You are on page 1of 4

Projeto de Prática

Sérgio Paulo Tückumantel de Almeida – Curso: Artes – 2ºAno


Disciplina: Antropologia Teológica – R.A: 1042246

“Formação integral do ser humano”

Como vimos em toda a disciplina de Antropologia Teológica, ser humano é um


conceito complexo de uma entidade individual constituída, dentre outras, pelo ambiente
social no qual se encontra. A pessoa humana, existe em quatro dimensões que embora
sejam vistas separadamente não são separadas entre si, se integrando a todo tempo.

Biologicamente, temos a formação física e corporal do ser humano como ser


vivo em um ambiente físico, a natureza do planeta em que habitamos. Este corpo,
estudado no decorrer dos séculos é tido como resultado de uma série de acidentes
biológicos entendidos como evolução e que nos permitiram possuir uma postura ereta e
um cérebro altamente capacitado. A união destas duas características físicas permitiu ao
homem a capacidade de utilizar seus braços na transformação da natureza, que nada
mais é do que o trabalho em sua concepção original. Outra capacidade herdada, segundo
cientistas, dos ancestrais primatas, é a de viver em sociedade, o que deu origem a
criação e desenvolvimento de sociedades em diferentes níveis de organização, como a
família e as nações. O corpo possui ainda um potencial gigantesco a ser explorado pelos
próprios seres humanos, possibilitando-os para o trabalho, mas também para a
comunicação gestual, verbal e não-verbal através dos movimentos, para as artes,
linguagem esta que apenas os seres humanos alcançaram, e ainda a sensibilidade em
relação ao meio através dos cinco sentidos.

Psicologicamente, temos a inteligência humana a ser despertada, desenvolvida e


entendida por nós mesmos. Vejamos o que Celso Antunes relata sobre a inteligência
humana e seu desenvolvimento:

“Toda criança é semelhante a inúmeras outras em alguns aspectos e


singularíssima em outros. Irá se desenvolver ao longo da vida como resultado de uma
evolução extremamente complexa que combinou, pelo menos, três percursos: a
evolução biológica, desde os primatas até o ser humano, a evolução histórico-cultural,
que resultou na progressiva transformação do homem primitivo ao ser contemporâneo, e
do desenvolvimento individual de uma personalidade específica (ontogênese), pela qual
aravessa inúmeros estágios, de bebê à vida adulta. Essas crianças adaptam-se e
participam de suas culturas de formas extremamente complexas que refletem a
diversidade e a riqueza da humanidade e possuem a habilidade de se recuperar de
circunstâncias difíceis ou experiências estressantes, adaptando-se ao ambiente e,
portanto , aos desafios da vida. Esse poder humano de recuperação, no entanto, não
significa que um incidente traumático na infância possa sempre estar desprovido de
conseqüências emocionais graves, e algumas vezes irreversíveis, mas, por outro lado,
eventos posteriores podem progressivamente modificar alguns resultados dessas
experiências. Em síntese, ambiente e educação são essenciais, o resto quase nada. Um
ambiente afetuoso e uma educação rica em estímulos ajudam a superar muitas das
privações e atenuar os efeitos de conseqüências emocionais.” (ANTUNES, 1998)

Como nota-se, o ser humano nasce com uma incrível capacidade de adaptação
ao meio em que se encontra desde o início, e outra prova disso, como vimos, são os
casos dos ‘meninos-lobos’ que mesmo humanos, ao se encontrarem no ambiente dos
lobos quando criança, se tornam mais lobos do que gente, imitando e adaptando suas
características, e quando retornadas a sociedade em entidades que cuidam de crianças,
elas aos poucos começam a se adaptar às pessoas em sua volta, procurando alterar suas
atitudes comportamentais, sua comunicação e suas formas de expressão e introspecção.
A grosso modo então, temos a inteligência humana e toda a sua capacidade como, na
verdade, motores movidos a estímulos gerados externamente.

No âmbito espiritual, todo ser humano busca pela transcendência existencial,


quando reflete sobre motivos por existir, sobre a vida, sobre a morte, sobre os
acontecimentos, sobre as injustiças, enfim, sobre tudo aquilo que afeta sua vida de uma
forma com a qual conecta o seu eu a algo muito mais amplo do que sua própria
consciência, uma transcendência que culmina na formulação de entidades, divindades e
crenças variadas. O espírito é o que vem a dar o sopro de vida a qualquer ser humano, e
sua existência não pode mais ser negada, independente de religiões ou falta delas, pois
nada mais prova que esta dimensão é fundamental na constituição total do ser humano.

Por último, o social, que nada mais é do que a importância do outro na


constituição do próprio eu. A interação entre o ser humano, o meio e os outros é
incrível, no entanto, quando mal estimulada é o que causa os grandes males que
observamos na vida da humanidade. O preconceito, a intolerância, o desrespeito e a
falta de atenção com o outro geram todos os distúrbios aos quais assistimos todos os
dias diante de nossos olhos, e dos quais muitas vezes também participamos, de forma
consciente ou inconsciente. Vejamos o que Celso Antunes, desta vez, fala sobre o ser
humano e sua capacidade de interação com o meio e os outros:

“Nenhuma criança (ou pessoa) é uma esponja passiva que absorve o que lhe é
apresentado. Ao contrário, modelam ativamente seu próprio ambiente e se tornam
agentes de seu processo de crescimento e das forças ambientais que elas mesmas
ajudam a formar. Em síntese, o ambiente e a educação fluem do mundo externo para a
criança e da própria criança para seu mundo.” (ANTUNES, 1998)

Em relação, portanto, ao texto da Missão educativa do Claretiano, temos uma


visão humanista de como deve ser o entendimento do ser humano não só na educação,
mas na vida como um todo. Este termo humanista, na verdade, vem para trazer que o
mais importante de tudo é o ser humano, e entende-se ser humano ao entender sua
relação com Deus, com o outro e com a natureza. Compreender a complexidade destas
relações, dentro de percepções da simplicidade paradoxal que este contexto apresenta, é
o que irá tornar as relações mais harmônicas, culminando em um ser humano mais
valorizado juntamente com a valorização da sua própria vida, entendo-se então, como a
valorização da vida do outro e do próprio ambiente como entidade também viva.

Ao compreender a totalidade do ser humano e ao focar os princípios educativos


nesta vertente, coloca-se em xeque o atual sistema no qual nos encontramos, onde
consumo e produção são as principais importâncias vitais, tornando o ser humano, nada
mais que um número estatístico nesta roda da fortuna incessante, um circulo vicioso que
destrói o entendimento real do que vem a ser a importância da vida, e do próprio ser.

A missão Claretiana, dentro da antropologia Cristã, em nada se difere do que


muitas outras religiões, crenças e filosofias apontam, onde na verdade deseja-se apostar
unicamente no ser humano, como integrante de uma humanidade. O termo “um é tudo e
tudo é um”, muitas vezes utilizado, vem a ilustrar o que deve ser a unidade que
buscamos, onde entendemos que a humanidade, na verdade é sim um coletivo de seres
humanos, mas que também um ser humano é constituído por ele próprio, por sua
espiritualidade, o ambiente em seus diversos patamares de influência e pela humanidade
toda na dimensão social e psicológica do ser. Portanto, a educação em si, nenhuma
importância possui se procurar apenas o acúmulo de conhecimento sem
contextualização e uso para caráter classificatório na competição da vida, devendo
primar pelo interesse na valorização humana em sua totalidade e em sua capacidade de
alterar e melhorar o meio onde vive. Para isso, através da comunicação, das ciências e
das artes deve estimular o auto-conhecimento e a empatia entre iguais em suas
diferenças.

O conceito prático de educação, dentro desta visão antropológica traçada, segue


a essência que Augusto Boal sugere em sua afirmação de que a ciência utilizada pelo
homem é capaz gerar a transformação, e as artes são capazes de transformar os
transformadores, atuando indiretamente sobre estas transformações, porém diretamente
na consciência destes transformadores, que na verdade, somos todos nós. (BOAL, 1993)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1998.

BOAL, Augusto. 200 exercícios e jogos para o ator e o não–ator com vontade de
dizer algo através do teatro. 11ªEd. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.

You might also like