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AMARTYA SEN DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE SUMARIO Liberdad 4. Pobreza como privag 5. Mereados, Estado ¢ de capacidades 12 10. Cultura e direitos human 11. Escolha social e comportamento individual 12. Liberdade individual como um comprometimeni Indice onomistico #44 fndice remissivo 454 re0 autor 461 PREFACIO Vivemos Ext um MbNDO de opulénci sem preceden uum tpo que teria sido dificil até mesmo imaginar um ou dois séeulos atris. Também tem havido rmudangas notiveis para alémn da esfera econdmica. O século xx estabeleces o regime demo cxitico e participative como 0 modelo preeminente de organi zagao politica. Os conceitos de direitos humanos e liberdade politica hoje sio parte da retérica prevalecente. As pessoas vivem fi miu wuss cempo co que no pasado, Alm disso, as diferentes regides do globo estio ligadas do que jamais estiveram, nio s6-nos campos da troca, do coméreio © das comunicagdes, mas também quanto a ideias € ideas interativos. Entretanto,vivemé \estituigio € opressio extraordindrias. Existem problemas novos convivendo com antigos —a persisténcia da pobreza e de neces- sidades essenciais nfo saiseitas, fomes coletivas e forme eronica muito disseminadas, violaeao de liberdades politicas clementares ce de liberdades formats basicas, ampla negligéncia diante dos interesses e da condigio de agente das mulheres e ameagas cada vez mais graves a0 nosso meio ambiente e & sustentabilidade de nossa vida econémica e social. Muitas dessas privagdes podem ser encontradas, sob uma ou outra forma, tanto em palses ricas ‘como em paises pobres, Superar esses problemas & uma parte central do processo de desenvolvimento. O que procuramos demonstrar neste livra & que precisamos reconhecer © papel das diferentes formas de liberdade no combate a esses males, De fato, a condigio de age te dos individuos 6, em sltima andlise, central para lidar com essis. privagdes. Por outro lado, a condigio de agente de eaca un & igualmente em um mundo de privagao, ig e-em um mundo de privag inescapavelmente resrita limita plas opornunidades soci, pleas © condiicas de que dspomiow Esse uma azentada omplementaridade entre 4 condi de agente individual a6 ‘isposigdes socials: imporante 0 reconcimento simulténce 4a centalidade da berdade individ da fore ds intents sociis sobre 0 gra e-o skunce da iberdade individual. Para ‘ombuter os problemas que enfenamon, emos de considera iberdade inidual umn comprometiment soil: Ess sor dager bisa que ete vo procurs explora c examina A expansao da iberdade vita, por esa abordagern como 6 prnepal ino principal mio do desenvobimenco.O desen tolimento consist na eliminagdo de privagdes de bcrdade {ue liitam as escolhis cs oportnidades das pessous de exer er ponderadamente sus contigo de agente A elininagse de Privagdes de liberals ssc ena Faion do descavolvnneno. Porém, pars uma corpreemsio ‘mais lena d rela entre desenvolvimento Hberdade, pret Samos ir alem dessereconhesimento bisio (ainda que cuca). ‘Almpordnciaintrinse da iberdade humana em ger comme © objetivo supremo do desensolvimenta, ¢-acentuadamente Suplementada pela efcci instrumental ilordadeseapelte Cas na promocdo de lerdades de otros tipo Os eneadeamen- tos entre diferentes formas de iberdade so empiieos cas, no consis e cnpostvos. Por cxcmplo, he forte ind ‘ios de'que as Uberdadesecondmiess © poltias se relorgam Iuevamente, em verde serem contritas amas iy outers come dsveres se pensa)Analogumenteoportunidadessocais deed ‘ag easstencia méden, que podem requerer a ago publica, omplementam oportunidad individu de partopaeso eco. nomica‘ police também favorecem noses inicinivas para ‘encerprtagdes Seo ponto de partida da abordagem ¢ ident fara iberdade como o principal objetivo do eserwolvimento, O aleance da anilise de politics depende de csabelecer os enc seanengos epi We sora onene © eons 9 Ponto de vst a liberdade como a perspeciva norteadors do Processo de desenvolvimento. ee Esta obra salienta a necessidade de uma andlise integrada das atividades econdmicas, sociais © politcss, envolvendo uma rmultiplicidade de instinuigdes e muitas condigbes de agente relacionadas de forma interativa. Concentra-se particularmente fans paps einter-relagdes entre certs liherdades instrumentas crucial, ineluindo oportunidades econimicas, liberdades politica, Jucilidades sciais, garantias de transparéncia © seguranca prote turn. As disposigbes sociais, envolvendo muitas insticuigdes (0 Extado, o mereado,o sistema legal, os partidos politicos, a midia, (grupos de interesse piiblico e os foros de discussi0 piblica, fenere ontras), so investigadas segundo sua contribwigho para a ‘expansio ea garantia das liberdades substantivas dos individuos, ‘istos como agentes ativos de mudanga, endo como recebedores, tnassivos de heneficins (0 livto hascia-se mis cinco conferéncias que proferi como membro da presidéncia do Banco Mundial durante 0 oxto- rho de 1996. Houve ainda uma conferéncia complementar em de 1997, versando sobre a abordagem geral e suas o desafio representados hover implicagées. Apreciei a oportunidad: pela tarefa, e senti-me parricularmente satiseito porque 0 cot ‘ite part de James Wolfensohn, presidente do Banco Mundi ‘oxja visio, habilidade ¢ humanidade en muito admiro. Tive 0 privilégio de trabalhar em estreta colaboragio com ele como Inembro do conselho diretor do Institute for Advanced Study de Princeton e, mais recentemente, também acompanhei com grande interesse a forga construtiva da lideranga de Wolfensohn Banco, ‘© Banco Mundial nem sempre foi minha organizagio favo~ rita, O poder de fazer 0 bem quase sempre anda junto com a posibilidade de fazer o oposto; como economista profissiona, hhouve no passado ocasibes em que me perguntei se 0 Banco ‘io poderia ter feito muito mais. Ess reservas eriticas foram ppublicadas, por isso no preciso registrar a “confissdo” de que acalento ideias céticas, Tado isso tornou particularmente opor- ‘uno para mim tera chance de apresentar ao Banco minhasideias sobre o desenvolvimento ¢ 2 elaboracao de politicas publicas. Apesar disso, este lira nfo se destina primordialmente aos {que trabalham para o Banco, como funcionérios ou colaborado. ‘para outras onganizagoes intemacionais. Também ni se volta apenas para o= responsiveis pela politicase planejamento trovernos nacionais. Em ver disso, € uma obra geral sobre desenvolvimento e as raz = pritieas que o fndamentan, © tem como objetivo especial a diseussdo publica, Organize! as cis conferéncias em doze capieulos, para tornar a versio escita mais clara e mais acesivel a leitores ndo especialistas no assunto De fato, procure, dentro do possivel, dar & discussio um ear nc literatura mais Formal — para ontran-se apenas nas nots, Acrescentei comentirios sobre experiéncias econdmicas recen {tes que sio posteriores a minhas eonferéncias (em 1996), como, a erise econdmica da Asia (que confirmou al dos piores reeeios que eu havia mencionalo nas coneréncias). Em conformidade com a importincia que atribuo ao papel dla discussio publica como veiculo de mudanga social e progres 80 econdmico (como o texto deixara clara), apresento este livr, em primeiro fugar, com vistas a deliberacio aberm ¢ ao exame critico. A vida inteira evitei dar conselhos a “auoridades Com efeito, jamais aruei como consultor de nenhum governo, preferindo expor minhas sugestées e eriticas — eenham elas 0 valor que tiverem — na esfera publica, Como tive a boa sorte dle viver em trés democracias com meios de comunicag sande medida livres (India, Gra-Bretanha e Estados Unidos), hio tenho tido razdo para queisar-me nid para a exposicio pablica de minhas ideia. Se meus argumentos, vierem a despertar interesse © condurirem a mais discusses Ppablicas sobre essas questdes vitals, terei motivos para me sentir Iuito hein recompensado, AGRADECIMEN TOS, AS PESQUISAS QUE REALIZEI para eserever este live financiadas pela John D, and Catherine T. MacArthur Foun- tion, em um projeto conjunto com Angus Deaton. F nvestigacdes foram precedidas por trabalhos que eu havia feito para o World Institute Development Economics Res Jayawardena. Também se relacionam estreitamente com meu ch, sediado em Helsingue, na época dirigide por | Desenvolvimento, diri- Jo Programa des Nagies Unidas para memorivel por Mahbub ul Haq, do Paquistio ‘ibita em 1998 foi um golpe do qual ainda n3o me recabrei almente). A Universidade de Harvard, onde lecionei no pesquisas hi muitos anos. Contei ainda com apoio logistico do Harvard Instlite @f Intcruatonal Development; do Harvard Center for Population and Development Studies e do Cent for History and Economics do King’s College, Universidade de Cambridge Tive espléndida oporcunidade de trabalhar durante nui os anos com Jean Dréze de publica virios livros em coautoria com ele, livros que influenciaram a presente obra (a colabors io com Jean Dréze tem a agradivel caracterstica de que ele se encarrega do geosso do trabalho mas far questio de que seu par te do erédito), Foi excelente para mim ter ceiro receba bon pi tido a chance de trabalhar em coautoria com Sudhir Anand em temas estretamente relacionados com este livro, Da mesma for- ma, trabalhei proficuamente em conjunto com Angus Deaton, i Jartha Nussbaum em 1989-1989 foi impor restigagio dos conceitos de capacidade & qual le vid * los nesta o men além de Mahbub ul Haq Sakike Sclim Jahan, Meghnad Desai e Paul Serecte, fn mm Richard Jolly, 0 sucessor de Mahbubs Oweeo k su, Alok Bhargava, David Bloom, Anne Case, Lincol c a Stanley Fischer, Caren 8.¢ rephan Klasen, A. K. Shiva Kumar, Robert Novick, Chrisring Paxson, Ben Polak, Jeirey Sachs, Tim (Thomas) Scanton, Joe Bagehi, Pranab Bardhan, Ashim Dasgupta, recentemente, de Ingrid Robeyns e Tanni Mukhopadhyay. Anna Marie Svedr ridas a convite de James Wolfensohn, presidente d © Mundial, © me fora i tas conversas que tive com ele. As conferéncias no Banco foram presididas respectivamente por James. Wolfensoln, Caio Kochweser, Ismail Serageldin, Callisto Madavo Sven Sandstrom, e cada um deles fez observagdes importantes sobee os problemas que procurei abordar. Ademais, foram um pray dd estimulo para mim as questies levantadas ¢ os comentivion Feitos nas discussdes que se seguiram as conferéncias, Tambeng foi de grande valia a oportunidade de interagir com a equi Ja excessiva de Estados repressivos. A despeito de au DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE mn presedentes ee MBE abil hogs liber mesmo 3 maioria. As vezes a auséncia de liberd tant elaciona-se diretamente com ondanics, que rouba 5 pessoas a liberdade de saciar a fome, de obter urna nut PROCURAMOS DEMONSTRAR Eau tisfatria ou reméd ncas tra oport de ser visto como um p ae ie vettide e priado, de ter a a a utam. O enfoque nas ibe ratada 00 © bisico. Em outros ca n Yo, como as que identificam desenvolvimento corn i pit assisténcia social, como por exemplo a auséncia di P Nacional Brus meted pidemiologicos, de um sistema bem planejado dk al, O erescimento do PXt ou das tendas indivi nanutengio dla paz e da ordem locais. Em outros iarleces ect vssdas pelos meatnes a tl liberdades politicase civis por regimes autorititios e de restr Mi doin tats care es iberdade de participar da vida social, polit p ociais © econémicas (por exemplo, os servige = a : i CAE i #-modlernizacdo social podem concribuir substancialmente pr dade é central para 0 processo de desenvolvim move, entio existe um argumento fundamental 1 resi acaliatiria: 9 avaliagi0 do progresso ama Ti iment z iherdades das pessoas. da, Ver iment ‘ mio expansi I nnzao da eficicia:a realizagio do desenvolvimento depen: tubstantivas dirige a atengo para os fi eee Inte no pro taquei a primeira motivagio: a razio avaliat6ria par volvimento requer que se removam as principal oncentrar-se na liberdade. Para entendermos a segunda, Fontes de privagio de liberdade: pobreza e tiraniot canton ficécia, precisamos observar as relagbes empiricas relevante brtunidades econdmicas e destituicao social sitemitien em particular as relagdes mutuamente reforgadoras entre liber cia dos servigos publicos ¢ lerincia ou interfer ddades de tipos diferentes. E devide a essasinter-relagdes nn slo examinadas com um certo detalhamento neste livro — que a condigio de agente livre e sustentavel emerge como wm motor fundamental do desenvolvimento. A livre condigao de agente iio 56 6, em si, uma parte “constitutiva” do desenvolvimento, mas também contribui para forealecer outros tipos de con bes de agente livres. As relagdes empiricas que sto amplamen: te eximinadas neste estudo associam os dois aspector da idela de “desenvolvimento como liberdade” A ligacio entre liberdade individual e realizagao de desen- volvimento social vai muito além da relacio eonstitutiva — por a. O que as pessoas conseguem positivamente realizar ¢ influenciado por oportunidades eco nnomicas, liberdades politicas, poderes sociais ¢ por condigocs habilitadoras como boa sade, educagio bisica e incentive ¢ aperiengoamento de inicitwas, As disposighes institucionais ‘que proporcionam essas oportunidades sio ainda influcnciados pelo exercicio das liberdades das pessoas, mediante a Tiber de para participar da escolba social e da tomada de decisoes pblicas que impelem o progresso dessas oportunidades, Fseas Inter-relagies também slo investigadas neste liveo. ALGUNS FXEMPLOS: LIRERDADE POLETICA E QUALIDADE DE Vi A importincia de considerar a liberdade 0 principal fim do, desenvolvimento pode ser ilustrada com alguns exemplos sim. ples. Embora o alcance total dessa perspeetiva somente possa tamergir de uma andlise muito mais ampla (empreendide nos ‘apitulos seguintes), a natureza radical da ideia de “desenvol- vimento como liberdade” pode ser facilmente ilustrada com alguns exemplos elementares, iro, no contexto das visbes mais restritas de desen ‘olvimento— como crescimento do PNB ow inustrializagao antemente se pergunta se determinadas liberdades poll. tieas ou sociais, como, por exemplo, a liberdade de participa <0 ou dissensio politi ou as oportunidades de reeeber edu. aga bsica, sio ou no slo “conducentes ao deserolvimente’ A luz da visio mais fundamental de desenvalvimento. como liberdade, esse modo de apresentar a questio tende a passar a0 larga da importante concepgio de que exsas liberdades subs tantivas (on seja, a liherdade de partieipngio politica ‘oportunidad de receher edueagio basica on assisténtcia med 2) esto entre os componenterconcituti do desenvolviment Sus relevincia para o desenvolvimento nio tem de ser estabe lecida a posteriori, com base em sua contribuigio indireta para crescimento do PNB ow para a promogio da industrializacio, ( ato & que essas liberdades ¢ direitos também contribuem muito efieazmente para o progresso econdmico; essa relacio fe examinada neste livro, Mas, embora a rela ‘io causal seja de fato significatva, a justificagao das hi {des e direitos estabelecida por essa ligagdo causal & adicional xo papel dre volvimento Uin segundo exemple nda per capita (mesmo depois da correcio para variacio de ppregos) ea liberdade dos individuos para ter uma vida longa e iver bem. Por exemplo, 0s cidadios do Gabo, Africa do Sul, Namibia ou Brasil podem ser muito mais rieos em termos de PNB per capita do que os de Sri Lanka, China ou do Estado de Kerala, na India, mas neste segundo grupo de paises as pessoas tam expectativas de vida substancialmente mai elevadas do que no prime. ‘Com um tipo diferente de exemplo, é comum 0 axgumen- to de que, nos Estados Unidos, os afro-americanos sie relat vamente pobres em comparaglo com os americanos brancos, pporéim s30 muito mais ricos do que os habitantes do Terceiro Mundo. No entanto, é importante reconhecer que os afro-ame- ricanos tém uma chance abolitamente menor de chegar 3 idade madura do que as pessoas que vivem em muitas sociedades do Terceiro Mundo, como China, Sri Lanka ou partes da India (com diferentes sistemas de sade, educacio e relagBes comuni- a Acontece que a rejeigZo da liherdade de participar do mer le vida e valores associados 3 cultura dos mercados. Na isto do desenvolvimento como liberdade mentos de lindos. E dificil pensar que qualquer processo de desenvolvr mento substancial possa prescindir do uso muito ample de mercados, mas iso nao exclu o papel do custeio social, da teow mentagio piiblica ou da boa eondugao dos negdcios do Perey ‘quando eles podem enriquecer — ao invés de empobrocer > ‘la humana. © abordagem aqui adotada propse urs mors mais inclusivo de ver os mereados do que v freyuente o seja para defender, seja para crticar-o mecanis ade mino esta sxemplos com outro extraido direta ‘mente de uma recordagio de infincia, Eu tinha uns dex anne de de Dhaka, hoye capital de Bangladesh, quando um homer centrou pelo portio gritando desesper mente e sangrando muito, Fora esfaquead nuito, Fora esfaqueado nas cosas, Era a epoca em que hindeo © muculmanos matavam-se nos conflitos arupais que precede ram a independéncia a divisto, Mia, 0 homem mano que viera fazer um serviga ein uma casa vizinha or India © Paquistio. Kader dlesordeios da cominidade hindu majrtéra nagucls re Baio levava 2s presss parao howpital Kater Min uae eraes ‘ontar que sua esposa Ihe dssera para nio entrar em um area hostl naquela época tio conturbada. Mas Kader Mis pre ‘isava sar em busca de trabalho e um pouco de dinheiro porque sua familia nao tinba o que comer. A penalidade por ess pets ‘io de liberdade econdmica acabou sendo a morte, que ocoreen Inais tarde no hospital. Essa experiéncia foi devastadora para mim, Ela me fez refle tis, tempos depois, sobre o terrivel fardo das identidades cores tamente definidas, incluindo as firmemente bascadas em cone nidades grupos (ered oportunidade de discorrer sob ‘mais imediato, ela tan ow 0 notivel fato de que a privagio de liber dade econdsniea, nna forma de pobreza extrema, pode tornar a pessoa una press indefesa na violacio de outros tipos de liberdade. Kader Min ni precisaria ter entrado em uma érea hostl em busca de uns Ja época terrvel se sua familia tivesse condi tra forma. A privagio de Hberdade eco. fos trocados nag) 5 de sobreviver némica pode gerar a privacio de lherdade social, assim conn a ial ou politica p dade econémiea, ORGANIZACORS F VALORES Muitos outros exemplos podem ser dados para ilustrar com visto do desenvolvimento como um pro de expansio de liberdades subs adas. E essa vis sbordagem ampla desse tipo permite a apreciagao simultinea Jos papéis vitais, no processo de desenvolvimento, de muitos instituigdes diferentes, inluindo mercados © organizagoes rela cionadas 20 mercado, governos ¢ autoridades loeais, partidos politicos © outras instituigdes efvicas, sistema educational c portunidades de dislogo © dehate abertos (incuindo 0 pap a midia e outros meios de comunicagio), Essa abordagem nos permite ainda reconhecer o papel dos valores sociis e costumes prevalecentes, que podem influenciar as liberdades que as pessoas desfrutam ¢ que elas estio certas 0 prezar. Normas comuns podem inflienciar caracteristicassociais bs sexos, a natureza dos euidados disper 08 padrdes de feeundi como a igualdade ence sados aos filhos, 0 tamanho da fami dade, o tratamento do meio ambiente e muitas outras. Os valores prevalecentes © 05 costumes sociais também respondem pela ener s pablicase interagdes socinis, que sto 28 pelas liberdades de participasio. Cada 2 indispor esse maior nimero de pessox. urarei demonstrat), Mas ¢ particular rente importante reco ntrovérsia especies INSTITUIGOES F LIBERDADES INSTRUMENTAL Cinco tipos distintos de liberdade vistos dk per pectiva “instrumental” sio investigados particularmente 1 studos empiricos a seguir. Sao eles: (I) libendades politica, ( listintos de direitos e oportunidades ajuda a rt idade geral de uma pessoa. Fles podem ai F compl o das capacidades humanas e das liberda as em geral podem funcionar por meio d i Hveri oportunidade também de investigar seus respe liberdades globais para que as pessoa ao valorizam. Na visio wolvimento como liberdade”, as liheeda, liberdade humana em geral Embora a anilise do desenvolvimento precise, por wn Jado, ocupar-se de objetivos e metas que tornam importantes ‘onsequéncias dessas liberdades instrumentais, € necessério gualmente levar em conta os encadeamentos empiricos que sem os tipos distin rlagies sio fundamental ma compreensio mais plena do papel instrumental da iherdadk ‘OBSERVAGAO FINAL As liberdades nio sto apenas os fins primordiais do desen- volvimento, mas também os meios principais. Além de reconhe cer, fundamental a importancia avaliatéria da liberdade a winas 3s outs, berdads diferentes Libera poison forma de lberdade de expresso eligae live) scenes forma de servigos de educagio e sade) falta participa ‘econémica. Facilidades econdmicas (na fi : : ar a abundancia individual, além de recursos pibli 0 servigos sociais, Liberdades de diferentes Go pa talecer umas as outras. es Essis 5 para relagSes empiricas reforgam as prioridades vatorat vas. Pela anciguads distineio enere pene ce sa cr pce “gene co centrada, a liberdade é em grand f , le medida uma visio orientada une. Com aportunidades socia's wlequadas, os rele viduos podem efetivamente moldar seu proprio es “ ar seu proprio desting eajudar luns a0s outros. Nao precisim ser vistos sobretudo come Cirios passivos de e Existe, de faa, um benef. eu i de desenvolvimento silida base racional para recone Papel positivo da condicdo de agente livre e sustentivel mesmo 6 papel posit nhosos program 1.4 PERSPECTIVA DA LIBERDADE Nao E INCOMUM 0s casais diseutirem « possibilidade de shar mais dinheiro, mas uma conversa sobre esse assur ua jalmen Nessa conversa, narrada no texto em sinscrito Bribadaranya Upenishad, uma mulher chamada Maitreyee e seu marido, Yainavalkya, logo passam para tuma questio maior do que os caminhos e modos de se tornarem mais ricos: En que medida a saber se, caso “o mundo inteiru, repleto de riqueras”, perten- esse 56 a ela, isso The daria a imortalidade. "Nao", responde Vainavalkya, “a sua vida seria Nio ha, no entanto, esperanga de imortalidade pela riqueza,” Mairreyee coments: “De que me serve isso, se nio me torna \ pergunta retriea de Maitreyee tem sido citada indmeras vezes na filosofia religiosa indiana para ilustrar a natureca das tribulagdes humanas e as limitagdes do mundo material. Mew ceticismo quanto 3s questées do outro mondo € grande demais ppara que as frustragdes mundanas de Maitreyee me levem a fiscuti-las, mas hi um outro aspecto nesse didlogo que tem um nyeresie muito imediato para a economia e para a compreensio Uda natureza do desenvolvimento, Esse aspecto diz re rlagio entre rendas e reaizagbes, entre mercadoris e capacida- des, entre nossa riqueza econdmica e nossa possibilidade de viver ‘lo modo como gostariamos, Embora haja uma relagio. entre opuléncia e realizagdes, ela pode ser ou ndo muito acenruada, ‘muito bem depender demais de outras circunstincias. © pox A questio nio é a possbilidade de viver para sempre, na qual Maitreyee — que a terra Ihe seja leve — por acaso se concen: nossa conside- aque deve estar no centro di ni hora de decidir 0 raglo normativa : | rocuramos demonstrar aqui que 25 prioridades qh : ren es abordagens aceitas, muitas vezes impliitamente, nas difere filosofis politica, podem ser denciadas ¢ analisadas identificando-se as informagdes que servem de base para os juizos epee ¢ avaliacSrios ‘empregam bases inf essa questo gera, 2 anslise apresentada neste caielo ‘londayers avaliatias copecticas, em particular o dade com a ieia de que no existem est Tincfo, revelou-se que hi méritos distntos em cada uma dessas Soot attics deste capitulo examinow as implieagdes dio cnfeue dreto has tiberdades substanivas dos individuos voli lent uma abordagen geri sconces aoeencst cia sus iberdae para Ivar uin tipo devia ve $erfaco, que nao 6 essa abordagem € capaz. de considrat ‘retaaete a imporcineia da liberdade, como também pode tar substancaimente para as moivagoes subjacents qe senlbsom para a relevanein ds outrasabordagens. Ei par Salen perspectiva aseada na liberdade pode Tevar em conta, ‘Gralvmeno do ibertriamo com os procession de escolha £2 Herd de ape o eno da tora risa sobre a ber. Ud formal sobre os recursos necessrio para as liberdades dais douivas, Ness sentido a abordagem da capaidade poss uma amplitude e sensibilidade que the confer ‘ n grande abran géncia, permitindo atentar com finalidades avaliarias para diversas consideragies importantes, alguias day quais omit das, de um modo ou de outro, nas abordagensaltermativas, Essa angéncia € possive p ode Ser julgadas reque as liberdades das pesseas ferenein explicita a resulta € processos que elas com razto valorizam © buscam. Também foram examinados modos diferentes de usar essa perspectiva baseada na liberdade,resistindo-se iia de que esse uso deve assumir a forma de “t mci da h particular 3 : < de do sma abordagem explicamente baseada na liberdade pode ser tims abordagem base na Hherdade ~~ sem insist em dinar delado outros procedimentos quando ces podem sr, dentro de ontexton especificns, sensatimente_utleadon, A” andlise, 2 seguir fandamenta-se nessas consideragdes, na tentatvs de ans Gar uma lor sobre osubdexenvolvimento (isto amplamente forma de privagio de iberdade) eo desenvolvimento (est co smo um proceso de eliminaglo de privagbes de liberdadese de simplagho das liherdadessubstantivas de diferentes ipo que ae pestoas tim ravio para valorizar). Uma abordagem poral pode ser usada de muitos modos dit mio eee rentes, dependendo do contexto «las informacoes disponiveis. E essa combinagio de anilise fundamental ¢ uso pragmético que confere 3 abordagem da capacidade sua grande abrangéncia, . 4. POBREZA COMO PRIVACAO, DE CAPACIDADES No carire1o ANTERIOR procurel demonscrar que, a0 ans tisar a justiga social, hé bons motivos para julgar a vantagem individual em fangdo das capacidades que uma pessoa possui, (sei das liberdades substancivas para levar 0 tipo de vida que la tem razio para valorizar. Nessa perspectiva, a pobreza deve de capacidades bisicas em vez de m Ser vista como priva monte como baixo nivel de renda, que ¢ o eritério tradicional de jo envalve nenhuna negacao da ideia sen- ode capacidades Sats de que senda bina éclaramente wma das casas principas Gu pobreea, piva fala de renda pode ser una fazao primordial du brigade eapaciades de wna peston presen de um via € ae eto ie due tanta preocopacio com ver pobreza da perspectiva A cpucldade (em ver de pela civics avaliagSo da. pobreza toa base-na Fenda)? Os argumenos em favor da aboragem {iu pobreza como privgio de capacidades fo, 1 eu ver, 05 forte condiga« seguintes: 1) A pobreza pode sensatamente ser idemtificada em termos dle privacio de capacidades; a abordagem concentra-se em privagdes que slo inrinsccamente importantes (em contraste fom a rend baixa, que é importante apenas éstrumental- ment) 2) Faistem ouras influéneias sobre a privagao de eapacida- —¢, portanto, sobre a pobreza real — além do baixo pnvel de renda (a renda nao é 0 nico instramento de gers ‘lo de eapacidades). 10 3) A relacio inst dade € varia mental entre baixa renda e baixa capaci: P ef entre comunidades até mestno entre fami lias e individuos (© impacto da renda sobre as eapacidades é contingente e condicional) 0 terceiro argumento é particularmente importante quan do se examina e avalia a agio paiblica destinada a redusit a desigualdade ou a pobreza. Diversas razdes para a5 variagdes condicionais foram discutidas na literatura fe no capitulo 3 des telivro), sendo itl enfatizarmos algumas delas especificamente no contexto da elaboragio pritica de politieas Primeito, 4 lato ee renin e capi sry acnt

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