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PROJETO IGUATÚ

Redesenhando a Gestão dos Recursos


Hídricos na Agricultura Familiar através
da Agroecologia

AOPA – CCA – COOPERAFLORESTA – FETRAF

BOLETIM TÉCNICO

Privada seca composteira

O que é uma Privada seca composteira?


É uma privada aonde fezes e urina, que são ricas em nitrogênio, vão cair em
caixas, aonde são misturadas com pó de serra, capim picado, casca de arroz ou
outro material rico em carbono. Como em qualquer compostagem é importante
equilibrar a mistura de carbono e nitrogênio para o bom aproveitamento dos adubos
e para que o composto não cheire mal. Isto também acontece quando forrarmos
chiqueiros ou currais com capim picado, formando uma cama higiênica, sem mau
cheiro e que acaba virando um excelente composto.
As privadas composteiras são arejadas por uma corrente de ar que entra
embaixo e é puxado para cima por uma chaminé que é pintada de preto para que a
cor preta transforme a luz do sol em calor. O sol esquenta a chaminé, aquecendo o
ar que está dentro dela, o ar quando quente sobe e chupa o ar frio que passa por
dentro do composto retirando o resto de mau cheiro que possa existir na
composteira. Isto areja o composto (de modo parecido ao que acontece quando
reviramos uma pilha de composto). Isto favorece a vida dos tipos de micróbios que
vivem em lugares arejados. Estes micróbios digerem os compostos de uma maneira
que faz com que eles cheirem bem e se tornem excelentes adubos. O aquecimento
mata os micróbios e vermes que nos causam doenças. Por isto não há perigo de
contaminação ao se manejar o composto que poderia ser aproveitado em qualquer
lavoura, mas sendo ainda mais cuidadosos, pode ser usado para adubar árvores.
Na natureza as fezes de todos os animais viram alimento ou adubo e assim
o aproveitamento dos alimentos é total, não gerando lixo ou poluição. Na natureza
as fezes fazem parte de um ciclo que mantém tudo funcionando perfeitamente.
Quando colocamos água limpa nas fezes quebramos o ciclo natural e criamos um
problema. Os esgotos são a causa de grande parte das doenças que atacam a
humanidade além de causarem grave poluição que prejudica a vida dos rios. Para
tratar os esgotos se gasta muita energia e dinheiro e nem sempre os resultados são
perfeitos. Compostar e reaproveitar nossas fezes é maneira mais natural e ecológica
de lidar com elas, que continuam a ser como na natureza, solução ao invés de
problema.
Compostar as fezes torna-se cada dia mais importante, à medida que
aumenta a falta de água potável para a humanidade. Diversos povos, principalmente
orientais não misturavam fezes com água potável. Os escandinavos, países
considerados grande de desenvolvimento humano já começam a adotar a solução.
Vários outros países como o México e a Austrália tem feito um sério esforço em
popularizar o sistema de compostar as fezes humanas.
O modelo usado pelo Projeto Iguatu na Cooperafloresta
Foram construídos 16 privadas composteiras sobre a orientação do agricultor
Gilmar Batista de Souza, que atuou como agente multiplicador do Projeto Iguatu
junto à Cooperafloresta. Ele aprendeu esta técnica em cursos sobre bioconstrução e
em curso de Permacultura realizado no IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas
do Cerrado, localizado em Pirenópolis-GO.

Detalhando o modelo que usamos?

A opção por este modelo que detalharemos a seguir


levou em conta a facilidade, baixo custo de construção
e seu bom funcionamento.
Este modelo é composto por 2 caixas que recebem os
dejetos.

O piso das caixas tem uma inclinação de 30 graus com


o chão, na parte em que se situa abaixo da posição
aonde ficaremos assentados. Esta inclinação é para
facilitar que as fezes e o pó de serra escorram para a
parte traseira da caixa. Na parte de trás, o piso é plano.

O passo a passo da construção?

Primeira etapa: Construir as 13 placas desenhadas abaixo


0,5 m 1,4 m
0,15 m
0,52 m
0,5 m
30 º Placa nº1
0,7 m

3 Placas nº 3
1,4 m
0,7 m
30º
Placa nº 2 0,55 m
0,5 m
1,4 m

Placa nº 4
0,7 m
1,4 m
0,67 m

0,52 m
Placa nº 7
0,5 m
Placa n º 5

0,7 m 0,7 m

Placa nº 6
0,5 m Placa nº 8
0,7 m

0,7 m

Para construir as placas:


A) Nivelar um terreno de uns 4 metros por 4 metros para fazer as placas

B) forramos o chão com uma lona plástica (pode ser aquela preta que
custa mais barato)

C) Preparar argamassa com: 1,5 sacos de cimento, 3 carrinhos de mão


bem cheios de areia e água até a argamassa ficar em um ponto firme.

D) Utilizando ripas de 3 cm de espessura. Duas 2 ripas com 1,4 metros


de comprimento (ou maior) e 7 ripas com 70 cm de comprimento são
suficientes para construir todas as placas. Para isto respeitamos as
medidas e deixamos a sobra das ripas de acordo com o seguinte
esquema.

Apenas encostamos as ripas para que seja fácil utilizar as mesmas ripas
para fazer as outras placas.

E) Colocar uma camada de argamassa de aproximadamente a metade


da espessura da forma. Colocar por cima da primeira camada o
sombrite ou sacos de batata ou telinha contra mosquito exatamente na
medida da forma (sobras dificultam o passo seguinte) Depois completar
com o resto da massa alisando com colher de pedreiro. As placas são
um sanduíche de argamassa com recheio de sombrite (que faz o papel
das ferragens)
Esperar secar por 5 minutos para retirar as ripas que serão usadas para
armar a próxima forma
Deixar as placas secarem na sombra por uma semana, molhando uma
vez por dia (cura).

Segunda etapa: Montagem da privada seca composteira

Primeiro temos que preparar o terreno no lugar aonde vamos assentar


as placas que compõem o fundo das privadas. Se o terreno for inclinado
e for possível deixar o chão debaixo da parte dianteira da privada como
uma descida com 30 graus de inclinação com a horizontal será mais
fácil assentar o piso. Caso contrário teremos que calçar a placa

Para unirmos uma placa na outra fazemos primeiro 2 furinhos com


prego ou furadeira elétrica perto de cada lado da placa que vai ser unida
e damos 2 pontos de costura com o arame.
A montagem das placas passo a passo:

Primeiro Passo:
Assentamos o fundo da parte de trás das privadas (placa 1).
Depois assentamos o fundo da parte da frente, que recebe os dejetos
(placa 2). Esta pode ser assentada com mais facilidade em terreno
inclinado, quando o banheiro está em local plano, temos que calçar a
placa 2 de maneira a obter a inclinação de 30 graus com o chão e unir
com arame os dois lados de 1,40 metros de comprimento.

Segundo passo:
Assentamos as duas placas nº 3 que comporão as laterais das caixas
coletoras unindo com arame seu lado A com o fundo inclinado da parte
da frente e seu lado B com o fundo plano da parte de trás da privada.

Terceiro Passo:
Assentamos a placa Nº4 (Frente das privadas), unindo seu lado de 70
cm de comprimento aos lados g da placa nº 3 e seu lado de 1,4 metros
ao fundo inclinado.

Quarto passo:
Assentamos a divisória entre as privadas (terceira placa nº 3)
Neste ponto já teremos as laterais, os fundos e a frente montados
passamos então argamassa (2 de areia par 1 de cimento) por dentro e
por fora colando as placas e resultando num conjunto firme depois de
deixar secar por cerca de meia hora.
A partir deste ponto, toda vez que assentarmos uma nova placa,
usamos argamassa para colar a nova placa as demais.

Quinto Passo
Assentamos as duas placas nº 5(que dividem pelo alto cada uma das
privadas, impedindo que o ar
que o ar suba para a chaminé
sem passar por dentro do
composto.
Esta placa é portanto colada
entre duas placas nº 3 (uma
lateral da privada e uma
divisória). Seu lado de 50 cm é
colado ao lado E (15 cm) das
placa nº 3 (e seu prolongamento
dentro da chapa), formando uma
paredinha vertical suspensa do chão. Para facilitar o serviço é bom
escorara-la nesta posição com tijolos conforme se vê na foto ao lado.
Outro detalhe é cuidar para que o recorte circular (por onde saíra a
chaminé fique na parte superior.

Sexto Passo:
Assentamos as duas placas nº 6
(assentos do vaso sanitário)
unindo os lados f de uma placa nº
3 lateral e divisória com os lados
de 50 cm da placa nº 6.

Sétimo passo:

Assentamos a tampa superior que fica sobre o fundo na parte de trás


(placa 7) unindo os lados das três placa nº 3 com o lado de 52
centímetros da placa nº 6, o que acaba sobrando uma beiradinha para
encaixar as tampas laterais traseiras.

Oitavo passo:

Assentamos as duas placas que


comporão a lateral traseira (placas nº
8). Estas placas servirão como portas
por onde retiraremos o composto
depois que ficar curtindo fechado até
o enchimento da outra caixa coletora.
Devemos colocar pouca argamassa
ao assentarmos estas placas, para facilitar sua remoção na hora de
retirar o composto.
No lugar destas placas poderemos assentar portas de correr ou com
dobradiças para facilitar a remoção do composto, No entanto, retirar as
placas com auxilio de um pontalete e depois reassentá-las usando um
pouquinho de argamassa nos parece mais simples do que fazer as
portas e veda-las com perfeição.

Nono Passo:
Instalamos a chaminé.

Como usar as privadas?


Na hora da descarga ao invés de água, joga-se duas mãos cheias de pó de serra ou
outro material rico em carbono. Quando uma caixa fica cheia é fechada para que o
composto acabe de ficar pronto durante quatro a seis meses em que a outra caixa
está em uso.
Quando a segunda caixa enche, usamos martelo e pontalete, despregamos a placa
nº 8 da primeira caixa. Retiramos o composto e o usamos para adubar árvores.
Recolocamos a placa nº 8 no lugar, colamos com argamassa feita com duas parte
de areia e uma de cimento, fechamos a outra caixa e voltamos a utilizar a primeira.

DIMENSIONAMENTO:
Este modelo esta dimensionado para o uso diário de uma família com 5 pessoas..
Se as privadas forem muito utilizadas e se encherem mais rápido que 3 meses, o
tempo pode ser curto demais para que o composto fique pronto na hora em que for
necessário retira-lo para volta a utilizar a caixa. Por isto podemos usar o mesmo
modelo, mas teremos que aumentar a altura das caixas.

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