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Um Curso em Milagres

Texto - Capítulo 1
I. Princípios dos Milagres
1. Não há ordem de dificuldades em milagres. Um não é mais «difícil» nem «maior» do que o outro. Todos são
o mesmo. Todas as expressões de amor são máximas.

2. Milagres em si não importam. A única coisa que importa é a sua Fonte, que está muito além de qualquer
avaliação.

3. Milagres ocorrem naturalmente como expressões de amor. O amor que os inspira é o milagre real. Nesse
sentido, tudo o que vem do amor é um milagre.

4. Todos os milagres significam vida, e Deus é o Doador da vida. A Sua Voz vai dirigir-te de forma
muito específica. Tudo o que precisas de saber ser-te-á dito.

5. Milagres são hábitos e devem ser involuntários. Não devem estar sob controlo consciente. Mila-
gres conscientemente seleccionados podem ser guiados de forma errada.

6. Milagres são naturais. Quando não ocorrem, algo errado aconteceu.

7. Milagres são um direito de todos; antes, porém, a purificação é necessária.

8. Milagres são curativos porque suprem uma falta; são apresentados por aqueles que, temporaria-
mente, têm mais para aqueles que, temporariamente, têm menos.

9. Milagres são uma espécie de troca. Como todas as expressões de amor, que são sempre miraculo-
sas no sentido verdadeiro, a troca desmente as leis físicas. Trazem mais amor tanto para o doador
quanto para quem recebe.

10. O uso dos milagres como espectáculo para induzir à crença é uma compreensão errada do seu
propósito.

11. A oração é o veículo dos milagres. É um meio de comunicação do que foi criado com o Criador.
Através da oração, o amor é recebido e, através dos milagres, o amor é expressado.

12. Milagres são pensamentos. Pensamentos podem representar o nível mais baixo ou corporal da
experiência, ou o nível mais alto ou espiritual da experiência. Um faz o físico e o outro cria o espi-
ritual.

13. Milagres são tanto princípios como fins, e, assim, alteram a ordem temporal. São sempre afir-
mações de renascimento, que parecem retroceder mas realmente avançam. Eles desfazem o passa-
do no presente e, deste modo, libertam o futuro.

14. Milagres dão testemunho da verdade. São convincentes porque surgem da convicção. Sem con-
vicção deterioram-se em magia, que não faz uso da mente e é, portanto, destrutiva; ou melhor: é o
uso não-criativo da mente.

15. Cada dia deve ser devotado aos milagres. O propósito do tempo é fazer com que sejas capaz de
aprender a usá-lo construtivamente. É, portanto, um instrumento de ensino e um meio para atingir
um fim. O tempo cessará quando já não for necessário para facilitar a aprendizagem.

16. Milagres são instrumentos de ensino para demonstrar que dar é tão bem-aventurado quanto
receber. Eles, simultaneamente, aumentam a força do doador e a força de quem recebe.

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17. Milagres transcendem o corpo. São passagens súbitas para a invisibilidade, distante do nível
corporal. É por isso que curam.

18. Um milagre é um serviço. É o serviço máximo que podes prestar a um outro. É uma forma de
amar o teu próximo como a ti mesmo. Reconheces o teu próprio valor e o do teu próximo, simulta-
neamente.

19. Milagres fazem com que as mentes sejam uma só em Deus. Eles dependem de cooperação por-
que a Filiação é a soma de tudo o que Deus criou. Milagres, portanto, reflectem as leis da eternida-
de, não do tempo.

20 - Milagres despertam novamente a consciência de que o espírito, não o corpo, é o altar da ver-
dade. É esse reconhecimento que conduz ao poder criativo do milagre.

21. Milagres são sinais naturais de perdão. Através dos milagres aceitas o perdão de Deus por o
estenderes a outros.

22. Milagres só são associados ao medo devido à crença em que a escuridão possa ocultar. Tu acre-
ditas que aquilo que os teus olhos físicos não podem ver não existe. Isso conduz a uma negação da
vista espiritual.

23. Milagres reorientam a percepção e colocam todos os níveis em perspectiva verdadeira. Isso é
cura porque a doença vem da confusão de níveis.

24. Milagres fazem com que sejas capaz de curar os doentes e ressuscitar os mortos porque tu
mesmo fizeste a doença e a morte; podes, portanto, abolir ambos. Tu és um milagre, capaz de
criar como o teu Criador. Tudo o mais é o teu próprio pesadelo e não existe. Somente as criações
da luz são reais.

25. Milagres são parte de uma cadeia interligada de perdão que, quando completa, é a Expiação. A
Expiação funciona permanentemente e em todas as dimensões do tempo.

26. Milagres representam a libertação do medo. «Expiar» significa «desfazer». Dissipar o medo é
uma parte essencial do valor dos milagres na Expiação.

27. Um milagre é uma bênção universal de Deus através de mim para todos os meus irmãos. O privi-
légio dos perdoados é perdoar.

28. Os milagres são um caminho para ganhar a libertação do medo. A revelação induz a um estado
no qual o medo já foi abolido. Milagres são, assim, um meio e a revelação é um fim.

29. Milagres louvam a Deus através de ti. Eles louvam-No, honrando as Suas criações, afirmando
que são perfeitas. Curam porque negam a identificação com o corpo e afirmam a identificação com
o espírito.

30 - Por reconhecerem o espírito, os milagres ajustam os níveis da percepção e mostram-nos em


alinhamento adequado. Isso coloca o espírito no centro, de onde passa a comunicar directamente.

31. Milagres devem inspirar gratidão, não reverência. Deves agradecer a Deus pelo que realmente
és. As crianças de Deus são santas e os milagres honram a sua santidade, que pode estar oculta mas
nunca perdida.

32. Eu inspiro todos os milagres, que são realmente intercessões. Eles intercedem pela tua santida-
de e fazem com que as tuas percepções sejam santas. Colocando-te além das leis físicas, eles
erguem-te à esfera da ordem celestial. Nessa ordem, tu és perfeito.

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33. Milagres honram-te porque és amável. Eles dissipam ilusões a respeito de ti mesmo e percebem
a luz em ti. Assim expiam os teus erros libertando-te dos teus pesadelos. Por libertarem a tua men-
te da prisão das tuas ilusões, restauram a tua sanidade.

34. Milagres restabelecem a mente à sua plenitude. Por expiar o sentimento de carência, estabele-
cem a protecção perfeita. A força do espírito não dá lugar a intrusões.

35. Milagres são expressões de amor, mas nem sempre têm efeitos observáveis.

36. Milagres são exemplos do pensamento certo, alinhando as tuas percepções com a verdade, tal
como Deus a criou.

37. Uma milagre é uma correcção introduzida por mim num pensamento falso. Age como catalisa-
dor, destruindo a percepção errónea e reorganizando-a adequadamente. Isso coloca-te sob o prin-
cípio da Expiação onde a percepção é curada. Até que isso tenha ocorrido, o conhecimento da Or-
dem Divina é impossível.

38. O Espírito Santo é o mecanismo dos milagres. Ele reconhece tanto as criações de Deus, quanto
as tuas ilusões. Ele separa o verdadeiro do falso, através da sua capacidade de perceber de forma
total e não selectiva.

39. O milagre dissolve o erro porque o Espírito Santo o identifica como falso ou irreal. Isso é o
mesmo que dizer que, por perceber a luz, a escuridão automaticamente desaparece.

40 - O milagre reconhece qualquer pessoa como teu irmão e meu também. É um caminho para se
perceber a marca universal de Deus.

41. A integridade é o conteúdo perceptivo dos milagres. Assim, corrigem ou expiam a percepção
defeituosa da falta.

42. Uma das maiores contribuições dos milagres é a sua força para te libertar do teu falso senti-
mento de isolamento, privação e falta.

43. Milagres surgem de um estado milagroso da mente ou de um estado de prontidão para o mila-
gre.

44. O milagre é uma expressão da consciência interior de Cristo e da aceitação da Sua Expiação.

45. Um milagre nunca se perde. Pode tocar muitas pessoas que nem sequer encontraste e produzir
mudanças nunca sonhadas em situações das quais não estás ciente.

46. O Espírito Santo é o mais elevado mecanismo de comunicação. Milagres não envolvem esse tipo
de comunicação, porque são instrumentos temporários de comunicação. Quando regressas à tua
forma original de comunicação com Deus, por revelação directa, a necessidade de milagres acaba.

47. O milagre é um instrumento de aprendizagem que faz com que a necessidade d e tempo dimi-
nua. Ele estabelece um intervalo temporal fora do padrão, que não está sujeito às habituais leis do
tempo. Nesse sentido, ele é intemporal.

48. O milagre é o único instrumento à tua disposição imediata para controlar o tempo. Só a revela-
ção o transcende, não tendo absolutamente nada que ver com o tempo.

49. O milagre não faz distinções entre graus de percepção errada. É um instrumento para a correc-
ção da percepção, que é eficiente sem levar em consideração o grau ou a direcção do erro.

50 - O milagre compara o que tu fazes com a criação, aceitando como verdadeiro o que está de
acordo com ela e rejeitando, como falso, o que está em desacordo.

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Texto - Capítulo 1
II. Revelação, tempo e milagres
1. A revelação induz à suspensão completa, porém, temporária, da dúvida e do medo. Reflecte a
forma original de comunicação entre Deus e as Suas criações, envolvendo o sentido extremamente
pessoal da criação procurado, por vezes, nos relacionamentos físicos. A intimidade física não é
capaz de consegui-lo. Milagres, todavia, são genuinamente interpessoais e resultam em verdadeira
intimidade com os outros. A revelação une-te directamente a Deus. Milagres unem-te directamente
ao teu irmão. Nenhum dos dois emana da consciência, mas ambos são lá experimentados. A cons-
ciência é o estado que induz à acção, embora não a inspire. És livre para acreditar nos que escolhe-
res, e o que fazes atesta aquilo em que acreditas.

2. A revelação é intensamente pessoal e não pode ser traduzida de forma significativa. É por isso
que qualquer tentativa de descrevê-la com palavras é impossível. A revelação só induz à experiên-
cia. Milagres, por outro lado, induzem à acção. Nesta fase da aprendizagem é importante trabalhar
com milagres porque a libertação do medo não te pode ser imposta. A revelação é literalmente
indizível porque é uma experiência de amor indizível.

3. A reverência deve ser reservada para a revelação, à qual pode ser aplicada correcta e perfeita-
mente. Ela não é apropriada para milagres, porque o estado de reverência é pleno de adoração, e
pressupõe que alguém, de ordem menor, se encontra diante do seu Criador. Tu és uma criação per-
feita e deves experimentar a reverência somente na presença do Criador da perfeição. O milagre é,
portanto, um sinal de amor entre iguais. Iguais não se devem reverenciar mutuamente, pois a reve-
rência pressupõe desigualdade. É, portanto, uma reacção inadequada a mim. Um irmão mais velho
tem direito ao respeito devido à sua maior experiência, e à obediência por causa da sua maior
sabedoria. Também tem direito ao amor, porque é um irmão, e à devoção se é devotado. É somen-
te a minha devoção que me dá direito à tua. Não há nada em mim que tu não possas atingir. Eu
nada tenho que não venha de Deus. A diferença entre nós, agora, é que eu não tenho mais nada.
Isso coloca-me num estado que, em ti, é apenas potencial.

4. «Ninguém vem ao Pai senão por mim», não significa que, de algum modo, eu seja separado ou
diferente de ti excepto no tempo, e o tempo, realmente, não existe. A declaração é mais significa-
tiva em termos de um eixo vertical do que horizontal. Tu estás abaixo de mim e eu estou abaixo de
Deus. No processo de «subida» estou mais acima porque, sem mim, a distância entre Deus e o
Homem seria grande demais para a abrangeres. Eu faço a ponte sobre essa distância enquanto teu
irmão mais velho por um lado e, por outro, como Filho de Deus.

5. As revelações são indirectamente inspiradas por mim porque estou perto do Espírito Santo e aler-
ta em relação à prontidão-para-a-revelação dos meus irmãos. Assim, posso trazer-lhes mais do que
eles podem atrair para si mesmos. O Espírito Santo medeia a comunicação superior para a inferior,
mantendo o canal directo de Deus aberto para ti, para a revelação. A revelação não é recíproca.
Procede de Deus para ti mas não de ti para Deus.

6. O milagre minimiza a necessidade de tempo. Nos planos longitudinal ou horizontal, o reconheci-


mento da igualdade dos membros da Filiação parece envolver um tempo quase sem fim. Contudo, o
milagre acarreta uma passagem repentina da percepção horizontal para a vertical. Isto introduz um
intervalo do qual ambos, tanto o doador como quem recebe, emergem mais adiante no tempo do
que se tivessem estado de outra forma. O milagre tem, então, a propriedade única de abolir o
tempo, na medida em que torna desnecessário o intervalo de tempo que demora. Não há relação
entre o tempo que demora um milagre e o tempo que cobre. Um milagre substitui uma aprendiza-
gem que poderia ter levado milhares de anos. Faz isso através do reconhecimento subjacente da
perfeita igualdade entre quem dá e quem recebe, na qual o milagre se baseia. O milagre encurta o
tempo, colapsando-o, eliminando assim certos intervalos dentro dele. Faz isso, porém, dentro de
uma sequência temporal mais ampla.

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Texto - Capítulo 1
III. Expiação e milagres
1. Eu estou a cargo do processo de Expiação que empreendi começar. Quando ofereces um milagre
a qualquer um dos meus irmãos, tu fazes isso para ti mesmo e para mim. A razão pela qual vens
antes de mim é que eu não necessito de milagres para a minha própria Expiação, mas estou no final
no caso de falhares temporariamente. A minha parte na Expiação é cancelar todos os erros que, de
outra forma, não poderias corrigir. Quando te for restaurado o reconhecimento do teu estado origi-
nal, tu mesmo, naturalmente, passas a ser parte da Expiação. Na medida em que compartilhas a
minha recusa em aceitar o erro em ti e nos outros, não podes deixar de unir-te à grande cruzada
para o corrigir; escuta a minha voz, aprende a dissipar o erro e age para corrigi-lo. O poder de tra-
balhar em milagres pertence-te. Eu proverei as oportunidades de fazê-los, mas tens de estar pronto
e disposto. Fazê-los vai trazer a convicção dessa capacidade, pois a convicção vem atrás da realiza-
ção. A capacidade é o potencial, a realização é a sua expressão e a Expiação - que é a profissão
natural das crianças de Deus - é o propósito.

2. «Passará o céu e a terra» significa que não continuarão a existir como estados separados. A
minha palavra, que é a ressurreição e a vida, não passará porque a vida é eterna. Tu és o trabalho
de Deus e o trabalho Dele é totalmente amável e totalmente amoroso. É assim que um homem tem
de pensar a respeito de si mesmo no seu coração, pois é isso que ele é.

3. Os perdoados são o meio da Expiação. Sendo plenos de espírito, eles perdoam em retribuição.
Aqueles que são libertados têm de se unir na libertação dos seus irmãos, pois esse é o plano da
Expiação. Milagres são o caminho através do qual as mentes que servem o Espírito Santo se unem a
mim para a salvação ou libertação de todas as criações de Deus.

4. Sou o único que pode apresentar milagres de forma indiscriminada porque sou a Expiação. Tu
tens um papel na Expiação que eu te ditarei. Pergunta-me quais os milagres que deves apresentar.
Isso poupa-te um esforço desnecessário, porque estarás a agir sob comunicação directa. A natureza
impessoal do milagre é um ingrediente essencial, porque me capacita a dirigir a sua aplicação, e,
sob minha orientação, os milagres conduzem à experiência altamente pessoal da revelação. Um
guia não controla mas, de facto, dirige, deixando para ti a decisão de segui-lo. «Não nos deixeis
cair em tentação» significa «Reconhece os teus erros e escolhe abandoná-los, seguindo a minha
orientação».

5. O erro não pode ameaçar realmente a verdade, pois a verdade sempre pode resistir-lhe. De fac-
to, só o erro é vulnerável. És livre para estabelecer o teu reino onde te parecer adequado, mas a
escolha certa é inevitável se te lembrares disto:

O espírito está em estado de graça para sempre.


A tua realidade é só o espírito.
Portanto, tu estás em estado de graça para sempre.

6. Tu respondes ao que percebes e, tal como percebes, assim te comportarás. A Regra de Ouro
pede-te que faças aos outros o que queres que façam a ti. Isso significa que a percepção de ambos
tem de ser acurada. A Regra de Ouro é a regra para o comportamento apropriado. Tu não podes
comportar-te apropriadamente, a menos que percebas correctamente. Já que tu e o teu próximo
sois membros iguais de uma família, assim como percebes ambos, assim farás a ambos. A partir da
percepção da tua própria santidade, deves olhar para a santidade dos outros.

7. Milagres surgem da mente que está pronta para eles. Por estar unida, essa mente chega a todos,
mesmo sem que o próprio trabalhador em milagres saiba disso. A natureza impessoal dos milagres
deve-se ao facto de a Expiação em si mesma ser uma só, unindo todas as criações com o seu Cria-
dor. Como uma expressão do que és na verdade, o milagre coloca a mente num estado de graça. A
mente, então, dá as boas-vindas, com naturalidade, ao Anfitrião interior e ao forasteiro que está
do lado de fora. Quando acolhes o forasteiro, ele passa a ser teu irmão.

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8. Que o milagre possa ter, sobre os teus irmãos, efeitos que possas não reconhecer, não te diz res-
peito. O milagre sempre te abençoará. Os milagres que não te foram pedidos mantêm o seu valor.
Ainda são expressões do teu próprio estado de graça, mas o que toca à acção do milagre deve ser
controlado por mim, devido à minha completa consciência da totalidade do plano. A natureza
impessoal da mente voltada para o milagre assegura a tua graça, mas só eu estou em posição de
saber onde eles podem ser concedidos.

9. Milagres são selectivos só no sentido em que são dirigidos para aqueles que podem usá-los para si
mesmos. Uma vez que isso torna inevitável que eles os estendam a outros, é soldada uma forte
cadeia de Expiação. Todavia, essa selectividade não leva em conta a magnitude do milagre em si,
porque o conceito de tamanho existe num plano que, em si mesmo, é irreal. Já que o objectivo do
milagre é restaurar a consciência da realidade, não seria útil se fosse limitado por leis que gover-
nam o erro que tem por objectivo corrigir.

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Texto - Capítulo 1
IV. Como escapar da escuridão
1. Escapar da escuridão envolve dois passos: primeiro, o reconhecimento de que a escuridão não
pode ocultar. Este passo, normalmente, acarreta medo. Segundo, o reconhecimento de que não há
nada que queiras ocultar ainda que o pudesses fazer. Quando te dispuseres a não esconder nada,
não só estarás disposto a entrar em comunhão, como também compreenderás a paz e a alegria.

2. A santidade nunca pode estar realmente oculta na escuridão, mas podes enganar-te a ti mesmo a
esse respeito. Esse mal-entendido faz com que fiques assustado porque, no teu coração, reconhe-
ces que é um engano e fazes um grande esforço para estabelecer a sua realidade. O milagre põe a
realidade onde ela deve estar. A realidade só pode estar no espírito, e o milagre reconhece somen-
te a verdade. Desta forma dissipa as tuas ilusões sobre ti mesmo e coloca-te em comunhão contigo
e com Deus. O milagre participa na Expiação, pondo a mente ao serviço do Espírito Santo. Isso es-
tabelece a função própria da mente e corrige os seus erros, que são apenas faltas de amor. A tua
mente pode estar possuída por ilusões, mas o espírito é eternamente livre. Se a mente percebe sem
amor, percebe uma concha vazia e não está consciente do espírito interior. Mas a Expiação restitui
o espírito ao lugar que lhe é próprio. A mente que serve o espírito é invulnerável.

3. A escuridão é falta de luz, assim como o pecado é falta de amor. Não tem propriedades exclusi-
vas em si mesma. É um exemplo da crença na «escassez», da qual só o erro pode proceder. A ver-
dade é sempre abundante. Aqueles que percebem e reconhecem que têm tudo, não têm necessida-
des de qualquer espécie. O propósito da Expiação é restituir-te tudo, ou melhor, restituir tudo à
tua consciência. Tudo te foi dado quando foste criado, assim como a todos.

4. O vazio engendrado pelo medo tem de ser substituído pelo perdão. É isso que a Bíblia quer dizer
com «Não existe morte» e é por isso que pude demonstrar que a morte não existe. Eu vim para
cumprir a lei, reinterpretando-a. A lei em si mesma, se compreendida de forma adequada, só ofe-
rece protecção. Aqueles que ainda não mudaram as suas mentes é que puseram nela o conceito de
«fogo do Inferno». Asseguro-te que darei testemunho de qualquer um que mo permitir e em qual-
quer medida que mo permitir. O teu testemunho demonstra a tua crença e, assim, fortalece-a.
Aqueles que testemunham por mim estão a expressar, através dos seus milagres, que abandonaram
a crença na privação em favor da abundância que, como aprenderam, lhes pertence.

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Texto - Capítulo 1
V. Integridade e espírito
1. O milagre é muito parecido com o corpo, no sentido em que ambos são recursos de aprendiza-
gem, facilitando um estado no qual serão desnecessários. Quando o estado original de comunicação
directa com o espírito é atingido, nem o corpo nem o milagre servem para qualquer propósito.
Todavia, enquanto acreditas que estás num corpo, podes escolher entre canais de expressão sem
amor ou canais milagrosos. Tu podes fazer uma concha vazia, mas não podes deixar de expressar
alguma coisa. Podes esperar, adiar, paralisar-te a ti mesmo ou reduzir a tua criatividade a quase
nada, mas não podes aboli-la. Podes destruir o teu veículo de comunicação, mas não o teu poten-
cial. Não te criaste a ti mesmo.

2. A decisão básica daquele que tem a mente virada para o milagre é não esperar no tempo mais do
que o necessário. O tempo pode desperdiçar assim como ser desperdiçado. O trabalhador em mila-
gres, portanto, aceita com contentamento o factor de controlo do tempo. Ele reconhece que cada
colapso de tempo traz todos para mais perto da libertação final do tempo, na qual o Filho e o Pai
são Um. Igualdade não significa igualdade, agora. Quando todos reconhecem que têm tudo, contri-
buições individuais à Filiação não mais serão necessárias.

3. Quando a Expiação estiver completa, todos os talentos serão compartilhados por todos os Filhos
de Deus. Deus não é parcial. Todas as Suas crianças têm o Seu Amor total, e todas as Suas dádivas
são dadas livremente a todos por igual. «Se não vos tornardes como criancinhas» significa que, a
menos que reconheças plenamente a tua completa dependência de Deus, não podes conhecer o
poder real do Filho no seu verdadeiro relacionamento com o Pai. A especialidade dos Filhos de Deus
não nasce da exclusão, mas da inclusão. Todos os meus irmãos são especiais. Se acreditam que são
privados de alguma coisa, a sua percepção torna-se distorcida. Quando isto ocorre, toda a família
de Deus, ou a Filiação, tem os seus relacionamentos prejudicados.

4. Em última instância, cada membro da família de Deus tem de regressar. O milagre chama cada
um a voltar porque o abençoa e o honra, mesmo que ele possa estar ausente em espírito. «De Deus
não se zomba» não é uma ameaça; é uma garantia. Ter-se-ia zombado de Deus caso faltasse santi-
dade a qualquer uma das suas criações. A criação é íntegra e a marca da integridade é a santidade
*. Milagres são afirmações da Filiação, que é um estado de completa abundância.

5. Qualquer coisa que seja verdadeira é eterna, e não pode mudar nem ser mudada. O espírito é,
portanto, inalterável porque já é perfeito, mas a mente pode eleger quem escolhe servir. O único
limite imposto à sua escolha é que não pode servir dois senhores. Se escolhe fazer as coisas deste
modo, a mente pode vir a ser o veículo pelo qual o espírito cria segundo a linha da sua própria cria-
ção. Se não escolhe livremente fazer assim, retém o seu potencial criativo mas coloca-se sob um
controlo tirânico, em vez do controlo da Autoridade.

6. O milagre é um sinal de que a mente escolheu ser guiada por mim ao serviço de Cristo. A abun-
dância de Cristo é o resultado natural da escolha de segui-Lo. Todas as raízes superficiais têm de
ser arrancadas pois não são suficientemente profundas para te sustentar. A ilusão de que as raízes
superficiais podem ser aprofundadas de forma a que te sirvam de apoio é uma das distorções em
que se baseia a Regra de Ouro. À medida que se desiste dessas fundações falsas, o equilíbrio é
temporariamente experimentado como instável. Contudo, nada é menos estável do que uma orien-
tação invertida, de cabeça para baixo. E nada que a mantenha invertida pode levar a uma estabili-
dade crescente.

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Texto - Capítulo 1
VI. A ilusão das necessidades
1. Tu, que queres a paz, só podes encontrá-la no perdão completo. Ninguém aprende a menos que
queira e acredite que, de alguma forma, precisa da aprendizagem. Embora não exista nenhuma
falta na criação de Deus, ela é bem evidente no que tu fizeste. De facto, essa é a diferença essen-
cial entre um e outro. Falta, significa que te sentirias melhor se, de alguma forma, estivesses num
estado diferente daquele em que estás. Até à «separação», que é o significado da «queda», nada
faltava. Não existiam quaisquer necessidades. Necessidades só surgem quando tu te privas. Tu ages
de acordo com a ordem particular da necessidades que estabeleces. Isso, por sua vez, depende da
tua percepção acerca do que és.

2. O sentimento de separação de Deus é a única falta que realmente precisas corrigir. Esse senti-
mento de separação nunca teria surgido se não tivesses distorcido a tua percepção da verdade e,
desta forma, percebido a ti mesmo como se te faltasse alguma coisa. A ideia de ordem de necessi-
dades surgiu porque, tendo feito esse erro fundamental, já te tinhas fragmentado em níveis com
diferentes necessidades. À medida que te integras, vens a ser uno e, consequentemente, as tuas
necessidades passam a ser uma só. Necessidades unificadas conduzem à acção unificada porque isso
produz uma ausência de conflitos.

3. A ideia de ordem de necessidades, que decorre do erro original, segundo o qual alguém pode ser
separado de Deus, requer correcção no seu próprio nível, antes que o erro de perceber níveis possa
ser, de alguma forma, corrigido. Tu não podes comportar-te de maneira eficaz enquanto funciona-
res em níveis diferentes. Todavia, enquanto o fazes, a correcção tem de ser introduzida vertical-
mente, de baixo para cima. Isso é assim porque pensas viver no espaço, onde conceitos tais como
"para baixo" e "para cima" são significativos. Em última instância, o espaço é tão insignificante
quanto o tempo. Ambos são, simplesmente, crenças.

4. O propósito real deste mundo é ser usado para corrigir a tua descrença. Tu, por ti mesmo,
jamais poderás controlar os efeitos do medo porque o fizeste e acreditas no que fizeste. Assim, na
atitude, embora não no conteúdo, assemelhas-te ao teu Criador que tem fé perfeita nas Suas cria-
ções porque Ele as criou. A crença produz a aceitação da existência. É por isso que podes acreditar
em algo que ninguém mais pensa ser verdade. É verdadeiro para ti, porque foi feito por ti.

5. Todos os aspectos do medo não são verídicos, porque não existem no nível criativo e, portanto,
absolutamente, não existem. 2Qualquer que seja a extensão da tua disponibilidade para submeter
as tuas crenças a este teste, nessa mesma extensão, as tuas percepções são corrigidas. 3Para sepa-
rar o falso do verdadeiro, o milagre procede nestas linhas:
4
O amor perfeito exclui o medo.
5
Se o medo existe, então não há amor perfeito.
6
Mas:
7
Só o amor existe.
8
Se há medo, ele produz um estado que não existe.
9
Acredita nisto e serás livre. 10Só Deus pode estabelecer esta solução, e esta fé é o Seu dom.

9
Texto - Capítulo 1
VII. Distorções dos impulsos para o milagre
1. As tuas percepções distorcidas produzem uma cobertura densa sobre os impulsos para os mila-
gres, o que dificulta a chegada deles à tua própria consciência. A confusão entre impulsos milagro-
sos e impulsos físicos é uma das maiores distorções da percepção. Os impulsos físicos são impulsos
milagrosos dirigidos erroneamente. Todo o prazer real vem de se fazer a Vontade de Deus. Isso é
assim porque não fazê-la é uma negação do Ser. A negação do Ser resulta em ilusões, enquanto a
correcção do erro traz a libertação disso. Não te enganes a ti mesmo acreditando que podes rela-
cionar-te em paz com Deus ou com os teus irmãos através de qualquer coisa externa.
2. Criança de Deus, tu foste criada para criar o que é bom, o que é belo e o que é santo. Não te
esqueças disso. Por pouco tempo mais, o Amor de Deus ainda tem de ser expresso através de um
corpo para outro, porque a visão ainda é muito ténue. A melhor forma de usar o teu corpo é utilizá-
lo para te ajudar a ampliar a tua percepção, de modo a que possas corrigir a visão real, da qual o
olho físico é incapaz. Aprender a fazer isso é a única utilidade verdadeira do corpo.
3. A fantasia é uma forma distorcida de visão. Quaisquer tipos de fantasia são distorções, porque
envolvem sempre a torção da percepção em irrealidade. Acções que nascem de distorções são lite-
ralmente as reacções daqueles que não sabem o que fazem. A fantasia é uma tentativa de controlar
a realidade de acordo com necessidades falsas. Torce a realidade em qualquer sentido e estarás a
perceber de forma distorcida. Fantasias são um meio de fazer associações falsas e tentar obter pra-
zer através delas. Mas, embora possas perceber associações falsas, jamais podes fazer com que
sejam reais, excepto para ti mesmo. Tu acreditas no que fazes. Se ofereceres milagres, serás igual-
mente forte na tua crença neles. A força da tua convicção sustentará, então, a crença de quem
recebe o milagre. Fantasias vêm a ser totalmente desnecessárias à medida que a natureza inteira-
mente satisfatória da realidade se torna aparente, tanto para quem dá como para quem recebe. A
realidade é «perdida» através da usurpação, a qual produz tirania. Enquanto restar um único
«escravo» a andar pela terra, a tua libertação não é completa. A restauração total da Filiação é a
única meta daquele que tem a mente voltada para o milagre.

**************

4. Este é um curso de treino da mente. Qualquer aprendizagem envolve atenção e estudo em algum
nível. Algumas partes posteriores do curso baseiam-se nestas secções iniciais, que requerem um
estudo cuidadoso. Também tu precisarás delas para a preparação. Sem isso podes ficar demasiada-
mente temeroso com o que virá depois para usar o curso construtivamente. Contudo, à medida que
fores estudando estas partes iniciais, começarás a ver algumas das implicações que serão ampliadas
posteriormente.
5. É necessário um fundamento sólido devido à confusão entre medo e reverência, à qual já me
referi e que é feita frequentemente. Eu disse que reverência não é apropriada em relação aos
Filhos de Deus porque não deves experimentar reverência na presença dos teus iguais. Todavia,
também foi enfatizado que a reverência é apropriada na presença do teu Criador. Tenho sido cui-
dadoso em esclarecer o meu papel na Expiação sem o exagerar ou atenuar. Estou, também, a ten-
tar fazer o mesmo com o teu. Tenho salientado que a reverência não é uma reacção apropriada a
mim devido à nossa igualdade inerente. Alguns dos passos que vêm mais tarde neste curso, no
entanto, envolvem uma aproximação mais directa com o próprio Deus. É prudente dar estes passos
iniciais fazendo uma preparação cuidadosa, para evitar que, mais tarde, a reverência seja confun-
dida com medo, o que faria com que a experiência fosse mais traumática do que beatífica. No fim,
a cura é de Deus. Os meios estão a ser-te cuidadosamente explicados. A revelação pode, ocasio-
nalmente, revelar-te o fim, mas, para alcançá-lo, os meios são necessários.

10
Texto - Capítulo 2
I. As origens da separação
1. Estender-se é um aspecto fundamental de Deus, que Ele deu ao seu Filho. Na criação, Deus
estendeu-se às Suas criações e imbuiu-as da mesma Vontade amorosa de criar. Tu não só foste ple-
namente criado, como foste criado perfeito. Não há nenhum vazio em ti. Devido à tua semelhança
com o teu Criador, és criativo. Nenhuma criança de Deus pode perder essa capacidade porque é
inerente ao que ela é, mas pode usá-la de maneira imprópria através da projecção. O uso impróprio
da extensão, ou projecção, ocorre quando acreditas que existe em ti algum vazio ou alguma falta e
que podes preenchê-lo com as tuas próprias ideias em vez da verdade. Este processo envolve os
seguintes passos:
Primeiro, acreditas que o que Deus criou pode ser mudado pela tua própria mente.
Segundo, acreditas que o que é perfeito pode ser tornado imperfeito ou falhado.
Terceiro, acreditas que podes distorcer as criações de Deus, inclusive a ti mesmo.
Quarto, acreditas que podes criar-te a ti mesmo e que a direcção da tua própria criação depende
de ti.

2. Estas distorções interligadas representam um retrato do que de facto ocorreu na separação, ou


seja «o desvio para o medo». Nada disso existia antes da separação nem, de facto, existe agora.
Tudo o que Deus criou é como Ele. A extensão, como foi empreendida por Deus, é semelhante à
radiação interior que as crianças do Pai herdaram Dele. A sua fonte real é interna. Isto é tão verda-
deiro em relação ao Filho quanto em relação ao Pai. Nesse sentido, a criação inclui tanto a criação
do Filho por Deus quanto as criações do Filho quando a sua mente está curada. Isto requer que Deus
tenha dotado o Filho com livre arbítrio, porque toda a criação amorosa é dada livremente em linha
contínua, na qual todos os aspectos são da mesma ordem.

3. O Jardim do Éden, ou a condição anterior à separação, era um estado da mente no qual nada era
necessário. Quando Adão deu ouvidos às «mentiras da serpente», tudo o que ouviu não era verda-
de. Tu não tens de continuar a acreditar no que não é verdadeiro, a não ser que escolhas fazê-lo.
Tudo isso pode desaparecer num abrir e fechar de olhos porque é apenas uma percepção errada. O
que é visto em sonhos parece ser muito real. No entanto, a Bíblia diz que um sono pesado caiu so-
bre Adão e não há, em parte alguma, referência ao seu despertar. O mundo ainda não experimen-
tou nenhum despertar ou renascer em escala absoluta. Tal renascimento é impossível enquanto
continuares a projectar ou a criar erradamente. Contudo, a capacidade de estender, assim como
Deus estendeu a ti o Seu Espírito, permanece ainda dentro de ti. Na realidade, esta é a tua única
escolha porque o livre arbítrio foi-te dado para a tua alegria de criar o que é perfeito.

4. Qualquer medo, em última instância, é passível de ser reduzido à básica percepção errada de
que tens a capacidade de usurpar o poder de Deus. Obviamente, não podes, nem tens sido capaz de
fazer isso. Aqui está a base real para fugires ao medo. A fuga é efectuada pela tua aceitação da
Expiação, que faz com que sejas capaz de reconhecer que os teus erros, realmente, nunca ocorre-
ram. Só depois de um profundo sono ter caído sobre Adão, pôde ele vivenciar pesadelos. Se uma luz
subitamente se acende enquanto alguém está a ter um sonho assustador, o sonhador pode, inicial-
mente, interpretar a própria luz como parte do seu sonho e ter medo. Todavia, quando acorda, a
luz é percebida correctamente como a libertação do sonho, ao qual se deixa de conferir realidade.
Esta libertação não depende de ilusões. O conhecimento que ilumina não só te põe em liberdade,
mas também te mostra claramente que és livre.

5. Quaisquer que sejam as mentiras em que possas acreditar, não dizem respeito ao milagre, o qual
pode curar qualquer mentira com a mesma facilidade. O milagre não faz distinções entre percep-
ções erradas. A única função dele é distinguir, por um lado, a verdade, por outro o erro. Alguns
milagres podem aparentar maior magnitude do que outros. Mas lembra-te do primeiro princípio
deste curso: não há nenhuma ordem de dificuldades em milagres. Na realidade, tu és perfeitamen-
te intocável por todas as expressões de falta de amor. Elas podem vir de ti e de outros, de ti para
os outros e dos outros para ti. A paz é um atributo em ti. Não podes encontrá-la do lado de fora. A
enfermidade é alguma forma de busca externa. A saúde é a paz interior. A paz permite-te perma-
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necer imperturbável à falta de amor externo e ser capaz de, através da tua aceitação dos milagres,
corrigir as condições resultantes da falta de amor dos outros.

12
Texto - Capítulo 2
II. A Expiação como defesa
1. Tu podes fazer qualquer coisa que eu pedir. Pedi-te para apresentares milagres e esclareci que
os milagres são naturais, correctivos, curativos e universais. Não há nada que não possam fazem,
mas não podem ser apresentados no espírito da dúvida ou do medo. Quando tens medo de alguma
coisa, estás a admitir que essa coisa tem o poder de ferir-te. Lembra-te de que onde está o teu
coração, aí está também o teu tesouro. Tu crês no que valorizas. Se estás com medo, inevitavel-
mente valorizas de forma errada. A tua compreensão dotará então todos os pensamentos com igual
poder e, inevitavelmente, destruirás a paz. É por isso que a Bíblia fala da «paz de Deus que excede
o entendimento». Essa paz é totalmente incapaz de ser abalada por erros de qualquer espécie.
Nega que qualquer coisa que não venha de Deus tenha a capacidade de afectar-te. Esse é o uso
apropriado da negação. Não é usada para esconder nada, mas para corrigir o erro. Esta negação
traz todos os erros à luz e, como o erro e a escuridão são a mesma coisa, corrige o erro automati-
camente.

2. A verdadeira negação é um instrumento de protecção poderoso. Podes e deves negar qualquer


crença em que o erro possa ferir-te. Este tipo de negação não é um encobrimento, mas uma cor-
recção. A certeza da tua mente depende dele. A negação do erro é uma forte defesa da verdade,
mas a negação da verdade resulta em criação errada, que são as projecções do ego. Ao serviço da
mente certa, a negação do erro liberta a mente e restabelece a liberdade da vontade. Quando a
vontade é realmente livre, não pode criar erradamente porque só reconhece a verdade.

3. Tu podes defender a verdade tal como o erro. Os meios são mais fáceis de serem compreendidos
depois de o valor da meta estar firmemente estabelecido. A questão é saber para que serve isso.
Toda a gente defende o seu tesouro e fará isso automaticamente. As questões reais são: qual é o
teu tesouro e quanto o valorizas. Quando tiveres aprendido a valorizar estas questões e a trazê-las
a todas as tuas acções, terás pouca dificuldade em esclarecer os meios. Os meios estão disponíveis
em qualquer momento em que os pedires. Contudo, podes economizar tempo se não protelares
este passo de forma indevida.

4. A Expiação é a única defesa que não pode ser usada destrutivamente porque não é um instru-
mento feito por ti. O princípio da Expiação já existia muito antes de começar a Expiação. O princí-
pio era o amor e a Expiação um acto de amor. Actos não eram necessários antes da separação por-
que a crença, em espaço e tempo, não existia. Foi só depois da separação que a Expiação e as con-
dições necessárias para que fosse cumprida foram planeadas. Então, tornou-se necessária uma
defesa tão esplêndida que não pudesse ser usada erradamente, embora pudesse ser recusada. A
recusa, contudo, não podia transformá-la numa arma de ataque, que é característica inerente às
outras defesas. A Expiação torna-se, assim, a única defesa que não é uma espada de dois gumes. Só
pode curar.

5. A Expiação foi construída dentro da crença no espaço-tempo de forma a estabelecer um limite


para a necessidade da própria crença e, em última instância, para tornar a aprendizagem comple-
ta. A Expiação é a lição final. A aprendizagem em si, tal como as salas de aula em que ocorre, é
temporária. A capacidade de aprender não tem nenhum valor quando a mudança já não é necessá-
ria. Os que são eternamente criativos não têm nada a aprender. Tu podes aprender a melhorar as
tuas percepções e podes vir a ser um aprendiz cada vez melhor. Isto levar-te-á a um acordo cada
vez maior com a Filiação, mas a Filiação em si mesma é uma Criação perfeita e a perfeição não é
uma questão de grau. A aprendizagem só é significativa enquanto existe uma crença em diferenças.

6. A evolução é um processo no qual aparentemente passas de um nível ao seguinte. Corriges os


teus passos anteriores errados caminhando para a frente. Este processo é, de facto, incompreensí-
vel em termos temporais porque regressas à medida que avanças. A Expiação é um instrumento
através do qual te podes libertar do passado à medida que avanças. A Expiação desfaz os teus erros
passados, permitindo assim que seja desnecessário que tenhas que ficar a rever os teus passos sem
avançares para o teu regresso. Neste sentido, a Expiação economiza tempo mas, tal como o milagre
ao qual serve, não o elimina. Enquanto houver necessidade da Expiação, há necessidade de tempo.
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Mas, enquanto plano completo, a Expiação tem uma relação singular com o tempo. Até que esteja
completa, as suas várias fases vão prosseguir no tempo, mas toda a Expiação se situa no fim dos
tempos. Naquele ponto, foi construída a ponte de regresso.

7. A Expiação é um compromisso total. Ainda podes pensar que isto está associado à perda, um
equívoco que todos os Filhos de Deus separados fazem de uma forma ou de outra. É difícil acreditar
que uma defesa que não pode atacar seja a melhor defesa. É isso que quer dizer «os mansos herda-
rão a terra». Os «mansos», literalmente, conquistarão a terra devido à sua força. Uma defesa que
funciona em duas direcções é intrinsecamente fraca, precisamente porque tem dois gumes e pode
voltar-se contra ti de forma muito inesperada. Esta possibilidade não pode ser controlada, a não ser
pelos milagres. O milagre vira a defesa da Expiação para a tua real protecção e, à medida que te
vais tornando cada vez mais seguro, assumes o teu talento pessoal de proteger os outros, conhe-
cendo-te a ti mesmo como um irmão e um Filho.

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Texto - Capítulo 2
III. O altar de Deus
1. A Expiação só pode ser aceite dentro de ti através da libertação da luz interior. Desde a separa-
ção, as defesas têm sido usadas quase inteiramente para defender contra a Expiação e, assim,
manter a separação. Isto é geralmente visto como uma necessidade de proteger o corpo. As muitas
fantasias corporais às quais a mente se entrega, surgem da crença distorcida segundo a qual o cor-
po pode ser usado como um meio para se atingir a «expiação». Perceber o corpo como um templo é
apenas um primeiro passo na correcção dessa distorção, porque altera apenas parte dela. A correc-
ção, de facto, reconhece que a Expiação em termos físicos é impossível. O passo seguinte, todavia,
é reconhecer que um templo não é absolutamente uma estrutura. A sua verdadeira santidade está
no altar interior em torno do qual é construída a estrutura. A ênfase em belas estruturas é um sinal
do medo da Expiação e uma recusa em alcançar o altar propriamente dito. A beleza real do templo
não pode ser vista com o olho físico. A vista espiritual, por outro lado, não pode absolutamente ver
a estrutura porque é visão perfeita. Pode, todavia, ver o altar com clareza perfeita.

2. Para efectividade perfeita, o lugar da Expiação é o centro do altar interior, onde desfaz a sepa-
ração e restaura a integridade da mente. Antes da separação, a mente era invulnerável ao medo
porque o medo não existia. Tanto a separação quanto o medo são criações erradas que têm de ser
desfeitas para a restauração do templo e para que o altar se abra com o fim de receber a Expiação.
Isto cura a separação ao colocar dentro de ti a única defesa efectiva contra todos os pensamentos
de separação e fazendo com que sejas perfeitamente invulnerável.

3. A aceitação da Expiação por todas as pessoas é só uma questão de tempo. Isto pode parecer que
contradiz o livre arbítrio devido à inevitabilidade da decisão final, mas não é assim. Tu podes con-
temporizar e és capaz de um enorme adiamento, mas não podes desviar-te inteiramente do teu
Criador, que fixa os limites da tua capacidade de criar de forma errada. Uma vontade aprisionada
engendra uma situação que, levada ao extremo, torna-se totalmente intolerável. A tolerância à dor
pode ser alta, mas não é ilimitada. Eventualmente, todos começam a reconhecer, embora de forma
ténue, que tem de existir um caminho melhor. À medida que este reconhecimento vem a ser esta-
belecido de forma mais firme, torna-se um ponto de mutação. Isto, em última instância, desperta
outra vez a visão espiritual, enfraquecendo simultaneamente o investimento na vista física. O in-
vestimento alternado nos dois níveis de percepção é usualmente experimentado como um conflito
que pode vir a ser muito agudo. Mas o resultado é tão certo quanto Deus.

4. Literalmente, a visão espiritual não pode ver o erro e, simplesmente, olha procurando a Expia-
ção. Dissolvem-se todas as soluções que os olhos físicos buscam. A visão espiritual olha para dentro
e reconhece imediatamente que o altar foi profanado e necessita de ser reparado e protegido. Per-
feitamente ciente da defesa certa, passa por cima de todas as outras, olhando além do erro para a
verdade. Em função da força dessa visão, ela traz a mente para o seu serviço. Isto restabelece o
poder da mente e faz com que seja cada vez mais incapaz de tolerar o adiamento, por reconhecer
que adiar só adiciona dor desnecessária. Como resultado, a mente torna-se cada vez mais sensível
ao que antes teria considerado como muito pequenas intrusões de desconforto.

5. As crianças de Deus têm direito ao consolo perfeito que vem da confiança perfeita. Enquanto não
conseguirem isso, desperdiçam-se a si mesmas e aos seus poderes criativos verdadeiros em tentati-
vas inúteis de se fazerem mais confortáveis através de meios impróprios. Mas os meios necessários
já foram providos e não envolvem, em absoluto, nenhum esforço da parte delas. A Expiação é a
única dádiva que é digna de ser oferecida no altar de Deus, devido ao valor do próprio altar. Ele foi
criado perfeito e é inteiramente digno de receber a perfeição. Deus e as Suas criações são comple-
tamente dependentes entre si. Ele depende delas porque as criou perfeitas. Ele deu-lhes a Sua paz
de modo que não pudessem ser abaladas nem pudessem ser enganadas. Sempre que sentes medo
estás enganado e a mente não pode servir ao Espírito Santo. Isso deixa-te faminto, negando-te o
pão de cada dia. Deus é solitário sem os Seus filhos e eles são solitários sem Ele. Eles têm de
aprender a olhar para o mundo como um meio de curar a separação. A Expiação é a garantia de
que, em última instância, terão sucesso.
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Texto - Capítulo 2
IV. A cura como libertação do medo
1. A nossa ênfase está agora na cura. O milagre é o meio, a Expiação é o princípio e a cura é o
resultado. Falar de um «milagre de cura» é combinar duas ordens de realidade de maneira impró-
pria. A cura não é um milagre. A Expiação ou o milagre final é um remédio e qualquer tipo de cura
é um resultado. O tipo de erro ao qual é aplicado a Expiação é irrelevante. Qualquer cura é essen-
cialmente a libertação do medo. Para empreender isto não podes estar assustado. Não compreen-
des a cura devido ao teu próprio medo.

2. Um passo importante no plano da Expiação é dissipar o erro a todos os níveis. A doença ou «a


mentalidade que não está certa», é o resultado da confusão de níveis, dado que sempre acarreta a
crença em que o que está fora de lugar em um nível pode afectar de maneira adversa um outro.
Nós referimo-nos aos milagres como o meio de corrigir a confusão de níveis, pois todos os erros têm
de ser corrigidos no nível em que ocorrem. Só a mente é capaz de errar. O corpo é capaz de agir de
forma errada apenas quando responde a um pensamento errado. O corpo não pode criar e a crença
em que pode - um erro fundamental - produz todos os sintomas físicos. A enfermidade física repre-
senta uma crença na magia. Todas as distorções que deram origem à magia baseiam-se na crença
segundo a qual existe uma capacidade criativa na matéria que a mente não pode controlar. Esse
erro pode tomar duas formas: pode acreditar-se que a mente pode criar de forma errada no corpo
ou que o corpo pode criar de forma errada na mente. Quando se compreende que a mente - o único
nível da criação - não pode criar além de si mesma, nenhum desses dois tipos de confusão pode
ocorrer.

3. Só a mente pode criar porque o espírito já foi criado e o corpo é um instrumento de aprendiza-
gem para a mente. Os instrumentos de aprendizagem não são lições em si mesmos. O seu propósito
é, simplesmente, facilitar a aprendizagem. O pior que o uso faltoso de um instrumento de aprendi-
zagem pode fazer é falhar ao facilitar a aprendizagem. Ele não tem nenhum poder em si mesmo
para introduzir erros factuais de aprendizagem. O corpo, se compreendido de forma adequada,
compartilha da invulnerabilidade da Expiação no que se refere às defesas de dois gumes. Isso ocor-
re não porque o corpo seja um milagre, mas porque não está inerentemente aberto à interpretação
errada. O corpo é, simplesmente, uma parte da tua experiência no mundo físico. As capacidades do
corpo podem ser e são, com frequência, supervalorizadas. Todavia, é quase impossível negar a sua
existência nesse mundo. Aqueles que o fazem estão a aderir a uma forma de negação particular-
mente indigna. Aqui, o termo «indigna» subentende apenas que não é necessário proteger a mente
negando o que não é mental. Se alguém nega esse aspecto desafortunado do poder da mente, esse
alguém também está a negar o próprio poder.

4. Todos os meios materiais que aceitas como remédios para enfermidades corporais são reafirma-
ções de princípios mágicos. Este é o primeiro passo para se acreditar que o corpo faz as suas pró-
prias enfermidades. O segundo passo errado é tentar curá-lo através de agentes não-criativos. Con-
tudo, isto não quer dizer que o uso de tais agentes, com propósitos correctivos, seja mau. Por ve-
zes, a enfermidade tem um controlo suficientemente forte sobre a mente capaz de tornar a pessoa
temporariamente inacessível à Expiação. Neste caso, pode ser sábio usar uma abordagem de transi-
gência para com a mente e o corpo, na qual se acredita, durante algum tempo, que a cura venha
de alguma coisa de fora. Isto é assim porque a última coisa que pode ajudar aquele que tem a men-
te disposta ao que não é certo, ou o doente, é fazer algo que aumente o seu medo. Eles já estão
num estado debilitado pelo medo. Se são prematuramente expostos a um milagre podem cair em
pânico. É provável que isto ocorra quando a percepção invertida induziu a crença em que milagres
são assustadores.

5. O valor da Expiação não está na forma através da qual se exprime. De facto, se é usada de forma
verdadeira, inevitavelmente vai ser transmitida do modo que for útil para quem recebe, seja qual
for esse modo. Isto significa que um milagre, para atingir a sua plena eficácia, tem de ser transmi-
tido numa linguagem que quem o recebe possa compreender sem medo. Isto não significa necessa-
riamente que esse seja o mais elevado nível de comunicação do qual é capaz. Significa, contudo,
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que é o nível mais alto de comunicação do qual é capaz, agora. O objectivo último do milagre é
elevar o nível de comunicação e não descê-lo pelo facto de aumentar o medo.

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Texto - Capítulo 2
V. A função do trabalhador em milagres
1. Antes que os trabalhadores de milagres estejam prontos para empreender a sua função nesse
mundo, é essencial que compreendam inteiramente o medo da libertação. De outro modo podem,
inadvertidamente, fomentar a crença em que a libertação é aprisionamento, uma crença que já
prevalece muito. Esta percepção errada surge, por sua vez, da crença em que o dano pode ser limi-
tado ao corpo. Isso acontece em função do medo sub-reptício de que a mente pode ferir a si mes-
ma. Nenhum destes erros é significativo porque as criações erradas da mente, na realidade, não
existem. Este reconhecimento é um instrumento de protecção muito melhor do que qualquer forma
de confusão de níveis, porque introduz a correcção ao nível do erro. É essencial lembrar que só a
mente pode criar e que a correcção pertence ao nível do pensamento. Ampliando uma declaração
anterior, o espírito já é perfeito e, portanto, não requer correcção. O corpo não existe, excepto
como instrumento de aprendizagem para a mente. Este instrumento de aprendizagem não está su-
jeito a erros próprios porque não pode criar. É óbvio, então, que induzir a mente a desistir das suas
criações erradas é a única aplicação verdadeiramente significativa da capacidade criativa.

2. A magia é o uso da mente de forma criativa, porém errada ou não-mental. Os medicamentos


físicos são formas de «encantamentos», mas se tens medo de usar a mente para curar, não deves
tentar fazê-lo. O próprio facto de teres medo faz com que a tua mente seja vulnerável à criação
errada. Estás, portanto, propenso a compreender de forma errada qualquer cura que possa ocorrer,
e como o egocentrismo e o medo usualmente ocorrem juntos, podes ser incapaz de aceitar a Fonte
real da cura. Nestas condições é mais seguro que te apoies temporariamente em instrumentos de
cura física, porque esses percebes correctamente como criações tuas.

3. Eu já disse que milagres são expressões da mentalidade disposta para o milagre e essa mentali-
dade milagrosa significa mentalidade certa. Aquele que tem a mentalidade certa não exalta nem
deprecia a mente do trabalhador em milagres ou a de quem o recebe. Todavia, por ser uma correc-
ção, o milagre não precisa de esperar que a mentalidade daquele que a recebe esteja disposta para
o que é certo. É essencial, porém, que o trabalhador em milagres esteja na sua mente certa, nem
que seja por um breve período de tempo, ou será incapaz de restabelecer a mentalidade certa em
outra pessoa.

4. O curador que confia na sua prontidão está a colocar em perigo a sua própria compreensão. Tu
sempre estarás perfeitamente seguro enquanto te sentires completamente despreocupado com a
tua prontidão, mas mantiveres uma confiança consistente na minha. Se as tuas inclinações para
trabalhar em milagres não estão a funcionar adequadamente, isso sempre decorre de o medo se ter
introduzido na tua mentalidade certa e tê-la virado ao contrário. Todas as formas que a tua menta-
lidade assume para o que não é certo são o resultado da recusa em aceitares a Expiação para ti
mesmo. Se a aceitas, estás em posição de re-conhecer que aqueles que necessitam de cura são,
simplesmente, aqueles que não compreendem que a mentalidade certa é a cura em si mesma.

5. A única responsabilidade daquele que trabalha em milagres é aceitar a Expiação para si mesmo.
Isso significa que reconheces que a mente é o único nível criativo e que os erros que ela comete são
curados pela Expiação. Desde que aceites isto, a tua mente só pode curar. Negando à tua mente
qualquer potencial destrutivo e reempossando-a dos seus poderes puramente construtivos, ficas em
posição de dissipar a confusão de níveis nas outras pessoas. A mensagem que então lhes dás é a
verdade de que as suas mentes são semelhantemente construtivas e que as criações erradas dessas
mentes não podem feri-los. Afirmando isto, libertas a mente da supervalorização do seu próprio
instrumento de aprendizagem e restauras nela a verdadeira posição de aprendiz.

6. Deve-se enfatizar mais uma vez que o corpo não aprende nem tão-pouco cria. Como um instru-
mento de aprendizagem, limita-se a seguir o aprendiz; mas, se é falsamente dotado de iniciativa
própria, torna-se uma séria obstrução à aprendizagem que devia facilitar. Apenas a mente é capaz
de iluminação. O espírito já é iluminado e o corpo em si é demasiadamente denso. A mente,
porém, pode trazer a sua iluminação ao corpo reconhecendo que ele não é o aprendiz e, portanto,
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não pode ser levado à aprendizagem. Contudo, o corpo é facilmente levado a alinhar-se com a
mente que aprendeu a ver para além dele em direcção à luz.

7. A aprendizagem correctiva começa sempre com o despertar do espírito e o afastamento da cren-


ça na vida física. Isto, frequentemente, acarreta medo porque receias o que a tua vista espiritual
te mostrará. Disse anteriormente que o Espírito Santo não pode ver o erro e só é capaz de olhar
para o que está para além da erro em defesa da Expiação. Não há dúvida de que isso pode produzir
desconforto, no entanto, o desconforto não é o resultado final da percepção. Quando se permite
que o Espírito Santo olhe para a profanação do altar, Ele também olha imediatamente na direcção
da Expiação. Nada do que Ele percebe pode induzir ao medo. Tudo o que resulta da consciência
espiritual é, simplesmente, canalizado em direcção à correcção. O desconforto só surge para trazer
à consciência a necessidade de correcção.

8. Em última instância, o medo da cura surge de uma recusa em aceitar inequivocamente que a
cura é necessária. O que o olho físico vê não é correctivo e nem pode o erro ser corrigido por qual-
quer instrumento que possa ser visto fisicamente. Enquanto acreditas no que te diz a tua vista físi-
ca, as tuas tentativas de correcção estão erradamente dirigidas. A visão real é obscurecida porque
não podes suportar ver o teu próprio altar profanado. Mas, uma vez que o altar foi profanado, o teu
estado torna-se duplamente perigoso, a menos que seja percebido.

9. A cura é uma habilidade que foi desenvolvida após a separação, pois antes disso era desnecessá-
ria. Como todos os aspectos da crença no espaço e no tempo, ela é temporária. Contudo, enquanto
o tempo persiste, a cura é necessária como um meio de protecção. Isto é assim porque a cura
baseia-se na caridade e a caridade é uma maneira de perceber a perfeição do outro, mesmo quan-
do não podes percebê-la em ti mesmo. A maioria dos mais elevados conceitos que és capaz de ter
agora dependem do tempo. A caridade é realmente um fraco reflexo de uma abrangência do amor
muito mais poderosa, que está muito além de qualquer forma de caridade que possas conceber por
enquanto. A caridade é essencial à mentalidade certa no sentido limitado em que pode ser agora
alcançada.

10. A caridade é um modo de olhar para o outro como se ele já estivesse muito além das suas reali-
zações factuais no tempo. Como o seu próprio pensamento é faltoso, não pode ver a Expiação para
si mesmo, ou não teria nenhuma necessidade de caridade. A caridade que lhe é conferida é tanto
uma admissão de que ele necessita de ajuda, quanto um reconhecimento de que vai aceitá-la. Es-
tas duas percepções significam, claramente, uma dependência em relação ao tempo, tornando evi-
dente que a caridade ainda está dentro das limitações deste mundo. Disse anteriormente que só a
revelação transcende o tempo. O milagre como uma expressão de caridade só pode encurtá-lo.
Tem de ser compreendido, porém, que sempre que ofereces um milagre a um outro estás a encur-
tar o sofrimento dele e o teu. Isso corrige tanto retroactiva como progressivamente.

A - Princípios especiais dos trabalhadores em milagres

1. O milagre elimina a necessidade de preocupações de ordem mais inferior. Como é um intervalo


de tempo fora do padrão, as considerações ordinárias de tempo e espaço não se aplicam. Quando
apresentares um milagre, arranjarei tanto o tempo quanto o espaço para que se ajustem a ele.
2. Uma distinção clara entre o que é criado e o que é feito é essencial. Todas as formas de cura se
baseiam nesta correcção fundamental na percepção dos níveis.
3. Nunca confundas mentalidade certa com mentalidade errada. Responder a qualquer forma de
erro com qualquer coisa excepto um desejo de curar é uma expressão dessa confusão.
4. O milagre é sempre uma negação desse erro e uma afirmação da verdade. Só a mentalidade cer-
ta pode corrigir de um modo que tenha qualquer efeito real. Em termos pragmáticos, o que não
tem efeito real não tem existência real. O seu efeito, então, é o vazio. Por não ter conteúdo subs-
tancial, presta-se para a projecção.
5. O poder do milagre para ajustar níveis induz à percepção certa para a cura. Até que isso tenha
ocorrido, a cura não pode ser compreendida. O perdão é um gesto vazio, a não ser que acarrete
correcção. Sem isso, é essencialmente julgador em vez de curativo.
6. O perdão da mentalidade milagrosa é apenas correcção. Não tem absolutamente nenhum ele-
mento de julgamento. A declaração «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem», de modo
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algum avalia o que fazem. É um apelo para Deus curar as suas mentes. Não há referência ao resul-
tado do erro. Isso não importa.
7. A injunção «Sede uma só mente» é o enunciado para o estado de prontidão para a revelação. O
meu pedido «Fazei isso em memória de mim» é o apelo para a cooperação dos trabalhadores de
milagres. As duas declarações não pertencem à mesma ordem de realidade. Só a última envolve
uma consciência do tempo, já que recordar é lembrar o passado no presente. O tempo está sob a
minha direcção, mas a intemporalidade pertence a Deus. No tempo existimos para o outro e com o
outro. Na intemporalidade coexistimos com Deus.
8. Tu podes fazer muito em favor da tua própria cura e da dos outros se, em uma situação que
necessite de ajuda, pensares deste modo:

Eu estou aqui só para ser verdadeiramente útil.


Estou aqui para representar Aquele que me enviou.
Não tenho de me preocupar com o que dizer ou o que fazer, porque Aquele que me enviou me diri-
girá.
Estou contente por estar onde quer que Ele deseje, sabendo que Ele vai comigo.
Serei curado à medida que permitir que Ele me ensine a curar.

21
Texto - Capítulo 2
VI. Medo e conflito
1. Ficar com medo parece ser involuntário; algo além do teu próprio controlo. Entretanto, eu já
disse que só os actos construtivos devem ser involuntários. O meu controlo pode encarregar-se de
todas as coisas que não têm importância, enquanto a minha orientação pode dirigir tudo o que tem,
se tu assim escolheres. O medo não pode ser controlado por mim, mas pode ser autocontrolado. O
medo impede-me de te dar o meu controlo. A presença do medo mostra que fizeste com que pen-
samentos corporais subissem ao nível da mente. Isso remove-os do meu controlo e faz com que te
sintas pessoalmente responsável por eles. Esta é uma confusão óbvia de níveis.

2. Eu não fomento a confusão de níveis, mas tu tens de escolher corrigi-la. Não desculparias um
comportamento doentio da tua parte dizendo que não pudeste evitá-lo? Por que serias condescen-
dente com pensamentos doentios? Há aqui uma confusão que farias bem olhar com clareza. Tu po-
des acreditar que és responsável pelo que fazes, mas não pelo que pensas. A verdade é que és res-
ponsável pelo que pensas, porque só nesse nível podes exercitar a escolha. O que fazes vem do que
pensas. Tu não podes separar-te da verdade «dando» autonomia ao comportamento. Isso é automa-
ticamente controlado por mim, assim que coloques o que pensas sob minha orientação. Sempre que
sentes medo, é um sinal seguro de que permitiste que a tua mente criasse de forma errada e não
me permitiste guiá-la.

3. Não faz sentido acreditar que controlar o resultado de um pensamento errado pode resultar em
cura. Quando estás assustado, escolheste erradamente. Essa é a razão de te sentires responsável
por isso. Tens de mudar a tua mente, não o teu comportamento, e isso é uma questão de disponibi-
lidade. Tu não precisas de orientação excepto ao nível da mente. O único lugar da correcção é o
nível onde a mudança é possível. A mudança nada significa ao nível dos sintomas, onde não pode
funcionar.

4. A correcção do medo é da tua responsabilidade. Quando pedes a libertação do medo, estás a


deduzir que não é. Em vez disso, deverias pedir ajuda em relação às condições que trouxeram o
medo. Essas condições sempre acarretam uma disponibilidade para estar separado. Neste nível,
podes evitar isso. Tu és demasiado tolerante em relação às divagações da mente e condescendes
com passividade às criações erradas da tua mente. O resultado particular não importa, mas o erro
fundamental sim. A correcção é sempre a mesma. Antes de escolheres fazer qualquer coisa, per-
gunta-me se a tua escolha está de acordo com a minha. Se estiveres seguro do que escolheste
fazer, não haverá medo.

5. O medo é sempre um sinal de tensão, e surge todas as vezes em que o que queres entra em con-
flito com o que fazes. Essa situação surge de duas maneiras: primeiro, podes escolher fazer, seja
simultaneamente ou sucessivamente, coisas que chocam entre si. Isto produz um comportamento
conflituoso intolerável, porque a parte da mente que quer fazer uma coisa foi enganada; segundo,
podes comportar-te como pensas que deverias, mas sem quereres inteiramente fazê-lo. Isto produz
um comportamento consistente, mas acarreta grande tensão. Nos dois casos, a mente e o compor-
tamento estão em desacordo resultando numa situação na qual fazes o que não queres totalmente
fazer. Isto faz surgir um sentimento de coerção que usualmente produz fúria, o que convida à pro-
jecção. Sempre que há medo, é porque ainda não escolheste na tua mente. Portanto, a tua mente
está dividida e o teu comportamento torna-se inevitavelmente errático. A correcção ao nível do
comportamento pode deslocar o erro do primeiro para o segundo tipo, mas não eliminará o medo.

6. É possível alcançar um estado no qual trazes a tua mente para a minha orientação sem esforço
consciente, mas isso requer uma disponibilidade que ainda não desenvolveste. O Espírito Santo não
pode pedir mais do que aquilo que estás disposto a dar. A força para fazer vem da tua decisão não
dividida. Não há tensão ao fazer a vontade de Deus logo que reconheças que ela é também a tua. A
lição aqui é bastante simples, embora particularmente propensa a não ser vista. Portanto, vou
repeti-la, urgindo para que a ouças: apenas a tua mente pode produzir medo. Assim acontece sem-
pre que ela está em conflito acerca do que quer e produz uma tensão inevitável, porque o querer e
22
o fazer estão em discordância. Isto só pode ser corrigido através da aceitação de uma meta unifica-
da.

7. O primeiro passo correctivo para dissipar o erro é saber, antes de tudo, que o conflito é uma
expressão de medo. Diz a ti mesmo que, de alguma forma, deves ter escolhido não amar, ou o
medo não poderia ter surgido. Então, qualquer processo correctivo passa a ser somente uma série
de passos pragmáticos no processo mais amplo de aceitar a Expiação como remédio. Tais passos
podem ser resumidos desta forma:
Primeiro, precisas saber que isso é medo.
O medo surge da falta de amor.
O único remédio para a falta de amor é o amor perfeito.
O amor perfeito é a Expiação.

8. Tenho enfatizado que o milagre, ou a expressão da Expiação, é sempre um sinal de respeito de


alguém de valor para com alguém de valor. O reconhecimento deste valor é reconhecido pela
Expiação. É óbvio, então, que quando tens medo, te colocaste numa posição em que necessitas da
Expiação. Fizeste alguma coisa sem amor, tendo escolhido sem amor. Esta é, precisamente, a
situação para a qual a Expiação foi oferecida. Como havia necessidade de remédio, ele foi estabe-
lecido. Enquanto reconheces apenas a necessidade do remédio, continuarás assustado. Contudo,
assim que aceitas o remédio, aboliste o medo. É deste modo que ocorre a verdadeira cura.

9. Todos experimentam medo. No entanto, só seria preciso um pequeno pensamento certo para se
reconhecer a razão pela qual o medo ocorre. Poucos apreciam o poder real da mente e ninguém
permanece plenamente ciente dele o tempo todo. Porém, se esperas poupar-te do medo, existem
certas coisas que tens de reconhecer, e reconhecer plenamente. A mente é muito poderosa e nun-
ca perde a sua força criativa. Ela nunca dorme. A cada instante está a criar. É duro reconhecer que
o pensamento e a crença se combinam numa onda de poder que, literalmente, pode «mover mon-
tanhas». À primeira vista parece que acreditar em tal poder acerca de ti mesmo é arrogância, mas
não é essa a razão real pela qual não acreditas nisso. Preferes acreditar que os teus pensamentos
não podem exercer influência real porque, de facto, tens medo deles. Isto pode diminuir a tua
consciência em relação à culpa, mas o custo disso é perceberes a mente como impotente. Se acre-
ditas que o que pensas não tem efeito, podes deixar de ter medo do que pensas, mas dificilmente
tens propensão para respeitar o teu pensamento. Não existem pensamentos vãos. Todos os pensa-
mentos produzem formas em algum nível.

23
Texto - Capítulo 2
VII. Causa e efeito
1. Podes continuar a reclamar do medo mas, apesar disso, persistes em te assustares a ti mesmo.
Já indiquei que não me podes pedir que te liberte do medo. Eu sei que o medo não existe, mas tu
não sabes. Se eu interviesse entre os teus pensamentos e os seus resultados, estaria a adulterar
uma lei básica de causa e efeito, a lei mais fundamental que existe. Dificilmente poderia ajudar-te
se desprezasse o poder do teu próprio pensamento. Isso estaria em oposição directa ao propósito
deste curso. É muito mais útil lembrar-te que não vigias os teus pensamentos com suficiente cuida-
do. Podes sentir que, neste ponto, seria necessário um milagre para te capacitar a fazer tal coisa, o
que é perfeitamente verdadeiro. Não estás habituado ao pensamento da mente disposta ao mila-
gre, mas podes ser treinado para pensar dessa forma. Todos os trabalhadores em milagres necessi-
tam deste tipo de treino.

2. Não posso permitir que deixes a tua mente sem vigilância ou serás incapaz de me ajudar. Traba-
lhar em milagres requer a realização plena do poder do pensamento de forma a evitar criações
erradas. De outro modo, será necessário um milagre para endireitar a própria mente, um processo
circular que não promoveria o colapso do tempo para o qual o milagre foi intencionado. O traba-
lhador em milagres tem de ter respeito genuíno pela verdadeira lei de causa e efeito, como uma
condição necessária para que o milagre ocorra.

3. Tanto os milagres quanto o medo vêm dos pensamentos. Se não estás livre para escolher um
deles, também não estarias livre para escolher o outro. Ao escolher o milagre, rejeitaste o medo,
mesmo que só temporariamente. Tens estado assustado com todas as pessoas e todas as coisas.
Tens medo de Deus, de mim e de ti mesmo. Tu percebeste-nos mal ou criaste-nos erradamente e
acreditas no que fizeste. Não terias feito isso se não tivesses medo dos teus próprios pensamentos.
Os que têm medo não podem deixar de criar de forma errada, porque percebem erradamente a
criação. Quando crias de forma errada, estás em dor. O princípio de causa e efeito torna-se agora
um real expedidor, embora só temporariamente. De facto «Causa» é um termo que propriamente
pertence a Deus e o Seu «Efeito» é o Filho de Deus. Isto acarreta um conjunto de relações de Causa
e Efeito totalmente diferentes daquelas que introduzes na criação errada. Portanto, o conflito fun-
damental neste mundo ocorre entre criação e criação errada. A totalidade do medo está implícita
na segunda e a totalidade do amor está na primeira. O conflito é, por conseguinte, entre amor e
medo.

4. Já foi dito que acreditas que não podes controlar o medo porque tu mesmo o fizeste e a tua
crença nele parece deixá-lo fora do teu controlo. No entanto, qualquer tentativa de resolver o erro
tentando dominar o medo através da perícia é inútil. De facto, essa perícia afirma o poder do medo
pela própria suposição de que o medo tem de ser domado. A verdadeira solução, baseia-se inteira-
mente na perícia através do amor. Neste ínterim, contudo, o sentimento de conflito é inevitável, já
que te colocaste numa posição na qual acreditas no poder do que não existe.

5. Nada e tudo não podem coexistir. Acreditar em um é negar o outro. O medo, na realidade, é
nada e o amor é tudo. Sempre que a luz penetra na escuridão, a escuridão é eliminada. O que
acreditas é verdadeiro para ti. Neste sentido, a separação ocorreu e negá-la é, simplesmente, usar
a negação de maneira imprópria. No entanto, concentrares-te no erro é apenas mais um erro. O
procedimento correctivo inicial é reconhecer temporariamente que existe um problema mas só
como uma indicação de que é necessário uma correcção imediata. Isto estabelece um estado na
mente no qual a Expiação pode ser aceite sem adiamento. Contudo, deve-se enfatizar que, em
última instância, nenhuma transigência é possível entre tudo e nada. O tempo é essencialmente um
instrumento através do qual se pode desistir de qualquer transigência a este respeito. Ele apenas
parece ser eliminado por etapas, porque o tempo em si mesmo envolve intervalos que não existem.
A criação errada fez com que isto fosse necessário como medida correctiva. A declaração «Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito para que quem nele crê não
pereça mas tenha vida eterna» só precisa de uma leve correcção para ser significativa neste con-
texto: «Ele deu-o ao seu Filho unigénito».
24
6. Deve-se notar especificamente que Deus só tem um Filho. Se todas as Suas criações são Seus
Filhos, cada um tem de ser uma parte integral de toda a Filiação. A Filiação, na sua unicidade,
transcende a soma das suas partes. Todavia, isso fica obscuro enquanto faltar qualquer uma das
suas partes. É por isso que, em última instância, o conflito não pode ser resolvido até que todas as
partes da Filiação tenham regressado. Só então o significado da integridade pode ser compreendido
no seu verdadeiro sentido. Qualquer parte da Filiação pode acreditar no erro ou no incompleto, se
assim escolher. Todavia, se o faz, está a acreditar na existência do nada. A correcção desse erro é
a Expiação.

7. Já falei brevemente sobre a prontidão, mas alguns pontos adicionais podem ser úteis aqui. A
prontidão é apenas o pré-requisito para a realização. As duas não devem ser confundidas. Assim
que ocorre um estado de prontidão, usualmente existe algum desejo de realização, mas isso não
significa necessariamente que ele não seja dividido. Este estado não requer nada mais do que um
potencial para a mudança da mente. A confiança não se pode desenvolver plenamente enquanto a
perícia não tiver sido conseguida. Nós já tentámos corrigir o erro fundamental de que o medo pode
ser domado e enfatizámos que a única perícia real é através do amor. A prontidão é só o começo da
confiança. Podes pensar que isto necessita na necessidade de uma enorme quantidade de tempo
entre a prontidão e a perícia, mas permite-me lembrar-te de que o tempo e o espaço estão sob o
meu controlo.

25
Texto - Capítulo 2
VIII. O significado do Juízo Final
1. Um dos caminhos pelo qual podes corrigir a confusão entre magia e milagre é lembrares-te que
não te criaste a ti mesmo. Estás apto a esquecer-te disto quando te tornas egocêntrico, o que te
coloca numa posição em que a crença na magia é virtualmente inevitável. A tua vontade de criar
foi-te dada pelo teu Criador, que estava a expressar a mesma Vontade na Sua criação. Como a
capacidade criativa reside na mente, tudo o que crias não pode deixar de ser uma questão de von-
tade. Daí também decorre que, qualquer coisa que faças sozinho, é real na tua própria maneira de
ver, embora o não seja na Mente de Deus. Esta distinção básica conduz directamente ao real signi-
ficado do Juízo Final.

2. O Juízo Final é uma das ideias mais ameaçadoras no teu pensamento. Isso é assim porque não a
compreendes. O julgamento não é um atributo de Deus. Veio a sê-lo só depois da separação, quan-
do se tornou num dos muitos instrumentos de aprendizagem a ser anexado ao plano geral. Assim
como a separação ocorreu no decurso de milhões de anos, o Juízo Final estender-se-á por um perí-
odo igualmente longo ou, talvez, até mais longo. A sua duração porém, pode ser muito reduzida
pelos milagres, o instrumento que encurta, mas não elimina, o tempo. Se um número suficiente de
pessoas vier a ter, na verdade, a mentalidade milagrosa, esse processo de encurtamento pode ser
praticamente imensurável. Contudo, é fundamental que te libertes do medo com rapidez, porque,
se vais trazer paz a outras mentes, tens de emergir do conflito.

3. Em geral, considera-se o Juízo Final como um procedimento empreendido por Deus. De facto,
será empreendido pelos meus irmãos, com a minha ajuda. É uma cura final em vez de um acerto
punitivo, por mais que possas pensar que a punição é merecida. A punição é um conceito totalmen-
te oposto à mentalidade certa e o objectivo do Juízo Final é restaurar, em ti, essa mesma mentali-
dade. O Juízo Final podia ser chamado um processo de avaliação certa. Significa, apenas, que todas
as pessoas, finalmente, virão a compreender o que tem valor e o que não tem. Depois disso, a
capacidade de escolher pode ser dirigida racionalmente. Até que essa distinção seja feita, porém,
as oscilações entre a vontade livre e a vontade aprisionada não podem senão continuar.

4. O primeiro passo para a liberdade envolve uma selecção entre o falso e o verdadeiro. Este é um
processo de separação no sentido construtivo e reflecte o verdadeiro significado do Apocalipse. Em
última instância, todos olharão para as suas próprias criações e escolherão preservar somente o que
é bom, assim como o próprio Deus olhou para O que criou e soube que era bom. Nesse ponto, a
mente pode começar a olhar com amor para as suas próprias criações devido ao valor que têm. Ao
mesmo tempo, a mente irá inevitavelmente repudiar as suas criações erradas, as quais, sem cren-
ça, não mais existirão.

5. A expressão «Juízo Final» é assustadora, não só porque foi projectada para Deus, mas, também,
por causa da associação entre «final» e morte. Este é um exemplo claro da percepção invertida. Se
o significado do Juízo Final for objectivamente examinado, torna-se bastante evidente que, na ver-
dade, é o umbral da vida. Ninguém que viva no medo está realmente vivo. Não podes submeter-te
a ti mesmo ao teu próprio juízo final, porque não és criação tua. Podes, todavia, aplicá-lo de modo
significativo, e a qualquer momento, a tudo o que fizeste e reter na tua memória apenas o que é
criativo e bom. O propósito do tempo é unicamente «dar-te tempo» para conseguires esse julga-
mento. É o teu próprio julgamento perfeito das tuas próprias criações perfeitas. Quando tudo o que
reténs é amável, não há razão para o medo permanecer contigo. Essa é a tua parte na Expiação.

26
Texto - Capítulo 3
I. Expiação sem sacrifício
1. Um outro ponto tem de estar perfeitamente claro antes que qualquer medo residual, ainda asso-
ciado aos milagres, possa desaparecer. A crucificação não estabeleceu a Expiação, mas a ressurrei-
ção sim. Muitos cristãos sinceros compreenderam isto erradamente. Ninguém que esteja livre da
crença na escassez poderia cometer este equívoco. Se a crucificação é vista de uma perspectiva
invertida, parece que Deus permitiu e até mesmo encorajou um dos seus Filhos a sofrer porque era
bom. Esta interpretação particularmente desafortunada, surgida da projecção, tem levado muitas
pessoas a sentirem amargamente o medo de Deus. Tais conceitos anti-religiosos entram em muitas
religiões. No entanto, o cristão real deveria fazer uma pausa e perguntar: «Como poderia ser
assim?» É provável que o próprio Deus fosse capaz de um tipo de pensamento que as Suas Próprias
palavras claramente declararam como indigno do Seu Filho?

2. A melhor defesa, como sempre, é não atacar a posição do outro mas, em vez disso, proteger a
verdade. Não é sábio aceitar qualquer conceito se tens de inverter todo um quadro de referências
de modo a justificá-lo. Este procedimento é doloroso em aplicações de menor importância e genui-
namente trágico numa escala mais ampla. A perseguição frequentemente resulta numa tentativa de
«justificar» a terrível percepção errada de que Deus perseguiu o Seu próprio Filho em prol da Sal-
vação. Estas palavras em si mesmas não têm significado. Tem sido particularmente difícil superar
isto porque, embora este erro não seja mais difícil de corrigir do que qualquer outro, muitos se têm
recusado a desistir dele por causa do seu proeminente valor como defesa. Em formas mais brandas,
um pai diz: «Isto fere-me mais a mim do que a ti» e sente-se desculpado por bater numa criança.
Acreditas realmente que o nosso Pai pense deste modo? É tão essencial que todos estes pensamen-
tos sejam dissipados, que nós não podemos deixar de estar seguros de que nada deste tipo perma-
neça na tua mente. Eu não fui «punido» porque tu foste mau. A lição totalmente benigna que a
Expiação ensina está perdida se, de alguma forma, for manchada com este tipo de distorção.

3. A declaração «A mim pertence a vingança, diz o Senhor» é uma percepção errada através da
qual a pessoa atribui o seu próprio passado «mau» a Deus. O passado «mau» nada tem de ver com
Deus. Ele não o criou e não o mantém. Deus não acredita em retribuir o mal com o mal. A Mente
Dele não cria deste modo. Ele não guarda os teus feitos «maus» contra ti. É provável que os tivesse
guardado contra mim? Certifica-te de que reconheces como esta suposição é completamente
impossível e como surge inteiramente da projecção. Este tipo de erro é inteiramente responsável
por um batalhão de erros relacionados com isto, incluindo a crença de que Deus rejeitou Adão e o
forçou a deixar o Jardim do Éden. É também por isso que, de tempos a tempos, podes acreditar
que estou a dirigir-te erradamente. Tenho feito um esforço para usar palavras que quase não têm
possibilidade de serem distorcidas, mas é sempre possível distorcer símbolos, se tu o desejas.

4. O sacrifício é uma noção totalmente desconhecida de Deus. Ele só surge do medo, e pessoas
assustadas podem ser perversas. O sacrifício, sob qualquer forma, é uma violação da injunção
segundo a qual deverias ser misericordioso tal como o teu Pai no Céu é misericordioso. Tem sido
difícil para muitos cristãos reconhecer que isto se aplica a eles próprios. Bons professores nunca
aterrorizam os seus alunos. Aterrorizar é atacar, e isso resulta na rejeição do que o professor ofe-
rece. O resultado é o fracasso da aprendizagem.

5. Referiram-se correctamente a mim como o «cordeiro que tira os pecados do mundo», mas aque-
les que representam o cordeiro manchado de sangue não compreendem o significado do símbolo.
Correctamente compreendido, é um símbolo muito simples que fala da minha inocência. O cordeiro
e o leão deitados lado a lado simbolizam que a força e a inocência não estão em conflito, mas na-
turalmente vivem em paz. «Bem aventurados os puros de coração, porque verão Deus» é outra ma-
neira de dizer a mesma coisa. Ela não confunde destruição com inocência porque associa inocência
com força, não com fraqueza.

6. A inocência é incapaz de sacrificar qualquer coisa porque a mente inocente tem tudo e só se
esforça por proteger a sua integridade. A mente inocente não pode projectar. Só pode honrar as
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outras mentes porque a honra é o cumprimento natural dos verdadeiramente amados para outros
que são como eles. O cordeiro «tira os pecados do mundo» no sentido que o estado de inocência ou
de graça é aquele no qual o significado da Expiação é inteiramente sem ambiguidades. É perfeita-
mente clara porque existe na luz. Só as tentativas de amortalhá-la na escuridão têm feito com que
a Expiação seja inacessível àqueles que não escolhem ver.

7. A Expiação em si não irradia nada além da verdade. Portanto, é o epítome de tudo o que é inca-
paz de causar dano e dela apenas bênçãos se irradiam. Não poderia fazer isso se não surgisse de
qualquer coisa que não fosse a perfeita inocência. A inocência é sabedoria porque não está ciente
do mal e o mal não existe. Todavia, está perfeitamente ciente de tudo o que é verdadeiro. A res-
surreição demonstrou que nada pode destruir a verdade. O bem pode resistir a qualquer forma de
mal assim como a luz elimina todas as formas de escuridão. A Expiação é, portanto a lição perfeita.
É a demonstração final de que todas as outras lições que demonstrei são verdadeiras. Se podes
aceitar esta única generalização agora, não haverá nenhuma necessidade de aprenderes outras
lições menores. Tu és libertado de todos os erros se acreditas nisso.

8. A inocência de Deus é o verdadeiro estado da mente do Seu Filho. Nesse estado, a tua mente
conhece Deus, pois Deus não é simbólico, é um Facto. Conhecendo o Filho Dele tal como é, reco-
nheces que a Expiação, não o sacrifício, é a única dádiva apropriada para o altar de Deus, onde
nada excepto a perfeição deve estar. A compreensão do inocente é a verdade. É por isso que os
seus altares são verdadeiramente radiantes.

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Texto - Capítulo 3
II. Milagres como percepção verdadeira
1. Tenho declarado que os conceitos básicos a que este curso se refere não são questões de grau.
Certos conceitos fundamentais não podem ser compreendidos em termos de opostos. É impossível
conceber luz e escuridão ou tudo e nada como possibilidades conjuntas. São todos verdadeiros ou
falsos. É essencial que reconheças que o teu pensamento será errático até que um firme compro-
misso com um ou outro seja feito. Contudo, um firme compromisso com a escuridão ou o nada é
impossível. Ninguém jamais viveu que não tenha experimentado alguma luz e alguma coisa. Nin-
guém é, portanto, capaz de negar totalmente a verdade, mesmo que se pense que pode.

2. A inocência não é um atributo parcial. Não é real enquanto não é total. Os que são parcialmente
inocentes estão aptos a ser bastante tolos, às vezes. Enquanto a sua inocência não se torna um
ponto de vista de aplicação universal, não chega a ser sabedoria. A percepção inocente ou verda-
deira significa que tu nunca percebes de forma errada e sempre vês verdadeiramente. Em termos
mais simples, significa que nunca vês o que não existe e sempre vês o que existe.

3. Quando te falta confiança no que outra pessoa vai fazer, estás a atestar a tua crença segundo a
qual ela não está na sua mente certa. Dificilmente este quadro de referências se baseia no milagre.
Ele também tem o poder desastroso de negar o poder do milagre. O milagre percebe tudo tal como
é. Se nada a não ser a verdade existe, o modo de ver da mentalidade certa não pode ver nada a
não ser a perfeição. Tenho dito que só o que Deus cria ou o que tu crias com a mesma Vontade tem
alguma existência real. Isto, então, é tudo o que um inocente pode ver. Os inocentes não sofrem de
percepção distorcida.

4. Tu tens medo da vontade de Deus, porque tens usado a tua mente, que Deus criou à semelhança
da Sua, para criar de forma errada. A mente só pode criar de forma errada quando acredita que
não é livre. A mente «aprisionada» não é livre porque está possuída, ou detida, por ela mesma. Ser
um é ser uma só mente ou vontade. Quando a vontade da Filiação e a do Pai são uma só, o acordo
perfeito entre elas é o Céu.

5. Nada pode prevalecer contra um filho de Deus que entrega o seu espírito nas Mãos do seu Pai. Ao
fazer isso, a mente desperta do seu sono e lembra-se do seu Criador. Qualquer sensação de separa-
ção desaparece. O Filho de Deus é parte da Santíssima Trindade, mas a própria Trindade é una. Não
há confusão dentro dos Seus Níveis porque Eles são uma só Mente e uma só Vontade. Este propósito
único cria a perfeita integração e estabelece a paz de Deus. Entretanto, esta visão só pode ser per-
cebida pelos que são verdadeiramente inocentes. Porque os seus corações são puros, os inocentes
defendem a percepção verdadeira em vez de se defenderem dela. Compreendendo a lição da Expi-
ação, eles não têm o desejo de atacar e, portanto, vêem verdadeiramente. É esse o significado da
Bíblia quando diz «quando Ele se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo
como Ele é».

6. O caminho para corrigir distorções é retirar a fé que depositas nelas e investir somente no que é
verdadeiro. Não podes fazer com que a falta de verdade seja verdadeira. Se estás disposto a acei-
tar o que é verdadeiro em tudo o que percebes, deixa que isso seja verdadeiro para ti. A verdade
vence qualquer erro e aqueles que vivem no erro e no vazio jamais podem encontrar consolação
duradoura. Se percebes verdadeiramente, estás a cancelar percepções erradas em ti mesmo e nos
outros simultaneamente. Porque os vês tais como são, ofereces- lhes a tua aceitação da verdade de
forma que possam aceitá-la para si próprios. Essa é a cura que o milagre induz.

29
Texto - Capítulo 3
III. Percepção versus conhecimento
1. Estivemos a enfatizar a percepção e, até agora, falámos muito pouco do conhecimento. Isto por-
que a percepção tem de ser corrigida antes que se possa conhecer qualquer coisa. Conhecer é ter a
certeza. A incerteza significa que não conheces. O conhecimento é poder porque é certo e a certe-
za é força. A percepção é temporária. Como um atributo da crença no espaço e no tempo, está
sujeita ao medo e ao amor. As percepções erradas produzem medo e as percepções verdadeiras
fomentam amor, mas nenhuma traz a certeza, pois qualquer percepção varia. Por isso não é conhe-
cimento. A percepção verdadeira é a base para o conhecimento, mas conhecer é a afirmação da
verdade e está além de todas as percepções.

2. Todas as tuas dificuldades decorrem do facto de que não te reconheces a ti mesmo, o teu irmão
ou Deus. Reconhecer significa «conhecer de novo», o que significa que antes já conhecias. Podes
ver de muitas maneiras, porque a percepção envolve interpretação o que significa que não é ínte-
gra ou consistente. O milagre, sendo uma maneira de perceber, não é conhecimento. É a resposta
certa para uma questão, mas tu não questionas quando conheces. Questionar ilusões é o primeiro
passo para as dissipar. O milagre, ou a resposta certa, corrige as ilusões. Como as percepções mu-
dam, a sua dependência do tempo é óbvia. A forma como percebes a qualquer momento determina
o que fazes e as acções têm de ocorrer no tempo. O conhecimento é intemporal porque a certeza
não é questionável. Tu conhecerás quando tiveres deixado de questionar.

3. A mente que questiona percebe-se no tempo e, portanto, olha à procura de respostas futuras. A
mente fechada acredita que o futuro e o presente são o mesmo. Isto estabelece um estado aparen-
temente estável que, normalmente, é uma tentativa de se contrapor a um medo sub-reptício de
que o futuro venha a ser pior do que o presente. Este medo inibe inteiramente a tendência para
questionar.

4. A visão verdadeira é a percepção natural da vista espiritual, mas ainda é uma correcção em vez
de um facto. A vista espiritual é simbólica e, portanto, não é um instrumento para o conhecimento.
Contudo, é o meio de percepção certa, que a traz ao domínio próprio do milagre. Uma «visão de
Deus» seria mais um milagre do que uma revelação. O facto de a percepção estar envolvida nisto,
de qualquer maneira, remove a experiência da esfera do conhecimento. É por isso que as visões,
por mais santas que sejam, não duram.

5. A Bíblia diz «Conhece-te a ti mesmo» ou seja, diz para teres a certeza. A certeza é sempre de
Deus. Quando amas alguém percebeste-o como é, e isso faz com que te seja possível conhecê-lo.
Enquanto não o perceberes como ele é, não podes conhecê-lo. Enquanto fizeres perguntas a respei-
to dessa pessoa estás claramente a inferir que não conheces Deus. Certeza não requer acção.
Quando dizes que estás a agir com base no conhecimento, estás realmente a confundir conheci-
mento com percepção. O conhecimento provê a força para o pensamento criativo, mas não para
fazer as coisas certas. A percepção, os milagres e o fazer estão intimamente relacionados. O
conhecimento é o resultado da revelação e induz apenas ao pensamento. Mesmo na sua forma mais
espiritualizada a percepção envolve o corpo. O conhecimento vem do altar interior e é intemporal
porque envolve a certeza. Perceber a verdade não é o mesmo que conhecê-la.

6. A percepção certa é necessária antes que Deus possa comunicar directamente com os Seus alta-
res, os quais estabeleceu nos Seus Filhos. Nesses altares, Ele pode comunicar a Sua certeza e o seu
conhecimento, e o Seu conhecimento trará paz sem questionamentos. Deus não é um estranho para
os Seus Filhos e os Seus filhos não são estranhos uns para os outros. O conhecimento precedeu tanto
a percepção quanto o tempo e irá, em última instância, substituí-los. Este é o significado real de
«Alfa e Omega, o princípio e o fim» e «Antes que Abraão existisse Eu sou». A percepção pode e tem
de ser estabilizada, mas o conhecimento é estável. «Teme a Deus e guarda os seus mandamentos»
passa a ser «Conhece Deus e aceita a Sua certeza».

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7. Se atacas o erro noutra pessoa, ferir-te-ás. Não podes conhecer o teu irmão quando o atacas. O
ataque é feito sempre contra um estranho. Fazes dele um estranho porque o percebes erradamente
e, assim, não podes conhecê-lo. Tu teme-lo porque fizeste dele um estranho. Percebe-o correcta-
mente para que o possas conhecer. Não há estranhos na criação de Deus. Para criares como Ele
criou só podes criar o que conheces e, portanto, aceitas como teu. Deus conhece as Suas crianças
com perfeita certeza. Ele criou-as pelo facto de as conhecer. Ele reconhece-as perfeitamente.
Quando elas não se reconhecem umas às outras, não O reconhecem.

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Texto - Capítulo 3
IV. O erro e o ego
1. As capacidades que possuis agora são apenas sombras da tua força real. Todas as tuas funções
actuais estão divididas e abertas ao questionamento e à dúvida. Isto é assim porque não tens a cer-
teza quanto ao modo como as vais usar e és, portanto, incapaz de conhecimento. Também és inca-
paz de conhecimento porque ainda podes perceber sem amor. A percepção não existia até que a
separação introduziu graus, aspectos e intervalos. O espírito não tem níveis e qualquer conflito
surge da confusão de níveis. Só os Níveis da Trindade são capazes de Unidade. Os níveis criados
pela separação não podem senão entrar em conflito. Isto é assim porque são sem significado uns
para os outros.

2. A consciência, o nível da percepção, foi a primeira divisão introduzida na mente depois da sepa-
ração, fazendo com que a mente seja um perceptor em vez de um criador. A consciência é correc-
tamente identificada como o domínio do ego. O ego é uma tentativa da mentalidade errada para
perceberes-te a ti mesmo como desejas em vez de como és. No entanto, só podes conhecer-te a ti
mesmo como és, pois essa é a única coisa quanto à qual podes ter a certeza. Tudo o mais está
aberto ao questionamento.

3. O ego é o aspecto questionador do ser pós-separação, o qual foi feito em vez de criado. É capaz
de fazer perguntas, mas não de perceber respostas significativas porque estas envolveriam conhe-
cimento e, portanto, não podem ser percebidas. A mente está, portanto, confusa, pois só a menta-
lidade una pode ser sem confusão. A mente separada ou dividida não pode deixar de ser confusa. É
necessariamente incerta em relação ao que é. Tem de estar em conflito, pois não está de acordo
consigo mesma. Isto faz com que os seus aspectos sejam estranhos um para o outro e esta é a
essência da condição que induz ao medo, no qual o ataque é sempre possível. Tens toda a razão
para sentir medo percebendo-te a ti mesmo como percebes. É por essa razão que não podes esca-
par do medo enquanto não reconheceres que não te criaste a ti mesmo, nem poderias tê-lo feito.
Tu jamais podes fazer com que as tuas percepções erradas sejam verdadeiras, e a tua criação está
além do teu próprio erro. É por esta razão que, eventualmente, tens de escolher curar a separação.

4. A mentalidade certa não deve ser confundida com a mente que conhece, porque só é aplicável à
percepção certa. Tu podes ter a tua mente disposta para o que é certo ou errado e até mesmo isso
está sujeito a graus, demonstrando claramente que o conhecimento não está envolvido. O termo
«mentalidade certa» é usado de forma adequada como a correcção para a «mentalidade errada» e
aplica-se ao estado mental que induz a percepção acurada. É a mente que se volta para o milagre
porque cura a percepção errada e isso é de facto um milagre, considerando o modo como te perce-
bes a ti mesmo.

5. A percepção envolve sempre um certo uso errado da mente, porque traz a mente para áreas de
incerteza. A mente é muito activa. Quando escolhe estar separada, escolhe perceber. Até então só
tem vontade de conhecer. Depois disso só pode escolher ambiguamente e a única saída para a
ambiguidade é a percepção clara. A mente só regressa à sua própria função quando tem vontade de
conhecer. Isto coloca-a ao serviço do espírito, onde a percepção é mudada. A mente escolhe divi-
dir-se quando escolhe fazer os seus próprios níveis. Mas a mente não poderia separar-se inteira-
mente do espírito porque é do espírito que deriva a totalidade do seu poder de fazer ou criar.
Mesmo na criação errada a mente está a afirmar a sua Fonte ou, simplesmente, deixaria de ser. Isto
é impossível porque a mente pertence ao espírito que Deus criou e é, portanto, eterna.

6. A capacidade de perceber fez com que o corpo fosse possível, porque tens de perceber alguma
coisa e com alguma coisa. É por essa razão que a percepção envolve uma mudança ou tradução que
o conhecimento não necessita. A função interpretativa da percepção - uma forma distorcida de
criação - permite-te, então, interpretar o corpo como sendo tu mesmo, numa tentativa de escapar
ao conflito que induziste. O espírito - que conhece - não poderia ser reconciliado com essa perda
de poder porque é incapaz de escuridão. Isto faz com que o espírito seja quase inacessível à mente
e inteiramente inacessível ao corpo. Daí em diante, o espírito é percebido como uma ameaça, por-
32
que a luz elimina a escuridão, simplesmente, mostrando-te que não existe. A verdade sempre ven-
cerá o erro deste modo. Isto não pode ser um processo activo de correcção porque, como já enfati-
zei, o conhecimento não faz nada. Pode ser percebido como um atacante, mas não pode atacar. O
que tu percebes como ataque é o teu próprio vago reconhecimento de que o conhecimento sempre
pode ser lembrado porque nunca foi destruído.

7. Deus e as Suas criações permanecem em segurança e, portanto, têm o conhecimento de que não
existe nenhuma criação errada. A verdade não pode lidar com os erros que tu queres. Eu fui um
homem que se lembrou do espírito e do conhecimento do espírito. Enquanto homem, não tentei
compensar o erro com conhecimento, mas corrigir o erro de baixo para cima. Demonstrei tanto a
ausência de poder do corpo, como o poder da mente. Unindo a minha vontade com a do meu Cria-
dor, naturalmente lembrei-me do espírito e do seu propósito real. Não posso unir a tua vontade à
de Deus por ti, mas posso apagar todas as percepções erradas da tua mente, se as trouxeres à
minha orientação. Somente as tuas percepções erradas impedem o teu caminho. Sem elas, escolhes
sempre acertadamente. A percepção sã induz à escolha sã. Não posso escolher por ti, mas posso
ajudar-te a fazer a tua própria escolha certa. «Muitos são chamados mas poucos são escolhidos»
deveria ser «Todos são chamados, mas poucos escolhem escutar». Por conseguinte, não escolhem
certo. Os «escolhidos», simplesmente, são aqueles que escolhem certo mais cedo. Mentes certas
podem fazer isto agora e encontrarão descanso para as suas almas. Deus só te conhece em paz e
essa é a tua realidade.

33
Texto - Capítulo 3
V. Além da percepção
1. Tenho dito que as capacidades que possuis são apenas sombras da tua força real e que a percep-
ção - que é inerentemente julgadora - só foi introduzida depois da separação. Ninguém tem estado
seguro de nada desde então. Também fiz com que ficasse claro que a ressurreição foi o meio para o
regresso ao conhecimento, realizado pela união da minha vontade com a do meu Pai. Podemos ago-
ra estabelecer uma distinção que esclarecerá algumas das nossas declarações subsequentes.

2. Desde a separação, as palavras «criar» e «fazer» passaram a ser confusas. Quando fazes alguma
coisa fazes a partir de um sentimento especifico de falta ou de necessidade. Qualquer coisa feita
para um propósito específico não tem nenhuma generalizabilidade* verdadeira. Quando fazes algu-
ma coisa para preencher uma falta percebida, estás a demonstrar tacitamente que acreditas na
separação. O ego inventou muitos sistemas de pensamento engenhosos com este propósito. Nenhum
deles é criativo. A inventividade é um esforço desperdiçado mesmo na sua forma mais engenhosa. A
natureza altamente específica da invenção não é digna da criatividade abstracta das criações de
Deus.

* - Generalizability é uma palavra inexistente em Inglês tal como generalizabilidade em Portu-


guês.

3. «Conhecer», como já observámos não conduz ao «fazer». A confusão entre a tua criação real e o
que tens feito de ti mesmo é tão profunda que passou a ser literalmente impossível para ti conhe-
cer qualquer coisa. O conhecimento é sempre estável e é bastante evidente que tu não és. No en-
tanto, és perfeitamente estável tal como Deus te criou. Neste sentido, quando o teu comportamen-
to é instável, estás a distorcer a Ideia de Deus com respeito à tua criação. Tu podes fazer isto, se
assim escolheres, mas dificilmente quererás fazê-lo se estiveres na tua mente certa.

4. A questão fundamental que te perguntas continuamente não pode, de maneira nenhuma, ser
dirigida a ti mesmo de forma adequada. Continuas a perguntar o que és. Isto significa que a respos-
ta, não só é uma resposta que conheces, mas também que depende de ti supri-la. Entretanto, não
podes entender-te a ti mesmo correctamente. Não tens nenhuma imagem para ser percebida. A
palavra «imagem» está sempre relacionada com a percepção e não é uma parte do conhecimento.
Imagens são simbólicas e representam alguma coisa. A ideia de «mudar a tua imagem» reconhece o
poder da percepção, mas também significa que não há nada estável para conhecer.

5. Conhecer não está aberto à interpretação. Podes tentar «interpretar» o significado, mas isso é
sempre passível de erro, porque se refere à percepção do significado. Tais incongruências são o
resultado das tentativas de te considerares a ti mesmo como separado e não separado, ao mesmo
tempo. É impossível fazer uma confusão tão fundamental sem aumentar ainda mais a tua confusão
geral. A tua mente pode ter passado a ser muito engenhosa, mas como sempre acontece quando
método e conteúdo estão separados, a mente é usada para fazer uma tentativa fútil de escapar de
um impasse inescapável. A engenhosidade é totalmente divorciada do conhecimento, porque o
conhecimento não requer engenhosidade. O pensamento engenhoso não é a verdade que te liberta-
rá, mas tu estás livre da necessidade de te comprometeres com o pensamento engenhoso quando
estás disposto a abandoná-lo.

6. A oração é um modo de pedir alguma coisa. É o veículo dos milagres. Mas a única oração signifi-
cativa é a que perde o perdão, porque aqueles que foram perdoados têm tudo. Uma vez que o per-
dão tenha sido aceite, a oração, no sentido usual, passa a não ter qualquer significado. A oração
pelo perdão não é mais do que um pedido para que possas ser capaz de reconhecer o que já pos-
suis. Ao elegeres a percepção no lugar do conhecimento colocaste-te numa posição na qual só
poderias parecer-te com o teu Pai percebendo milagrosamente. Perdeste o conhecimento de que
tu, em ti mesmo, és um milagre de Deus. A criação é a tua Fonte e a tua única função real.

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7. A declaração «Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança» necessita de reinterpretação.
«Imagem» pode ser compreendida como «pensamento» e «semelhança» como «de qualidade seme-
lhante». Deus, efectivamente, criou o espírito no Seu próprio Pensamento com uma qualidade
semelhante à Sua própria. Não há mais nada. A percepção, por outro lado, é impossível sem uma
percepção em «mais» e «menos». Em todos os níveis envolve selectividade. A percepção é um pro-
cesso contínuo de aceitar e rejeitar, organizar e reorganizar, deslocar e mudar. A avaliação é uma
parte essencial da percepção porque os julgamentos são necessários para a selecção.

8. O que acontece às percepções se não existirem julgamentos, nem nada além da perfeita igual-
dade? A percepção passa a ser impossível. A verdade só pode ser conhecida. Toda a verdade é
igualmente verdadeira e conhecer qualquer uma das suas partes é conhecer toda a verdade. Só a
percepção envolve a consciência parcial. O conhecimento transcende as leis que governam a per-
cepção porque um conhecimento parcial é impossível. É totalmente uno e não tem partes separa-
das. Tu, que realmente és um com ele, não precisas senão conhecer-te a ti mesmo para que o teu
conhecimento esteja completo. Conhecer o milagre de Deus é conhecê-Lo.

9. O perdão é a cura da percepção da separação. A percepção correcta do teu irmão é necessária


porque as mentes escolheram ver-se a si mesmas como separadas. O espírito conhece Deus de for-
ma completa. Esse é o seu poder milagroso. O facto de que cada um tem esse poder de forma com-
pleta é uma condição inteiramente alheia ao pensamento do mundo. O mundo acredita que se
alguém tem tudo, não sobra nada. Mas os milagres de Deus são tão totais como os Seus pensamen-
tos, porque são os seus Pensamentos.

10. Enquanto durar a percepção há lugar à oração. Uma vez que a percepção se baseia na falta,
aqueles que percebem não aceitaram totalmente a Expiação, nem se entregaram à verdade. A per-
cepção baseia-se num estado separado, de modo que qualquer pessoa que perceba seja o que for,
necessita de cura. A comunhão, não a oração, é o estado natural daqueles que conhecem. Deus e o
Seu milagre são inseparáveis. Como são belos, de facto, os Pensamentos de Deus que vivem à Sua
luz! O teu valor está além da percepção, porque está além da dúvida. Não te percebas a ti mesmo
sob luzes diferentes. Conhece-te a ti mesmo na Luz Una onde o milagre que tu és está perfeitamen-
te claro.

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Texto - Capítulo 3
VI. O julgamento e o problema da autoridade
1. Já discutimos o Juízo Final, mas em detalhes insuficientes. Depois do Juízo Final, não haverá
mais nenhum. O julgamento é simbólico porque não há nenhum julgamento para além da percep-
ção. Quando a Bíblia diz «Não julgueis para que não sejais julgados» quer dizer que se julgas a rea-
lidade dos outros serás incapaz de evitar julgar a tua própria.

2. Escolher «julgar» em vez de «conhecer» é a causa da perda da paz. O julgamento é o processo


no qual se baseia a percepção, não o conhecimento. Já discuti isto antes em termos da selectivida-
de da percepção, mostrando que a avaliação é o seu pré-requisito óbvio. O julgamento envolve
sempre rejeição. Nunca enfatiza apenas os aspectos positivos do que é julgado, seja em ti ou nos
outros. O que foi percebido e rejeitado, ou julgado e considerado insuficiente, permanece na tua
mente porque foi percebido. Uma das ilusões de que sofres é acreditares que quando fazes um jul-
gamento contrário a alguma coisa, ele não tem efeito. Isto não pode ser verdadeiro a não ser que
também acredites que aquilo contra o que julgaste, não existe. Evidentemente, não acreditas nisso
ou não terias feito um julgamento contrário. No fim, não importa se o teu julgamento está certo ou
errado. De qualquer forma, estás a colocar a tua crença no irreal. Isto não pode ser evitado em
nenhum tipo de julgamento, porque nele está implícito que acreditas que a realidade é tua para
que selecciones dela o que quiseres.

3. Tu não tens ideia da tremenda libertação e da profunda paz que decorre de te encontrares con-
tigo mesmo e com os teus irmãos, numa base de total ausência de julgamento. Quando reconhece-
res o que és e o que são os teus irmãos, compreenderás que nenhuma forma de julgamento tem
significado. De facto, o significado deles está perdido para ti, precisamente porque os estás a jul-
gar. Qualquer incerteza advém de acreditares que estás sob coerção de julgamento. Não precisas
de julgamento para organizar a tua vida e certamente não precisas dele para te organizares a ti
mesmo. Na presença do conhecimento, qualquer julgamento é automaticamente suspenso e este é
o processo que permite que o reconhecimento substitua a percepção.

4. Tu estás muito assustado com todas as coisas que tens percebido, mas tens-te recusado a aceitar
isso. Acreditas que, por te teres recusado a aceitá-las, perdeste o controlo sobre elas. É por essa
razão que as vês em pesadelos ou em disfarces agradáveis naqueles que parecem ser os teus sonhos
mais felizes. Nada do que te recusaste a aceitar pode ser trazido à tua consciência. Não é perigoso
em si, mas tens feito com que te pareça perigoso.

5. Quando te sentes cansado, é porque te julgaste a ti mesmo como se fosses capaz de estar cansa-
do. Quando ris de alguém, é porque julgaste esse alguém indigno. Quando te ris de ti mesmo,
necessariamente ris dos outros, nem que seja apenas porque não podes tolerar a ideia de ser mais
indigno do que eles. Tudo isto faz com que te sintas cansado, porque é essencialmente desanima-
dor. Tu não és realmente capaz de estar cansado, mas és muito capaz de te esgotares a ti mesmo.
A tensão do julgamento constante é praticamente intolerável. É curioso que uma capacidade tão
debilitante tenha vindo a ser tão profundamente apreciada. No entanto, se desejas ser o autor da
realidade, vais insistir em te manteres agarrado ao julgamento. Também vais considerar o julga-
mento com medo, acreditando que, um dia, ele será usado contra ti. Esta crença só pode existir na
medida em que acreditas na eficácia do julgamento como uma arma de defesa da tua própria auto-
ridade.

6. Deus oferece apenas misericórdia. As tuas palavras só deveriam reflectir misericórdia porque é
isso o que tens recebido e isso é o que deverias dar. A justiça é um recurso temporário, ou uma
tentativa de te ensinar o significado da misericórdia. Só é julgadora porque tu és capaz de injusti-
ça.

7. Tenho falado de diferentes sintomas e, neste nível, há variação quase sem fim. Contudo, só há
uma única causa para todos: o problema da autoridade. Este é «a raiz de todos os males». Cada
sintoma que o ego faz envolve uma contradição em termos, porque a mente está dividida entre o
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ego e o Espírito Santo, de forma que qualquer coisa que o ego faça, é incompleta e contraditória.
Esta posição insustentável é o resultado do problema da autoridade que, por aceitar o único pen-
samento inconcebível como sua premissa, só pode conceber ideias que são inconcebíveis.

8. O tema da autoridade é, realmente, uma questão de autoria. Quando tens um problema de auto-
ridade, é sempre porque acreditas que és o autor de ti mesmo e projectas este equívoco nos
outros. Assim, percebes a situação como se eles estivessem literalmente a lutar contigo pela tua
autoria. Este é o erro fundamental de todos aqueles que acreditam que usurparam o poder de
Deus. Esta crença é muito assustadora para eles, mas dificilmente abala Deus. Ele está, todavia,
ansioso por desfazê-la; não para punir as Suas crianças, mas somente porque sabe que tal crença
faz com que sejam infelizes. Às criações de Deus é dada a sua verdadeira autoria, mas tu preferes
ser anónimo quando escolhes separar-te do teu Autor. Ao estares incerto da tua verdadeira Autoria,
acreditas que a criação foi anónima. Isto deixa-te numa posição em que acreditar que te criaste a
ti mesmo soa a significativo. A disputa em torno da autoria deixou tal incerteza na tua mente que
pode, inclusivamente, duvidar se existes ou não.

9. Somente aqueles que entregaram completamente o desejo de rejeitar podem saber que a rejei-
ção de si próprios é impossível. Tu não usurpaste o poder de Deus, mas perdeste-o. Afortunadamen-
te, perder alguma coisa não significa que ela tenha desaparecido., simplesmente, significa que não
te lembras onde está. A existência dessa coisa não depende da tua capacidade de a identificar,
nem mesmo de a localizar. É possível olhar a realidade sem julgamentos e, simplesmente, conhecer
que ela existe.

10. A paz é uma herança natural do espírito. Cada um é livre para se recusar a aceitar a própria
herança, mas não é livre para estabelecer o que é a sua herança. O problema que todos não podem
deixar de decidir é a questão fundamental da autoria. Qualquer medo vem, em última instância e
às vezes por meio de estradas muito tortuosas, da negação da Autoria. A ofensa nunca é feita a
Deus, mas só àqueles que o negam. Negares a Sua Autoria é negares-te a ti mesmo a razão da tua
paz, de modo que só te vês em segmentos. Esta estranha percepção é o problema da autoridade.

11. Não há ninguém que, de algum modo, não se sinta aprisionado. Se esse é o resultado do seu
próprio livre arbítrio, ele tem de considerar a sua vontade como não sendo livre, ou ficaria bastan-
te evidente o raciocínio circular desta posição. A vontade livre tem de levar à liberdade. O julga-
mento sempre aprisiona, porque separa segmentos de realidade pelas escalas instáveis do desejo.
Desejos não são factos. Desejar é inferir que o exercício da vontade não é suficiente. No entanto,
ninguém em sua mente certa acredita que o que é desejado é tão real como aquilo que a vontade
determina. Em vez de «Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino do Céu», diz «Seja A vossa vontade
em primeiro lugar o Reino do Céu» e terás dito «Eu conheço o que sou e aceito a minha própria
herança».

37
Texto - Capítulo 3
VII. Criar versus auto-imagem
1. Cada sistema de pensamento tem de ter um ponto de partida. Começa com um acto de fazer ou
de criar, uma diferença que já discutimos. A diferença entre eles está no seu poder como funda-
mentos; a sua diferença está no que se baseia neles. Ambos são pedras angulares para os sistemas
de crença pelos quais se vive. É um equívoco acreditar que um sistema de pensamento baseado em
mentiras é fraco. Nada do que tenha sido feito por uma criança de Deus deixa de ter poder. É es-
sencial reconhecer isto porque, de outra forma, não serás capaz de escapar da prisão que tu mes-
mo fizeste.

2. Tu não podes resolver o problema da autoridade desprezando o poder da tua mente. Fazê-lo é
enganar-te e isso ferir-te-á porque realmente compreendes a força da mente. Também reconheces
que não podes enfraquecê-la, nem mais nem menos do que podes enfraquecer Deus. O «diabo» é
um conceito assustador porque parece ser extremamente poderoso e extremamente activo. Ele é
percebido como uma força em combate contra Deus, guerreando com Ele pela posse das suas Cria-
ções. O diabo engana com mentiras e constrói reinos nos quais tudo está em directa oposição a
Deus. No entanto, atrai os homens em vez de lhes causar aversão, ao ponto de estarem dispostos a
«vender-lhe» as suas almas em troca de dádivas sem valor real. Isso, absolutamente, não faz
nenhum sentido.

3. Já discutimos anteriormente a queda e a separação, mas o significado disso tem de ser com-
preendido de forma clara. A separação é um sistema de pensamento bastante real no tempo,
embora não na eternidade. Todas as crenças são reais para aquele que acredita. O fruto de apenas
uma árvore foi «proibido» no jardim simbólico. Mas Deus não poderia tê-lo proibido ou não teria
sido comido. Se Deus conhece as suas crianças - e asseguro-te de que Ele as conhece - tê-las-ia pos-
to numa posição na qual a própria destruição delas seria possível? A «árvore proibida» foi chamada
«árvore do conhecimento». No entanto, Deus criou o conhecimento e deu-o livremente às Suas cri-
ações. O simbolismo aqui tem recebido muitas interpretações, mas podes ter a certeza de que
qualquer interpretação que veja Deus ou Suas criações como se fossem capazes de destruir o Seu
próprio propósito é um erro.

4. Comer o fruto da árvore do conhecimento é uma expressão simbólica para a usurpação da capa-
cidade de se autocriar. Esse é o único sentido no qual Deus e as Suas criações não são co-criadores.
A crença em que o sejam está implícita no «autoconceito» ou na tendência do ser para fazer uma
imagem de si mesmo. Imagens são percebidas e não conhecidas. O conhecimento não pode enga-
nar, mas a percepção sim. Tu podes perceber-te como se estivesses a criar-te a ti mesmo, porém,
não podes fazer mais do que acreditar nisso. Não podes fazer com que isso seja verdadeiro. E,
como disse antes, quando finalmente percebes correctamente, só podes contentar-te em não po-
der. Até então, todavia, a crença em que podes é a pedra fundamental do teu sistema de pensa-
mento e todas as tuas defesas são usadas para atacar as ideias que possam trazê-la à luz. Tu ainda
acreditas que és uma imagem da tua própria feitura. A tua mente está dividida em relação ao Espí-
rito Santo quanto a esse ponto e não haverá nenhuma resolução enquanto acreditares na única coi-
sa que é literalmente inconcebível. É por essa razão que não podes criar e estás com muito medo
em relação ao que fazes.

5. A mente pode fazer com que a crença na separação seja muito real e muito assustadora, e essa
crença é o «diabo». É poderosa, activa, destrutiva e está em clara oposição a Deus porque, literal-
mente, nega a Sua Paternidade. Olha para a tua vida e vê o que o diabo tem feito. Mas reconhece
que esse feito certamente será dissolvido à luz da verdade, porque o seu fundamento é uma menti-
ra. A tua criação por Deus é o único fundamento que não pode ser abalado, porque a luz está nele.
O teu ponto de partida é a verdade e tens de regressar ao teu Começo. Muito já foi visto desde en-
tão, mas nada tem realmente acontecido. O teu Ser ainda está em paz, muito embora a tua mente
esteja em conflito. Tu ainda não voltaste atrás o suficiente e é por isso que ficas tão assustado. À
medida que te aproximas do Começo, sentes o medo da destruição do teu sistema de pensamento
sobre ti, como se fosse o medo da morte. Não existe morte, mas existe uma crença na morte.
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6. O ramo que não der fruto será cortado e secará. 2Fica contente! 3A luz brilhará vinda do verda-
deiro Fundamento e o teu próprio sistema de pensamento vai erguer-se, corrigido. 4Não pode er-
guer-se de outro modo. 5Tu, que tens medo da salvação, estás a escolher a morte. 6Vida e morte,
luz e escuridão, conhecimento e percepção são irreconciliáveis. 7Acreditar que podem ser reconci-
liados é acreditar que Deus e os Seus Filhos não podem. 8Só a unicidade do conhecimento está livre
de conflito. 9O teu reino não é deste mundo porque te foi dado de além deste mundo. 10Apenas
neste mundo a ideia de um problema de autoridade é significativa. 11Não se deixa o mundo pela
morte mas sim pela verdade e a verdade pode ser conhecida por todos aqueles para quem o Reino
foi criado e pelos quais espera.

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Artigos soltos

Texto - Capítulo 4
IV. Isto não precisa de ser assim.
1. Se não podes ouvir a Voz que fala por Deus é porque escolheste não escutar. Que escutas a voz
do teu ego, é demonstrado pelas tuas atitudes, os teus sentimentos e o teu comportamento. No
entanto, é isso o que queres. É isso que te esforças por manter, é sobre isso que manténs a vigilân-
cia e é isso que pretendes salvar. A tua mente está cheia de esquemas para salvar a face do teu ego
e não buscas a face de Cristo. O espelho no qual o ego procura ver a própria face é, de facto, escu-
ro. Como pode ele manter o truque da sua existência excepto com espelhos? Mas para onde olhas
para te encontrares a ti mesmo depende de ti.

2. Tenho dito que não podes mudar a tua mente mudando o teu comportamento, mas tenho dito
também, e muitas vezes, que podes mudar a tua mente. Quando o teu humor te diz que escolheste
de forma errada, reconhece que isso não precisa de ser assim. Em todos os casos, pensaste de for-
ma errada a respeito de algum irmão criado por Deus e percebes imagens que o teu ego produz
num vidro escurecido. Considera honestamente o que pensaste que Deus não teria pensado e que
não pensaste no que Deus teria querido que pensasses. Investiga sinceramente o que fizeste e dei-
xaste de fazer em função disso e, então, muda a tua mente para que pense com a de Deus. Isto
pode parecer difícil de fazer, mas é muito mais fácil do que tentar pensar em oposição a isso. A tua
mente é una com a de Deus. Negar isso e pensar de outro modo tem mantido o teu ego inteiro, mas
literalmente partiu a mente. Como um irmão amoroso, estou profundamente preocupado com a tua
mente e recomendo-te, com insistência, que sigas o meu exemplo quando olhas para ti mesmo e
para o teu irmão e vejas, em ambos, as gloriosas criações de um Pai glorioso.

3. Quando estás triste, sabe que isso não precisa de ser assim. A depressão vem de uma sensação
de estares a ser privado de alguma coisa que queres e não tens. Lembra-te de que não és privado
de nada, excepto pelas tuas próprias decisões e, então, decide de outra forma.

4. Quando estás ansioso, reconhece que a ansiedade vem do carácter caprichoso do ego e sabe que
isso não precisa de ser assim. Tu podes ser tão vigilante contra os ditames do ego quanto a favor
deles.

5. Quanto te sentes culpado, lembra-te de que, de facto, o ego violou as leis de Deus, mas tu não.
Deixa os «pecados» do ego para mim. É para isso que serve a Expiação. Mas até que mudes a tua
mente em relação àqueles a quem o teu ego tem ferido, a Expiação não pode libertar-te. Enquanto
te sentes culpado, o teu ego está no comando, uma vez que só o ego pode experimentar a culpa.
Isso não precisa de ser assim.

6. Vigia na tua mente as tentações do ego e não sejas enganado por ele. O ego não te oferece
nada. Quando tiveres desistido dessa des-espiritualização voluntária, verás como a tua mente pode
focalizar, erguer-se além da fadiga e curar. Entretanto, tu não és suficientemente vigilante contra
as exigências do ego para te libertares a ti mesmo. Isso não precisa de ser assim.

7. O hábito de te comprometeres com Deus e as Suas criações é fácil de ser estabelecido se, acti-
vamente, impedires que a tua mente se disperse. Não se trata de um problema de concentração;
trata-se da crença em que ninguém, incluindo a ti mesmo, vale um esforço consistente. Fica do
meu lado de forma consistente contra esse engano e não permitas que essa crença desgastada te
faça regredir. Os desanimados são inúteis para si mesmos e para mim, mas só o ego pode ser desa-
nimado.

8. Consideraste realmente quantas oportunidades tens tido de te alegrares e quantas tens recusa-
do? Não há limite para o poder do Filho de Deus, mas ele pode limitar a expressão do seu poder

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tanto quanto escolher. A tua mente e a minha podem unir-se para brilhar afastando o teu ego, e
libertando a força de Deus em todas as coisas que pensas e fazes. Não te acomodes com nada me-
nos do que isto e recusa-te a aceitar, como meta, qualquer coisa que não seja isto. Vigia com cui-
dado a tua mente à procura das crenças capazes de impedir a realização disto e caminha para lon-
ge delas. Julga pelos teus próprios sentimentos se tens feito isto bem, pois este é o único uso acer-
tado do julgamento. O julgamento, como qualquer outra defesa, pode ser usado para atacar ou
proteger, ferir ou curar. O ego deve ser trazido a julgamento e lá considerado insuficiente. Sem a
tua própria aliança, protecção e amor, o ego não pode existir. Permite que seja julgado verdadei-
ramente e não podes deixar de lhe retirar a aliança, a protecção e o amor.

9. Tu és um espelho da verdade, na qual o próprio Deus brilha na perfeita luz. Ao vidro escuro do
ego precisas apenas de dizer: «Eu não vou olhar aqui, porque sei que estas imagens não são verda-
deiras». Então, permite que Aquele que é Santo brilhe sobre ti em paz sabendo que isto - e apenas
isto - tem de ser assim. A Mente Dele brilhou sobre ti na tua criação e trouxe a tua mente ao que é.
A Mente Dele ainda brilha sobre ti e tem de brilhar através de ti. O teu ego não pode impedir de
brilhar sobre ti, mas pode impedir que tu deixes que Ele brilhe através de ti.

10. A Primeira Vinda de Cristo é apenas um outro nome para a criação, pois Cristo é o Filho de
Deus. A Segunda Vinda de Cristo não significa nada mais do que o fim do domínio do ego e a cura da
mente. Fui criado, como tu, na primeira e tenho-te chamado para te unires a mim na segunda. A
Segunda Vinda está a meu encargo e o meu julgamento que é usado só para protecção, não pode
estar errado porque jamais ataca. O teu, pode estar tão distorcido que acreditas que me enganei
ao escolher-te. Asseguro-te que esse é um equívoco do teu ego. Não o tomes erradamente por
humildade. O teu ego está a tentar convencer-te de que ele é real e de que eu não o sou, porque
se eu sou real, não sou mais real do que tu. Este conhecimento - e asseguro-te de que isto é conhe-
cimento - significa que Cristo veio à tua mente e curou-a.

11. Eu não ataco o teu ego. Trabalho com a tua mente superior - o lar do Espírito Santo, quer tu
estejas a dormir ou acordado, do mesmo modo que o teu ego faz com a tua mente inferior, que é a
sua casa. Eu sou a tua vigilância no que toca a isto, porque tu estás demasiado confuso para reco-
nhecer a tua própria esperança. Eu não estou enganado. A tua mente elegerá unir-se à minha e,
juntos, nós somos invencíveis. Tu e o teu irmão ainda se re-unirão em meu nome e a vossa sanidade
será restaurada. Ressuscitei os mortos por saber que a vida é um atributo eterno de todas as coisas
que o Deus vivo criou. Por que acreditas tu que me seja mais difícil inspirar o está des-
espiritualizado ou estabilizar o que está instável? Eu não acredito que haja uma ordem de dificul-
dades em milagres; tu sim. Eu chamei e tu vais responder Eu compreendo que milagres são naturais
porque são expressões de amor. O meu chamamento por ti é tão natural e tão inevitável quanto a
tua resposta.

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Texto - Capítulo 9
III. A correcção do erro
1. O estado de alerta do ego em relação aos erros dos outros egos não é o tipo de vigilância que o
Espírito Santo quer que mantenhas. Os egos são críticos em termos do tipo de «sentido» que repre-
sentam. Os egos compreendem esse tipo de sentido porque faz sentido para eles. Para o Espírito
Santo,não faz qualquer sentido.

2. Para o ego, é benigno, certo e bom apontar erros e «corrigi-los». Isto faz totalmente sentido
para ele, pois o ego não está ciente do que são os erros e do que é a correcção. Os erros são do ego
e a correcção dos erros está no abandono do ego. Quando corriges um irmão, estás a dizer-lhe que
ele está errado. Ele pode não estar a fazer qualquer sentido nessa ocasião e é certo que, se estiver
a falar a partir do ego, não estará a fazer qualquer sentido. Ainda assim, a tua tarefa é dizer-lhe
que ele está certo. Não lhe dizes isto verbalmente, se estiver a dizer disparates. Ele necessita de
correcção noutro nível, porque o seu erro está noutro nível. Ainda assim, ele está certo porque é
um Filho de Deus. O seu ego está sempre errado, não importa o que diga ou faça.

3. Se apontas os erros do ego do teu irmão, tens de estar a ver através dos teus próprios erros, já
que o Espírito Santo não percebe os erros desse irmão. Isto não pode deixar de ser verdadeiro uma
vez que não existe comunicação entre o ego e o Espírito Santo. O ego não faz qualquer sentido e o
Espírito Santo não tenta compreender seja o que for que surja dele. Uma vez que o Espírito Santo
não compreende o ego, não o julga, pois sabe que nada que o ego faça significa alguma coisa.

4. Quando reages, seja lá como for, aos erros alheios, não escutas o Espírito Santo. Ele, simples-
mente, ignorou tais erros e se tu lhes prestas atenção, não O estás a ouvir. Se não ouves o Espírito
Santo, estás a ouvir o ego e estás a fazer tão pouco sentido quanto aquele irmão cujos erros perce-
bes. Isto não pode ser correcção. No entanto, é mais do que uma falta de correcção para ele. É
desistir da correcção em ti mesmo.

5. Quando um irmão se comporta de forma doentia só podes curá-lo percebendo nele a sanidade.
Se percebes os erros dele e os aceitas, estás a aceitar os teus próprios erros. Se queres entregar os
teus erros ao Espírito Santo, tens de fazer o mesmo com os erros do teu irmão. A não ser que esta
venha a ser a única forma de lidares com todos os erros, não poderás compreender como todos os
erros são desfeitos. Há alguma diferença entre isto e dizer-te que o que tu ensinas é o que tu
aprendes? O teu irmão está tão certo quanto tu estás e se pensas que está enganado estás a conde-
nar-te a ti mesmo.

6. Tu não te podes corrigir a ti mesmo. É possível, então corrigires um outro? No entanto, podes vê-
lo verdadeiramente porque é possível que tu te vejas a ti mesmo verdadeiramente. Não depende
de ti mudar o teu irmão, mas, simplesmente, aceitá-lo como é. O erros dele não vêm da verdade
que está nele e só essa verdade é dele. Os erros dele não podem mudar isto, tal como não podem
ter qualquer efeito sobre a verdade em ti. Se percebes erros em qualquer pessoa e reages a eles
como se fossem reais, fazes com que sejam reais para ti. Não podes escapar de pagar o preço desta
atitude, não porque estás a ser punido por isso, mas porque estás a seguir o guia errado e, portan-
to, perderás o teu caminho.

7. Os erros do teu irmão não são dele, assim como os teus não são teus. Aceita os erros dele como
reais e ter-te-ás atacado a ti mesmo. Se queres encontrar o teu caminho e mantê-lo, vê só a verda-
de ao teu lado, pois vós caminhais juntos. O Espírito Santo em ti perdoa todas as coisas em ti e no
teu irmão. Os erros dele são perdoados juntamente com os teus. A Expiação não é mais separada do
que o amor. A Expiação não pode ser separada porque vem do amor. Qualquer tentativa que faças
para corrigir um irmão significa que acreditas que a correcção é possível através de ti, e isso só
pode ser arrogância do ego. A correcção é de Deus que não conhece arrogância.

8. O Espírito Santo tudo perdoa porque Deus tudo criou. Não assumas a função de Deus, ou esque-
cerás a tua. Aceita só a função de curar no tempo, porque é para isso que o tempo serve. Deus deu-
te a função de criar na eternidade. Tu não precisas de aprender isto, mas precisas de aprender a
42
querer isto. Para tal foi feita toda a aprendizagem. Este é o uso que o Espírito Santo faz de uma
capacidade de que não precisas, mas fizeste. Dá essa capacidade ao Espírito Santo! Tu não com-
preendes como usá-la. O Espírito Santo ensinar-te-á como te deves ver a ti mesmo sem condenação
por aprenderes a olhar para todas as coisas sem condenação. A condenação, então, não será real
para ti e todos os teus erros serão perdoados.

43
Texto - Capítulo 9
V. O curador não-curado
1. O plano do ego para o perdão é muito mais usado do que o de Deus. Assim é porque é empreen-
dido por curadores não-curados e é, portanto, do ego. Vamos considerar agora, com mais detalhes,
o curador não-curado. Por definição, ele está a tentar dar o que não recebeu. Se é um teólogo, por
exemplo, pode partir da premissa «Eu sou um miserável pecador, assim como tu». Se é um psicote-
rapeuta, é mais provável que parta da crença, igualmente inacreditável, em que o ataque é real
para ambos, ele próprio e o paciente, mas que não importa a nenhum dos dois.

2. Eu disse repetidamente que as crenças do ego não podem ser compartilhadas e, por isso, são
irreais. Como é possível, então, que «descobri-las» possa fazer com que sejam reais? Qualquer
curador que procura fantasias para que venham a ser a verdade necessariamente não está curado,
porque não sabe onde procurar a verdade e, por conseguinte, não tem a resposta para o problema
da cura.

3. Há uma vantagem em trazer à consciência os pesadelos, mas somente para ensinar que eles não
são reais e que o seu conteúdo não tem significado. O curador não-curado não pode fazer isto por-
que não acredita nisto. Todos os curadores não-curados têm de seguir o plano do ego para o perdão
de uma forma ou de outra. Se são teólogos, provavelmente condenam a si mesmos, ensinam a con-
denação e advogam uma solução assustadora. Projectando a condenação sobre Deus, fazem com
Deus pareça vingativo e tenham medo da Sua punição. O que fizeram foi apenas identificar-se com
o ego e, ao perceberem o que ele faz, condenam-se a si mesmos devido a essa confusão. É com-
preensível que tenha havido revoltas contra este conceito, mas revoltar-se contra ele ainda é acre-
ditar nele.

4. Algumas das formas mais novas do plano do ego são tão inúteis quanto as antigas, porque a for-
ma não importa e o conteúdo não foi mudado. Numa destas formas mais recentes, por exemplo, um
psicoterapeuta pode interpretar os símbolos do ego num pesadelo e depois usá-los para provar que
o pesadelo é real. Tendo feito com que seja real, ele então tenta remover os seus efeitos, depre-
ciando a importância do sonhador. Esta seria uma abordagem de cura se o sonhador também fosse
identificado como irreal. Entretanto, se o sonhador é equiparado à mente, o poder correctivo da
mente através do Espírito Santo é negado. Isto é uma contradição, mesmo nos termos do ego, con-
tradição esta que até o ego, na sua confusão, usualmente nota.

5. Se o caminho para neutralizar o medo é reduzir a importância da mente, como pode isto cons-
truir a força do ego? Tais inconsistências evidentes são a razão por que ninguém realmente explicou
o que acontece na psicoterapia. Nada realmente acontece. Nada de real aconteceu com o curador
não-curado, embora ele tenha de aprender com o seu próprio ensino. O seu ego sempre procurará
ganhar alguma coisa da situação. O curador não-curado, portanto, não sabe como dar e, conse-
quentemente, não pode compartilhar. Ele não pode corrigir. Acredita que depende dele ensinar ao
paciente o que é real, embora ele não o saiba.

6. O que deveria acontecer, então? Quando Deus disse «Haja luz», houve luz. É possível encontrares
a luz analisando a escuridão, como faz o psicoterapeuta, ou como o teólogo, reconhecendo a escu-
ridão em ti mesmo e procurando uma luz distante para removê-la, enfatizando permanentemente
essa distância. A cura não é misteriosa. Nada vai mudar a não ser que seja compreendido, já que a
luz é compreensão. Um «miserável pecador» não pode ser curado sem magia e nem uma «mente
sem importância» pode estimar-se sem magia.

7. Assim sendo, ambas as formas de abordagem do ego têm, necessariamente, que desembocar
num impasse: a característica «situação impossível» à qual o ego sempre conduz. É possível ajudar
uma pessoa apontando a direcção que ela está a seguir, mas o sentido perde-se a menos que seja
ajudada a mudar de direcção. O curador não-curado não pode fazer isso para ela, pois não pode
fazer isso para si. A única contribuição significativa que o curador pode fazer é apresentar um
exemplo de alguém cuja direcção foi mudada para ele e que deixou de acreditar em pesadelos. A
luz na sua mente irá, então, responder ao questionador, o qual tem de decidir com Deus que existe
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luz porque ele a vê. E, através deste reconhecimento, o curador sabe que a luz existe. É assim que,
última instância, a percepção é traduzida em conhecimento. O trabalhador em milagres começa
por perceber a luz e traduz a sua percepção em certeza pelo facto de a estender continuamente e
por aceitar o reconhecimento dela. Os efeitos da luz asseguram-lhe que ela existe.

8. Um terapeuta não cura; permite que a cura seja. Ele pode apontar a escuridão, mas não pode
por si mesmo trazer a luz pois a luz não dele. Entretanto, por ser para ele, a luz tem de ser, tam-
bém, para o seu paciente. O Espírito Santo é o único Terapeuta. O Espírito Santo faz com que a
cura seja clara em qualquer situação na qual Ele seja o Guia. Tu só podes permitir que Ele cumpra
a Sua função. Ele não precisa de ajuda para isso. Ele dir-te-á exactamente o que fazer para ajudar
qualquer pessoa que Ele te envie em busca de ajuda e falar-lhe-á através de ti, se não interferires.
Lembra-te de que escolhes o guia para ajudar e a escolha errada não ajudará. Mas, lembra-te,
também, de que a escolha certa vai ajudar. Confia no Espírito Santo pois ajudar é a Sua função, e
Ele é de Deus. À medida que despertas outras mentes para o Espírito Santo através Dele e não de
ti, vais compreender que não estás a obedecer às leis deste mundo. Mas as leis às quais estás a
obedecer funcionam. «Bom é aquilo que funciona» é uma afirmação sólida, porém, insuficiente. Só
o que é bom pode funcionar. Nenhuma outra coisa funciona em absoluto.

9. Este curso oferece uma situação de aprendizagem muito directa e muito simples e provê o Guia
que te diz o que fazer. Se o fizeres, verás que funciona. Os seus resultados são mais convincentes
do que as suas palavras. Eles convencer-te-ão de que as palavras são verdadeiras. Seguindo o Guia
certo, aprenderás a mais simples de todas as lições:

Por seus frutos os conhecereis, e eles conhecer-se-ão a si mesmos.

45
Texto - Capítulo 15
V. O Instante Santo e os relacionamentos especiais
1. O instante santo é o instrumento de aprendizagem mais útil do Espírito Santo para se ensinar o
significado do amor. Pois o seu propósito é suspender inteiramente o julgamento. O julgamento
sempre se baseia no passado, pois a experiência passada é a base sobre a qual julgas. O julgamento
torna-se impossível sem o passado, pois, sem ele, não compreendes nada. Não farias nenhuma ten-
tativa de julgar, porque seria bastante evidente para ti que não compreendes o que as coisas signi-
ficam. Tens medo disso porque acreditas que, sem o ego, tudo seria o caos. No entanto, asseguro-
te que, sem o ego, tudo seria amor.

2. O passado é o principal instrumento de ensino do ego, pois foi no passado que aprendeste a defi-
nir as tuas próprias necessidades e adquiriste métodos para satisfazê-las nos teus próprios termos.
Nós temos dito que limitar o amor a uma parte da Filiação é trazer a culpa para os teus relaciona-
mentos e, assim, fazer com que sejam irreais. Se buscas separar certos aspectos da totalidade e
olhar para eles de forma que satisfaçam as tuas necessidades imaginárias, estás a tentar usar a se-
paração para te salvares. Como, então, poderia a culpa não entrar? Pois a separação é a fonte da
culpa e apelar para ela em busca de salvação, é acreditar que estás sozinho. Estar sozinho é ser
culpado. Pois sentires-te sozinho é negar a Unicidade do Pai e do Seu Filho e, assim, atacar a reali-
dade.

3. Não podes amar partes da realidade e compreender o que o amor significa. Se queres amar de
forma diferente de Deus - que não conhece amor especial - como podes compreender o amor?
Acreditar que relacionamentos especiais, com amor especial podem oferecer-te a salvação é acre-
ditar que a separação é salvação. Pois é na completa igualdade da Expiação que está a salvação.
Como podes decidir que aspectos especiais da Filiação te podem dar mais do que outros? O passado
ensinou-te isto. Mas o instante santo ensina-te que não é assim.

4. Devido à culpa, todos os relacionamentos especiais têm elementos de medo. É por isso que
variam e mudam tão frequentemente. Eles não se baseiam apenas em amor imutável. E o amor, ali
onde entrou o medo, não merece total confiança porque não é perfeito. Na Sua função de Intérpre-
te do que fizeste, o Espírito Santo usa os relacionamentos especiais, que escolheste para dar apoio
ao ego, como experiências de aprendizagem que apontam para verdade. Sob o ensinamento Dele,
qualquer relacionamento torna-se uma lição de amor.

5. O Espírito Santo sabe que ninguém é especial. No entanto, Ele também percebe que fizeste rela-
cionamentos especiais, os quais Ele quer purificar e impedir que destruas. Independentemente de
quão pouco santa seja a razão pela qual tu os fizeste, Ele pode traduzi-los em santidade removendo
tanto medo quanto tu Lhe permitires. Se Lhe ofereceres a tua disponibilidade para que o relacio-
namento não sirva a qualquer outra necessidade que não seja a do Espírito Santo, podes colocar
qualquer relacionamento sob os Seus cuidados e ficar seguro de que não resultará em dor. Qualquer
culpa no relacionamento surge do uso que fazes do medo. Todo o amor surge do uso do Espírito
Santo. Portanto, não tenhas medo de abandonar as tuas necessidades imaginárias que iriam destruir
o relacionamento. A tua única necessidade é a do Espírito Santo.

6. Qualquer relacionamento que queiras substituir por outro, não foi oferecido ao Espírito Santo
para que Ele o use. Não há nenhum substituto para o amor. Se queres tentar substituir um aspecto
do amor por outro, puseste menos valor em um do que no outro. Não só os separaste, como tam-
bém julgaste contra ambos. No entanto, em primeiro lugar, julgaste contra ti mesmo, ou nunca
terias imaginado que precisavas dos teus irmãos como eles não são. Só se te tivesses visto a ti
mesmo como alguém sem amor, poderias tê-los julgado tão semelhantes a ti em carência.

7. O uso que o ego faz dos relacionamentos é tão fragmentado que, frequentemente, vai ainda
mais longe: para os seus propósitos serve-se de uma parte de um aspecto, enquanto prefere partes
diferentes de um outro aspecto. Assim, monta a realidade de acordo com o seu próprio gosto capri-
choso, oferecendo à tua procura um quadro que é diferente de tudo o que exista. Como não há
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nada no Céu ou na terra parecido com esse quadro, escusas de procurar essa realidade; não a pode-
rás encontrar porque não é real.

8. Todas as pessoas na terra formaram relacionamentos especiais e, embora isso não seja assim no
Céu, o Espírito Santo sabe como trazer um toque do Céu a esses relacionamentos, aqui. No instante
santo, ninguém é especial, pois as tuas necessidades pessoais não invadem ninguém para fazer com
que os teus irmãos pareçam diferentes. Sem os valores do passado, tu os verias como o mesmo e
iguais a ti. E também não verias nenhuma separação entre ti e eles. No instante santo, vês em cada
relacionamento o que ele será quando perceberes apenas o presente.

9. Deus conhece-te agora. Ele não se lembra de nada, e sempre te tem conhecido exactamente
como te conhece agora. O instante santo reflecte o Seu conhecimento trazendo toda a percepção
para fora do passado, assim removendo o quadro de referências que construíste para julgar os teus
irmãos. Uma vez que o teu quadro de referências se tenha ido, o Espírito Santo substitui-o pelo
quadro de referências Dele. O Seu quadro de referências é, simplesmente, Deus. A intemporalidade
do Espírito Santo só é encontrada aqui. Pois no instante santo, livre do passado, vês que o amor
está em ti mesmo e não tens necessidade de olhar para fora e, com culpa, arrancar o amor de onde
pensavas que estava.

10. Todos os teus relacionamentos serão abençoados no instante santo porque a bênção não é limi-
tada. No instante santo a Filiação ganha como um só e, unida na tua bênção, torna-se una para ti.
O significado do amor é o significado que Deus lhe deu. Dá ao amor qualquer outro significado que
não seja o de Deus e será impossível compreendê-lo. Deus ama cada irmão como Te ama a ti, nem
mais nem menos. Ele precisa de todos igualmente e a ti também. Em seu devido tempo, foi-te dito
para ofereceres milagres segundo a minha orientação e deixares o Espírito Santo trazer a ti aqueles
que estão à tua procura. Todavia, no instante santo tu unes-te directamente a Deus e todos os teus
irmãos se reúnem em Cristo. Aqueles que estão reunidos em Cristo, de forma alguma estão separa-
dos. Pois Cristo é o Ser que a Filiação compartilha, assim como Deus compartilha o Seu Ser com
Cristo.

11. Pensas que podes julgar o Ser de Deus? Deus criou-O além do julgamento, em função da Sua
necessidade de estender o Amor. Com o amor em ti mesmo, não tens necessidade alguma, excepto
a de estendê-lo. No instante santo não existe conflito de necessidades, porque existe apenas uma.
Pois o instante santo alcança a eternidade e a Mente de Deus. E é apenas Lá que o amor tem signi-
ficado e apenas Lá pode ser compreendido.

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Texto, Capítulo 25
V. O estado de impecabilidade
1. O estado de impecabilidade é, simplesmente, isto: qualquer desejo de atacar desapareceu e,
assim, não há razão para perceber o Filho de Deus diferente do que é. A necessidade da culpa
desapareceu porque não tem propósito e não tem significado sem o objectivo do pecado. O ataque
e o pecado estão ligados como uma única ilusão, cada um sendo a causa, o objectivo e a justifica-
ção do outro. Cada um deles não tem significado por si só, mas parece tirar um significado do
outro. Cada um depende do outro para qualquer significado que pareça ter. E ninguém poderia
acreditar em um a não ser que o outro fosse a verdade, pois cada um atesta que o outro não pode
deixar de ser verdadeiro.

2. O ataque faz com que Cristo seja teu inimigo e Deus juntamente com ele. Como podes deixar de
ter medo com «inimigos» tais como estes? E como podes deixar de ter medo de ti mesmo? Pois
feriste-te a ti mesmo e fizeste do teu Ser teu «inimigo». E agora tens de acreditar que tu não és tu,
mas algo alheio a ti mesmo, «alguma outra coisa», »alguma coisa» a ser temida em vez de amada.
Quem iria atacar qualquer coisa que percebesse como totalmente inocente? E quem, porque deseja
atacar, pode deixar de pensar que tem de ser culpado para manter o desejo, enquanto quer a ino-
cência? Pois quem poderia ver o Filho de Deus como um ser inocente e desejar a sua morte? Cristo
está diante de ti a cada vez que olhas para o teu irmão. Ele não foi embora porque os teus olhos
estão fechados. Mas o que há para ver quando buscas o teu Salvador vendo-O através dos olhos que
não vêem?

3. Não é Cristo que vês olhando assim: é o «inimigo» confundido com Cristo, que contemplas. E
odeias, porque não existe nenhum pecado nele para que vejas. Nem ouves o seu chamamento
lamentoso, imutável em conteúdo, qualquer que seja a forma usada nesse chamamento, para que
te reunas com ele e te unas a ele, em inocência e paz. E, no entanto, por detrás dos gritos sem
sentido do ego, esse é o chamamento que Deus lhe deu para que pudesses ouvir nele o chamamen-
to que Deus te faz e responder devolvendo a Deus o que é de Deus.

4. O Filho de Deus pede-te apenas isso: que tu lhe devolvas o que lhe é devido, para que possas
compartilhá-lo com ele. Sozinho, nenhum dos dois a tem. Assim, não pode deixar de permanecer
por ser inútil para ambos. Juntos, isso dará, igualmente a cada um, força para salvar o outro e sal-
var a si mesmo juntamente com o outro. Perdoado por ti, o teu salvador oferece-te a salvação;
condenado por ti, oferece-te a morte. Em cada um apenas vês o reflexo do que escolhes que ele
seja para ti. Se te decides contra a função que lhe é própria, a única que ele tem na verdade, estás
privando-o de toda a alegria que teria encontrado se cumprisse o papel que Deus lhe deu. Mas não
penses que o Céu fica perdido apenas para ele. Nem é possível recuperares o Céu a não ser que o
caminho lhe seja mostrado através de ti, para que possas encontrá-lo caminhando ao seu lado.

5. Não é um sacrifício que ele seja salvo, pois através da sua liberdade ganhas a tua própria. Permi-
tir que a função dele seja cumprida não é senão o meio de permitir que a tua também o seja. e,
assim, caminhas rumo ao inferno ou rumo ao Céu, mas não sozinho. Como será bela a sua impecabi-
lidade quando a perceberes! E como será grande a tua alegria, quando ele estiver livre para te ofe-
recer a dádiva da visão que Deus lhe deu para ti! Ele não tem qualquer necessidade senão esta: que
permitas que tenha liberdade para completar a tarefa que Deus lhe deu. E lembrando-te apenas
disto: o que ele faz, tu fazes juntamente com ele. E, do modo como o vês, assim defines a função
que terá para ti, até que o vejas de maneira diferente e deixes que seja o que Deus designou que
fosse para ti.

6. Contra o ódio que o Filho de Deus pode acalentar contra si mesmo, acredita-se que Deus é impo-
tente para salvar da dor do inferno o que Ele criou. Mas, no amor que demonstra por si mesmo,
Deus é libertado para permitir que a Sua Vontade seja feita. No teu irmão, tu vês a imagem do que
acreditas que tem de ser a Vontade de Deus para ti. No teu perdão, compreenderás o Seu Amor por
ti; através do teu ataque, acreditarás que Ele te odeia pensando que o Céu tem de ser o inferno.
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Olha mais uma vez para o teu irmão, não sem a compreensão de que ele é o caminho para o Céu ou
para o inferno, conforme tu o percebes. Mas não te esqueças disto: o papel que lhe atribuis é atri-
buído a ti e que caminharás pelo caminho que lhe apontaste, porque se trata do teu julgamento a
respeito de ti mesmo.

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Livro de Exercícios
Introdução

1. Um fundamento teórico, tal como o Texto provê, é necessário como uma estrutura para fazer com que as
lições deste livro de exercícios sejam significativas. Contudo, é a prática dos exercícios que fará com que a
meta do curso seja possível. Uma mente sem treino nada pode realizar. O propósito deste livro de exercícios
é o de treinar a tua mente para pensar segundo as linhas propostas pelo Texto.

2. Os exercícios são muito simples. Não requerem muito tempo e não importa onde sejam feitos. Não necessi-
tam de nenhuma preparação. O período de treino é um ano. Os exercícios são numerados de 1 a 365. Não
empreendas fazer mais do que uma lição por dia.

3. O livro de exercícios é dividido em duas secções principais: a primeira lida com a remoção do modo como
vês agora e a segunda com a aquisição da verdadeira percepção. Com excepção dos períodos de revisão, os
exercícios de cada dia são planeados à volta de uma ideia central que é declarada desde início. Essa ideia é
seguida de uma descrição dos procedimentos específicos segundo os quais a ideia do dia deve ser aplicada.

4. O propósito do livro de exercícios é o treinar a tua mente de forma sistemática para uma percepção dife-
rente de todos e de tudo no mundo. Os exercícios são planeados para te ajudar a generalizar as lições de
modo a que compreendas que cada uma delas é igualmente aplicável a todos e a tudo o que vês.

5. A transferência do treino em verdadeira percepção não ocorre tal como em qualquer processo de treino no
mundo. Se a verdadeira percepção tiver sido conseguida em conexão com qualquer pessoa, situação ou even-
to, podes ter como certa a transferência total, para todos e para tudo. Por outro lado, uma excepção manti-
da à parte da percepção verdadeira faz com que as suas realizações sejam impossíveis em qualquer lugar.

6. Assim, as únicas regras gerais a serem observadas do início ao fim são: primeiro, que os exercícios sejam
praticados com grande especificidade, conforme será indicado. Isso ajudar-te-á a generalizar as ideias envol-
vidas com cada situação em que te encontrares, assim como a todos e a tudo nela. Segundo, certifica-te de
não decidir por conta própria que há algumas pessoas, situações ou coisas às quais as ideias são inaplicáveis.
Isso interferirá com a transferência do treino. A própria natureza da percepção verdadeira é que ela não tem
limites. É o oposto do modo como vês agora.

7. O objectivo geral dos exercícios é aumentar a tua capacidade de estender as ideias que estarás a praticar
para incluir tudo. Isso não requererá nenhum esforço da tua parte. Os próprios exercícios reúnem em si as
condições necessárias para esse tipo de transferência.

8. Poderá parecer-te difícil acreditar em algumas ideias que este livro de exercícios te apresenta; outras
poderão parecer-te bastante surpreendentes. Isso não importa., simplesmente, te é pedido que as apliques
tal como és dirigido a fazer. Não te é pedido para as julgares em absoluto. Só te pedido que as uses. É usando
estas ideias que lhes encontrarás significado para e te aperceberás que são verdadeiras.

9. Lembra-te apenas disto: não precisas acreditar nas ideias, não precisas aceitá-las nem sequer precisas de
acolhê-las bem. A algumas delas podes resistir activamente. Nada disso importará ou diminuirá a sua eficá-
cia. Mas não te permitas fazer excepções ao aplicar as ideias contidas no livro de exercícios e usa-as, qual-
quer que sejam as tuas reacções a elas. Nada mais do que isso é requerido.

50
Livro de Exercícios, Parte I

Lição 1
Nada do que vejo neste quarto (nesta rua, desta janela, neste lugar, etc.) significa seja o que for.

1. Agora, olha vagarosamente à tua volta e pratica aplicando essa ideias, de modo específico, a qualquer
coisa que vejas.

Esta mesa não significa nada.


Esta cadeira não significa nada.
Esta mão não significa nada.
Este pé não significa nada.
Esta caneta não significa nada.

2. Então, olha além do que está imediatamente à tua volta e aplica a ideia a um âmbito mais amplo.

Aquela porta não significa nada.


Aquele corpo não significa nada.
Aquela lâmpada não significa nada.
Aquele cartaz não significa nada.
Aquela sombra não significa nada.

3. Nota que estas declarações não estão agrupadas em nenhuma ordem e não fazem qualquer distinção quan-
to às diferenças entre os tipos de coisas às quais são aplicadas. Este é o propósito do exercício. A declaração
deve ser, simplesmente, aplicada a qualquer coisa que vês. Ao praticares a ideia do dia, usa-a com total in-
discriminação. Não tentes aplicá-la a tudo o que vês pois estes exercícios não devem tornar-se ritualísticos.
Certifica-te apenas de que nada do que vês seja especificamente excluído. Qualquer coisa é como qualquer
outra coisa no que concerne à aplicação da ideia.

4. Cada uma das três primeiras lições não deve ser praticada mais do que duas vezes por dia, de preferência
pela manhã e à noite. Também não e deve tentar fazê-las por mais de um minuto aproximadamente, a menos
que isso implique numa sensação de pressa. Um sensação confortável de lazer é essencial.

Lição 2
Tenho dado a tudo o que vejo neste quarto (nesta rua, desta janela, neste lugar, etc.) todos os
significados que lhe atribuo.

1. Os exercidos com esta ideia são os mesmos que os da primeira. Começa com o que está perto de ti e aplica
a ideia a qualquer coisa sobre a qual poisar o teu olhar. Depois, aumenta o âmbito para fora. Vira a cabeça
para incluir o que quer que esteja em qualquer um dos lados. Se possível, vira-te e aplica a ideia àquilo que
estava trás de ti. Continua a ser tão indiscriminado quanto for possível ao seleccionar os sujeitos para a apli-
cação da ideia, não te concentres em nada em particular e não tentes incluir tudo o que vês numa determi-
nada área, ou introduzirás tensão.

2., simplesmente, passa os olhos com naturalidade e razoável rapidez à tua volta, tentando evitar qualquer
selecção por tamanho, brilho, cor, material ou relativa importância para ti. Considera os sujeitos, simples-
mente, como os vires. Tenta aplicar o exercício com igual facilidade a um corpo ou a um botão, a uma mosca
ou ao chão, a um braço ou a uma maçã. O único critério para a aplicação da ideia a qualquer coisa é, sim-
plesmente, que os teus olhos a tenham tocado. Não tentes incluir algo em particular, mas certifica-te de que
nada seja especificamente excluído.

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Lição 3
Não compreendo nada do que vejo neste quarto (nesta rua, desta janela, neste lugar, etc.).

1. Aplica esta ideia do mesmo modo do que as anteriores, sem fazer qualquer tipo de distinção. O que quer
que vejas, torna-se um sujeito apropriado para aplicar a ideia. Certifica-te de não questionar a adequação do
que quer que seja para a aplicação da ideia. Estes não são exercícios de julgamento. Qualquer coisa é ade-
quada, desde que a vejas. Algumas das coisas que vês podem ter, para ti, um significado emocionalmente
carregado. Tenta colocar esses sentimentos de lado e, simplesmente, usa-as assim como usarias outra coisa
qualquer.

2. O sentido dos exercícios é o de te ajudar para que limpes a tua mente de todas as associações passadas
afim de veres as coisas exactamente como aparecem para ti agora e para que reconheças quão pouco real-
mente compreendes a respeito delas. Portanto, é essencial que mantenhas uma mente perfeitamente aberta
e desembaraçada de julgamento ao seleccionar as coisas às quais a ideia para o dia deve ser aplicada. Para
esse propósito uma coisa é como qualquer outra, igualmente adequada e, portanto, igualmente útil.

Lição 4
Estes pensamentos não significam nada. São como as coisas que vejo neste quarto (nesta rua, desta
janela, etc.).

1. Distintos dos anteriores, estes exercícios não começam com a ideia para o dia. Nestes períodos de prática,
começa por notar os pensamentos que cruzam a tua mente durante mais ou menos um minuto. Em seguida,
aplica a ideia sobre eles. Se já estiveres ciente de pensamentos infelizes, usa-os como sujeitos para a aplica-
ção da ideia. Todavia, não selecciones apenas os pensamentos que pensas que são «maus». Se te treinares a
olhar para os teus pensamentos, acharás que eles representam uma tal mistura que, de certa forma, nenhum
deles pode ser considerado «bom» ou «mau». É por isso que não significam nada.

2. Ao seleccionares os sujeitos para a aplicação da ideia de hoje, a especificidade usual é requerida. Não
tenhas medo de usar tanto os pensamentos «bons» como os pensamentos «maus». Nenhum deles representa
os teus pensamentos reais, os quais estão a ser cobertos por eles. Os «bons» são apenas sombras daquilo que
está além, e sombras fazem com que seja difícil ver; os «maus» são bloqueios para a vista e fazem com que
seja impossível ver. Não queres nenhum dos dois.

3. Este é um dos exercícios principais e será repetido de vez em quando sob uma forma um pouco diferente.
O objectivo aqui é o de treinar-te nos primeiros passos em direcção à meta de separar o que não tem signifi-
cado daquilo que é significativo. É uma primeira tentativa no propósito de longo alcance de aprenderes a ver
aquilo sem significado como estando fora de ti e o significativo dentro de ti. Também é o começo do treino
da tua mente para reconhecer o que é o mesmo e o que é diferente.

4. Ao usares os teus pensamentos para a aplicação da ideia para o dia de hoje, identifica cada pensamento
pela figura central ou evento que ele contém. Por exemplo:

Este pensamento sobre........ não significa nada. É como as coisas que vejo neste quarto (nesta rua,
e assim por diante.)

5. Também podes usar a ideia para algum pensamento em particular que reconheças como danoso. Esta prá-
tica é útil, mas não é um substituto para os procedimentos mais casuais que devem ser seguidos para os exer-
cícios. Contudo, não examines a tua mente por mais de um minuto aproximadamente. Ainda és por demais
inexperiente para evitares a tendência para te preocupares.

6. Além disto, como estes exercícios são os primeiros deste tipo, podes achar particularmente difícil a sus-
pensão de julgamento em conexão com os pensamentos. Não repitas estes exercícios mais de três ou quatro
vezes por dia. Voltaremos a eles mais tarde.

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Lição 5
Nunca estou transtornado pela razão que imagino.

1. Esta ideia, como a precedente, pode ser usada com qualquer pessoa, situação ou evento que esteja a cau-
sar dor no teu pensamento. Aplica-a especificamente a qualquer coisa que acredites ser a causa do teu trans-
torno, usando para a descrição do sentimento quaisquer termos que te pareçam exactos. O transtorno pode
parecer ser medo, preocupação, depressão, ansiedade, raiva, ódio, ciúme ou inúmeras outras formas, as
quais todas serão percebidas como diferentes. Isso não é verdadeiro. Contudo, até aprenderes que a forma
não importa, cada uma torna-se um sujeito apropriado para os exercícios do dia. Aplicar a mesma ideia a
cada uma delas separadamente é o primeiro passo para reconheceres que, em última instância, todas são a
mesma.

2. Ao usares a ideia de hoje para algo que percebes como a causa específica de qualquer forma de transtor-
no, usa tanto o nome da forma na qual vês o transtorno quanto a causa que lhe atribuis. Por exemplo:

Não estou com raiva de....... pela razão que imagino.


Não estou com medo de....... pela razão que imagino.

3. Todavia, mais uma vez, isto não deve substituir os períodos de prática em que primeiro procuras na tua
mente as «fontes» do transtorno no qual acreditas, assim como as formas do transtorno que pensas resulta-
rem delas.

4. Nestes exercícios, mais do que nos precedentes, podes achar difícil ser indiscriminado e evitar dar a alguns
sujeitos maior peso do que a outros. Talvez ajude, se precederes os exercícios com a declaração:
Não há pequenos transtornos. Todos eles perturbam do mesmo modo a paz da minha mente.

5. Em seguida, examina a tua mente procurando o que quer que seja que esteja a afligir-te, independente-
mente de achares que isso está a afligir-te muito ou pouco.

6. Também podes estar menos disposto a aplicar a ideia de hoje a algumas coisas que percebes como fontes
de transtorno mais do que a outras. Se isso ocorre, pensa primeiro no seguinte.
Eu não posso guardar esta forma de transtorno e abandonar as outras. Assim, para os propósitos destes exer-
cícios, vou considerá-las todas como sendo a mesma.

7. Então investiga a tua mente por não mais de um minuto e tenta identificar algumas formas diferentes de
transtorno que estão a perturbar-te, independentemente da relativa importância que lhes possas dar. Aplica
a ideia para o dia de hoje a cada uma delas, usando tanto o nome da fonte do transtorno tal como a perce-
bes, quanto do sentimento tal como o experimentas. Outros exemplos são:

Não estou preocupado com....... pela razão que imagino.


Não estou deprimido com....... pela razão que imagino.

Três ou quatro vezes durante o dia é suficiente.

Lição 6
Estou transtornado porque vejo algo que não existe.

1. Os exercícios com esta ideia são muito similares aos precedentes. Mais uma vez, para qualquer aplicação
da ideia, é necessário citar tanto o nome da forma do transtorno (raiva, medo, preocupação, depressão, e
assim por diante), quanto da fonte, tal como a percebes de modo bem específico. Por exemplo:

Estou com raiva de....... porque vejo algo que não existe.
Estou preocupado com....... porque vejo algo que não existe.

2. É útil aplicar a ideia a qualquer coisa que pareça transtornar-te, sendo que pode ser usada com proveito,
ao longo do dia, para este propósito. Todavia, os três ou quatro períodos de prática que são requeridos
devem ser precedidos, como antes, de uma investigação da tua mente de cerca de um minuto, e a ideia deve
ser aplicada a cada pensamento que te transtorne e que tenha sido descoberta na investigação.

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3. Mais uma vez, se resistes a aplicar a ideia a alguns pensamentos transformadores mais do que a outros,
lembra-te dos dois avisos colocados na lição anterior:

Não há pequenos transtornos. Todos eles perturbam do mesmo modo a paz da minha mente.

E:

Eu não posso guardar esta forma de transtorno e abandonar as outras. Assim, para os propósitos
destes exercícios, vou considerá-las todas como sendo a mesma.

LIÇÃO 7
Eu só vejo o passado

1. No princípio, é particularmente difícil acreditar nesta ideia. No entanto, ela é o fundamento racional de
todas as precedentes:

Éa razão pela qual nada do que vês significa seja o que for.
Éa razão pela qual deste a tudo o que vês todo o significado que tem para ti.
Éa razão pela qual não compreendes nada do que vês.
Éa razão pela qual os teus pensamentos nada significam e são como as coisas que vês.
Éa razão pela qual nunca estás transtornado pela razão que imaginas.
Éa razão pela qual estás transtornado por ver algo que não existe.

2. Ideias velhas sobre o tempo são muito difíceis de serem mudadas, não só porque tudo aquilo em que acre-
ditas tem as suas raízes no tempo, mas também porque depende de não aprenderes estas novas ideias sobre
ele. No entanto, é precisamente por isso que precisas de novas ideias sobre o tempo. Esta primeira ideia
sobre ele não é realmente tão estranha quanto pode parecer no início.

3. Olha para uma chávena, por exemplo. Estás a ver a chávena, ou estás, simplesmente, a rever as tuas expe-
riências passadas de pegar numa chávena, estar sedento, beber, sentir o rebordo dela contra os teus lábios,
tomar café e assim por diante? E as tuas reacções estéticas em relação à chávena, também não estão basea-
das em experiências passadas? De que outra maneira saberias se, ao deixá-la cair, esse tipo de chávena se
quebraria ou não? O que sabes sobre essa chávena senão o que aprendeste no passado? Excepto pela tua
aprendizagem passada, não terias nenhuma ideia do que é essa chávena. Então, será que realmente a vês?
Olha à tua volta. Isso é igualmente verdadeiro para o que quer que seja que olhes. Reconhece isso aplicando
a ideia para o dia de hoje indiscriminadamente a qualquer coisa que capte o teu olhar. Por exemplo:

Eu vejo só o passado neste lápis


Eu vejo só o passado neste sapato.
Eu vejo só o passado nesta mão.
Eu vejo só o passado naquele corpo.
Eu vejo só o passado naquele rosto.

5. Não te detenhas em nada em particular, mas lembra-te de não omitir nada especialmente. Dá uma olhade-
la rápida a cada sujeito e passa para o seguinte. Três ou quatro períodos de prática, de cerca de um minuto
cada um, serão suficientes.

LIÇÃO 8
A minha mente está preocupada com pensamentos passados.

1. Esta ideia é, obviamente, a razão pela qual só vês o passado. Ninguém vê nada realmente. Só é possível
ver os próprios pensamentos projectados para fora. A preocupação da mente com o passado é a causa da
concepção errada acerca do tempo da qual sofre o teu modo de ver. A tua mente não pode apreender o pre-
sente, que é o único tempo que existe. Portanto, não pode compreender o tempo e não pode, de facto, com-
preender seja o que for.

2. O único pensamento totalmente verdadeiro que alguém pode manter sobre o passado é que ele não está
aqui. Pensar sobre ele, seja de que maneira for, é, portanto, pensar em ilusões. Poucos compreendem o que,

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de facto, está em jogo quando se retrata o passado ou antecipa o futuro. A mente está em branco quando faz
isto, porque, realmente, não está a pensar sobre seja o que for.

3. O propósito dos exercícios para o dia de hoje é começar a treinar a tua mente a reconhecer quando não
está realmente a pensar de todo. Enquanto ideias sem pensamento preocupam a tua mente, a verdade é
bloqueada. Reconhecer que a tua mente tem estado apenas em branco, em vez de acreditar que está cheia
de ideias reais, é o primeiro passo para abrir caminho para visão.

4. Os exercícios para o dia de hoje devem ser feitos de olhos fechados. Isto porque, de facto, não podes ver
seja o que for e é mais fácil reconhecer que, por mais vívido que seja o retrato que possas fazer de um pen-
samento, não estás a ver nada. Com o menor investimento possível, investiga a tua mente por cerca de um
minuto, como de costume, apenas notando os pensamentos que lá encontrares. Cita cada um deles pela figu-
ra central ou tema que contenha e passa para o seguinte. Começa o período de prática dizendo:

Eu pareço estar a pensar sobre.........

5. Em seguida, cita cada um dos teus pensamentos especificamente, por exemplo:

Eu pareço estar a pensar sobre (nome da pessoa), sobre (nome do objecto), sobre (nome de uma
emoção),

e assim por diante, concluindo no final do período de exame da mente, com:

Mas a minha mente está preocupada com pensamentos passados.

6. Isto pode ser feito quatro ou cinco vezes durante o dia, a menos se te parecer que isso te irrita. Se te
parecer penoso, três ou quatro vezes são suficientes. Contudo, podes querer incluir a tua irritação ou qual-
quer emoção que a ideia para o dia de hoje possa induzir no próprio exame da mente.

LIÇÃO 9
Não vejo nada tal como é agora.

1. Esta ideia, obviamente, decorre das duas precedentes. Mas, embora possas ser capaz de a aceitar intelec-
tualmente, é pouco provável que consigas dar-lhe algum significado, por enquanto. Contudo, a compreensão
não é necessária neste nesta altura. De facto, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito
para dissipar as tuas falsas ideias. Estes exercícios dizem respeito à prática, não à compreensão. Não precisas
de praticar o que já compreendes. Ter como objectivo a compreensão e assumir que já a tens seria andar em
círculos.

2. É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Esta ideia pode
ser bastante perturbadora e pode encontrar uma resistência activa sob inúmeras formas. Mas isso não impede
a sua aplicação. Apenas isto é requerido para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo
esclarecerá um pouco da escuridão, e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da tua mente
que tenha sido esvaziado dos entulhos que a obscurecem.

3. Estes exercícios, para os quais bastam três ou quatro minutos de prática, envolvem olhar à tua volta e
aplicar a ideia para o dia a qualquer coisa que vês, lembrando-te da necessidade de uma aplicação indiscri-
minada e da regra essencial de nada excluir. Por exemplo:

Eu não vejo esta máquina de escrever tal como é agora.


Eu não vejo este telefone tal como é agora.
Eu não vejo este braço tal como é agora.

4. Começa com as coisas mais próximas de ti e depois alarga o âmbito da observação:

Eu não vejo aquela planta tal como é agora.


Eu não vejo aquela porta tal como é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como é agora.

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5. Enfatiza-se mais uma vez que, embora não devas tentar a inclusão completa, tens de evitar qualquer
exclusão específica. Certifica-te de estares a ser honesto contigo mesmo ao fazer esta distinção. Podes ser
tentado a obscurecê-la.

LIÇÃO 10
Os meus pensamentos não significam seja o que for.

1. Esta ideia aplica-se a todos os pensamentos dos quais estejas ciente, ou venhas a estar ciente durante os
períodos de prática. A razão desta ideia ser aplicável a todos eles é que não são os teus pensamentos reais.
Já fizemos esta distinção antes e voltamos a fazê-la novamente. Ainda não tens base para comparação.
Quando tiveres, não terás dúvidas de que aquilo que antes acreditavas serem os teus pensamentos, não signi-
ficava seja o que for.

2. Esta é a segunda vez que usamos este tipo de ideia. A forma é apenas ligeiramente diferente. Desta vez, a
ideia é introduzida com «Os meus pensamentos» em vez de «Estes pensamentos», e nenhuma ligação explíci-
ta é feita com as coisas que te rodeiam. A ênfase está agora na falta de realidade daquilo que pensas que
pensas.

3. Este aspecto do processo de correcção começou com a ideia de que os pensamentos dos quais estás ciente
são sem significado, estão fora em vez de dentro de ti e, então, realçou-se o seu estatuto passado ao invés do
presente. Agora estamos a enfatizar que a presença destes «pensamentos» significa que não estás a pensar.
Esta é apenas uma outra maneira de repetir a nossa declaração anterior de que a tua mente está realmente
em branco. Reconhecer isto é reconhecer o nada quando pensas o que vês. Como tal, este é o pré-requisito
para a visão.

4. Fecha os olhos para fazer estes exercícios e começa-os repetindo a ideia para o dia de hoje bem lentamen-
te para ti mesmo. Depois acrescenta:

Esta ideia ajudar-me-á a libertar-me de tudo em que acredito agora.

Os exercícios consistem, como antes, em investigar na tua mente todos os pensamentos que estejam disponí-
veis, sem selecção ou julgamento. Tenta evitar qualquer tipo de classificação. De facto, se achares que pode
ser útil, poderias imaginar que estás a ver passar uma procissão estranhamente agrupada, com pouco ou
nenhum significado pessoal para ti. À medida que cada um cruza a tua mente, diz:

O meu pensamento sobre....... não significa nada.


O meu pensamento sobre....... não significa nada.

5. O pensamento de hoje pode obviamente servir para qualquer pensamento que te aflija em qualquer
momento. Além disso são recomendados cinco períodos de prática, cada um não excedendo aproximadamen-
te um minuto de exame mental. Não é recomendável que esse período seja estendido, sendo que até deve
ser reduzido para meio minuto, ou até menos, se experimentares desconforto. Lembra-te, contudo, de repe-
tir a ideia lentamente antes de a aplicares de forma específica e também de acrescentar:
Esta ideia ajudar-me-á a libertar-me de tudo em que acredito agora.

Lição 11
Os meus pensamentos sem significado mostram-me um mundo sem significado.

1. Esta é a primeira ideia que temos que está relacionada com uma fase principal do processo de correcção: a
inversão do modo de pensar do mundo. Parece que o mundo determina o que percebes. A ideia para o dia de
hoje introduz o conceito de que os teus pensamentos determinam o mundo que vês. Fica contente por prati-
cares a ideia na sua forma inicial, pois ela assegura a tua libertação. Nela está a chave para o perdão.

2. Os períodos de prática da ideia para o dia de hoje devem ser empreendidos de um modo um pouco diferen-
te dos anteriores. Começa com os olhos fechados e repete a ideia, lentamente para ti mesmo. Em seguida,
abre os olhos e olha à tua volta para perto e para longe, para cima e para baixo - para qualquer lugar. Duran-
te o minuto que, aproximadamente, vais passar a usar a ideia, simplesmente, repete-a para ti mesmo, estan-
do seguro de o fazeres sempre sem pressa e sem nenhuma sensação de urgência ou esforço.

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3. Para fazer estes exercícios com o máximo de benefício, os teus olhos devem mover-se de uma coisa para
outra com razoável rapidez, já que não devem deter-se em nada particular. Contudo, as palavras devem ser
usadas sem pressa, até mesmo descansadamente. A introdução a esta ideia, em particular, deve ser pratica-
da da forma mais casual possível. Ela contém o fundamento para a paz, o relaxamento e a libertação de pre-
ocupações que estamos a tentar conseguir. Ao concluir os exercícios, fecha os olhos e repete a ideia lenta-
mente para ti mesmo, mais uma vez.

4. Hoje, três períodos de prática provavelmente serão suficientes. Todavia, se houver pouco ou nenhum mal
estar, e te sentires inclinado a fazer mais, cinco períodos, no máximo, podem ser empreendidos. Mais do que
isso não é recomendado.

Lição 12
Estou transtornado porque vejo um mundo sem significado

1. A importância desta ideia está no facto de conter uma correcção para uma das principais distorções da
percepção. Pensas que o que te transtorna é um mundo assustador ou um mundo triste, ou um mundo violen-
to, ou um mundo doentio. Todos estes atributos lhe são dados por ti. O mundo em si mesmo não tem signifi-
cado.

2. Estes exercícios são feitos de olhos abertos. Olha à tua volta, desta vez bem lentamente. Tenta que a pas-
sagem lenta do teu olhar de uma coisa para outra envolva um intervalo de tempo razoavelmente constante.
Não permitas que o tempo de passagem venha a ser notadamente mais longo ou mais curto, mas tenta, em
vez disso, manter um compasso medido e uniforme do princípio ao fim. O que vês não importa. É isso que
estás a ensinar a ti mesmo ao dar a qualquer coisa sobre a qual o teu olhar pousar igual atenção e tempo
igual. Este é um passo inicial na aprendizagem de dar igual valor a todas elas.

3. Ao olhares à tua volta, diz a ti mesmo:

Penso que vejo um mundo assustador, um mundo perigoso, um mundo hostil, um mundo triste, um
mundo perverso, um mundo louco...

e assim por diante, usando quaisquer termos descritivos que te possam ocorrer. Se termos que parecem posi-
tivos em vez de negativos te ocorrerem, inclui-os. Por exemplo, poderias pensar em um «mundo bom», ou em
um «mundo satisfatório». Se tais termos te ocorrerem, usa-os juntamente com os outros. Podes ainda não
compreender a razão pela qual estes adjectivos «agradáveis» têm lugar nestes exercícios, mas lembra-te que
um «mundo bom» requer um «mau», e um «mundo satisfatório» requer um «insatisfatório». Todos os termos
que cruzarem a tua mente são sujeitos adequados para os exercícios de hoje. A sua qualidade aparente não
importa.

4. Certifica-te de não alterar os intervalos de tempo entre as aplicações da ideia para o dia de hoje ao que
pensas ser aprazível e ao que pensas ser desprezível. Para os propósitos destes exercícios, não há nenhuma
diferença entre eles. No final do período de prática, acrescenta:
(Penso que vejo um mundo assustador, perigoso, etc.) mas estou transtornado porque vejo um mundo sem
significado.

5. Aquilo que não tem significado não é nem bom, nem mau. Então, porque é que um mundo sem significado
haveria de te transtornar? Se pudesses aceitar o mundo como algo sem significado e deixar a que verdade
acerca dele fosse escrita para ti, isso far-te-ia indescritivelmente feliz. Mas, por ser sem significado, és impe-
lido a escrever nele o que querias que ele fosse. É isso que vês quando olhas para ele. É isso o que, na verda-
de, não tem significado. Por baixo das tuas palavras está escrito o Verbo de Deus. A verdade transtorna-te
agora, mas quando as tuas palavras tiverem sido apagadas, tu verás as Dele. Tal é o propósito fundamental
destes exercícios.

6. Três ou quatro vezes são suficientes para a prática da ideia para o dia de hoje. Os períodos de prática
também não devem exceder um minuto. Poderás achar que até um minuto é tempo demais. Termina os exer-
cícios se experimentares uma sensação de tensão.

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Lição 13
Um mundo sem significado gera medo.

1. A ideia para o dia de hoje é realmente uma variação da precedente, excepto pelo facto de ser mais espe-
cífica em relação à emoção despertada. De facto, um mundo sem significado é impossível. Nada sem signifi-
cado existe. Todavia, isto não quer dizer que não possas pensar que percebes algo a que falta significado.
Pelo contrário, estás particularmente propenso a pensar que percebes o significado no mundo.

2. O reconhecimento da falta de significado desperta intensa ansiedade em quem está separado. Representa
uma situação na qual Deus e o ego se «desafiam» mutuamente, quanto à autoria do significado que deve ser
escrito no espaço vazio provido pela falta de significado. O ego lança-se freneticamente para lá estabelecer
as suas próprias ideias, assustado pela possibilidade de que o vazio possa ser usado para demonstrar a sua
própria impotência e irrealidade. E somente nisso ele está correcto.

3. É essencial, portanto, que aprendas a reconhecer aquilo que não tem significado e a aceitá-lo sem medo.
Se estiveres assustado, é certo que dotarás o mundo com atributos que ele não possui e irás apinhá-lo com
imagens que não existem. Para o ego, as ilusões são dispositivos de segurança, tal como tem de ser também
para ti, que te igualas ao ego.

4. Os exercícios para o dia de hoje, que deverão ser feitos cerca de três a quatro vezes, por não mais de cer-
ca de um minuto no máximo de cada vez, devem ser praticados de uma forma um pouco diferente das prece-
dentes. Com os olhos fechados, repete a ideia de hoje para ti mesmo. Então, abre os olhos e olha lentamente
ao teu redor, dizendo:

Estou a olhar para um mundo sem significado.

Repete esta declaração para ti mesmo enquanto olhas à tua volta. Então, fecha os olhos e conclui com:

Um mundo sem significado gera medo porque eu penso que estou em competição com Deus.

5. Podes achar difícil evitar algumas formas de resistência a esta declaração conclusiva. Qualquer que seja a
forma que a resistência venha a tomar, lembra-te de que estás realmente com medo deste pensamento por
causa da «vingança» do «inimigo» Não se espera que acredites nesta declaração nesta altura, e, provavel-
mente, irás descartá-la como inversa à ordem. Contudo, observa cuidadosamente qualquer sinal de medo,
manifestado ou reprimido, que ela possa despertar.

6. Esta é a nossa primeira tentativa em declarar uma relação explícita de causa e efeito de um tipo que tu
ainda és muito inexperiente para reconhecer. Não te detenhas na declaração conclusiva e tenta não pensar
nela excepto nos períodos de prática. No momento presente, isso será suficiente.

Lição 14
Deus não criou um mundo sem significado.

1. A ideia para o dia de hoje é, evidentemente, a razão pela qual um mundo sem significado é impossível. O
que Deus não criou não existe. E tudo o que existe, existe tal como Ele o criou. O mundo que vês nada tem a
ver com a realidade. Foi feito por ti e não existe.

2. Os exercícios para o dia de hoje devem ser praticados com os olhos fechados do início ao fim. O período do
exame da mente deve ser curto, um minuto, no máximo. Não faças mais do que três períodos de prática, a
menos que os aches confortáveis. Se isso acontecer, será porque realmente compreendes para que servem.

3. A ideia para o dia de hoje é um outro passo na aprendizagem de abandonar os pensamentos que tens escri-
to no mundo e de veres, no seu lugar, o Verbo de Deus. Os passos iniciais nesta troca, que verdadeiramente
pode ser chamada salvação, podem ser bastantes difíceis e até bastante dolorosos. Alguns deles levar-te-ão
directamente ao medo. Não serás lá deixado. Irás muito além disso. A nossa direcção é rumo à perfeita segu-
rança e à perfeita paz.

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4. Com os olhos fechados, pensa em todos os horrores do mundo que cruzam a tua mente. Cita cada um à
medida que te ocorre e, em seguida, nega a sua realidade. Deus não o criou, portanto, não é real. Diz, por
exemplo:

Deus não criou aquela guerra, portanto, ela não é real.


Deus não criou aquele acidente de avião, portanto, ele não é real.
Deus não criou aquele desastre (especifica), portanto, ele não é real.

5. Outros sujeitos adequados para a aplicação da ideia para hoje também incluem qualquer coisa que tenhas
medo que possa acontecer a ti, ou a qualquer pessoa com quem estejas preocupado. Em cada caso, cita o
«desastre» bem especificamente. Não uses termos genéricos. Por exemplo, não digas: «Deus não criou a
enfermidade», mas «Deus não criou o cancro», ou ataques cardíacos, ou qualquer coisa que possa provocar-te
medo.

6. Estás a olhar para o teu repertório pessoal de horrores. Estas coisas são parte do mundo que vês. Algumas
delas são ilusões compartilhadas e outras fazem parte do teu inferno pessoal. Isso não importa. O que Deus
não criou só pode estar na tua própria mente, à parte da Dele. Portanto, não tem nenhum significado. Em
reconhecimento deste facto, conclui os períodos de prática repetindo a ideia para o dia de hoje:

Deus não criou um mundo sem significado.

7. A ideia de hoje, pode, obviamente, ser aplicada a qualquer coisa que te perturbe durante o dia, fora dos
períodos de prática. Sê específico ao aplicá-lo. Diz:

Deus não criou um mundo sem significado. Ele não criou (especifica a situação que te perturba) e,
portanto, isto não é real.

Lição 15
Os meus pensamentos são imagens feitas por mim.

1. Uma vez que os pensamentos que pensas que pensas aparecem em imagens, não os reconheces como sendo
nada. Pensas que os pensas e, assim, pensas que os vês. Assim foi feito o teu «ver». Esta é a função que tens
dado aos olhos do teu corpo. Isto não é ver. É fazer imagens. Isto toma o lugar do «ver» substituindo a visão
por ilusões.

2. Esta ideia introdutória ao processo de fazer imagens que chamas «ver», não terá muito significado para ti.
Começarás a compreendê-la quando tiveres visto pequenas réstias de luz em torno dos mesmos objectos
familiares que vês agora. Esse é o começo da visão real. Podes estar certo de que a visão real virá rapida-
mente, a partir do momento em que tal tiver ocorrido.

3. À medida em que avançarmos podes ter muitos «episódios de luz». Eles podem tomar muitas formas dife-
rentes, algumas das quais bastantes inesperadas. Não tenhas medo. São sinais de que estás, enfim, a abrir os
olhos. Esses «episódios de luz» não persistirão, pois, simplesmente, simbolizam a percepção verdadeira e não
estão relacionados com o conhecimento. Estes exercícios não te revelarão conhecimento. Mas prepararão o
caminho para ele.

4. Ao praticar a ideia para o dia de hoje, repete-a primeiro para ti mesmo e depois aplica-a a qualquer coisa
que vês ao teu redor, citando o seu nome e deixando os olhos descansarem sobre ele enquanto dizes:

Este/a...... é uma imagem que tenho feito.


Aquele/a...... é uma imagem que tenho feito.

Não é necessário incluir um grande número de sujeitos específicos para a aplicação da ideia de hoje. É neces-
sário, porém, continuar a olhar para cada sujeito enquanto repetes a ideia para ti mesmo. A ideia deve ser
repetida bem lentamente de cada vez que a praticas.

5. Embora obviamente sejas incapaz de aplicar a ideia a um grande número de coisas, durante o cerca de um
minuto de prática que é recomendado, tenta fazer a selecção da forma mais casual possível. Menos de um
minuto será suficiente para os períodos de prática, se começares a sentir-te inquieto. Não tenhas mais do que
três períodos de aplicação para a ideia de hoje, a menos que te sintas completamente confortável com ela e
não ultrapasses quatro vezes. Contudo, a ideia pode ser aplicada como for necessário ao longo do dia.
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Lição 16
Eu não tenho pensamentos neutros.

1. A ideia para o dia de hoje é um passo inicial para dissipar a crença de que os teus pensamentos não têm
efeito. Tudo o que vês é o resultado dos teus pensamentos. Não há nenhuma excepção para este facto. Os
pensamentos não são grandes os pequenos, poderosos ou fracos. Eles são apenas verdadeiros ou falsos. Aque-
les que são verdadeiros criam à sua semelhança. Aqueles que são falsos criam à semelhança deles.

2. Não existe conceito mais contraditório em si mesmo do que o de «pensamentos vãos». Aquilo que dá ori-
gem à percepção de todo um mundo dificilmente pode ser chamado «vão». Cada pensamento que tens con-
tribui para a verdade ou para a ilusão, ou estende a verdade ou multiplica as ilusões. De facto, podes multi-
plicar o nada mas não o estenderás ao fazê-lo.

3. Além de reconheceres que os teus pensamentos nunca são vãos, a salvação requer que tu também reco-
nheças que cada pensamento que tens traz ou a paz ou a guerra, ou o amor ou o medo. Um resultado neutro
é impossível, pois um pensamento neutro é impossível. Há uma tal tentação para descartar os pensamentos
de medo como não tendo importância, triviais e indignos de que te incomodes com eles, que é essencial
reconheceres a todos não apenas como igualmente destrutivos, mas também igualmente irreais. Praticaremos
essa ideia de muitas formas antes de que tu realmente a compreendas.

4. Ao aplicar a ideia para o dia de hoje, examina a tua mente por cerca de um minuto com os olhos fechados
e busca activamente não ignorar nenhum «pequeno» pensamento que possa tender a iludir o exame. Isto é
bastante difícil até te acostumares. Parecer-te-á que ainda te é difícil não fazer distinções artificiais. Qual-
quer pensamento que te ocorrer, independentemente das qualidades que lhe designes, é um sujeito adequa-
do para a aplicação da ideia de hoje.

5. Durante os períodos de prática, primeiro repete a ideia para ti mesmo e, de seguida, à medida que cada
um cruzar a tua mente, mantém-no na consciência enquanto dizes para ti mesmo:

Este pensamento sobre........ não é um pensamento neutro.


Aquele pensamento sobre........ não é um pensamento neutro.

Como de costume, usa a ideia para o dia de hoje sempre que estiveres ciente de algum pensamento em par-
ticular que te provoque mal-estar. Para este propósito, sugere-se a seguinte forma:

Este pensamento sobre........ não é um pensamento neutro porque eu não tenho pensamentos neu-
tros.

6. São recomendados quatro ou cinco períodos de prática, se te parecerem relativamente fáceis. Se for expe-
rimentada alguma tensão, três serão suficientes. A duração do período dos exercícios também deve ser redu-
zida se houver desconforto.

LIÇÃO 17
Eu não vejo coisas neutras.

1. Esta ideia é um outro passo em direcção à identificação da causa e do efeito como realmente operam no
mundo. Não vês coisas neutras porque não tens pensamentos neutros. É sempre o pensamento que vem pri-
meiro, apesar da tentação de acreditares que é ao contrário. O mundo não tem esta forma de pensar, mas
tens de aprender que este é o modo como pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria causa e seria,
ela própria, a causa da realidade. Dada a sua natureza altamente variável, isso é pouco provável.

2. Ao aplicar a ideia para o dia de hoje, diz a ti mesmo, com os olhos abertos:

Eu não vejo coisas neutras porque não tenho pensamentos neutros.

Olha, então, à tua volta descansando o olhar em cada coisa que notares durante o tempo suficiente para
dizer:

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Eu não vejo um/a....... neutro/a porque os meus pensamentos sobre..... não são neutros.

Por exemplo, poderias dizer:

Eu não vejo uma parede neutra, porque os meus pensamentos sobre paredes não são neutros.
Eu não vejo um corpo neutro, porque os meus pensamentos sobre corpos não são neutros.

3. Como de costume, é essencial que não faças distinções entre o que acreditas ser animado ou inanimado,
aprazível ou desprezível. Independentemente do que possas acreditar, não vês seja o que for que seja real-
mente viva ou realmente alegre. Isto é assim porque tu ainda não estás ciente de qualquer pensamento real-
mente verdadeiro e, portanto, realmente feliz.

4. Três ou quatro períodos de prática específicos são recomendados e, no mínimo, três são requeridos para
um aproveitamento máximo, mesmo que ofereças resistência. Porém, se sentires resistência, a duração do
período de prática pode ser reduzida para menos do que o cerca de um minuto que é recomendado se tal não
ocorrer.

LIÇÃO 18
Não estou sozinho ao experimentar os efeitos do que vejo.

1. A ideia para o dia de hoje é um outro passo para a aprendizagem de que os pensamentos que dão origem
àquilo que vês nunca são neutros ou sem importância. Também enfatiza a ideia de que as mentes são unidas,
à qual será dada maior ênfase mais adiante.

2. A ideia de hoje não se refere tanto ao que vês quanto ao modo como vês. Portanto, os exercícios para hoje
enfatizam esse aspecto da tua percepção. Os três ou quatro períodos de prática que são recomendados
devem ser feitos da seguinte forma:

3. Olha à tua volta, seleccionando os sujeitos para a aplicação da ideia para o dia de hoje tão fortuitamente
quanto for possível, e mantém os olhos sobre cada um deles o tempo suficiente para dizeres:

Eu não estou sozinho a experimentar os efeitos de como vejo.........

Conclui cada período de prática repetindo a declaração mais genérica:

Eu não estou sozinho a experimentar os efeitos do que vejo.

Um minuto aproximadamente, ou até menos, será suficiente para cada período de prática.

LIÇÃO 19
Não estou sozinho ao experimentar os efeitos dos meus pensamentos.

1. A ideia para o dia de hoje é, obviamente, a razão pela qual tudo o que vês não te afecta só a ti. Notarás
que, algumas vezes, as ideias relacionadas com o modo de pensar precedem aquelas relacionadas com a per-
cepção, enquanto que outras vezes a ordem é alterada. A razão disto é que a ordem não importa. O pensa-
mento e os seus resultados são realmente simultâneos, pois causa e efeito nunca são separados.

2. Hoje estamos a enfatizar, mais uma vez, o facto de que as mentes são unidas. Raramente esta ideia é
totalmente bem recebida de início, já que parece trazer consigo um enorme senso de responsabilidade, e
pode até ser considerada como uma «invasão da privacidade». A verdade é que não existem pensamentos
privados. Apesar da tua resistência inicial a esta ideia, ainda assim serás capaz de compreender que tal não
pode deixar de ser verdadeiro, se é que a salvação ainda é possível de qualquer modo. E a salvação tem de
ser possível porque é a Vontade de Deus.

3. O cerca de um minuto de exame da mente que os exercícios de hoje requerem, deve ser empreendido de
olhos fechados. Primeiro, a ideia para o dia de hoje deve ser repetida e, então, a mente deve ser cuidadosa-

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mente examinada em busca dos pensamentos que contém naquele momento. Ao considerar cada um, cita-o
em termos da pessoa ou do tema central que contém, e mantendo-o na mente ao fazê-lo, diz:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos deste pensamento sobre.........

4. O requisito de seleccionar sujeitos para os períodos de prática com a máxima discriminação possível já
deve ser bastante familiar para ti agora, e deixará de ser repetido a cada dia, embora possa vir a ser incluído
ocasionalmente como uma chamada de atenção. Não esqueças, porém, que a selecção fortuita de sujeitos
para todos os períodos de prática continua a ser essencial até ao final. A falta de ordem relacionada com isto
acabará por fazer com que o reconhecimento da falta de ordem de dificuldades em milagres passe a ser signi-
ficativa para ti.

5. Além da aplicação da ideia para o dia de hoje «de acordo com a necessidade», são requeridos pelo menos
três períodos de prática, diminuindo a duração do tempo envolvido se for necessário. Não tentes mais do que
quatro.

LIÇÃO 20
Estou determinado a ver.

1. Até agora, temos sido bastante casuais em relação aos nossos períodos de prática. Não houve propriamente
nenhuma tentativa de definir o momento em que estes devem ser empreendidos, o esforço requerido tem
sido mínimo, e nem mesmo cooperação activa e interesse foram pedidos. Esta abordagem tem sido intencio-
nal e muito cuidadosamente planeada. Não perdemos de vista a importância crucial da correcção do teu
modo de pensar. A salvação do mundo depende disso. No entanto, jamais verás se te considerares como se
estivesses a ser coagido, ou se te entregares ao ressentimento e à oposição.

2. Esta é a nossa primeira tentativa de introduzir uma estrutura. Não a interpretes erradamente como um
esforço no sentido de exercer força ou pressão. Queres salvação. Queres ser feliz. Queres paz. Não as tens
agora porque a tua mente é totalmente indisciplinada e não podes distinguir entre a alegria e o pesar, o pra-
zer e a dor, o amor e o medo. Estas a aprender agora como distinguí-los. E, de facto, será grande o teu ga-
lardão.

3. A tua decisão de ver é tudo o que visão requer. O que queres é teu. Não te enganes considerando o peque-
no esforço que te é pedido como uma indicação de que a nossa meta é de pouco valor. É possível que a salva-
ção do mundo seja um propósito trivial? E é possível que o mundo seja salvo se tu o não és? Deus tem um
Filho, e ele é a ressurreição e a vida. A sua vontade é feita porque todo o poder lhe é dado no Céu e na terra.
Na tua determinação de ver, a visão te é dada.

4. Os exercícios para o dia de hoje consistem em lembrares a ti mesmo, durante todo o dia, que queres ver.
A ideia de hoje também requer, tacitamente, o reconhecimento de que agora não vês. Portanto, ao repetires
a ideia, declararas-te determinado a mudar o teu presente estado por um melhor, aquele que realmente
queres.

5. Repete a ideia para o dia de hoje lenta e positivamente pelo menos duas vezes por hora durante o dia,
tentando fazê-lo a cada meia hora. Não te aflijas se te esqueceres, mas faz um esforço real para te lembra-
res. As repetições extras devem ser aplicadas a qualquer situação, pessoa ou evento que te transtorne. Podes
vê-los de maneira diferente, e verás. O que desejas, tu terás. Tal é a ideia real de causa e efeito tal como
opera no mundo.

Lição 21
Estou determinado a ver as coisas de modo diferente.

1. A ideia para o dia de hoje é, obviamente, uma continuação e uma extensão da precedente. Porém, desta
vez, são necessários períodos específicos de exame da mente, além de aplicar a ideia às situações particula-
res que possam surgir. Cinco períodos de prática são recomendados e deve-se dar um minuto completo a cada
um.

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2. Nos períodos de prática, começa por repetir a ideia para ti mesmo. Depois, fecha os olhos e examina cui-
dadosamente a tua mente à procura de situações passadas, presentes ou antecipadas que te despertem raiva.
A raiva pode tomar a forma de qualquer reacção, desde a mais leve irritação até à fúria. A graduação da
emoção que experimentas não importa. Progressivamente tornar-te-ás cada vez mais ciente de que um leve
toque de aborrecimento limita-se a ser um véu que encobre uma intensa fúria.

3. Tenta, portanto, não deixar que os «pequenos« pensamentos de raiva te escapem durante os períodos de
prática. Lembra-te de que não conheces realmente o que desperta raiva em ti, e tudo o que acreditas em
relação a isso é insignificante. Provavelmente, serás tentado a demorar-te mais em certas situações ou pes-
soas do que em outras, com a justificação falaciosa de que são mais «obvias». Isto não é assim. É, simples-
mente, um exemplo da crença segundo a qual algumas formas de ataque são mais justificadas do que outras.

4. Ao investigares a mente à procura de todas as formas em que se apresentam os pensamentos de ataque,


retém cada uma delas, enquanto dizes a ti mesmo:

Estou determinado a ver........ (nome da pessoa) de modo diferente.


Estou determinado a ver........ (especifica a situação) de modo diferente.

5. Tenta ser tão específico quanto for possível. Podes, por exemplo, focalizar a tua raiva num atributo parti-
cular de uma pessoa, acreditando que a raiva se limita a esse aspecto. Se a tua percepção sofrer desta forma
de distorção, diz:

Estou determinado a ver.... (especifica a situação) em.... (nome da pessoa) de modo diferente.

Lição 22
O que eu vejo é uma forma de vingança.

1. A ideia para o dia de hoje descreve, precisamente, o modo como tem de ver o mundo alguém que mantém
pensamentos de ataque na mente. Por ter projectado a sua raiva sobre o mundo, vê a vingança prestes a
golpeá-lo. Assim, o seu próprio ataque é percebido como autodefesa. Isto torna-se um círculo vicioso sempre
crescente até que esteja voluntariamente disposto a mudar a forma como vê. Caso contrário, pensamentos
de ataque e de contra-ataque o preocuparão e povoarão o seu mundo inteiro. Neste caso, que paz pode ter
dentro da sua mente?

2. É desta fantasia selvagem que queres escapar. Não é uma notícia alegre ouvir que isto não é real? Não é
uma descoberta feliz descobrir que podes escapar? Tu fizeste aquilo que queres destruir: tudo o que odeias e
queres atacar e matar. Tudo aquilo que temes não existe.

3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes ao longo do dia de hoje, durante um minuto no
mínimo, de cada vez. Ao moveres o solhos lentamente de um objecto para outro, de um corpo para outro, diz
a ti mesmo:

Eu só vejo o que é perecível.


Eu não vejo nada que vá durar.
O que eu vejo não é real.
O que eu vejo é uma forma de vingança.

No final do período de prática, pergunta a ti mesmo:

É este o mundo que realmente quero ver?

A resposta é certamente obvia.

Lição 23
Posso escapar do mundo que vejo desistindo dos pensamentos de ataque.

1. A ideia de hoje contém a única saída com sucesso para o medo. Nada mais funcionará, tudo o resto não
tem significado. Mas este caminho não pode falhar. Cada um dos teus pensamentos constitui um segmento do

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mundo que vês. Portanto, se a tua percepção vai ser mudada, é com os teus pensamentos que temos de tra-
balhar.

2. Se a causa do mundo que vês são pensamentos de ataque, tens de aprender que são esses pensamentos
que não queres. Não há sentido em lamentar o mundo. Não há sentido em tentar mudar o mundo. Ele é inca-
paz de mudar, porque é, simplesmente, um efeito. Mas, de facto, há um sentido em mudar os teus pensa-
mentos sobre o mundo. Aqui, estás a mudar a causa. O efeito mudará automaticamente.

3. O mundo que vês é um mundo vingativo e tudo nele é um símbolo de vingança. Cada uma das tuas percep-
ções da «realidade externa» é uma representação pictórica dos teus próprios pensamentos de ataque. Cabe
realmente perguntar se isso pode ser chamado de «ver». Não seria «fantasia» uma palavra mais adequada
para tal processo e «alucinação» um termo mais apropriado para o resultado?

4. Tu vês o mundo que tens feito, mas não te vês como aquele que fez as imagens. Não podes ser salvo do
mundo, mas podes escapar da sua causa. É isso o que a salvação significa, pois onde está o mundo que vês
quando a sua causa desapareceu? A visão já mantém uma substituição para tudo o que pensas que vês agora.
A beleza pode iluminar as tuas imagens e, assim, transformá-las de tal modo que as amarás, embora tenham
sido feitas pelo ódio. Pois não estarás a fazê-las sozinho.

5. A ideia para o dia de hoje introduz o pensamento de que não estás preso, numa armadilha, ao mundo que
vês, pois a sua causa pode ser mudada. Esta mudança requer, em primeiro lugar, que essa causa seja identi-
ficada e, em seguida, abandonada, por forma a que possa ser substituída. Os dois primeiros passos deste pro-
cesso requerem a tua cooperação. O último, não. As tuas imagens já foram substituída. Ao dar os dois primei-
ros passos, verás que assim é.

6. Além de a usares ao longo do dia, quando a necessidade surgir, cinco períodos de prática são requeridos
para a aplicação da ideia de hoje. Ao olhares à tua volta, primeiro repete lentamente a ideia para ti mesmo;
depois, fecha os olhos e dedica mais ou menos um minuto a examinar a tua mente, buscando tantos pensa-
mentos de ataque, quantos te ocorrerem. À medida que cada um deles cruzar a tua mente, diz:

Eu posso escapar do mundo que vejo desistindo dos pensamentos de ataque sobre......

Mantém em mente cada pensamento de ataque ao dizer isso, depois descarta-o e passa ao seguinte.

7. Durante os períodos de prática, certifica-te de incluir tanto os pensamentos em que atacas, quanto aque-
les em que és atacado. Os seus efeitos são exactamente os mesmos. Tu ainda não reconheces isto e, neste
momento, pede-se apenas que, nos períodos de prática de hoje, os trates como se fossem os mesmos. Nós
ainda estamos no ponto de identificar a causa do mundo que vês. Quando, finalmente, aprenderes que pen-
samentos nos quais atacas ou nos quais és atacado não são diferentes, estarás pronto para deixares que a
causa se vá.

Lição 24
Eu não percebo os meus maiores interesses.

1. Em qualquer situação que surja, conheces qual o resultado que te faria feliz. Portanto, não tens nenhum
guia para a acção apropriada, e nenhum modo de julgar o resultado. O que fazes sé determinado pela tua
percepção da situação e essa percepção está errada. Assim, é inevitável que não sirvas aos teus maiores inte-
resses. No entanto, eles são a tua única meta em qualquer situação que seja correctamente percebida. De
outra forma, não reconhecerás quais são eles.

2. Se reconhecesses que não percebes os teus maiores interesses, seria possível ensinar-te o que eles são.
Mas, na presença da tua convicção de que sabes, não podes aprender. A ideia para o dia de hoje é um passo
em direcção à abertura da tua mente para que a aprendizagem possa começar.

3. Os exercícios para o dia de hoje requerem muito mais honestidade do que estás acostumado a usar. Alguns
poucos temas, considerados honesta e cuidadosamente em cada um dos cinco períodos de prática que devem
ser empreendidos hoje, serão mais úteis do que um exame mais superficial de um grande número deles.
Sugere-se dois minutos para cada período de exame mental envolvido nos exercícios.

4. Os períodos de prática devem começar com a repetição da ideia para o dia de hoje, seguida pelo exame da
mente, com os olhos fechados, em busca de situações não resolvidas acerca das quais estás actualmente
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preocupado. A ênfase deve estar em descobrir o resultado que queres. Reconhecerás com rapidez que tens
várias metas em mente que fazem parte do resultado desejado e, também, que essas metas estão em níveis
diferentes e são, frequentemente, contraditórias.

5. Ao praticares a ideia para o dia de hoje, cita cada situação que te ocorrer e depois enumera o maior
número possível de metas que gostarias que fossem alcançadas na resolução dela. A forma de cada aplicação
deve ser mais ou menos a seguinte:

Na situação referente a...... gostaria que acontecesse..... e acontecesse...

e assim por diante. Tenta incluir tantos tipos diferentes de resultados quanto honestamente te possam ocor-
rer, mesmo que alguns deles pareçam não estar directamente relacionados com a situação, ou, até, que não
tenham nada que ver com ela.

6. Se estes exercícios forem feitos adequadamente, rapidamente reconhecerás que estás a fazer um grande
número de exigências que nada tem a ver com a situação. Também reconhecerás que muitas das tuas metas
são contraditórias, que não tens nenhum resultado unificado em mente e que, independentemente de como a
situação venha a resolver-se, não podes deixar de te desapontar com relação a algumas das tuas metas.

7. Depois de examinares a lista do maior número possível de metas almejadas para cada situação não resolvi-
da que passa pela tua mente, diz a ti mesmo:

Eu não percebo os meus maiores interesses nesta situação.

e passa para a seguinte.

Lição 25
Eu não sei para que serve seja o que for

1. Propósito é significado. A ideia de hoje explica por que nada do que vês significa seja o que for. Não sabes
para que servem as coisas. Portanto, não têm significado para ti. Tudo é para o teu próprio interesse. É para
isso que serve; é esse o seu propósito, é isso que significa. É reconhecendo isto que as tuas metas vêm a ser
unificadas. É no reconhecimento disto que o que vês é revestido de significado.

2. Tu percebes o mundo e tudo nele como significativo e termos de meta do ego. Essas metas não têm nada a
ver com os teus maiores interesses, porque tu não és o ego. Esta falsa identificação faz com que sejas inca-
paz de compreender para que serve qualquer coisa. Como resultado, estás fadado a usá-las erradamente.
Quando acreditares nisto, tentarás retirar as metas que designaste para o mundo, em vez de tentares refor-
çá-las.

3. Um outro modo de descrever as metas que agora percebes é dizer que estão todas relacionadas com inte-
resses «pessoais». Como não tens interesses pessoais, as tuas metas, na realidade, concernem o nada. Por-
tanto, ao valorizá-las, não tens absolutamente nenhuma meta. E, assim, não sabes para que serve coisa ne-
nhuma.

4. Antes que os exercícios de hoje possam fazer qualquer sentido para ti, mais um pensamento é necessário.
Em níveis mais superficiais tu, de facto, reconheces o propósito. Mas o propósito não pode ser compreendido
nesses níveis. Por exemplo, tu compreendes que o telefone existe para o propósito de falar com alguém que
não está fisicamente na vizinhança imediata. O que não compreendes é a razão por que queres usá-lo. E é
isso que faz com que o teu contacto com ele seja significativo ou não.

5. É crucial para a tua aprendizagem que estejas disposto a desistir das metas que estabeleceste para todas
as coisas. O reconhecimento de que elas são sem significado, em vez de «boas» ou «más», é o único caminho
para realizar isso. A ideia para o dia de hoje é um passo nessa direcção.

6. São requeridos seis períodos de prática, cada um com a duração de dois minutos. Cada período deve come-
çar com uma lenta repetição da ideia de hoje, em seguida olha à tua volta e deixa o olhar pousar em qual-
quer coisa que, casualmente, capte os teus olhos, perto ou longe, «importante» ou «sem importância»,
«humano» ou «não-humano». Com os olhos em cada sujeito seleccionado deste modo, diz por exemplo:

Não sei para serve esta cadeira.


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Não sei para serve esta lápis.
Não sei para serve esta mão.

Diz isto bem lentamente, sem deslocares os olhos do sujeito até que tenhas completado a declaração refe-
rente a ele. Passa, então, para o próximo e volta a aplicar a ideia de hoje.

Lição 26
Os meus pensamentos de ataque estão a atacar a minha invulnerabilidade.

1. É, sem dúvida, óbvio que, se podes ser atacado, não és invulnerável. Vês o ataque como um ameaça real.
Isto é assim porque acreditas que realmente podes atacar. E o que pode surtir efeito através de ti, também
tem de surtir efeito em ti. É esta a lei que, em última instância, te salvará, mas que, agora, estás a usar
erradamente. Portanto, tens de aprender como esta ideia pode usada em favor dos teus maiores interesses
em vez de a usares contra eles.

2. Como os teus pensamentos de ataque serão projectados, terás medo do ataque. E se tens medo do ataque,
tens de acreditar que não és invulnerável. Portanto, pensamentos de ataque fazem com que sejas vulnerável
na tua própria mente, que é onde esses pensamentos estão. Pensamentos de ataque e invulnerabilidade não
podem ser aceites juntos. Eles contradizem-se um ao outro.

3. A ideia para o dia de hoje introduz o pensamento de que sempre atacas a ti mesmo em primeiro lugar. Se
pensamentos de ataque necessariamente acarretam a crença em que és vulnerável, os seus efeitos enfraque-
cem-te aos teus próprios olhos. Assim, atacaram a tua percepção de ti mesmo. E, por acreditares neles, já
não podes acreditar em ti mesmo. Uma falsa imagem de ti veio a tomar o lugar do que tu és.

4. A prática da ideia de hoje ajudar-te-á a compreender que a vulnerabilidade ou a invulnerabilidade é o


resultado dos teus próprios pensamentos. Nada, excepto os teus pensamentos, te pode atacar. Nada, excepto
os teus pensamentos, te pode levar a pensar que és vulnerável. E nada, excepto os teus pensamentos, te
pode provar que isto não é assim.

5. Seis períodos de prática são requeridos para a aplicação da ideia de hoje. Dois minutos inteiros devem ser
dedicados a cada um, embora o tempo possa ser reduzido para um minuto se o desconforto for demasiado.
Não o reduzas mais do que isso.

6. O período de prática deve começar com a repetição da ideia para o dia de hoje; em seguida, fecha os
olhos e faz uma revisão das questões não resolvidas, cujos resultados estão a causar-te inquietação. Esta
inquietação pode assumir a forma de depressão, tormento, raiva, uma sensação de imposição, medo, pres-
sentimento ou preocupação. Qualquer problema ainda sem solução que tenda a predominar nos teus pensa-
mentos durante o dia, é um sujeito adequado. Não serás capaz de considerar muitos problemas em qualquer
um dos períodos de prática, pois deves dedicar a cada um mais tempo do que é habitual. A ideia de hoje
deve ser aplicada como segue:

7. Primeiro, cita a situação:

Estou preocupado com.......

Em seguida, revê todos os resultados possíveis que te tenham ocorrido a este respeito e que te tenham cau-
sado inquietação. Refere, de modo específico, cada um deles, dizendo:

Tenho medo que....... aconteça.

8. Se estiveres a fazer os exercícios adequadamente, deverás ter umas cinco ou seis possibilidades aflitivas
para cada situação que usares e possivelmente mais. É muito mais útil examinares completamente poucas
situações do que abordar superficialmente um grande número delas. À medida que continuas com a lista dos
resultados antecipados para cada situação, talvez alguns deles te pareçam menos aceitáveis, especialmente
aqueles que te ocorrerem perto do final. Contudo, na medida do possível, tenta tratá-los todos do mesmo
modo.

9. Depois de teres citado cada resultado do qual tenhas medo, diz a ti mesmo:

Este pensamento é um ataque contra mi mesmo.


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Conclui cada período de prática repetindo, mais uma vez, a ideia de hoje para ti mesmo.

Lição 27
Acima de tudo eu quero ver.

1. A ideia de hoje exprime algo mais forte do que mera determinação. Ela dá à visão prioridade entre os teus
desejos. Poderás sentir-te hesitante quanto ao uso desta ideia, alegando que não estás seguro de que real-
mente é isto o que queres dizer. Isso não importa. O propósito dos exercícios de hoje é o de trazer para mais
perto de ti o momento em que esta ideia será totalmente verdadeira.
2. Pode haver uma grande tentação em acreditar que algum tipo de sacrifício te está a ser pedido, quando
dizes que, acima de tudo, queres ver. Se essa ausência de restrições te causar inquietação, acrescenta:

A visão não custa nada a ninguém.

Se o medo da perda ainda persistir, acrescenta mais isto:

A visão só pode abençoar.

3. Para máximo aproveitamento, a ideia para o dia de hoje requer muitas repetições. Deve ser usada pelo
menos a cada meia hora, e mais amiúde se possível. Podes tentar praticá-la a cada quinze ou vinte minutos.
É recomendável que, ao acordares ou pouco depois, estabeleças um intervalo de tempo definido para o uso
dela e que tentes aderir a isto, mesmo se, no momento, estiveres ocupado a conversar ou a fazer qualquer
outra coisa. Ainda assim, podes repetir uma frase curta para ti mesmo sem perturbar o que estiveres a fazer.

4. A questão real é: quantas vezes te lembrarás? Até que ponto queres que a ideia de hoje seja verdadeira?
Responde a uma destas questões e terás respondido à outra. Provavelmente omitirás várias aplicações, talvez
um número bastante grande. Não te perturbes com isso, mas tenta manter o teu horário daí em diante. Se,
pelo menos uma vez durante o dia, sentires que foste totalmente sincero ao repetir a ideia para o dia de
hoje, podes ter a certeza de que poupaste a ti mesmo muitos anos de esforço.

Lição 28
Acima de tudo, quero ver as coisas de forma diferente.

1. Hoje estamos realmente a dar uma aplicação específica à ideia de ontem. Nestes períodos de prática,
estarás a assumir uma série de compromissos definidos. Se os manterás no futuro, não interessa, por agora.
Se, pelo menos, estás disposto a assumi-los agora, já estás a caminho de manter esses compromissos. E ainda
estamos no começo.

2. Poderás querer saber por que é importante dizer, por exemplo: «Acima de tudo quero ver esta mesa de
forma diferente.» Em si mesma, a mesa não tem a menor importância. Mas o que é «por si mesma»?. O que
significa «em si mesmo»? À tua volta, vês muitas coisas separadas, o quem na realidade, significa que absolu-
tamente não estás a ver. Vês ou não vês. Quando tiveres visto uma coisa de forma diferente, verás todas as
coisas de forma diferente. A luz que verás em qualquer uma, é a mesma luz que verás em todas as outras.

3. Ao dizeres «Acima de tudo quero ver esta mesa de forma diferente», estás a assumir um compromisso para
retirar as tuas ideias preconcebidas sobre a mesa e abrir a tua mente para o que ela é e para o que serve.
Não estás a definir a mesa em termos de passado. Estás a perguntar o que ela é, em vez de dizeres o que ela
é. Não estás a prender o significado dela à tua diminuta experiência com mesas, nem a limitar o seu propósi-
to aos teus pequenos pensamentos pessoais.

4. Não questionarás o que já definiste. E o propósito destes exercícios é o de fazer perguntas e receber res-
postas. Ao dizeres «Acima de tudo, quero ver esta mesa de forma diferente», estás a comprometer-te a ver.
Não é um compromisso exclusivo. É um compromisso que se aplica tanto à mesa quanto a qualquer outra
coisa, nem mais nem menos.

5. De facto, poderias ganhar a visão, simplesmente, a partir desta mesa, se retirasses todas as tuas próprias
ideias a respeito dela, e a olhasses com a mente completamente aberta. A mesa tem algo para te mostrar:

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algo bonito e limpo e de valor infinito, cheio de felicidade e de esperança. Escondido atrás de todas as tuas
ideias sobre a mesa, está o seu real propósito, o propósito que compartilha com todo o universo.

6. Portanto, ao usares esta mesa como sujeito para a aplicação da ideia de hoje, na realidade, estás a pedir
para ver o propósito do universo. Estarás a fazer o mesmo pedido a cada sujeito que usares durante os perío-
dos de prática. E estás a assumir um compromisso com cada um deles para deixar que o seu propósito te seja
revelado. em vez de colocares o teu próprio julgamento sobre eles.

7. Hoje teremos seis períodos de prática de dois minutos, nos quais a ideia para o dia é declarada em primei-
ro lugar e, em seguida, aplicada a qualquer coisa que vejas ao teu redor. Os sujeitos não só devem ser esco-
lhidos ao acaso, como também a ideia deve ser aplicada a cada um deles com a mesma sinceridade, numa
tentativa de reconhecer o valor igual de todos na sua contribuição para o teu modo de ver.

8. Como de costume, as aplicações devem incluir o nome do sujeito que os teus olhos tocarem por acaso e
deves olhar para ele enquanto dizes:

Acima de tudo quero ver este/a...... de forma diferente.

Cada aplicação deve ser feita bem lentamente e, na medida do possível, reflectidamente. Não há pressa.

Lição 29
Deus está em tudo o que vejo.

1. A ideia para o dia de hoje explica por que queres ver o propósito de tudo em todas as coisas. Explica por
que nada é separado, por si mesmo ou em si mesmo. E explica porque nada do que vês significa seja o que
for. De facto, explica cada uma das ideias que usámos até agora, assim como todas as subsequentes. A ideia
de hoje constitui toda a base da visão.

2. Provavelmente, nesta altura, esta ideia parecer-te-á muito difícil de apreender. Podes achá-la tola, irre-
verente, sem sentido, engraçada ou até mesmo refutável. Deus certamente não está, por exemplo, numa
mesa tal como tu a vês. No entanto, ontem, enfatizámos que uma mesa compartilha o propósito do universo.
E o que compartilha o propósito do universo, compartilha o propósito do seu Criador.

3. Então, hoje, tenta começar a aprender como olhar para todas as coisas com amor, apreciação e mente
aberta. Não as vês agora. Como podes conhecer o que está nelas? Nada é como te parece que é. O seu propó-
sito santo está além do teu pequeno alcance. Quando a visão te tiver mostrado a santidade que ilumina o
mundo, compreenderás perfeitamente a ideia de hoje. E não compreenderás como é que te pode ter pareci-
do difícil.

4. Os nossos seis períodos de prática para o dia de hoje, de dois minutos cada um, devem seguir o padrão
habitual: começa por repetir a ideia para ti mesmo e, em seguida, aplica-a aos sujeitos ao teu redor, selec-
cionados ao acaso, citando cada um especificamente. Tenta evitar a tendência à selecção autodireccionada
que pode ser particularmente tentadora em relação à ideia para hoje, por causa da sua natureza totalmente
alheia. Lembra-te de que qualquer ordem que imponhas é igualmente alheia à realidade.

5. Portanto, a tua lista de sujeitos deve, na medida do possível, ser livre da tua própria selecção. Por exem-
plo, uma lista adequada poderia incluir:

Deus está neste cabide.


Deus está nesta revista.
Deus está neste dedo.
Deus está neste lâmpada.
Deus está neste corpo.
Deus está neste porta.
Deus está neste cabide.
Deus está neste cesto de lixo.

Além dos períodos de prática designados, repete a ideia para o dia de hoje pelo menos uma vez a cada hora,
olhando lentamente ao teu redor à medida em que, sem pressa, proferes as palavras para ti mesmo. Uma ou
duas vezes, pelo menos, deves experimentar uma sensação de descanso enquanto fazes isto.

68
Lição 30
Deus está em tudo o que vejo, pois Deus está na minha mente.

1. A ideia para o dia de hoje é o trampolim para a visão. A partir desta ideia, o mundo abrir-se-á diante de ti,
e tu o contemplarás e verás como nunca o viste antes. E o que visas antes deixará de ser totalmente visível
para ti.

2. Hoje estamos a tentar usar um novo tipo de «projecção». Não estamos a tentar livrar-nos do que não gos-
tamos porque o vemos do lado de fora. Ao invés disso, estamos a tentar ver no mundo o que está nas nossas
mentes e o que queremos reconhecer é o que lá está. Assim, estamos a tentar unir-nos ao que vemos, ao
invés o manter tais coisas à parte de nós. Esta é a diferença fundamental entre a visão e o modo como vês.

3. A ideia para o dia de hoje deve ser aplicada com a maior frequência possível, durante o dia. Quando tive-
res um momento, repete-a lentamente para ti mesmo olhando à tua volta, e tentando reconhecer que a ideia
se aplica a tudo o que vês agora ou poderias ver, se estivesse dentro do âmbito da tua vista.

4. A visão real não está limitada a conceitos tais como «perto» e «longe». Para te ajudar a começares a acos-
tumar-te com esta noção, ao aplicares a ideia de hoje, tenta pensar quer em coisas que, no momento, este-
jam além do teu âmbito de visão, quer também naquelas que, de facto, podes ver.

5. A visão real não só não é limitada pelo espaço e pela distância, como também independe totalmente dos
olhos do corpo. A mente é a sua única fonte. Um recurso para que acostumes esta ideia, é dedicar vários
períodos de prática à aplicação da ideia de hoje com os olhos fechados, usando quaisquer sujeitos que
venham à tua mente e olhando para dentro, em vez de para fora. A ideia de hoje aplica-se igualmente a
ambos.

Lição 31
Eu não sou vítima do mundo que vejo.

1. A ideia de hoje é a introdução para a tua declaração de libertação. 2Mais uma vez, a ideia deve ser aplica-
da tanto ao mundo que vês fora, como ao mundo que vês dentro de ti. 3Ao aplicar a ideia, usaremos uma
forma de prática que será cada vez mais usada, com algumas mudanças que serão indicadas. 4Em geral, a
forma inclui dois aspectos: um no qual aplicas a ideia de modo mais contínuo e o outro que consiste em fre-
quentes aplicações da ideia ao longo do dia.

2. Dois períodos de prática mais longos com a ideia para o dia de hoje são necessários, um pela manhã e um à
noite. 2São recomendados de três a cinco minutos para cada um. 3Durante esse tempo, olha ao teu redor len-
tamente enquanto repetes a ideia duas ou três vezes. 4Em seguida, fecha os olhos e aplica a mesma ideia ao
teu mundo interior. 5Escaparás de ambos ao mesmo tempo, pois o interior é a causa do exterior.

3. Ao examinares o teu mundo interior, simplesmente, deixa que quaisquer pensamentos que passem pela tua
mente venham a tua consciência, sendo que cada um deve ser considerado por um momento e, em seguida,
substituído pelo próximo. 2Tenta não estabelecer qualquer tipo de hierarquia entre eles. 3Observa-os a ir e
vir com a maior imparcialidade possível. 4Não te detenhas em nenhum em particular, mas tenta deixar a cor-
rente passar de forma regular e calma, sem qualquer investimento especial da tua parte. 5Enquanto estiveres
sentado e a observar calmamente os teus pensamentos, repete a ideia de hoje para ti mesmo sempre que
quiseres, mas sem nenhuma sensação de pressa.

4. Além disso, repete-a com a maior frequência possível ao longo do dia. 2Lembra-te que estás a fazer uma
declaração de independência em nome da tua própria liberdade. 3E na tua liberdade está a liberdade do
mundo.

5. A ideia para o dia de hoje também é particularmente útil como resposta a qualquer forma de tentação que
possa surgir. 2É uma declaração de que não lhe cederás pondo a ti mesmo em cativeiro.

69
LIÇÃO 32
Eu inventei o mundo que vejo.

1. Continuamos hoje a desenvolver o tema de causa e efeito. 2Não és vítima do mundo que vês, pois inventas-
te-o. 3Podes desistir dele com a mesma facilidade com que o inventaste. 4Tu vê-lo-ás ou não, conforme dese-
jares. 5Enquanto o quiseres, vê-lo-ás; quando desistires de querê-lo, ele deixará de estar onde está para que
o vejas.

2. A ideia para o dia de hoje, como as precedentes, aplica-se aos teus mundos interior e exterior que, de
facto, são o mesmo. 2Porém, como tu os vês como se fossem diferentes, os períodos de prática para hoje
incluirão, mais uma vez, duas fases, uma envolvendo o mundo que vês fora de ti e a outra o mundo que vês
na tua mente. 3Nos exercícios de hoje, tenta introduzir o pensamento de que ambos estão na tua própria
imaginação.

3. Mais uma vez, começaremos os períodos de prática da manhã e da noite, repetindo a ideia duas ou três
vezes, enquanto olhas à tua volta para o mundo que vês como se estivesse fora de ti. 2Em seguida, fecha os
olhos e olha para o teu mundo interior. 3Tanto quanto possível, tenta tratar ambos igualmente. 4Repete a
ideia sem pressa, tantas vezes quantas desejares, enquanto observas as imagens que a imaginação apresenta
à tua consciência.

4. Para os dois períodos mais longos de prática, são recomendados de três a cinco minutos, embora nunca
menos de três minutos. 2Podes utilizar mais de cinco, se achares o exercício repousante. 3Para facilitar isso,
escolhe um momento em que prevejas poucas distracções e em que te sintas razoavelmente pronto.

5. Estes exercícios também devem ser retomados durante o dia, sempre que puderes. 2As aplicações mais
curtas consistem em repetir a ideia lentamente, enquanto examinas o teu mundo interior ou exterior. 3Não
importa qual dos dois escolhas.

6. A ideia para o dia de hoje também deve ser aplicada imediatamente a qualquer situação que possa afligir-
te. 2Aplica a ideia dizendo a ti mesmo:
3
Eu inventei essa situação tal como a vejo.

LIÇÃO 33
Existe outra forma de olhar para o mundo.

1. A ideia de hoje é uma tentativa de reconhecer que podes mudar a tua percepção do mundo, tanto no seu
aspecto externo quanto interno. 2Cinco minutos completos devem ser dedicados às aplicações da manhã e da
noite. 3Durante esses períodos de prática, a ideia deve ser repetida tantas vezes quantas te parecer confortá-
vel, embora seja essencial que as aplicações sejam feitas sem pressa. 4Examina as tuas percepções interiores
e exteriores alternadamente, mas sem que a sensação de mudança seja brusca.

2. Limita-te a olhar casualmente o mundo que percebes como se estivesse fora de ti; em seguida, fecha os
olhos e examina os teus pensamentos interiores com igual casualidade. 2Tenta permanecer igualmente indife-
rente nos dois casos e manter esse desapego enquanto repetes a ideia durante o dia.

3. Os períodos mais curtos de exercícios devem ser tão frequentes quanto possível. 2Aplicações específicas da
ideia de hoje também devem ser feitas imediatamente quando surgir qualquer situação que possa vir a per-
turbar-te. 3Para essas aplicações, diz:
4
Existe outra forma de olhar para isto.

4. Lembra-te de aplicar a ideia de hoje no momento em que estiveres ciente de qualquer aflição. 2Pode ser
necessário reservar um minuto, mais ou menos, para te sentares em quietude e repetir a ideia várias vezes,
para ti mesmo. 3Fechar os olhos, provavelmente, ajudará nesta forma da aplicação.

70
LIÇÃO 34
Eu poderia ver paz em vez disto.

1. A ideia para o dia de hoje começa a descrever as condições que prevalecem no outro modo de ver. 2A paz
mental é claramente uma questão interior. 3Ela tem que começar com os teus próprios pensamentos e,
então, estender-se para fora. 4É a partir da paz da tua mente que surge uma percepção pacífica do mundo.

2. Para os exercícios de hoje, são requeridos três períodos de prática mais longos. 2É aconselhável fazer um
pela manhã e outro à noite; um período adicional entre eles deve ser empreendido, no momento que te
pareça mais propício para te conduzir a um estado em que te sintas pronto. 3Todas as aplicações devem ser
feitas com os olhos fechados. 4É ao teu mundo interior que as aplicações da ideia de hoje devem ser feitas.

3. Cerca de cinco minutos de exame da mente são requeridos para cada um dos períodos de prática mais
longos. 2Examina a tua mente em busca de pensamentos de medo, situações que provoquem ansiedade, per-
sonalidades ou eventos "ofensivos", ou quaisquer outras coisas sobre as quais estejas acalentando pensamen-
tos de desamor. 3Observa-os casualmente, repetindo devagar a ideia para o dia de hoje ao vê-los surgir na
tua mente, e permite que cada um se vá para ser substituído pelo seguinte.

4. Se começares a experimentar dificuldade em pensar em sujeitos específicos, continua a repetir a ideia


para ti mesmo sem pressa, sem a aplicar a qualquer coisa em particular. 2Certifica-te, porém, de não estares
a fazer nenhuma exclusão específica.

5. As aplicações mais curtas devem ser frequentes e empreendidas sempre que sentires que, de algum modo,
a paz da tua mente está a ser ameaçada. 2O propósito é proteger-te da tentação ao longo do dia. 3Se alguma
forma específica de tentação surgir na tua consciência, o exercício deve tomar esta forma:
4
Eu poderia ver paz nesta situação em vez do que vejo agora.

6. Se as invasões à paz da tua mente tomarem a forma de emoções adversas mais generalizadas, tais como
depressão, ansiedade ou preocupação, usa a ideia na sua forma original. 2Se te parecer que precisas de mais
de uma aplicação da ideia de hoje para te ajudar a mudar a mente em algum contexto específico, tenta
reservar alguns minutos e dedica-os à repetição da ideia até sentires alguma sensação de alívio. 3Será útil
dizer especificamente para ti mesmo:
4
Eu posso substituir os meus sentimentos de depressão, ansiedade ou preocupação (ou os meus pen-
samentos sobre esta situação, personalidade ou evento) pela paz.

LIÇÃO 35
A minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou muito santo.

1. A ideia de hoje não descreve o modo como te vês a ti mesmo agora. 2Descreve, porém, o que a visão te
mostrará. 3É difícil para qualquer pessoa, que pense estar neste mundo, acreditar nisto em relação a si mes-
ma. 4No entanto, é por não acreditar nisto que ela pensa estar neste mundo.

2. Acreditarás que és parte do lugar onde pensas estar. 2É por isso que te rodeias do meio-ambiente que que-
res. 3E tu quere-lo para proteger a imagem que tens feito de ti mesmo. 4A imagem é parte desse meio-
ambiente. 5O que vês, enquanto acreditares que estás nele, é visto através dos olhos da imagem. 6Isso não é
visão. 7Imagens não podem ver.

3. A ideia para o dia de hoje apresenta uma perspectiva bem diferente de ti mesmo. 2Por estabelecer a tua
Fonte, estabelece a tua Identidade e ela descreve-te como realmente tens de ser na verdade. 3Hoje, usare-
mos um tipo de aplicação um pouco diferente, porque a ênfase está naquele que percebe, em vez de estar no
que é percebido.

4. Começa cada um dos três períodos de prática de cinco minutos repetindo a ideia do dia para ti mesmo;
depois, fecha os olhos e investiga a tua mente procurando os vários tipos de termos descritivos nos quais te
vês. 2Inclui todos os atributos baseados no ego que conferes a ti mesmo, positivos ou negativos, desejáveis ou
indesejáveis, grandiosos ou degradantes. 3Todos eles são igualmente irreais, porque não olhas para ti mesmo
através dos olhos da santidade.

71
5. Na parte inicial do período de exame da mente é provável que vás enfatizar o que consideras serem os
aspectos mais negativos na tua percepção sobre ti mesmo. 2Perto da última parte do período de exercícios,
no entanto, termos descritivos mais auto-enaltecedores podem cruzar a tua mente. 3Tenta reconhecer que a
direcção das tuas fantasias sobre ti mesmo não importa. 4Ilusões não tomam nenhuma direcção na realidade.
5
Elas, simplesmente, não são verdadeiras.

6. Uma lista não-selectiva e adequada para a aplicação da ideia para o dia de hoje, poderia ser a seguinte:
2
Eu vejo-me submisso.
3
Eu vejo-me deprimido.
4
Eu vejo-me fracassado.
5
Eu vejo-me ameaçado.
6
Eu vejo-me impotente.
7
Eu vejo-me vitorioso.
8
Eu vejo-me perdedor.
9
Eu vejo-me caridoso.
I0
Eu vejo-me virtuoso.

7. Não deves pensar nestes termos de modo abstracto. 2Eles ocorrerão à medida que passarem pela tua men-
te várias situações, personalidades e eventos nos quais tu participes. 3Escolhe qualquer situação específica
que te ocorra, identifica o termo ou termos descritivos que sentes que são aplicáveis às tuas reacções àquela
situação e usa-os na aplicação da ideia de hoje. 4Depois de teres citado cada um deles, acrescenta:
5
Mas a minha mente é parte da Mente de Deus. 6Eu sou muito santo.

8. Durante os períodos mais longos de exercícios, provavelmente haverá intervalos em que nada específico te
ocorre. 2Não te forces no sentido de encontrares coisas específicas com que preencher o intervalo, mas limi-
ta-te a relaxar e repete a ideia de hoje, lentamente, até que algo te ocorra. 3Embora nada do que te ocorrer
deva ser omitido dos exercícios, nada deve ser "desenterrado" com esforço. 4Não se deve usar nem força, nem
discriminação.

9. Durante o dia, tanto quanto possível, escolhe um atributo ou atributos específicos que, naquele momento,
conferes a ti mesmo e aplica-lhes a ideia de hoje, acrescentando-a a cada um, tal como na forma indicada
acima. 2Se nada em particular te ocorrer, simplesmente, repete a ideia para ti mesmo com os olhos fechados.

LIÇÃO 36
A minha santidade envolve tudo o que vejo.

1. A ideia de hoje estende a ideia de ontem desde aquele que percebe àquilo que é percebido. 2Tu és santo
porque a tua mente é parte da Mente de Deus. 3E, porque és santo, a tua vista também tem de ser santa.
4
«Impecável» significa sem pecado. 5Não podes ser um pouco sem pecado. 6Ou és impecável ou não és. 7Se a
tua mente é parte da Mente de Deus, tens de ser impecável ou uma parte da Mente Dele seria pecaminosa. 8A
tua vista está relacionada com a Sua santidade, não com o teu ego e, portanto, não com o teu corpo.

2. Quatro períodos de prática, de três a cinco minutos, são requeridos para hoje. 2Tenta distribuí-los unifor-
memente e faz as aplicações mais curtas com frequência para acautelar a tua protecção ao longo do dia. 3Os
períodos de prática mais longos devem tomar esta forma:

3. Primeiro, fecha os olhos e repete, lentamente, a ideia de hoje várias vezes. 2Em seguida, abre os olhos e
olha bem vagarosamente ao teu redor, aplicando a ideia de modo específico a qualquer coisa que notares
durante o teu exame casual. 3Diz, por exemplo:
4
A minha santidade envolve aquele tapete.
5
A minha santidade envolve aquela parede.
6
A minha santidade envolve esses dedos.
7
A minha santidade envolve aquela cadeira.
8
A minha santidade envolve aquele corpo.
9
A minha santidade envolve essa caneta.

72
10 11
Durante estes períodos de prática, fecha os olhos e repete a ideia para ti mesmo várias vezes. Em seguida,
abre os olhos e continua como antes.

4. Para os períodos mais curtos de exercícios, fecha os olhos e repete a ideia, olha ao teu redor repetindo-a
mais uma vez; conclui com mais uma repetição com os olhos fechados. 2Todas as aplicações devem ser feitas
bem lentamente, é claro, e tanto quanto possível, sem esforço e sem pressa.

LIÇÃO 37
A minha santidade abençoa o mundo.

1. Essa ideia contém o primeiro vislumbre da tua verdadeira função no mundo ou da razão pela qual estás
aqui. 2O teu propósito é ver o mundo através da tua própria santidade. 3Assim, tu e o mundo são abençoados
juntos. 4Ninguém perde, nada é tirado a ninguém; todos ganham através da tua visão santa. 5Ela significa o
fim do sacrifício, pois oferece a cada um tudo o que lhe é devido. 6E todas as coisas lhe são devidas, porque
esse é o direito que recebeu ao nascer como um Filho de Deus.

2. Não há nenhum outro modo no qual a ideia de sacrifício possa ser removida do pensamento do mundo.
2
Qualquer outro modo de ver inevitavelmente exigirá pagamento de alguém ou de alguma coisa. 3Como resul-
tado, aquele que percebe. perderá. 4E nem sequer terá alguma ideia da razão pela qual está a perder. 5E, no
entanto, é através da tua visão que a integridade do outro é restituída à sua consciência. 6A tua santidade
abençoa-o não lhe pedindo nada. 7Aqueles que se vêem íntegros não fazem exigências.

3. A tua santidade é a salvação do mundo. 2Ela permite-te ensinar ao mundo que tu e ele são um só, não
através de sermões ou de explicações, mas, simplesmente, através do teu quieto reconhecimento de que, na
tua santidade, todas as coisas são abençoadas junto contigo.

4. Hoje, os quatro períodos mais longos de exercícios, cada um envolvendo três a cinco minutos de prática,
começam com a repetição da ideia para o dia, seguida de mais ou menos um minuto no qual olhas ao teu
redor enquanto aplicas a ideia a qualquer coisa que vejas:
2
A minha santidade abençoa esta cadeira.
3
A minha santidade abençoa aquela janela.
4
A minha santidade abençoa este corpo.
5
Em seguida, fecha os olhos e aplica a ideia a qualquer pessoa que te ocorra, usando o seu nome e dizendo:
6
A minha santidade abençoa-te, (nome)

5. Podes continuar o período de prática com os olhos fechados; se desejares, podes abrir os olhos novamente
e aplicar a ideia ao teu mundo exterior; podes alternar aplicando a ideia ao que vês à tua volta e àqueles que
estão nos teus pensamentos, ou podes usar qualquer combinação dessas duas fases de aplicação. 2O período
de prática deve ser concluído com uma repetição da ideia, com os olhos fechados, imediatamente seguida de
outra repetição com os olhos abertos.

6. Os exercícios mais curtos consistem em repetir a ideia tão frequentemente quanto puderes. 2É particular-
mente útil aplicá-la em silêncio a qualquer pessoa que encontrares, usando o seu nome ao fazê-lo. 3É essen-
cial usar a ideia se alguém parece causar-te uma reacção adversa. 4Oferece-lhe a bênção da tua santidade
imediatamente para que possas aprender a mantê-la na tua própria consciência.

LIÇÃO 38
Não há nada que a minha santidade não possa fazer.

1. A tua santidade converte todas as leis do mundo. 2Está além de todas as restrições de tempo, espaço, dis-
tância e de qualquer tipo de limites. 3A tua santidade é totalmente ilimitada no seu poder, porque te estabe-
lece como um Filho de Deus, uno com a Mente do seu Criador.

2. O poder de Deus manifesta-se através da tua santidade. 2O poder de Deus torna-se acessível através da tua
santidade. 3E não há nada que o poder de Deus não possa fazer. 4A tua santidade, então, pode remover toda

73
a dor, dar fim a todo o pesar e solucionar todos os problemas. 5Podes fazê-lo em relação a ti mesmo e a qual-
quer outra pessoa. 6É igual no seu poder de ajudar qualquer pessoa, porque é igual no seu poder de salvar
qualquer pessoa.

3. Se és santo, assim é tudo o que Deus criou. 2Tu és santo porque todas as coisas que Ele criou são santas. 3E
todas as coisas que Ele criou são santas, porque tu o és. 4Nos exercícios de hoje, aplicaremos o poder da tua
santidade a todos os problemas, dificuldades ou a qualquer forma de sofrimento nos quais possas pensar, em
ti mesmo ou em outra pessoa. 5Não faremos nenhuma distinção, porque não há nenhuma distinção.

4. Nos quatro períodos de prática mais longos, que preferivelmente devem durar cinco minutos completos
cada um, repete a ideia para o dia de hoje, fecha os olhos e em seguida examina a tua mente, procurando
qualquer sentimento de perda ou qualquer tipo de infelicidade, tal como o vês. 2Tenta fazer a menor distin-
ção possível entre uma situação difícil para ti e uma situação difícil para outra pessoa. 3Identifica a situação
especificamente e, também, o nome da pessoa a que isso diz respeito. 4Usa esta forma ao aplicar a ideia para
o dia de hoje:
5
Na situação que envolve..... e na qual me vejo, não há nada que a minha santidade não possa
fazer.
6
Na situação que envolve..... e na qual (nome) se vê, não há nada que a minha santidade não possa
fazer.

5. De vez em quando, podes querer variar este procedimento e acrescentar alguns pensamentos relevantes
que sejam teus. 2Por exemplo, podes querer incluir pensamentos tais como:
3
Não há nada que a minha santidade não possa fazer, porque o poder de Deus está nela.
4
Podes introduzir quaisquer variações que te atraiam, contanto que mantenhas os exercícios focalizados no
tema: «Não há nada que a minha santidade não possa fazer.» 5O propósito dos exercícios de hoje é começar a
incutir em ti o sentimento de que tens domínio sobre todas as coisas devido ao que tu és.

6. Nas aplicações mais curtas e frequentes, aplica a ideia na sua forma original, a menos que um problema
específico, concernente a ti ou a outra pessoa, surja ou venha à mente. 2Nesse caso, usa a forma mais especí-
fica ao aplicar-lhe a ideia.

LIÇÃO 39
A minha santidade é a minha salvação.

1. Se a culpa é o inferno, qual é o seu oposto? 2Tal como o texto para o qual este ‘livro de exercícios’ foi
escrito, as ideias usadas para os exercícios são muito simples, muito claras e totalmente isentas de ambigui-
dade. 3Não estamos interessados em proezas intelectuais, nem em jogos de lógica. 4Estamos a lidar, apenas,
com o que é muito óbvio, mas não tem sido visto nas nuvens de complexidade nas quais pensas que pensas.

2. Se a culpa é o inferno, qual é o seu oposto? 2Seguramente, isto não é difícil. 3A hesitação que podes sentir
em responder não se deve à ambiguidade da questão. 4Mas, acreditas que a culpa é o inferno? 5Se acreditas-
ses, verias imediatamente o quanto o texto é directo e simples e que, de modo algum, precisarias de um
‘livro de exercícios’. 6Ninguém precisa praticar para adquirir o que já é seu.

3. Já dissemos que a tua santidade é a salvação do mundo. 2E o que acontece com a tua própria salvação?
3
Não podes dar o que não tens. 4Um salvador tem de ser salvo. 5De outra forma, como pode ele ensinar a
salvação? 6Os exercícios de hoje aplicar-se-ão a ti, reconhecendo que a tua salvação é crucial para a salvação
do mundo. 7À medida que aplicas os exercícios ao teu mundo, o mundo inteiro é beneficiado.

4. A tua santidade é a resposta a todas as questões que jamais foram postas, às que estão a ser agora, ou às
que serão postas no futuro. 2A tua santidade significa o fim da culpa e, consequentemente, o fim do inferno.
3
A tua santidade é a salvação do mundo e a tua própria. 4Como poderias tu, a quem pertence a tua santidade,
seres excluído? 5Deus desconhece o que não é santo. 6E possível que Ele desconheça o Seu Filho?

5. Cinco minutos completos são recomendados com insistência para os quatro períodos de prática mais longos
para o dia de hoje; sessões de prática mais demoradas e frequentes são encorajadas. 2Se quiseres ultrapassar
os requisitos mínimos, recomenda-se um número maior de sessões em vez de sessões mais longas, embora se
sugira fazer ambas.
74
6. Começa o período de prática como de costume, repetindo a ideia de hoje para ti mesmo. 2Em seguida,
com os olhos fechados, examina os teus pensamentos de desamor, seja qual for a forma em que apareçam:
inquietação, depressão, raiva, medo, preocupação, ataque, insegurança e assim por diante. 3Qualquer que
seja a forma que assumirem, não são amorosos e, portanto, são assustadores. 4Por isso, é deles que precisas
ser salvo.

7. Situações específicas, eventos ou personalidades que associas com qualquer tipo de pensamentos de desa-
mor, são sujeitos adequados para os exercícios de hoje. 2É imperativo para a tua salvação que os vejas de
modo diferente. 3E é a tua bênção sobre eles que te salvará e te dará visão.

8. Lentamente, sem selecção consciente ou ênfase indevida a qualquer um em particular, examina a tua
mente procurando todos os pensamentos que se interpõem entre ti e a tua salvação. 2Aplica a ideia para o
dia de hoje a cada um deles deste modo:
3
Os meus pensamentos de desamor em relação a...... estão a manter-me no inferno. 4A minha san-
tidade é a minha salvação.

9. É possível que estes períodos de prática te pareçam mais fáceis se os intercalares com vários períodos cur-
tos, durante os quais apenas repetes lentamente a ideia de hoje para ti mesmo, algumas vezes. 2Também
podes querer incluir alguns intervalos curtos, nos quais apenas relaxas e não pareces estar a pensar em seja o
que for. 3A concentração constante é muito difícil, a princípio. 4Ela virá a ser muito mais fácil à medida que a
tua mente se torne mais disciplinada e menos sujeita à distracção.

10. Enquanto isto, deves sentir-te livre para introduzir variedade nos períodos de exercícios, em qualquer
forma que te atraia. 2Contudo, ao variar o método de aplicação, não mudes a ideia em si. 3Seja como for que
escolhas usá-la, a ideia deve ser expressa de modo que o seu significado seja o facto de que a tua santidade é
a tua salvação. 4Conclui cada período de prática repetindo a ideia mais uma vez na sua forma original e
acrescentando:
5
Se a culpa é o inferno, qual é o seu oposto?

11. Nas aplicações mais curtas, que devem ser feitas de três a quatro vezes por hora, ou mais se possível,
podes colocar esta questão a ti mesmo, repetir a ideia de hoje e, preferivelmente, ambas as coisas. 2Se surgi-
rem tentações, uma forma particularmente útil da ideia é:
3
A minha santidade é a minha salvação disso.

LIÇÃO 40
Eu sou abençoado como um Filho de Deus.

1. Hoje, começaremos a reivindicar algumas das coisas felizes às quais tens direito por seres tu o que és.
2
Hoje, não são requeridos longos períodos de prática, mas sim períodos curtos e muito frequentes. 3Seria
muito desejável que os empreendesses a cada dez minutos; tenta adoptar esse horário e segui-lo sempre que
possível. 4Se te esqueceres, tenta novamente. 5Se houver longas interrupções, tenta novamente. 6Sempre que
te lembrares, tenta novamente.

2. Não é preciso que feches os olhos durante estes períodos de exercícios, embora talvez te pareçam mais
úteis se assim fizeres. 2Contudo, é possível que, durante o dia, te encontres em várias situações em que seja
impraticável fechar os olhos. 3Não percas um período de prática por causa disso. 4Podes praticar muito bem
em quaisquer circunstâncias, se realmente o quiseres.

3. Os exercícios de hoje tomam pouco tempo e não exigem nenhum esforço. 2Repete a ideia para o dia de
hoje e, em seguida, acrescenta vários atributos que associas a um Filho de Deus, aplicando-os a ti mesmo.
3
Por exemplo, um período de prática poderia consistir no seguinte:
4
Eu sou abençoado como um Filho de Deus.
5
Eu sou feliz, cheio de paz, amoroso e contente.
6
Um outro poderia tomar essa forma:

75
7
Eu sou abençoado como um Filho de Deus.
8
Eu sou calmo, quieto, seguro e confiante.
9
Se só dispuseres de um período breve, será suficiente dizer apenas que és abençoado como um Filho de
Deus.

LIÇÃO 41
Deus vai comigo onde quer que eu vá.

1. A ideia de hoje, eventualmente, superará por completo a sensação de solidão e de abandono que todos os
separados experimentam. 2A depressão é uma consequência inevitável da separação. 3Assim como a ansieda-
de, a preocupação, a profunda sensação de impotência, a miséria, o sofrimento e o medo intenso da perda
também o são.

2. Os separados inventaram muitas «curas» para aquilo que acreditam ser os «males do mundo». 2Mas a única
coisa que eles não fazem é questionar a realidade do problema. 3No entanto, os efeitos dele não podem ser
curados porque o problema não é real. 4A ideia para o dia de hoje tem o poder de dar fim a toda essa tolice
para sempre. 5É, de facto, embora possa tomar formas sérias e trágicas.

3. Tudo o que é perfeito está profundamente dentro de ti, pronto para irradiar-se através de ti sobre o mun-
do exterior. 2Isso vai curar completamente o pesar, a dor, o medo e a perda, pois curará a mente que tomou
essas coisas como reais e sofreu devido à sua aliança com elas.

4. Nunca podes ser privado da tua santidade perfeita, porque a sua Fonte vai contigo onde quer que vás.
2
Nunca podes sofrer, porque a Fonte de toda a alegria vai contigo onde quer que vás. 3Nunca podes estar só,
porque a Fonte de toda a vida vai contigo onde quer que vás. 4Nada pode destruir a paz da tua mente, porque
Deus vai contigo onde quer que vás.

5. Compreendemos que não acredites nisto tudo. 2Como poderias, enquanto a verdade está escondida lá no
fundo de ti, sob uma pesada nuvem de pensamentos doentios que é densa e obscurece as coisas, mas, no
entanto, representa tudo o que vês? 3Hoje, faremos a nossa primeira tentativa real de ultrapassar essa nuvem
escura e pesada, e atravessá-la para chegar à luz que está além dela.

6. Hoje haverá apenas um período de prática longo. 2Pela manhã, se possível assim que te levantares, senta-
te quieto por uns três a cinco minutos, com os olhos fechados. 3No início do período de prática, repete a
ideia de hoje bem devagar. 4Depois, não faças nenhum esforço para pensar em alguma coisa. 5Em vez disso,
tenta sentir-te voltado para o teu interior, além de todos os pensamentos vãos do mundo. 6Tenta entrar com
profundidade na tua própria mente, mantendo-a livre de quaisquer pensamentos que poderiam desviar a tua
atenção.

7. Podes repetir a ideia de vez em quando, se te parecer útil. 2Mas, acima de tudo, tenta mergulhar bem
fundo dentro de ti mesmo, longe do mundo e de todos os tolos pensamentos do mundo. 3Estás a tentar trans-
por todas essas coisas. 4Estás a tentar deixar as aparências e aproximar-te da realidade.

8. É bem possível alcançar Deus. 2De facto é muito fácil, porque é a coisa mais natural no mundo. 3Poderias
até dizer que é a única coisa natural no mundo. 4O caminho abrir-se-á, se acreditares que é possível. 5Este
exercício pode trazer resultados bastante surpreendentes mesmo na primeira tentativa e, mais cedo ou mais
tarde, é sempre um sucesso. 6Entraremos em maiores detalhes sobre esse tipo de prática à medida que avan-
çarmos. 7Mas ele nunca falhará completamente e o sucesso instantâneo é possível.

9. Usa a ideia de hoje com frequência durante o dia, repetindo-a bem lentamente, de preferência com os
olhos fechados. 2Pensa no que estás a dizer, no que as palavras significam. 3Concentra-te na santidade que
está implicada nelas a teu respeito, na companhia infalível que tens, na protecção completa que te cerca.

10. De facto, podes dar-te ao luxo de rir dos pensamentos de medo, ao recordar que Deus vai contigo onde
quer que vás.

76
LIÇÃO 42
Deus é minha força. A visão é Sua dádiva.

1. A ideia para o dia de hoje combina dois pensamentos muito poderosos, ambos da maior importância.
2
Também expõe uma relação de causa e efeito que explica porque não podes falhar nos teus esforços para
alcançar a meta do curso. 3Verás porque é a Vontade de Deus. 4É a Sua força, e não a tua, que te dá poder.
5
E é a Sua dádiva, não a tua, que te oferece a visão.

2. Deus é, de facto, a tua força, e o que Ele dá é verdadeiramente dado. 2Isso significa que podes recebê-lo
em qualquer momento e em qualquer lugar, onde quer que estejas, seja qual for a circunstância em que te
encontrares. 3A tua passagem pelo tempo e pelo espaço não é ao acaso. 4Não podes senão estar no lugar cer-
to no momento certo. 5Tal é a força de Deus. 6Tais são Suas dádivas.

3. Hoje teremos dois períodos de prática de três a cinco minutos, o primeiro tão cedo quanto possível após
teres acordado e o outro o mais próximo possível da hora em que vais dormir. 2Porém, é melhor esperares até
que possas sentar-te quieto e sozinho num momento em que te sintas pronto, do que preocupares-te com a
hora da prática em si.

4. Começa estes períodos de prática repetindo lentamente a ideia para o dia de hoje, com os olhos abertos,
olhando ao teu redor. 2Em seguida, fecha os olhos e repete a ideia, ainda com mais vagar. 3Depois disso, ten-
ta não pensar em nada, a não ser nos pensamentos que te ocorrem e que estão relacionados com a ideia para
o dia. Por exemplo, poderias pensar:
5
A visão tem de ser possível. 6Deus dá verdadeiramente,

ou:
7
As dádivas de Deus para mim têm de ser minhas porque Ele mas deu.

5. Qualquer pensamento claramente relacionado com a ideia para o dia de hoje é adequado. 2De facto, podes
surpreender-te com o grau de compreensão relacionado com o curso que alguns dos teus pensamentos con-
têm. 3Deixa-os vir sem censura, a menos que te pareça que a mente está apenas a divagar e que tenhas per-
mitido a interferência de pensamentos obviamente irrelevantes. 4Podes também alcançar um ponto onde,
absolutamente, nenhum pensamento pareça vir à mente. 5Se tais interferências ocorrerem, abre os olhos e
repete o pensamento mais uma vez, olhando vagarosamente ao teu redor; fecha os olhos, repete a ideia e,
então, continua a procurar na mente os pensamentos relacionados com ela.

6. Lembra-te, contudo, que, nos exercícios de hoje, não é apropriado examinar activamente os pensamentos
relevantes. 2Tenta apenas recuar deixando-os vir. 3Se isto te parecer difícil, é melhor passares o período de
prática alternando entre lentas repetições da ideia com os olhos abertos e depois com os olhos fechados, em
vez de te esforçares para encontrar pensamentos adequados.

7. Não há limite para o número de períodos curtos que seriam benéficos para a prática de hoje. 2A ideia para
hoje é um passo inicial no processo de reunir pensamentos e ensinar-te que estás a estudar um sistema unifi-
cado de pensamentos, no qual nada que seja necessário está em falta, e nada contraditório ou irrelevante
está incluído.

8. Quanto mais repetires a ideia ao longo do dia, tanto mais frequentemente estarás a lembrar a ti mesmo
que a meta do curso é importante para ti e que não a esqueceste.

LIÇÃO 43
Deus é minha Fonte. Eu não posso ver à parte Dele.

1. A percepção não é um atributo de Deus. 2Seu é o reino do conhecimento. 3Mas Ele criou o Espírito Santo
como Mediador entre a percepção e o conhecimento. 4Sem esse elo com Deus, a percepção teria substituído o
conhecimento para sempre na tua mente. 5Com esse elo com Deus, a percepção virá a ser de tal forma alte-
rada e purificada que conduzirá ao conhecimento. 6Essa é a sua função tal como o Espírito Santo a vê.
7
Portanto, essa é a sua função na verdade.

77
2. Tu não podes ver em Deus. 2A percepção não tem nenhuma função em Deus e não existe. 3Mas, na salva-
ção, que é o desfazer daquilo que nunca foi, a percepção tem um propósito poderoso. 4Feita pelo Filho de
Deus com um propósito não-santo, tem que se tornar o meio para a restauração da sua santidade na sua
consciência. 5A percepção não tem significado. 6No entanto, o Espírito Santo dá-lhe um significado muito
próximo ao de Deus. 7A percepção curada vem a ser o meio pelo qual o Filho de Deus perdoa ao seu irmão e,
assim, perdoa a si mesmo.

3. Tu não podes ver à parte de Deus porque não podes ser à parte de Deus. 2O que quer que faças, estás a
fazer Nele, porque o que quer que penses, pensas com a Sua Mente. 3Se a visão é real, e ela é real na medida
em que compartilha do propósito do Espírito Santo, então não podes ver à parte de Deus.

4. Três períodos de prática de cinco minutos são requeridos hoje, um deles o mais cedo possível, e o outro o
mais tarde possível no teu dia. 2O terceiro pode ser empreendido no momento mais conveniente e oportuno
que as circunstâncias e o teu estado de prontidão permitirem. 3No início destes períodos de prática, mantém
os olhos abertos e repete a ideia do dia para ti mesmo. 4Em seguida, olha à tua volta, por um breve período
de tempo, enquanto aplicas a ideia especificamente ao que vês. 5Quatro ou cinco sujeitos para essa fase do
período de prática são suficientes. 6Poderias dizer, por exemplo:
7
Deus é minha Fonte. 8Não posso ver esta escrivaninha à parte d'Ele.
9
Deus é minha Fonte. 10Não posso ver aquele retrato à parte d'Ele.

5. Embora esta parte do período de exercícios deva ser relativamente curta, certifica-te de que seleccionas
indiscriminadamente os sujeitos, sem inclusões ou exclusões autodirigidas. 2Para a segunda fase, que é mais
longa, fecha os olhos, repete a ideia mais uma vez, e permite que quaisquer pensamentos relevantes que te
ocorrerem adicionem algo pessoal à ideia. 3Pensamentos tais como:
4
Eu vejo através dos olhos do perdão.
5
Eu vejo o mundo abençoado.
6
O mundo pode mostrar-me a mim mesmo.
7
Eu vejo os meus próprios pensamentos, que são como os de Deus.
8
Qualquer pensamento mais ou menos relacionado directamente com a ideia de hoje é adequado. 9Não é
necessário que tenham uma relação óbvia com a ideia, mas não devem estar em oposição a ela.

6. Se te parecer que a mente está a divagar, se começares a estar ciente de pensamentos claramente em
desacordo com a ideia de hoje, ou se te parecer que és incapaz de pensar em qualquer coisa, abre os olhos,
repete a primeira fase do período de exercícios e, então, tenta a segunda fase novamente. 2Não deixes que
nenhum período prolongado ocorra, no qual venhas a estar preocupado com pensamentos irrelevantes. 3Volta
à primeira fase do exercício tantas vezes quantas forem necessárias para prevenir isso.

7. Ao aplicar a ideia de hoje nos períodos mais curtos de prática, a forma pode variar de acordo com as cir-
cunstâncias e as situações em que te encontres durante o dia. 2Quando estiveres com outra pessoa, por
exemplo, tenta lembrar-te de dizer-lhe silenciosamente:
3
Deus é minha Fonte. 4Não posso ver-te à parte d'Ele.
5
Esta forma é aplicável tanto a estranhos, quanto àqueles que pensas serem mais próximos de ti. 6De facto,
tenta não fazer absolutamente nenhuma distinção desse tipo.

8. A ideia de hoje também deve ser aplicada, ao longo do dia, a várias situações e eventos que possam ocor-
rer, particularmente àqueles que pareçam afligir-te de algum modo. 2Para esse propósito, aplica a ideia nes-
ta forma:
3
Deus é minha Fonte. 4Não posso ver isto à parte d'Ele.

9. Se, no momento, nenhum sujeito em particular se apresentar à tua consciência, simplesmente, repete a
ideia na sua forma original. 2Hoje tenta não deixar passar nenhum período de tempo longo te sem lembrares
da ideia do dia, recordando assim da tua função.

LIÇÃO 44
Deus é a luz na qual vejo.
78
1. Hoje continuamos a ideia para o dia de ontem, acrescentando-lhe uma outra dimensão. 2Não podes ver na
escuridão e não podes fazer a luz. 3Podes fazer a escuridão e, então, pensar que vês na escuridão, mas a luz
reflecte a vida e é, portanto, um aspecto da criação. 4Criação e escuridão não podem coexistir, mas luz e
vida têm de ir juntas, pois são apenas diferentes aspectos da criação.

2. Para ver, tens de reconhecer que a luz está dentro de ti e não do lado de fora. 2Tu não vês fora de ti mes-
mo e o equipamento para ver não está fora de ti. 3A luz que faz com que o ver seja possível é uma parte
essencial deste equipamento. 4Ela está sempre contigo, fazendo com que a visão seja possível em todas as
circunstâncias.

3. Hoje, vamos tentar alcançar essa luz. 2Com este propósito, usaremos uma forma de exercício já sugerida
anteriormente, a qual utilizaremos cada vez mais. 3É uma forma particularmente difícil para a mente indisci-
plinada, e representa uma das metas principais do treino mental. 4Ela requer, precisamente, aquilo que falta
a uma mente sem treino. 5Mas, se tu hás de ver, esse treino tem de ser realizado.

4. Hoje, faz pelo menos três períodos de prática, com três a cinco minutos de duração em cada um. 2Mais
tempo é altamente recomendável, mas só se te parecer que o tempo decorre com pouca ou nenhuma sensa-
ção de tensão. 3A forma de prática que usaremos hoje é a mais natural e a mais fácil no mundo para a mente
treinada, do mesmo modo como parece ser a mais antinatural e a mais difícil para a mente sem treino.

5. A tua mente já tem algum treino. 2Estás pronto para aprender a forma de exercício que usaremos hoje,
mas podes achar que encontrarás forte resistência. 3A razão é muito simples. 4Enquanto praticas deste modo,
deixas para trás tudo aquilo em que acreditas agora, e todos os pensamentos que tens inventado.
5
Propriamente falando, esta é a libertação do inferno. 6No entanto, percebida através dos olhos do ego, é
perda de identidade e uma descida ao inferno.

6. Se puderes deixar o teu ego de lado por pouco que seja, não terás nenhuma dificuldade em reconhecer
que a sua oposição e os seus medos não têm significado. 2Podes querer lembrar a ti mesmo, de vez em quan-
do, que alcançar a luz é escapar da escuridão, seja lá o que for que possas acreditar em contrário. 3Deus é a
luz na qual vês. 4Estás a tentar alcançá-Lo.

7. Começa o período de prática repetindo a ideia de hoje com os olhos abertos; depois, fecha-os, lentamen-
te, repetindo a ideia várias vezes mais. 2Em seguida, tenta ir fundo na tua mente, soltando todos os tipos de
interferência e intrusão, aprofundando-te em quietude e passando por eles. 3A tua mente não pode ser detida
nisso, a menos que escolhas detê-la. 4Ela está apenas seguindo o seu curso natural. 5Tenta observar, sem
envolvimento, os pensamentos que passam pela mente e desliza por eles em quietude.

8. Embora não se recomende nenhuma abordagem em particular para esta forma de exercício, é necessário
um sentimento da importância do que estás a fazer, do seu valor inestimável para ti e uma consciência de
que estás a tentar algo muito santo. 2A salvação é a tua realização mais feliz. 3É, também, a única que tem
significado, porque é a única que, absolutamente, tem utilidade real para ti.

9. Se surgir algum tipo de resistência, faz uma pausa suficientemente longa para repetir a ideia de hoje,
mantendo os olhos fechados, a menos que estejas ciente de medo. 2Nesse caso, é provável que te pareça
mais tranquilizador abrir brevemente os olhos. 3Contudo, tenta voltar aos exercícios com os olhos fechados
assim que possível.

10. Se fizeres os exercícios correctamente, deves experimentar uma sensação de relaxamento; talvez che-
gues a ter um sentimento de estares a aproximar-te, senão mesmo a entrar na luz. 2Tenta pensar em luz, sem
forma e sem limites, ao passares pelos pensamentos deste mundo. 3E não te esqueças que eles não podem
prender-te ao mundo, a menos que lhes dês o poder para fazer isso.

11. Ao longo do dia, repete a ideia frequentemente, com os olhos abertos ou fechados, como te parecer
melhor no momento. 2Mas não te esqueças. 3Acima de tudo, hoje, mantém-te determinado a não esquecer.

LIÇÃO 45
Deus é a Mente com a qual eu penso.

1. A ideia de hoje contém a chave do que são os teus pensamentos reais. 2Eles não são nada do que pensas
que pensas, do mesmo modo que nada do que pensas que vês está relacionado, seja de que forma for, com a
79
visão. 3Não há nenhuma relação entre o que é real e o que pensas ser real. 4Nada do que pensas que são os
teus pensamentos reais se assemelha, seja de que forma for, com teus pensamentos reais. 5Nada do que pen-
sas ver tem qualquer semelhança com o que a visão te mostrará.

2. Tu pensas com a Mente de Deus. 2Portanto, compartilhas os teus pensamentos com Ele, assim como Ele
compartilha os Dele contigo. 3São os mesmos pensamentos, pois são pensados pela mesma Mente.
4
Compartilhar é fazer com que seja igual, ou fazer com que seja um. 5E os pensamentos que pensas com a
Mente de Deus não deixam a tua mente, porque os pensamentos não deixam a sua fonte. 6Portanto, os teus
pensamentos estão na Mente de Deus, assim como tu estás. 7Eles também estão na tua mente, onde Ele está.
8
Como és parte da Sua Mente, assim também os teus pensamentos são parte da Sua Mente.

3. Então, onde estão os teus pensamentos reais? 2Hoje, tentaremos alcançá-los. 3Teremos que olhar para a
tua mente procurando-os, porque é lá que estão. 4Ainda têm de estar lá, porque não podem ter deixado a sua
fonte. 5O que é pensado pela Mente de Deus, por ser parte da criação, é eterno.

4. Hoje, os nossos três períodos de prática de cinco minutos terão a mesma forma geral usada ontem. 2Vamos
tentar deixar o irreal e procurar o real. 3Vamos negar o mundo em favor da verdade. 4Não deixaremos que os
pensamentos do mundo nos detenham. 5Não deixaremos que as crenças do mundo nos digam que o que Deus
quer que façamos é impossível. 6Em vez disso, tentaremos reconhecer que só o que Deus quer que façamos é
possível.

5. Também tentaremos compreender que só o que Deus quer que façamos é o que queremos fazer. 2E tam-
bém tentaremos lembrar-nos de que não podemos falhar em fazer aquilo que Ele quer que façamos. 3Há to-
das as razões para que nos sintamos confiantes de que hoje teremos sucesso. 4É a Vontade de Deus.

6. Começa os exercícios de hoje repetindo a ideia para ti mesmo, fechando os olhos ao fazê-lo. 2Em seguida,
passa um período de tempo relativamente curto a pensar em alguns pensamentos relevantes que te são pró-
prios, mantendo a ideia em mente. 3Depois de teres acrescentado uns quatro ou cinco pensamentos que te
são próprios à ideia para hoje, repete-a outra vez e diz gentilmente a ti mesmo:
4
Os meus pensamentos reais estão na minha mente.
5
Gostaria de os encontrar.
6
Em seguida, tenta alcançar o eterno transpondo todos os pensamentos irreais que encobrem a verdade na
tua mente.

7. Sob todos os pensamentos sem sentido e as ideias loucas com as quais entulhaste a tua mente, estão os
pensamentos que, no princípio, pensaste com Deus. 2Eles estão lá na tua mente, agora, completamente imu-
táveis. 3Eles sempre estarão na tua mente, exactamente como sempre estiveram. 4Tudo o que pensaste desde
então mudará, mas o fundamento sobre o qual isso se baseia permanecerá totalmente imutável.

8. É a este fundamento que os exercícios de hoje são dirigidos. 2Aqui, a tua mente está unida à Mente de
Deus. 3Aqui, os teus pensamentos e os Dele são um só. 4Para este tipo de prática apenas uma coisa é necessá-
ria: aproxima-te dele como te aproximarias de um altar dedicado a Deus Pai e a Deus Filho no Céu. 5Pois tal é
o lugar que estás a tentar alcançar. 6Provavelmente, ainda não és capaz de reconhecer quão alto estás a ten-
tar ir. 7No entanto, mesmo com a pouca compreensão que já ganhaste, deverias ser capaz de lembrar a ti
mesmo que isto não é nenhum jogo vão, mas um exercício em santidade e uma tentativa de alcançar o Reino
dos Céus.

9. Nos períodos de prática mais curtos, tenta lembrar-te do quanto é importante compreenderes a santidade
da mente que pensa com Deus. 2Dedica um ou dois minutos, enquanto repetes a ideia ao longo do dia, para
apreciares a santidade da tua mente. 3Afasta-te, por pouco tempo que seja, de todos os pensamentos que são
indignos Daquele de Quem tu és o anfitrião. 4E agradece-Lhe pelos pensamentos que Ele está a pensar conti-
go.

LIÇÃO 46
Deus é o Amor no qual eu perdoo.

1. Deus não perdoa porque Ele nunca condenou. 2E tem que haver condenação antes que o perdão seja neces-
sário. 3O perdão é a grande necessidade deste mundo, porque este é um mundo de ilusões. 4Aqueles que per-

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doam estão, portanto, a libertarem-se a si mesmos das ilusões, enquanto aqueles que negam o perdão estão
a ligar-se a elas. 5Assim como só condenas a ti mesmo, também só perdoas a ti mesmo.

2. Contudo, embora Deus não perdoe, o Seu Amor é, não obstante, a base do perdão. 2O medo condena e o
amor perdoa. 3Assim, o perdão desfaz o que o medo tem produzido, fazendo com que a mente regresse à
consciência de Deus. 4Por essa razão, o perdão pode, verdadeiramente, ser chamado de salvação. 5É o meio
pelo qual as ilusões desaparecem.

3. Os exercícios de hoje requerem, pelo menos, três períodos de prática de cinco minutos completos, e o
maior número possível de períodos mais curtos. 2Começa os períodos mais longos repetindo, como de costu-
me, a ideia de hoje para ti mesmo. 3Fecha os olhos ao fazê-lo e passa um ou dois minutos a examinar a men-
te à procura daqueles a quem não perdoaste. 4Não importa o «quanto» não os tenhas perdoado. 5Ou lhes per-
doaste inteiramente ou não lhes perdoaste em absoluto.

4. Se fizeres bem os exercícios, não deves ter nenhuma dificuldade em encontrar um número de pessoas a
quem não tenhas perdoado. 2Uma regra segura é que qualquer pessoa de quem não gostes é um sujeito ade-
quado. 3Menciona cada um pelo nome e diz:

4Deus é o Amor no qual eu te perdoo, (nome).

5. O propósito da primeira fase dos períodos de prática de hoje é o de te colocar em posição de perdoar a ti
mesmo. 2Depois de teres aplicado a ideia a todos aqueles que tenham vindo à mente, diz a ti mesmo:
3
Deus é o Amor no qual perdoo a mim mesmo.
4
Em seguida, dedica o resto do período de prática acrescentando ideias correlatas tais como:
5
Deus é o Amor com o qual eu amo a mim mesmo.
6
Deus é o Amor no qual sou abençoado.

6. A forma da aplicação pode variar consideravelmente, mas a ideia central não deve ser perdida de vista.
2
Poderias dizer, por exemplo:
3
Não posso ser culpado, pois sou um Filho de Deus.
4
Eu já fui perdoado.
5
Nenhum medo é possível numa mente amada por Deus.
6
Não há necessidade de atacar porque o amor perdoou-me.

7Porém, o período de prática deve terminar com a repetição da ideia de hoje na sua forma original.

7. Os períodos de prática mais curtos podem consistir na repetição da ideia na sua forma original ou em for-
ma correlata, como preferires. 2Certifica-te, porém, de fazer mais aplicações específicas se forem necessá-
rias. 3Elas serão necessárias a qualquer momento durante o dia, quando vieres a estar ciente de qualquer tipo
de reacção negativa a qualquer um, esteja ele presente ou não. 4Nesse evento, diz-lhe silenciosamente:
5
Deus é o Amor no qual eu te perdoo.

LIÇÃO 47
Deus é a força na qual confio.

1. Se confias na tua própria força, tens toda a razão para estares apreensivo, ansioso e amedrontado. 2O que
podes predizer ou controlar? 3O que há em ti com que se possa contar? 4O que te daria capacidade de estares
ciente de todas as facetas de qualquer problema e de resolvê-los de tal modo que só o bem possa advir? 5O
que há em ti que te dê o reconhecimento da solução certa e a garantia de que será realizada ?

2. Por ti mesmo não podes fazer nenhuma destas coisas. 2Acreditar que podes é depositar a tua confiança
onde a confiança não foi autorizada, e justificar o medo, a ansiedade, a depressão, a raiva e o pesar. 3Quem
pode depositar a sua fé na fraqueza e sentir-se seguro? 4E, no entanto, quem pode depositar a sua fé na força
e sentir-se fraco?

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3. Deus é a tua segurança em qualquer circunstância. 2A Sua Voz fala por Ele em todas as situações e em cada
aspecto de todas as situações, dizendo-te exactamente o que fazer para invocar a Sua força e a Sua protec-
ção. 3Não há nenhuma excepção, porque em Deus não há excepções. 4E a Voz Que fala por Ele pensa como
Ele.

4. Hoje, tentaremos alcançar o que está além da tua própria fraqueza e chegar à Fonte da força real. 2Quatro
períodos de cinco minutos são necessários hoje e recomenda-se, insistentemente, períodos mais longos e
frequentes. 3Fecha os olhos e começa como de costume, repetindo a ideia para o dia. 4Em seguida, passa um
ou dois minutos em busca de situações na tua vida nas quais investiste o medo; livra-te de cada uma delas
dizendo a ti mesmo:
5
Deus é a força na qual confio.

5. Agora, tenta percorrer levemente todas as preocupações relacionadas com o teu próprio sentimento de
inadequação. 2É óbvio que qualquer situação que te cause preocupação está associada com sentimentos de
inadequação, pois, de outro modo, acreditarias que podes lidar com ela com sucesso. 3Não é acreditando em
ti mesmo que ganharás confiança. 4Mas a força de Deus em ti tem sucesso em todas as coisas.

6. 0 reconhecimento da tua própria fragilidade é um passo necessário na correcção dos teus erros, mas difi-
cilmente seria suficiente para te dar a confiança de que necessitas e à qual tens direito. 2Também tens de
ganhar a consciência de que a confiança na tua força real é inteiramente justificada sob todos os aspectos e
em todas as circunstâncias.

7. Na fase final do período de prática, tenta alcançar o que está no fundo da tua mente, num lugar onde há
real segurança. 2Reconhecerás que o alcançaste se sentires uma sensação de profunda paz, por mais breve
que seja. 3Desliga-te de todas as coisas triviais que se agitam e borbulham na superfície da tua mente e
alcança o que está por baixo até chegares ao Reino dos Céus. 4Há um lugar em ti onde há paz perfeita. 5Há
um lugar em ti onde nada é impossível. 6Há um lugar em ti onde habita a força de Deus.

8. Durante o dia, repete a ideia com frequência. 2Usa-a como a tua resposta a qualquer perturbação.
3
Lembra-te de que a paz é um direito teu, porque estás a depositar a tua confiança na força de Deus.

LIÇÃO 48
Não há nada a temer.

1. A ideia para o dia de hoje limita-se a declarar um facto. 2Não é um facto para aqueles que acreditam em
ilusões, mas ilusões não são fatos. 3Em verdade, não há nada a temer. 4É muito fácil reconhecer isto. 5Mas é
muito difícil para aqueles que querem que ilusões sejam verdadeiras.

2. Hoje, os períodos de prática serão muito curtos, muito simples e muito frequentes. 2Limita-te a repetir a
ideia com a maior frequência possível. 3Podes usá-Ia com os olhos abertos, a qualquer hora e em qualquer
situação. 4Todavia, é fortemente recomendado que, sempre que for possível, feches os olhos e passes mais
ou menos um minuto repetindo-a para ti mesmo, lentamente, várias vezes. 5É particularmente importante
que uses a ideia de imediato se algo vier perturbar a paz da tua mente.

3. A presença do medo é um sinal seguro de que estás a confiar na tua própria força. 2A consciência segundo
a qual não há nada a temer mostra que, em algum lugar da mente, embora não necessariamente num lugar
que reconheças por enquanto, tu te lembraste de Deus e deixaste a Sua força tomar o lugar da tua fraqueza.
3
No instante em que estás disposto a fazer isso, de facto, não há nada a temer.

LIÇÃO 49
A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia.

1. É bem possível escutar a Voz de Deus durante todo o dia sem interromper, seja de que forma for, as tuas
actividades regulares. 2A parte da mente em que habita a verdade está em constante comunicação com Deus,
quer estejas ou não ciente disso. 3É a outra parte da tua mente que funciona no mundo e obedece às leis do
mundo. 4Essa é a parte que está constantemente distraída, desorganizada e altamente incerta.

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2. A parte que está a escutar a Voz por Deus é calma, está sempre em repouso e é totalmente certa. 2Na
realidade, é a única parte que existe. 3A outra é uma ilusão louca, frenética e distraída, mas sem qualquer
tipo de realidade. 4Tenta não escutá-la hoje. 5Tenta identificar-te com a parte da tua mente em que a sere-
nidade e a paz reinam para sempre. 6Tenta ouvir a Voz de Deus chamar-te com amor, lembrando-te que o teu
Criador não esqueceu o Seu Filho.

3. Hoje, no mínimo, precisaremos de quatro períodos de prática de cinco minutos cada um e, se possível,
mais. 2Tentaremos, de facto, ouvir a Voz de Deus fazendo com que tu te lembres Dele e do teu Ser. 3Vamos
aproximar-nos do mais feliz e do mais santo dos pensamentos com confiança, sabendo que, ao fazê-lo, esta-
mos a unir a nossa vontade à Vontade de Deus. 4Ele quer que ouças a Sua Voz. 5Ele deu-ta para ser ouvida.

4. Escuta em profundo silêncio. 2Fica muito sereno e abre a tua mente. 3Ultrapassa todos os gritos estridentes
e as fantasias doentias que encobrem os teus pensamentos reais e obscurecem o teu elo eterno com Deus.
4
Mergulha profundamente na paz que te espera além dos pensamentos frenéticos e tumultuosos, e das cenas
e sons deste mundo doentio. 5Tu não vives aqui. 6Estamos a tentar alcançar o teu lar real. 7Estamos a tentar
alcançar o lugar onde és verdadeiramente bem-vindo. 8Estamos a tentar alcançar Deus.

5. Não te esqueças de repetir a ideia de hoje com muita frequência. 2Faze-o com os olhos abertos quando
necessário, mas fechados quando possível. 3E certifica-te de te sentares em quietude e repetir a ideia sempre
que puderes, fechando os olhos ao mundo e reconhecendo que estás a convidar a Voz de Deus para falar con-
tigo.

LIÇÃO 50
O Amor de Deus é o meu sustento.

1. Aqui está a resposta a todos os problemas que te confrontarão hoje, amanhã e através dos tempos. 2Neste
mundo, acreditas que és sustentado por tudo, menos por Deus. 3A tua fé é colocada nos símbolos mais doen-
tios e triviais: pílulas, dinheiro, roupa «protectora», influência, prestígio, que gostem de ti, conhecer as pes-
soas «certas» e uma lista infindável de formas do nada que dotas com poderes mágicos.

2. Todas estas coisas são os teus substitutos para o Amor de Deus. 2Todas estas coisas são apreciadas para
assegurar uma identificação com o corpo. 3São cantos de louvor ao ego; 4Não ponhas tua fé no que não tem
valor. 5Isso não vai sustentar-te.

3. Só o Amor de Deus te protegerá em todas as circunstâncias. 2Ele elevar-te-á fazendo com que saias de
todas as provações, e erguer-te-á para o alto, acima de todos os perigos percebidos neste mundo, até um
clima de perfeita paz e segurança. 3Ele transportar-te-á a um estado mental em que nada pode ameaçar,
nada pode perturbar e onde nada pode interferir na calma eterna do Filho de Deus.

4. Não ponhas a tua fé em ilusões. 2Elas falharão. 3Põe toda a tua fé no Amor de Deus dentro de ti, eterno,
imutável e para sempre infalível. 4Essa é a resposta para o que quer que seja que te confronte hoje. 5Através
do Amor de Deus dentro de ti podes resolver todas as aparentes dificuldades sem esforço e com confiança
segura. 6Diz isso a ti mesmo frequentemente, hoje. 7É uma declaração de libertação da tua crença em ídolos.
5
É o teu reconhecimento da verdade sobre ti mesmo.

5. Hoje, durante dez minutos, duas vezes, pela manhã e à noite, deixa a ideia para o dia mergulhar profun-
damente na tua consciência. 2Repete-a, pensa sobre ela, deixa que pensamentos afins venham para te ajudar
a reconhecer a verdade disso e permitir que a paz flua sobre ti como um manto de protecção e segurança.
3
Não deixes pensamentos vãos e tolos entrarem para perturbar a santa mente do Filho de Deus. 4Tal é o Reino
dos Céus. 5Tal é o lugar de descanso onde o teu Pai te colocou para sempre.

REVISÃO I
Introdução

1. A partir de hoje, teremos uma série de períodos de revisão. 2Cada um deles abrangerá cinco das ideias já
apresentadas, começando com a primeira e terminando com a quinquagésima. 3Haverá alguns comentários
curtos depois de cada uma das ideias que deves considerar na tua revisão. 4Nos períodos de prática, os exer-
cícios devem ser feitos como será indicado a seguir.

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2. Começa o dia lendo as cinco ideias incluindo os comentários. 2Depois disso, não é necessário seguir
nenhuma ordem em particular ao considerá-las, embora cada uma deva ser praticada pelo menos uma vez.
3
Dedica dois minutos ou mais a cada período de prática, a pensar sobre a ideia e os comentários relacionados
depois de lê-los. 4Faz isso com a maior frequência possível durante o dia. 5Se qualquer uma das cinco ideias
te atrair mais do que as outras, concentra-te nela. 6Porém, certifica-te de rever todas mais uma vez no fim
do dia.

3. Não é necessário incluir nos períodos de prática, literal ou minuciosamente, os comentários que se seguem
a cada ideia. 2Em vez disso, tenta enfatizar o tema central e pensa nele como parte da tua revisão da ideia
com a qual se relaciona. 3Depois de teres lido a ideia e os comentários relacionados, os exercícios devem ser
feitos com os olhos fechados e quando estiveres sozinho, num lugar quieto, se for possível.

4. Isso é enfatizado para os períodos de prática no teu actual estádio de aprendizagem. 2Contudo será neces-
sário que aprendas a não precisar de nenhum cenário especial para aplicar o que tens aprendido.
3
Necessitarás mais da tua aprendizagem em situações que pareçam transtornar-te do que naquelas que já
parecem ser calmas e quietas. 4O propósito desta aprendizagem é fazer com que sejas capaz de trazer a
quietude contigo e de curar a aflição e o tumulto. 5Isto não é feito evitando-os e procurando um refúgio de
isolamento para ti mesmo.

5. Ainda aprenderás que a paz é parte de ti, a qual só requer que estejas presente para abraçar qualquer
situação em que te encontres. 2E, finalmente, aprenderás que não há limites quanto ao lugar onde estás,
portanto, assim como tu, a tua paz está em todos os lugares.

6. Notarás que, para os propósitos da revisão, algumas das ideias não são dadas exactamente na sua forma
original. 2Usa-as tal como são dadas aqui. 3Não é necessário voltar às declarações originais, nem aplicar as
ideias da forma sugerida então. 4Agora, estamos a enfatizar as relações entre as cinquenta primeiras ideias
que abordámos e a coesão do sistema de pensamento ao qual elas estão a conduzir-te.

LIÇÃO 51
A revisão para o dia de hoje abrange as seguintes ideias:

1. (1) Nada do que vejo significa seja o que for.


2
A razão disto ser assim é que eu vejo o nada e o nada não tem significado. 3É necessário que reconheça isto,
para que possa aprender a ver. 4O que penso que vejo agora está a tomar o lugar da visão. 5Tenho que aban-
donar isso compreendendo que não tem significado, para que a visão possa tomar o seu lugar.

2. (2) Tenho dado ao que vejo todo o significado que tem para mim.
2
Tenho julgado tudo o que contemplo e é isso, e apenas isso, que vejo. 3Isso não é visão. 4É, simplesmente,
uma ilusão de realidade porque os meus julgamentos têm sido feitos bem à parte da realidade. 5Estou dispos-
to a reconhecer a falta de validade dos meus julgamentos, porque quero ver. 6Os meus julgamentos têm-me
ferido e não quero mais ver de acordo com eles.

3. (3) Eu não compreendo nada do que vejo.


2
Como poderia compreender o que vejo se o tenho julgado de forma errada? 3O que vejo é a projecção dos
meus próprios erros de pensamento. 4Não compreendo o que vejo, porque é incompreensível. 5Não faz senti-
do tentar compreendê-lo. 6Mas tenho todos os motivos para abandonar isso e dar espaço ao que pode ser
visto e compreendido e amado. 7Posso trocar o que vejo agora por isso, limitando-me a estar disposto a fazê-
lo. 8Não é essa uma escolha melhor do que a que fiz anteriormente?

4. (4) Estes pensamentos não significam nada.


2
Os pensamentos dos quais estou ciente não significam nada, porque estou a tentar pensar sem Deus. 3Aquilo
a que chamo «meus» pensamentos não são os meus pensamentos reais. 4Os meus pensamentos reais são aque-
les que penso com Deus. 5Não estou ciente deles porque tenho vindo a fazer os meus pensamentos para
tomar o seu lugar. 6Estou disposto a reconhecer que os meus pensamentos não significam nada e a abandoná-
los. 7Escolho que sejam substituídos por aquilo que tencionavam substituir. 8Meus pensamentos não têm sem
significado, mas toda a criação está nos pensamentos que penso com Deus.
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5. (5) Nunca estou transtornado pela razão que imagino.
2
Nunca estou transtornado pela razão que imagino, porque estou constantemente a tentar justificar os meus
pensamentos. 3Estou constantemente a tentar fazer com que sejam verdadeiros. 4Faço com que todas as coi-
sas sejam minhas inimigas para que a minha raiva seja justificada e os meus ataques autorizados. 5Ao confe-
rir-lhes esse papel, não reconheci o quanto tenho usado erradamente todas as coisas que vejo. 6Tenho feito
isto para defender um sistema de pensamento que me tem ferido e que já não quero mais. 7Estou disposto a
abandoná-lo.

LIÇÃO 52
A revisão de hoje abrange estas ideias:

1. (6) Estou transtornado porque vejo algo que não existe.


2
A realidade nunca é assustadora. 3É impossível que ela possa transtornar-me. 4A realidade só traz perfeita
paz. 5Quando estou transtornado, é sempre porque substitui a realidade por ilusões que inventei. 6As ilusões
transtornam-me porque lhes tenho dado realidade e, assim, considero a realidade como uma ilusão. 7Nada na
criação de Deus é, de modo algum, afectado por essa minha confusão. 8Estou sempre transtornado por nada.

2. (7) Eu só vejo o passado.


2
Ao olhar à minha volta, condeno o mundo para que olho. 3A isso eu chamo ver. 4Retenho o passado contra
todos e contra tudo, fazendo com que sejam meus inimigos. 5Quando me tiver perdoado a mim mesmo e lem-
brado Quem sou, abençoarei a todos e a tudo o que vejo. 6Não haverá nenhum passado, portanto, nenhum
inimigo. 7E olharei com amor para tudo o que falhei em ver antes.

3. (8) A minha mente está preocupada com pensamentos passados.


2
Vejo só os meus próprios pensamentos e a minha mente está preocupada com o passado. 3Assim, o que posso
ver tal como é? 4Que eu me lembre que só olho para o passado com o intuito de impedir que o presente des-
ponte na minha mente. 5Que eu compreenda que estou a tentar usar o tempo contra Deus. 6Que eu aprenda a
descartar o passado, reconhecendo que, ao fazê-lo, não estou a desistir de nada.

4. (9) Não vejo nada tal como é agora.


2
Se nada vejo tal como é agora, pode dizer-se verdadeiramente que não vejo nada. 3Eu só posso ver o que é
agora. 4A escolha não está entre ver o passado ou o presente; a escolha está, simplesmente, entre ver ou não
ver. 5O que tenho escolhido ver custou-me a visão. 6Agora, quero escolher outra vez para que possa ver.

5. (10) Os meus pensamentos não significam nada.


2
Eu não tenho pensamentos privados. 3No entanto, só estou ciente de pensamentos privados. 4O que podem
esses pensamentos significar? 5Eles não existem, portanto, não significam nada. 6Contudo, a minha mente é
parte da criação e parte do seu Criador. 7Será que eu não preferiria unir-me ao pensamento do universo a
obscurecer tudo o que é realmente meu com os meus lamentáveis pensamentos «privados» sem significado?

LIÇÃO 53
Hoje reveremos o seguinte:

1. (11) Os meus pensamentos sem significado estão a mostrar-me um mundo sem significado.
2
Já que os pensamentos dos quais estou ciente não significam nada, o mundo que os retrata não pode ter
significado. 3O que está a produzir este mundo é doentio, assim como o que ele produz. 4A realidade não é
doentia e eu tenho pensamentos reais bem como pensamentos doentios. 5Eu posso, portanto, ver o mundo
real, se considerar os meus pensamentos reais como o meu guia para ver.

2. (12) Estou transtornado porque vejo um mundo sem significado.


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2
Pensamentos doentios transtornam. 3Produzem um mundo em que não há ordem seja onde for. 4Só o caos
governa um mundo que representa uma forma de pensar caótica, e o caos não tem leis. 5Não posso viver em
paz em tal mundo. 6Sinto-me grato por este mundo não ser real e por não precisar de vê-lo seja de que for, a
menos que escolha valorizá-lo. 7E não escolho valorizar algo que é totalmente doentio e não tem nenhum
significado.

3. (13) Um mundo sem significado gera medo.


2
Aquilo que é totalmente doentio gera medo porque é completamente não-confiável e não oferece nenhuma
base à confiança. 3Nada na loucura é confiável. 4Não oferece nenhuma segurança e nenhuma esperança. 5Mas
tal mundo não é real. 6Eu tenho lhe dado a ilusão de realidade e tenho sofrido em consequência da minha
crença nele. 7Agora, escolho retirar essa crença e colocar a minha confiança na realidade. 8Ao escolher assim
estou a escapar de todos os efeitos do mundo do medo, porque estou a reconhecer que ele não existe.

4. (14) Deus não criou um mundo sem significado.


2
Como pode um mundo sem significado existir se Deus não o criou? 3Ele é a Fonte de todo o significado, e
tudo o que é real está na sua Mente. 4Está, também, na minha mente, porque Ele criou-o comigo. 5Por que
deveria eu continuar a sofrer os efeitos dos meus próprios pensamentos doentios, quando a perfeição da cria-
ção é o meu lar? 6Que eu me lembre do poder da minha decisão e reconheça onde realmente habito.

5. (15) Os meus pensamentos são imagens que tenho vindo a fazer.


2
Tudo o que vejo reflecte os meus pensamentos. 3São eles que me dizem onde estou e o que sou. 4O facto de
ver um mundo no qual há sofrimento, perda e morte, mostra-me que estou a ver, apenas, a representação
dos meus pensamentos doentios e não estou a permitir que os meus pensamentos reais lancem a sua luz
beneficente sobre o que vejo. 5No entanto, o caminho de Deus é certo. 6As imagens que tenho vindo a fazer
não podem prevalecer contra Ele, porque não é minha vontade que o façam. 7A minha vontade é a Dele, e eu
não colocarei outros deuses diante Dele.

LIÇÃO 54
Estas são as ideias para a revisão de hoje:

1. (16) Eu não tenho pensamentos neutros.


2
Pensamentos neutros são impossíveis, porque todos os pensamentos têm poder. 3Eles farão um mundo falso
ou conduzir-me-ão ao mundo real. 4Mas os pensamentos não podem ser sem efeitos. 5Da mesma forma que o
mundo que vejo surge dos meus erros de pensamento, o mundo real surgirá diante dos meus olhos à medida
que eu permita que os meus erros sejam corrigidos. 6Os meus pensamentos não podem deixar de ser verda-
deiros ou falsos. 7Têm que ser uma coisa ou outra. 8O que vejo mostra-me o que são.

2. (17) Eu não vejo coisas neutras.


2
O que vejo testemunha o que penso. 3Se eu não pensasse não existiria, porque a vida é pensamento. 4Que eu
olhe o mundo que vejo como sendo a representação do próprio estado da minha mente. 5Sei que o estado da
minha mente pode mudar. 6E, assim, também sei que o mundo que vejo pode igualmente mudar.

3. (18) Não estou sozinho ao experimentar os efeitos do que vejo.


2
Se não tenho pensamentos privados, não posso ver um mundo privado. 3Até mesmo a louca ideia da separa-
ção teve de ser compartilhada, antes que pudesse formar a base do mundo que vejo. 4No entanto, aquele
compartilhar foi o compartilhar do nada. 5Também posso invocar os meus pensamentos reais que comparti-
lham tudo com todos. 6Da mesma forma que os meus pensamentos de separação convocam os pensamentos
de separação dos outros, assim também os meus pensamentos reais despertam os pensamentos reais neles. 7E
o mundo que os meus pensamentos reais me mostram despontará na vista deles assim como na minha.

4. (19) Não estou sozinho ao experimentar os efeitos dos meus pensamentos.

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2
Não estou sozinho em nada. 3Tudo o que penso, digo ou faço ensina a todo o universo. 4Um Filho de Deus não
pode pensar, falar ou agir em vão. 5Ele não pode estar sozinho em seja o que for. 6Portanto, está em meu
poder mudar todas as mentes juntamente com a minha, pois o meu poder é o de Deus.

5. (20) Estou determinado a ver.


2
Ao reconhecer a natureza compartilhada dos meus pensamentos, estou determinado a ver. 3Quero olhar para
as testemunhas que me mostram que o pensamento do mundo mudou. 4Quero contemplar a prova de que o
que tem sido feito através de mim tem capacitado o amor a substituir o medo, o riso a substituir as lágrimas
e a abundância a substituir a perda. 5Quero olhar para o mundo real, e deixar que ele me ensine que a minha
vontade e a Vontade de Deus são uma só.

LIÇÃO 55
A revisão de hoje inclui o seguinte:

1. (21) Estou determinado a ver as coisas de modo diferente.


2
O que vejo agora são apenas sinais de doença, desastre e morte. 3Isso não pode ser o que Deus criou para o
Seu Filho amado; 4O próprio facto de que vejo tais coisas é uma prova de que não compreendo Deus.
5
Portanto, também não compreendo o Seu Filho. 6O que vejo diz-me que não conheço quem sou. 7Estou
determinado a ver as testemunhas da verdade em mim, em vez daquelas que me mostram uma ilusão de mim
mesmo.

2. (22) O que vejo é uma forma de vingança.


2
O mundo que vejo dificilmente é uma representação de pensamentos amorosos. 3É um retrato de ataques a
tudo e por tudo. 4É qualquer coisa, menos um reflexo do Amor de Deus e do amor do Seu Filho. 5São os meus
próprios pensamentos de ataque que dão origem a este retrato. 6Os meus pensamentos amorosos salvar-me-
ão desta percepção do mundo e dar-me-ão a paz que Deus tencionava que eu tivesse.

3. (23) Posso escapar deste mundo desistindo dos meus pensamentos de ataque.
2
Nisto está a salvação e em nada mais. 3Sem pensamentos de ataque, eu não poderia ver um mundo de ata-
que. 4À medida que o perdão permite que o amor volte à minha consciência, verei um mundo de paz, segu-
rança e alegria. 5E é isto que escolho ver em lugar das coisas para as quais olho agora.

4. (24) Eu não percebo os meus maiores interesses.


2
Como posso eu reconhecer os meus maiores interesses se não conheço quem sou? 3O que penso serem os
meus maiores interesses apenas me ligam, ainda mais, ao mundo das ilusões. 4Estou disposto a seguir o Guia
que Deus me deu para encontrar quais são os meus maiores interesses, reconhecendo que não posso percebê-
los por mim mesmo.

5. (25) Não sei para que serve seja o que for.


2
Para mim, o propósito de tudo é o de provar que as minhas ilusões sobre mim mesmo são reais. 3É com este
propósito que tento fazer uso de todos e de tudo. 4É para isto que acredito que o mundo serve. 5Portanto,
não reconheço o seu propósito real. 6O propósito que tenho dado ao mundo conduziu a um retrato assustador
deste mundo. 7Que eu abra a minha mente para o propósito real do mundo, retirando o propósito que lhe
tenho dado, aprendendo a verdade sobre ele.

LIÇÃO 56
A nossa revisão para o dia de hoje abrange o seguinte:

1. (26) Os meus pensamentos de ataque estão a atacar a minha invulnerabilidade.


2
Como posso conhecer quem sou eu se me vejo sob ataques constantes? 3A dor, a enfermidade, a perda, a
idade e a morte parecem ameaçar-me. 4Todas as minhas esperanças, desejos e planos parecem estar à mercê
87
de um mundo que não posso controlar. 5No entanto, a segurança perfeita e a plenitude completa são a minha
herança. 6Tenho tentado abandonar a minha herança em troca do mundo que vejo. 7Mas Deus tem-na guarda-
do em segurança para mim. 8Os meus próprios pensamentos reais ensinar-me-ão o que ela é.

2. (27) Acima de tudo, eu quero ver.


2
Reconhecendo que o que vejo reflecte o que penso que sou, apercebo-me de que a visão é a minha maior
necessidade. 3O mundo que vejo testemunha a natureza amedrontada da auto-imagem que tenho vindo a
fazer. 4Se quero lembrar-me de quem sou, é essencial que deixe que essa imagem de mim mesmo se vá. 5Ao
ser substituída pela verdade, a visão certamente ser-me-á dada. 6E, com essa visão, olharei para o mundo e
para mim mesmo com caridade e amor.

3. (28) Acima de tudo, quero ver de modo diferente.


2
O mundo que vejo mantém no lugar a minha auto-imagem amedrontada e garante a sua continuidade.
3
Enquanto vejo o mundo tal como o vejo agora, a verdade não entra na minha consciência. 4Quero deixar que
a porta por trás deste mundo seja aberta para mim, para que possa olhar para o que vem depois, para o
mundo que reflecte o Amor de Deus.

4. (29) Deus está em tudo o que vejo.


2
Por trás de cada imagem que tenho vindo a fazer, a verdade permanece imutável. 3Por trás de cada véu com
que cobri a face do amor, a sua luz permanece inobscurecida. 4Além de todos os meus desejos doentios está
a minha vontade, unida à Vontade do meu Pai. 5Deus ainda está em toda a parte e em tudo, para sempre. 6E
nós, que somos parte Dele, ainda um dia olharemos para o que vem depois de todas as aparências e reconhe-
ceremos a verdade que está além de todas elas.

5. (30) Deus está em tudo o que vejo, pois Deus está na minha mente.
2
Na minha própria mente, por trás de todos os meus pensamentos doentios de separação e ataque, está o
conhecimento de que tudo é um para sempre. 3Não perdi o conhecimento de Quem sou por tê-lo esquecido.
4
Isso tem sido guardado para mim na Mente de Deus, Que não deixou os Seus Pensamentos. 5E eu, que estou
entre eles, sou um com eles e um com Ele.

LIÇÃO 57
Hoje vamos rever estas ideias:

1. (31) Eu não sou vítima do mundo que vejo.


2
Como posso ser vítima de um mundo que pode ser completamente desfeito, se assim escolher? 3As minhas
correntes estão soltas. 4Posso deixá-las cair, simplesmente, se tal desejar. 5A porta da prisão está aberta.
6
Posso sair, meramente, caminhando para fora. 7Nada me retém neste mundo. 8Só o meu desejo de ficar me
mantém prisioneiro. 9Quero desistir dos meus desejos doentios e, enfim, caminhar para a luz do sol.

2. (32) Eu inventei o mundo que vejo.


2
Eu inventei a prisão na qual me vejo. 3Tudo o que preciso de fazer é reconhecer isso, e serei livre. 4Tenho
me iludido a mim mesmo, ao acreditar que é possível aprisionar o Filho de Deus. 5Estava amargamente errado
sobre esta crença e não a quero mais. 6O Filho de Deus tem de ser livre para sempre. 7Ele é tal como Deus o
criou, e não aquilo que quero fazer dele. 8Está onde Deus quer que esteja, e não onde eu tinha intenções de
o manter prisioneiro.

3. (33) Existe um outro modo de ver o mundo.


2
Já que o propósito do mundo não é aquele que lhe atribuí, deve haver um outro modo de olhar para ele.
3
Vejo tudo de cabeça para baixo, e os meus pensamentos são o oposto da verdade. 4Vejo o mundo como uma
prisão para o Filho de Deus. 5Assim, o mundo tem de ser, realmente, o lugar onde se pode dar a sua liberta-
ção. 6Eu quero olhar para o mundo tal como é e vê-lo como um lugar onde o Filho de Deus encontra a sua
liberdade.

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4. (34) Eu poderia ver paz em vez disto.
2
Quando vejo o mundo como um lugar de liberdade, reconheço que reflecte as leis de Deus, em vez das
regras que inventei para que ele obedecesse. 3Compreenderei que a paz, e não a guerra, habita nele. 4E per-
ceberei que a paz também habita nos corações de todos aqueles que compartilham este lugar comigo.

5. (35) A minha mente é parte da Mente de Deus. 2Eu sou muito santo.
3
Ao compartilhar a paz do mundo com os meus irmãos, começo a compreender que esta paz vem do fundo de
mim mesmo. 4O mundo para o qual olho tem-se revestido da luz do meu perdão, e faz com que o perdão bri-
lhe de regresso para mim. 5Nesta luz, começo a ver o que as minhas ilusões sobre mim mesmo têm mantido
escondido. 6Começo a compreender a santidade de todas as coisas vivas, incluindo eu mesmo, e a sua unici-
dade comigo.

LIÇÃO 58
Estas ideias serão revisadas hoje:

1. (36) A minha santidade envolve tudo o que vejo.


2
A percepção do mundo real vem da minha santidade. 3Tendo perdoado, não me vejo mais como culpado.
4
Posso aceitar a inocência que é a verdade sobre mim. 5Vista com olhos que compreendem, a santidade do
mundo é tudo o que vejo, pois só posso retratar os pensamentos que mantenho sobre mim mesmo.

2. (37) A minha santidade abençoa o mundo.


2
A percepção da minha santidade não abençoa somente a mim. 3Todos e tudo o que vejo à sua luz comparti-
lham a alegria que ela me traz. 4Não há nada à parte desta alegria, porque não há nada que não compartilhe
a minha santidade. 5À medida que reconheço a minha santidade, a santidade do mundo resplandece para que
todos a vejam.

3. (38) Não há nada que a minha santidade não possa fazer.


2
A minha santidade é ilimitada no seu poder de curar, porque é ilimitada no seu poder de salvar. 3Do que
mais se pode ser salvo, senão de ilusões? 4E o que são todas as ilusões, excepto falsas ideias sobre mim mes-
mo? 5A minha santidade desfaz todas as ilusões, afirmando a verdade sobre mim. 6Na presença da minha san-
tidade, que compartilho com o próprio Deus, todos os ídolos se desvanecem.

4. (39) A minha santidade é a minha salvação.


2
Já que a minha santidade me salva de qualquer culpa, reconhecer a minha santidade é reconhecer a minha
salvação. 3É reconhecer, também, a salvação do mundo. 4Uma vez que tenha aceite a minha santidade, nada
me pode amedrontar. 5E, porque não tenho medo, todos têm de compartilhar a minha compreensão, que é a
dádiva de Deus para mim e para o mundo.

5. (40) Eu sou abençoado como um Filho de Deus.


2
Aqui está a minha reivindicação a todo o bem e só ao bem. 3Eu sou abençoado como um Filho de Deus.
4
Todas as coisas boas são minhas, porque Deus as destinou a mim. 5Por ser Quem sou, não posso sofrer qual-
quer perda, privação ou dor. 6O meu Pai sustenta-me, protege-me e conduz-me em todas as coisas. 7O Seu
cuidado por mim é infinito, e está comigo para sempre. 8Como Seu Filho, sou eternamente abençoado.

LIÇÃO 59
As seguintes ideias são para a revisão de hoje:

1. (41) Deus vai comigo onde quer que eu vá.


2
Como posso estar só uma vez que Deus sempre vai comigo? 3Como posso ter dúvidas e ficar inseguro de mim
mesmo, quando a certeza perfeita habita Nele? 4Como posso ser perturbado seja pelo que for, quando Ele
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descansa em mim em absoluta paz? 5Como posso sofrer, quando o amor e a alegria me cercam através Dele?
6
Que eu não alimente ilusões sobre mim mesmo. 7Eu sou perfeito porque Deus vai comigo onde quer que eu
vá.

2. (42) Deus é a minha força. 2A visão é Sua dádiva.


3
Que eu não recorra aos meus próprios olhos para ver no dia de hoje. 4Que eu esteja disposto a trocar a
minha lamentável ilusão de ver pela visão que me é dada por Deus. 5A visão de Cristo é a Sua dádiva e Ele
tem-na dado a mim. 6Que eu invoque essa dádiva hoje, para que este dia me possa ajudar a compreender a
eternidade.

3. (43) Deus é a minha Fonte. 2Eu não posso ver à parte d'Ele.
3
Eu posso ver o que Deus quer que eu veja. 4Não posso ver nada mais. 5Além da Sua Vontade, estão apenas
ilusões. 6São essas que escolho quando penso que posso ver à parte d'Ele. 7São essas que escolho quando ten-
to ver através dos olhos do corpo. 8No entanto, a visão de Cristo tem-me sido dada para as substituir. 9É atra-
vés desta visão que eu escolho ver.

4. (44) Deus é a luz na qual vejo.


2
Eu não posso ver na escuridão. 3Deus é a única luz. 4Portanto, se hei de ver, tem de ser através Dele. 5Tentei
definir o que é ver, e estava errado. 6Agora, me é dado compreender que Deus é a luz na qual vejo. 7Que eu
dê as boas-vindas à visão e ao mundo feliz que ela me mostrará.

5. (45) Deus é a Mente com a qual penso.


2
Não tenho pensamentos que não compartilhe com Deus. 3Não tenho pensamentos à parte d'Ele, porque não
tenho nenhuma mente à parte da Dele. 4Como parte da Mente Dele, os meus pensamentos são os Dele e os
Dele são os meus.

LIÇÃO 60
Estas são as ideias para a revisão de hoje:

1. (46) Deus é o Amor no qual perdoo.


2
Deus não perdoa porque Ele nunca condenou. 3Os irrepreensíveis não podem repreender e aqueles que acei-
taram a sua inocência não vêem nada para perdoar. 4No entanto, o perdão é o meio pelo qual reconhecerei a
minha inocência. 5É o reflexo do Amor de Deus na terra. 6Ele aproximar-me-á do Céu o suficiente para que o
Amor de Deus possa inclinar-Se para alcançar-me e erguer-me até Ele.

2. (47) Deus é a força na qual confio.


2
Não é através da minha própria força que eu perdoo. 3É através da força de Deus em mim, a qual recordo ao
perdoar. 4À medida que começo a ver, reconheço o Seu reflexo na terra. 5Perdoo todas as coisas porque sinto
a Sua força despertar em mim. 6E começo a lembrar-me do Amor que escolhi esquecer, mas Que não Se
esqueceu de mim.

3. (48) Não há nada a temer.


2
Como o mundo me parecerá seguro quando puder vê-lo! 3Não se parecerá com nada do que imagino ver ago-
ra. 4Tudo e todos aqueles que vejo se inclinarão para mim para me abençoar. 5Reconhecerei, em cada um, o
meu mais caro Amigo. 6O que poderia haver para temer num mundo que eu perdoei e que me perdoou?

4. (49) A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia.


2
Não há nenhum momento em que a Voz de Deus deixe de invocar o meu perdão para me salvar. 3Não há
nenhum momento em que a Sua Voz deixe de dirigir os meus pensamentos, guiar as minhas acções e conduzir
os meus pés. 4Estou a caminhar firmemente em direcção à verdade. 5Não há nenhum outro lugar para onde eu
possa ir, porque a Voz de Deus é a única voz e o único guia que foram dados ao Seu Filho.

90
5. (50) Eu sou sustentado pelo Amor de Deus.
2
Ao escutar a Voz de Deus, sou sustentado pelo Seu Amor. 3Ao abrir os meus olhos, o Seu Amor ilumina o
mundo para que eu o veja. 4Ao perdoar, o Amor de Deus lembra-me que o Seu Filho não tem pecado. 5E ao
olhar para o mundo com a visão que Ele me deu, lembro-me que sou Seu Filho.

LIÇÃO 61
Eu sou a luz do mundo.

1. Quem é a luz do mundo senão o Filho de Deus? Essa, então, é apenas uma declaração da verdade sobre ti
mesmo. É o oposto de uma declaração de orgulho, de arrogância, ou de auto-engano. Não descreve o concei-
to de ti mesmo que tens feito. Não se refere a nenhuma das características com as quais dotaste teus ídolos.
Refere-se a ti, tal como foste criado por Deus. Simplesmente, declara a verdade.

2. Para o ego, a ideia de hoje é o epítome da autoglorificação. Mas o ego não compreende a humildade,
tomando-a erradamente por autodegradação. A humildade consiste em aceitar o teu papel na salvação e em
não assumir nenhum outro. Não é humildade insistir que não podes ser a luz do mundo, se esta é a função
que Deus designou para ti. Só a arrogância afirmaria que esta função não pode ser para ti, e a arrogância é
sempre do ego.

3. A verdadeira humildade requer que aceites a ideia de hoje porque é a Voz de Deus Que te diz que ela é
verdadeira. Este é um passo inicial para aceitar a tua real função na terra. É um passo gigantesco no sentido
de assumir o teu lugar de direito na salvação. É uma afirmação positiva do teu direito de ser salvo, e um
reconhecimento do poder que te é dado para salvar os outros.

4. Tu vais querer pensar sobre esta ideia com a maior frequência possível hoje. É a resposta perfeita para todas as ilusões
e, portanto, para qualquer tentação. Ela traz à verdade todas as imagens que tens feito de ti mesmo e ajuda-te a ir em
paz, aliviado da tua carga e certo do teu propósito.

5. Tantos períodos de prática quantos forem possíveis devem ser empreendidos hoje, embora cada um deles
não precise ultrapassar um ou dois minutos. Deves começar dizendo a ti mesmo:

Eu sou a luz do mundo. Esta é a minha única função.


É, por isso, que estou aqui.

Em seguida pensa nestas declarações por um momento, de preferência com os olhos fechados, se a situação o
permitir. Deixa que alguns pensamentos correlatos venham a ti e repete a ideia para ti mesmo se a tua men-
te se desviar do pensamento central.

6. Certifica-te de começares e terminares o dia com um período de prática. Assim, acordarás com o reconhe-
cimento da verdade sobre ti mesmo, reforçá-la-ás ao longo do dia e voltarás a dormir enquanto reafirmas a
tua função e o teu único propósito aqui. Estes dois períodos de prática podem ser mais longos que os outros,
se os achares úteis e quiseres estendê-los.

7. A ideia de hoje vai muito além das perspectivas mesquinhas do ego sobre o que és e qual é o teu propósi-
to. Como um portador da salvação, isso é obviamente necessário. Este é o primeiro de vários passos gigantes-
cos que daremos nas próximas semanas. Tenta começar a construir hoje um alicerce firme para estes avan-
ços. Tu és a luz do mundo. Deus construiu o Seu plano para a salvação do Seu Filho sobre ti.

LIÇÃO 62
O perdão é a minha função sendo Seu a luz do mundo.

1. É o teu perdão que trará o mundo das trevas até à luz. É o teu perdão que permite que reconheças a luz na
qual vês. O perdão é a demonstração de que és a luz do mundo. Através do teu perdão, a verdade sobre ti
mesmo retoma à tua memória. Portanto, é no teu perdão que está a tua salvação.

2. As ilusões sobre ti mesmo e o mundo são uma só. É por esta razão que todo o perdão é uma dádiva para ti
mesmo. A tua meta é descobrir quem és, tendo tu negado a tua Identidade por teres atacado a criação e o
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Teu Criador. Agora, estás aprendendo como recordar a verdade. Para isso, o ataque tem que ser substituído
pelo perdão, a fim de que pensamentos de vida possam substituir pensamentos de morte.

3. Lembra-te de que, a cada ataque, invocas a tua própria fraqueza, enquanto que a cada vez que perdoas
invocas a força de Cristo em ti. Será que não estás começando a compreender o que o perdão fará por ti?
Removerá da tua mente qualquer sensação de fraqueza, tensão e fadiga. Afastará o medo, culpa e dor. Res-
taurará, na tua consciência, a invulnerabilidade e o poder que Deus deu ao Seu Filho.

4. Vamos alegrar-nos por começarmos e terminarmos este dia praticando a ideia de hoje, e por usá-la tão
frequentemente quanto possível. Ela ajudará a fazer o dia tão feliz para ti quanto Deus quer que sejas. E
ajudará a todos à tua volta, assim como àqueles que parecem estar longe no espaço e no tempo, a comparti-
lharem esta felicidade contigo.

5. Com tanta frequência quanto puderes, se possível fechando os olhos, diz hoje para ti mesmo:

O perdão é minha função como a luz do mundo.


Quero cumprir minha função para que eu possa ser feliz.

Em seguida, dedica um ou dois minutos a considerar a tua função, a felicidade e a libertação que ela te tra-
rá. Deixa pensamentos correlatos virem livremente, pois o teu coração reconhecerá estas palavras e na tua
mente está a consciência de que são verdadeiras. Se a tua atenção se desviar, repete a ideia e acrescenta:

Quero me lembrar disso porque quero ser feliz.

LIÇÃO 63
A luz do mundo traz paz a todas as mentes através do meu perdão.

1. Quão santo és tu, que tens o poder de trazer paz a todas as mentes! Quão bem-aventurado és tu, que
podes aprender a reconhecer o meio para permitir que isso seja feito através de ti! Que outro propósito
poderias ter que te trouxeste maior felicidade?

2. Tu és, de facto, a luz do mundo com tal função. Filho de Deus olha para ti a procurar a sua redenção. Ela é
tua para ser dada a ele, pois pertence a ti. Não aceites nenhum propósito trivial ou desejo sem significado no
Seu lugar ou te esquecerás da tua função e deixarás o Filho de Deus no inferno. Este não é um pedido fútil
que te está sendo feito. A ti pede-se que aceites a salvação, para que ela possa ser tua e para que a dês a
outros.

3. Reconhecendo a importância desta função, ficaremos felizes em lembrar-nos dela muitas vezes hoje.
Começaremos o dia por reconhecê-la e encerraremos o dia com este pensamento na nossa consciência. E, ao
longo do dia, repetiremos isto com a maior frequência possível:

A luz do mundo traz paz a todas as mentes através do meu perdão. Eu sou o meio que Deus desig-
nou para a salvação do mundo.

4. Se fechares os olhos, provavelmente acharás mais fácil deixar que os pensamentos correlatos venham a ti
no espaço de um ou dois minutos que deves dedicar a considerar isso. Todavia não esperes por tal oportuni-
dade. Nenhuma chance para reforçar a ideia de hoje deve ser perdida. Lembra-te de que o Filho de Deus olha
para ti a procurar a sua salvação. E quem é o Seu Filho senão o teu Ser?

LIÇÃO 64
Que eu não me esqueça da minha função.

1. A ideia de hoje é, simplesmente, uma outra maneira de dizer: "Que eu não caia em tentação." O propósito
do mundo que vês é o de obscurecer a tua função de perdoar e te prover uma justificação para esquecê-la. É
a tentação de abandonar a Deus e ao Seu Filho assumindo uma aparência física. É para isso que olham os
olhos do corpo.

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2. Nada do que os olhos do corpo parecem ver pode ser coisa alguma além de uma forma de tentação, já que
este foi o propósito do corpo em si mesmo. No entanto, aprendemos que o Espírito Santo tem outra utilidade
para todas as ilusões que tens feito e, assim, Ele vê um outro propósito nelas. Para o Espírito Santo, o mundo
é um lugar onde aprendes a perdoar-te pelo que pensas serem os teus pecados. Nesta percepção a aparência
física da tentação vem a ser o reconhecimento espiritual da salvação.

3. Revendo as nossas últimas lições, a tua função aqui é a de ser a luz do mundo, uma função que te foi dada
por Deus. Só a arrogância do ego te conduz a questionar isso e só o medo do ego te induz a considerar-te
indigno da tarefa que te foi designada pelo próprio Deus. A salvação do mundo aguarda o teu perdão, porque
através dele o Filho de Deus escapa de todas as ilusões e, assim, de qualquer tentação. Tu és o Filho de Deus.

4. Só serás feliz cumprindo a função que te foi dada por Deus. Isso porque a tua função é a de ser feliz, usan-
do o meio pelo qual a felicidade vem a ser inevitável. Não há outro caminho. Portanto, sempre que escolhe-
res cumprir ou não a tua função, na realidade estás escolhendo entre ser ou não feliz.

5. Lembremo-nos disso hoje. Lembremo-nos disso pela manhã e de novo à noite, assim como ao longo do dia.
Prepara-te com antecedência para todas as decisões que tomarás hoje, lembrando-te que realmente são
todas muito simples. Cada uma conduzirá à felicidade ou à infelicidade. Pode uma decisão tão simples real-
mente ser tão difícil? Não deixes que a forma da decisão te engane. Complexidade de forma não implica em
complexidade de conteúdo. É impossível que qualquer decisão na terra possa ter um conteúdo diferente des-
ta escolha única e simples. Esta é a única escolha que o Espírito Santo vê. Portanto, é a única escolha que
existe.

6. Então, pratiquemos hoje estes pensamentos:

Que eu não esqueça a minha função.


Que eu não tente substituir a função de Deus pela minha.
Que eu perdoe e seja feliz.

Pelo menos uma vez hoje, dedica dez ou quinze minutos a uma reflexão sobre isso com os olhos fechados.
Pensamentos correlatos virão para ajudar-te, se te lembrares da importância crucial da tua função para ti
mesmo e para o mundo.

7. Nas frequentes aplicações da ideia de hoje ao longo do dia, dedica vários minutos a rever estes pensamen-
tos e, em seguida, a pensar neles e em mais nada. Será difícil particularmente no começo, pois não estás
treinado na disciplina mental que isso requer. Talvez precises repetir "Que eu não esqueça a minha função"
com frequência para te ajudar a concentrar-te.

8. São requeridas duas formas de períodos de prática mais curtos. Algumas vezes, faz os exercícios com os
olhos fechados, a tentar concentrar-te nos pensamentos que estás a usar. Nas outras vezes, mantém os olhos
abertos depois de rever os pensamentos e, em seguida, olha vagarosa e indiscriminadamente ao teu redor,
dizendo para ti mesmo:

Este é o mundo que eu tenho por função salvar.

LIÇÃO 65
A minha única função é a que Deus me deu.

1. A ideia para hoje reafirma o teu compromisso com a salvação. Também te recorda que não tens nenhuma
outra função senão essa. Estes dois pensamentos são obviamente necessários para um compromisso total. A
salvação não pode ser o teu único propósito enquanto ainda nutrires outros. A aceitação total da salvação
como tua única função necessariamente envolve duas fases: o reconhecimento da salvação como tua função e
o abandono de todas as outras metas que inventaste para ti mesmo.

2. Este é o único caminho para assumires o teu lugar de direito entre os salvadores do mundo. Este é o único
caminho para poderes dizer com real intenção: "A minha única função é a que Deus me deu." este é o único
caminho no qual podes encontrar paz para a tua mente.

3. Hoje e nos próximos dias, reserva de dez a quinze minutos para um período de prática mais prolongado,
durante o qual tentarás compreender e aceitar o que a ideia para o dia realmente significa. A ideia de hoje
oferece uma saída para todas as dificuldades que percebes. Ela coloca nas tuas próprias mãos a chave da
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porta da paz, que fechaste para ti mesmo. Ela te dá a reposta para tudo o que tens procurado desde o início
dos tempos.

4. Se possível, tenta empreender os períodos diários prolongados de prática mais ou menos no mesmo horário
a cada dia. Tenta também determinar este horário com antecedência e segui-lo na medida do possível. O
propósito disto é o de organizar o teu dia de modo a reservar tempo para Deus, assim como para tantos
outros propósitos e metas triviais que perseguirás. Isso faz parte do treino de longo alcance necessário para
disciplinar a tua mente, a fim de que o Espírito Santo possa usá-la de modo constante no propósito que Ele
compartilha contigo.

5. Ao começar o período de prática mais longo, revê a ideia para o dia. Em seguida, fecha os olhos, repete a
ideia para ti mesmo mais uma vez, e vigia com cuidado a tua mente para captar quaisquer pensamentos que
passem por ela. Inicialmente, não tentes concentrar-te apenas nos pensamentos relacionados com a ideia
para o dia. Ao invés disso, tenta descobrir cada pensamento que surgir para interferir. Nota cada um à medi-
da que vem a ti com o menor envolvimento ou preocupação possível, descartando cada um com estas pala-
vras para ti mesmo:

este pensamento reflecte uma meta que está a impedir-me de aceitar a minha única função.

6. Depois de algum tempo, passará a ser mais difícil encontrar pensamentos que interfiram. Todavia, tenta
continuar por mais ou menos um minuto, a procurar captar alguns dos pensamentos vãos que escaparam à tua
atenção antes, sem contudo criares tensão ou esforçares-te indevidamente ao fazê-lo. Em seguida, diz a ti
mesmo:

Que a minha verdadeira função seja escrita para mim neste espaço em branco.

Não é preciso usar exactamente estas palavras, mas tenta ter a sensação de estar disposto a deixar que as
tuas ilusões de propósito sejam substituídas pela verdade.

7. Finalmente, repete a ideia para o dia de hoje mais uma vez e dedica o resto do período de prática à tenta-
tiva de te concentrares na importância que ela tem para ti, no alívio que a sua aceitação te trará ao resolver
os teus conflitos de uma vez por todas, e no quanto realmente queres a salvação, apesar das tuas próprias
ideias tolas em contrário.

8. Nos períodos de prática mais curtos, que devem ser empreendidos pelo menos uma vez por hora, usa esta
forma ao aplicar a ideia de hoje:

A minha única função é a que Deus me deu. Eu não quero e não tenho nenhuma outra.

Algumas vezes fecha os olhos ao praticar isto; outras vezes mantém os olhos abertos e olha à tua volta. É o
que vês agora que será totalmente mudado quando aceitares por completo a ideia de hoje.

LIÇÃO 66
A minha felicidade e a minha função são uma só.

1. Certamente tens notado em todas as nossas últimas lições, uma ênfase na conexão entre o cumprimento
da tua função e a realização da felicidade. Isso acontece porque realmente não vês a conexão. E, no entanto,
entre elas há mais do que apenas uma conexão, elas são a mesma coisa. Suas formas são diferentes, mas o
seu conteúdo é completamente uno.

2. O ego batalha constantemente com o Espírito Santo sobre a questão fundamental do que é a tua função.
Da mesma forma, ele batalha constantemente com o Espírito Santo acerca do que é a tua felicidade. Não é
uma batalha a dois. O ego ataca e o Espírito Santo não responde. Ele sabe qual é a tua função. Ele sabe que
ela é a tua felicidade.

3. Hoje, tentaremos ir além desta batalha totalmente sem significado para chegar à verdade sobre a tua fun-
ção. Não nos vamos envolver com argumentos sem sentido sobre o que ela é. Não vamos nos envolver inutil-
mente na definição da felicidade e em determinar os meios para realizá-la. Não vamos ser indulgentes para
com o ego, escutando os seus ataques contra a verdade. Vamos nos contentar-nos, simplesmente, por poder-
mos descobrir o que é a verdade.

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4. Hoje, o nosso período de prática mais longo tem como propósito a tua aceitação do facto de que não só há
uma conexão muito real entre a função que Deus te deu e a tua felicidade, mas que elas são, de facto, idên-
ticas. Deus só te dá felicidade. Portanto, a função que Ele te deu tem que ser felicidade, mesmo que pareça
ser diferente. Os exercícios de hoje são uma tentativa de ir além dessas diferenças aparentes e reconhecer
um conteúdo comum, aí onde ele existe na verdade.

5. Começa o período de prática de dez a quinze minutos revendo estes pensamentos:

Deus só me dá felicidade.
Ele deu-me a minha função.
Portanto, a minha função tem que ser a felicidade.

Tenta ver a lógica desta sequência, mesmo que ainda não aceites a conclusão. A conclusão só poderia ser
falsa se os dois primeiros pensamentos estivessem errados. Vamos, então, pensar um pouco sobre as premis-
sas enquanto estamos praticando.

6. A primeira premissa é: Deus só te dá felicidade. Isso poderia ser falso, é claro, mas para que o fosse, seria
preciso definir Deus como algo que Ele não é. Amor não pode dar o mal e o que não é felicidade é mal. Deus
não pode dar o que Ele não tem e Ele não pode ter aquilo que Ele não é. A não ser que Deus te dê só felicida-
de, Ele não pode deixar de ser mau. E é nesta definição de Deus que estás acreditando se não aceitas a pri-
meira premissa.

7. A segunda premissa é: Deus deu-te a tua função. Já vimos que há só duas partes na tua mente. Uma é
dominada pelo ego e feita de ilusões. A outra é o lar do Espírito Santo onde habita a verdade. Não há outros
guias além destes entre os quais escolher e não há outras consequências possíveis como resultado da tua
escolha senão o medo, que o ego sempre engendra, ou o amor que o Espírito Santo sempre oferece para subs-
tituí-lo.

8. Assim é necessário que a tua função tenha sido estabelecida por Deus através da Sua Voz, ou que ela tenha
sido feita pelo ego que tu fizeste para O substituir. Qual é a verdadeira? Se Deus não te deu a tua função, ela
tem que ser dádiva do ego. E, porventura, o ego tem realmente dádivas para dar, sendo ele próprio uma ilu-
são e oferecendo apenas ilusões de dádivas?

9. Pensa sobre isso durante o período de prática mais longo de hoje. Pensa também sobre as muitas formas
que a ilusão da tua função tem tomado na tua mente e sobre as muitas maneiras nas quais tentaste encontrar
a salvação sob a orientação do ego. Achaste-a? Foste feliz? Trouxeram paz? Precisamos de muita honestidade
hoje. Lembra-te com equidade dos resultados e considera, também, se algum dia foi razoável esperar a feli-
cidade a partir de qualquer coisa que o ego jamais propôs. No entanto, o ego é a única alternativa para a Voz
do Espírito Santo.

10. Escutarás a loucura ou ouvirás a verdade. Procura fazer esta escolha ao pensar nas premissas sobre as
quais se baseia a nossa conclusão. Nós podemos compartilhar esta conclusão e nenhuma outra. Pois o próprio
Deus a compartilha connosco. A ideia de hoje é mais um passo gigantesco na percepção do que é o mesmo
como o mesmo e do que é diferente como diferente. De um lado, estão todas as ilusões. Do outro, está toda
a verdade. Hoje, procuremos reconhecer que só a verdade é verdadeira,

11. Nos períodos de prática mais curtos, que hoje teriam o máximo proveito se fossem empreendidos duas
vezes por hora, sugerimos esta forma de aplicação:

A minha felicidade e a minha função são uma só porque ambas me foram dadas por Deus.

Não levarás mais de um minuto, provavelmente menos, para repetir estas palavras lentamente e pensar um
pouco sobre elas ao dizê-las.

LIÇÃO 67
O Amor criou-me como Ele Mesmo.

1. A ideia de hoje é uma declaração precisa e completa do que tu és. É a razão pela qual tu és a luz do mun-
do. É a razão pela qual Deus te designou como salvador do mundo. É a razão pela qual o Filho de Deus olha
para ti à procura da sua própria salvação. Ele é salvo pelo que tu és. Faremos todos os esforços hoje para

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alcançarmos esta verdade sobre ti e para reconhecermos inteiramente, mesmo que seja apenas por um mo-
mento, que esta é a verdade.

2. No período de prática mais longo, reflectiremos sobre a tua realidade e a natureza totalmente inalterada e
inalterável que lhe é própria. Começaremos por repetir esta verdade sobre ti e, em seguida, passaremos uns
poucos minutos acrescentando alguns pensamentos relevantes tais como:

A santidade criou-me santo.


A benignidade criou-me benigno.
A ajuda criou-me capaz de ajudar.
A perfeição criou-me perfeito.

Qualquer atributo que estiver de acordo com Deus, tal como Ele se define a Si Mesmo, é apropriado. Hoje
estamos a tentar desfazer a tua definição de Deus e substituí-la pela Sua própria. Também estamos a tentar
enfatizar que tu és parte da Sua definição de Si Mesmo.

3. Depois de ter reflectido sobre diversos pensamentos correlatos tais como estes, procura deixar todos os
pensamentos de lado por um breve intervalo preparatório e, então, tenta alcançar a verdade em ti que está
depois de todas as tuas imagens e preconceitos sobre ti mesmo. Se o Amor te criou como Ele Mesmo, este Ser
tem que estar em ti. E Ele tem que estar lá, em algum lugar da tua mente, para que O encontres.

4. É possível que aches necessário repetir a ideia para o dia de hoje de vez em quando para substituir pensa-
mentos que te distraiam. Também é possível que não aches isso suficiente, e que precises continuar acres-
centando outros pensamentos relacionados com a verdade sobre ti mesmo. No entanto, talvez tenhas sucesso
em ir além disso e passar pelo intervalo da ausência de pensamentos, até chegares à consciência de uma luz
resplandecente na qual te reconheces tal como o Amor te criou. Tem confiança de que farás muito hoje para
trazer esta consciência para mais perto de ti, quer sintas, quer não, que tiveste sucesso.

5. Hoje será particularmente útil praticar a ideia para o dia o mais que puderes. Precisas ouvir a verdade
sobre ti mesmo com a maior frequência possível, porque a tua mente está muito preocupada com auto-
imagens falsas. Seria muito benéfico lembrares-te, quatro ou cinco vezes por hora, talvez mais, que o Amor
te criou como Ele Mesmo. Ouve a verdade sobre ti nisso.

6. Nos períodos de prática mais curtos, tenta reconhecer que não é a tua voz diminuta e solitária que te diz
isto. Esta é a Voz por Deus, lembrando-te do teu Pai e do teu Ser. Esta é a Voz da verdade, substituindo tudo
o que o ego te diz a respeito de ti mesmo pela simples verdade sobre o Filho de Deus. Tu foste criado pelo
Amor como Ele Mesmo.

LIÇÃO 68
O Amor não guarda mágoas.

1. Tu, que foste criado pelo Amor como Ele Mesmo, não podes guardar mágoas e conhecer o teu Ser. Guardar
uma mágoa é esquecer quem és. Guardar uma mágoa é ver a ti mesmo como um corpo. Guardar uma mágoa é
deixar que o ego domine a tua mente e condenar o corpo à morte. Talvez ainda não reconheças inteiramente
o que guardar mágoas faz à tua mente. Parece dividir-te, afastando-te da tua Fonte e a fazer com que não
sejas como Ela. Isso faz com que acredites que a tua Fonte é como o que pensas que passaste a ser, pois nin-
guém pode conceber que o Seu Criador não seja como ele mesmo.

2. Excluído do teu Ser, Que permanece ciente da Sua semelhança com o Seu Criador, o teu Ser parece dor-
mir, enquanto a parte da tua mente que tece ilusões no seu sono parece estar desperta. Guardar mágoas
pode causar tudo isto? Pode, sim! pois aquele que guarda mágoas nega que foi criado pelo Amor e, no seu
sonho de ódio, o seu Criador passa a ser amedrontador para ele. Quem pode sonhar com o ódio e não ter
medo de Deus?

3. É tão garantido que aqueles que guardam mágoas redefinirão Deus à sua própria imagem, quanto é garan-
tido que Deus os criou como Ele Mesmo e os definiu como parte de Si. É tão garantido que aqueles que guar-
dam mágoas sofrerão culpa, quanto é garantido que aqueles que perdoam encontrarão a paz. É tão garantido
que aqueles que guardam mágoas esquecerão quem são, quanto é certo que aqueles que perdoam se lembra-
rão.

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4. Não estarias disposto a abandonar as tuas mágoas se acreditasses que tudo isso é assim? Talvez não penses
que possas soltar as tuas mágoas. Mas isso é apenas uma questão de motivação. Hoje, tentaremos descobrir
como te sentirias sem elas. Se tiveres sucesso, por pouco que seja, nunca mais terás problemas de motiva-
ção.

5. Começa o período de prática mais longo de hoje a procurar na tua mente as pessoas das quais guardas
aquelas mágoas que consideras como as maiores. Será bem fácil encontrar algumas delas. Em seguida, pensa
nas mágoas aparentemente menores, aquelas que guardas daqueles de quem gostas, ou a quem até pensas
que amas. Rapidamente tomar-se-á claro que não há pessoa alguma contra a qual não nutras algum tipo de
mágoa. Isso deixou-te sozinho em todo o universo, na tua percepção de ti mesmo.

6. Agora, determina-te a ver todas essas pessoas como amigas. Diz a todas elas, pensando em cada uma por
sua vez ao fazê-lo:

Quero ver-te como meu amigo para que possa lembrar-me que és parte de mim e vir a conhecer-me a
mim mesmo.

Passa o resto do período de prática a tentar pensar em ti mesmo completamente em paz com todos e com
tudo, a salvo num mundo que te protege e te ama e ao qual correspondes com o teu amor. Procura sentir a
segurança que te cerca, pairando sobre ti e amparando-te. Procura acreditar, ainda que por pouco tempo,
que nada te pode causar dano de forma alguma. No final do período de prática, diz a ti mesmo:

O amor não guarda mágoas. Quando Seu soltar todas as minhas mágoas saberei que estou em per-
feita segurança.

7. Os períodos mais curtos de prática deverão incluir uma aplicação imediata da ideia de hoje nesta forma,
sempre que surgir algum pensamento de mágoa de alguém fisicamente presente ou não:

O amor não guarda mágoas. Que eu não traia o meu Ser.

Além disso, repete a ideia várias vezes por hora desta forma:

Amor não guarda mágoas. Quero acordar para o meu Ser deixando de lado todas as minhas mágoas
e acordando Nele.

LIÇÃO 69
As minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim.

1. Ninguém pode olhar para o que as tuas mágoas ocultam. Como as tuas mágoas estão a esconder a luz do
mundo em ti, todos estão nas trevas e tu junto com eles. Mas quando o véu das tuas mágoas é erguido, és
libertado com eles. Compartilha agora a tua salvação com aquele que permaneceu ao teu lado quando esta-
vas no inferno. Ele é teu irmão na luz do mundo que salva a ambos.

2. Hoje, vamos fazer mais uma tentativa real de alcançar a luz em ti. Antes de empreendermos isso no perío-
do de prática mais longo, dediquemos vários minutos a pensar sobre o que estamos a tentar fazer. Estamos
literalmente a tentar entrar em contacto com a salvação do mundo. Estamos a tentar ver além do véu de
escuridão que a mantém oculta. Estamos a procurar deixar que o véu seja erguido e ver as lágrimas do Filho
de Deus desaparecerem à luz do sol.

3. Iniciemos o nosso período de prática mais longo de hoje com o total reconhecimento de que isso é assim e
com a real determinação de alcançar o que nos é mais caro do que tudo. A salvação é a nossa única necessi-
dade. Aqui não existe outro propósito e nenhuma outra função a cumprir. Aprender a salvação é a nossa única
meta. Acabemos hoje com a antiga busca, achando a luz em nós e mostrando-a a todos os que procuram con-
nosco para que a contemplem e se regozijem.

4. Agora, em muita quietude e com os olhos fechados, tenta deixar que a tua consciência se esvazie de todo
o conteúdo que normalmente a ocupa. Pensa na tua mente como um vasto círculo cercado de uma camada de
nuvens pesadas e escuras. Só podes ver as nuvens porque parece que estás do lado de fora do círculo e bem à
parte dele.

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5. De onde estás, não vês nenhuma razão para acreditares que exista uma luz brilhante oculta pelas nuvens.
As nuvens parecem ser a única realidade. Elas parecem ser tudo o que há para ver. Por isso, não tentas atra-
vessá-las e ir além, o que seria o único modo pelo qual realmente te convencerias de sua falta de substância.
Faremos esta tentativa hoje.

6. Depois de teres pensado sobre a importância do que estás a tentar fazer por ti mesmo e pelo mundo, tenta
acalmar-te em perfeita serenidade, lembrando-te apenas do quanto queres alcançar a luz em ti, hoje - ago-
ra! Determina-te a atravessar as nuvens. Estende-te e toca-as na tua mente. Dispersa-as com a mão, sente-as
sobre a tua face, testa e pálpebras à medida que as atravessas. Continua, pois nuvens não podem deter-te.

7. Se estiveres a fazer os exercícios adequadamente, começarás a ter a sensação de estares a ser erguido e
carregado adiante. O teu pequeno esforço e a tua modesta determinação invocam o poder do universo para
te ajudar e o próprio Deus te erguerá das trevas para a luz. Estás de acordo com a Sua Vontade. Não podes
fracassar, pois a tua vontade é a Dele.

8. Tem confiança no teu Pai hoje e tem a certeza de que Ele te ouviu e te respondeu. Pode ser que ainda não
tenhas reconhecido a Sua resposta, mas podes ter a certeza, de facto, de que ela te é dada e que ainda a
receberás. Ao tentares atravessar as nuvens e alcançar a luz, tenta conservar esta confiança na tua mente.
Procura lembrar-te de que, afinal, estás a unir a tua vontade à de Deus. Tenta manter com clareza na tua
mente o pensamento de que tudo o que empreenderes com Deus tem que ter sucesso. Então, deixa o poder
de Deus trabalhar em ti e através de ti para que seja feita a Sua Vontade e a tua.

9. Nos períodos de prática mais curtos, que quererás empreender com a maior frequência possível tendo em
vista a importância da ideia de hoje para ti e para a tua felicidade, lembra-te de que as tuas mágoas estão a
esconder a luz do mundo da tua consciência. Lembra-te também de que não a estás a procurar sozinho e que
sabes aonde procurá-la. E então, diz:

Minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim. Eu não posso ver o que tenho escondido. Mas
quero deixar que me seja revelado, para minha salvação e a salvação do mundo.

Certifica-te também de dizer a ti mesmo:

Se eu guardar esta mágoa a luz do mundo será escondida de mim,

se fores tentado a guardar alguma mágoa de qualquer pessoa hoje.

LIÇÃO 70
A minha salvação vem de mim.

1. Qualquer tentação nada mais é do que alguma forma da tentação básica para não acreditares na ideia para
o dia de hoje. A salvação parece vir de qualquer lugar, excepto de ti. Assim também acontece com a fonte da
culpa. Tu não vês nem a culpa nem a salvação como estando na tua própria mente e em nenhum outro lugar.
Quando reconheceres que a culpa é apenas uma invenção da tua mente, também reconhecerás que a culpa e
a salvação têm que estar no mesmo lugar. Ao compreenderes isso, tu és salvo.

2. O custo aparente de aceitar a ideia de hoje é o seguinte: significa que nada fora de ti pode salvar-te, nada
fora de ti pode dar-te paz. Mas também significa que nada fora de ti pode ferir-te, perturbar a tua paz ou
transtornar-te de modo algum. A ideia de hoje coloca-te no controlo do universo, onde é o teu lugar devido
ao que tu és. Este não é um papel que possa ser aceite parcialmente. E, com certeza, estás começando a ver
que aceitá-lo é a salvação.

3. Porém, talvez não esteja claro para ti por que o reconhecimento da presença da culpa na tua própria men-
te acarreta o reconhecimento de que a salvação está lá também. Deus não teria posto o remédio para a do-
ença onde ele não pudesse ter utilidade. Este é o modo como a tua mente tem funcionado, mas não a Dele.
Ele quer que sejas curado e, por isso, tem mantido a Fonte da cura onde a cura se faz necessária.

4. Tu tens tentado fazer exactamente o oposto, fazendo todas as tentativas por mais distorcidas e fantásticas
que sejam para separar a cura da doença para a qual ela se destinava, conservando assim a doença. O teu
propósito era o de assegurar que a cura não ocorresse. O propósito de Deus era o de assegurar que ocorresse.

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5. Hoje, praticamos o reconhecimento de que a Vontade de Deus e a nossa são, na realidade, a mesma no
que a isso diz respeito. Deus quer que sejamos curados e nós realmente não queremos ficar doentes, pois isso
faz-nos infelizes. Portanto, ao aceitarmos a ideia para o dia de hoje estamos realmente de acordo com Deus.
Ele não quer que fiquemos doentes. Nós também não. Ele quer que sejamos curados. E nós também.

6. Estamos prontos para dois períodos de prática mais longos hoje, cada um dos quais deve durar de dez a
quinze minutos. Todavia ainda deixaremos que tu decidas quando deverás empreendê-los. Seguiremos esta
prática durante algumas lições e, mais uma vez, seria bom decidires, com antecedência, quando seria o
momento adequado a ser reservado para cada período e aderir às tuas próprias decisões da forma mais exac-
ta possível.

7. Dá início a estes períodos de prática repetindo a ideia para o dia de hoje, e acrescentando uma declaração
que signifique o teu reconhecimento de que a salvação não vem de nada fora de ti. Poderias formulá-la
assim:

A minha salvação vem de mim. Não pode vir de nenhum outro lugar.

Em seguida, com os olhos fechados, dedica alguns minutos para rever alguns dos elementos externos nos
quais, no passado, tenhas procurado a salvação em outras pessoas, em posses, em várias situações e eventos,
e em autoconceitos que tentaste tornar reais. Reconhece que a salvação não está lá e diz a ti mesmo:

A minha salvação não pode vir de nenhuma dessas coisas.


A minha salvação vem de mim e só de mim.

8. Agora, mais uma vez, tentaremos alcançar a luz em ti, que é onde está a tua salvação. Não podes achá-la
nas nuvens que cercam a luz e é nelas que a tens procurado. Não está lá. Está depois das nuvens, na luz que
está além delas. Lembra-te de que terás que atravessar as nuvens antes de poderes alcançar a luz. Mas lem-
bra-te, também, de que, nesta configuração de nuvens imaginada por ti, nunca achaste nada que perdurasse
ou que quisesses.

J9. á que todas as ilusões de salvação falharam, certamente não queres permanecer nas nuvens, inutilmente,
a procurar ídolos, quando poderias facilmente caminhar até a luz da real salvação. Tenta ultrapassar as
nuvens por quaisquer meios que te agradem. Se isso puder ajudar-te, pensa em mim segurando a tua mão e
conduzindo-te. E eu te asseguro que esta não será nenhuma fantasia vã.

10. Para os períodos de prática curtos e frequentes de hoje, lembra-te que a tua salvação vem de ti e que
nada, excepto os teus próprios pensamentos, pode impedir o teu progresso. Estás livre de qualquer interfe-
rência externa. Tu estás a cargo da tua salvação. Tu estás a cargo da salvação do mundo. Então, diz:

A minha salvação vem de mim. Nada fora de mim me pode deter.


A salvação do mundo e a minha estão dentro de mim.

LIÇÃO 71
Só o plano de Deus para a salvação funcionará.

1. Podes não reconhecer que o ego estabeleceu um plano para a salvação em oposição ao de Deus. É neste
plano que tu acreditas. Já que é oposto ao de Deus, também acreditas que aceitar o plano de Deus, ao invés
do plano do ego, é ser condenado. Isso soa ao contrário, é claro. Entretanto, depois de considerarmos qual é
exactamente o plano do ego, talvez reconheças que, por mais desordenado que possa ser, de facto acreditas
nele.

2. O plano do ego para a salvação está centrado em guardar mágoas. Ele mantém que, se outra pessoa falasse
ou agisse de modo diferente, se alguma circunstância ou evento externo fosse mudado, serias salvo. Desta
forma, a fonte da salvação é constantemente percebida fora de ti. Cada mágoa que guardas é uma declara-
ção e uma afirmação na qual acreditas, que diz: "Se isso fosse diferente, eu seria salvo." Deste modo, a mu-
dança da mente necessária para a salvação é exigida de todos e de tudo, excepto de ti mesmo.

3. O papel que este plano designa para a tua própria mente é, simplesmente, o de determinar o que, excepto
ela própria, tem que mudar para que sejas salvo. De acordo com este plano insano, qualquer fonte de salva-
ção percebida é aceitável, desde que não funcione. Isso assegura a continuação da Procura infrutífera, pois
persiste a ilusão de que, embora tal esperança sempre tenha falhado, ainda há justificaçãos para haver espe-
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rança noutros lugares e noutras coisas. Outra pessoa ainda há de te servir melhor, outra situação ainda há de
oferecer sucesso.

4. Tal é o plano do ego para a tua salvação. Com certeza podes ver o quanto está estritamente de acordo
com a doutrina básica do ego: "Procura, mas não encontres." Pois o que poderia garantir, com maior seguran-
ça, que não encontrarás a salvação do que canalizar todos os teus esforços para a encontrar onde ela não
está?

5. O plano de Deus para a salvação funciona, simplesmente, porque, ao seguir essa Sua orientação, buscas a
salvação onde ela está. Mas, para ter sucesso, como Deus te promete, tens que estar disposto a procurar
somente lá. De outra forma, o teu propósito está dividido e tentarás seguir dois planos para a salvação dia-
metralmente opostos em todos os sentidos. O resultado só pode trazer confusão, miséria e um profundo senso
de fracasso e desespero.

6. Como podes escapar de tudo isso? Muito simplesmente. A ideia para o dia de hoje é a resposta. Só o plano
de Deus para a salvação funcionará. Não pode haver nenhum conflito real a este respeito, pois não há
nenhuma alternativa possível ao plano de Deus que possa salvar-te. O Seu plano é o único cujo resultado é
certo. O Seu plano é o único que necessariamente terá sucesso.

7. Vamos praticar o reconhecimento desta certeza hoje. E regozijemo-nos por haver uma resposta para o que
parece ser um conflito sem solução possível. Todas as coisas são possíveis para Deus. A salvação tem de ser
tua porque o Seu plano não pode falhar.

8. Começa os dois períodos de prática mais longos pensando sobre a ideia do dia e reconhecendo que ela
contém duas partes que contribuem igualmente para o todo. O plano de Deus para a tua salvação funcionará
e os outros não. Não te permitas ficar deprimido ou zangado com a segunda parte, ela é inerente à primeira.
E na primeira, está a tua completa liberação de todas as tuas tentativas insanas e loucas para te libertares.
Elas têm-te conduzido à depressão e à raiva, mas o plano de Deus terá sucesso. Este conduzir-te-á à liberação
e à alegria.

9. Lembrando-nos disso, dediquemos o resto dos períodos de prática mais prolongados a pedir a Deus que nos
revele o Seu plano. Pergunta-Lhe muito especificamente:

O que queres que eu faça?


Onde queres que eu vá?
O que queres que eu diga, e a quem?

Dá-Lhe pleno controle do resto do período de prática e permite que Ele te diga o que precisas fazer por ti, no
Seu plano, para a tua salvação. Ele responderá proporcionalmente à tua disponibilidade para ouvires a Sua
Voz. Não te recuses a ouvir. O simples facto de que estás a fazer os exercícios, já prova que tens alguma
disposição para escutar. Isso é o suficiente para estabelecer o teu direito à resposta de Deus.

10. Nos períodos de prática mais curtos, diz frequentemente a ti mesmo que o plano de Deus para a salvação,
e só o Dele, funcionará. Fica alerta contra qualquer tentação de guardar mágoas neste dia e responde com
esta forma da ideia para hoje:

Guardar mágoas é o oposto do plano de Deus para a salvação. E só o plano de Deus funcionará.

Tenta lembrar-te da ideia de hoje de seis a sete vezes por hora. Não poderia haver melhor maneira de passar
meio minuto, ou menos, do que recordando a Fonte da tua salvação e vendo-A onde Ela está.

LIÇÃO 72
Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação.

1. Embora tenhamos reconhecido que o plano do ego para a salvação é o oposto do plano de Deus, ainda não
enfatizamos que ele é um ataque activo ao Seu plano e uma tentativa deliberada para o destruir. No ataque,
os atributos que são de facto associados ao ego são conferidos a Deus, enquanto o ego parece tomar para si
os atributos de Deus.

2. O desejo fundamental do ego é o de tomar o lugar de Deus. De facto, o ego é a encarnação física deste
desejo. Pois é este desejo que parece cercar a mente com um corpo, mantendo-a separada e sozinha, inca-
100
paz de alcançar outras mentes, a não ser através do corpo que foi feito para a aprisionar. Limitar a comuni-
cação não pode ser a melhor maneira de a expandir. No entanto, é nisso que o ego quer que acredites.

3. Embora a tentativa de conservar as limitações que um corpo imporia seja óbvia aqui, a razão pela qual
guardar mágoas representa um ataque ao plano de Deus para a salvação talvez não seja tão evidente. Mas
consideremos os tipos de coisas das quais tendes a guardar mágoas. Não estão sempre associados a algo que
um corpo faz? Uma pessoa diz alguma coisa que não gostas. Faz algo que te desagrada. No seu comportamen-
to, ela "trai" os seus pensamentos hostis.

4. Aqui, não estás a lidar com o que a pessoa é. Pelo contrário, estás preocupado exclusivamente com o que
ela faz em um corpo. Estás a fazer mais do que deixar de a ajudar a libertar-se das limitações do corpo. Tu
estás, activamente, a tentar prendê-Ia ao seu corpo, por o confundires com ela e por os julgares como um só.
Nisso, Deus é atacado, pois se o Seu Filho é apenas um corpo, assim Ele também tem que ser. Um criador
totalmente diferente da sua criação é inconcebível.

5. Se Deus é um corpo, o que teria de ser o Seu plano para a salvação? O que poderia ser, senão a morte? Ao
tentar apresentar-se como Autor da vida, e não da morte, Ele está sendo um mentiroso e um impostor, cheio
de falsas promessas, oferecendo ilusões em lugar da verdade. A realidade aparente do corpo faz com que
esta perspectiva de Deus seja bastante convincente. De facto, se o corpo fosse real, seria realmente difícil
escapar dessa conclusão. E a mágoa que guardas insiste que o corpo é real. Ignora inteiramente o que é o teu
irmão. Reforça a tua crença de que ele é um corpo e condena-o por isso. E afirma que a sua salvação tem que
ser a morte, projectando este ataque contra Deus e tornando-O responsável por isso.

6. É a esta arena, cuidadosamente preparada, onde animais raivosos procuram a sua presa e a misericórdia
não pode entrar, que o ego vem para te salvar. Deus fez-te corpo. Muito bem. Aceitemos isso e fiquemos
contentes. Enquanto corpo, não te deixes privar daquilo que o corpo oferece. Pega o pouco que puderes con-
seguir. Deus não te deu nada. O corpo é o teu único salvador. Ele é a morte de Deus e a tua salvação.

7. Esta é a crença universal do mundo que vês. Alguns odeiam o corpo e tentam humilhá-lo. Outros amam o
corpo, e tentam glorificá-Io e exaltá-lo. Mas, enquanto o corpo estiver no centro do teu conceito de ti mes-
mo, estás a atacar o plano de Deus para a salvação e a guardar as tuas mágoas contra Ele e a Sua criação,
para que não possas ouvir a Voz da verdade e dar-Lhe as boas-vindas como Amiga. Ao invés disso, o salvador
que escolheste toma o Seu lugar. Ele é o teu amigo, Deus é o teu inimigo.

8. Hoje, tentaremos parar com estes ataques sem sentido contra a salvação. Tentaremos, ao contrário, dar-
lhe as boas-vindas. A tua percepção invertida, de cabeça para baixo, tem sido desastrosa para a paz da tua
mente. Tens-te visto a ti mesmo num corpo e a verdade fora de ti, trancada longe da tua consciência pelas
limitações do corpo. Agora, tentaremos ver isto de modo diferente.

9. A luz da verdade está em nós, onde foi colocada por Deus. É o corpo que está fora de nós, e não é preocu-
pação nossa. Estar sem um corpo é estar no nosso estado natural. Reconhecer a luz da verdade em nós é re-
conhecer-nos tais como somos. Ver o nosso Ser separado do corpo é acabar com o ataque ao plano de Deus
para a salvação e, ao contrário, aceitá-lo. E, aonde quer que o Seu plano seja aceite, já está realizado.

10. Nos períodos de prática mais prolongados de hoje, a nossa meta é a de passarmos a estar cientes de que o
plano de Deus para a salvação já foi realizado em nós. Para alcançar esta meta, temos que substituir o ata-
que pela aceitação. Enquanto o atacarmos, não podemos compreender o que é o plano de Deus para nós.
Portanto, estamos a atacar o que não reconhecemos. Tentaremos, agora, deixar o julgamento de lado e per-
guntar qual é o plano de Deus para nós:

Pai, o que é a salvação? Eu não sei. Diz-me, para que eu possa compreender.

10. E, então, esperaremos, em quietude, pela Sua resposta. Nós temos atacado o plano de Deus para a salva-
ção sem esperarmos para ouvir o que é. Bradamos as nossas mágoas tão alto que não escutamos a Sua Voz.
Usamos as nossas mágoas para fecharmos os olhos e taparmos os nossos ouvidos.

11. Agora queremos ver e ouvir e aprender. "Pai, o que é a salvação?". Pergunta e serás respondido. Procura e
encontrarás. Já não estamos a perguntar ao ego o que é a salvação e onde a podemos encontrar. Estamos a
perguntar isto à verdade. Tem a certeza, então, de que a resposta será verdadeira por causa Daquele a Quem
perguntaste.

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12. Sempre que sentires a tua confiança diminuir e a tua esperança de sucesso oscilar e apagar-se, repete a
tua pergunta e o teu pedido, lembrando-te de que estás a perguntar ao infinito Criador da infinidade, que te
criou como Ele mesmo:

Pai, o que é a salvação? Eu não sei. Diz-me, para que eu possa compreender.

Ele responderá. Que estejas determinado a ouvir.

13. Um, talvez dois períodos de prática mais curtos por hora, serão suficientes para hoje, já que terão uma
duração ligeiramente maior do que a de costume. Estes exercícios devem começar com:

Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação. Que eu o aceite ao invés disso.
Pai, o que é a salvação?

Em seguida, aguarda, mais ou menos, um minuto em silêncio, de preferência com os olhos fechados, e escuta
a Sua resposta.

LIÇÃO 73
É minha vontade que haja luz.

1. Hoje estamos a considerar a vontade que compartilhas com Deus. Esta não é a mesma vontade que se
manifesta nos desejos vãos do ego, de onde surgem a escuridão e o nada. A vontade que compartilhas com
Deus tem, em si, todo o poder da criação. Os desejos vãos do ego não são compartilhados, portanto, não têm
nenhum poder. Esses desejos, porém, não são vãos no sentido de que podem fazer um mundo de ilusões, no
qual podes crer fortemente. Mas, de facto, são vãos em termos de criação. Não fazem nada que seja real.

2. Desejos vãos e mágoas são parceiros ou co-autores do retrato do mundo que vês. Os desejos do ego, os
quais lhe deram origem, e a necessidade que o ego tem de mágoas, as quais são necessárias para que se ele
se mantenha, povoam este mundo com figuras que parecem atacar-te e exigir um julgamento "justo". Essas
figuras vêm a ser os intermediários utilizados pelo ego no tráfico de mágoas. Elas interpõem-se entre a tua
consciência e a realidade dos teus irmãos. Ao contemplá-las, não conheces nem os teus irmãos nem o teu Ser.

3. Nesta estranha negociação perdes a tua vontade, na qual a culpa é comercializada de lá para cá e, a cada
troca, aumentam as mágoas. Será que tal mundo poderia ter sido criado pela Vontade que o Filho de Deus
compartilha com o Seu Pai? Deus teria criado o desastre para Seu Filho? A criação é a Vontade de Ambos,
juntos. Deus criaria um mundo que matasse a Ele Mesmo?

4. Hoje tentaremos, mais uma vez, alcançar o mundo que está de acordo com a tua vontade. Nele está a luz,
porque não se opõe à Vontade de Deus. Este mundo não é o Céu, mas a luz do Céu brilha sobre ele. A escuri-
dão dissipou-se. Os desejos vãos do ego foram afastados. Mas, como a luz que brilha sobre este mundo reflec-
te a tua vontade, é em ti, portanto, que temos de a procurar.

5. O retrato que fazes do mundo só pode espelhar o que está dentro de ti. Nem a fonte da luz nem a fonte
das trevas podem ser encontradas do lado de fora. As mágoas escurecem a tua mente e fazem com que vejas
um mundo escurecido. O perdão dissipa a escuridão, reafirma a tua vontade e permite que olhes para um
mundo de luz. Enfatizamos repetidamente que a barreira das mágoas é facilmente transposta e que não se
pode interpor entre ti e a tua salvação. A razão é muito simples. Realmente queres estar no inferno? Real-
mente queres chorar, sofrer e morrer?

6. Esquece-te dos argumentos do ego que procuram provar que tudo isto é realmente o Céu. Tu sabes que
não é assim. Não podes querer isto para ti mesmo. Há um ponto além do qual as ilusões não podem ir. O
sofrimento não é a felicidade, e é a felicidade que realmente queres. Tal é a tua vontade, na verdade. Por-
tanto, a salvação também é tua vontade. Queres ter sucesso no que estamos a tentar fazer hoje. Nós
empreendemos isso com a tua bênção e o teu feliz consentimento.

7. Teremos sucesso hoje, se te lembrares que queres a salvação para ti mesmo. Queres aceitar o plano de
Deus, pois compartilhas dele. Não tens nenhuma vontade que possa realmente opor-se a este plano e nem o
queres fazer. A salvação é para ti. Acima de tudo, queres a liberdade de te lembrares de Quem realmente és.
Hoje, é o ego que permanece impotente diante da tua vontade. A tua vontade é livre e nada pode prevalecer
contra ela.

102
8. Assim, empreendemos os exercícios em alegre confiança, certos de que encontraremos o que é tua vonta-
de encontrar e que lembraremos o que é tua vontade lembrar. Nenhum desejo vão nos pode deter, nem
enganar com uma ilusão de força. Hoje, permite que seja feita a tua vontade e que a crença insana de que
escolhes o inferno no lugar do Céu tenha fim para sempre.

9. Começaremos os nossos períodos de prática mais longos com o reconhecimento de que o plano de Deus
para a salvação, e só o Seu, está totalmente de acordo com a tua vontade. Não é o propósito de um poder
alheio, que te é imposto contra a tua vontade. É o único propósito com o qual, tu e o teu Pai, estão de per-
feito acordo. Terás sucesso hoje, o momento designado para a libertação do Filho de Deus do inferno e de
todos os desejos vãos. A vontade do Pai é, agora, restaurada na consciência do Seu Filho. Hoje, ele está dis-
posto a olhar para a luz em si próprio e a ser salvo.

10. Depois de te lembrares disto e decidir manter em mente, com clareza, a tua vontade, diz a ti mesmo com
suave firmeza e serena convicção:

É minha vontade que haja luz.


Que eu contemple a luz que reflecte a Vontade de Deus e a minha.

Em seguida, deixa que a tua vontade se afirme juntamente com o poder de Deus e em unidade com o teu Ser.
Põe o resto do período de prática sob a Sua orientação. Junta-te a Eles à medida que te mostram o caminho.

11. Nos períodos de prática mais curtos, declara, de novo, o que realmente queres. Diz:

É minha vontade que haja luz. A escuridão não é minha vontade.

Isto deve ser repetido várias vezes por hora. Contudo, é da maior importância aplicares imediatamente esta
forma da ideia de hoje, quando fores tentado a guardar qualquer tipo de mágoa. Isto ajudar-te-á a soltar as
mágoas, ao invés de as nutrires e de as esconderes na escuridão.

LIÇÃO 74
Não há outra vontade senão a de Deus.

1. A ideia para hoje pode ser considerada como o pensamento central ao qual todos os nossos exercícios
estão dirigidos. A Vontade de Deus é a única Vontade. Quando reconheces isto, reconheces que a tua vontade
é a Dele. A crença em que o conflito é possível desaparece. A paz substitui a estranha ideia de que estás
dilacerado por metas contraditórias. Como uma expressão da Vontade de Deus, não tens nenhuma meta a não
ser a Dele.

2. Há grande paz nesta ideia e os exercícios de hoje são dirigidos para a encontrar. A ideia, em si, é total-
mente verdadeira. Portanto, não pode dar origem a ilusões. Sem ilusões o conflito é impossível. Tentemos
reconhecer isto hoje e experimentar a paz que este reconhecimento traz.

3. Começa os períodos de prática mais longos repetindo estes pensamentos várias vezes, com lentidão e com
a firme determinação de compreender o que significam e de os manter em mente:

Não há outra vontade senão a de Deus.


Eu não posso estar em conflito.

Em seguida, passa alguns minutos acrescentando alguns pensamentos correlatos, tais como:

Estou em paz.
Nada me pode perturbar.
A minha vontade é a de Deus.
A minha vontade e a de Deus são uma só.
É Vontade de Deus que o Seu Filho tenha paz.

Durante esta fase introdutória, não deixes de considerar quaisquer pensamentos de conflito que possam te
ocorrer. Se eles surgirem, diz imediatamente a ti mesmo:

Não há outra vontade senão a de Deus.


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Esses pensamentos agressivos são sem significado.

4. Se alguma área de conflito parecer particularmente difícil de ser resolvida, escolhe-a para consideração
especial. Pensa sobre ela brevemente mas de forma muito específica, identifica a pessoa ou as pessoas em
particular e a situação ou situações envolvidas, e diz a ti mesmo:

Não há outra vontade senão a de Deus e eu compartilho-a com Ele.


Os meus conflitos em relação a........... não podem ser reais.

5. Depois de limpares a mente desta forma, fecha os olhos e tenta experimentar a paz que, por direito, a tua
realidade te dá. Mergulha nela e sente-a fechando-se à tua volta. Pode haver alguma tentação em julgar
erradamente estas tentativas como retraimento, mas a diferença é facilmente detectada. Se estiveres a ter
sucesso, terás um profundo sentimento de alegria e sentir-te-ás cada vez mais alerta, ao invés de te sentires
letárgico e enervado.

6. A alegria caracteriza a paz. Através desta experiência, reconhecerás que a alcançaste. Se sentires que
estás a deslizar para o retraimento, repete rapidamente a ideia de hoje e tenta outra vez. Faz isto tantas
vezes quantas forem necessárias. Ganhas muito recusando-te a procurar refúgio no retraimento, mesmo que
não experimentes a paz que procuras.

7. Nos períodos de prática mais curtos, que devem ser empreendidos a intervalos regulares e pré-
determinados, diz a ti mesmo:

Não há outra vontade senão a de Deus. Hoje eu procuro a Sua paz.

Tenta, então, encontrar o que estás à procura. Hoje, seria proveitoso dedicar a esta tarefa um ou dois minu-
tos a cada meia hora, se possível com os olhos fechados.

LIÇÃO 75
A luz veio.

1. A luz veio. Estás curado e podes curar. A luz veio. Estás salvo e podes salvar. Estás em paz e trazes a paz
contigo aonde quer que vás. A escuridão, o tumulto e a morte desapareceram. A luz veio.

2. Celebramos, hoje, o final feliz do teu longo sonho de desventuras. Agora, já não há sonhos escuros. A luz
veio. Hoje, começa o tempo da luz para ti e para todos. É uma nova era na qual um novo mundo nasceu. O
velho mundo não deixou nenhum vestígio à sua passagem. Hoje, vemos um mundo diferente porque a luz
veio.

3. Os nossos exercícios para este dia serão exercícios felizes, nos quais damos graças pela passagem do velho
mundo e o começo do novo. Nenhuma sombra do passado permanece para escurecer a nossa vista e ocultar o
mundo que o perdão nos oferece. Hoje, aceitaremos o novo mundo como aquele que queremos ver. O que
desejamos ser-nos-á dado. A nossa vontade é ver a luz. A luz veio.

4. Os períodos de prática mais longos serão dedicados a olhar para o mundo que o nosso perdão nos mostra. É
isso que queremos ver, e apenas isso. O nosso propósito único faz com que a nossa meta seja inevitável.
Hoje, o mundo real surge à nossa frente em contentamento para, enfim, ser visto. Agora, como veio a luz, a
visão é-nos dada.

5. Hoje, não queremos ver a sombra do ego sobre o mundo. Vemos a luz, e nela vemos o reflexo do Céu que
se estende sobre o mundo. Começa os períodos de prática mais longos dando a ti mesmo as boas-novas da tua
liberação:

A luz veio. Eu perdoei ao mundo.

6. Não te detenhas no passado, hoje. Conserva a mente completamente aberta, lavada de todas as ideias
passadas e limpa de todos os conceitos que tens vindo a fazer. Hoje, perdoaste ao mundo. Podes olhar para
ele, agora, como se nunca o tivesses visto antes. Ainda não sabes qual é o aspecto que ele tem. Limitas-te a
aguardar que te seja mostrado. Enquanto aguardas, repete várias vezes lentamente com toda paciência:

A luz veio. Eu perdoei ao mundo.


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7. Reconhece que o teu perdão dá-te direito à visão. Compreende que o Espírito Santo nunca falha em dar a
dádiva da visão àqueles que perdoam. Acredita que Ele não te falhará agora. Perdoaste ao mundo. Ele estará
contigo enquanto vigias e esperas. Ele mostrar-te-á o que a verdadeira visão vê. É a Vontade Dele e tu uniste-
te a Ele. Espera pacientemente por Ele. Ele estará lá. A luz veio. Perdoaste ao mundo.

8. Diz-Lhe que sabes que não podes falhar porque confias Nele. E diz a ti mesmo que esperas na certeza de
olhar para o mundo que Ele te prometeu. A partir deste momento, verás de maneira diferente. Hoje, a luz
veio. E tu verás o mundo que te foi prometido desde o início dos tempos, no qual o fim dos tempos está
garantido.

9. Os períodos de prática mais curtos também serão lembranças alegres da tua liberação. Lembra-te, mais ou
menos a cada quinze minutos, de que, hoje, é um dia de celebração especial. Dá graças pela misericórdia e
pelo Amor de Deus. Regozija-te pelo poder do perdão de curar a tua vista completamente. Tem confiança de
que, neste dia, há um novo começo. Sem a escuridão do passado sobre os teus olhos, hoje, não podes falhar
em ver. E o que verás será tão bem-vindo, que alegremente estenderás o este dia para sempre.
Então, diz:

A luz veio. Eu perdoei ao mundo.

Se fores tentado, diz a qualquer um que pareça estar a puxar-te, de novo, para a escuridão:

A luz veio. Eu perdoei-te.

Dedicamos este dia à serenidade na qual Deus quer que estejas. Guarda-a na tua consciência de ti mesmo e
vê-la-ás por toda parte, hoje, à medida que celebramos o princípio da tua visão e o reconhecimento do mun-
do real, que veio para substituir o mundo sem perdão que pensavas ser real.

LIÇÃO 76
Eu não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.

1. Já vimos, antes, quantas coisas sem sentido te pareceram ser a salvação. Cada uma delas tem-te aprisio-
nado com leis tão sem sentido quanto ela mesma. Não estás preso por elas. Mas, para compreenderes que
isto é assim, em primeiro lugar é preciso que reconheças que a salvação não está lá. Enquanto a quiseres
procurar em coisas que não têm significado, prendes-te a leis que não fazem nenhum sentido. Assim, procu-
ras provar que a salvação está onde não está.

2. Hoje, ficaremos contentes por não poderes provar isto. Se pudesses, estarias a procurar, eternamente, a
salvação onde ela não está, e jamais a encontrarias. A ideia de hoje, mais uma vez, te diz quão simples é a
salvação. Procura-a onde ela espera por ti e lá será encontrada. Não procures em nenhum outro lugar, pois
ela não está em nenhum outro lugar;

3. Pensa na liberdade que há no reconhecimento de que não estás preso a todas as estranhas leis distorcidas
que tens estabelecido para te salvares. Mas pensas que morrerás de fome se não tiveres montes de tiras de
papel verde e pilhas de discos de metal *. Mas pensas que uma pequena pílula redonda ou um pouco de líqui-
do introduzido na tua veia por uma agulha pontiaguda afastará a doença e a morte. Mas pensas que estás só,
se não houver outro corpo contigo.

4. É a insanidade que pensa nessas coisas. Tu as consideras como leis e as dispões sob diferentes nomes, num
longo catálogo de ritos que não tem nenhuma utilidade e não serve a nenhum propósito. Pensas que tens que
obedecer às "leis" da medicina, da economia e da saúde. Protege o corpo e serás salvo.

5. Isto não são leis, mas loucura. O corpo é colocado em perigo pela mente que se fere a si mesma. O corpo
só sofre para que a mente deixe de ver que é vítima de si mesma. O sofrimento do corpo é uma máscara
mantida pela mente para ocultar o que realmente sofre. A mente não quer compreender que é a sua própria
inimiga, que ataca a si mesma e quer morrer. É disso que as tuas "leis" querem salvar o corpo. É, por isso, que
pensas que és um corpo.

6. Não há outras leis senão as leis de Deus. É preciso repetir isto muitas e muitas vezes, até reconheceres que
se aplica a tudo o que tens feito em oposição à Vontade de Deus. A tua magia não tem significado. O que ela
pretende salvar não existe. Só o que ela pretende esconder te salvará.
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7. As leis de Deus nunca podem ser substituídas. Dedicaremos o dia de hoje a regozijarmo-nos por ser assim.
Deixou de ser uma verdade que queremos esconder. Em vez disso, reconheceremos que é uma verdade que
nos mantém livres para sempre. A magia aprisiona, mas as leis de Deus libertam. A luz veio porque não há
outras leis senão as de Deus.

8. Começaremos os períodos de prática mais longos com uma breve revisão dos vários tipos de "leis" que
acreditamos ter que obedecer. Estes incluem, por exemplo, as "leis" da nutrição, da imunização, da medica-
ção e das inúmeras maneiras de protecção do corpo. Pensa ainda mais; tu acreditas nas "leis" da amizade, dos
"bons" relacionamentos e da reciprocidade. Talvez até penses que existam leis estabelecendo o que é de Deus
e o que é teu. Muitas "religiões" tem sido baseadas nisto. Não pretendem salvar, mas condenar em nome do
Céu. No entanto, estas não são mais estranhas do que outras "leis" às quais insistes em obedecer para te sal-
vares.

9. Não há outras leis senão as de Deus. Hoje, afasta todas as tolas crenças mágicas e mantém a tua mente em
silenciosa prontidão para ouvir a Voz Que te fala a verdade. Estarás ouvindo Aquele Que diz que não há perda
sob as leis de Deus. Nenhum pagamento é feito ou recebido. Trocas não podem ser feitas, não há substitutos
e nada toma o lugar de outra coisa. As leis de Deus dão eternamente e nunca tiram.

10. Ouve Aquele Que te diz isto e reconhece quão tolas são as "leis" que, no teu pensamento, sustentavam o
mundo que pensavas ver. Então escuta mais. Ele dir-te-á mais. Sobre o Amor que o teu Pai tem por ti. Sobre
a alegria sem fim que Ele te oferece. Sobre o quanto Ele anseia pelo Seu único Filho, criado como o Seu canal
para a criação e que Lhe foi negado pela sua própria crença no inferno.

11. Hoje, vamos abrir os canais de Deus para Ele e deixar a Sua Vontade estender-se através de nós até Ele.
Assim aumenta a criação, infindavelmente. A Sua Voz nos falará disto, assim como das alegrias do Céu que as
Suas leis conservam para sempre ilimitadas. Vamos repetir a ideia de hoje até que tenhamos escutado e
compreendido que não há nenhuma lei senão a de Deus. Então, diremos a nós mesmos, como uma oferenda
com a qual o período de prática é concluído:

Eu não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.

Repetiremos esta oferenda hoje, com a maior frequência possível, pelo menos quatro ou cinco vezes por
hora, bem como ao longo do dia, em resposta a qualquer tentação de vivermos a nós mesmos como se esti-
véssemos sujeitos a outras leis. É a nossa declaração de liberdade contra qualquer perigo e qualquer tirania.
É o nosso reconhecimento de que Deus é o nosso Pai e de que o Seu Filho está salvo.

* You really think that you would starve unless you have stacks of green paper and piles of metal discs.
O "papel verde" e os "discos de metal" são referências à moeda dos estados Unidos da América.

LIÇÃO 77
Eu tenho direito a milagres.

1. Tens direito a milagres pelo que tu és. Receberás milagres pelo que Deus é. E oferecerás milagres porque
és um com Deus. Digamos de novo: como é simples a salvação! É, simplesmente, uma declaração da tua ver-
dadeira Identidade. É isso que celebraremos hoje.

2. O teu direito a milagres não está nas ilusões que tens acerca de ti mesmo. Ele não depende de nenhum dos
poderes mágicos que tens atribuído a ti mesmo, nem de nenhum dos rituais que tens inventado. O teu direito
a milagres é inerente à verdade do que és. Ele está implícito no que Deus, Teu Pai, é. Ele foi-te assegurado
na tua criação e garantido pelas leis de Deus.

3. Hoje, reivindicaremos os milagres aos quais tens direito, uma vez que te pertencem. Foi-te prometida a
plena libertação do mundo que fizeste. Foi-te assegurado que o Reino de Deus está dentro de ti e nunca pode
ser perdido. Não pedimos nada mais do que o que, na verdade, nos pertence. Hoje, todavia, nos certificare-
mos de que não nos contentaremos com menos.

4. Começa os períodos de prática mais longos dizendo a ti mesmo, com muita confiança, que tens direito a
milagres. Fechando os olhos, lembra-te de que só estás a pedir o que é teu por direito. Lembra-te, também,
de que os milagres nunca são tirados de uma pessoa para serem dados a outra e que, ao pedires os teus direi-
106
tos, estás a apoiar os direitos de todos. Milagres não obedecem às leis deste mundo. Eles, simplesmente,
decorrem das leis de Deus.

5. Após esta breve fase introdutória, espera em quietude pela confirmação de que o teu pedido te é concedi-
do. Pediste a salvação do mundo e a tua própria. Requisitaste que te sejam dados os meios pelos quais isso
pode ser realizado. Não podes deixar de receber a confirmação disso. Estás apenas a pedir que a Vontade de
Deus seja feita.

6. Ao fazeres isso, realmente não pedes nada. Declaras um facto que não pode ser negado. O Espírito Santo
não pode deixar de te assegurar que o teu pedido te é concedido. O facto de que o aceitaste não pode ser
negado. Não existe, hoje, lugar para a dúvida e a incerteza. Estamos, finalmente, a fazer uma pergunta real.
A resposta é a declaração simples de um facto simples. Receberás a garantia que procuras.

7. Os nossos períodos de prática mais curtos serão frequentes e também serão dedicados a lembrar um facto
simples. Hoje, diz a ti mesmo frequentemente:

Eu tenho direito a milagres.

Pede-os sempre que surgir uma situação em que forem necessários. Reconhecerás essas situações. E como
não estás a depender de ti mesmo para encontrar o milagre, tens pleno direito de recebê-lo sempre que o
pedires.

8. Lembra-te, também, de não te satisfazeres com menos do que a resposta perfeita. No caso de seres tenta-
do, diz a ti mesmo, imediatamente:

Eu não trocarei milagres por mágoas.


Quero só o que me pertence. Deus estabeleceu milagres como o meu direito.

LIÇÃO 78
Que os milagres substituam todas as mágoas.

1. Talvez ainda não tenhas bem claro que cada decisão que tomas é uma decisão entre uma mágoa e um
milagre. Cada mágoa ergue-se como um escuro escudo de ódio diante do milagre que quer ocultar. E, ao
erguê-lo diante dos teus olhos, não verás o milagre que está além. No entanto, ele continua na luz esperando
por ti, mas, em vez disso, tu contemplas as tuas mágoas.

2. Hoje, vamos além das mágoas, preferindo contemplar o milagre. Corrigiremos o teu modo de ver não dei-
xando a vista estancar antes de ver. Não esperaremos diante do escudo de ódio, mas deixá-lo-emos de lado e
ergueremos, gentilmente, os nossos olhos, em silêncio, para contemplar o Filho de Deus.

3. O milagre espera-te por detrás das tuas mágoas e, à medida que as colocares de lado, ele aparecerá, numa
luz resplandecente, no lugar que cada uma delas antes ocupava. Pois qualquer mágoa é um bloqueio para a
vista e, à medida em que ele vai sendo suspendido, passarás a ver o Filho de Deus onde sempre esteve. Ele
está na luz, mas tu estavas na escuridão. Cada mágoa fazia com que a escuridão fosse mais profunda, e não
podias ver.

4. Hoje, tentaremos ver o Filho de Deus. Não nos permitiremos ficar cegos para ele, não olharemos para as
nossas mágoas. Assim se corrige o modo de ver do mundo, ao olharmos em direcção à verdade para longe do
medo. Vamos seleccionar uma pessoa que tenhas usado como alvo das tuas mágoas, e vamos deixar de lado
essa mágoas para podermos olhar para ela. É alguém de quem talvez tenhas medo ou até odeies; alguém que
pensas amar e que te deixou com raiva; alguém a quem chamas amigo mas, por vezes, vês como alguém
complicado ou difícil de agradar, exigente, irritante ou infiel ao ideal que ele deveria aceitar para si próprio,
de acordo com o papel que lhe designaste.

5. Tu sabes a quem escolher, o Seu nome já cruzou a tua mente. Ele será aquele através do qual pedimos que
o Filho de Deus te seja mostrado. Ao vê-lo além das mágoas que guardaste contra ele, aprenderás que o que
estava escondido enquanto tal não vias, existe em todos e pode ser visto. Aquele que era inimigo, é mais do
que um amigo, quando é libertado a fim de assumir o papel santo que o Espírito Santo lhe designou. Deixa
que ele seja o teu salvador, hoje. Tal é o seu papel no plano de Deus, teu Pai.

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6. Os nossos períodos de prática mais longos vê-lo-ão neste papel. Procurarás conservá-lo na tua mente, pri-
meiro tal como o consideras agora. Reverás os seus defeitos, as dificuldades que tens tido com ele, a dor que
ele te causou, a sua negligência e todas as pequenas e grandes feridas que te provocou. Considerarás o seu
corpo com os receptivos defeitos e qualidades, pensarás nos seus erros e até mesmo nos seus "pecados".

7. Em seguida, vamos pedir Àquele Que conhece a realidade e a verdade deste Filho de Deus, para que pos-
samos olhá-lo de maneira diferente e possamos ver o nosso salvador resplandecente à luz do verdadeiro per-
dão que nos foi dado. Pedimos a Ele, no santo Nome de Deus e do Seu Filho, tão santo quanto Ele Mesmo:

Que eu contemple o meu salvador naquele que foi designado por Ti como aquele a quem devo pedir
que me conduza à luz santa onde ele está, para que possa unir-me a ele.

Os olhos do corpo estão fechados e, ao pensares naquele que te magoou, permite que a luz que existe dentro
dele seja mostrada à tua mente, para além das tuas mágoas.

8. O que pediste não pode ser negado. O teu salvador está à espera disso, há muito tempo. Ele quer ser livre
e fazer com que a sua liberdade seja tua. A partir dele, o Espírito Santo inclina-se para ti, sem ver qualquer
separação no Filho de Deus. E o que vês, através do Espírito Santo, libertará ambos. Fica bem quieto agora e
olha para o teu salvador resplandecente. Nenhuma mágoa escura obscurece o que vês nele. Permitiste que o
Espírito Santo expressasse, através dele, o papel que Deus Lhe deu, para que pudesses ser salvo.

9. Deus agradece-te por estes momentos de quietude de hoje, nos quais esqueceste as tuas imagens e, no seu
lugar, olhaste para o milagre de amor que o Espírito Santo te mostrou. O mundo e o Céu unem-se em agrade-
cimento a ti, pois nenhum Pensamento de Deus pode deixar de se regozijar quando tu és salvo, e todo o
mundo juntamente contigo.

10. Nós nos lembraremos disso ao longo do dia e assumiremos o papel que nos foi designado como parte do
plano de Deus para a salvação, e não o nosso. A tentação desaparece quando permitimos que cada pessoa
que encontramos nos salve e quando nos recusamos a esconder, atrás das nossas mágoas, a sua luz. Permite
que o papel de salvador seja atribuído a cada pessoa que encontrares, a cada uma daquelas em quem pensas
ou que recordas do passado, a fim de que o possas compartilhar com ela. Para ambos, assim como para todos
aqueles que não vêem, fazemos uma prece:

Que os milagres substituam todas as mágoas.

LIÇÃO 79
Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido.

1. Um problema não pode ser resolvido se não souberes do que se trata. Mesmo que, na realidade, já esteja
resolvido, ainda terás o problema, pois não vais reconhecer que já foi resolvido. Esta é a situação do mundo.
O problema da separação, que é realmente o único problema, já foi resolvido. No entanto, a solução não é
reconhecida porque o problema não é reconhecido.

2. Todas as pessoas neste mundo parecem ter os seus próprios problemas especiais. No entanto, todos são o
mesmo e têm que ser reconhecidos como um só, se é que se há de aceitar a única solução que resolve todos
eles. Quem poderá ver que um problema já foi resolvido se pensa que o problema é outro? Mesmo que lhe
seja dada a resposta, ele não consegue ver a sua relevância.

3. Esta é a posição na qual tu agora te encontras. Tens a resposta, mas ainda não tens a certeza de qual é o
problema. Uma longa série de problemas diversos parece confrontar-te, e assim que um deles é resolvido
surge outro, e mais outro. Parecem não ter fim. Não há nenhum momento em que te sintas completamente
livre de problemas e em paz.

4. A tentação de considerar os problemas como se fossem muitos é a tentação de manter o problema da


separação sem solução. O mundo parece apresentar-te um grande número de problemas, cada um exigindo
uma resposta diferente. Esta percepção coloca-te numa posição em que o teu modo de resolver problemas
tem que ser inadequado pelo que o fracasso é inevitável.

5. Ninguém poderia resolver todos os problemas que o mundo parece conter. Parecem estar em tantos níveis,
ter formas tão diversas e conteúdo tão variado, que eles te confrontam com uma situação impossível. Ao
considerá-los, o desalento e a depressão são inevitáveis. Alguns surgem de modo inesperado, justamente
108
quando achas que tinhas resolvido os anteriores. Outros, permanecem sem solução sob uma nuvem de nega-
ção e erguem-se para assombrar-te de vez em quando, apenas para se esconderem-se mais uma vez, mas
ainda sem solução.

6. Toda esta complexidade nada mais é do que uma tentativa desesperada de não reconhecer o problema e,
assim, não permitir que seja resolvido. Se pudesses reconhecer que o teu único problema é a separação,
independente da forma que tome, aceitarias a resposta, pois verias a sua relevância. Ao perceber a constân-
cia subjacente em todos os problemas que parecem confrontar-te, compreenderias que tens o meio para
resolver todos eles. E usarias este meio, porque reconhecerias o problema.

7. Nos nossos períodos de prática mais longos de hoje, perguntaremos qual é o problema e qual a resposta
para ele. Não pressuporemos que já sabemos. Tentaremos libertar as nossas mentes de todos os diferentes
tipos de problemas que pensamos ter. Tentaremos dar-nos conta de que temos um só problema, o qual temos
falhado em reconhecer. Perguntaremos qual é o problema e esperaremos a resposta. Ela ser-nos-á dita.
Então, pediremos a solução. E ela ser-nos-á dita.

8. Os exercícios de hoje terão sucesso na medida em que não insistires em definir o problema. Talvez não
tenhas sucesso em soltar todas as tuas noções preconcebidas, mas isso não é necessário. É preciso, apenas,
que permitas alguma dúvida quanto à realidade da tua versão de quais são os teus problemas. Estás a tentar
reconhecer que a solução te foi dada ao reconhecer o problema, de modo que o problema e a solução se pos-
sam juntar e possas ficar em paz.

9. Os períodos de prática mais curtos para o dia de hoje não serão estabelecidos por tempo, mas pela neces-
sidade. Verás muitos problemas, hoje, cada um pedindo uma resposta. Os nossos esforços serão dirigidos ao
reconhecimento de que só há um problema e uma resposta. Neste reconhecimento todos os problemas são
resolvidos. Neste reconhecimento há paz.

10. Não te deixes enganar pela forma dos problemas, hoje. Quando qualquer dificuldade parecer surgir, diz a
ti mesmo imediatamente:

Que eu reconheça este problema para que ele possa ser resolvido.

Em seguida, tenta suspender qualquer julgamento sobre o que é o problema. Se possível, fecha os olhos por
um momento e pergunta qual é o problema. Serás ouvido e serás respondido.

LIÇÃO 80
Que eu reconheça que os meus problemas foram resolvidos.

1. Se estás disposto a reconhecer os teus problemas, reconhecerás que não tens problemas. Ao teu único
problema central já foi dada a resposta e não tens nenhum outro. Portanto, tens que estar em paz. Assim, a
salvação depende do reconhecimento deste problema único e da compreensão de que já foi resolvido. Um
problema, uma solução. A salvação é realizada. A libertação do conflito te foi dada. Aceita este facto e estás
pronto para ocupar o teu lugar de direito no plano de Deus para a salvação.

2. O teu único problema foi resolvido! Repete isso muitas e muitas vezes para ti mesmo, hoje, com gratidão e
convicção. Reconheceste o teu único problema abrindo o caminho para que o Espírito Santo te dê a resposta
de Deus. Deixaste de lado o engano e viste a luz da verdade. Aceitaste a salvação para ti mesmo trazendo o
problema à resposta. E podes reconhecer a resposta porque o problema foi identificado.

3. Tens direito à paz, hoje. Um problema que já foi resolvido não pode incomodar-te. Mas certifica-te de não
te esqueceres de que todos os problemas são o mesmo. As suas muitas formas não te enganarão enquanto te
lembrares disso. Um problema, uma solução. Aceita a paz que esta simples declaração te traz.

4. Nos nossos períodos de prática mais longos de hoje, reivindicaremos a paz que tem que ser nossa quando o
problema e a resposta são levados a encontrarem-se. O problema tem que desaparecer, porque a resposta de
Deus não pode falhar. Tendo reconhecido um, tens que ter reconhecido o outro. A solução é inerente ao pro-
blema. Foste respondido e aceitaste a resposta. Estás salvo.

5. Agora, deixa que te seja dada a paz que a tua aceitação traz. Fecha os olhos e recebe a tua recompensa.
Reconhece que os teus problemas foram resolvidos. Reconhece que estás fora do conflito, livre e em paz.

109
Acima de tudo, lembra-te de que só tens um problema e que o problema tem uma solução. Nisto está a sim-
plicidade da salvação. É por esta razão que a sua eficácia é garantida.

6. Hoje, assegura-te, frequentemente, que os teus problemas foram resolvidos. Repete a ideia com profunda
convicção, com a maior frequência possível. E mantém-te particularmente seguro de aplicar a ideia para o
dia de hoje a qualquer problema específico que possa surgir. Diz rapidamente:

Que eu reconheça que este problema foi resolvido.

7. Estejamos determinados a não coleccionar mágoas, hoje. Estejamos determinados a livrar-nos de proble-
mas que não existem. O meio é a simples honestidade. Não te enganes quanto ao que é o problema, e terás
que reconhecer que ele foi resolvido.

REVISÃO II

Introdução

1. Agora estamos prontos para outra revisão. Começaremos onde parou a última e incluiremos duas ideias por
dia. A primeira parte de cada dia será dedicada a uma destas ideias e a segunda à outra. Teremos um período
de exercícios mais longo e frequentes períodos mais curtos, durante os quais praticaremos cada uma das
ideias.

2. Os períodos de prática mais longos seguirão esta forma geral: reserva aproximadamente quinze minutos
para cada um e começa pensando nas ideias do dia e nos comentários que estão incluídos nas lições. Dedica
três ou quatro minutos a lê-los vagarosamente, várias vezes se desejares e, em seguida, fecha os olhos e
escuta.

3, Repete a primeira fase do período de exercícios se achares que a tua mente se está a dispersar, mas tenta
passar a maior parte do tempo ouvindo em quietude, mas atentamente. Há uma mensagem à tua espera.
Confia em que vais recebê-la. Lembra-te de que ela pertence-te e de que a queres.

4. Não deixes a tua intenção vacilar diante de pensamentos que te distraiam. Compreende que, quaisquer
que sejam as formas que tais pensamentos possam tomar, eles não têm nenhum significado e nenhum poder.
Podes substituí-los pela determinação em ter sucesso. Não te esqueças de que a tua vontade tem poder sobre
todas as fantasias e sonhos. Confia nela para te ajudar a atravessá-los e para te carregar para o que está
além de todos eles.

5. Considera estes períodos de prática como oferendas ao caminho, à verdade e à vida. Recusa-te a deixares-
te desviar para digressões, ilusões e pensamentos de morte. És dedicado à salvação. Que estejas determina-
do, em cada dia, a não deixar a tua função sem ser cumprida.

6. Reafirma, também, a tua determinação nos períodos de prática mais curtos, usando a forma original da
ideia para aplicações gerais e formas mais específicas, quando necessário. Algumas formas específicas estão
incluídas nos comentários que se seguem à enunciação das ideias. Estas, contudo, são, simplesmente, suges-
tões. Não são as palavras específicas que usas que têm importância.

LIÇÃO 81
Hoje as nossas ideias para revisão são:

1. (61) Eu sou a luz do mundo.

Quão santo sou eu, a quem foi dada a função de iluminar o mundo! Que eu possa ficar quieto diante da minha
santidade. Na sua luz serena, que todos os meus conflitos desapareçam. Na sua paz, que eu me lembre de
Quem sou.

2. Algumas formas específicas para a aplicação desta ideia, quando alguma dificuldade em especial parecer
surgir, poderiam ser:

110
Que eu não obscureça a luz do mundo em mim.
Que a luz do mundo brilhe através desta aparência.
Esta sombra desvanecer-se-á diante da luz.

3. (62) O perdão é a minha função sendo Seu a luz do mundo.

É através da aceitação da minha função que verei a luz em mim. E, nesta luz, a minha função mostrar-se-á
perfeitamente clara e sem ambiguidades diante dos meus olhos. A minha aceitação não depende do meu
reconhecimento do que é a minha função, pois eu ainda não compreendo o perdão. Mas confiarei que, na luz,
vê-lo-ei tal como é.

4. Formas específicas para usar esta ideia poderiam incluir:

Que isto me ajude a aprender o que significa o perdão.


Que eu não separe a minha função da minha vontade.
Não usarei isto para um propósito alheio.

LIÇÃO 82
Hoje, reveremos estas ideias:

1. (63) A luz do mundo traz paz a todas as mentes através do meu perdão.

O meu perdão é o meio pelo qual a luz do mundo encontra a sua expressão através de mim. O meu perdão é o
meio pelo qual venho a estar ciente da luz do mundo em mim. O meu perdão é o meio pelo qual o mundo é
curado juntamente comigo. Então, que eu perdoe o mundo, para que ele possa ser curado comigo.

2. Algumas sugestões para formas específicas da aplicação desta ideia são:

Que a paz se estenda da minha mente à tua, [nome].


Eu compartilho a luz do mundo contigo, [nome].
Através do meu perdão, posso ver isto tal como é.

3. (64) Que eu não esqueça a minha função.

Não quero esquecer a minha função porque quero lembrar-me do meu Ser. Não posso cumprir a minha função
se a esquecer. E, a menos que a cumpra, não experimentarei a alegria que Deus me destina.

4. Formas específicas adequadas para esta ideia incluem:

Que eu não use isto para esconder, de mim mesmo, a minha função.
Quero usar isto como uma oportunidade para cumprir a minha função.
Isto pode ameaçar o meu ego, mas jamais poderá mudar a minha função.

LIÇÃO 83
Vamos rever estas ideias, hoje:

1. (65) A minha única função é a que Deus me deu.

Não tenho nenhuma função senão a que Deus me deu. Este reconhecimento liberta-me de qualquer conflito,
pois significa que não posso ter metas contraditórias. Com um só propósito, estou sempre certo do que fazer,
do que dizer e do que pensar. Todas as dúvidas têm de desaparecer no momento em que reconheço que a
minha única função é a que Deus me deu.

2. Aplicações mais específicas desta ideia podem tomar estas formas:

111
A minha percepção disto não muda a minha função.
Isto não me dá uma função diferente daquela que Deus me deu.
Que eu não use isto para justificar uma função que Deus não me deu.

3. (66) A minha felicidade e a minha função são uma só.

Todas as coisas que vêm de Deus são unas. Vêm da Unicidade e têm que ser recebidas como uma só. O cum-
primento da minha função é a minha felicidade, porque ambas vêm da mesma Fonte. E, se quero encontrar a
felicidade, tenho de aprender a reconhecer o que me faz feliz.

4. Algumas formas úteis para as aplicações específicas desta ideia são:

Isto não pode separar a minha felicidade da minha função.


A unicidade da minha felicidade e da minha função permanece inteiramente inalterada por isto.
Nada, incluindo isto, pode justificar a ilusão de felicidade à parte da minha função.

LIÇÃO 84
Estas são as ideias para a revisão de hoje:

1. (67) O Amor me criou como Ele Mesmo.

Eu sou como o meu Criador. Não posso sofrer, não posso experimentar nenhuma perda, e não posso morrer.
Eu não sou um corpo. Hoje, quero reconhecer a minha realidade. Não adorarei ídolos, nem erguerei o meu
próprio autoconceito para substituir o meu Ser. Sou como o meu Criador. O Amo criou-me como Ele Mesmo.

2. Talvez aches úteis estas formas específicas para a aplicação da ideia:

Que eu não veja nisto uma ilusão de mim mesmo.


Ao olhar para isto, que eu me lembre do meu Criador.
O meu Criador não criou isto como eu o vejo.

3. (68) O Amor não guarda mágoas.

Mágoas são completamente alheias ao amor. Mágoas atacam o amor e mantêm a sua luz obscura. Se eu guar-
do mágoas, estou atacando o amor, portanto, atacando o meu Ser. Assim, o meu Ser vem a ser alheio a mim.
Estou determinado a não atacar o meu Ser, hoje, para que possa lembrar-me de Quem sou.

4. Estas formas específicas para a aplicação desta ideia poderiam ser úteis:

Isto não é justificação para negar o meu Ser.


Não vou usar isto para atacar o amor.
Que isto não me tente a atacar-me a mim mesmo.

LIÇÃO 85
A revisão de hoje abrangerá estas ideias:

1. (69) As minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim.

As minhas mágoas mostram-me algo que não existe e escondem de mim o que quero ver. Tendo reconhecido
isto, para que quero as minhas mágoas? Elas mantêm-me na escuridão e escondem a luz. Mágoas e luz não
podem ir juntas, mas a luz e a visão têm que estar unidas para que eu veja. Para ver, tenho que deixar as
mágoas de lado. Eu quero ver, e este será o meio através do qual terei sucesso.

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2. Aplicações específicas desta ideia poderiam ser feitas nas seguintes formas:

Que eu não use isto para bloquear o que vejo.


A luz do mundo brilhará afastando tudo isto.
Não tenho necessidade disto. Eu quero ver.

3. (70) A minha salvação vem de mim.

Hoje reconhecerei onde está a minha salvação. Está em mim, porque em mim está sua Fonte. Ela não deixou
a sua Fonte e, portanto, não pode ter deixado a minha mente. Não procurarei por ela fora de mim mesmo.
Ela não pode ser encontrada do lado de fora e, depois, trazida para dentro. Mas, de dentro de mim, a minha
salvação pode alcançar o que está além, e tudo o que vejo só reflectirá a luz que brilha em mim e em nela
mesma.

4. Estas formas são adequadas para aplicações mais específicas:

Que isto não me tente a procurar a minha salvação fora de mim.


Não deixarei que isto interfira com a minha consciência da Fonte da minha salvação.
Isto não tem poder de privar-me da salvação.

LIÇÃO 86
Estas são as ideias para a revisão de hoje:

1. (71) Só o plano de Deus para a salvação funcionará.

Não faz sentido procurar loucamente a salvação em toda parte. Tenho-a visto em muitas pessoas e em muitas
coisas, mas, quando quis alcançá-la, não estava Já. Estava enganado quanto ao lugar onde ela está. Estava
enganado quanto ao que ela é. Não empreenderei mais nenhuma procura vã. Só o plano de Deus para a salva-
ção funcionará. E alegrar-me-ei porque o Seu plano nunca pode fracassar.

2. Estas, são algumas formas sugeridas para a aplicação desta ideia de modo específico:

O plano de Deus para a salvação salvar-me-á da percepção que tenho disto.


Isto não é nenhuma excepção no plano de Deus para a minha salvação.
Que eu perceba isto só à luz do plano de Deus para a salvação.

3. (72) Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação.

Guardar mágoas é uma tentativa de provar que o plano de Deus para a salvação não funcionará. No entanto,
só o Seu plano funcionará. Ao guardar mágoas estou, portanto, a excluir a única esperança de salvação da
minha consciência. Não quero continuar a sabotar os meus maiores interesses deste modo insano. Quero acei-
tar o plano de Deus para a salvação e ser feliz.

4. Aplicações específicas desta ideia poderiam tomar as seguintes formas:

Ao olhar para isto, estou a escolher entre uma percepção errada e a salvação.
Se, nisto, eu vir uma justificação para mágoas, não verei justificação para a minha salvação.
Isto pede salvação, não ataque.

LIÇÃO 87
A nossa revisão de hoje compreenderá estas ideias:

1. (73) É minha vontade que haja luz.

113
Hoje usarei o poder da minha vontade. Não é minha vontade tactear na escuridão, amedrontado com as som-
bras e temeroso por coisas invisíveis e irreais. Hoje, a luz será o meu guia. Segui-la-ei onde quer que me con-
duza e só olharei para o que ela me mostrar. Hoje, experimentarei a paz da verdadeira percepção.

2. Estas formas desta ideia serão úteis nas aplicações específicas:

Isto não pode esconder a luz que é minha vontade ver.


Tu estás comigo na luz, (nome).
Na luz, isto parecerá diferente.

3. (74) Não há outra vontade senão a de Deus.

Estou em segurança, hoje, pois não há outra vontade senão a de Deus. Só posso vir a sentir medo se acreditar
que há outra vontade. Só tento atacar quando estou com medo, e só posso acreditar que a minha segurança
eterna está ameaçada quando tento atacar. Hoje, vou reconhecer que nada disto ocorreu. Estou em seguran-
ça, pois não há outra vontade senão a de Deus.

4. Estas são algumas formas úteis desta ideia para aplicações específicas:

Que eu perceba isto de acordo com a Vontade de Deus.


É Vontade de Deus que tu, (nome), sejas o Seu Filho e é a minha, também.
Isto é parte da Vontade de Deus para mim, independente de como eu o possa ver.

LIÇÃO 88
Revisaremos estas ideias hoje:

1. (75) A luz veio.

Ao escolher a salvação em vez do ataque, escolho, simplesmente, reconhecer o que já existe. A salvação é
uma decisão que já foi tomada. O ataque e as mágoas não existem para serem escolhidos. É por isto que
sempre escolho entre a verdade e a ilusão, entre o que existe e o que não existe. A luz veio. Só posso esco-
lher a luz, pois ela não tem alternativa. Ela tomou o lugar da escuridão e a escuridão desapareceu.

2. Estas formas provarão ser úteis para as aplicações específicas desta ideia:

Isto não me pode mostrar a escuridão, pois a luz veio.


A luz em ti, (nome), é tudo o que eu quero ver.
Eu quero ver nisto apenas o que existe.

3. (76) Não estou sujeito a outras leis senão às de Deus.

Eis aqui a declaração perfeita da minha liberdade. Não estou sujeito a outras leis senão às de Deus. Sou cons-
tantemente tentado a inventar outras leis e a dar-lhes poder sobre mim. Sofro, apenas, por acreditar nelas.
Elas não têm absolutamente nenhum efeito real sobre mim. Estou perfeitamente livre dos efeitos de todas as
leis, excepto as de Deus. E as Suas leis são as leis da liberdade.

Para aplicações específicas desta ideia, estas formas poderão ser úteis:

A minha percepção disto mostra-me que acredito em leis que não existem.
Nisto, eu vejo só a acção das leis de Deus.
Que eu permita que as leis de Deus actuem nisto, e não as minhas.

LIÇÃO 89
Estas são nossas ideias de revisão para hoje:
114
1. (77) Eu tenho direito a milagres.

Eu tenho direito a milagres porque não estou sujeito a nenhumas leis senão às de Deus. As Suas leis libertam-
me de todas as mágoas e substituem-nas por milagres. E eu quero aceitar os milagres no lugar das mágoas,
que são apenas ilusões que escondem os milagres que estão além. Agora, só quero aceitar o que as leis de
Deus me dão direito a ter, para poder usar isto a favor da função que Ele me deu.

2. Poderias usar as sugestões seguintes para as aplicações específicas desta ideia:

Por trás disto há um milagre ao qual tenho direito.


Que eu não guarde mágoa de ti, (nome), mas que ofereça o milagre que te pertence.
Visto verdadeiramente, isto oferece-me um milagre.

3. (78) Que os milagres substituam todas as mágoas.

Através desta ideia, uno a minha vontade à Vontade do Espírito Santo e percebo-as como uma só. Através
desta ideia, aceito a minha liberação do inferno. Através desta ideia expresso a minha disponibilidade para
ter todas as ilusões substituídas pela verdade, conforme o plano de Deus para a minha salvação. Não quero
fazer excepções ou encontrar substitutos. Quero todo o Céu, e só o Céu, tal como é Vontade de Deus que eu
tenha.

4. Algumas formas específicas úteis na aplicação desta ideia seriam:

Não quero guardar esta mágoa à parte da minha salvação.


Que as nossas mágoas sejam substituídas por milagres, (nome).
Por trás disto está o milagre pelo qual todas as minhas mágoas são substituídas.

LIÇÃO 90
Para a revisão de hoje usaremos estas ideias:

1. (79) Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido.

Que eu reconheça, hoje, que o problema é sempre alguma forma de mágoa que quero alimentar. Que eu
compreenda, também, que a solução é sempre um milagre pelo qual permito que a mágoa seja substituída.
Hoje, quero lembrar-me da simplicidade da salvação, reforçando a lição de que há um só problema e uma só
solução. O problema é uma mágoa, a solução é um milagre. E eu convido a solução a vir a mim, perdoando a
mágoa, e dando as boas-vindas ao milagre que vem ocupar o seu lugar.

2. Aplicações específicas desta ideia poderiam ser feitas destas formas:

Isto apresenta um problema que eu quero ver resolvido.


O milagre que está por trás desta mágoa vai resolvê-la.
A resposta para este problema é o milagre que ele oculta.

3. (80) Que eu reconheça que os meus problemas foram resolvidos.

Parece que tenho problemas só porque estou a fazer mau uso do tempo. Acredito que o problema vem pri-
meiro e que é preciso que o tempo passe, antes que o problema possa ser resolvido. Não vejo o problema e a
resposta como simultâneos, na sua ocorrência. Tal acontece porque ainda não reconheço que Deus pôs a res-
posta junto com o problema, de modo que não possam ser separados pelo tempo. O Espírito Santo ensinar-
me-á isto, se eu Lhe permitir. E compreenderei que é impossível ter um problema que já não tenha sido solu-
cionado.

4. Estas formas da ideia serão úteis para aplicações específicas:

Não preciso esperar para que isto seja resolvido.


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A resposta para este problema já me foi dada, se eu a aceitar.
O tempo não pode separar este problema da sua solução.

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Livro de Exercícios, Parte II

O QUE É O PERDÃO?

1. O perdão reconhece que aquilo que pensaste que o teu irmão te fez, não ocorreu. Ele não perdoa pecados
tornando-os reais; Ele vê que não há pecado. E, neste modo de ver, todos os teus pecados são perdoados. O
que é o pecado, senão uma ideia falsa sobre o Filho de Deus? O perdão, simplesmente, vê a falsidade dessa
ideia falsa e, portanto, abandona-a. A Vontade de Deus passa, então, a ser livre para ocupar agora o espaço
que lhe é devido.

2. Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um julgamento que não questionará, embora
não seja verdadeiro. A mente está fechada e não será libertada. O pensamento protege a projecção, aper-
tando as suas correntes de modo a que as distorções se tornem mais veladas e mais obscuras; menos acessí-
veis à dúvida e mais afastadas da razão. O que poderia interpor-se entre uma projecção fixa e o objectivo
que ela escolheu como sua meta?

3. Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas: persegue a sua meta activa e freneticamente, distor-
cendo e derrubando o que vê como interferências ao atalho que escolheu. A deturpação é o seu propósito,
assim como o meio pelo qual o quer realizar. Ele lança-se nas suas tentativas furiosas de esmagar a realidade,
sem se preocupar com o que quer que seja que, aparentemente, contradiga o seu ponto de vista.

4. O perdão, por sua vez, é quieto e, na quietude, nada faz. Não ofende nenhum aspecto da realidade, nem
procura distorcê-la para a encaixar em aparências que lhe agradem. Apenas olha, espera e não julga. Aquele
que não quer perdoar tem de julgar, pois tem de justificar o seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer
perdoar a si mesmo, tem de aprender a dar as boas-vindas à verdade exactamente como ela é.

5. Assim sendo, não faças nada e deixa o perdão mostrar-te o que fazer através Daquele que é o teu Guia,
teu Salvador e Protector, forte em esperança e certo do teu êxito final. Ele já te perdoou, pois essa é a Sua
função, dada por Deus. Agora, é preciso que compartilhes a Sua função e perdoes àqueles que Ele salvou,
cuja impecabilidade. Ele vê e a quem honra como Filho de Deus.

O QUE É A SALVAÇÃO?

1. A salvação é uma promessa, feita por Deus, de que encontrarias, finalmente, um caminho para ele. Ela não
pode deixar de ser cumprida. Ela garante que o tempo terá um fim e que todos os pensamentos nascidos os
tempo também terão um fim. O Verbo de Deus é dado a todas as mentes que pensam ter pensamentos em
separado, para substituir esses pensamentos de conflito pelo Pensamento da paz.

2. O Pensamento da paz foi dado ao Filho de Deus no instante em que a sua mente pensou em guerra. Antes
disso, não havia necessidade de tal Pensamento, pois a paz era dada sem opostos e, simplesmente, não exis-
tia. Mas, quando a mente se dividiu, a cura fez-se necessária. Assim, o Pensamento que tem o poder de curar
a divisão tornou-se parte de cada fragmento da mente que, embora ainda permanecesse una, deixou de
reconhecer a sua unicidade. Nesse momento, não mais se conhecia e pensou que havia perdido a própria
Identidade.

3. A salvação é um «desfazer», no sentido em que nada faz por não apoiar o mundo de sonhos e malícia. E,
assim, afasta as ilusões. Por não as apoiar, abandona-as, simplesmente, no pó. Assim, o que elas escondiam é
agora revelado: um altar para o santo Nome de Deus, no qual está escrito o Seu Verbo, com as dádivas do teu
perdão depositadas diante dele e, logo atrás, a memória de Deus.

4. Vamos, diariamente, a este santo lugar para passarmos algum tempo juntos. Aqui compartilhamos o nosso
sonho final. Um sonho em que não há tristezas, pois contém u indício de toda a glória que nos é dada por
Deus. A relva desponta na terra, as árvores começam a florescer e os pássaros vêm viver nos galhos delas. A
terra renasce com uma nova perspectiva. A noite desapareceu e, juntos, chegamos até à luz.

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5. Daqui, damos a salvação ao mundo, pois é aqui que a salvação foi recebida. A canção do nosso júbilo é a
chamada para toda a gente anunciando que a liberdade está de volta, que o tempo está quase no fim, que ao
Filho de Deus só resta mais um instante de espera até que o seu Pai seja lembrado, os sonhos acabem e a
eternidade brilhe afastando o mundo e só o Céu exista agora.

O QUE É O MUNDO?

1. O mundo é falsa percepção. Nasceu do erro e não deixou a sua fonte. Deixará de existir quando o pensa-
mento que lhe deu origem deixar de ser apreciado. Quando o pensamento da separação for mudado para um
pensamento de verdadeiro perdão, o mundo será visto sob outra luz; uma luz que conduz à verdade, na qual
o mundo todo tem de desaparecer, assim como todos os seus erros. Agora, a fonte foi anulada e os efeitos
dela também.

2. O mundo foi feito como um ataque a Deus. Ele simboliza o medo. E o que é o medo senão ausência de
amor? Assim, o mundo foi feito para ser um lugar onde Deus não pudesse entrar e no qual o Seu Filho pudesse
estar à parte Dele. Aqui nasceu a percepção, pois o conhecimento não poderia causar tais pensamentos doen-
tios. Mas os olhos enganam e os ouvidos ouvem o que é falso. Agora, os erros vêm a ser bastantes possíveis,
pois a certeza desapareceu.

3. Em seu lugar nasceram os mecanismos da ilusão. E, agora, eles partem para encontrar o que lhes é dado
procurar. O seu objectivo é cumprir o propósito que o mundo foi feito para testemunhar e fazer com que seja
real. Eles vêem, nas suas ilusões, apenas uma base sólida onde a verdade existe, mantida à parte das menti-
ras. No entanto, tudo o que transmitem é apenas ilusão, mantida à parte da verdade.

4. Embora a vista tenha sido feita para afastar a verdade, ela pode ser redireccionada. Os sons transformam-
se no apelo de Deus e um novo propósito pode ser dado a todas as percepções por Aquele que Deus designou
como o Salvador do mundo. Segue a Sua Luz e vê o mundo tal como Ele o contempla. Ouve apenas a Sua Voz
em tudo o que fala contigo. E deixa-O dar-te a paz e a certeza que deitaste fora, mas que o Céu preservou
Nele, para ti.

5. Que não descansemos no nosso contentamento, enquanto o mundo não se tiver unido à nossa percepção,
que já foi mudada. Que não estejamos satisfeitos enquanto o perdão não se tiver tornado completo. E não
tentemos mudar a nossa função. Temos que salvar o mundo. Pois nós, que o fizemos, temos de contemplá-lo
através dos olhos de Cristo, para que o que foi feito para morrer possa ser restituído à vida eterna.

O QUE É O PECADO?

1. O pecado é a insanidade. É o meio pelo qual a mente é levada à loucura, tudo fazendo para que as ilusões
tomem o lugar da verdade. E, estando louca, vê ilusões onde a verdade deveria estar e onde realmente está.
O pecado deu olhos ao corpo, pois, para aqueles que não têm pecado, o que há para contemplar? Que neces-
sidade têm eles da visão, da audição ou do tacto? O que ouviriam ou tentariam agarrar? O que perceberiam
com os sentidos? Ter sensações não é conhecer. E a verdade só poder ser preenchida com o conhecimento e
nada mais.

2. O corpo é o instrumento feito pela mente nos seus esforços para se enganar a si mesma. O seu propósito é
lutar. Mas a meta da luta pode mudar. E, agora, o corpo serve para lutar por um objectivo diferente. O que
ele busca, agora, é escolhido pelo objectivo que a mente adoptou para substituir a meta do auto-engano. A
verdade pode ser o seu objectivo, tanto quanto as mentiras. Neste caso, os sentidos procurarão testemunhas
do que é verdadeiro.

3. O pecado é o lar de todas as ilusões que só representam coisas imaginárias, geradas por pensamentos que
não são verdadeiros. São a «prova» de que o que não tem realidade é real. O pecado «prova» que o Filho de
Deus é mau, que a intemporalidade tem de ter um fim, que a vida eterna tem de morrer. E o próprio Deus
perdeu o Filho que ama, ficando apenas com a corrupção para contemplar a Si Mesmo; a Vontade de Deus foi,
para sempre, superada pela morte, o amor decapitado pelo ódio e nunca mais haverá paz.

4. Os sonhos de um louco são assustadores e o pecado, de facto, parece aterrorizar. E, no entanto, o que o
pecado percebe não passa de um jogo infantil. O Filho de Deus pode brincar ao jogo de se tornar um corpo,
uma presa para o mal e para a culpa, tendo apenas uma pequena vida que terminará na morte. Porém,

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enquanto isso, o seu Pai ilumina-o e ama-o com um Amor eterno que as pretensões do Filho de Deus não
podem mudar de forma nenhuma.

5. Por quanto tempo, ó Filho de Deus, ainda manterás o jogo do pecado? Não é melhor deixarmos de lado
esses brinquedos de criança, cheios de pontas afiadas? Em quanto tempo estarás pronto para voltar para
casa? Hoje, talvez? Não existe pecado. A criação não pode ser mudada. Ainda queres protelar a volta ao Céu?
Até quando, ó Filho santo de Deus, até quando?

5. O QUE É O CORPO?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes do seu Ser de outras
partes. É dentro dessa cerca que pensa viver, para morrer quando ela decair e se desmoronar. Pois, dentro
dessa cerca, pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com a própria segurança, considera ser aquilo que
é a sua segurança. De que outro modo poderia ele ter a certeza de permanecer dentro do corpo, mantendo o
amor do lado de fora?

2- O corpo não perdurará. Mas isso, ele vê como uma dupla segurança. Pois a impermanência do Filho de Deus
é uma «prova» de que as suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que a sua mente lhe designou. Pois se a
sua unicidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia
ser vitorioso? Quem poderia ser a sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não mor-
resse, que «prova» haveria de que o eterno Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é um sonho. Como outros sonhos, ele, por vezes, parece retratar a felicidade, mas pode retroce-
der subitamente para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria em verdade e a verdade
nunca tem medo. Feito para ter medo, o corpo tem de servir ao propósito que lhe é dado. Mas podemos
mudar o propósito ao qual o corpo obedecerá mudando o nosso pensamento quanto ao que ele serve.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus regressa à sanidade. Apesar de ter sido feito para o cercar
irremediavelmente no inferno, a perseguição do inferno foi trocada pela meta do Céu. O Filho de Deus esten-
de a mão para alcançar o seu irmão e para o ajudar a caminhar pela estrada, junto dele. Agora, o corpo é
santo. Agora, serve para curar a mente que o fizera para matar.

5. Identificar-te-ás com aquilo que pensas ser a tua segurança. O que quer que seja, acreditarás que és um
com ela. A tua segurança está na verdade e não em mentiras. A tua segurança é o amor. O medo não existe.
Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor
e encontras o teu Ser.

O QUE É O CRISTO?

1. Cristo é o Filho de Deus, tal como Ele O Criou. É o Ser que compartilhamos, unindo-nos uns aos outros e
também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda habita no interior da Mente que é a Sua Fonte. Ele não deixou
o Seu lar santo, nem perdeu a inocência em que foi criado. Para sempre imutável, habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não passa de uma ilusão de desespe-
ro, pois a esperança habitará para sempre Nele. A tua mente faz parte da Dele e a Dele da tua. Ele é a parte
em que está a Resposta de Deus, onde todas as decisões já foram tomadas e os sonhos já acabaram. Ele per-
manece intocado por todas as coisas que os olhos do corpo percebem. Pois embora o Pai tenha depositado
Nele os meios para a tua salvação, Ele continua a ser o Ser Que, como o Pai, desconhece o pecado.

3. Lar do Espírito Santo, em casa apenas em Deus, Cristo permanece em paz dentro do Céu da tua mente
santa. Essa é a única parte de ti que, verdadeiramente, tem realidade. O resto são sonhos. Mas esses sonhos
serão dados a Cristo, para que se desvaneçam diante da Sua Glória e, enfim, te revelem o teu Ser santo, o
Cristo.

4. A partir do Cristo em ti, o Espírito Santo alcança todos os teus sonhos e pede que venham a Ele para serem
traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. De facto,
quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz tiver vindo a todos os Filhos de Deus, o que mais poderia
haver para manter as coisas separadas, já que o que resta para ser visto é, apenas, a face de Cristo?

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5. E por quanto tempo essa face santa será vista, se não passa de um símbolo, indicando que o tempo da
aprendizagem agora terminou e a meta da Expiação foi, enfim alcançada? Portanto, procuremos encontrar a
face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando contemplarmos a Sua glória, teremos o conhecimento de
não precisarmos de aprendizagem, de percepção ou de tempo ou de qualquer outra coisa, excepto do Ser
santo, o Cristo que Deus criou como Seu Filho.

O QUE É O ESPÍRITO SANTO?

1. O Espírito Santo é o mediador entre as ilusões e a verdade. Como Ele tem de fazer uma ponte sobre a bre-
cha que existe entre a realidade e os sonhos, a percepção conduz ao conhecimento através da graça que Deus
Lhe deu para que fosse a Sua dádiva a todos aqueles que se voltam para Ele em busca da verdade. Todos os
sonhos são carregados para a verdade através da ponte que Ele provê, para serem dissipados da luz do conhe-
cimento. Ali, Cenas e sons são, para sempre, deixados de lado. E, onde eram percebidos antes, o perdão tor-
nou possível o fim tranquilo da percepção.

2. A meta que o ensinamento do Espírito Santo estabelece é, apenas, esse fim dos sonhos. Pois cenas e sons
têm de ser traduzidos de testemunhos do medo em testemunhos do amor. E quando isso for inteiramente
realizado, a aprendizagem terá conseguido a sua única meta na verdade. Pois a aprendizagem, do modo que
o Espírito Santo o orienta para o resultado que Ele percebe, torna-se o meio para ir além da própria aprendi-
zagem a fim de ser substituída pela Verdade Eterna.

3. Se ao menos conhecesses o quanto o teu Pai anseia para que reconheças a tua impecabilidade, não deixa-
rias a Sua Voz apelar em vão, nem virarias as costas para as Suas substituições das imagens assustadoras e dos
sonhos que fizeste. O Espírito Santo compreende os meios que fizeste, pelos quais queres alcançar o que é
para sempre incansável. E se os ofereceres a Ele, Ele empregará os meios que fizeste a fim de te exilares
para restituir a tua mente ao lugar em que ela está verdadeiramente em casa.

4. Desde o conhecimento, onde foi colocado por Deus, o Espírito Santo chama por ti para que deixes o perdão
repousar sobre os teus sonhos e para que sejas restituído à sanidade e à paz da tua mente. Sem o perdão, os
teus sonhos continuarão a aterrorizar-te. E a memória da totalidade do Amor do teu Pai não voltará, o Qual
significa que o fim dos sonhos já veio.

5. Aceita a dádiva do teu Pai. É uma chamada do Amor para o Amor, para que Ele seja apenas Ele mesmo. O
Espírito Santo é essa dádiva, através da qual a quietude do Céu é restituída ao amado Filho de Deus. Recusa-
rias aceitar a função de completar a Deus, quando toda a Sua Vontade é que sejas completo?

O QUE É O MUNDO REAL?

1. O mundo real é um símbolo, tal como o resto do que a percepção oferece. Mas representa o oposto daquilo
que fizeste. O teu mundo é visto através dos olhos do medo e traz à tua mente os testemunhos do terror. O
mundo real não pode ser percebido excepto através dos olhos que o perdão abençoa, de modo que vejam um
mundo onde o terror é impossível e onde testemunhos do medo não podem ser encontrados.

2. O mundo real possui uma contrapartida para cada pensamento infeliz reflectido no teu mundo; uma cor-
recção certa para as cenas de medo e para os sons de batalha que o teu mundo contém. O mundo real mostra
um mundo visto de modo diferente, através de olhos serenos e com a mente em paz. Nele só há descanso.
Nele não se ouvem gritos de dor e de pesar, pois nada mais resta fora do perdão. E o que vês é gentil. Apenas
cenas e sons felizes podem alcançar a mente que perdoou a si mesma.

3. Que necessidade tem essa mente de pensamentos de morte, ataque e assassinato? O que pode perceber ao
seu redor, senão a segurança, o amor e a alegria? O que pode existir que escolhesse condenar e o que quere-
ria julgar desfavoravelmente? O mundo que ela vê surge de uma mente em paz consigo mesma. Não há peri-
gos à espreita em nada do que é visto por ela, pois é benigna e só contempla a benignidade.

4. O mundo real é o símbolo de que o sonho do pecado e da culpa terminou e de que o Filho de Deus deixou
de estar a dormir. Os seus olhos despertos percebem o reflexo seguro do Amor de seu Pai, a promessa certa
de foi redimido. O mundo real significa o fim do tempo pois percebê-lo faz com que o tempo não tenha
nenhum propósito.

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5. O Espírito Santo não tem necessidade de tempo, desde que o tempo já tenha servido ao Seu propósito.
Agora, Ele só espera por aquele único instante a mais para que Deus dê o Seu passo final e o tempo desapare-
ça, levando consigo a percepção e deixando apenas a verdade para ser ela mesma. Esse instante é a nossa
meta, pois contém a memória de Deus. E, ao olharmos para um mundo perdoado, é Ele que nos chama e vem
para nos levar para casa, lembrando-nos da nossa Identidade que o nosso perdão nos restituiu.

O QUE É A SEGUNDA VINDA?

1. A Segunda Vinda de Cristo, que é tão certa quanto Deus, é apenas a correcção de erros e a volta da sani-
dade. É aparte da condição que restitui o que nunca foi perdido e restabelece o que é para sempre e eterna-
mente verdadeiro. É o convite para que o Verbo de Deus tome o lugar das ilusões; a disponibilidade para dei-
xar que o perdão repouse sobre todas as coisas, sem excepção e sem reserva.

2. É a natureza toda abrangente da Segunda Vinda de Cristo que lhe permite abraçar o mundo e manter-te a
salvo no interior do seu gentil Advento, que encerra todas as coisas vivas juntamente contigo. Não há fim
para a libertação que a Segunda Vinda traz, assim como a Criação de Deus tem de ser sem limites. O perdão
ilumina o caminho da Segunda Vinda, pois brilha sobre tudo como um só. e, assim, a unicidade é enfim reco-
nhecida.

3. A Segunda Vinda põe fim às lições que o Espírito Santo ensina, abrindo caminho para o julgamento final no
qual a aprendizagem termina nu último sumário que se estenderá além de si mesmo e alcançará a Deus. A
Segunda Vinda é o momento em que todas as mentes são entregues nas mãos de Cristo para serem devolvidas
ao espírito em nome da verdadeira criação e da Vontade de Deus.

4. A Segunda Vinda é o único evento no tempo que o próprio tempo não pode afectar. Pois cada um daqueles
que, um dia, veio para morrer, ou que ainda está por vir, ou está presente agora, é libertado do que fez.
Nesta igualdade, Cristo é restabelecido como uma só Identidade, na Qual os Filhos de Deus reconhecem que
são um só. E Deus Pai sorri a seu Filho, Sua única criação e Sua única alegria.

5. Reza para que a Segunda Vinda ocorra já, mas não descanses com isso. Ela precisa dos teus olhos, ouvidos,
mãos e pés. Ela precisa da tua voz. E, acima de tudo, da tua disponibilidade. Vamos regozijar-nos porque
podemos fazer a Vontade de Deus e unir-nos sob a sua luz santa. Repara nisto: o Filho de Deus é um só em
nós e, através Dele, podemos alcançar o Amor do nosso Pai.

O QUE É O JULGAMENTO FINAL?

1. A Segunda Vinda de Cristo dá ao Filho de Deus essa dádiva: ouvir a Voz por Deus proclamar que aquilo que
é falso é falso e o que é verdadeiro jamais mudou. E é esse o julgamento no qual a percepção chega ao fim.
Em primeiro lugar, vês um mundo que aceitou isso como verdadeiro, projectado a partir de uma mente, ago-
ra corrigida. E com essa vista santa, a percepção dá uma bênção silenciosa e, em seguida, desaparece com a
sua meta realizada e a sua missão cumprida.

2. O Julgamento Final do mundo não contém nenhuma condenação. Pois vê o mundo totalmente perdoado,
sem pecado e inteiramente sem propósito. Sem causa, e agora sem função na visão de Cristo, simplesmente,
se desvanece no nada. Ali nasceu e ali também termina. E todas as figuras do sonho em que o mundo come-
çou desaparecem juntamente com ele. Os corpos, agora, são inúteis e, portanto, desvanecem-se porque o
Filho de Deus não tem limites.

3. Tu, que acreditaste que o Julgamento Final de Deus condenaria o mundo ao inferno juntamente contigo,
aceita esta verdade santa: o Julgamento de Deus é a dádiva da correcção que Ele concedeu a todos os teus
erros, libertando-te deles e de todos os efeitos que, algum dia, pareceram ter. Ter medo da graça salvadora
de Deus. Não é senão ter medo da libertação completa do sofrimento, da volta à paz, à segurança e à felici-
dade e à união com a tua própria Identidade.

4. O Julgamento Final de Deus é tão misericordioso quanto cada passo no plano que Ele designou para aben-
çoar o Seu Filho e chamá-lo de regresso à paz eterna que compartilha com ele. Não tenhas medo do amor.
Pois só ele pode curar toda a tristeza, enxugar as tuas lágrimas e despertar gentilmente do seu sonho de dor
o Filho que Deus reconhece como Seu. Não tenhas medo disso. A salvação pede que lhe dês as boas-vindas. E
o mundo aguarda que aceites isso com contentamento, pois isso o libertará.

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5. Este é o Julgamento Final de Deus: «Tu ainda és o Meu Filho santo, para sempre inocente, para sempre
amoroso e para sempre amado, tão ilimitado quanto o teu Criador, completamente imutável e para sempre
puro. Portanto, desperta e volta para Mim. Sou o teu Pai e tu és o Meu Filho».

O QUE É A CRIAÇÃO?

1. A criação é a soma de todos os pensamentos de Deus, em número infinito, omnipresentes e ilimitados. Só o


Amor cria e só cria como Ele mesmo. Nunca houve um tempo em que o que Ele criou não existisse. E tampou-
co haverá um tempo em que algo que Ele tenha criado possa sofrer qualquer perda. Os Pensamentos de Deus
são para a eternidade, exactamente como sempre foram e como são, imutáveis através do tempo e após o
fim dos tempos.

2. Aos pensamentos de Deus é dado o máximo poder do seu próprio Criador. Pois Ele quer acrescentar ao
Amor pela sua extensão. Assim, o Seu Filho compartilha da criação e, portanto, tem de compartilhar o poder
de criar. O que a Vontade de Deus determina que seja para sempre uno ainda será uno quando o tempo tiver
chegado ao fim e não será mudado ao longo do tempo, permanecendo como era antes que tivesse início a
ideia do tempo.

3. A criação é o oposto de todas as ilusões, pois a criação é a verdade. A criação é o Filho santo de Deus, pois
na criação a Sua Vontade completa-se em todos os aspectos, fazendo com que cada uma das partes esteja
contida no Todo. A inviolabilidade da unidade da criação está garantida para sempre; para sempre mantida
na Sua Vontade santa, além de toda a possibilidade de dano, de separação, de imperfeição e de qualquer
mancha na sua impecabilidade.

4. Nós somos a criação, nós, os Filhos de Deus. Parecemos ser separados e inconscientes da nossa eterna uni-
dade com Ele. Entretanto, por detrás de todas as nossas dúvidas, depois de todos os nossos medos, ainda
existe a certeza. Pois o Amor permanece com todos os Seus Pensamentos e a Sua segurança pertence a eles.
A memória de Deus está nas nossas mentes santas, que conhecem a sua unicidade e a sua unidade com o seu
Criador. Que a nossa função seja, apenas, a de deixar que essa memória volte, somente para que a Vontade
de Deus seja feita na terra, somente para sermos restituídos à sanidade e para sermos, apenas, como Deus
nos criou.

5. O nosso Pai chama-nos. Ouvimos a Voz Dele e perdoamos a criação em Nome do Seu Criador, que é a San-
tidade em Si Mesmo e Cuja santidade a própria criação compartilha, Santidade Essa que ainda faz parte de
nós.

O QUE É O EGO?

1. O ego é idolatria; o sinal de um ser separado e limitado, nascido em um corpo, destinado a sofrer e a ter-
minar a sua vida na morte. É a «vontade» que vê a Vontade de Deus como inimiga e assume uma forma na
qual Ela é negada. O ego é a «prova» de que a força é fraca e o amor assustador, de que a vida é realmente
morte e de que só aquilo que se opõe a Deus é verdadeiro.

2. O ego é doentio. Ele restabelece-se no medo, além de Todos os Lugares, à parte de Tudo, separado do
Infinito. Na sua insanidade, pensa que veio a ser vitorioso sobre o próprio Deus. E, na sua terrível autonomia,
«vê» que a vontade de Deus foi destruída. Sonha com o castigo e treme com as figuras dos seus sonhos, os
seus inimigos que buscam assassiná-lo antes que consiga garantir a sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que pode ele saber da loucura e da morte de Deus, se habita Nele? O que
pode conhecer do pesar e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que pode saber do medo e do castigo,
do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que o cerca é a paz que dura para sempre, para sempre
sem conflitos e imperturbada, no mais profundo silêncio e tranquilidade?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e os seus pensamentos, os seus trabalhos, os seus actos, as suas leis
e as suas crenças; os seus sonhos, as suas esperanças, os seus planos para a própria salvação e qual o preço
de acreditar nele. O preço da fé no ego é tão imenso em sofrimento que a crucificação do Filho de Deus é
diariamente oferecida no seu santuário escuro e o sangue tem de ser derramado diante do altar onde os seus
seguidores doentios se preparam para morrer.
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5. E, no entanto, um só lírio de perdão transforma a escuridão em luz, o altar para as ilusões da própria Vida.
E a paz será para sempre restituída às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua ale-
gria, Seu Amor, completamente Seu, completamente um com Ele.

O QUE É UM MILAGRE?

1. Um milagre é uma correcção. Não cria e, realmente, não muda nada. Apenas olha para a devastação e
lembra à mente que o que ela vê é falso. Desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem superar a
função do perdão. Assim, permanece nos limites do tempo. No entanto, prepara o caminho para o regresso da
intemporalidade e do despertar do amor, pois o medo tem de desaparecer com o gentil remédio que ele traz.

2. O milagre contém a dádiva da graça, pois é dado e recebido como um só. E, assim, ilustra a lei da verdade,
à qual o mundo não obedece porque falha inteiramente em compreender os seus caminhos. O milagre inverte
a percepção que antes estava de cabeça para baixo, e, assim, acaba com as estranhas distorções ali manifes-
tadas. Agora, a percepção está aberta para a verdade. Agora, vê-se o perdão justificado.

3. O perdão é o lar dos milagres. Os olhos de Cristo enviam-nos a tudo o que contemplam em misericórdia e
amor. A percepção está corrigida de acordo com a Sua forma de ver e o que pretendia amaldiçoar veio para
abençoar. Cada lírio de perdão oferece ao mundo inteiro o silencioso milagre do amor. E, cada um, é deposi-
tado diante do Verbo de Deus, sobre o altar universal do Criador e da criação, à luz da pureza perfeita e da
alegria sem fim.

4. O milagre é inicialmente aceite com base na fé, porque pedi-lo significa que a mente está preparada para
conceber aquilo que não pode ver e que não compreende. Mas a fé trará as suas testemunhas para demons-
trar que se baseou em algo que realmente existe. E, assim, o milagre justificará a tua fé nele e mostrará que
se baseou num mundo mais real do aquele que vias antes, um mundo redimido daquilo que pensavas que exis-
tisse.

5. Os milagres caem como gotas de chuva regeneradora do Céu sobre um mundo seco e poeirento, onde cria-
turas famintas e sedentas vêm para morrer. Agora, elas têm água. Agora, o mundo está verde. E, em toda a
parte, surgem sinais de vida para mostrar que o que nasceu nunca pode morrer, pois o que tem vida tem
imortalidade.

O QUE SOU EU?

1. Eu sou o Filho de Deus, completo, curado e íntegro, brilhando no reflexo do Seu Amor. Em mim, a Sua
criação é santificada e a vida eterna é garantida. Em mim, o amor torna-se perfeito, o medo impossível e a
alegria é estabelecida sem opostos. Eu sou o lar santo do próprio Deus. Eu sou o Céu onde habita o Seu Amor.
Sou a Sua santa Impecabilidade, pois na minha pureza habita a Dele.

2. Agora, o uso da palavras, para nós, está quase no fim. Entretanto, nos últimos dias deste ano que, juntos,
tu e eu demos a Deus, encontrámos um único propósito que compartilhamos. E, assim, tu uniste-te a mim, de
modo que o que eu sou tu também és. A verdade do que nós somos não pode ser dita ou descrita por pala-
vras. No entanto, podemos reconhecer a nossa função aqui e as palavras podem falar dela e também ensiná-
la, se exemplificarmos as palavras em nós.

3. Somos os portadores da salvação. Aceitamos o nosso papel de salvadores do mundo que, através do nosso
perdão conjunto, é redimido. E esse, a nossa dádiva, assim nos é dado. Olhamos para todos como irmãos e
percebemos todas as coisas como benignas e boas. Não procuramos uma função que esteja para além da por-
tas do Céu. O conhecimento regressará quando tivermos feito a nossa parte. Só nos preocupamos em dar as
boas-vindas à verdade.

4. São nossos os olhos através dos quais a visão de Cristo vê um mundo redimido de todos os pensamentos de
pecado. São nossos os ouvidos que ouvem a voz por Deus proclamar que o mundo não tem pecado. São nossas
as mentes que se unem quando abençoamos o mundo. E, da unicidade que alcançámos, chamamos todos os
nossos irmãos pedindo-lhes que compartilhem a nossa paz e consumam a nossa alegria.

5. Somos os mensageiros santos de Deus que falam por Ele e, ao levar o Seu Verbo a todos aqueles que Ele
nos envia, aprendemos que está escrito nos nossos corações. E, assim, mudamos as nossas mentes quanto ao
123
objectivo da nossa vinda, ao qual procuramos servir. Trazemos boas-vindas ao Filho de Deus, que pensava
sofrer. Agora, ele é redimido. E, ao ver as portas do Céu abrirem-se diante dele, entrará e desaparecerá no
Coração de Deus.

124
MANUAL DE PROFESSORES
« Em alguns casos pode ser útil para o aluno ler o Manual em primeiro lugar. » (MP - 29.1:5)

ÍNDICE

Introdução
1. Quem são os professores de Deus?
2. Quem são os seus alunos?
3. Quais são os níveis de ensino?
4. Quais são as características dos professores de Deus?
5. Como se realiza a cura?
I - O propósito percebido na cura
II - O deslocamento da percepção
III - A função do professor de Deus
6. A cura é certa?
7. A cura dever ser repetida?
8. Como se pode evitar a percepção da ordem de dificuldades?
9. São necessárias mudanças na situação de vida dos professores. de Deus?
10. Como se abandona o julgamento?
11. Como é possível a paz neste mundo?
12. Quantos professores de Deus são necessários para salvar o mundo?
13. Qual o significado real do sacrifício?
14. Como será o fim do mundo?
15. Cada um será julgado no final?
16. Como o professor de Deus deve passar o seu dia?
17. Como os professores de Deus lidam com os pensamentos mágicos?
18. Como se faz a correcção?
19. O que é a justiça?
20 - O que é a Paz de Deus?
21. Qual o papel das palavras na cura?
22. Qual a relação entre a Expiação e a cura?
23. Jesus tem um papel especial na cura?
24. Existe reencarnação?
25. Os poderes «psíquicos» são desejáveis?
26. Pode-se atingir Deus directamente?
27. O que é a morte?
28. O que é a ressurreição?
29. Quanto ao resto?

ESCLARECIMENTO DE TERMOS
Introdução
1. Mente/Espírito
2. O ego/o milagre
3. Perdão/a face de Cristo
4. A percepção verdadeira/conhecimento
5. Jesus/Cristo
6. O Espírito Santo

125
Introdução

1. O sentido do ensino e da aprendizagem está, de facto, distorcido no pensamento do mundo. 2A


distorção é típica. 3Parece que o professor e o aluno estão separados, o professor dando algo ao
aluno em vez de a si mesmo. 4Além disto, o acto de ensinar é considerado uma actividade especial
na qual a pessoa investe apenas uma proporção relativamente pequena do seu tempo. 5O curso, ao
contrário, enfatiza que ensinar é aprender, de tal modo que professor e aluno são a mesma coisa.
6
Enfatiza também que ensinar é um processo constante: acontece a cada momento do dia e conti-
nua também nos pensamentos durante o sono.

2. Ensinar é demonstrar. 2Existem somente dois sistemas de pensamento e a cada momento


demonstras que acreditas que um ou outro é verdadeiro. 3A partir da tua demonstração outros
aprendem e tu também. 4A questão não é se vais ou não ensinar, pois nisso não há escolha. 5O pro-
pósito do curso é, digamos, proporcionar-te um meio de escolheres o que queres ensinar com base
naquilo que queres aprender. 6Não podes dar a outra pessoa, mas só a ti mesmo e isso aprendes
através do ensino. 7Ensinar é apenas um chamamento para que testemunhas atestem o que acredi-
tas. 8É um método de conversão. 9Isto não se faz apenas com palavras. 10Para ti, qualquer situação
tem de ser uma oportunidade de ensinar aos outros o que és e o que eles são para ti. 11Não mais do
que isto, mas também nunca menos.

3. A aprendizagem que empreendes é, portanto, exclusivamente determinada por aquilo que pen-
sas que és e pelo que acreditas que seja, para ti, o relacionamento com os outros. 2Na situação
formal de ensino, estas questões podem não ter nenhuma relação com o que pensas que estás a
ensinar. 3No entanto, é impossível não usar o conteúdo de qualquer situação a favor do que real-
mente ensinas e, portanto, realmente aprendes. 4Para isso, o conteúdo verbal do teu ensinamento
é bastante irrelevante. 5Podes coincidir com ele ou não. 6É o ensinamento subjacente ao que dizes
que te ensina. 7O ensino apenas reforça o que acreditas a teu respeito. 8O propósito fundamental
do ensino é diminuir a dúvida sobre ti mesmo. 9Isto não significa que o ser que estás a tentar prote-
ger seja real. 10Mas significa que ensinas o ser que pensas ser real.

4. Isto é inevitável. 2Não é possível escapar disto. 3Como poderia ser diferente? 4Todas as pessoas
que seguem os ensinamentos do mundo - e todos aqui o fazem até que mudem as suas mentes -,
ensinam apenas para se convencerem de que são o que não são. 5Nisto está o propósito do mundo.
6
Neste caso, o que mais poderia ser o ensinamento do mundo? 7A esta situação de aprendizagem
fechada e sem esperança, que nada ensina além de desespero e morte, Deus envia os Seus profes-
sores. 8E à medida que ensinam as Suas lições de alegria e esperança, a sua aprendizagem final-
mente torna-se completa.

5. Excepto pelos professores de Deus haveria pouca esperança de salvação, pois o mundo de pecado
pareceria para sempre real. 2Os que se auto-enganam têm de enganar, pois têm de ensinar o enga-
no. 3O que mais é o inferno, excepto isto? 4Este é um manual para os professores de Deus. 5Eles não
são perfeitos, se fossem não estariam aqui. 6No entanto, a sua missão é virem a ser perfeitos aqui
e, assim, ensinam a perfeição repetidamente, de muitas e muitas maneiras, até que a tenham
aprendido. 7E então não mais são vistos, embora os seus pensamentos permaneçam como uma fonte
de força e de verdade para sempre. 8Quem são eles? 9Como são escolhidos? 10O que fazem? 11Como
podem realizar a própria salvação e a salvação do mundo? 12Este manual tenta responder a estas
perguntas.

1. Quem são os professores de Deus?

126
1. Professor de Deus é qualquer um que escolha sê-lo. 2As suas qualificações consistem somente
nisto: de algum modo, em algum lugar, ele fez uma opção deliberada na qual não viu os seus inte-
resses como se estivessem à parte dos de outra pessoa. 3Uma vez que tenha feito isto, a sua estra-
da está estabelecida e a sua direcção assegurada. 4Uma luz penetrou nas trevas. 5Pode ser uma
única luz, mas é suficiente. 6Ele entrou num acordo com Deus, mesmo se ainda não acredita Nele.
7
Tornou-se um portador da salvação. 8Tornou-se um professor de Deus.

2. Os professores de Deus vêm de todas as partes do mundo. 2Vêm de todas as religiões e de


nenhuma. 3Eles são aqueles que responderam. 4O Chamamento é universal. 5Acontece permanen-
temente em toda a parte. 6Chama professores que falem por Ele e redimam o mundo. 7Muitos O
ouvem, mas poucos responderão. 8Todavia, tudo é uma questão de tempo. 9Todos responderão no
final, contudo o final pode estar ainda distante, muito distante. 10É por isso que o plano dos profes-
sores foi estabelecido. 11A função deles é ganhar tempo. 12Cada um começa como uma única luz,
mas, com o Chamamento no seu centro, é uma luz que não pode ser limitada. 13E cada uma econo-
miza mil anos segundo o que o mundo julga acerca do tempo. 14Para o Chamamento em Si mesmo,
o tempo não tem qualquer significado.

3. Há um curso para cada professor de Deus. 2A forma do curso varia muito. 3Assim como os recur-
sos específicos envolvidos no ensino. 4Mas o conteúdo do curso nunca muda. 5O seu tema central é
sempre: «O Filho de Deus não tem culpa e na sua inocência está a sua salvação». 6Este tema pode
ser ensinado por acções ou pensamentos, em palavras ou sem som algum, em qualquer língua ou
em língua nenhuma, em qualquer lugar, tempo ou forma. 7Não importa quem era o professor antes
de ter ouvido o Chamamento. 8Ele tornou-se um salvador por ter respondido. 9Viu alguma outra
pessoa como ele mesmo. 10Achou, portanto, a própria salvação e a salvação do mundo. 11No seu
renascimento, o mundo renasceu.

4. Este manual está dedicado a um ensinamento especial e é dirigido àqueles professores que ensi-
nam uma forma particular do curso universal. 2Existem muitas outras formas, todas com o mesmo
resultado. 3Elas, simplesmente, ganham tempo. 4Entretanto, é só o tempo que se desenrola exaus-
tivamente e o mundo está muito cansado agora. 5Está velho e gasto e sem esperança. 6O resultado
nunca esteve em questão, pois o que pode mudar a vontade de Deus? 7Mas o tempo, com as suas
ilusões de mudança e morte, esgota o mundo e todas as coisas dentro dele. 8O tempo, porém, tem
um fim e é isso que os professores de Deus são designados para trazer. 9Pois o tempo está nas suas
mãos. 10Tal foi a escolha que fizeram e, por isso, lhes foi dada.

2. Quem são os seus alunos?

1. A cada um dos professores de Deus estão destinados determinados alunos, os quais começarão a
procurá-lo assim que ele tiver respondido ao Chamamento. 2Foram escolhidos para ele porque a
forma do ensinamento universal que vai ensinar é a melhor para tais alunos, em função do seu nível
de compreensão. 3Os seus alunos têm estado à espera dele pois a sua vinda é certa. 4Mais uma vez,
é apenas uma questão de tempo. 5Assim que o professor de Deus tiver escolhido cumprir o seu
papel, os seus alunos estão prontos para cumprir os deles. 6O tempo espera pela escolha do profes-
sor de Deus, mas não por aqueles a quem vai servir. 7Quando estiver pronto para aprender, as opor-
tunidades de ensinar ser-lhe-ão providas.

2. Para compreender o plano de ensino-aprendizagem da salvação, é necessário aprender o concei-


to de tempo que o curso estabelece. 2A Expiação corrige ilusões, não a verdade. 3Portanto, corrige
o que nunca foi. 4Além disso, o plano para esta correcção foi estabelecido e completado simulta-
neamente, pois a Vontade de Deus está inteiramente à parte do tempo. 5Assim é toda a realidade,
posto que é Dele. 6No instante em que a ideia de separação entrou na mente do Filho de Deus,
naquele mesmo instante foi dada a resposta de Deus. 7No tempo, isso aconteceu numa época muito
distante. 8Na realidade, nunca aconteceu absolutamente.

3. O mundo do tempo é o mundo da ilusão. 2O que aconteceu há muito tempo parece estar a acon-
tecer agora. 3Escolhas feitas desde há muito tempo parecem estar em aberto, ainda por serem fei-
127
tas. 4O que foi aprendido e compreendido e há muito superado é considerado como um novo pen-
samento, uma ideia original, um ponto de vista diferente. 5Porque a tua vontade é livre, podes
aceitar o que já aconteceu a qualquer momento que escolheres e somente então vais reconhecer
que sempre esteve presente. 6Como o curso enfatiza, não és livre para escolher o ensinamento,
nem sequer a forma como vais aprendê-lo. 7Mas estás livre, porém, para decidir quando queres
aprendê-lo. 8E à medida em que o aceitas, já o aprendeste.

4. Então, o tempo volta a um instante tão remoto que está além de toda a memória, mesmo depois
da possibilidade da lembrança. 2Apesar disso, porque é um instante revivido muitas e muitas vezes,
parece ser agora. 3É assim que professor e aluno parecem reunir-se no presente, encontrando-se
um ao outro como se não se tivessem encontrado antes. 4O aluno vem ao lugar certo na hora certa.
5
Isto é inevitável, porque fez a escolha certa naquele instante antigo que agora revive. 6O mesmo
acontece com o professor, que fez também uma escolha inevitável num passado remoto. 7A Vonta-
de de Deus em tudo apenas parece levar tempo na realização do processo. 8O que poderia atrasar o
poder da eternidade?

5. Quando aluno e professor se reúnem inicia-se uma situação de ensino-aprendizagem. 2Pois o pro-
fessor não é realmente aquele que realiza o ensino. 3O Professor de Deus fala onde estiverem dois
reunidos com o propósito de aprender. 4O relacionamento é santo por causa deste propósito e Deus
prometeu enviar o Seu Espírito a qualquer relacionamento santo. 5Na situação de ensino-
aprendizagem, cada um aprende que dar e receber é a mesma coisa. 6As demarcações que haviam
traçado entre os seus papéis, as suas mentes, os seus corpos, as suas necessidades, os seus interes-
ses e todas as diferenças que pensavam separá-los um do outro se desvanecem, tornam-se indistin-
tas e desaparecem. 7Aqueles que querem fazer o mesmo curso compartilham um único interesse e
uma única meta. 8E, assim, aquele que era aprendiz torna-se ele mesmo um professor de Deus, pois
tomou a única decisão que o seu professor lhe deu. 9Viu em outra pessoa os mesmos interesses que
os seus.

3. Quais são os níveis de ensino?

1. Os professores de Deus não têm nível de ensino determinado. 2Cada situação de ensino-
aprendizagem envolve um relacionamento diferente no início, embora o objectivo final seja sempre
o mesmo: fazer do relacionamento um relacionamento santo, no qual ambos são capazes de olhar
para o Filho de Deus como alguém sem pecado. 3Não há pessoa alguma de quem o professor de
Deus não possa aprender, portanto, não existe ninguém a quem não possa ensinar. 4Entretanto, por
uma questão prática, ele não pode encontrar todas as pessoas, nem todos o podem encontrar.
5
Assim, o plano inclui contactos bastante específicos a serem feitos por cada professor de Deus.
6
Não existem acidentes na salvação. 7Aqueles que têm de encontrar-se, encontrar-se-ão, pois jun-
tos têm o potencial para um relacionamento santo. 8Estão prontos um para o outro.

2. O nível de ensino mais simples aparenta ser bem superficial. 2Consiste no que parecem ser
encontros muito casuais: um encontro «por acaso» de duas pessoas aparentemente estranhas num
elevador; uma criança que corre sem prestar atenção e, «por acaso», vai de encontro a um adulto;
dois estudantes que «casualmente» caminham para casa juntos. 3Estes encontros não são casuais.
4
Cada um deles tem potencial para vir a ser uma situação de ensino-aprendizagem. 5Talvez os dois
estranhos no elevador sorriam um para o outro, talvez o adulto não repreenda a criança que o
atropelou, talvez os estudantes venham a ser amigos. 6Mesmo ao nível do encontro mais casual, é
possível que duas pessoas percam de vista os seus interesses separados, ainda que por apenas um
momento. 7Esse instante será suficiente. 8A salvação veio.

3. É difícil compreender que o conceito de níveis para ensinar o curso universal é um conceito tão
sem significado na realidade quanto o tempo. 2A ilusão de um permite a ilusão do outro. 3No tem-
po, o professor de Deus parece começar a mudar a sua mente a respeito do mundo com uma única
decisão e, a partir daí, aprende cada vez mais acerca da nova direcção à medida que a ensina. 4Já
tratámos da ilusão do tempo, mas a ilusão dos níveis de ensino parece ser algo diferente. 5Talvez a
melhor maneira de demonstrar que tais níveis não podem existir seja, simplesmente, dizer que
128
qualquer nível da situação ensino-aprendizagem é parte do plano de Deus para a Expiação e o Seu
Plano não pode ter níveis, por ser um reflexo da Sua Vontade. 6A salvação está sempre pronta e
sempre presente. 7Os professores de Deus trabalham em níveis diferentes, mas o resultado é sem-
pre o mesmo.

4. Cada situação de ensino-aprendizagem é máxima no sentido em que cada uma das pessoas nela
envolvidas vai aprender o máximo de que é capaz com a outra, naquela ocasião. 2Neste sentido, e
somente neste sentido, podemos falar de níveis de ensino. 3Usando a expressão desta maneira,
diríamos que o segundo nível de ensino é um relacionamento mais prolongado, no qual duas pessoas
entram numa situação razoavelmente intensa de ensino-aprendizagem por um certo tempo e depois
aparentemente separam-se. 4Como no caso do primeiro nível, estes encontros não são acidentais e
nem o que aparenta ser o final do relacionamento é um final real. 5Mais uma vez, cada um apren-
deu o máximo que pôde na ocasião. 6Entretanto, todos aqueles que se encontram algum dia encon-
trar-se-ão outra vez, pois o destino de qualquer relacionamento é o de vir a ser santo. 7Deus não
está enganado acerca do seu Filho.

5. O terceiro nível de ensino ocorre em relacionamentos que, uma vez formados, duram a vida
inteira. 2Nestas situações de ensino-aprendizagem, a cada pessoa é dado um parceiro, o qual é
escolhido para a aprendizagem por lhe oferecer oportunidades ilimitadas de aprender. 3Em geral,
estes relacionamentos são raros, porque a sua existência requer que os envolvidos tenham alcança-
do, simultaneamente, um patamar em que o equilíbrio de ensino-aprendizagem seja efectivamente
perfeito. 4Isto não significa que eles, de facto, reconheçam que assim é; a verdade é que, em
geral, não reconhecem. 5Eles podem ser até bastante hostis, um em relação ao outro, durante
algum tempo e talvez pela vida fora. 6No entanto, caso decidam aprendê-la, a lição perfeita está
diante deles e pode ser aprendida. 7E se decidem aprendê-la tornam-se os salvadores dos professo-
res que vacilam e podem até mesmo parecer que falham. 8Nenhum professor de Deus pode deixar
de encontrar a Ajuda de que necessita.

4. Quais são as características dos professores de Deus?

1. Os traços superficiais dos professores de Deus não são de forma alguma parecidos. 2Não são
parecidos aos olhos do corpo, vêm de origens muitos diferentes, as suas experiências no mundo
variam muito e as suas «personalidades» superficiais são bastante distintas. 3Nos primeiros estágios
do seu trabalho como professores de Deus, ainda não adquiriram as características mais profundas
que os estabelecerão como o que são. 4Deus dá dádivas especiais aos Seus professores porque eles
têm um papel especial no Seu plano para a Expiação. 5A sua especialidade é, obviamente, apenas
temporária, estabelecida no tempo como um meio para levar para fora do tempo. 6Estas dádivas
especiais, nascidas no relacionamento santo para o qual a situação de ensino-aprendizagem está
dirigida, vêm a ser as características de todos os professores de Deus que tenham avançado na sua
própria aprendizagem. 7Neste aspecto, todos eles se parecem.

2. Todas as diferenças entre os Filhos de Deus são temporárias. 2Entretanto, no tempo, pode dizer-
se que os professores de Deus avançados têm as seguintes características:

I - Confiança

1. Este é o fundamento no qual repousa a sua capacidade de cumprir a função que lhes cabe. 2A
percepção é o resultado da aprendizagem. 3De facto, percepção é aprendizagem, posto que causa e
efeito nunca estão separados. 4Os professores de Deus têm confiança no mundo, porque aprende-
ram que ele não é governado pelas leis que o mundo inventou. 5O mundo é governado por um Poder
que está neles mas não vem deles. 6É esse Poder que mantém todas as coisas a salvo. 7É através
deste Poder que os professores de Deus olham para um mundo perdoado.

129
2. Uma vez que este Poder tenha sido experimentado, é impossível voltar a confiar, novamente, na
insignificante força de cada um. 2Quem tentaria voar com as asas diminutas de um pardal quando
lhe foi dado o grande poder da águia? 3E quem colocaria a sua fé nas pobres oferendas do ego
quando as dádivas de Deus foram depositadas diante de si? 4O que é que induz os professores de
Deus a fazer a transição?

A - O desenvolvimento da confiança

3. Em primeiro lugar eles têm de passar pelo que poderia chamar-se um «período de desagrega-
ção». 2Isso não precisa de ser doloroso, mas, usualmente, é experimentado assim. 3Parece que as
coisas nos estão a ser tiradas e, inicialmente, é raro compreender-se que o facto de que essas coi-
sas não têm valor está apenas a ser reconhecido. 4Como é possível que a ausência de valor seja
percebida, a não ser que a pessoa esteja numa posição na qual não possa deixar de ver as coisas
sob uma luz diferente? 5Ela ainda não está num ponto em que possa fazer a mudança toda interna-
mente. 6E, assim, algumas vezes, o plano pede mudanças no que parecem ser circunstâncias exter-
nas. 7Estas mudanças são sempre úteis. 8Quando o professor de Deus tiver aprendido isto, passa
para a fase seguinte.

4. Em seguida, o professor de Deus tem de atravessar um «período de selecção». 2Isto é sempre um


tanto difícil porque, por ter aprendido que as mudanças na sua vida são sempre úteis, terá agora de
decidir todas as coisas, considerando se são mais ou menos úteis. 3Descobrirá que muitas, senão a
maior parte das coisas que antes valorizava, apenas dificultarão a sua capacidade de transferir o
que aprendeu para as novas situações que forem surgindo. 4Assim, ao ter valorizado o que realmen-
te não tem valor, vai generalizar a lição sem medo da perda e do sacrifício. 5É preciso grande
aprendizagem para compreender que coisas, eventos, encontros e circunstâncias são úteis. 6Só na
medida em que o são é que qualquer grau de realidade lhes deve ser atribuído neste mundo de ilu-
sões. 7A palavra «valor» não se aplica a nada além disso.

5. A terceira fase pelo qual o professor de Deus tem de passar pode ser chamada um «período de
abandono». 2Se isto for interpretado como uma desistência do desejável, engendrará enormes con-
flitos. 3Poucos professores de Deus escapam inteiramente dessa aflição. 4Não há, porém, nenhum
sentido em separar o que tem valor do que não tem, a não ser que se dê o passo seguinte, que é
óbvio. 5Portanto, o período intermediário pode ser aquele no qual o professor de Deus se sente soli-
citado a sacrificar os seus mais caros interesses em nome da verdade. 6Ele ainda não se deu conta
de quão totalmente impossível seria tal exigência. 7Ele só pode aprender isso na medida em que,
de facto, desiste do que não tem valor. 8Através disso aprende que onde antecipou dor, encontra,
ao contrário, uma feliz leveza de coração; onde pensou que algo lhe estava a ser pedido, encontra
uma dádiva que lhe é concedida.

6. Agora vem um «período de assentamento». 2Este é um período de quietude, no qual o professor


de Deus descansa um pouco em certa paz. 3Ele agora consolida a sua aprendizagem. 4Agora começa
a ver o valor de transferir o que aprendeu. 5O potencial dessa constatação é literalmente assombro-
so, pelo que o professor de Deus está agora num ponto do seu desenvolvimento no qual vê nisso a
sua saída. 6«Desiste do que não queres e guarda o que queres». 7Como é simples o óbvio! 8E como é
fácil de se fazer! 9O professor de Deus precisa deste período de pausa. 10Contudo, ainda não foi tão
longe quanto imaginava. 11No entanto, quando estiver pronto para seguir adiante, vai com compa-
nheiros poderosos ao seu lado. 12Agora, ele descansa um pouco e reúne-os antes de prosseguir.
13
Daqui para a frente, não irá sozinho.

7. A fase seguinte é, realmente, um «período de des-assentamento». 2Agora, o professor de Deus


tem de compreender que realmente não sabia o que tinha e não tinha valor. 3Tudo o que realmente
aprendeu até aqui foi que não queria o que não tinha valor e, na verdade, queria o que tinha.
4
Apesar disto, a sua própria selecção não teve significado no intuito de lhe ensinar a diferença. 5A
ideia de sacrifício, tão central no seu próprio sistema de pensamento, fez com que lhe fosse impos-
sível julgar. 6Ele pensou ter aprendido a disponibilidade, mas vê agora que não sabe para que serve
essa disponibilidade. 7E agora tem de atingir um estado que talvez por muito, muito tempo, ainda
lhe seja impossível alcançar. 8Precisa aprender a deixar de lado qualquer julgamento e a pedir

130
apenas o que realmente quer em qualquer circunstância. 9Se cada passo nesta direcção não fosse
tão fortemente reforçado, seria realmente muito duro.

8. Finalmente, há um «período de consecução». 2É aqui que a aprendizagem é consolidada. 3Agora,


o que antes era visto como meras sombras transforma-se em sólidas conquistas, com as quais se
pode contar em todas as «emergências» bem como nos momentos tranquilos. 4De facto, o seu resul-
tado é a tranquilidade; o resultado da aprendizagem honesta, da consistência do pensamento e da
transferência total. 5Esta é a fase da paz real, pois aqui reflecte-se inteiramente o estado do Céu.
6
Daqui em diante, o caminho para o Céu é fácil e está aberto. 7Realmente, é aqui. 8Quem poderia
querer «ir» a qualquer lugar se a paz está completa? 9E quem procuraria trocar a tranquilidade por
algo mais desejável? 10O que poderia ser mais desejável do que isto?

II - Honestidade

1. Todos os outros traços dos professores de Deus baseiam-se na confiança. 2Uma vez que ela tenha
sido alcançada, os outros não podem deixar de se seguir. 3Só aqueles que confiam se podem permi-
tir a honestidade, pois só eles podem ver o seu valor. 4A honestidade não se aplica apenas ao que
dizes. 5De facto, o termo significa consistência. 6Nada do que dizes contradiz o que pensas ou
fazes, nenhum pensamento se opõe a outro pensamento, nenhum acto trai a tua palavra e nenhu-
ma palavra discorda da outra. 7Tais são os verdadeiramente honestos. 8Não há nenhum nível em
que estejam em conflito consigo mesmos. 9Portanto, é impossível estarem em conflito com qual-
quer pessoa ou qualquer coisa.

2. A paz da mente que os professores de Deus avançados experimentam deve-se, em grande parte,
à sua perfeita honestidade. 2Só o desejo de enganar é que faz a guerra. 3Ninguém em unidade con-
sigo mesmo é capaz, sequer, de conceber o conflito. 4O conflito é o resultado inevitável do auto-
engano e o auto-engano é a desonestidade. 5Não há nenhum desafio para um professor de Deus.
6
Desafio pressupõe dúvida, e a confiança na qual os professores de Deus descansam em segurança
faz com que a dúvida seja impossível. 7Por conseguinte, só podem ter sucesso. 8Nisso, como em
todas as coisas, são honestos. 9Só podem ter sucesso porque nunca fazem a própria vontade sozi-
nhos. 10Escolhem por toda a humanidade, por pelo mundo inteiro e por todas as coisas do mundo
dentro dele, escolhem pelo que não muda e permanece imutável além das aparências, pelo Filho
de Deus e pelo seu Criador. 11Como poderiam, pois, não ter sucesso? 12Escolhem em perfeita hones-
tidade, seguros da sua escolha, tanto quanto de si mesmos.

III - Tolerância

1. Os professores de Deus não julgam. 2Julgar é ser desonesto, pois julgar é assumir uma posição
que não tens. 3É impossível haver julgamento sem auto-engano. 4O julgamento confirma que te
tens enganado acerca dos teus irmãos. 5Como, então, poderias não te teres enganado a ti mesmo?
6
O julgamento pressupõe falta de confiança, e a confiança continua a ser a estrutura sobre a qual
se baseia a essência do sistema de pensamento do professor de Deus. 7Deixa que isso se perca e
toda a tua aprendizagem se vai. 8Sem julgamento todas as coisas são igualmente aceitáveis, pois
quem poderia julgar de outra maneira? 9Sem julgamento, todos os homens são irmãos, pois quem
haveria de estar separado? 10O julgamento destrói a honestidade e despedaça a confiança.
11
Nenhum professor de Deus pode julgar e esperar aprender.

IV - Gentileza

1. O dano é impossível para os professores de Deus. 2Eles não podem nem infligi-lo, nem sofrê-lo.
3
O dano é o resultado do julgamento. 4É o acto desonesto que se segue a um pensamento desones-
to. 5É um veredicto de culpa para um irmão e, portanto, para a própria pessoa. 6É o fim da paz e a
negação da aprendizagem. 7Demonstra a ausência do ensinamento de Deus e a sua substituição pela
insanidade. 8Nenhum professor de Deus pode deixar de aprender - e bem cedo no seu treino - que
causar dano oblitera completamente a sua função na sua própria consciência. 9Fará com que fique
confuso, assustado, raivoso e desconfiado. 10Fará com que lhe seja impossível aprender as lições do
Espírito Santo. 11E o Professor de Deus também só pode ser ouvido por aqueles que compreendem
que o dano, de facto, nada pode conseguir. 12Nenhum ganho pode dele advir.
131
2. Portanto, os professores de Deus são totalmente gentis. 2Necessitam da força da gentileza, pois
é nisso que a função da salvação se torna fácil. 3Para aqueles que querem causar dano, a gentileza
é impossível. 4Para aqueles que não vêem significado no dano, ela é, simplesmente, natural. 5Que
outra escolha além desta pode ter significado para quem é são? 6Quem escolhe o inferno quando
percebe um caminho para o Céu? 7E quem escolheria a fraqueza que não pode deixar de vir do
dano, em vez da força infalível, totalmente abrangente e sem limites da gentileza? 8O poder dos
professores de Deus está na sua gentileza, pois compreenderam que os seus pensamentos maus não
vieram nem do Filho de Deus, nem do seu Criador. 9Desta forma, uniram os seus pensamentos Àque-
le que é a sua Fonte. 10E, assim, a vontade deles, que sempre foi a Dele próprio, é livre para ser ela
mesma.

V - Alegria

1. A alegria é o resultado inevitável da gentileza. 2Gentileza significa que o medo, agora, é impos-
sível; e o que poderia vir para interferir com a alegria? 3As mãos abertas da gentileza estão sempre
cheias. 4Os que são gentis não têm dor. 5Não podem sofrer. 6Por que não seriam alegres? 7Eles estão
certos de que são amados e de que estão a salvo. 8A alegria vai com a gentileza, assim como o
sofrimento acompanha o ataque. 9Os professores de Deus confiam no Professor de Deus. 10E estão
certos de que Ele vai à sua frente, assegurando que nenhum dano lhes venha a suceder. 11Os pro-
fessores de Deus mantêm as dádivas Dele e seguem no Seu caminho porque a Voz de Deus os dirige
em todas as coisas. 12A alegria é a canção de agradecimento dos professores de Deus. 13E Cristo
também se inclina olhando-os com gratidão. 14A necessidade que Cristo tem dos professores de
Deus é tão grande quanto a que eles têm de Cristo. 15Que alegria é compartilhar o propósito da sal-
vação!

VI - Ausência de defesas

1. Os professores de Deus aprenderam como ser simples. 2Não têm sonhos que necessitem de defe-
sa contra a verdade. 3Não tentam fazer-se a si mesmos. 4A alegria dos professores de Deus vem da
sua compreensão de Quem os criou. 5E acaso aquilo que Deus criou necessita de defesa? 6Ninguém
pode vir a ser um professor de Deus avançado enquanto não compreender inteiramente que defesas
não passam de tolos guardiões de ilusões loucas. 7Quanto mais grotesco o sonho, mais firmes e po-
derosas aparentam ser as suas defesas. 8No entanto, quando o professor de Deus, finalmente, con-
corda em olhar para o que vem depois dessas defesas, descobre que ali, afinal, não havia nada.
9
Lentamente, no início, ele permite ser desenganado. 10Porém, aprende mais rapidamente à medi-
da em que aumenta a sua confiança. 11Quando se abdica das defesas, não é o perigo que vem. 12É a
segurança. 13É a paz. 14É a alegria. 15E é Deus.

VII - Generosidade

1. O termo generosidade tem um significado especial para o professor de Deus. 2Não é o significado
usual da palavra; de facto, é um significado que tem de ser aprendido e aprendido muito cuidado-
samente. 3Como todos os outros atributos dos professores de Deus, este baseia-se, em última ins-
tância, na confiança, pois, sem confiança, ninguém pode ser verdadeiramente generoso. 4Para o
mundo, «generosidade» significa «dar aos outros» no sentido de «abrir mão». 5Para os professores
de Deus, significa dar para poder ter. 6Este conceito tem sido enfatizado ao longo do Texto e no
Livro de Exercícios, mas talvez seja mais alheio ao pensamento do mundo do que muitas das outras
ideias do nosso ensinamento. 7A sua maior estranheza está, simplesmente, na distorção óbvia que
provoca no modo de pensar do mundo. 8No sentido mais claro possível e no mais simples dos níveis,
a palavra significa exactamente o oposto para os professores de Deus e para o mundo.

2. O professor de Deus é generoso por interesse para com Ele Mesmo. 2Este «Ele Mesmo» não se
refere, no entanto, ao ser de que o mundo fala. 3O professor de Deus não quer nada que não possa
dar aos outros, porque compreende, por definição, que isso não teria qualquer valor para ele. 4Para
que iria querer tal coisa? 5Só teria a perder com isso. 6Não poderia ganhar. 7Portanto, o professor
de Deus não procura por aquilo que só ele poderia ter, porque essa é garantia da perda. 8Ele não
quer sofrer. 9Por que razão infligiria dor a si mesmo? 10Mas ele quer ter para si todas as coisas que
132
são de Deus e, portanto, são para o Seu Filho. 11Estas são as coisas que lhe pertencem. 12
Estas,
pode dar com generosidade verdadeira, protegendo-as sempre para si mesmo.

VIII - Paciência

1. Aqueles que estão certos do resultado podem dar-se ao luxo de esperar e esperar sem ansiedade.
2
A paciência é natural para o professor de Deus. 3Tudo o que vê é o resultado certo, ainda que,
durante algum tempo, lhe seja desconhecido, mas jamais posto em dúvida. 4O tempo será tão certo
quanto a resposta. 5E isto é verdadeiro para tudo o que acontece agora e no futuro. 6O passado, do
mesmo modo, não conteve nenhum mal-entendido; não conteve nada que não tenha servido para
beneficiar o mundo, assim como a ele, a quem as coisas parecem acontecer. 7Talvez por isto, não
tenha sido compreendido na época em que ocorreu. 8Mesmo assim, o professor de Deus está dispos-
to a reconsiderar todas as suas decisões passadas, caso estejam a causar dor a alguém. 9A paciência
é natural para aqueles que confiam. 10Certos da interpretação final de todas as coisas no tempo,
nenhum resultado já visto ou ainda por vir lhes pode causar medo.

IX - Fidelidade

1. A extensão da fidelidade do professor de Deus é a medida do seu progresso na aprendizagem.


2
Selecciona ele, ainda, certos aspectos da sua vida para os trazer à aprendizagem, enquanto man-
tém outros à parte? 3Se é assim, o seu progresso é limitado e a sua confiança ainda não está firme-
mente estabelecida. 4A fidelidade é a confiança do professor de Deus em que o Verbo de Deus dis-
põe todas as coisas correctamente; não algumas, mas todas. 5Em geral, a fidelidade do professor de
Deus começa por focalizar apenas alguns problemas, permanecendo cuidadosamente limitada
durante algum tempo. 6Desistir de todos os problemas em função de uma Resposta é inverter intei-
ramente o pensamento do mundo. 7Só isso é fidelidade. 8Nada, além disso, merece, realmente, o
nome de fidelidade. 9No entanto, vale a pena alcançar cada degrau, por menor que seja. 10Estar
pronto, como diz o Texto, não significa maestria.

2. A fidelidade verdadeira, porém, não se desvia. 2Sendo consistente, é totalmente honesta. 3Sendo
constante, é plena de confiança. 4Sendo baseada na ausência do medo, é gentil. 5Tendo a certeza,
é alegre. 6E ao ser confiante é tolerante. 7A fidelidade, então, combina em si mesma os outros atri-
butos dos professores de Deus. 8Implica aceitação do verbo de Deus e a Sua definição a respeito do
Seu Filho. 9É para Eles que a fidelidade, no sentido verdadeiro, é sempre dirigida. 10É na direcção
Deles que olha, procurando até encontrar. 11A ausência de defesas acompanha a fidelidade natu-
ralmente e a alegria é a condição para a encontrar. 12E, tendo encontrado, descansa na certeza
quieta Daquilo que é a origem de toda a fidelidade.

X - Mentalidade aberta

1. Pode compreender-se facilmente o papel central ocupado pela mentalidade aberta, talvez o
último dos atributos que o professor de Deus adquire quando se reconhece a sua relação com o
perdão. 2A mentalidade aberta vem com a ausência de julgamento. 3Assim como o julgamento
fecha a mente ao Professor de Deus, assim a mentalidade aberta O convida a entrar. 4Assim, como
a condenação julga como mau o Filho de Deus, a mentalidade aberta permite que Ele seja julgado,
a Seu favor, pela Voz por Deus. 5Assim como a projecção da culpa sobre o Filho de Deus o mandaria
para o inferno, a mentalidade aberta deixa que a imagem de Cristo seja estendida até ele. 6Só
quem tem a mente aberta pode estar em paz, pois só eles vêem razão para isso.

2. Como é que perdoam aqueles que têm a mente aberta? 2Eles abandonaram tudo o que impede o
perdão. 3Na verdade, abandonaram o mundo e permitiram que esse mundo lhes fosse restaurado
com tal frescor e em alegria tão gloriosa, que nunca poderiam ter concebido tamanha mudança.
4
Agora, nada é como era antes. 5Agora, jamais deixa de cintilar tudo o que antes parecia tão opaco
e sem vida. 6E, acima de tudo, todas as coisas lhes dão as boas-vindas, pois a ameaça desapareceu.
7
Nenhuma nuvem permanece para encobrir a face de Cristo. 8Agora a meta foi conseguida. 9O per-
133
dão é a meta final da ensinamento. 10Pavimenta o caminho para o que está para além da toda a
aprendizagem. 11O ensinamento não faz esforços para exceder a sua meta legítima. 12O perdão é o
seu único objectivo, para o qual, em última instância, converge toda a aprendizagem. 13É, de facto,
o suficiente.

3. Podes ter notado que a lista de atributos dos professores de Deus não inclui aqueles que consti-
tuem a herança do Filho de Deus. 2Termos como amor, impecabilidade, perfeição, conhecimento e
verdade eterna não aparecem neste contexto. 3Seriam por demais impróprios aqui. 4O que Deus deu
excede em tão grande medida o nosso ensinamento que a aprendizagem desaparece diante da pre-
sença dessa dádiva. 5No entanto, quando a presença de tal dádiva está obscurecida, o foco recai
acertadamente sobre o ensinamento. 6A função dos professores de Deus é trazer ao mundo a verda-
deira aprendizagem. 7Falando com propriedade, o que trazem é a «des-aprendizagem», pois isso é
a «verdadeira aprendizagem» no mundo. 8Aos professores de Deus é dado trazer ao mundo as boas-
vindas do perdão completo. 9Bem-aventurados são eles, pois são os portadores da salvação.

5. Como se realiza a cura?

1. A cura envolve a compreensão do propósito da ilusão da doença. 2Sem isso, é impossível.

I. O propósito percebido na doença


1. A cura é realizada no instante em que aquele que sofre já não vê nenhum valor na dor. 2Quem
escolheria sofrer a não ser que pensasse que a dor lhe traz algo, e algo de valor? 3Ele tem de pensar
que é um preço pequeno a ser pago por alguma coisa de maior valor. 4Pois a doença é uma escolha,
uma decisão. 5É uma escolha da fraqueza, na convicção errada de que a fraqueza é força. 6Quando
isto ocorre, a força real é vista como ameaça e a saúde como um perigo. 7A doença é um método,
concebido na loucura, para colocar o Filho de Deus no trono do Pai. 8Deus é visto como se estivesse
do lado de fora, feroz e poderoso, ansioso por manter a totalidade do poder para Si Mesmo. 9Só
através da Sua morte, é possível que Ele seja conquistado pelo Seu Filho.*

* Comentário pessoal: O indivíduo, ao acreditar na doença e ao ver morrer o seu corpo físico, prova, com a sua
morte, que não é imortal e, portanto, que Deus não existe. O indivíduo não «conquista» Deus pela via do amor e
convence-se de que o «conquista» através da doença e da morte. Por isso, o texto diz: A doença é um método,
concebido na loucura, para colocar o Filho de Deus no trono do Pai.

2. Dentro dessa convicção doentia, o que representa a cura? 2Simboliza a derrota do Filho de Deus e
o triunfo do seu Pai sobre ele. 3Representa o derradeiro desafio que, directamente, o Filho de Deus
é obrigado a reconhecer. 4Simboliza tudo o que quer esconder de si mesmo para proteger a sua
«vida». 5Se for curado, é responsável pelos seus pensamentos. 6E se é responsável pelos seus pen-
samentos será morto para provar a si mesmo o quanto é frágil e digno de pena. 7Mas se ele próprio
escolhe a morte, a sua fraqueza é a sua força. 8Agora, dá a si mesmo o que Deus lhe daria e, assim,
usurpa inteiramente o trono do seu Criador.

II. O deslocamento na percepção


1. A cura ocorre necessariamente na exacta proporção em que se reconhece que a doença não tem
valor. 2Basta alguém dizer: «Eu não ganho absolutamente nada com isto» e está curado. 3Mas para
dizer isto, primeiro tem de reconhecer certos factos. 4Antes do mais, é óbvio que as decisões são
da mente, não do corpo. 5Se a doença não é senão uma perspectiva errada de como solucionar os
problemas, a doença, então, é uma decisão. 6E se é uma decisão, é a mente, e não o corpo, que a
toma. 7A resistência a reconhecer isto é enorme, posto que a existência do mundo tal como tu o
percebes depende do corpo como sendo aquele que toma as decisões. 8Termos como «instintos»,
«reflexos» e outros semelhantes representam tentativas de dotar o corpo com motivos não-
mentais. 9De facto, tais termos, simplesmente, declaram ou descrevem o problema. 10Não lhe dão
uma resposta.

134
2. A aceitação da doença como uma decisão da mente que pretende usar o corpo para alcançar o
seu propósito, é a base da cura. 2E isto é assim para todas as formas de cura. 3Um paciente decide
que isto é assim e recupera a saúde. 4Caso se decida contra a recuperação, não será curado. 5Quem
é o médico? 6Apenas a mente do doente. 7O resultado é o que ele decidir. 8Aparentemente, agentes
especiais* trabalham nele, mas não fazem senão dar forma à sua própria escolha. 9O paciente esco-
lhe-os por forma a realizar os seus desejos. 10Isso é o que fazem e nada mais. 11De facto, não são
absolutamente necessários. 12O paciente, sem o auxílio deles, poderia, simplesmente, levantar-se e
dizer: «Não tenho nenhuma utilidade para isto». 13Não há forma de doença que não seja curada
imediatamente.
* - Nota pessoal: no nível orgânico.

3. Qual o requisito único para esta mudança de percepção? 2Simplesmente isto: o reconhecimento
de que a doença é da mente e não tem nada a ver com o corpo. 3Qual o «preço» deste reconheci-
mento? 4Custa mundo que vês, pois nunca mais o mundo vai parecer reinar sobre a mente. 5Pois,
juntamente com tal reconhecimento, a responsabilidade é colocada no seu devido lugar; não no
mundo, mas na pessoa que olha para o mundo e o vê como ele não é. 6Ela olha para o que escolhe
ver. 7Nada mais, nada menos. 8O mundo não faz nada a essa pessoa. 9Ela é que imaginava que fazia.
10
Nem ela faz nada ao mundo, pois estava enganada em relação ao que o mundo é. 11Aí está a liber-
tação de ambas, culpa e doença, posto que são uma só. 12No entanto, para aceitar esta libertação,
é preciso que a ideia da insignificância do corpo seja aceitável.

4. Com esta ideia, a dor desaparece para sempre. 2Mas, com esta ideia, também desaparece toda a
confusão a respeito da criação. 3Não são decorrências inevitáveis? 4Coloca causa e efeito na sua
verdadeira sequência em relação a uma única coisa e a aprendizagem irá generalizar-se e transfor-
mar o mundo. 5O valor de transferência de uma única ideia verdadeira não tem fim ou limite. 6O
resultado final desta lição é a lembrança de Deus. 7O que significam agora culpa e doença, dor,
desastre e todo o tipo de sofrimento? 8Não tendo propósito, tudo isto desaparece. E, com eles vão,
também, todos os efeitos que pareciam causar. 10Causa e efeito são apenas uma réplica da criação.
11
Vistos na sua perspectiva correcta, sem distorção e sem medo, elas restabelecem o Céu.

III. A função do professor de Deus


1. Se o paciente tem de mudar a sua mente para ser curado, o que faz o professor de Deus? 2É
capaz de mudar a mente do paciente por ele? 3É claro que não. 4Para aqueles que já estão dispostos
a mudar a sua própria mente, o professor de Deus não tem função, a não ser a de se regozijar com
eles, pois tornaram-se professores de Deus com ele. 5O professor de Deus, porém, tem uma missão
mais específica para com aqueles que não compreendem o que seja a cura. 6Esses pacientes não se
dão conta de que escolheram a doença. 7Ao contrário, acreditam que a doença os escolheu. 8E nem
têm a mente aberta em relação a isto. 9O corpo diz-lhes o que fazer e eles obedecem. 10Não têm
ideia de quanto esse conceito é doentio. 11Se, pelo menos, suspeitassem disso, seriam curados.
12
Entretanto, de nada suspeitam. 13Para eles, a separação é bastante real.

2. O professor de Deus vem a eles para representar uma outra escolha, aquela que haviam esqueci-
do. 2A simples presença de um professor de Deus é uma chamada de atenção. 3Os pensamentos do
professor de Deus solicitam o direito de questionar o que o paciente aceitou como verdadeiro.
4
Enquanto mensageiros de Deus, os Seus professores são os símbolos da salvação. 5Perante o pacien-
te, eles pedem-lhe perdão para o Filho de Deus, em nome do próprio Deus. 6Os professores de Deus
representam a alternativa. 7Com o Verbo de Deus nas suas mentes, vêm, não para curar os doentes,
mas para abençoar, para lhes recordar o remédio que Deus já lhes deu. 8Não são as mãos dos pro-
fessores de Deus que curam. 9Não é a voz deles que profere o Verbo de Deus. 10Eles, simplesmente,
dão o que lhes foi dado. 11Com muita gentileza, apelam para os seus irmãos para que se afastem da
morte: «Contempla tu, Filho de Deus, o que a Vida te pode oferecer. 12Escolherias a doença em
lugar disto?»

3. Jamais os professores de Deus avançados consideram as formas de doença em que o seu irmão
acredita. 2Fazer isto é esquecer que todas têm o mesmo propósito e não são, portanto, realmente
diferentes. 3Os professores de Deus procuram a Voz de Deus nesse irmão que está disposto a se
135
auto-enganar até acreditar que o Filho de Deus pode sofrer. 4E lembram-lhe que, como ele não se
fez a si mesmo, não pode deixar de permanecer tal como Deus o criou. 5Os professores de Deus
reconhecem que ilusões não têm qualquer efeito. 6A verdade nas suas mentes procura alcançar a
verdade nas mentes dos seus irmãos, de tal modo que as ilusões não sejam reforçadas. 7Desta for-
ma tais ilusões são trazidas à verdade; não é a verdade que é trazida às ilusões. 8Desta forma as
ilusões são dissipadas, não pela vontade de um outro mas pela união da Vontade Única Consigo
Mesma. 9E essa é a função dos professores de Deus: não ver nenhuma vontade como se fosse sepa-
rada da sua própria e nem a sua da de Deus.

6. A cura é certa?

1. A cura é sempre certa. 2É impossível deixar que as ilusões sejam trazidas à verdade e continuar a
manter ilusões. 3A verdade demonstra que as ilusões não têm valor. 4O professor de Deus viu a cor-
recção dos seus erros na mente do paciente, reconhecendo-o pelo que ele é. 5Tendo aceite a Expi-
ação para si mesmo, aceitou-a também para o paciente. 6O que acontece, porém, se o paciente
usar a doença como um modo de vida, acreditando que a cura é uma forma de morte? 7Quando as-
sim é, uma cura repentina poderia precipitar uma depressão intensa e um sentido de perda tão
profundo que o paciente poderia até tentar destruir-se. 8Não tendo motivos para viver, pode pedir
a morte. 9A cura, então, para a sua própria protecção, tem de esperar.

2. A cura sempre será posta de lado, cada vez que for vista como uma ameaça. 2Mas, no instante
em que é bem-vinda, ela lá está. 3Onde a cura foi dada, será recebida. 4Mas o que é o tempo diante
das dádivas de Deus? 5Muitas vezes, no decorrer do Texto, nos referimos à casa do tesouro, disposto
igualmente para quem dá e para quem recebe as dádivas de Deus. 6Nenhuma se perde, pois só
podem aumentar. 7Nenhum professor de Deus deve sentir-se desapontado, caso tenha oferecido a
cura sem que ela tenha sido aparentemente recebida. 8Não lhe cabe julgar quando a sua dádiva
deve ser aceite. 9Que guarde a certeza de que a cura foi recebida, e confie em que será aceite
quando for reconhecida como uma bênção e não como uma maldição.

3. Não é função dos professores de Deus avaliar o resultado das suas dádivas. 2A função deles é,
apenas, dá-las. 3Uma vez que tenham feito isto, deram também o resultado, pois ele faz parte da
dádiva. 4Ninguém pode dar se estiver preocupado com o resultado da doação. 5Isso é uma limitação
do próprio acto de dar e, nesse caso, nem quem dá, nem quem recebe, possuiria a dádiva. 6A con-
fiança é uma parte essencial da doação; de facto, é a parte que faz com que o compartilhar seja
possível, é a parte que garante ao doador que ele não perde, apenas ganha. 7Seria possível dar uma
dádiva e ficar com o que é dado, para ter a certeza de que é usado como o doador lhe parece
apropriado? 8Isto não é dar, mas aprisionar.

4. É a renúncia de toda e qualquer preocupação em relação à dádiva que faz com que ela seja ver-
dadeiramente dada. 2E é a confiança que faz com que a verdadeira doação seja possível. 3A cura é
a mudança mental que o Espírito Santo, na mente do paciente, vai procurando para esse mesmo
paciente. 4E é o Espírito Santo, na mente do doador, que lhe dá a dádiva. 5Como é possível perdê-
la? 6Como pode não ter efeito? 7Como pode ser desperdiçada? 8A casa do tesouro de Deus nunca
pode estar vazia. 9Se uma dádiva estivesse em falta, ela não estaria plena. 10No entanto, a sua ple-
nitude é garantida por Deus. 11Neste caso, que preocupação pode ter um professor de Deus em
relação ao que acontece às suas dádivas? 12Dadas por Deus a Deus, quem, nesse intercâmbio santo,
pode receber menos do que tudo?

7. A cura deve ser repetida?

1. Esta questão, realmente, responde a si mesma. 2A cura não pode ser repetida. 3Se o paciente
está curado, o que faltará curar nele? 4E, se a cura é certa, como já dissemos que é, o que há para
136
repetir? 5O professor de Deus que fica preocupado com o resultado da cura, limita-a. 6Agora, é a
própria mente do professor de Deus que precisa de ser curada. 7E é isto que ele precisa de facilitar.
8
Agora, o professor de Deus é o paciente e assim se deve considerar. 9Cometeu um erro e precisa de
estar disposto a mudar a sua mente em relação a isso. 10Por lhe ter faltado a confiança que faz com
que a verdadeira doação seja possível, não recebeu o benefício da sua dádiva.

2. Sempre que um professor de Deus tentou ser um canal para a cura, teve sucesso. 2Caso tenha
sido tentado a duvidar disso, não deveria repetir o seu esforço anterior. 3Aquilo* já foi o máximo e
o Espírito Santo assim o aceitou e usou. 4Agora, o professor de Deus só tem um caminho a seguir.
5
Tem de usar a sua razão para dizer a si mesmo que entregou o problema Àquele que não pode
falhar e tem de reconhecer que a sua própria incerteza não é amor, mas medo e, por conseguinte,
ódio. 6A sua posição torna-se, então, insustentável, pois está a oferecer ódio a quem ofereceu
amor. 7Isso é impossível. 8Tendo oferecido amor, só amor pode ser recebido.

* - Nota pessoal: a tentativa de ser um canal de cura.

3. É nisto que o professor de Deus tem de confiar. 2É isto que realmente significa a declaração de
que a única responsabilidade daquele que trabalha em milagres é aceitar a Expiação para si mes-
mo. 3O professor de Deus é um trabalhador em milagres porque dá as dádivas que recebeu. 4No
entanto, antes, precisa de as aceitar. 5Não precisa de fazer mais do que isto, nem há nada mais que
possa fazer. 6Por aceitar a cura, é capaz de dá-la. 7Se duvida disto, que se lembre de Quem deu a
dádiva e de Quem a recebeu. 8Assim a sua dúvida é corrigida. 9Ele pensou que as dádivas de Deus
podiam ser retiradas. 10Isso foi um mal-entendido que dificilmente perdurará. 11Assim, ao professor
de Deus só lhe resta reconhecer esse erro e permitir que seja corrigido.

4. Uma das mais difíceis tentações a ser reconhecida é esta: duvidar de uma cura em que, aparen-
temente, os sintomas persistem é um erro na forma de falta de confiança. 2Como tal, é um ataque.
3
Regra geral, parece ser exactamente o oposto. 4À primeira vista, de facto, não parece razoável ser
advertido de que a persistência da preocupação é um ataque. 5Tem todas as aparências de amor.
6
No entanto, o amor sem confiança é impossível, e dúvida e confiança não podem coexistir. 7E o
ódio tem de ser o oposto do amor, independentemente da forma que tome. 8Não se duvide da dádi-
va e é impossível duvidar do seu resultado. 9É essa certeza que dá aos professores de Deus o poder
de serem trabalhadores em milagres, pois depositaram a sua confiança Nele.

5. A base real da dúvida a respeito do resultado de qualquer problema que tenha sido dado ao pro-
fessor de Deus para resolver, é sempre dúvida acerca de si mesmo. 2E isto necessariamente
demonstra que a confiança foi depositada num ser ilusório, pois só se pode duvidar de um ser
assim. 3Essa ilusão pode tomar muitas formas. 4Talvez haja medo da fraqueza e da vulnerabilidade.
5
Talvez haja medo do fracasso e da vergonha associada a um sentimento de inadequação. 6Talvez
haja um embaraço culposo saindo da falsa humildade. 7A forma do erro não é importante. 8O
importante é, apenas, o reconhecimento de um erro como um erro.

6. O erro é sempre alguma forma de preocupação com o próprio ser, que exclui o paciente. 2É um
fracasso em reconhecer o paciente como parte do Ser e, portanto, representa uma confusão de
identidade. 3Um conflito acerca de quem és entrou na tua mente e acabaste por te enganar quanto
a ti mesmo. 4E estás enganado quanto a ti mesmo porque negaste a Fonte da tua criação. 5Se ape-
nas estás a oferecer cura, não podes duvidar. 6Se realmente queres o problema resolvido, não
podes duvidar. 7Se estás certo a respeito de qual é o problema, não podes duvidar. 8A dúvida é o
resultado de desejos em conflito. 9Estejas tu certo do que queres e a dúvida passa a ser impossível.

8. Como se pode evitar a percepção da ordem de dificuldades em milagres?

1. A crença em ordem de dificuldades é a base da percepção do mundo. 2Fundamenta-se em dife-


renças; o que passou não está nivelado, há alterações no que virá, as alturas são desiguais e os
tamanhos diversos, há graus variados de escuridão e de luz, e milhares de comprastes nos quais
137
cada coisa vista, para ser reconhecida, compete com todas as outras. 3Um objecto maior ofusca um
menor. 4Uma coisa mais brilhante desvia a atenção de outra cujo apelo é menos intenso. 5E uma
ideia mais ameaçadora, ou considerada mais desejável pelos padrões do mundo, transtorna comple-
tamente o domínio mental. 6O que os olhos do corpo contemplam é apenas conflito. 7Não olhes
para essas coisas à procura de paz e compreensão.

2. Ilusões são sempre ilusões de diferenças. 2Como poderia ser de outra forma? 3Por definição, uma
ilusão é uma tentativa de fazer com que alguma coisa considerada de maior importância seja real,
embora se reconheça que tal coisa não é verdadeira. 4A mente, então, procura fazer com que seja
verdadeira em função da intensidade do desejo de tê-la para si. 5Ilusões são travestis da criação,
tentativas de trazer verdade às mentiras. 6Achando a verdade inaceitável, a mente revolta-se con-
tra a verdade e dá a si mesma uma ilusão de vitória. 7Por considerar a saúde uma carga, retira-se
para sonhos febris. 8E, nesses sonhos, a mente está separada, diferente de outras mentes, com
interesses próprios diferentes e é capaz de gratificar as suas necessidades à custa dos outros.

3. De onde vêm todas estas diferenças? 2Certamente parecem estar no mundo lá fora. 3No entanto,
com toda a certeza é a mente que julga o que os olhos contemplam. 4É a mente que interpreta as
mensagens dos olhos e lhes dá «significado». 5E esse significado não existe absolutamente no mun-
do exterior. 6O que é visto como «realidade» é, simplesmente, o que a mente prefere. 7A mente
projecta a sua hierarquia de valores para o que está fora e envia os olhos do corpo para a encon-
trar. 8Os olhos do corpo nunca verão senão através das diferenças. 9Contudo, a percepção não se
baseia nas mensagens que eles trazem. 10Só a mente avalia as mensagens dos olhos e, assim sendo,
só a mente é responsável pelo que é visto. 11Só ela decide se o que é visto é real ou ilusório, dese-
jável ou indesejável, prazenteiro ou doloroso.

4. É nas actividades de selecção e categorização da mente que entram os erros de percepção. 2E é


aqui que a correcção tem de ser feita. 3A mente classifica o que os olhos do corpo lhe trazem de
acordo com os seus valores preconcebidos, julgando em que categorias melhor se encaixa cada
dado fornecido pelos sentidos. 4Que base poderia ser mais errada do que esta? 5Sem reconhecimen-
to próprio, ela mesma pediu que lhe fosse dado o que se encaixa nessas categorias. 6E, tendo feito
isto, conclui que as ditas categorias têm de ser verdadeiras. 7Nisto se baseia o julgamento de todas
as diferenças, pois é disto que dependem todos os julgamentos do mundo. 8Acaso se pode depen-
der, para o que quer que seja, deste «raciocínio» confuso e sem sentido?

5. Não pode haver ordem de dificuldades na cura, simplesmente, porque qualquer doença é ilusão.
2
Será mais duro dissipar a crença dos doentios em uma alucinação maior, em oposição a uma
menor? 3Concordarão eles mais rapidamente com a irrealidade de uma voz mais alta do que com a
de outra mais suave? 4Descartarão eles com maior facilidade um comando para matar sussurrado do
que outro dado aos gritos? 5E será que o número de garfos que eles vêem os demónios a carregar
afecta a credibilidade que as suas percepções têm desses demónios? 6As mentes desses doentios
categorizou tudo isto como real, portanto, tudo é real para eles. 7Quando se derem conta de que
são ilusões, desaparecerão. 8E assim é com a cura. 9As propriedades das ilusões que as fazem pare-
cer diferentes são, na realidade, irrelevantes, pois as suas propriedades são tão ilusórias quanto
elas próprias.

6. Os olhos do corpo continuarão a ver diferenças. 2Mas a mente que se deixou curar deixará de
tomar conhecimento delas. 3Haverá pessoas que parecerão «mais doentes» do que outras, e os
olhos do corpo registarão, como antes, as mudanças nas suas aparências. 4Mas a mente curada vai
colocá-las todas numa única categoria: elas são irreais. 5Esta é a dádiva do seu Professor: a com-
preensão de que apenas duas categorias têm significado na selecção das mensagens que a mente
recebe daquilo que parece ser o mundo exterior. 6E, destas duas, somente uma é real. 7Assim como
a realidade é totalmente real, independentemente de tamanho, forma, tempo e lugar - pois não
podem existir diferenças dentro da realidade - assim também as ilusões são sem distinções. 8A res-
posta única para qualquer tipo de doença é a cura. 9A resposta única para todas as ilusões é a ver-
dade.

138
9. São necessárias mudanças na situação de vida dos professores de Deus?

1. São necessárias mudanças nas mentes dos professores de Deus. 2Isto pode ou não envolver
mudanças na situação externa. 3Lembra-te de que ninguém está onde está acidentalmente e de que
o acaso não tem nenhum papel no plano de Deus. 4É bastante provável que mudanças de atitudes
constituam o primeiro passo no treino do recém-formado professor de Deus. 5No entanto, não há
um padrão determinado, posto que o treino é sempre altamente individualizado. 6Há aqueles que
são chamados a mudar a sua situação de vida quase que imediatamente, mas esses, geralmente,
são casos especiais. 7Para a grande maioria é dado um programa de treino de evolução lenta,
durante o qual é corrigido o maior número possível de erros anteriores. 8Os relacionamentos em
particular têm de ser percebidos de forma correcta e todas as pedras angulares da incapacidade de
perdoar têm de ser removidas. 9De outro modo, o antigo sistema de pensamento ainda tem base
para regressar.

2. À medida em que o professor de Deus avança no seu treino, aprende uma lição cada vez mais
profunda. 2Ele não toma as suas próprias decisões; pergunta ao seu Professor qual a Sua resposta, e
é isso que respeita como seu guia de acção. 3Isto torna-se cada vez mais fácil à medida em que o
professor de Deus aprende a desistir do seu próprio julgamento. 4Desistir do julgamento - o pré-
requisito óbvio para se ouvir a Voz de Deus - é usualmente um processo razoavelmente lento, não
porque seja difícil, mas porque pode ser percebido como um insulto pessoal. 5O treino do mundo
está dirigido no sentido de alcançar uma meta directamente oposta à do nosso ensinamento. 6O
mundo treina visando a confiança no próprio julgamento como critério de maturidade e força. 7O
nosso ensinamento treina tendo em vista o abandono do julgamento como condição necessária à
salvação.

10. Como se abandona o julgamento?

1. O julgamento, como outros instrumentos através dos quais se mantém o mundo das ilusões, é
compreendido de forma totalmente errada pelo mundo. 2De facto, é confundido com sabedoria e
substitui a verdade. 3Considerando a forma que o mundo usa o termo, um indivíduo é capaz de
fazer «bom» ou «mau» julgamento e a sua educação tem por objectivo fortalecer o primeiro e
minimizar o último. 4Entretanto, há grande confusão em torno do que significam estas categorias.
5
O que é «bom» julgamento para um, é «mau» para outro. 6Além disto, até a mesma pessoa, em um
dado momento, classifica a mesma acção como sendo demonstrativa de «bom» julgamento e de
«mau» julgamento em outro. 7Nem é possível ensinar-se qualquer critério consistente para a
determinação do que são estas categorias. 8A qualquer momento o aluno pode discordar daquilo
que o seu pretenso professor diz a esse respeito, e o próprio professor pode muito bem ser inconsis-
tente em relação àquilo em que acredita. 9«Bom» julgamento, nestes termos, não significa nada:
assim como «mau» também não significa nada.

2. É necessário que o professor de Deus reconheça, não que não deve julgar, mas que não pode
julgar. 2Ao desistir do julgamento, está apenas a desistir do que não tinha. 3Desiste de uma ilusão;
ou melhor, tem a ilusão de desistir. 4De facto, simplesmente, se tornou mais honesto.
5
Reconhecendo que o julgamento sempre lhe foi impossível, não mais tenta fazê-lo. 6Não há
nenhum sacrifício. 7Ao contrário, coloca-se numa posição na qual o julgamento pode ocorrer atra-
vés dele, em vez de por ele. 8E este julgamento não é «bom» nem é «mau». 9É o único julgamento
que existe e é apenas um: «O Filho de Deus não tem culpa e o pecado não existe».

3. O objectivo do nosso ensinamento, ao contrário da meta de aprendizagem do mundo, é o reco-


nhecimento de que o julgamento, no sentido usual do termo, é impossível. 2Isto não é uma opinião,
mas um facto. 3Para poder julgar qualquer coisa acertadamente, a pessoa teria de estar inteira-
mente ciente de uma escala inconcebível de coisas passadas, presentes e por vir. 4A pessoa teria de
reconhecer antecipadamente todos os efeitos dos seus julgamentos sobre todas as outras pessoas e
coisas, de alguma forma envolvidas com tais efeitos. 5E a pessoa teria de estar certa de não haver
nenhuma distorção na sua percepção, de forma a que o seu julgamento fosse totalmente justo em
139
relação a todos aqueles sobre os quais recai, agora e no futuro. 6Quem está em posição de fazer
isto? 7Quem, a não ser em grandiosas fantasias, poderia reivindicar tal coisa para si mesmo?

4. Lembra-te de quantas vezes pensaste que conhecias todos os «factos» necessários para um jul-
gamento e de como estavas enganado! 2Existe alguém que não tenha tido esta experiência?
3
Saberias quantas vezes, simplesmente, pensaste que estavas certo, sem jamais reconheceres que
estavas errado? 4Por que escolherias uma base tão arbitrária para tomar decisões? 5A sabedoria não
está em julgar, mas no abandono do julgamento. 6Faz, então, apenas mais um julgamento. 7É o
seguinte: há Alguém contigo cujo julgamento é perfeito. 8Ele conhece todos os factos passados,
presentes e por vir. 9Ele, na verdade, conhece todos os efeitos do Seu julgamento sobre todas as
pessoas e todas as coisas que, de alguma forma, estão envolvidos com esse julgamento. 10E Ele é
totalmente justo para com todos, pois não há distorção na Sua percepção.

5. Portanto, deixa de lado o julgamento, não com pesar, mas com um suspiro de gratidão. 2Agora,
estás livre de uma carga tão grande que somente poderias cambalear e cair para debaixo dela. 3E
tudo era ilusão. 4Nada mais. 5Agora, o professor de Deus pode erguer-se sem cargas e caminhar com
leveza. 6Porém, não é esse, apenas, o seu benefício. 7O seu senso de preocupação desvaneceu-se,
pois já não tem nenhuma preocupação. 8Abdicou disso, juntamente com o julgamento. 9Entregou-se
Àquele em cujo julgamento escolheu passar a confiar, em vez do seu próprio. 10Agora, não se enga-
na. 11O seu Guia é seguro. 12E onde o professor de Deus veio para julgar, veio para abençoar. 13Onde
ele agora ri, antes costumava vir para chorar.

6. Não é difícil abandonar o julgamento. 2Mas é, de facto, difícil tentar mantê-lo. 3O professor de
Deus abandona o julgamento com felicidade no momento em que reconhece o seu preço. 4Toda a
feiúra que vê à sua volta é consequência do julgamento. 5Toda a dor que contempla é o seu resul-
tado. 6Toda a solidão e o senso de perda, do tempo que passa e da desesperança crescente, do
desespero doentio e do medo da morte; tudo isso veio do julgamento. 7Agora, o professor de Deus
sabe que tais coisas não precisam de ser assim. 8Nenhuma delas é verdadeira. 9Pois desistiu da sua
causa e elas, que nunca foram senão os efeitos da sua escolha errada, deixam de estar presas a ele.
10
Professor de Deus, este passo irá trazer-te a paz. 11Será difícil querer apenas isto?

11. Como é possível a paz neste mundo?

1. Esta é uma pergunta que todos têm de fazer. 2Certamente, a paz parece ser impossível aqui. 3No
entanto, o Verbo de Deus promete outras coisas que, tal como esta, parecem impossíveis. 4O Seu
Verbo prometeu a paz. 5Prometeu, também, que não há morte, que a ressurreição tem de ocorrer e
que o renascimento é a herança do homem. 6O mundo que vês não pode ser o mundo amado por
Deus e, no entanto, o Seu Verbo assegura-nos que Ele ama o mundo. 7O Verbo de Deus prometeu
que a paz é possível aqui, e o que Ele promete não pode ser impossível. 8Porém, a verdade é que é
preciso olhar para o mundo de maneira diferente, se queremos aceitar as promessas de Deus. 9O
que o mundo é não passa de um facto. 10Não podes escolher como isso deveria ser. 11Mas podes
escolher como queres vê-lo. 12Na verdade, é isso o que tens de escolher.

2. Mais uma vez voltamos à questão do julgamento. 2Desta vez, pergunta-te qual dos dois tem mais
probabilidade de ser verdadeiro, o teu julgamento ou o Verbo de Deus. 3Pois eles dizem coisas dife-
rentes acerca do mundo, e coisas tão opostas que não faz sentido querer conciliá-las. 4Deus oferece
ao mundo a salvação; o teu julgamento condená-lo-ia. 5Deus diz que não há morte; o teu julgamen-
to vê apenas a morte como o fim inevitável da vida. 6O Verbo de Deus assegura-te que Ele ama o
mundo; o teu julgamento diz que o mundo não é amável. 7Quem está certo? 8Pois um dos dois está
errado. 9Tem de ser assim.

3. O livro Texto explica que o Espírito Santo é a Resposta para todos os problemas que fizeste.
2
Esses problemas não são reais, mas isso não tem significado para aqueles que neles acreditam. 3E
todas as pessoas acreditam no que fizeram, pois foi feito porque elas acreditam. 4A esta situação
estranha e paradoxal - sem significado e vazia de sentido, porém, aparentemente sem saída - Deus
enviou o Seu Julgamento para responder ao teu. 5Gentilmente, o Seu Julgamento substitui o teu. 6E
140
através desta substituição, o que é incompreensível torna-se compreensível. 7Como é possível a paz
neste mundo? 8No teu julgamento não é possível, nem nunca será. 9Mas, no Julgamento de Deus, o
que é reflectido aqui é apenas paz.

4. A paz é impossível para aqueles que olham para a guerra. 2A paz é inevitável para aqueles que
oferecem a paz. 3Como é fácil, então, escapar do teu julgamento do mundo! 4Não é o mundo que
faz a paz parecer impossível. 5O mundo que vês é que é impossível. 6Apesar disso, o Julgamento de
Deus sobre este mundo distorcido redimiu-o e capacitou-o a dar as boas-vindas à paz. 7E a paz des-
ce sobre ele em alegre resposta. 8A paz está agora aqui, no seu devido lugar, porque se introduziu
um pensamento de Deus. 9Que outra coisa além de um Pensamento de Deus pode fazer com que o
inferno passe a ser o Céu, simplesmente, por ser o que é? 10A terra curva-se diante da sua Presença,
que, cheia de graça, responde inclinando-se a fim de a reerguer novamente. 11Agora, a questão
passou a ser diferente. 12Não é mais: «É possível a paz neste mundo?» mas sim «Não é impossível
que a paz esteja ausente daqui?»

12. Quantos professores de Deus são necessários para salvar o mundo?

1. A resposta a esta pergunta é: - um. 2Um professor totalmente perfeito, cuja aprendizagem está
completa, é o suficiente. 3Este, santificado e redimido, torna-se o Ser que é o Filho de Deus. 4Ele,
que sempre foi totalmente espírito, agora não mais se vê como um corpo, nem mesmo em um cor-
po. 5Por conseguinte, não tem limites. 6E não tendo limites, os seus pensamentos estão unidos aos
de Deus para sempre. 7A sua percepção de si mesmo baseia-se no julgamento de Deus e traz os Seus
pensamentos às mentes ainda iludidas. 8Ele é para sempre um, porque é como Deus o criou. 9Ele
aceitou Cristo e está salvo.

2. Assim, o filho do homem torna-se o Filho de Deus. 2Não é realmente uma mudança, é uma
mudança de mente. 3Nada externo se altera, mas tudo internamente reflecte agora só o Amor de
Deus. 4Deus já não pode ser temido, porque a mente não vê nenhuma causa para a punição. 5Os
professores de Deus parecem ser muitos, pois essa é a necessidade do mundo. 6No entanto, unidos
num só propósito, propósito esse que compartilham com Deus, como poderiam estar separados uns
dos outros? 7Que importa, então, se aparecem em muitas formas? 8As suas sementes são uma só; a
sua união é completa. 9E Deus, agora, trabalha através deles como se fossem um, pois é isso o que
são.

3. Por que é necessária a ilusão de serem muitos? 2Somente porque a realidade não é compreensível
para os iludidos. 3Raros são os que podem ouvir a Voz de Deus de qualquer maneira que seja, e
mesmo estes não podem comunicar as mensagens Dele através do Espírito Santo, que lhas deu. 4Os
professores de Deus necessitam de um veículo através do qual a comunicação se torne possível para
aqueles que não reconhecem que são espírito. 5Um corpo, esses podem ver. 6Uma voz podem com-
preender e ouvir o medo que a verdade encontraria neles. 7Não te esqueças de que a verdade só
pode vir onde é bem-vinda sem medo. 8Assim, os professores de Deus precisam de um corpo, pois a
sua unidade não poderia ser reconhecida directamente.

4. Entretanto, o que faz os professores de Deus é o seu reconhecimento de qual é o verdadeiro pro-
pósito do corpo. 2À medida em que avançam na sua profissão, cada vez mais se apercebem de que
a função do corpo é apenas deixar que a Voz de Deus fale através dele para ouvidos humanos.
3
Esses ouvidos carregarão para a mente do ouvinte mensagens que não são deste mundo, as quais a
mente compreenderá devido à Fonte donde provêem. 4Desta compreensão virá o reconhecimento,
nesse novo professor de Deus, de qual é realmente o propósito do corpo, do único uso que realmen-
te existe para ele. 5Esta lição é suficiente para permitir a entrada do pensamento da unidade, e o
que é um é reconhecido como um. 6Os professores de Deus parecem compartilhar a ilusão da sepa-
ração mas, devido ao propósito com que usam o corpo, não acreditam na ilusão apesar das aparên-
cias.

5. A lição central é sempre esta: seja o que for que o corpo seja para ti, é isso que ele virá a ser
para ti. 2Usa-o para o pecado ou para o ataque, que é o mesmo que pecado, e vê-lo-ás como peca-
141
minoso. 3Porque é pecaminoso é fraco e, ao ser fraco, sofre e morre. 4Usa-o para trazer o Verbo de
Deus àqueles que não O têm e o corpo torna-se santo. 5Por ser santo, não pode adoecer, nem pode
morrer. 6Quando a sua utilidade finda, é posto de lado e isto é tudo. 7A mente toma esta decisão
assim como toma todas as decisões que são responsáveis pela condição do corpo. 8Contudo, o pro-
fessor de Deus não toma esta decisão sozinho. 9Fazê-lo seria dar ao corpo outro propósito além da-
quele que o mantém santo. 10A Voz de Deus vai dizer-lhe quando está cumprido o seu papel, tal
como essa Voz lhe diz qual é a sua função. 11Ele não sofre nem por ir nem por ficar. 12Agora, a do-
ença, para ele, é impossível.

6. A unicidade e a doença não podem coexistir. 2Os professores de Deus escolhem olhar para os
sonhos durante algum tempo. 3É uma escolha consciente. 4Pois aprenderam que todas as escolhas
são feitas conscientemente, com total conhecimento da suas consequências. 5O sonho diz o contrá-
rio, mas quem depositaria a sua fé em sonhos uma vez que foram reconhecidos pelo são? 6A cons-
ciência do sonhar é a função real dos professores de Deus. 7Eles observam as figuras dos sonhos a ir
a vir, a deslocarem-se e a mudarem, a sofrerem e a morrerem. 8Apesar disso, não são enganados
pelo que vêem. 9Reconhecem que contemplar uma figura de sonho como doente e separada não é
mais real do que considerá-la saudável e bonita. 10Só a unidade não é coisa de sonhos. 11E é isso que
os professores de Deus reconhecem por detrás do sonho, além de todas as aparências e ainda assim
como algo que, com toda a certeza lhes pertence.

13. Qual o significado do sacrifício?

1. Embora, na verdade, o termo sacrifício não tenha qualquer significado, ele tem significado no
mundo. 2Como todas as coisas no mundo, o seu significado é temporário e, em última instância,
desaparecerá no nada de onde veio quando deixar de haver utilidade para ele. 3Agora, o seu signifi-
cado real é uma lição. 4Como todas as lições é ilusão, uma vez que na realidade não há nada a
aprender. 5No entanto, esta ilusão tem de ser substituída por um instrumento correctivo: uma outra
ilusão que substitua a primeira, de modo a que ambas possam finalmente desaparecer. 6A primeira
ilusão, que tem de ser descartada antes que um novo sistema de pensamento possa assumir o con-
trole, é a de que desistir das coisas deste mundo é um sacrifício. 7O que poderia ser senão uma ilu-
são, se este mundo, em si mesmo, não passa de uma ilusão?

2. É necessária grande aprendizagem para reconhecer e aceitar o facto de que o mundo não tem
nada para dar. 2O que pode significar o sacrifício do nada? 3Não pode significar que, por causa dis-
so, venhas a ter menos. 4Do ponto de vista do mundo, não há sacrifício que não envolva o corpo.
5
Pensa um pouco acerca daquilo a que o mundo chama sacrifício. 6Poder, fama, dinheiro, prazer,
físico; quem é o «herói» a quem todas estas coisas acontecem? 7Poderiam significar alguma coisa a
não ser para um corpo? 8No entanto, um corpo não é capaz de avaliar. 9Ao procurar estas coisas, a
mente associa-se ao corpo, obscurecendo a sua identidade e perdendo de vista o que ela é.

3. Uma vez ocorrida esta confusão, torna-se impossível para a mente compreender que todos os
«prazeres» do mundo não são nada. 2Mas que sacrifício - e é sacrifício, de facto! - tudo isto acarre-
ta. 3Agora, a mente condenou-se a encontrar sem jamais encontrar, a ser para sempre insatisfeita e
descontente, a não saber o que realmente quer encontrar. 4Quem pode escapar desta autoconde-
nação? 5Somente através do Verbo de Deus isso poderia ser possível. 6Pois a autocondenação é uma
decisão sobre a identidade e ninguém duvida do que acredita que é. 7Pode duvidar de todas as coi-
sas, menos disso.

4. Os professores de Deus não podem sentir nenhum arrependimento em desistir dos prazeres do
mundo. 2É sacrifício desistir da dor? 3Algum adulto se ressente quando desiste dos brinquedos de
criança? 4Uma pessoa, cuja visão já vislumbrou a face de Cristo, acaso olha para trás, com saudade,
para um matadouro? 5Ninguém que tenha escapado do mundo e de todos os seus males o encara
com condenação, quando volta a olhar par ele. 6Mas, não pode deixar de se regozijar por estar livre
de todos os sacrifícios que os valores do mundo exigiam dele. 7A eles, a pessoa sacrifica toda a sua
paz. 8A eles, sacrifica toda a sua liberdade. 9E, para os possuir, tem de sacrificar a sua esperança
142
do Céu e a memória do Amor do seu Pai. 10Quem, na sua mente sã escolhe nada em substituição de
tudo?

5. Qual é o significado real do sacrifício? 2É o custo de se acreditar em ilusões. 3É o preço que tem
de ser pago pela negação da verdade. 4Não há nenhum prazer mundano que não exija isso, pois, de
outro modo, o prazer seria visto como dor e ninguém pede dor quando a reconhece. 5É a ideia de
sacrifício que faz com que a pessoa fique cega. 6Ela não vê o que está a pedir. 7E, assim, procura
isso de milhares de maneiras diferentes e em milhares de lugares, a cada vez acreditando que está
lá e a cada vez desapontando-se, no final. 8«Procura mas não encontres» continua a ser o severo
decreto deste mundo e ninguém, que persiga metas mundanas, pode fazer de outra forma.

6. Podes acreditar que este curso exige o sacrifício de tudo aquilo que realmente aprecias. 2Num
certo sentido isto é verdadeiro, pois aprecias as coisas que crucificam o Filho de Deus, ao passo que
o objectivo deste curso é libertá-lo. 3Mas não te enganes a respeito do que significa sacrifício.
4
Significa, sempre, desistir do que queres. 5E o que é que, ó professor de Deus, tu queres? 6Foste
chamado por Deus e respondeste. 7Sacrificarias agora esse Chamamento? 8Poucos o ouviram por
enquanto e esses só podem voltar-se para ti. 9Não há nenhuma outra esperança no mundo inteiro
em que possam confiar. 10Não há nenhuma outra voz no mundo inteiro que ecoe a de Deus. 11Se
queres sacrificar a verdade, eles permanecem no inferno. 12E se eles permanecem, tu ficarás com
eles.

7. Não te esqueças de que o sacrifício é total. 2Não existem meios-sacrifícios. 3Não podes desistir
do Céu parcialmente. 4Não podes estar só um bocadinho no inferno. 5O Verbo de Deus não tem
excepções. 6É isso que faz com que seja santo e além do mundo. 7É a sua santidade que aponta
para Deus. 8É a sua santidade que faz com que tu estejas a salvo. 9Ele é negado se atacas qualquer
irmão por qualquer motivo. 10Pois é aí que ocorre o rompimento com Deus. 11Um rompimento que é
impossível. 12Um rompimento que não pode acontecer. 13No entanto, um rompimento no qual cer-
tamente vais acreditar porque estabeleceste uma situação impossível. 14E, nessa situação, o impos-
sível pode parecer estar a ocorrer. 15Parece estar a ocorrer através do «sacrifício» da verdade.

8. Professor de Deus, não te esqueças do significado do sacrifício e lembra-te do que necessaria-


mente significa, em termos de custo, cada decisão que tomas. 2Decide-te por Deus, e todas as coi-
sas te são dadas sem qualquer custo. 3Decide-te contra Ele, e escolhes o nada ao preço da cons-
ciência de tudo. 4O que queres ensinar? 5Lembra-te, apenas, do que queres aprender. 6Porque é
nisso que deve estar a tua preocupação. 7A Expiação é para ti. 8A tua aprendizagem reivindica-a e a
tua aprendizagem dá-a. 9O mundo não contém a Expiação. 10Mas aprende este curso e ela é tua.
11
Deus oferece-te o Seu Verbo, pois Ele tem necessidade de professores. 12Que outra maneira existe
para salvar o Seu Filho?

14. Como será o fim do mundo?

1. É possível que o que não tem começo tenha, realmente, um fim? 2O mundo terminará numa ilu-
são, tal como começou. 3Porém, o seu fim será uma ilusão de misericórdia. 4A ilusão do perdão,
completo, sem excluir ninguém, sem limites em gentileza, cobrirá o mundo, escondendo todos os
males, ocultando todos os pecados e pondo fim à culpa para sempre. 5Assim termina o mundo que
foi feito pela culpa, pois agora tal mundo não tem nenhum propósito e desapareceu. 6O pai das
ilusões é a crença em que elas têm um propósito, que servem a alguma necessidade ou gratificam
algo que se quer. 7Uma vez percebidas como não tendo propósito, deixam de ser vistas. 8Com o
reconhecimento de que nenhum propósito lhes pode ser dado, as ilusões desapareceram. 9Como, a
não ser deste modo, podem todas as ilusões ter fim? 10Elas foram trazidas à verdade e a verdade
não as viu. 11Simplesmente deixou de ver o que não tem significado.

2. Até que o perdão seja completo, o mundo tem um propósito. 2Vem a ser o lar onde nasce o per-
dão, onde cresce tornando-se cada vez mais forte e mais abrangente. 3Aqui é nutrido, posto que
aqui é necessário. 4Um Salvador gentil, nascido onde o pecado foi feito e a culpa parece real. 5Aqui
é o Seu lar, pois aqui, de facto, Ele é necessário. 6Ele traz consigo o final do mundo. 7É ao Seu
143
Chamamento que os professores de Deus respondem, voltando-se para Ele, em silêncio, de modo a
receber o Seu Verbo. 8O mundo terminará quando todas as coisas nele tiverem sido correctamente
julgadas pelo Seu Julgamento. 9O mundo terminará com a bênção da santidade sobre si. 10Quando
não permanecer nenhum pensamento de pecado, o mundo acaba. 11Ele não será destruído, nem
atacado, nem mesmo tocado. 12Simplesmente deixará de parecer que existe.

3. Certamente isto parece estar distante, muito distante. 2«Quando não permanecer nenhum pen-
samento de pecado» parece ser, de facto, um objectivo a muito longo prazo. 3Mas o tempo pára e
aguarda pelo objectivo dos professores de Deus. 4Nenhum pensamento de pecado permanecerá no
instante em que qualquer um deles aceitar a Expiação para si mesmo. 5Não é mais fácil perdoar um
pecado do que perdoar todos os pecados. 6A ilusão da ordem de dificuldade é um obstáculo que o
professor de Deus tem de aprender a ultrapassar e a deixar para trás. 7Um pecado perfeitamente
perdoado por um professor de Deus pode tornar a salvação completa. 8És capaz de compreender
isto? 9Não, isto não tem significado para qualquer um, nesse mundo. 10Entretanto, é a lição final na
qual a unidade é restaurada. 11Vai contra todos os pensamentos do mundo, mas assim também é o
Céu.

4. O mundo chegará ao fim quando o seu sistema de pensamento for completamente restaurado.
2
Até lá, pedaços e restos desse pensamento ainda parecerão fazer sentido. 3A lição final, que traz o
fim do mundo, não pode ser apreendida por aqueles que ainda não estão preparados para deixar o
mundo e ir além do seu diminuto alcance. 4Qual é, então, a função do professor de Deus nesta lição
conclusiva? 5Simplesmente tem de aprender como abordá-la, estar disposto a seguir nessa direcção.
6
Simplesmente tem de confiar que, se a Voz de Deus lhe diz que esta é uma lição que ele pode
aprender, é porque é capaz de aprendê-la. 7Não a julga nem como difícil, nem como fácil. 8O Seu
Professor aponta para ela e o professor de Deus confia em que Ele lhe mostrará como aprendê-la.

5. O mundo terminará em alegria, porque é um lugar de pesar. 2Quando a alegria tiver vindo, o
propósito do mundo desvaneceu-se. 3O mundo terminará em paz, porque é um lugar de guerra.
4
Quando a paz tiver vindo, qual é o propósito do mundo? 5O mundo terminará em riso, porque é um
lugar de lágrimas. 6Quando há sorrisos, quem mais haverá de chorar? 7E somente o perdão completo
traz tudo isto para abençoar o mundo. 8Ele parte em bênção, pois não terminará como começou.
9
Fazer com que o inferno se transforme em Céu é a função dos professores de Deus, pois o que eles
ensinam são lições nas quais o Céu está reflectido. 10E agora, senta-te em verdadeira humildade e
reconhece que tudo o que Deus quer que faças, tu és capaz de fazer. 11Não sejas arrogante e não
digas que és incapaz de aprender o Seu próprio ensinamento. 12O Seu Verbo diz o contrário. 13Que a
Sua Vontade seja feita. 14Não pode ser diferente. 15E sê grato por ser assim.

15. Cada um será julgado no final?

1. Será, sim! 2Ninguém pode escapar do Julgamento Final de Deus. 3Quem poderia fugir da verdade
para sempre? 4Mas o Julgamento Final só virá quando deixar de ser associado com o medo. 5Um dia,
cada um dar-lhe-á as boas-vindas e, nesse mesmo dia, o Julgamento Final ser-lhe-á dado. 6Cada um
ouvirá a sua impecabilidade proclamada em todas as partes do mundo, libertando-o à medida em
que recebe o Julgamento Final de Deus. 7Neste Julgamento está a salvação. 8Este é Julgamento que
virá libertá-lo. 9Este é o Julgamento no qual todas as coisas são libertadas juntamente com ele. 10O
tempo pára à medida em que a eternidade se aproxima e o silêncio cai sobre o mundo para que
todos possam ouvir o seguinte Julgamento sobre o Filho de Deus:
11
Tu és santo, eterno, livre e integro, para sempre em paz no coração de Deus. 12Onde está o
mundo e onde está o pesar agora?

2. É este o teu julgamento sobre ti mesmo, professor de Deus? 2Acreditas que isto seja realmente
verdadeiro? 3Não, ainda não, ainda não. 4Mas esta continua ser a tua meta, a razão pela qual estás
aqui. 5A tua função é preparares-te para ouvir este Julgamento e reconhecê-lo como verdadeiro.

144
6
No instante em que acredites completamente nisto transcenderás a crença e obterás a Certeza.
7
Um instante fora do tempo pode trazer o fim do tempo. 8Não julgues, pois julgas apenas a ti mes-
mo e, assim, adias esse Julgamento Final. 9Qual é o teu julgamento do mundo, professor de Deus?
10
Já aprendeste a ficar de lado a ouvir a Voz do Julgamento em ti mesmo? 11Ou ainda tentas roubar-
Lhe o papel que Lhe é devido? 12Aprende a aquietar-te pois a Voz do Julgamento é ouvida na quie-
tude. 13O Seu Julgamento vem a todos os que se põem de lado a escutar em quietude e a esperar
por Ele.

3. Tu, que umas vezes estás triste e outras com raiva, que sentes que o que te é devido por vezes
te é negado e que os teus melhores esforços esbarram na falta de apreciação e até no desprezo,
abandona esses pensamentos tolos! 2São por demais pequenos e insignificantes para ocupar a tua
mente santa, por mais um instante que seja. 3O Julgamento de Deus espera por ti para te libertar.
4
O que pode o mundo oferecer-te, independentemente do teu julgamento sobre as dádivas munda-
nas que preferes possuir? 5Serás julgado e julgado em justiça e honestidade. 6Não há erro em Deus.
7
As Suas promessas vêm com certeza. 8Lembra-te apenas disto. 9As Suas promessas garantiram que
o Seu julgamento, e apenas o Seu, será aceito no final. 10É tua função fazer com que esse fim seja
em breve. 11É tua função guardá-lo junto ao teu coração e oferecê-lo ao mundo todo para o manter
a salvo.

16. Como o professor de Deus deve passar o seu dia?

1. Para o professor de Deus avançado, esta pergunta não tem significado. 2Não existe programa,
porque as lições mudam a cada dia. 3O professor de Deus, porém, está certo de uma coisa: essas
lições não mudam por acaso. 4Vendo isso e compreendendo que é verdadeiro, descansa contente.
5
Ser-lhe-á dito tudo sobre qual deve ser o seu papel nesse dia e todos os dias. 6E aqueles que com-
partilham o seu papel encontrá-lo-ão, de modo que possam aprender as lições do dia juntos.
7
Ninguém que lhe seja necessário está ausente, ninguém é enviado sem um objectivo de aprendiza-
gem já determinado e que possa ser aprendido naquele dia. 8Para o professor de Deus avançado,
então, esta pergunta é supérflua. 9Foi perguntada e respondida, e ele mantém-se em permanente
contacto com a Resposta. 10Ele está no seu lugar e vê a estrada, na qual caminha, desdobrar-se,
segura e suave, à sua frente.

2. Mas, e aqueles que não alcançaram a certeza do professor de Deus? 2Eles não estão prontos, ain-
da, para essa sua própria falta de estrutura. 3O que precisam fazer para dar o dia a Deus? 4Existem
algumas regras gerais que se aplicam, muito embora cada um deva usá-las da melhor forma possí-
vel, à sua própria maneira. 5As rotinas, enquanto tais, são perigosas porque rapidamente se tornam
deusas por seu próprio direito, ameaçando aquelas mesmas metas em nome das quais foram esta-
belecidas. 6De um modo geral, então, pode dizer-se que é bom começar o dia acertadamente. 7É
sempre possível começar de novo, caso o dia comece com um erro. 8No entanto, são óbvias as van-
tagens em termos de economia de tempo.

3. No início, é sábio pensar em termos de tempo. 2Este não é, de modo algum, o critério absoluto,
mas, inicialmente, é provável que seja o mais simples de se observar. 3A economia de tempo, nas
fases iniciais, é uma ênfase essencial e, embora ao longo do processo de aprendizagem continuar a
ser importante, vai sendo cada vez menos enfatizada. 4No início pode dizer-se com segurança que
dedicar algum tempo a começar o dia acertadamente, de facto, economiza tempo. 5Quanto tempo
se deve gastar, pois nessa actividade? 6Isso tem de depender do próprio professor de Deus. 7Ele não
pode reivindicar este título enquanto não tiver terminado o Livro de Exercícios, uma vez que esta-
mos a aprender dentro da estrutura do nosso curso. 8Depois de terminados os períodos de prática
mais estruturada que o Livro de Exercícios contém, a necessidade individual passa a ser a conside-
ração mais importante.

4. Este curso é sempre prático. 2Pode acontecer que o professor de Deus, ao acordar, não esteja
numa situação que lhe favoreça pensar em quietude. 3Se é esse o caso, que se lembre, apenas, que
está a escolher passar o seu tempo com Deus o quanto antes e, portanto, que o faça. 4A duração
não é a maior preocupação. 5É fácil uma pessoa ficar sentada uma hora, de olhos fechados, e não
145
realizar nada. 6Do mesmo modo, pode facilmente dar-se a Deus um instante apenas e, nesse instan-
te, unir-se completamente a Ele. 7Talvez a única generalização que se possa fazer seja esta: o mais
cedo possível, depois de despertar, toma para ti, algum tempo de quietude, continuando assim um
minuto ou dois a mais depois de começares a achar isso difícil. 8Pode descobrir que a dificuldade
vai diminuir e desaparecer. 9Se não, esse será o momento de parar.

5. O mesmo procedimento deve ser seguido à noite. 2Talvez o teu tempo de quietude deva ser no
começo da noite, no caso de não te ser viável conseguir fazê-lo antes de dormir. 3Não é sábio dei-
tares-te para fazer isto. 4É melhor sentares-te, na posição que preferires. 5Tendo completado o
Livro de Exercícios, tens que ter chegado a algumas conclusões a este respeito. 6Se possível,
porém, o tempo imediatamente anterior ao momento de dormir é um momento que se deseja dedi-
car a Deus. 7Ele coloca a tua mente num padrão de descanso que te orienta para longe do medo.
8
Se, para ti, for mais conveniente fazer mais cedo essa dedicatória, pelo menos assegura-te de não
te esqueceres, por um breve momento - não é preciso mais do que um momento - de fechar os
olhos e pensar em Deus.

6. Há um pensamento, em particular, que deve ser lembrado durante o dia. 2É um pensamento de


pura alegria, um pensamento de paz, um pensamento de libertação sem limites, pois nele todas as
coisas são libertadas. 3Pensas que fizeste um lugar seguro para ti mesmo. 4Pensas que fizeste um
poder que te pode salvar de todas as coisas assustadoras que vês em sonhos. 5Não é nisso que está a
tua segurança. 6Desistes apenas da ilusão de proteger ilusões. 7E é isto que temes, apenas isto.
8
Que tolice ter tanto medo de nada! 9Absolutamente nada! 10As tuas defesas não funcionarão, mas
não estás em perigo. 11Não tens necessidade delas. 12Reconhece isso e elas desaparecerão. 13E só
então aceitarás a tua protecção real.

7. Como é simples e fácil a passagem do tempo para o professor de Deus que aceitou a protecção
de Deus! 2Tudo o que fez antes, em nome da segurança, não lhe interessa mais. 3Pois está a salvo e
sabe que é assim. 4Ele tem um Guia que não falhará. 5Não precisa de fazer distinções entre os pro-
blemas que percebe, pois Aquele para Quem se volta com todos esses problemas, não reconhece
ordem de dificuldade para os resolver. 6Ele está tão seguro no presente quanto estava, antes das
ilusões serem aceites na sua mente, e como estará quando as tiver deixado partir. 7Não há diferen-
ças no seu estado em momentos diferentes e em locais diferentes, porque, para Deus, todos são
um. 8Esta é a segurança do professor de Deus. 9E não necessita de nada mais do que isto.

8. No entanto, existirão tentações ao longo do caminho pelo qual o professor de Deus tem ainda de
viajar e, ao longo do dia, terá necessidade de recordar, a si mesmo, a sua protecção. 2Como poderá
fazer isto, particularmente nos momentos em que a sua mente está ocupada com coisas externas?
3
Ele não pode fazer outra coisa senão tentar, e o seu sucesso depende da sua convicção de que terá
sucesso. 4Ele tem de estar certo de que o sucesso não lhe pertence, mas que lhe será dado a qual-
quer momento, em qualquer lugar e circunstância em que chamar por ele. 5Haverá ocasiões em que
a sua certeza vacilará e, no instante em que isso ocorrer, voltará às tentativas anteriores de depo-
sitar a confiança só em si mesmo. 6Não te esqueças de que isso é magia e a magia é um triste subs-
tituto para a verdadeira assistência. 7Não é suficientemente bom para o professor de Deus, pois não
é suficientemente bom para o Filho de Deus.

9. Evitar a magia é evitar a tentação. 2Pois qualquer tentação não é nada mais do que a tentativa
de substituir a Vontade de Deus por outra. 3Essas tentativas podem, de facto, parecer assustadoras,
embora sejam apenas patéticas. 4Não podem surtir nenhum efeito, nem bom nem mau, nem
recompensador nem que exija sacrifício, nem curativo nem destrutivo, nem tranquilizador nem
assustador. 5Quando a magia é, simplesmente, reconhecida como nada, o professor de Deus alcan-
çou o grau mais avançado. 6Todas as lições intermediárias levam apenas a isso e trazem essa meta
para mais perto do reconhecimento. 7Pois qualquer tipo de magia, qualquer que seja a forma que
assuma, simplesmente, não faz nada. 8Não tem poder, sendo por isso que é tão fácil escapar-lhe.
9
O que não tem efeito dificilmente pode aterrorizar.

10. Não há nenhum substituto para a Vontade de Deus. 2Em termos simples, é a este facto que o
professor de Deus dedica todo o seu dia. 3Qualquer substituto que resolva aceitar como real só
poderá enganá-lo. 44Mas está a salvo de qualquer mal-entendido, se assim decidir. 5Talvez tenha
146
necessidade de lembrar «Deus está comigo. 6Não posso ser enganado». 7Talvez prefira outras pala-
vras, uma apenas uma, ou nenhuma. 8No entanto, qualquer tentação de aceitar a magia como ver-
dadeira tem de ser abandonada através do seu próprio reconhecimento, não por ela ser assustado-
ra, não por ser pecaminosa, não por ser perigosa, mas, simplesmente, por não ter significado.
9
Como a magia se enraíza no sacrifício e na separação, dois aspectos de um único erro e nada mais,
o professor de Deus limita-se a abdicar do que nunca teve. 10E, por este «sacrifício», o Céu é res-
taurado na sua consciência.

11. Não queres fazer esta troca? 2O mundo fá-la-ia com contentamento se soubesse que poderia ser
feita. 3São os professores de Deus que têm de ensinar ao mundo que isso é possível. 4E, assim, a sua
função é assegurarem-se de que eles próprios a aprenderam. 5Não há risco possível ao longo do dia
a não ser o de colocares a tua confiança na magia, pois apenas isso conduz à dor. 6«Não há outra
vontade senão a de Deus». 7Os Seus professores sabem que assim é, e aprenderam que tudo o mais
não passa de magia. 8Qualquer crença na magia é mantida apenas por uma única ilusão simplória -
a de que a magia funciona. 9No decorre do seu treino, a cada dia e a cada hora e até mesmo a cada
minuto e segundo, os professores de Deus têm de aprender a reconhecer as formas de magia e a
perceber que não têm significado. 10O medo é retirado dessas formas e, assim, eles prosseguem.
11
E, deste modo, a porta do Céu é reaberta e a sua luz pode brilhar mais uma vez sobre uma mente
imperturbada.

17. Como é que os professores de Deus lidam com os pensamentos mágicos?

1. Esta é uma questão crucial tanto para o professor de Deus como para o aluno. 2Se este assunto
for tratado incorrectamente, o professor de Deus fere-se a si mesmo e também ataca o seu aluno.
3
Isto fortalece o medo e faz com que a magia pareça bastante real para ambos. 4Assim, como lidar
com a magia vem a ser uma lição fundamental que o professor de Deus deve dominar. 5A sua pri-
meira responsabilidade em relação a isto é não a atacar. 6Se um pensamento mágico faz surgir
qualquer forma de raiva, o professor de Deus pode estar certo de que está a dar força à sua própria
crença no pecado, tendo-se condenado a si mesmo. 7Também pode estar certo de que está a pedir
que a depressão, a dor, o medo e o desastre venham até ele. 8Que se lembre, então, de que não é
isso que quer ensinar, pois não é isso o que quer aprender.

2. Há, porém, uma tentação de responder à magia através de uma forma que a reforça. 2E isto nem
sempre é óbvio. 3De facto, pode ocultar-se facilmente sob um desejo de ajudar. 4É esse desejo
duplo que faz com que a ajuda seja de pequena valia e não possa deixar de produzir resultados
indesejados. 5Também não se deve esquecer que o resultado sempre virá, tanto para o professor
como para o aluno. 6Quantas vezes já foi enfatizado o facto de que só dás a ti mesmo? 7E onde é
que isto poderia ser melhor demonstrado do que nos tipos de ajuda que o professor de Deus dá a
quem necessita do seu auxílio? 8Aqui, a sua dádiva é dada a ele próprio da maneira mais clara pos-
sível. 9Pois ele dará somente o que escolheu para si mesmo. 10E, nessa dádiva, está o seu julgamen-
to sobre o Filho santo de Deus.

3. É mais fácil deixar que o erro seja corrigido onde é mais aparente, uma vez que os erros podem
ser reconhecidos pelos seus resultados. 2Uma lição verdadeiramente ensinada só pode levar à liber-
tação do professor e do aluno, os quais compartilham uma só intenção. 3O ataque só pode ocorrer
se a percepção de metas separadas já tiver ocorrido. 4E, de facto, é isso que não pode deixar de ter
acontecido se o resultado for qualquer outra coisa que não alegria. 5O objectivo único do professor
orienta a meta dividida do aluno numa única direcção, pelo que o pedido de ajuda torna-se o único
apelo do aluno. 6Então, isto é facilmente respondido com uma única resposta, a qual não falhará
em vir à mente do professor. 7Desde aí, ela brilha na mente do seu aluno, fazendo com que seja
una com a sua.

4. Talvez seja útil lembrar que ninguém pode ter raiva de um facto. 2É sempre uma interpretação
que faz surgir emoções negativas, independentemente da sua aparente justificação pelo que pare-
cem ser os factos. 3Independentemente, também, da intensidade da raiva provocada. 4Pode ser
apenas uma leve irritação, talvez leve demais para ser claramente reconhecida. 5Ou também pode
147
tomar a forma de intensa ira, acompanhada de pensamentos de violência, fantasiados ou aparen-
temente encenados. 6Não importa. 7Todas essas reacções são a mesma. 8Obscurecem a verdade, e
isso nunca pode ser uma questão de grau. 9A verdade ou é aparente ou não é. 10Não pode ser par-
cialmente reconhecida. 11Aquele que não está ciente da verdade não pode deixar de contemplar
ilusões.

5. A raiva, enquanto resposta aos pensamentos mágicos percebidos, é uma causa básica do medo.
2
Considera o que significa esta reacção, e logo passa a ser aparente a sua posição central no siste-
ma de pensamento do mundo. 3Um pensamento mágico, pela sua simples presença, demonstra que
houve uma separação de Deus. 4Declara, da forma mais clara possível, que a mente que acredita
ter uma vontade capaz de se opor à Vontade de Deus, acredita igualmente que pode ter sucesso. 5É
óbvio que isto dificilmente pode ser um facto. 6Entretanto, é igualmente óbvio que se pode acredi-
tar nisto como sendo um facto. 7E aqui está o berço da culpa. 8Quem usurpa o lugar de Deus e o
toma para si, engendra um «inimigo» mortal. 9E tem de ficar sozinho para se proteger e fazer um
escudo para si mesmo, a fim de se resguardar de uma fúria que nunca poderá ser abatida e de uma
vingança que jamais poderá ser satisfeita.

6. Como é possível que esta batalha desigual seja resolvida? 2O seu fim é inevitável, pois o resulta-
do tem de ser a morte. 3Como é que, então, se pode acreditar nas suas defesas? 4Mais uma vez, a
magia precisa de dar uma ajuda: 5esquece a batalha. 6Aceita-a como um facto e, depois, esquece-
a. 7Não te lembres do que te pode acontecer. 8Não te lembres da imensidão do «inimigo» e não
penses na tua fragilidade em comparação com ela. 9Aceita a tua separação, mas não te lembres de
como surgiu. 10Acredita que a venceste, mas não retenhas a mais leve lembrança de Quem real-
mente é o grande «oponente». 11Ao projectares o teu «esquecimento» Nele, tens a sensação de que
Ele também se esqueceu.

7. Mas, uma vez chegados a este ponto, qual será a tua reacção a todos os pensamentos mágicos?
2
Eles só podem redespertar a culpa adormecida, que ocultaste, mas não soltaste. 3Cada um deles
diz claramente à tua mente assustada: «Tu usurpaste o lugar de Deus. 4Não penses que Ele se
esqueceu». 5Aqui temos o medo de Deus mais nitidamente representado. 6Pois neste pensamento, a
culpa já ergueu a loucura ao trono do próprio Deus. 7E, agora, não há nenhuma esperança. 8A não
ser matar. 9Eis aqui, pois, a salvação. 10Um pai enraivecido persegue o seu filho culpado. 11É Matar
ou ser morto, dado que a escolha está apenas nisso. 12Além desta, não há outra, já que o que foi
feito não pode ser desfeito. 13A mancha de sangue jamais poderá ser removida e qualquer um que
carregue essa mancha em si mesmo não pode deixar de encontrar a morte.

8. Ao encontro desta situação sem esperança, Deus envia os Seus professores. 2Eles trazem a luz da
esperança do próprio Deus. 3Há um caminho através do qual é possível escapar. 4Tal caminho poder
aprendido e ensinado, mas isso requer paciência e disponibilidade em abundância. 5Quando isto é
dado, a simplicidade manifestada na lição destaca-se como uma intensa luz branca contra um hori-
zonte negro, pois é isso que ela é. 6Se a raiva decorre de uma interpretação e não de um facto, ela
nunca é justificável. 7Uma vez isto percebido, mesmo que vagamente, o caminho está aberto.
8
Agora, é possível dar o passo seguinte. 9A interpretação pode ser mudada, afinal. 10Pensamentos
mágicos não têm de levar à condenação, uma vez que, realmente, não têm o poder de fazer surgir
a culpa. 11E, assim, podem não ser vistos e, portanto, verdadeiramente esquecidos.

9. A loucura apenas parece terrível. 2Na verdade, não tem poder para fazer seja o que for. 3Tal
como a magia, que vem a ser a sua serva, a loucura não ataca nem protege. 4Vê-la e reconhecer o
seu sistema de pensamento é olhar para o nada. 5Pode o nada fazer surgir a raiva? 6Dificilmente.
7
Lembra-te, então, professor de Deus, de que a raiva veicula uma realidade que não existe; no
entanto, a raiva testemunha claramente que a consideras como um facto. 8Agora, escapar é impos-
sível até que vejas que respondeste à tua própria interpretação, a qual projectaste sobre o mundo
exterior. 9Permite que esta espada sombria seja afastada de ti, agora. 10A morte já não existe.
11
Esta espada não existe. 12Não há causa para o medo de Deus. 13Mas o Seu Amor é a Causa de todas
as coisas que estão para além do medo e, assim, para sempre real e para sempre verdadeiro.

148
18. Como se faz a correcção?

1. A correcção de natureza duradoura - e só essa é a correcção verdadeira - não pode ser feita
enquanto o professor de Deus não deixar de confundir interpretação com facto, ou ilusão com ver-
dade. 2Se discute com um seu aluno sobre um pensamento mágico, se o ataca ou tenta demonstrar
o erro ou a falsidade desse pensamento, não está a fazer outra coisa senão testemunhar a realidade
disso. 3A depressão é, então, inevitável, pois ele «provou», tanto para o seu aluno quanto para si
mesmo, que a tarefa de ambos é escapar do que é real. 4E isto só pode ser impossível. 5A realidade
é imutável. 6Pensamentos mágicos são apenas ilusões. 7Se não fosse assim, a salvação não passaria
do mesmo velho sonho impossível, apenas com outra forma. 8No entanto, o sonho da salvação tem
novo conteúdo. 9Não é apenas na forma que está a diferença.

2. A maior lição dos professores de Deus é aprender como reagir aos pensamentos mágicos total-
mente sem raiva. 2Só dessa forma podem eles proclamar a verdade sobre si mesmos. 3Através
deles, o Espírito Santo pode agora falar da realidade do Filho de Deus. 4Agora, o Espírito Santo pode
lembrar ao mundo a impecabilidade, a única condição que não foi mudada, a única condição imu-
tável inerente a tudo o que Deus criou. 5Agora, pode falar do Verbo de Deus a ouvidos que escutam
e trazer a visão de Cristo a olhos que vêem. 6Agora, está livre para ensinar a todas as mentes a ver-
dade do que elas são, de modo a que se voltem para Ele com contentamento. 7Agora, a culpa é
perdoada, deixa de ser vista completamente no Seu modo de ver e no Verbo de Deus.

3. A raiva apenas resmunga: «A culpa é real!» 2E a realidade é apagada à medida em que esta cren-
ça doentia é aceite em substituição do Verbo de Deus. 3Os olhos do corpo, agora, «vêem»; só os
seus ouvidos são capazes de «ouvir». 4O espaço pequeno do corpo e o seu fôlego diminuto tornam-
se na medida da realidade. 5E a verdade torna-se diminuta e sem significado. 6A correcção tem uma
única resposta para tudo isto e para o mundo, a qual se baseia no seguinte:
7
Tu estás apenas a tomar, erradamente, a interpretação pela verdade. 8E estás errado. 9Mas
um erro não é um pecado, nem a realidade foi tirada do seu trono pelos teus erros. 10Deus
reina para sempre, e só as Suas leis prevalecem sobre ti e sobre o mundo. 11O Seu Amor con-
tinua a ser a única coisa que existe. 12O medo é ilusão, pois tu és como Ele.

4. Para curar torna-se, pois, essencial para o professor de Deus, permitir que todos os seus próprios
erros sejam corrigidos. 2Se sente o mais leve sinal de irritação em si mesmo enquanto responde a
qualquer pessoa, que tome consciência instantaneamente de que fez uma interpretação que não é
verdadeira. 3Que se volte, então, para dentro, para o seu Guia Eterno e deixe que Ele julgue qual
deve ser a resposta. 4Assim é curado e, na sua cura, o seu aluno é curado com ele. 5A única respon-
sabilidade do professor de Deus é aceitar a expiação para si mesmo. 6Expiação significa correcção
ou o remoção dos erros. 7Quando isto tiver sido realizado, o professor de Deus torna-se o trabalha-
dor em milagres por definição. 8Os seus pecados foram-lhe perdoados e ele já não se condena.
9
Como pode, então, condenar quem quer que seja? 10E há alguém a quem o perdão dele não possa
curar?

19. O que é a justiça?

1. Justiça é a correcção divina para a injustiça. 2Injustiça é a base de todos os pensamentos do


mundo. 3A justiça corrige as interpretações que a injustiça faz surgir e cancela-as. 4No Céu não
existe nem justiça nem injustiça, pois o erro é impossível e a correcção não tem significado. 5Nesse
mundo, entretanto, o perdão depende da justiça, já que qualquer ataque só pode ser injusto. 6A
justiça é o veredicto do Espírito Santo sobre o mundo. 7Excepto no Seu julgamento, a justiça é
impossível, pois ninguém no mundo é capaz de fazer somente interpretações justas e deixar de
lado todas as injustiças. 8Se o Filho de Deus fosse julgado com justiça, não haveria necessidade de
salvação. 9O pensamento da separação teria sido para sempre inconcebível.

149
2. A justiça, como o seu oposto é uma interpretação. 2É, porém, a única interpretação que conduz
à verdade. 3Isto vem a ser possível porque, embora não seja verdadeira em si mesma, a justiça
nada inclui que se oponha à verdade. 4Não há nenhum conflito inerente entre justiça e verdade;
uma é apenas o primeiro pequeno passo em direcção à outra. 5O atalho passa a ser bastante dife-
rente à medida em que é percorrido. 6E, do ponto de partida, não seria possível predizer toda a
magnificência, a grandeza do cenário e a enorme perspectiva que se abre nas paisagens que surgem
para saudar aquele que segue o seu caminho. 7E, no entanto, mesmo estas, cujo esplendor atinge
alturas indescritíveis à medida em que se prossegue, estão muito aquém de tudo o que nos espera
quando o atalho termina e, com ele, o tempo chega ao fim. 8Mas é preciso começar em algum pon-
to. 9A justiça é o início.

3. Todos os teus conceitos e os dos teus irmãos, todos os medos de estados futuros e todas as preo-
cupações acerca do passado brotam da injustiça. 2Essa é a lente que, colocada diante dos olhos do
corpo, distorce a percepção e traz o testemunho do mundo distorcido de regresso à mente que fez
a lente e lhe atribui grande valor. 3Todos os conceitos do mundo são assim construídos selectiva e
arbitrariamente. 4«Pecados» são percebidos e justificados por uma selecção cuidadosa, na qual
qualquer pensamento de integridade tem de ser perdido. 5O perdão não tem espaço neste esque-
ma, pois qualquer «pecado» aparenta ser sempre verdadeiro.

4. A salvação é a justiça de Deus. 2Restaura, na tua consciência, a integridade dos fragmentos que
percebes como quebrados e separados. 3E é isto que supera o medo da morte. 4Pois fragmentos
separados têm de cair e morrer, mas a integridade é imortal. 5Permanece para sempre como o seu
Criador, sendo una com Ele. 6O Julgamento de Deus é a Sua justiça. 7Sobre isto - um Julgamento
totalmente isento de condenação, uma avaliação totalmente baseada no amor - projectaste a tua
injustiça, dando a Deus as lentes da percepção distorcida através das quais tu olhas. 8Agora, elas
pertencem a Deus e não a ti. 9Tens medo Dele e não vês que odeias e tens medo do teu Ser como
de um inimigo.

5. Reza pela justiça de Deus e não confundas a Sua misericórdia com a tua própria insanidade. 2A
percepção pode fazer qualquer imagem que a mente deseje ver. 3Lembra-te disto. 4Nisto está o
Céu ou o inferno, conforme a tua opção. 5A justiça de Deus aponta para o Céu apenas porque é
inteiramente imparcial. 6Aceita todas as evidências que são trazidas diante dela, sem nada omitir e
sem nada considerar separado ou à parte de tudo o resto. 7Só desde este ponto de vista, e somente
deste, é que ela julga. 8Aqui, qualquer ataque ou condenação deixa de ter significado e é indefen-
sável. 9A percepção descansa, a mente aquieta-se e a luz volta outra vez. 10A visão, agora, é res-
taurada. 11O que havia sido perdido, agora foi encontrado. 12A paz de Deus desce sobre o mundo
inteiro e nós podemos ver. 13E nós podemos ver!

20. O que é a paz de Deus?

1. Foi dito que há uma espécie de paz que não é deste mundo. 2Como é reconhecida? 3Como é
encontrada? 4E, tendo sido encontrada, como pode ser mantida? 5Vamos considerar cada uma destas
questões separadamente, pois cada uma reflecte um estádio diferente ao longo do caminho.

2. Em primeiro lugar, como é que a paz de Deus pode ser reconhecida? 2A paz de Deus é reconheci-
da, primeiramente, por uma única coisa: em todos os aspectos não é, absolutamente, como ne-
nhuma das experiências anteriores. 3Não traz à mente nada do que se passou antes. 4Não traz con-
sigo nenhuma associação passada. 5É uma coisa inteiramente nova. 6Existe um contraste, sim, entre
essa coisa e o passado. 7Mas, estranhamente, não é um contraste de diferenças verdadeiras. 8O
passado apenas se esvai e, para o seu lugar, vem a quietude que dura para sempre. 9Só isto. 10O
contraste percebido no início, simplesmente, desapareceu. 11A quietude alcançou todas as coisas e
cobriu-as.

3. Como se encontra esta quietude? 2Ninguém que se limite a procurar as suas condições pode
falhar em encontrá-la. 3A paz de Deus nunca pode vir até onde está a raiva, pois a raiva, necessa-
riamente, nega que a paz exista. 4Quem considera a raiva justificada de qualquer modo ou em
150
qualquer circunstância, proclama que a paz não tem significado e tem de acreditar que não pode
existir. 5Nestas condições, a paz não pode ser encontrada. 6Por conseguinte, o perdão é a condição
necessária para se encontrar a paz de Deus. 7Mais: dado o perdão, tem de haver paz. 8Pois o que é
que, além do ataque, levará à guerra? 9E o que é que, além da paz, é o oposto da guerra? 10Aqui, o
contraste inicial mostra-se de forma clara e aparente. 11No entanto, quando se encontra a paz, a
guerra é sem significado. 12E, agora, é o conflito que é percebido como inexistente e irreal.

4. Como é que se mantém a paz de Deus uma vez encontrada? 2O regresso da raiva, sob qualquer
forma, mais uma vez fará cair a pesada cortina e com certeza regressará a crença em que a paz
não pode existir. 3A guerra é aceite, de novo, como única realidade. 4Agora, tens que voltar a
empunhar a tua espada, embora não reconheças que o tenhas feito. 5Mas aprenderás ao lembrares-
te, ainda que vagamente agora, como a felicidade era tua sem a espada e, portanto, não podes
deixar de teres voltado a usá-la como defesa. 6Pára um momento agora e pensa nisto: é o conflito
que queres ou a Paz de Deus é uma escolha melhor? 7O que te dá mais? 8Uma mente tranquila não é
uma dádiva pequena. 9Não preferirias viver em vez de escolher morrer?

5. Viver é alegria mas a morte só pode chorar. 2Vês na morte uma fuga para o que fizeste. 3Mas não
vês que fizeste a morte e que ela não passa da ilusão de um fim. 4A morte não pode ser a saída
porque não é na vida que está o problema. 5A vida não tem opostos, pois é Deus. 6Vida e morte
parecem ser opostos porque tu decidiste que a morte põe fim à vida. 7Perdoa ao mundo e com-
preenderás que tudo o que Deus criou não pode ter fim e nada que Ele não tenha criado é real.
8
Nesta única frase o nosso curso é explicado. 9Nesta única frase se dá a direcção única da nossa
prática. 10E nesta única frase está todo o ensinamento do Espírito Santo, especificado exactamente
como é.

6. O que é a paz de Deus? 2Nada mais do que isto: a compreensão de que a Sua Vontade é totalmen-
te sem opostos. 3Não existe nenhum pensamento que contradiga a Sua Vontade e, ainda assim, pos-
sa ser verdadeiro. 4O contraste entre a Vontade de Deus e a tua apenas aparentava ser realidade.
5
Na verdade, não havia conflito, pois a Sua Vontade é a tua. 6Agora, a poderosa Vontade do próprio
Deus é a Sua dádiva para ti. 7Ele não pretende guardá-la para Si Mesmo. 8Por que razão pretende-
rias tu manter à parte Dele as tuas diminutas e frágeis concepções imaginárias? 9A Vontade de Deus
é uma só e é tudo o que existe. 10Esta é a tua herança. 11O universo além do sol e das estrelas e
todos os pensamentos que és capaz de conceber pertencem-te. 12A paz de Deus é a condição para a
Sua Vontade. 13Atinge a Sua paz e lembrar-te-ás Dele.

21. Qual o papel das palavras na cura?

1. Estritamente, as palavras não têm qualquer papel na cura. 2O factor motivador é a oração ou
pedido. 3Recebes aquilo que pedes. 4Mas isto refere-se à oração do coração, não às palavras que
usas quando oras. 5Por vezes, as palavras e a oração são contraditórias, outras vezes estão de acor-
do. 6Não importa. 7Deus não compreende palavras, pois foram feitas por mentes separadas para se
manterem na ilusão da separação. 8Palavras podem ser úteis, especialmente para o principiante, no
sentido de ajudar na concentração e facilitar a exclusão ou pelo menos o controlo de pensamentos
que não são pertinentes. 9Não nos esqueçamos, entretanto, de que as palavras não são senão sím-
bolos de símbolos. 10Estão, assim, duplamente afastadas da realidade.

2. Enquanto símbolos, as palavras têm referências bastante específicas. 2Mesmo quando parecem
ser as mais abstractas, é provável que a imagem que vem à mente seja muito concreta. 3A menos
que um ponto de referência específico ocorra à mente em associação com uma palavra, a palavra
tem pouco ou nenhum significado prático e, assim, não pode ajudar no processo de cura. 4A oração
do coração na realidade não pede coisas concretas. 5Solicita sempre algum tipo de experiência e as
coisas específicas pedidas são portadoras da experiência desejada na opinião daquele que pede. 6As
palavras, então, são símbolos das coisas pedidas, mas as próprias coisas em si mesmas apenas
representam as experiências esperadas.

151
3. A oração por coisas deste mundo trará experiências deste mundo. 2Se a oração do coração pede
isso, isso será dado porque será recebido. 3É impossível que a oração do coração permaneça sem
resposta na percepção daquele que a pede. 4Se pede o impossível, se pede o que não existe ou pro-
cura ilusões no seu coração, tudo isso acabará por ser dele. 5O poder da sua decisão oferece-lhe
isso conforme ele o solicita. 6O inferno e o Céu estão nesta decisão. 7Ao Filho de Deus adormecido
só resta este poder. 8É suficiente. 9As suas palavras não importam. 10Só o Verbo de Deus tem algum
significado, porque simboliza aquilo que não tem nenhum símbolo humano. 11Só o Espírito Santo
compreende o que esse Verbo representa. 12E isto, também, é suficiente.

4. Deve, então, o professor de Deus evitar o uso de palavras no seu ensino? 2Claro que não! 3Muitos
precisam de ser alcançados através das palavras, sendo ainda incapazes de ouvir em silêncio. 4O
professor de Deus, porém, tem de aprender a usar as palavras de um novo modo. 5Gradualmente,
aprende como deixar que as suas palavras sejam escolhidas para ele, cessando de decidir, ele pró-
prio, o que vai dizer. 6Este processo é apenas um caso especial da lição do livro de exercícios que
diz «Eu recuarei e deixarei que Ele me mostre o caminho». 7O professor de Deus aceita as palavras
que lhe são oferecidas e dá conforme recebe. 8Ele não controla a direcção da sua fala. 9Ele escuta,
ouve e fala.

5. Um grande obstáculo neste aspecto da aprendizagem é o medo do professor de Deus em relação


à validade do que ouve. 2E o que ouve pode ser realmente bastante surpreendente. 3Também pode
parecer um tanto irrelevante em relação ao problema que se apresenta conforme ele o percebe, e
pode, de facto, confrontá-lo com uma situação que lhe pareça ser bastante embaraçosa. 4Todos
esses julgamentos não têm valor. 5São os seus próprios julgamentos, provenientes de uma autoper-
cepção velha e usada, que quer deixar para trás. 6Não julgues as palavras que vêm a ti, mas ofere-
ce-as com confiança. 7Elas são muito mais sábias do que as tuas. 8Os professores de Deus têm o
Verbo de Deus por trás dos símbolos das suas palavras. 9E Deus dá às palavras que eles usam o
poder do Seu Espírito, elevando-as de símbolos sem significado ao próprio Chamamento do Céu.

22. Qual a relação entre a Expiação e a cura?

1. A Expiação e a cura não estão relacionadas, são idênticas. 2Não há ordem de dificuldades em
milagres pois não existem graus de Expiação. 3É o único conceito completo que é possível nesse
mundo, pois é a fonte de uma percepção totalmente unificada. 4A Expiação parcial é uma ideia
totalmente sem significado, assim como é inconcebível a existência de áreas especiais do inferno
no Céu. 5Aceita a Expiação e estás curado. 6A Expiação é o Verbo de Deus. 7Aceita o Seu Verbo e o
que restará para tornar possível a doença? 8Aceita o Seu Verbo e todos os milagres terão sido reali-
zados. 9Perdoar é curar. 10O professor de Deus aceitou a Expiação para si mesmo como sendo a sua
única função. 11Assim, o que existe que ele não possa curar? 12Que milagre pode deixar de lhe ser
dado?

2. O progresso do professor de Deus pode ser lento ou rápido, dependendo se reconhece a total
abrangência da Expiação ou se, por algum tempo, exclui dela certas áreas problemáticas. 2Em
alguns casos, há uma consciência repentina e completa da perfeita aplicabilidade da lição da
Expiação a todas as situações, mas isso é comparativamente raro. 3O professor de Deus pode ter
aceite a função que Deus lhe deu muito tempo antes de ter aprendido tudo o que a sua própria
aceitação lhe oferece. 4Somente o fim é certo. 5O reconhecimento da abrangência total, que é
necessário, pode alcançá-lo em qualquer lugar, ao longo do caminho. 6Se o caminho lhe parece lon-
go, que fique contente. 7Já decidiu em que direcção quer seguir. 8O que é que lhe foi pedido para
além disso? 9E, tendo feito o que lhe foi requisitado, acaso Deus deixaria de lhe dar o resto?

3. Se o professor de Deus quer progredir, precisa compreender que o perdão é cura. 2A ideia de que
um corpo pode adoecer é um conceito central no sistema de pensamento do ego. 3Esse pensamento
dá autonomia ao corpo, separa-o da mente e mantém intocada a ideia do ataque. 4Se o corpo
pudesse adoecer, a Expiação seria impossível. 5Um corpo capaz de ditar à mente o que fazer, de
acordo com o que lhe parece adequado, simplesmente, toma o lugar de Deus e prova que a salva-
ção é impossível. 6O que sobra então para curar? 7O corpo tornou-se o senhor da mente. 8Como
152
poderia a mente regressar ao Espírito Santo a não ser através da morte do corpo? 9E quem iria que-
rer a salvação a este preço?

4. É certo que a doença não parece ser uma decisão. 2E ninguém, de facto, acreditaria que quer ser
doente. 3Talvez possa aceitar a ideia em teoria, mas raramente, talvez nunca, ela é consistente-
mente aplicada a todas as formas específicas de doença, tanto na percepção individual de si mes-
mo, quanto na percepção de todos os outros. 4Nem é nesse nível que o professor de Deus invoca o
milagre da cura. 5Ele não vê, nem a mente nem o corpo, vê apenas a face de Cristo a brilhar diante
de si, corrigindo todos os erros e curando todas as percepções. 6A cura é o resultado do reconheci-
mento, pelo professor de Deus, de quem é que tem necessidades de cura. 7Este reconhecimento
não tem nenhuma referência especial. 8É verdadeiro em relação a todas as coisas que Deus criou.
9
Nele todas as ilusões são curadas.

5. Quando um professor de Deus falha ao curar é porque se esqueceu de Quem é. 2Assim, a doença
do outro vem a ser a sua. 3Ao permitir que tal aconteça, identifica-se com o ego do outro, tendo-o,
deste modo confundido com o corpo. 4Ao fazer isto, recusou-se a aceitar a Expiação para si mesmo
e dificilmente pode oferecê-la ao seu irmão em Nome de Cristo. 5De facto, será totalmente incapaz
de reconhecer o seu irmão, pois o seu Pai não criou corpos e, assim, está a ver, no seu irmão,
somente o irreal. 6Erros não corrigem erros e a percepção distorcida não cura. 7Volta atrás, agora,
professor de Deus. 8Tu erraste. 9Não mostres o caminho, pois perdeste-o. 10 Volta-te rapidamente
para o teu Professor e permite que sejas curado.

6. A oferta da Expiação é universal. 2Ela é igualmente aplicável a todos os indivíduos em todas as


circunstâncias. 3E nela está o poder de curar todos os indivíduos de todas as formas de doença.
4
Não acreditar nisto é ser injusto para com Deus e, portanto, ser infiel para com Ele. 5Uma pessoa
doente percebe-se separada de Deus. 6Queres vê-la separada de ti? 7A tua tarefa é curar o senso de
separação que o fez doente. 8A tua função é fazeres com que reconheça que o que ela pensa acer-
ca de si mesma não é verdade. 9É o teu perdão que tem de lhe mostrar isto. 10A cura é muito sim-
ples. 11A Expiação é recebida e oferecida. 12Tendo sido recebida, tem de ser aceite. 13É no recebi-
mento, portanto, que está a cura. 14Tudo o mais tem de decorrer deste único propósito.

7. Quem pode limitar o poder do próprio Deus? 2Quem, então, pode dizer quem pode ser curado de
quê e o que é que tem de permanecer fora do alcance do perdão de Deus? 3Isso, de facto, é insani-
dade. 4Não cabe aos professores de Deus traçar limites para Deus, porque não lhes cabe julgar o
Seu Filho. 5E julgar o Seu Filho é limitar o Seu Pai. 6Ambos passam a ser, igualmente, sem significa-
do. 7No entanto, isto não será compreendido enquanto o professor de Deus não reconhecer que
ambos são o mesmo mal-entendido. 8Compreendendo, o professor de Deus recebe a Expiação, pois
retira o seu julgamento do Filho de Deus, aceitando-o tal como Deus o criou. 9Agora, já não está à
parte de Deus, determinando onde a cura deve ser dada e onde deve ser recusada. 10Agora, pode
dizer com Deus: «Este é o meu filho amado, criado na perfeição e para sempre perfeito».

23. Jesus tem um papel especial na cura?

1. É raro que as dádivas de Deus sejam recebidas directamente. 2Mesmo o mais avançado dos pro-
fessores de Deus cederá à tentação, nesse mundo. 3Seria justo negar a cura dos seus alunos por
causa disso? 4A Bíblia diz: «Pede em Nome de Jesus Cristo». 5Será isso apenas um apelo à magia?
6
Um nome não cura e uma invocação também não convoca nenhum poder especial. 7O que significa,
então, chamar por Jesus Cristo? 8O que é que esse chamamento proporciona, em seu Nome? 9Por
que o apelo por ele é parte da cura?

2. Já dissemos diversas vezes que aquele que aceitou plenamente a Expiação para si mesmo pode
curar o mundo. 2De facto, ele já o fez. 3A tentação pode ocorrer para os outros, mas nunca para
Ele. 4Ele tornou-se o Filho de Deus ressuscitado. 5Superou a morte porque aceitou a Vida.
6
Reconheceu-se a si mesmo tal como Deus o criou e, ao fazê-lo, reconheceu todas as coisas vivas
como sendo parte dele. 7Agora, não há limites para o seu poder, pois é o Poder de Deus. 8Assim, o
seu nome tornou-se o Nome de Deus, pois deixou de se ver separado de Deus.
153
3. O que significa isto para ti? 2Significa que, por te lembrares de Jesus, lembras-te de Deus. 3O
total relacionamento do Filho com o Pai está nele. 4A parte dele na Filiação é tua também e o facto
dele ter completado a sua aprendizagem garante o teu sucesso. 5Está ele ainda disponível para aju-
dar? 6O que disse ele sobre isso? 7Lembra-te das suas promessas e questiona-te honestamente se é
possível que falhe em mantê-las. 8É possível Deus falhar em relação ao Seu Filho? 9E é possível que
aquele que é um com Deus possa não ser como Ele? 10Quem transcende o corpo, transcendeu a limi-
tação. 11Seria possível que o maior dos professores não estivesse disponível para aqueles que o se-
guem?

4. O Nome de Jesus Cristo, enquanto tal, é apenas um símbolo. 2Mas representa um amor que não é
deste mundo. 3É um símbolo que pode ser usado com segurança para substituir os muitos nomes de
todos os deuses aos quais rezas. 4Vem a ser o símbolo brilhante do Verbo de Deus, tão próximo
daquilo que representa, que o pequeno espaço entre os dois se perde no momento em que o Nome
vem à mente. 5Lembrar o Nome de Jesus Cristo é dar graças por todas as dádivas que Deus te deu.
6
E a gratidão a Deus vem a ser a forma na qual Ele é lembrado, pois o amor não pode estar muito
longe de um coração agradecido e de uma mente grata. 7Deus entra com facilidade, pois estas são
as condições da tua volta ao lar.

5. Jesus mostrou o caminho. 2Por que não lhe serias grato? 3Ele pediu amor mas somente para que
to possa dar. 4Tu não te amas. 5Mas, aos seus olhos, a tua amabilidade é tão completa e imaculada
que ele vê nela uma imagem do seu Pai. 6Tu vens a ser o símbolo do seu Pai, aqui na terra. 7Ele
olha para ti à procura da esperança, pois não vê em ti nenhum limite, nem qualquer mancha que
macule a tua bela perfeição. 8Aos seus olhos, a visão de Cristo brilha em constância perfeita. 9Ele
permaneceu contigo. 10Não queres aprender a lição da salvação através da sua aprendizagem?
11
Escolherias começar de novo, se ele já abriu o caminho para ti?

6. Ninguém na terra pode apreender o que é o Céu, ou o que realmente significa o seu Único Cria-
dor. 2Entretanto, temos testemunhas. 3É a elas que a sabedoria deve apelar. 4Existiram aqueles
cuja aprendizagem excede em muito o que podemos aprender. 5E nem queremos ensinar as limita-
ções que colocamos sobre nós. 6Ninguém que se tenha tornado um professor de Deus esquece os
seus irmãos. 7No entanto, o que um professor de Deus pode oferecer-lhes limita-se ao que ele pró-
prio aprende. 8Então, volta-te para aquele que deixou para trás todos os limites e foi além do maior
alcance que qualquer aprendizagem pode ter. 9Ele levar-te-á consigo, pois não foi sozinho. 10E es-
tavas naquele momento com ele, como estás agora.

7. Este curso veio dele porque as suas palavras atingiram-te através de uma linguagem que podes
amar e compreender. 2Será possível que existam outros professores para mostrar o caminho àqueles
que falam outras línguas e apelam para outros símbolos? 3Certamente que existem. Deus deixaria
alguém sem apresentar uma ajuda nos momentos de dificuldade, sem um salvador que O pudesse
simbolizar? 4Mesmo assim precisamos de um ensinamento multifacetado, não em função das dife-
renças de conteúdo, mas porque os símbolos têm de se deslocar e mudar para se adequarem à
necessidade. 5Jesus veio para dar uma resposta à tua. 6Nele encontras a resposta de Deus. 7Ensina
tu, então, com ele, pois ele está contigo; ele está sempre aqui.

24. Existe reencarnação?

1. Em última instância, a reencarnação é impossível. 2Não há passado ou futuro e a ideia de nasci-


mento em um corpo não tem significado nem uma, nem muitas vezes. 3A reencarnação, então, não
pode ser verdadeira em nenhum sentido real. 4A nossa única pergunta deve ser: «Esse conceito é
útil?» 5E isto, é claro, depende da finalidade para a qual é usado. 6Se for usado para reforçar o
reconhecimento da natureza eterna da vida, de facto, é útil. 7Qualquer outra pergunta a este res-
peito é realmente útil para iluminar o caminho? 8Como muitas outras crenças, esta pode ser usada
de forma errada e amarga. 9Na melhor das hipóteses, tal uso errado traz preocupação e talvez
orgulho pelo passado. 10Na pior, induz à inércia no presente. 11Entre as duas são possíveis muitos
tipos de loucura.
154
2. A reencarnação não deveria, em nenhuma circunstância, ser o problema com o qual se deve lidar
agora. 2Se a reencarnação fosse responsável por algumas das dificuldades que o indivíduo enfrenta
no presente, a sua tarefa continuaria a ser apenas a de escapar delas, agora. 3Se ele está a montar
os alicerces para uma vida futura, ainda assim só pode trabalhar na sua salvação agora. 4Para
alguns, pode haver conforto neste conceito, e se isso os encoraja, o seu valor é evidente em si
mesmo. 5No entanto, é certo que o caminho para a salvação pode ser encontrado por aqueles que
acreditam na reencarnação e por aqueles que não acreditam. 6Por conseguinte, esta ideia não pode
ser considerada essencial para a nossa aprendizagem. 7Há sempre algum risco em ver o presente
em termos do passado. 8Sempre há algo de positivo em qualquer pensamento que reforce a ideia de
que a vida e o corpo não são a mesma coisa.

3. Para os nossos propósitos não seria útil tomar qualquer posição definida em relação à reencarna-
ção. 2Um professor de Deus deve ser tão útil para aqueles que acreditam nela como para aqueles
que não acreditam. 3Se uma posição definida fosse exigida da parte dele, isso, simplesmente, limi-
taria a sua utilidade, bem como a sua própria capacidade de tomar decisões. 4O nosso curso não se
ocupa de nenhum conceito que não seja aceitável para qualquer um, independentemente das suas
crenças anteriores. 5Cada um tem de fazer face ao seu ego e isso é suficiente; não cabe à sabedoria
acrescentar controvérsias sectárias à sua carga. 6E nem haveria vantagem na aceitação prematura
do curso, simplesmente, porque o ego advoga uma crença que a própria pessoa mantém há muito
tempo.

4. Nunca é demais enfatizar que o objectivo deste curso é uma inversão completa do pensamento.
2
Quando, afinal, isso tiver sido realizado, temas tais como a validade da reencarnação deixam de
ter significado. 3Até lá, tais temas provavelmente serão apenas controvérsias. 4O professor de Deus,
portanto, será sábio se evitar todas essas questões, pois tem muito que ensinar e aprender à parte
delas. 5Tem de aprender assim como ensinar que temas teóricos são apenas perdas de tempo que
desviam o tempo do propósito que lhe é designado. 6Se algum conceito ou crença tem aspectos que
possam ser úteis, isso lhe será dito. 7Também lhe será dito como usá-los. 8O que mais precisa ele
saber?

5. Isto quer dizer que o professor de Deus não deveria acreditar na reencarnação, nem discuti-la
com outras pessoas que acreditam? 2A resposta é: claro que não. 3Se acredita na reencarnação seria
um erro renunciar a essa crença, a não ser que o seu Professor interno o aconselhasse. 4E isto é
muito improvável. 5Ele poderia ser avisado de que está a usar a crença erradamente, de alguma
forma que prejudique o seu progresso ou o do seu aluno. 6Uma reinterpretação seria, então, reco-
mendada porque é necessária. 7Tudo o que tem de ser reconhecido, entretanto, é que o nascimen-
to não foi o princípio e a morte não foi o fim. 8Contudo, nem mesmo isso é exigido ao principiante.
9
Basta que aceite a ideia de que o que sabe não é necessariamente tudo o que existe para se apren-
der. 10A sua jornada teve início.

6. A ênfase deste curso permanece sempre a mesma: é neste momento que a salvação completa te
está a ser oferecida e é neste momento que a podes aceitar. 2Esta ainda é a tua única responsabili-
dade. 3A Expiação poderia ser equacionada com o escape total do passado e a total falta de inte-
resse no futuro. 4O Céu está aqui. 5Não há nenhum outro lugar. 6O Céu é agora. 7Não há outro tem-
po. 8Qualquer outro ensinamento não diz respeito aos professores de Deus. 9Todas as crenças apon-
tarão para isto, se forem correctamente interpretadas. 10Nesse sentido pode dizer-se que a utilida-
de delas está na utilidade que têm. 11Todas as crenças que conduzem ao progresso devem ser hon-
radas. 12Este é o único critério que este curso requer. 13Nada mais do que isso é necessário.

25. Os poderes «psíquicos» são desejáveis?

1. A resposta a esta pergunta assemelha-se muito à anterior. 2Não existem, é claro, poderes «anti-
naturais» e inventar um poder que não existe é, obviamente, um mero apelo à magia. 3Entretanto,
é igualmente óbvio que cada indivíduo tem muitas habilidades das quais não está ciente. 4À medida
em que cresce a sua consciência, pode muito bem desenvolver habilidades que lhe parecerão bas-
155
tante surpreendentes. 5No entanto, nada do que possa fazer se pode comparar, mesmo ao de leve,
à gloriosa surpresa de se lembrar de Quem é. 6Que toda a sua aprendizagem e todos os seus esfor-
ços sejam dirigidos para essa única e grande surpresa final e, assim, não se deixe atrasar por
outras, mais pequenas, que lhe possam advir durante o caminho.

2. É certo que existem muitos poderes «psíquicos» que estão claramente na linha deste curso. 2A
comunicação não está limitada à pequena função dos canais que o mundo reconhece. 3Se assim
fosse, faria pouco sentido tentar ensinar a salvação. 4Seria impossível fazê-lo. 5Os limites que o
mundo traça para a comunicação são as principais barreiras para a experiência do Espírito Santo,
que está sempre presente e Cuja Voz está disponível se nos limitarmos a ouvir. 6Estes limites são
colocados em função do medo, pois, sem eles, as muralhas que circundam todos os locais separados
do mundo cairiam ao santo som da Sua Voz. 7Quem, de alguma forma, transcende estes limites
está, simplesmente, a tornar-se mais natural. 8Não está a fazer nada de especial e não há nenhuma
magia nas suas realizações.

3. As habilidades aparentemente novas que podem ser encontradas ao longo do caminho podem ser
muito úteis. 2Dadas ao Espírito Santo e usadas sob a Sua direcção, são valiosos recursos de ensino.
3
Em relação a isto, questionar como surgem é irrelevante. 4A única consideração importante é como
são usadas. 5Tomá-las como fins em si mesmas, sem importar como tal seja feito, atrasará o pro-
cesso. 6E o valor delas não está em provar seja o que for: realizações vindas do passado, afinação
rara com o «invisível» ou «favores» especiais de Deus. 7Deus não faz favores especiais e ninguém
tem quaisquer poderes que não estejam disponíveis para todos. 8Poderes especiais só são «demons-
trados» por truques de magia.

4. Nada que seja genuíno é usado para enganar. 2O Espírito Santo é incapaz de enganar e só pode
usar habilidades genuínas. 3O que é usado para a magia é inútil para Ele. 4Mas o que Ele usa não
pode ser usado para a magia. 5Há, no entanto, um apelo particular nas habilidades incomuns que
pode ser curiosamente tentador. 6Nesse apelo estão as forças que o Espírito Santo quer e precisa.
7
No entanto, nessas mesmas forças, o ego vê uma oportunidade para se glorificar a si mesmo.
8
Forças que se transformam em fraquezas são, de facto, uma tragédia. 9Porém, aquilo que não é
dado ao Espírito Santo, tem de ser dado à fraqueza, pois o que é recusado ao amor é dado ao medo
e, consequentemente, será assustador.

5. Mesmo aqueles que já não dão valor às coisas materiais do mundo podem, ainda, ser enganados
pelos poderes «psíquicos». 2Como o investimento nos bens materiais do mundo foi retirado, o ego
foi seriamente ameaçado. 3Ele ainda pode sentir-se suficientemente forte para se reanimar sob
essa nova tentação, procurando retomar a força através da fraude. 4Neste caso, muitos foram os
que não viram através das defesas do ego, embora elas não sejam particularmente subtis.
5
Contudo, havendo um desejo remanescente de ser enganado, o engano torna-se fácil. 6A partir
daqui, o «poder» já não é uma habilidade genuína e não pode ser usado com confiança. 7É quase
inevitável que, a menos que o indivíduo mude a sua mente acerca do propósito desse poder, se
venha a gabar, com decepção crescente, das incertezas dos seus «poderes».

6. Qualquer habilidade desenvolvida por qualquer pessoa tem potencialidade para o bem. 2Não há
excepção para isto. 3E quanto mais raro e inesperado for esse poder, maior será a sua utilidade em
potencial. 4A salvação precisa de todas as habilidades, pois o que o mundo quer destruir, o Espírito
Santo quer restaurar. 5As habilidades «psíquicas» têm sido usadas para chamar o demónio, o que
significa, simplesmente, reforçar o ego. 6No entanto, aqui está um grande canal para a esperança e
para a cura ao serviço do Espírito Santo. 7Aqueles que desenvolvem poderes «psíquicos», simples-
mente, permitiram que fossem retiradas algumas das limitações que haviam posto sobre as suas
mentes. 8Utilizar a sua maior liberdade para agravar o encarceramento só pode aumentar as limita-
ções que colocam sobre si mesmos. 9O Espírito Santo precisa destas dádivas e aqueles que as ofere-
cem a Ele, e somente a Ele, vão com a gratidão de Cristo nos seus corações e a Sua vista santa
acompanha-os de perto.

26. Pode atingir-se Deus directamente?


156
1. Deus pode, de facto, ser atingido directamente, pois não há distância entre Ele e o Seu Filho. 2A
consciência de Deus está na memória de todos e o Seu Verbo está escrito no coração de todos. 3No
entanto, esta consciencialização e esta memória só podem atravessar os umbrais do reconhecimen-
to quando todas as barreiras contra a verdade forem removidas. 4Em quantos isto ocorre? 5Aqui
está, então, o papel dos professores de Deus. 6Eles também ainda não atingiram a compreensão
necessária, mas uniram-se a outros. 7E é isso o que os separa do mundo. 8E é isso que permite que
outros deixem o mundo com eles. 9Sozinhos, não são nada. 10Mas, na sua união, está o Poder de
Deus.

2. Há aqueles que alcançaram Deus directamente, sem reter nenhum traço dos limites mundanos e
lembrando-se perfeitamente da sua própria Identidade. 2Estes podem ser chamados Professores dos
professores porque, embora já não sejam visíveis, a sua imagem pode ainda ser invocada. 3E eles
aparecerão em todos os momentos e em todos os lugares em que for útil fazê-lo. 4Às pessoas a
quem tais aparições assustariam, eles dão as suas ideias. 5Ninguém pode invocá-los em vão. 6Nem
existe pessoa alguma da qual não estejam cientes. 7Conhecem todas as necessidades, todos os erros
são reconhecidos e eles não os vêem. 8Virá o tempo em que isto será compreendido. 9Por enquanto,
eles dão todas as suas dádivas aos professores de Deus, que os procuram em busca de ajuda, pedin-
do todas as coisas em Seu Nome e em nenhum outro.

3. Por vezes, um professor de Deus pode ter uma breve experiência de união directa com Deus.
2
Neste mundo é quase impossível que isso dure. 3Pode talvez ser conquistado com muita devoção e
dedicação e, então, mantido por grande parte do tempo, na terra. 4Mas isto é tão raro que não
pode ser considerado uma meta realista. 5Se acontecer, que assim seja. 6Se não acontecer, que
assim seja, também. 7Todos os estados deste mundo não podem deixar de ser ilusórios. 8Se Deus
fosse alcançado de forma directa em consciencialização prolongada, o corpo não se manteria por
muito mais tempo. 9Aqueles que abdicaram do corpo somente para estender a sua ajuda aos que
estavam para trás, de facto, são poucos. 10E eles precisam de ajudantes que ainda estão no cativei-
ro e que ainda estão adormecidos, de modo que, através do seu despertar, a Voz de Deus possa ser
ouvida.

4. Não desesperes, portanto, por causa das limitações. 2A tua função é escapar delas, mas não exis-
tir sem elas. 3Se queres ser ouvido por aqueles que sofrem, tens de falar a língua deles. 4Se queres
ser um salvador, tens de compreender do que é que se tem de escapar. 5A salvação não é teórica.
6
Contempla o problema, pede a resposta e, então, aceita-a quando ela vem. 7E a sua vinda também
não demorará muito. 8Qualquer ajuda que fores capaz de aceitar ser-te-á provida e nenhuma ne-
cessidade que tiveres deixará de ser suprida. 9Assim sendo, não nos preocupemos demais com
metas para as quais não estás pronto. 10Deus aceita-te onde estás e dá-te as boas-vindas. 11O que
mais poderias desejar se isso é tudo o que precisas?

27. O que é a morte?

1. A morte é o sonho central do qual brotam todas as ilusões. 2Não é loucura pensar na vida como
nascimento, envelhecimento, perda de vitalidade e, finalmente, morte? 3Colocámos esta questão
anteriormente, mas agora temos de considerá-la com mais cuidado. 4É uma crença fixa e imutável
do mundo que todas as coisas dentro dele nascem somente para morrer. 5Isso é considerado como
«a forma da natureza», não para ser questionado, mas para ser aceite como a lei «natural» da vida.
6
O cíclico, o mutável e o incerto; o imprevisível e o instável, o crescente e o minguante de uma
certa forma, num dado caminho - tudo isto é tido como a vontade de Deus. 7E ninguém se pergunta
se tal poderia ser a vontade de um Criador benigno.

2. Se o universo que percebemos fosse tal como Deus o criou, seria impossível pensar que Deus é
amoroso. 2Pois quem decretou que todas as coisas morram, terminando em pó, desapontamento e
desespero, só pode ser temido. 3Ele mantém a tua pequena vida nas mãos apenas por um fio, pron-
to para o romper sem pena ou cuidado, talvez hoje. 4Ou, caso espere, ainda assim o fim é certo.

157
5
Quem ama assim não conhece o amor, porque negou que a vida é real. 6A morte veio, então, a ser
o símbolo da vida. 7O seu mundo é, agora, um campo de batalha, onde reina a contradição e opos-
tos guerreiam sem cessar. 8Onde há morte, a paz é impossível.

3. A morte é o símbolo do medo de Deus. 2O Seu Amor é apagado nesta ideia, que o mantém fora
da consciência como um escudo erguido para obscurecer o sol. 3A qualidade sinistra do símbolo bas-
ta para mostrar que não pode coexistir com Deus. 4Mostra uma imagem do Filho de Deus onde ele é
«colocado para descansar» nos braços da devastação, onde os vermes esperam para o saudar e para
durar um pouco mais através da sua destruição. 5No entanto, também os vermes, com a mesma
certeza, são igualmente condenados à destruição. 6E, assim, todas as coisas vivem, devido à morte.
7
Devorar é a «lei da vida» dentro da natureza. Deus é doentio e o mundo é real.

4. A curiosa crença segundo a qual parte daquilo que morre pode continuar a viver à parte do que
vai morrer, não proclama um Deus amoroso, nem restabelece qualquer terreno para a confiança.
2
Se a morte é real para o que quer que seja, não há vida. 3A morte nega a vida. 4Mas se há realida-
de na vida, a morte é negada. 5Nisto, não é possível nenhuma transigência. Ou existe um deus do
medo, ou um Deus do amor. 6O mundo tenta fazer mil transigências e tentará fazer outras mil.
7
Nenhuma pode ser aceitável para os professores de Deus, pois nenhuma seria aceitável para Deus.
8
Ele não fez a morte, porque não fez o medo. 9Para Ele, ambos são, igualmente, sem significado.

5. A «realidade» da morte está firmemente enraizada na crença segundo a qual o Filho de Deus é
um corpo. 2E se Deus tivesse criado corpos, a morte certamente seria real. 3Mas Deus não seria
amoroso. 4Não há nenhum ponto onde o contraste entre a percepção do mundo real e a do mundo
das ilusões se torne mais evidente. 5A morte é, de facto, a morte de Deus, se Ele é Amor. 6E, agora,
a Sua própria criação tem de temê-Lo. 7Ele não é Pai, mas destruidor. 8Não é Criador, mas vinga-
dor. 9Terríveis são os Seus Pensamentos e assustadora a Sua imagem. 10Contemplar as suas criações
é morrer.

6. «E a última a ser vencida será a morte.» 2É claro! 3Sem a ideia de morte não há mundo. 4Todos
os sonhos terminarão com esse. 5Essa é a meta final da salvação - o fim de todas as ilusões. 6E da
morte nascem todas as ilusões. 7O que pode nascer da morte e ainda ter vida? 8Mas o que pode nas-
cer de Deus e ainda morrer? 9As inconsistências, as transigências e os rituais que o mundo fomenta
nas suas vãs tentativas de se agarrar à morte e ainda pensar que o amor é real, tudo isso é magia
irracional, ineficaz e sem significado. 10Deus é, e Nele todas as coisas criadas têm de ser eternas.
11
Não vês que, de outro modo, há um oposto para ele e o medo seria tão real quanto o amor?

7. Professor de Deus, a tua única atribuição poderia ser colocada assim: não te comprometas com
nada onde a morte tenha lugar. 2Não acredites na crueldade, nem permitas que o ataque te escon-
da a verdade. 3O que parece morrer apenas foi percebido erradamente e levado até à ilusão.
4
Agora, vem a ser tarefa tua fazer com que a ilusão seja levada até à verdade. 5Sê firme apenas
nisto: não te enganes com a «realidade» de nenhuma forma de mutação. 6A verdade nem se move,
nem vacila, nem naufraga na morte e na dissolução. 7E qual é o fim da morte? 8Nenhum senão este:
o reconhecimento de que o Filho de Deus é sem culpa, agora e para sempre. 9Nada além disto.
10
Mas não te permitas esquecer que não é menos do que isto.

28. O que é a ressurreição?

1. Muito simplesmente, a ressurreição é a superação ou o domínio da morte. 2É um novo despertar


ou um renascimento, uma mudança da mente a respeito do significado do mundo. 3É a aceitação da
interpretação do Espírito Santo sobre o propósito do mundo, a aceitação da expiação para si mes-
mo. 4É o fim dos sonhos de miséria e a feliz consciência do sonho final do Espírito Santo. 5É o reco-
nhecimento das dádivas de Deus. 6É o sonho no qual o corpo funciona perfeitamente, sem outra
função que não seja a comunicação. 7É a lição na qual termina a aprendizagem, pois ela é consu-
mada e ultrapassada com isso. 8É o convite a Deus para que dê o Seu passo final. 9É o abandono de

158
todos os outros propósitos, todos os outros interesses, todos os outros desejos e todas as outras
preocupações. 10É o desejo único do Filho pelo Pai.

2. A ressurreição é a negação da morte, ao ser a afirmação da vida. 2Assim, todos os pensamentos


do mundo são alterados. 3A vida, agora, é reconhecida como salvação e qualquer tipo de dor e
miséria percebido como inferno. 4O amor já não é temido, mas alegremente bem recebido. 5Os ído-
los desaparecem e a lembrança de Deus brilha sem impedimento através do mundo. 6A face de Cris-
to é vista em cada coisa viva e nada é mantido no escuro, à parte da luz do perdão. 7Não há mais
nenhum pesar sobre a terra. 8A alegria do Céu, veio até ela.

3. Aqui termina o programa de aprendizagem. 2Daqui em diante não há necessidade de orientações.


3
A visão foi totalmente corrigida e todos os erros foram desfeitos. 4O ataque não tem significado e
veio a paz. 5A meta do plano de aprendizagem foi conseguida. 6Os pensamentos voltam-se para o
Céu e afastam-se do inferno. 7Todos os desejos são satisfeitos, pois o que permanece sem resposta
ou incompleto? 8A última ilusão espalha-se sobre o mundo inteiro, perdoando todas as coisas e subs-
tituindo todos os ataques. 9A transformação total é realizada. 10Nada resta para contradizer o Verbo
de Deus. 11Não há oposição à verdade. 12E, agora, finalmente, a verdade pode vir. 13Como virá rapi-
damente quando lhe for pedido para entrar e envolver tal mundo!

4. Todos os corações vivos estão tranquilos num movimento de profunda expectativa, pois, agora, o
tempo das coisas que duram para sempre está mais próximo. 2Não há morte. 3O Filho de Deus é
livre. 4E na sua liberdade está o fim do medo. 5Não há mais lugares escondidos na terra, capazes de
esconder ilusões doentias, sonhos de medo e interpretações erradas do universo. 6Todas as coisas
são vistas na luz e, na luz, o propósito delas é transformado e compreendido. 7E nós, crianças de
Deus, erguemo-nos do pó e contemplamos a nossa perfeita impecabilidade. 8A canção do Céu soa
através do mundo à medida em que ele é elevado e trazido à verdade.

5. Agora, não existem distinções. 2As diferenças desapareceram e o Amor olha para Si Mesmo. 3O
que mais é necessário ver? 4O que sobra que a visão possa realizar? 5Nós vimos a face de Cristo, a
Sua impecabilidade, o Seu Amor por detrás de todas as formas, além de todos os propósitos. 6Santos
somos nós porque, de facto, a Sua santidade libertou-nos! 7E aceitamos a Sua santidade como nos-
sa, tal como é. 8Como Deus nos criou, assim seremos para todo o sempre e não desejamos nada a
não ser que a Sua Vontade seja a nossa. 9As ilusões de outra vontade perderam-se, pois a unidade
do propósito foi encontrada.

6. Estas coisas esperam por todos nós, mas ainda não estamos preparados para lhes dar as boas-
vindas com alegria. 2Enquanto qualquer mente permanecer possuída por sonhos maus, o pensamen-
to do inferno é real. 3Os professores de Deus têm como meta despertar as mentes dos que estão a
dormir e de ver aí a visão da face de Cristo, para que ela tome o lugar do que eles sonham. 4O pen-
samento que assassina é substituído pela bênção. 5O julgamento é posto de lado e entregue Àquele
cuja função é julgar. 6E, no Seu julgamento final, a verdade sobre o Filho santo de Deus é restaura-
da. 7Ele é redimido, pois ouviu o Verbo de Deus e compreendeu o seu significado. 8Ele é livre, por-
que permitiu que a Voz de Deus proclamasse a verdade. 9E todos aqueles que, antes, procurava
crucificar, ressurgem com ele, ao seu lado, à medida em que se prepara, com eles, para encontrar
o seu Deus.

29. Quanto ao resto...

1. Este manual não tem a intenção de responder a todas as perguntas que o professor ou o aluno
podem fazer. 2De facto, cobre apenas algumas das mais óbvias, nos termos de um breve sumário de
alguns dos principais conceitos do Texto e do Livro de Exercícios. 3Não é um substituto para
nenhum dos dois, mas apenas um suplemento. 4Embora seja chamado Manual de Professores, é pre-
ciso lembrar que só o tempo separa professor e aluno, de modo que a diferença é temporária por
definição. 5Em alguns casos pode ser útil para o aluno ler o manual em primeiro lugar. 6Outros
podem achar melhor começar pelo Livro de Exercícios. 7Outros ainda podem precisar começar no
nível mais abstracto do livro Texto.
159
2. Qual serve a quem? 2Quem ganharia mais somente com orações? 3Quem precisa apenas de um
sorriso, não estando ainda pronto para mais? 4Ninguém deveria tentar responder a estas perguntas
sozinho. 5Com certeza, nenhum professor de Deus chegou até aqui sem ter reconhecido isto. 6O
plano de estudo é altamente individualizado e todos os aspectos estão sob a orientação e o cuidado
particular do Espírito Santo. 7Pergunta e Ele responderá. 8A responsabilidade é Dele e só Ele é
capaz de assumi-la. 9Fazer isso é a Sua função. 10Transmitir-Lhe estas questões, é a tua. 11Querias
ser responsável por decisões a respeito das quais entendes tão pouco? 12Fica contente por teres um
Professor incapaz de cometer equívocos. 13As suas respostas são sempre certas. 14Dirias isso das
tuas?

3. Há uma outra vantagem - e muito importante - ao entregar, cada vez com maior frequência, as
decisões ao Espírito Santo. 2Talvez não tenhas pensado neste aspecto, mas a sua importância cen-
tral é óbvia. 3Seguir a orientação do Espírito Santo é deixar-se absolver da culpa. 4É a essência da
Expiação. 5É o núcleo do currículo. 6A usurpação imaginária de funções que não são tuas é a base do
medo. 7O mundo inteiro que vês reflecte a ilusão de que tu o fizeste, o que faz com que o medo
seja inevitável. 8Assim sendo, devolver a função Àquele a Quem ela pertence é escapar do medo. 9E
é isso que faz com que a memória do medo volte para ti. 10Portanto, não penses que é necessário
seguir a orientação do Espírito Santo só por causa das tuas inadequações pessoais. 11Para ti, é o
caminho para saíres do inferno.

4. Aqui está, mais uma vez, o paradoxo ao qual o Curso se refere frequentemente: 2Dizer: «Por mim
mesmo nada posso fazer» é ganhar todo o poder. 3No entanto, o paradoxo é apenas aparente. 4Tal
como Deus te criou tens todo o poder. 5A imagem que fizeste de ti mesmo é que não tem nenhum.
6
O Espírito Santo conhece a verdade a teu respeito. 7A imagem que fizeste não conhece.
8
Entretanto, apesar da sua óbvia e completa ignorância, essa imagem presume que sabe todas as
coisas porque tu lhe deste essa crença. 9Tal é o teu ensinamento e o ensinamento do mundo que foi
feito para o apoiar. 10Mas o Professor que conhece a Verdade não a esqueceu. 11As suas decisões
trazem benefício a todos, por serem totalmente isentas de ataque. 12E, portanto, são incapazes de
fazer surgir a culpa.

5. Quem assume um poder que não tem está a enganar-se. 2Porém, aceitar o poder que lhe é dado
por Deus não é senão reconhecer o seu Criador e aceitar as Suas dádivas. 3E as Suas dádivas não
têm limites. 4Pedir ao Espírito Santo que decida por ti é, simplesmente, aceitar a tua verdadeira
herança. 5Significa isto que não podes dizer nada sem O consultar? 6É claro que não! 7Isso não seria
nada prático, e é com a prática que este Curso mais se preocupa. 8Se tiveres o hábito de pedir aju-
da quando e onde puderes, podes confiar que a sabedoria te será dada quando precisares dela.
9
Prepara-te para isso a cada manhã, lembra-te de Deus quando puderes, durante o dia, pede ajuda
ao Espírito Santo quando for viável fazê-lo e, à noite, agradece-Lhe a orientação. 10E a tua confian-
ça estará, de facto, bem fundada.

6. Nunca te esqueças de que o Espírito Santo não depende das tuas palavras. 2Ele compreende os
pedidos do teu coração e responde-lhes. 3Significa isto que, enquanto o ataque permanecer atraen-
te para ti, Ele responderá com o mal? 4Nunca! 5Pois Deus deu-Lhe o poder de traduzir as orações do
teu coração na Sua linguagem. 6Ele compreende que um ataque é um pedido de ajuda. 7E, conse-
quentemente, responde com ajuda. 8Deus seria cruel se deixasse que as tuas palavras substituíssem
as Suas Próprias. 9Um pai amoroso não permite que a sua criança se magoe, nem que escolha a sua
própria destruição. 10Ela pode pedir para ser ferida, mas, ainda assim, o seu pai protegê-la-á. 11E
quanto mais do que isto o teu Pai ama o Seu Filho?

7. Lembra-te de que tu és o que O completa e o Seu Amor. 2Lembra-te de que a tua fraqueza é a
Sua força. 3Mas não leias isto apressada ou erradamente. 4Se a força Dele está em ti, o que tu per-
cebes como fraqueza não passa de ilusão. 5E Ele deu-te o meio para provar que isso é assim. 6Pede
todas as coisas ao Seu Professor e todas as coisas te serão dadas. 7Não no futuro, mas imediatamen-
te; agora. 8Deus não espera, pois a espera requer tempo e Ele é intemporal. 9Esquece as tuas ima-
gens tolas, o teu senso de fragilidade e o teu medo do dano, os teus sonhos de perigo e os «erros»
escolhidos. 10Deus só conhece o Seu Filho e tal como foi criado, assim ele é. 11Em confiança, eu te
coloco nas Mãos Dele e agradeço, por ti, que sejas assim.
160
8. E, agora, em tudo o que faças, sê abençoado.
2
Deus volta-Se para ti pedindo ajuda para salvar o mundo.
3
Professor de Deus, Ele oferece-te a Sua gratidão,
e o mundo todo fica em silêncio na graça que trazes do Pai.
4
Tu és o Filho que Ele ama, e é-te dado ser o meio
através do qual a Sua Voz é ouvida em todo o mundo
para acabar com todas as coisas nascidas no tempo,
para trazer o fim de todas as coisas que mudam.
5
Através de ti, anuncia-se um mundo que não é visto
nem ouvido, embora esteja verdadeiramente presente.
6
Santo tu és e, na tua luz, o mundo reflecte santidade,
pois não estás só nem sem amigos. 7Eu agradeço por ti
e uno-me aos teus esforços a favor de Deus
sabendo que são, também, a meu favor
e a favor de todos aqueles que caminham para Deus comigo.

AMÉM

161
ESCLARECIMENTO DE TERMOS

Introdução
1. Este não é um curso de especulação filosófica, nem se preocupa com uma terminologia precisa.
2
Não se ocupa somente da Expiação ou da correcção da percepção. 3O meio para a Expiação é o
perdão. 4A estrutura da «consciência individual» é essencialmente irrelevante porque é um concei-
to que representa o «erro original» ou o «pecado original». 5Estudar o erro em si não leva à correc-
ção, isto se, realmente, queres ter sucesso em não ver o erro. 6E é apenas esse processo de deixar
de vê-lo que constitui o objectivo do curso.

2. Todos os termos são potencialmente controversos e aqueles que procuram a controvérsia vão
encontrá-la. 2Porém, aqueles que procuram o esclarecimento também vão encontrá-lo.
3
Entretanto, têm de estar dispostos a deixar de ver a controvérsia, reconhecendo que ela é uma
defesa contra a verdade na forma de uma manobra de adiamento. 4Considerações teológicas
enquanto tais são necessariamente controversas, já que dependem da crença e podem, portanto,
ser aceites ou rejeitadas. 5Uma teologia universal é impossível, mas uma experiência universal não
só é possível como necessária. 6É para essa experiência que o curso está dirigido. 7Só aqui é possível
haver coerência porque só aqui termina a incerteza.

3. Este curso permanece dentro da estrutura do ego, que é onde é necessário. 2Não se ocupa do
que está além do erro, porque está planeado somente para estabelecer a direcção nesse sentido.
3
Por conseguinte, usa palavras que são simbólicas e não podem expressar o que está além dos sím-
bolos. 4É só o ego que questiona porque é só o ego que duvida. 5O curso apenas dá outra resposta,
uma vez que tenha sido levantada uma questão. 6No entanto, essa resposta não tenta apelar para a
inventividade ou para a engenhosidade. 7Esses são os atributos do ego. 8O curso é simples. 9Tem
uma função e uma meta. 10Só nisso ele é completamente consistente, porque só isso pode ser con-
sistente.

4. O ego vai pedir muitas respostas que este curso não dá. 2Ele não reconhece como pergunta a
mera forma de uma questão à qual não é possível dar resposta. 3O ego pode perguntar: «Como
ocorreu o impossível?», «Para que aconteceu o impossível?» e pode perguntar isso de muitas manei-
ras. 4Entretanto, não há nenhuma resposta, apenas uma experiência. 5Procura somente isso, e não
deixes que a teologia te atrase.

5. Vais notar que, no curso, a ênfase em temas estruturais é breve e inicial. 2Depois, ele rapida-
mente os abandona e parte para o ensino central. 3Mas, já que pediste esclarecimentos, estes são
alguns dos termos utilizados.

1. Mente < > Espírito


1. O termo mente é usado para representar o agente activador do espírito, fornecendo a sua ener-
gia criativa. 2Quando o termo aparece em maiúsculas, refere-se a Deus ou a Cristo (isto é, a Mente
de Deus ou a Mente de Cristo). 3Espírito é o Pensamento de Deus que Ele criou como Ele mesmo. 4O
espírito unificado é o Filho único de Deus, ou Cristo.

2. Nesse mundo, porque a mente é dividida, os Filhos de Deus parecem estar separados. 2Nem as
suas mentes parecem estar unidas. 3Neste estado ilusório, o conceito de «mente individual» parece
ser significativo. 4Ele é, portanto, descrito no curso como se tivesse duas partes: espírito e ego.

3. O espírito é a parte que ainda está em contacto com Deus através do Espírito Santo, o qual habi-
ta nesta parte, mas vê, também, a outra. 2O termo «alma» não é usado a não ser citações bíblicas
162
directas devido à sua natureza altamente controversa. 3Seria, no entanto, equivalente a «espírito»,
significando que, por ser de Deus, é eterna e nunca nasceu.

4. A outra parte da mente é inteiramente ilusória e só produz ilusões. 2O Espírito retém o potencial
para criar, mas a sua Vontade, que é de Deus, parece estar prisioneira enquanto a mente não é
unificada. 3A criação continua sem nenhum decréscimo porque é a Vontade de Deus. 4Essa Vontade
é sempre unificada e, portanto, não tem significado nesse mundo. 5Não tem opostos nem graus.

5. A mente pode estar certa ou errada, dependendo da voz que escuta. 2A mente certa ouve o Espí-
rito Santo, perdoa o mundo e, através da visão de Cristo, vê o mundo real no seu lugar. 3Esta é a
visão final, a última percepção, a condição na qual o próprio Deus dá o passo final. 4Aqui, o tempo
e as ilusões terminam conjuntamente.

6. A mente errada escuta o ego e dá origem a ilusões: percebendo o pecado e justificando a raiva,
vendo a culpa, a doença e morte como reais. 2Tanto este mundo como o mundo real são ilusões,
porque a mente certa, simplesmente, não vê, ou perdoa, o que nunca aconteceu. 3Ela não é, por-
tanto, a mente Una que está na Mente de Cristo, Cuja Vontade é una com a de Deus.

7. Nesse mundo, a única liberdade que resta é a liberdade de escolha, sempre entre duas opções ou
duas vozes. 2A Vontade não está envolvida na percepção em nenhum nível e não tem nada a ver
com a escolha. 3A consciência é o mecanismo receptivo que recebe mensagens de cima ou de baixo,
do Espírito Santo ou do ego. 4A consciência tem níveis e a consciencialização pode deslocar-se dras-
ticamente, mas não pode transcender o domínio da percepção. 5Na melhor das hipóteses, vem a
estar consciente do mundo real e pode ser treinada para fazer isso cada vez mais. 6Entretanto, o
próprio facto de ter níveis e poder ser treinada demonstra que não é capaz de atingir o conheci-
mento.

2. O ego < > O milagre


1. As ilusões não durarão. 2A sua morte é certa e apenas isso é garantido no mundo em que elas
existem. 3É por isso que é o mundo do ego. 4O que é o ego? 5Apenas um sonho acerca do que real-
mente és. 6Um pensamento segundo o qual estás à parte do teu Criador e um desejo de seres o que
Ele não criou. 7É uma loucura, sem nenhuma realidade. 8Um nome para o que não tem nome, é
tudo o que ele é. 9Um símbolo da impossibilidade, uma escolha por opções que não existem. 10Nós o
nomeamos só para ajudar a compreender que ele não é nada senão um antigo pensamento que pro-
fessa que o que foi feito tem imortalidade. 11Mas o que poderia advir disso senão um sonho que,
como todos os sonhos, só pode terminar em morte?

2. O que é o ego? 2O nada, mas numa forma que aparenta ser algo. 3Num mundo de formas, o ego
não pode ser negado, pois só ele parece ser real. 4No entanto, seria possível o Filho de Deus, tal
como Ele o criou, habitar na forma ou num mundo de formas? 5Quem te pede para definir o ego e
explicar como ele surgiu só pode ser alguém que pense que ele é real e procure, através da defini-
ção, assegurar-se de que a natureza ilusória do ego esteja oculta por detrás das palavras que pare-
cem fazer com que seja assim.

3. Não há definição para uma mentira que sirva para a tornar verdadeira. 2Nem pode haver uma
verdade que as mentiras efectivamente ocultem. 3A irrealidade do ego não é negada por palavras,
nem o seu significado se esclarece porque a sua natureza parece ter uma forma. 4Quem pode defi-
nir o indefinível? 5E, apesar disso, mesmo aqui há uma resposta.

4. Realmente, não podemos construir uma definição do que é o ego, mas podemos dizer o que ele
não é. 2E isso é mostrado com perfeita clareza. 3É a partir daí que deduzimos tudo o que ele é.
4
Olha para o seu oposto e podes ver a única resposta significativa.

5. Ao oposto do ego em todas as formas - em origem, efeito e consequência - nós chamamos mila-
gre. 2E aqui encontramos tudo o que não é o ego nesse mundo. 3Aqui está o oposto do ego e só aqui
163
olhamos para o que ele era, pois vemos tudo o que parecia fazer, dado que a causa tem sempre de
ser una com os seus efeitos.

6. Onde havia escuridão, agora vemos luz. 2O que é o ego? 3É o que era a escuridão. 4Onde está o
ego? 5Está onde estava a escuridão. 6O que é ele agora e onde pode ser encontrado? 7Nada e em
lugar nenhum. 8Agora, a luz veio e o seu oposto desapareceu sem deixar vestígios. 9Onde estava o
mal, está agora a santidade. 10O que é o ego? 11É o que era o mal. 12Onde está o ego? 13Está num
sonho mau que apenas parecia ser real enquanto tu estavas a sonhá-lo. 14Onde estava a crucificação
está o Filho de Deus. 15O que é o ego? 16Quem tem necessidade de perguntar? 17Onde está o ego?
18
Quem tem necessidade de procurar uma ilusão, agora que os sonhos partiram?

7. O que é o milagre? 2É um sonho também. 3Mas olha para todos os aspectos deste sonho e nunca
mais questionarás. 4Olha para o mundo benigno que vês estendendo-se diante de ti, enquanto
caminhas com gentileza. 5Olha para todos os ajudantes, ao longo do caminho no qual viajas, alegres
na certeza do Céu e na segurança da paz. 6E, por um instante, olha, também, para o que deixaste
para trás e finalmente superaste.

8. Isso era o ego - todo o ódio cruel, a necessidade de vingança e os gritos de dor, o medo de mor-
rer e a urgência em matar, a ilusão sem fraternidade e o ser que parecia sozinho em todo o univer-
so. 2Este terrível equívoco acerca de ti mesmo é corrigido pelo milagre com tanta gentileza quanto
uma mãe amorosa acarinha a sua criança. 3Não é uma canção como esta que gostaria de ouvir? 4Não
responderia ela a tudo o que te ocorreu perguntar, tornando até a pergunta sem significado?

9. As tuas perguntas não têm nenhuma resposta, desde que tenham sido feitas para abrandar a Voz
de Deus, que só faz uma única pergunta a cada um: «Já estás pronto para Me ajudar a salvar o
mundo?» 2Faz esta pergunta, em vez de perguntar o que é o ego e verás um brilho súbito cobrir o
mundo feito por ele. 3Agora, nenhum milagre é recusado a ninguém. 4O mundo está salvo do que
pensaste que ele era. 5E o que ele é, é totalmente isento de condenação e totalmente puro.

10. O milagre perdoa, o ego condena. 2Nenhum dos dois precisa de ser descrito excepto desta for-
ma. 3No entanto, poderia uma definição ser mais certa, ou estar mais de acordo com o que é a sal-
vação? 4Nisto, o problema e a resposta encontram-se e, tendo-se afinal encontrado, a escolha está
clara. 5Quem escolhe o inferno quando ele é reconhecido? 6E quem não iria um pouco mais adiante
quando lhe foi dado compreender que o caminho é curto e a sua meta é o Céu?

3. Perdão < > A Face de Cristo


1. O perdão é para Deus e vai em direcção a Ele, mas não é Dele. 2É impossível pensar em qualquer
coisa que Ele tenha criado que pudesse precisar de perdão. 3O perdão é, então, uma ilusão, mas há
uma diferença devido ao seu propósito, que é o do Espírito Santo. 4Ao contrário de todas as outras
ilusões, esta conduz para longe do erro e não em direcção a ele.

2. O perdão poderia ser considerado uma espécie de ficção feliz, um caminho no qual aqueles que
não conhecem podem fazer uma ponte sobre a brecha entre a sua percepção e a verdade. 2Eles não
podem ir directamente da percepção ao conhecimento, porque não se apercebem que a sua vonta-
de é fazer isso mesmo. 3Isto faz com que Deus pareça ser um inimigo em vez do que Ele realmente
é. 4E é justamente esta percepção doentia que faz com que estejam dispostos a, simplesmente,
erguerem-se e voltarem para Ele em paz.

3. E, assim, necessitam de uma ilusão de ajuda porque estão impotentes, um Pensamento de paz
porque estão em conflito. 2Deus sabe do que é que o Seu Filho precisa, antes dele pedir. 3Deus não
está nada preocupado com a forma mas, tendo dado o conteúdo, é Sua Vontade que este seja com-
preendido. 4E isto basta. 5A forma adapta-se à necessidade e o conteúdo é imutável, tão eterno
como o seu Criador.

164
4. A face de Cristo tem de ser vista antes que a memória de Deus possa voltar. 2A razão é óbvia.
3
Ver a face de Cristo envolve percepção. 4Ninguém pode olhar para o conhecimento. 5Mas a face de
Cristo é o grande símbolo do perdão. 6É a salvação. 7É o símbolo do mundo real. 8Quem quer que
olhe para ela nunca mais vê o mundo. 9Está tão perto do Céu quanto é possível chegar estando ain-
da do lado de fora, antes da porta. 10Entretanto, dessa porta para dentro, não falta nada além de
um passo. 11É o passo final. 12E isso nós deixamos para Deus.

5. O perdão também é um símbolo, mas, enquanto símbolo da Sua Vontade, não pode estar dividi-
do. 2E, assim, a Unidade que reflecte vem a ser a Sua Vontade. 3É a única coisa que ainda está em
parte no mundo e, mesmo assim, é a ponte para o Céu.

6. A Vontade de Deus é tudo o que existe. 2Nós só podemos ir do nada ao tudo, do inferno para o
Céu. 3É isso uma viagem? 4Não, não verdadeiramente, pois a verdade não vai a lado nenhum.
5
Apenas as ilusões se deslocam de um sítio para o outro, de um momento para o outro. 6O passo
final também não é senão um deslocamento. 7Enquanto percepção, em parte é irreal. 8Mas essa
parte desaparecerá. 9O que permanece é a paz eterna e a Vontade de Deus.

7. Não há desejos, agora, pois os desejos mudam. 2Mas, mesmo o que é desejado pode vir a ser
indesejado. 3Tem de ser assim porque o ego é incapaz de estar em paz. 4Mas, sendo uma dádiva de
Deus, a Vontade é constante. 5E o que Ele dá é sempre como Ele Mesmo. 6Este é o propósito da face
de Cristo. 7É a dádiva de Deus para salvar o Seu Filho. 8Limita-te a olhar para isto e terás sido per-
doado.

8. Como vem a ser amável o mundo naquele único instante em que nele vês reflectida a verdade
acerca de ti mesmo. 2Agora, és sem pecado e contemplas a tua impecabilidade. 3Agora, és santo e
assim te percebes. 4E, agora, a mente regressa ao seu Criador, a união do Pai e do Filho, a Unidade
das unidades que está por detrás de todas as uniões, mas além de todas elas. 5Deus não é visto,
apenas compreendido. 6O Seu Filho não é visto, apenas reconhecido.

4. A percepção verdadeira < > Conhecimento


1. O mundo que vês é uma ilusão de um mundo. 2Deus não o criou, pois o que Ele cria tem de ser
eterno como Ele próprio. 3No entanto, no mundo que vês, não há nada que vá durar para sempre.
4
Algumas coisas durarão, no tempo, um pouco mais do que outras. 5Mas virá o tempo no qual todas
as coisas visíveis terão um fim.

2. Os olhos do corpo não são, portanto, o meio através do qual o mundo real pode ser visto, pois as
ilusões que eles contemplam não podem deixar de levar a mais ilusões da realidade. 2E é isso que
fazem. 3Pois tudo o que vêem não só não vai durar, como se presta a pensamentos de pecado e de
culpa. 4Enquanto isso, todas as coisas que Deus criou são para sempre sem pecado e portanto, para
sempre sem culpa.

3. O conhecimento não é o remédio para a falsa percepção já que, estando noutro nível, nunca
poderão encontrar-se. 2A única correcção possível para a falsa percepção tem de ser a verdadeira
percepção. 3Ela não irá durar. Mas, enquanto durar, vem para curar. 4Pois a percepção verdadeira é
um remédio com muitos nomes. 5Perdão, salvação, Expiação, percepção verdadeira; todos são um.
6
Todos eles são o único começo com o fim de levar à Unicidade, muito além deles próprios. 7A per-
cepção verdadeira é o meio pelo qual o mundo é salvo do pecado, pois o pecado não existe. 8E é
isso que a percepção verdadeira vê.

4. O mundo ergue-se como uma parede diante da face de Cristo. 2Mas a percepção verdadeira olha
para o mundo como um simples e frágil véu, tão facilmente desfeito que não pode durar mais do
que um instante. 3Afinal, o véu é visto, simplesmente, como é. 4E, agora, não pode deixar de desa-
parecer, pois passou a haver um espaço vazio, que foi limpo e está pronto. 5Onde a destruição era
percebida aparece a face de Cristo e, nesse instante, o mundo é esquecido e o tempo acaba para
sempre, enquanto o mundo vai girando para o nada de onde veio.
165
5. Um mundo perdoado não pode durar. 2Era o lar dos corpos. 3Mas o perdão olha para o que vem
depois dos corpos. 4Essa é a sua santidade, e é assim que cura. 5O mundo dos corpos é o mundo do
pecado, pois o pecado só poderia ser possível se houvesse um corpo. 6Do pecado vem a culpa. 7E,
uma vez que toda e qualquer culpa se desvaneceu, o que é que sobra para manter a existência do
mundo separado? 8Pois também os lugares desapareceram, juntamente com o tempo. 9Só o corpo
faz com que o mundo pareça real, uma vez que, por estar separado, o corpo não poderia permane-
cer onde a separação é impossível. 10O perdão prova que a separação é impossível porque não vê o
mundo. 11Então, aquilo que deixarás de ver, deixará de ser compreensível para ti, tal como a sua
presença, foi, uma vez, a tua certeza.

6. Este é o deslocamento que a percepção verdadeira traz: o que foi projectado para fora é visto
no interior e, uma vez aí, o perdão permite que desapareça. 2Pois é lá que está erguido o altar ao
Filho e é lá que o Pai é lembrado. 3Uma vez neste ponto, todas as ilusões são trazidas à verdade e
colocadas sobre o altar. 4O que é visto do lado de fora tem de estar além do perdão, pois parece
ser, para sempre, pecaminoso. 5Onde está a esperança se o pecado é visto do lado de fora? 6Que
remédio pode a culpa esperar? 7Mas, vistos dentro da tua mente, culpa e perdão estão juntos por
um instante, lado a lado, sobre um único altar. 8Aí, finalmente, a doença e o seu único remédio
estão unidos numa luz que cura. 9Deus veio para reivindicar o que é Dele. 10O perdão está comple-
to.

7. E, agora, o conhecimento de Deus, imutável, certo, puro e totalmente compreensível, entra no


seu reino. 2A percepção desfez-se, tanto a falsa como a verdadeira. 3O perdão desapareceu, pois a
sua tarefa está cumprida. 4E os corpos foram-se na luz resplandecente sobre o altar do Filho de
Deus. 5Deus sabe que o altar é Seu assim como é dele. 6E aqui se unem, pois aqui a face de Cristo
resplandeceu fazendo desaparecer o instante final do tempo pelo que, agora, a última percepção
do mundo não tem propósito nem causa. 7Pois onde, finalmente, a memória de Deus veio, não há
mais viagem, não há crença no pecado, não há paredes, não há corpos e o apelo sombrio da culpa e
da morte é abafado para sempre.

8. Oh, meus irmãos, se conhecessem a paz que os envolverá e os manterá seguros e puros e belos
na Mente de Deus, não fariam outra coisa senão correr para encontrá-Lo, lá onde está o seu altar.
2
Santificado seja o teu nome e o Dele, pois estão unidos aqui neste lugar santo. 3Aqui, Ele inclina-
Se para te erguer até Ele, para fora das ilusões rumo à santidade, para fora do mundo e para den-
tro da eternidade, para fora de todo e qualquer medo e de regresso ao amor.

5. Jesus < > Cristo

1. Não há necessidade de ajuda para entrares no Céu, pois nunca o deixaste. 2Mas há necessidade
de ajuda além de ti mesmo, pois estás cercado de falsas crenças sobre a tua Identidade, que ape-
nas Deus estabeleceu na realidade. 3São-te enviados Ajudantes com várias formas, embora sobre o
altar todos sejam um. 4Além de cada um, há um Pensamento de Deus e isso jamais mudará. 5Mas
eles têm nomes que diferem temporariamente, pois, por ser irreal em si mesmo, o tempo necessita
de símbolos. 6Os seus nomes são legião, mas nós não iremos além dos nomes que o próprio curso
emprega. 7Deus não ajuda porque Ele não conhece nenhuma necessidade. 8Mas Ele cria todos os
Ajudantes do Seu Filho enquanto Este acreditar que as suas fantasias são verdadeiras. 9Agradece a
Deus por eles, pois eles conduzir-te-ão ao lar.

2. O nome de Jesus é o nome de alguém que foi um homem, mas viu a face de Cristo em todos os
seus irmãos e se lembrou de Deus. 2Assim, ele veio a identificar-se com Cristo, deixando de ser um
homem, mas um com Deus. 3O homem era uma ilusão, pois parecia um ser separado, caminhando
por si mesmo, dentro de um corpo que aparentava manter o seu ser separado do Ser, como fazem
todas as ilusões. 4Entretanto, quem poderá salvar, a não ser que veja as ilusões e as identifique
exactamente como são? 5Jesus continua a ser um Salvador porque viu o falso, sem o aceitar como
verdadeiro. E Cristo precisava da sua forma para que pudesse aparecer aos homens e salvá-los das
suas próprias ilusões.
166
3. Na sua completa identificação com o Cristo - o Filho perfeito de Deus, Sua única criação e Sua
felicidade, para sempre como Ele e um com Ele - Jesus veio a ser o que todos vocês têm de ser.
2
Ele mostrou o caminho para que o sigas. 3Ele conduz-te de regresso a Deus porque viu a estrada
diante de si e seguiu-a. 4Ele fez uma distinção clara, ainda obscura para ti, entre o falso e o verda-
deiro. 5Ele ofereceu-te uma demonstração final de que é impossível matar o filho de Deus; e que a
sua vida também não pode ser mudada seja de que forma for pelo pecado e pelo mal, a malícia, o
medo ou a morte.

4. Por conseguinte, todos os teus pecados foram perdoados porque não tinham nenhum efeito. Por-
tanto, não passavam de sonhos. Ressuscita com ele, que te mostrou isso, porque lhes deves isso, a
ele que compartilhou os teus sonhos para que pudessem ser desfeitos. E ainda os compartilha, para
estar em unidade contigo.

5. Ele é o Cristo? Oh, sim, juntamente contigo. 2A sua breve vida na terra bastou para ensinar a
poderosa lição que aprendeu por todos vós. 3Ele permanecerá contigo para te conduzir desde o
inferno que fizeste até Deus. 4 E, quando unires a tua vontade à dele, a tua forma de ver será a sua
visão, pois os olhos de Cristo são compartilhados. 5Caminhar com ele é tão natural como caminhar
ao lado de um irmão que conheces desde que nasceste, pois, de facto, é isso o que ele é. 6Dele
foram feitos alguns ídolos amargos, dele que apenas queria ser um irmão para o mundo. 7Perdoa-
lhe pelas tuas ilusões e vê que irmão querido ele pode ser para ti. 8Pois ele dará descanso à tua
mente e carregará contigo até ao teu Deus.

6. Ele é o único ajudante de Deus? 2De facto, não. 3Pois Cristo toma muitas formas com nomes dife-
rentes até que a sua unicidade possa ser reconhecida. 4Mas, para ti, Jesus é o portador da única
mensagem de Cristo sobre o Amor de Deus. 5Não precisas de outra. 6É possível ler as suas palavras e
beneficiar delas sem o aceitares na tua vida. 7Mas ele ainda te ajudaria um pouco mais se comparti-
lhasses as tuas dores e as tuas alegrias com ele e deixasses ambas para encontrar a paz de Deus.
8
Porém, o que ele gostaria que aprendesses acima de tudo ainda é a sua lição, a qual é a seguinte:
9
Não há morte porque o Filho de Deus é como o Pai. 10Nada do que possas fazer pode
mudar o Amor Eterno. 11Esquece os teus sonhos de pecado e culpa e vem comigo com-
partilhar a ressurreição do Filho de Deus. 11E traz contigo todos aqueles que Ele te
enviou para que cuides deles, assim como eu cuido de ti.

6. O Espírito Santo

1. Jesus é a manifestação do Espírito Santo, a Quem ele chamou à terra depois que ascendeu aos
Céus, ou quando chegou a identificar-se completamente com Cristo, o Filho de Deus, tal como Ele
O Criou. 2O Espírito Santo, sendo uma criação do Único Criador, criando com Ele e à Sua semelhan-
ça ou espírito, é eterno e nunca mudou. 3Ele foi «chamado a descer à terra» no sentido em que,
naquele momento, se tornou possível aceitá-Lo e ouvir a Sua Voz. 4A Sua Voz é a Voz por Deus e,
portanto, tomou forma. 5Essa forma não é a Sua realidade, a qual somente conhece juntamente
com Cristo, seu Filho real, que é parte Dele.

2. Ao longo do curso, o Espírito Santo é descrito como Aquele que nos dá resposta para a separação
e nos traz o plano da Expiação, estabelecendo nele o nosso papel particular e mostrando-nos exac-
tamente qual ele é. 2Ele estabeleceu Jesus como o líder na realização do Seu plano, já que foi o
primeiro a cumprir, com perfeição, a sua própria parte. 3Todo o poder no Céu e na terra, portanto,
lhe é dado e ele vai compartilhá-lo contigo quando tiveres completado a tua. 4O princípio da Expia-
ção foi dado ao Espírito Santo muito antes de Jesus o pôr em movimento.

3. O Espírito Santo é descrito como o elo de comunicação que permanece entre Deus e os seus
filhos separados. 2De modo a cumprir essa função especial, o Espírito Santo assumiu uma função
dupla. 3Ele conhece porque é parte de Deus; Ele percebe porque foi enviado para salvar a humani-
dade. 4Ele é o grande princípio da correcção, o portador da verdadeira percepção, o poder inerente
167
da visão de Cristo. 5Ele é a luz na qual o mundo perdoado é percebido, na qual apenas a face de
Cristo é vista. 6Ele nunca esquece o Criador e a Sua Criação. 7Ele nunca esquece o Filho de Deus.
8
Ele nunca te esquece. 9E Ele traz-te o amor do teu Pai, num brilho eterno que nunca será oblitera-
do porque foi Deus que lá o colocou.

4. O Espírito Santo habita na parte da tua mente, que é parte da Mente de Cristo. 2Ele representa o
teu ser e o teu Criador, que são um. 3Ele fala por Deus e também por ti, estando unido a ambos. 4E,
portanto, é Ele que prova que ambos são um só. 5Ele parece ser uma Voz, pois nesta forma Ele fala-
te do Verbo de Deus. 6Ele parece ser um Guia que te conduz através de uma terra distante, pois
necessitas dessa forma de ajuda. 7Ele parece ser tudo aquilo que preenche as necessidades que
pensas ter. 8Mas Ele não se engana quando tu percebes o teu ter aprisionado por necessidades que
não tens. 9É delas que Ele quer libertar-te. 10É delas que Ele quer proteger-te para que sejas salvo.

5. Tu és a Sua manifestação neste mundo. 2O teu irmão chama-te para que sejas a Sua Voz junta-
mente com ele. 3Sozinho o teu irmão não pode ser o Ajudante do Filho de Deus, porque sozinho ele
não tem função. 4Mas, contigo, ele é o brilhante Salvador do mundo, Cujo papel nesta redenção tu
completaste. 5Ele dá graças a ti, assim como ele mesmo, pois tu ergueste-te com ele quando ele
começou a salvar o mundo. 6E estarás com ele quando o tempo tiver chegado ao fim e já não per-
manecer nenhum vestígio dos sonhos de rancor, nos quais danças ao som da conhecida melodia da
morte. 7Pois, no lugar dela, o hino a Deus é ouvido por pouco tempo. E, então, a Voz terá desapa-
recido, para não mais tomar forma, para regressar, porém, à eterna Ausência de Forma de Deus.

Epílogo

1. Não te esqueças de que, uma vez iniciada esta jornada, o fim é certo. 2A dúvida ao longo do
caminho vai e vem, e vai para vir de novo. 3No entanto, o fim é certo. 4Ninguém pode deixar de
fazer o que Deus lhe indicou que fizesse. 5Quando te esqueceres disto, lembra-te de que caminhas
com Ele e com o Seu Verbo no teu coração. 6Quem poderia desesperar-se quando tem uma Esperan-
ça como esta? 7Ilusões de desespero podem parecer vir, mas aprende a não te deixares enganar por
elas. 8Atrás de cada uma delas está a realidade e está Deus. 9Por que esperarias por isto e o troca-
rias por ilusões, quando o Seu Amor está apenas a um passo, na estrada onde todas as ilusões che-
gam ao fim? 10O fim é certo e garantido por Deus. 11Quem ficará diante de uma imagem sem vida
quando, a um passo de distância, o Santo dos Santos abre uma porta antiga que conduz para além
do mundo?

2. Tu és um estranho aqui. 2Mas pertences a Ele que te ama como ama a Si Mesmo. 3Basta pedir a
minha ajuda para rolar a pedra para longe e isso é feito de acordo com a Sua Vontade. 4Nós já
começámos a jornada. 5Há muito tempo que o fim está escrito nas estrelas e firmado nos Céus com
um raio brilhante que o manteve a salvo na eternidade, assim como ao longo de todo o tempo. 6E
ainda o mantém; sem que nada tenha sido mudado, sem que nada esteja a ser mudado e para sem-
pre imutável.

3. Não tenhas medo. 2Apenas começámos de novo uma antiga jornada há muito iniciada, mas que
parece nova. 3Começámos de novo por uma estrada na qual já viajámos antes e da qual nos perde-
mos por pouco tempo. 4E, agora, tentamos de novo. 5O nosso novo começo tem a certeza que, até
agora, faltava ao nosso percurso. 6Olha para cima e vê o Seu Verbo entre as estrelas onde Ele fir-
mou o teu nome juntamente com o Seu. 7Olha para cima e encontra o teu destino certo, que o
mundo quer esconder, mas Deus quer que vejas.

4. Vamos esperar aqui, em silêncio, e ajoelhar um instante em gratidão a Ele que nos chamou e nos
ajudou a ouvir o Seu Chamamento. 2E, então, vamos erguer-nos e seguir com fé ao longo do cami-
nho até Ele. 3Agora estamos certos de que não caminhamos sozinhos. 4Pois Deus está aqui, e, com
Ele, todos os nossos irmãos. 5Agora, sabemos que não voltaremos a perder o caminho. 6Recomeça a
canção que havia parado por apenas um instante, embora nos pareça que tenha ficado sem ser can-
tada por uma eternidade. 7O que aqui se iniciou vai crescer em vida, força e esperança, até que o
mundo se aquiete um instante e esqueça tudo o que o sonho de pecado havia feito dele.
168
5. Vamos sair e encontrar o sonho recém-nascido, sabendo que Cristo renasceu nele e que a santi-
dade deste renascimento vai durar para sempre. 2Tínhamos perdido o nosso caminho, mas Ele en-
controu-o para nós. 3Vamos, vamos dar-Lhe as boas-vindas, a Ele que regressa para nós com o intui-
to de celebrar a salvação e o fim de tudo o que pensávamos ter feito. 4A estrela da manhã deste
novo dia olha para um mundo diferente, onde Deus é bem-vindo e o Seu Filho com Ele. 5Nós que O
completamos oferecemos-Lhe a nossa gratidão, assim como Ele nos dá graças. 6O Filho está quieto
e, na quietude que Deus lhe deu, entra em sua casa e está, por fim, em paz.

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