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Setembro de 2003
ndice
er uma populao formada por diversos grupos tnicos sempre foi motivo de
orgulho para todos ns, brasileiros: o ndio, morador mais antigo; os brancos
colonizadores; os negros que para c vieram como escravos; e os imigrantes, que
encontraram aqui espao para construir uma nova vida. Cada um deles com seus
costumes, seus ritos e suas crenas. Mas ser que essa diversidade sempre foi
valorizada de verdade, tanto pela sociedade como pela escola? Ser que soubemos
respeitar e aproveitar essa multiplicidade de contribuies culturais?
"Falar em diversidade significa constatar as vrias diferenas sociais e culturais",
afirma Roseli Fischmann, professora de ps-graduao da Faculdade de Educao
da Universidade de So Paulo e coordenadora do grupo responsvel pelo
documento sobre Pluralidade Cultural dos Parmetros Curriculares Nacionais (PCN).
"Reconhecer essa complexidade que envolve a problemtica social, cultural e tnica
o primeiro passo", diz textualmente o documento.
Embora a diversidade sempre tenha estado presente nas salas de aula na
formao heterognea das turmas, nos diferentes ritmos de aprendizagem, no
contato com as vrias realidades sociais e culturais , a preocupao em atender a
todos, sem exceo, recente nas escolas brasileiras. "O predomnio da cultura dos
colonizadores fez com que as outras manifestaes fossem praticamente
aniquiladas", analisa Nelson Pretto, diretor da Faculdade de Educao da
Universidade Federal da Bahia.
O mito da igualdade
Em sua histria, o Brasil passou por vrias ondas de nacionalismo exacerbado,
principalmente nos perodos de regime poltico autoritrio. A necessidade de
manter unido o povo em torno de um poder centralizador, abafando reivindicaes
e necessidades "divergentes", criou mitos como o do "Brasil sem preconceitos",
onde todos seriam tratados igualmente. Essas falsas verdades repercutiram
tambm na educao. Os livros didticos excluam ou mostravam de forma caricata
negros, ndios e migrantes. "As diferenas so parte da vida, no podem ser
entendidas como exotismo ou extravagncia", ressalta Pretto. O sistema educativo,
por sua vez, determinava a aplicao de um currculo nico, sob o pretexto de
oferecer uma educao igual para todos. A escola no se preocupava se em suas
carteiras sentavam-se descendentes de iorubs ou de italianos, se os alunos viviam
em uma comunidade de pescadores ou em grandes centros urbanos. Com isso, as