos acidentados se incline a aceitar a falha humana
como principal causa de acidentes, o fato de quase um terço deles apontarem a
falta de treinamento ou de instrumentos de proteção como outros fatores, e mais o
fato da escolha preferencial de treinamento e maior fiscalização das condições de
trabalho, relativamente a campanhas de esclarecimento, como formas de reduzir o
risco de acidentes, indicam uma certa percepção de que essa responsabilidade
humana é no mínimo compartida com outros agentes, tais como poder público e
empresas.
Neste sentido, considerando que as decisões referentes à segurança no
trabalho são tomadas pela empresa, seria adequado ampliar o foco das
campanhas públicas de prevenção, atualmente dirigidas aos trabalhadores e aos
cuidados que estes devem ter para não se acidentarem. As campanhas deveriam
incluir em seu público alvo também os níveis superiores e gerenciais das
empresas de maior porte e os proprietários das médias e pequenas empresas, nas
quais os problemas de saúde e segurança tendem a ser menos considerados. As
estatísticas existentes relativas às perdas financeiras incorridas face a acidentes e
doenças poderiam ser utilizadas para sensibilizá-los em relação à necessidade de
ampliar seus programas de saúde e proteção do trabalhador.
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