O documento discute os principais problemas ambientais atuais, incluindo aquecimento global, desmatamento, poluição do ar e da água, e perda de biodiversidade. Também aborda a necessidade de uma nova abordagem ética e jurídica para lidar com esses problemas e conflitos, protegendo tanto os direitos humanos quanto o meio ambiente.
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Nocoes Introdutorias Sobre a Questao Ambiental-libre
O documento discute os principais problemas ambientais atuais, incluindo aquecimento global, desmatamento, poluição do ar e da água, e perda de biodiversidade. Também aborda a necessidade de uma nova abordagem ética e jurídica para lidar com esses problemas e conflitos, protegendo tanto os direitos humanos quanto o meio ambiente.
O documento discute os principais problemas ambientais atuais, incluindo aquecimento global, desmatamento, poluição do ar e da água, e perda de biodiversidade. Também aborda a necessidade de uma nova abordagem ética e jurídica para lidar com esses problemas e conflitos, protegendo tanto os direitos humanos quanto o meio ambiente.
A humanidade enfrenta atualmente graves problemas ambientais em decorrncia do modelo de globalizao econmica focado no consumismo e na industrializao; no uso depredatrio dos recursos naturais. O modelo de sociedade dominante tem ignorado a mais fundamental de todas as questes: sua prpria sustentabilidade.
Por sua vez, a crise do modelo dominante, que assola a modernidade, acaba por produzir duas rupturas bsicas: a ruptura das relaes sociais e das relaes do homem com a natureza.
a realidade! O processo civilizatrio tem-se caracterizado por ser um processo de distanciamento entre os homens e de esquecimento do homem com a natureza; com sua prpria natureza. Um modelo invertido de percepo: que separa o homem do ambiente em que vive e causa um distanciamento de sua prpria percepo como ser, humano; do real significado da vida.
A natureza, concebida como a fonte inanimada dos recursos naturais, da qual se pode tirar todo proveito para o desenvolvimento econmico, sem preocupao ou responsabilidades, com as consequncias de uma explorao insustentvel.
Os recursos naturais ali, para ser apropriados, conforme o valor que as foras de mercado, os economistas, os planejadores oficiais a eles conferiram! Conclui SHELDRAK, uma teoria mecanicista da natureza que hoje est encaixada na ortodoxia oficial do progresso econmico e que nos leva crise ambiental e social por que passamos.
1.1- tica ambiental
Entendemos que a crise socioambiental que afeta todas as dimenses do relacionamento humano resultado de uma profunda crise civilizatria ocidental, cuja raiz o desencontro do homem com sua tradio, com seus valores, com sua tica, com a viso do mundo fragmentada que objetifica a natureza.
Mas qual ser a resposta tica a tantas formas de atentado vida, natureza, s quais, aparentemente, a sociedade vai se habituando, sem dar a importncia devida? O que d ao ser humano direito a ter mais direito vida?
Se o ser humano, racionalmente, entende os fatos, sabe planejar, decidir, por que colocar em perigo a sua vida, a de outros seres; de todo o sistema planetrio? Por que causar danos irreparveis, irreversveis ao meio ambiente? Por que comprometer o futuro das geraes vindouras?
Se nos diferenciamos dos outros seres por sermos racionais, dotados de vontade livre, de capacidade para interagir em harmonia com a natureza, com o tempo e o espao, de interagir com nosso semelhante, por que no o fazemos?
Que valores passam a fundamentar a existncia do homem? Qual tica norteia seus objetivos, seus passos?
Na realidade, o ser humano apresenta um paradoxo especfico: se, por um lado, socialmente, ele tico, capaz de cuidar da natureza, potencializar sua dinmica interna, melhor-la, por outro lado capaz de feri-la, de destru-la sem qualquer responsabilidade.
Ou seja, o homem privilegia seus direitos e esquece-se de seus deveres, minimizando os sentimentos de obrigatoriedade em relao a seus pares e natureza*.
1.2 - Homem, direito e natureza
O desrespeito ao meio ambiente, vida, dignidade humana; o equilbrio do ambiente e a preocupao com a qualidade de vida do planeta, do homem e de tudo o que vive responsabilidade do Direito, em sua aplicao.
De um lado, o homem; de outro, a natureza, dissociados entre si; a natureza percebida e tratada de forma fragmentada, utilitarista; legislada e protegida em decorrncia de interesses antropocntricos, que visam apropriao dos recursos naturais em conformidade com as necessidades do mercado, da globalizao, da ordem econmica.
Na verdade, quando o Direito trata da proteo da natureza, no objetiva proteger a natureza especificamente, mas sim de proteger o homem contra si mesmo.
A natureza no um sujeito de direito. Como no tem obrigaes, tampouco possui direitos. As formas de vida apresentam um significado prprio em si mesmo.
A natureza no tem como se defender, e as alteraes impostas ao seu equilbrio natural geram consequncias, na maioria das vezes, irreversveis.
No se pode cobrar da natureza que ela seja injusta ou que degrade o homem. Por ser juridicamente incapaz, vtima indefesa de agresses, precisa de nossa permanente tutela. a tica que se baseia na responsabilidade do mais forte com o mais fraco.
Daury Csar FABRIZ, em seu livro Esttica do Direito, afirma que os fenmenos sociais contemporneos impem essa abertura ao Direito, sob pena de o mesmo no se realizar como tal, ou de no alcanar as perversas prticas sociais que hoje vm imperando, subjacentes a uma variada lgica da dominao.
Ao se proteger a natureza em suas relaes de equilbrio, no se deve pensar nesta interao apenas sob o enfoque antropocntrico. preciso buscar o justo de convivncia para todos os elementos que compem a inter-relao ecolgica para ser harmoniosa.
O homem apenas um dos elementos da cadeia que forma o repertrio ambiental e, como tal, no pode transgredir os limites deste inter- relacionamento de forma irresponsvel e injusta para os demais seres.
Ao Direito cabe regulamentar, sabemos bem, as relaes sociais e a conduta humana. Porm, para acreditarmos em mudanas, necessrio criar tambm uma nova cultura jurdica que possa viabilizar os valores humanos referentes vida, liberdade, fraternidade e dignidade da pessoa humana.
Torna-se necessria, desta forma, uma nova cultura jurdica que possa abarcar um sentimento de respeito natureza e a toda a vida que ela abriga.
Esses pressupostos esto implcitos nas seguintes palavras de Rupert SHELDRAKE: reconhecer a vida na natureza exige uma revoluo na maneira como vivemos a vida da natureza e exige uma revoluo na maneira como vivemos nossa vida.
2- A crise ambiental: problemas ambientais
O progresso tecnolgico e industrial, as conquistas da cincia, a exaltao racionalidade, o crescimento social e econmico, os ganhos introduzidos pela
civilizao moderna globalizada, geram, paradoxalmente, uma crise de valores ticos; uma crise ambiental sem precedentes na histria da humanidade.
A natureza reage. Desastres ambientais atingem as mais diversas regies, causando danos, na maioria das vezes irreversveis, com consequncias inestimveis.
No h mais como negar. A crise ambiental torna-se planetria; os problemas ambientais, mais visveis pelos meios de comunicao. Mudanas climticas atingem pases, ricos e pobres; devastam regies, causam inmeros prejuzos; destri vidas.
Em inmeros encontros nacionais e internacionais, cientistas, pesquisadores, polticos, representantes do poder pblico, da sociedade civil organizada denunciam a crise ambiental que se agiganta.
Convenes, declaraes, tratados, protocolos, cartas, documentos so assinados, proclamados, mas a realidade inegvel: os problemas ambientais recrudescem, tornam-se cada vez mais intensos, incontrolveis*.
3- Principais problemas ambientais da atualidade
Podemos entender que os problemas ambientais podem ser locais ou globais, ou melhor, transnacionais, pois ultrapassam as fronteiras entre os Estados. Dentre os problemas ambientais da atualidade, destacam-se:
Aquecimento global - efeito estufa; Mudanas climticas (derretimento das geleiras, enchentes, frio ou calor intenso; aumento do nvel do mar, de tufes, furaces, tornados, tempestades tropicais, ventanias) Devastao das florestas; desmatamento;
Destruio da camada de oznio* Chuva cida; Contaminao do solo e do subsolo, por disposio inadequada de lixos domsticos, qumicos, industriais e hospitalares; contaminao por agrotxicos; contaminao por resduos nucleares; Contaminao qumica da atmosfera: aumento de gases e particulados com ao txica sobre os seres vivos; Degradao do solo devido minerao; degradao dos solos cultivveis; Poluio dos recursos hdricos interiores e costeiros, dos aquferos, dos mares; poluio do ar; poluio visual, poluio sonora; Escassez da gua - ameaa de esgotamento das fontes de gua limpa; Perda da biodiversidade - extino de espcies (animais e vegetais); desproteo do patrimnio gentico; Queimadas; Desequilbrio do regime das chuvas; Aumento das secas; desertificao; Reduo dos recursos energticos; Proliferao de doenas e pragas; Exploso demogrfica; Cidades insustentveis; Aumento da pobreza; Diminuio de alimentos.
4- Conflitos socioambientais
As questes ambientais envolvem numerosas e complexas dimenses entre diferentes atores, do ponto de vista social, tico, poltico, jurdico, financeiro, tcnico constituindo verdadeiros dilemas, diante de realidades contraditrias, tendo em vista a natureza em seu equilbrio. Cada um percebendo o direito a partir do seu prisma e do seu interesse.
Desse modo, diante da complexidade e da diversidade dos valores e princpios evidenciados nas situaes de conflito, compreende-se a exigncia de uma nova conduo na problemtica ambiental.
Ou seja, a predominncia da cooperao sob o conflito, pautada na perspectiva da sustentabilidade, na corresponsabilidade entre os atores envolvidos; na tica, como sustentao e base de discusso, em busca de solues e de equacionamentos do conflito socioambiental estabelecido.
*Autora do texto: Silvia Maria de Macedo Costa Rodrigues. Prof. da UNESA, em Direito Ambiental online, especializao em Gesto Ambiental, Mestre em Direito.