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Fonte: Petrobras
set-08
abr-09
jul-09
set-09
nov-08
fev-09
As análises aqui mencionadas foram efetuadas em relação ao segundo trimestre de 2009, salvo quando
indicado em contrário.
A Receita Operacional Líquida atingiu o montante de R$ 47.877 milhões, representando uma elevação de
7,3%. Esse resultado é reflexo direto dos seguintes fatores:
Positivos
crescimento de 0,4% (10 mil barris por dia de óleo equivalente) na produção total, no Brasil e no
exterior, de óleo e gás natural;
diminuição do deságio entre a cotação média do Brent e o preço médio do petróleo nacional exportado
de US$ 10.11 para US$ 4.27/barril;
Negativos
desvalorização média do dólar frente ao real (10,3% no comparativo com o 2T09) impactou
negativamente a receita das exportações, as vendas no exterior, bem como a comercialização, no
mercado doméstico, dos produtos que possuem parametrização com as cotações internacionais – nafta,
QAV, combustível para navios e óleo combustível;
No 3T09, o custo de extração unitário no Brasil, sem as participações governamentais, aumentou 3,4%,
passando de US$ 8.72 para US$ 9.02 por barril. Desconsiderando os efeitos da apreciação do Real, o lifting
cost reduziu 4%. Esse desempenho reflete basicamente maiores gastos com intervenções extraordinárias na
Bacia de Campos no 2T09.
Relativamente ao valor unitário do custo de extração com as participações governamentais, houve aumento
de 17,2%, por conta da valorização dos preços médios de referência do petróleo, que acompanharam as
cotações internacionais, bem como pela elevação da alíquota tributável sobre as participações
governamentais, principalmente nos campos de Marlim Sul e Marlim Leste.
Outro componente importante na formação do lucro bruto da Petrobras é o custo de refino. O valor médio
apresentado pelas refinarias brasileiras, no 3T09, foi de US$ 3.37 por barril, aumento de 9,8%. Descontando
o impacto da apreciação do Real, o valor permaneceu no mesmo patamar do trimestre anterior.
O custo total do 3T09 foi de R$ 29.015 milhões, representando acréscimo de 17,9% sobre o 2T09.
O lucro bruto somou R$ 18.862 milhões, queda de 5,6%. Assim, tendo em vista que a ROL apresentou
elevação de 7,3%, a margem bruta, que mede o repasse dos custos dos produtos vendidos, apresentou
queda de 5,4 pp em relação à verificada no 2T09, atingindo 39,4%. Esse desempenho é consequência direta
do reajuste nos preços do diesel e da gasolina, da elevação das importações para fazer frente ao aumento
do consumo interno, não obstante a Petrobras tenha realizado estoques formados em meses anteriores a
preços mais baixos.
Análise de Investimento
Relativamente ao EBITDA, o montante somou R$ 13.993 milhões, com diminuição de 20,1%. Quanto à
margem, houve queda de 10,0 pp. Esse desempenho negativo refletiu não só a redução da margem bruta,
mas principalmente a contabilização de despesa extraordinária relativa ao acordo com a ANP envolvendo o
pagamento de participação especial do campo de Marlim, na Bacia de Campos.
O lucro líquido somou R$ 7.303 milhões, indicando uma diminuição de 5,6%. Além dos fatores já apontados,
contribuiu também o expressivo resultado financeiro líquido positivo, não obstante o impacto negativo da
desvalorização do dólar sobre os ativos atrelados à moeda estrangeira. Esse resultado decorre do fato de
que a Petrobras, após a captação junto ao BNDES, passou a possuir passivo vinculado à variação cambial
acima dos ativos também vinculados à variação cambial.
Destacamos, ainda, o impacto do benefício fiscal pela contabilização de juros sobre capital próprio no valor
de R$ 1.755 milhões.
Endividamento
Dívida vinculada à variação cambial / Dívida Bruta (%) 76,0% 6,0% 4,0%
A dívida bruta apresentou aumento de 31% no comparativo com o 2T09, em razão da captação junto ao
BNDES no valor de R$ 25 bilhões.
Após a contabilização do empréstimo do BNDES, a Petrobras passou a ser devedora em moeda estrangeira
no valor líquido de R$ 23.588 milhões (ativos de R$ 29.625 milhões e passivos de R$ 53.213 milhões –
posição em 30.09.2009). Cabe ressaltar que, muito embora a saldo das disponibilidades tenha aumentado
expressivos R$ 20.016 milhões por conta do referido empréstimo, o caixa vinculado à variação cambial
cresceu apenas R$ 914 milhões.
Cronograma de Pagamento
47.310
30.088
16.047
10.639
6.775 6.357
3.099
Fonte: Petrobras.
Análise de Investimento
IV. Investimentos
14,4
13,2
10,2 10,7
9,7
8,5 8,7
7,9
6,5 6,2
5,9
13,6%
45,8%
10,9%
8,8%
20,9%
E&P Abastecimento Gás & Energia Internacional Demais
Fonte: Petrobras.
Análise de Investimento
V. Dados Operacionais
Produção de Petróleo
A produção doméstica de óleo e LGN, no 3T09, apresentou leve crescimento por conta do aumento da
produção das plataformas P-51 (campo de Marlim Sul) e P-53 (campo de Marlim Leste), superando o
declínio natural dos campos maduros. Quanto ao gás natural, a produção no país ficou estável.
Em relação à performance das atividades no exterior, o volume produzido de óleo apresentou aumento por
conta da elevação da produção campo de Akpo na Nigéria, atenuado pela perda de participação no campo
de Guando na Colômbia, associada à redução na Argentina pela greve de 20 dias em ago/2009. A produção
de gás reduziu 7% em razão da menor importação da Bolívia pelo Brasil, bem como pelo movimento grevista
na Argentina.
Produção de Derivados
Fonte: Petrobras
Análise de Investimento
A produção de derivados nas refinarias instaladas no país aumentou 5,0%, devido à parada programada na
unidade de destilação da RALM, no 2T09. O índice de utilização da capacidade nominal atingiu expressivo
94%, superando não só a taxa do 2T09, mas também as observadas no 3T09, 9M09 e 9M08.
Em relação às atividades de refino no exterior, houve aumento de 5,6% na produção de derivados, em razão
do término da parada em planta industrial da refinaria do Japão no trimestre anterior.
Vendas físicas
Balança Comercial
A balança comercial total da Petrobras, considerando também as importações de gás natural, foi negativa
em 76 mil boepd, revertendo o resultado positivo de 100 mil boepd no 2T09. Esse desempenho foi
influenciado pela elevação das importações, principalmente de óleo cru e diesel.
Análise de Investimento
De forma resumida, o bom resultado do 3T09 da Petrobras decorreu da forte valorização das cotações do
petróleo, do acréscimo das vendas totais, bem como do resultado financeiro líquido positivo e, ainda, do
benefício fiscal pela contabilização de juros sobre capital próprio. Por outro lado, houve impactos negativos
por conta da desvalorização do dólar, da redução dos preços do diesel e da gasolina e, principalmente, da
contabilização de despesa extraordinária relativa ao acordo com a ANP envolvendo o pagamento de
participação especial do Campo de Marlim, na Bacia de Campos.
Em relação ao ajuste com a ANP, a Petrobras optou por contabilizar, em set/2009, o valor de R$ 2.048
milhões. O acordo envolveu a alteração do método de cálculo do montante devido, que resultou na redução
de R$ 1,3 bilhão da dívida. A quitação ocorrerá em oito parcelas mensais e sucessivas atualizadas pela
taxa SELIC, com a primeira sendo paga em 30.10.2009.
O litígio envolvendo a Petrobras e a ANP iniciou em 2007, quando a Companhia contestou judicialmente ato
da ANP que resultou nessa cobrança adicional da participação especial. A referida ação judicial foi julgada
improcedente em primeira instância, tendo essa decisão sido confirmada pelo Tribunal Regional Federal da
2ª Região em acórdão publicado no dia 30.09.2009.
Cabe ressaltar que, no comunicado ao mercado de 23.10.2009, ou seja após o fechamento do balanço do
3T09, a Empresa não deixava claro sua intenção de contabilizar o referido valor ainda no terceiro trimestre.
Entendemos que se trata de valor não recorrente, cujo acordo foi benéfico para a Petrobras tendo em vista
não só o estágio judicial do processo, mas também a redução da dívida.
Nossa estimativa para o resultado do 3T09 é de melhoria na receita operacional líquida, tendo em vista as
expectativas de manutenção dos atuais níveis de preços do petróleo. A cotação, após atingir, em jan/2009, o
menor nível dos últimos anos (US$ 35.20/barril), vem apresentando valorização. No 4T09, a média encontra-
se em US$ 76.65/barril (até 12.11.2009), elevação de 12,4% no comparativo com o 3T09.
90
80
70
60
50
40
30
2/1/2009 9/2/2009 17/3/2009 22/4/2009 28/5/2009 2/7/2009 6/8/2009 11/9/2009 16/10/2009
Acreditamos, ainda, que o desempenho da Petrobras será impactado positivamente pelo aumento da
produção de óleo e gás, tendo em vista a existência de diversos projetos, cuja pico de produção ainda não
foi atingido, tais como: P-51 (Marlim Sul), FPSO Cidade de Niterói (Jabuti), FPSO Frade (Frade) e FPSO
Espírito Santo (Parque das Conchas).
Por outro lado, o desempenho mais vigoroso nos resultados da Petrobras será parcialmente reduzido pela
tendência de manutenção da taxa cambial média observada no 4T09, conforme gráfico 05.
2,31
2,28
2,11
2,08
1,92
1,98 1,87
1,78
1,74 1,73
1,66
1,67
1T07 2T07 3T07 4T07 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09*
Em relação às vendas no mercado doméstico, acreditamos que haverá uma pequena redução por conta do
efeito sazonal do último trimestre do ano, não obstante o atual o movimento de recuperação do mercado
interno de derivados de petróleo, face à recuperação da atividade econômica.
Acreditamos que a manutenção dos preços internos do diesel e da gasolina acima dos verificados no
mercado internacional favorecerá a manutenção de boas margens operacionais. Entendemos que a
Petrobras não efetuará, no curto prazo, qualquer reajuste nos preços do mercado doméstico. No gráfico 06,
apresentamos as diferenças médias entre os preços domésticos do diesel e da gasolina e as cotações no
exterior.
GRÁFICO 06: Diferenças médias entre os preços internos do diesel e da gasolina e os internacionais.
63%
49% 52%
46%
6%
-4% -4%
-8% -10%-9% -9%
-14%
-20%-20%
3T07 4T07 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09*
Mantemos nossa recomendação de compra para as ações da Petrobras com preços potenciais de R$ 47,30
(PN) e R$ 56,00 (ON) para 30.06.2010.
Disclaimer
Administração
Diretor-Gerente
José Maurício Pereira Coelho acoes@bb.com.br