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Abstract – The establishment of equilibrium between water existence and water needs into a
hydrographic basin is a significant action to promote a correct water resources management. Quality
and quantity data of streams is very scarce and so many times uncertain, into small catchments
mainly. This work tries to initiate a discussion about application of simplified methods of
hydrologic information transference, trying to establish a comparison of results obtained by three
methods: specific rate runoff, regionalization equations and a third technique, at work, that uses
rainfall-runoff coefficient like regional parameter.
1
Departamento de Recursos Hídricos - Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul - Rua Carlos
Chagas 55 - Sala 1109. Centro. CEP 90.030-020. Porto Alegre – RS - Tel: 51 3288 8146. fax: 51 3288 8145.
e-mail: sidneiga@sema.rs.gov.br
2
Fundação Universidade Federal do Rio Grande – Departamento de Física - Setor de Hidráulica e Hidrologia - Caixa
postal 474 – Av. Itália S/N, km 8. CEP: 96.201-900. Rio Grande – RS - Tel: 53 233 6623. Fax: 53 233 6652.
e-mail: caramori@einstein.sf.dfis.furg.br
3
Instituto de Pesquisas Hidráulicas - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Av. Bento Gonçalves 9500,
Agronomia – Caixa Postal: 15029. CEP 91501-970. Porto Alegre – RS - Tel: 51 3316 7511. fax : 51 3316 7292.
e-mail: marllus@ppgiph.ufrgs.br
4
Departamento de Esgotos Pluviais - Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Rua Gen. Lima e Silva 972, Cidade Baixa,
CEP 90050-102 Porto Alegre – RS - Tel: 51 3289 2275. fax : 51 3218 0021 e-mail: marcus@dep.prefpoa.com.br
Uma metodologia bastante utilizada para a determinação da vazão em um local sem dados
supõe que a proporcionalidade linear entre as áreas é obedecida pela vazão, ou em outras palavras,
toma-se a vazão específica de um local mais próximo com dados e multiplica-se esta vazão
específica pela área do local sem dados.
onde q é a vazão específica l/(s . km2), Qm é a vazão média de longo período em m3/s e A é a área
da bacia em km2.
Esta variável apresenta pequena variação numa região quando as isoietas de precipitação têm
pequeno gradiente espacial, admitindo-se os outros condicionantes uniformes. Com valores de
variação de precipitação na faixa de 10%, o erro não é muito significativo (Tucci, 2002).
Por exemplo, observando a Figura 1, pretende-se obter a vazão Q4 na bacia B4, que é sub-
bacia da bacia B1. A bacia B3 também é sub-bacia da bacia B1 e tem área da mesma ordem da
bacia B4. Como mostrado, há dados medidos na bacia B3, na bacia B2 e na bacia B1. Dentre as
bacias próximas de B4, a bacia B3 seria escolhida por ter uma área A3 de valor próximo de sua área
A4. Assim, ter-se-ia Q4 = (A4/A3) . Q3, que é o mesmo de se fazer q3 = Q3/A3 e Q4 = q3 . A4.
Legenda
B1
Vazão de interesse medida
B4
B2
Bi Bacia i
B3
No caso de não haver este critério da mesma ordem de grandeza, o que muitas vezes é o que
ocorre no caso de bacias pequenas (dezenas ou algumas centenas de km2) pela falta de dados,
podem-se determinar as razões q1 = Q1/A1, q2 = Q2/A2, q3 e q4 = Q4/A4, fazer a média
ponderada ou aritmética e multiplicá-la por A4. Segundo Tucci (2002), quando há grande diferença
entre as áreas de drenagem das bacias, o erro pode ser significativo, principalmente para bacias com
Os volumes precipitados e escoados são determinados através das seguintes equações (3) e
(4), utilizando-se como intervalo de tempo o período de um mês:
Para cada uma das estações, é calculado um vetor com os valores dos coeficientes de
escoamento mensais. Os resultados da análise podem ser a média das estações consideradas, e
podem ser avaliados segundo a sazonalidade anual que deve ser coerente com a variabilidade
climática da bacia.
Utilizando-se a série de precipitações médias mensais na bacia sem a informação de vazão, é
possível construir uma série de vazões médias mensais através da multiplicação dos dados de
A vazão média geralmente apresenta muito boa correlação com a área da bacia, através de
uma função de potência (Tucci, 2002). No trabalho de regionalização realizado pelo Instituto de
Pesquisas Hidráulicas e Companhia Estadual de Energia Elétrica, a vazão Qlp na maioria das
regiões também levou em conta a precipitação média anual e são recomendadas para A> 300 km2.
(IPH/CEEE, 1991).
A região onde se encontra o rio Carreiro é a região V, bacia do rio Taquari (IPH/CEEE, 1991).
A equação (5) é a seguinte:
A curva exponencial para o trecho entre Q50 e Q95 é a seguinte (equação (8)):
Q = exp(P . a + b) Eq. 8
onde P é a probabilidade, a = - [ln(Q50/Q95)]/0,45 e b = lnQ50 – a . 0,5.
Rio Carreiro
Informações disponíveis
Precipitação
Os dados de precipitação utilizados na geração das séries de vazões e na determinação do
coeficiente de escoamento referem-se às séries de precipitações mensais das estações
pluviométricas listadas na Tabela 2. A Figura 3 ilustra a distribuição das estações ao longo do rio
Carreiro. Os dados foram obtidos no sistema HidroWeb (ANA, 2003).
Coord. de Localização
Código Nome da Estação Município Entidade Latitude Longitude
o o
´ ´´ ´ ´´
1 02851003 Antonio Prado Antonio Prado ANEEL 28 51 12 51 17 01
2 02851005 Casca I Casca CEEE 28 33 00 51 58 00
3 02851008 Ituim (Entre Rios) Vacaria CEEE 28 33 00 51 21 00
4 02851011 Guaporé Guaporé INMET 28 55 00 51 45 00
5 02851026 Segredo Vacaria CEEE 28 46 00 51 22 00
Após o preenchimento de falhas pela média dos demais postos sem falhas e análise de
consistência das precipitações pelo método da dupla massa (Tucci, 1993), foi escolhido o período
homogêneo das séries iniciando em jan/48 e estendendo-se até mai/70. O gráfico da Figura 4 ilustra
os resultados da análise pelo método da dupla massa.
30000
precipitação postos (mm)
25000
20000
15000
10000
5000
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000
média dos postos (mm)
As precipitações médias nas bacias onde se trabalhou com a série de vazões ou os coeficientes
de escoamento foram determinadas utilizando-se uma ponderação pelo inverso do quadrado da
distância da estação pluviométrica à estação fluviométrica utilizada como referência (Mendes e
Cirilo, 2001). Desta forma a precipitação média em cada mês foi determinada pela equação abaixo.
n
∑ Pi × λi
P = i =1 Eq. 9
n
∑ λi
i =1
Postos Pluviométricos
Fluviométricos 2851003 2851005 2851008 2851011 2851026
Distância (km) 52,6 35,3 56,8 10,1 46
86500000
Peso 3% 7% 3% 83% 4%
Distância (km) 60,9 13,1 49,5 33,4 50,1
86480000
Peso 3% 75% 5% 11% 5%
250
86500000 86480000
200
150
P(mm)
100
50
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
mês
2500
86500000 86480000
2000
1500
P(mm)
1000
500
0
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
Ano
Vazão
Para a caracterização das vazões observadas na bacia do rio Carreiro, têm-se duas estações
fluviométricas, descritas na tabela 6. A figura 3 ilustra a localização das estações em relação à bacia
do rio Carreiro. O período de dados utilizados, em virtude da série de precipitações disponíveis e da
situação das estações utilizadas foi de janeiro de 1948 a maio de 1970 para a estação Passo do
Carreiro (86500000) e de dezembro de 1956 a maio de 1970 para a estação Passo Migliavaca
(86480000). Os dados utilizados referem-se às séries de vazões médias mensais, conforme
observado nas tabelas 7 e 8.
A vazão média de longo período da estação Passo do Carreiro é 37,4m3/s, o que representa
uma vazão específica média de 20,45(l/s)/ha. Já na estação Passo Migliavaca, os valores são da
ordem de 27,1m3/s e 21,68(l/s)/ha.
As curvas de permanência das duas estações em tela são observadas na figura 7 e seus valores
característicos são apresentados na tabela 9. As figuras 8 e 9 ilustram os valores característicos das
séries e das curvas de permanência, comparando-os. Percebe-se que para o caso da estação
Curvas de Permanência
1000
86500000 86480000
100
Q (m3/s)
10
0,1
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Figura 7 – Curvas de Permanência
1000,0
100,0
Q (m3/s)
10,0
1,0
0,1
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
1000,0
100,0
Q (m3/s)
10,0
1,0
0,1
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Resultados
Séries e Estatísticas (médias e mínimas)
Todas as metodologias utilizadas foram calibradas na estação fluviométrica 86500000, com
área igual a 1829 km2. A escolha desta estação foi feita em função da disponibilidade, relativamente
grande, de informações hidrológicas nesta escala.
Após a calibração das metodologias nesta escala, aplicou-se o resultado da calibração em uma
bacia com área menor: a estação 86480000, com área de drenagem de 1250 km2 e dados de vazão
observados no período de dez/1956 a mai/1970. A série foi gerada para todo o período de
disponibilidade de dados de chuva consistida (jan/1948 a mai/1970).
A figura 10 apresenta os coeficientes de escoamento médios mensais ajustados para a área de
1829 km2. Percebe-se uma coerência entre a variação intra-anual do coeficiente de escoamento e a
variabilidade climática da região. As séries geradas na estação de 1250 km2 são apresentadas na
Figura 11. Os valores de coeficiente de determinação em relação aos dados observados para esta
aplicação são 0,904 e 0,989 para a metodologia do coeficiente de escoamento e da vazão específica,
respectivamente.
Foram, então, calculadas, para as séries observadas e geradas pelas metodologias descritas, as
estatísticas vazão média de longo período (Qlp), vazão média mensal (Qmed) e vazão mínima
média mensal (Qmin). O resultado obtido para estas estatísticas é apresentado na figura 12.
Verifica-se que a metodologia do coeficiente de escoamento apresentou grande sensibilidade à
variação da precipitação (média de 1678 mm para a série de ajuste na estação 86500000 e 1561 para
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
C médio
0.4
0.3
0.2
0.1
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
-0.1
meses
Coeficiente de escoamento médio Limite inferior (ic = 95%) Limite superior (ic = 95%)
2
Bacia 86480000 - Área = 1250 km
160
Obs C. Escoamento Q. especifica
140
120
Vazão (m3/s)
100
80
60
40
20
0
jan/48
jan/49
jan/50
jan/51
jan/52
jan/53
jan/54
jan/55
jan/56
jan/57
jan/58
jan/59
jan/60
jan/61
jan/62
jan/63
jan/64
jan/65
jan/66
jan/67
jan/68
jan/69
jan/70
80
70
60
Vazão (m /s)
50
3
40
30
20
10
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Curva de Permanência
Foram geradas as curvas de permanência com os valores obtidos através da aplicação dos três
métodos, e comparadas com a curva gerada a partir das vazões observadas para a bacia. A curva de
permanência gerada pela curva de Regionalização de vazões se limita ao intervalo de Q50 a Q95%.
Estas são apresentadas na Figura 13. Os coeficientes de correlação entre as curvas geradas e a
observada foram (Tabela 10).
Percebe-se uma correlação maior para o método Q Específica com relação aos demais, e
também, que o valor deste coeficiente é mais alto se é considerada toda a curva, caindo um pouco
no intervalo de interesse. O mesmo ocorre com o método do Coeficiente de Escoamento, só que
com uma queda bem maior. Isto pode ser explicado pelo comportamento quase simétrico que a
curva apresenta com relação à curva observada, havendo uma compensação dos desvios quando
considerada em sua totalidade.
10.0
1.0
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100%
Parâmetro Valor
Q50% (m3/s) 13,925
Q95% (m3/s) 2,307
a -3,995
b 4,631
A Figura 14 mostra os desvios dos pontos gerados pelas três metodologias com relação aos
valores observados. Os resultados obtidos pelo método do coeficiente de escoamento para as curvas
de permanência mostram uma grande dependência com o valor de precipitação considerado, o que
sugere um estudo mais aprofundado sobre a metodologia de distribuição espacial da chuva.
16.0
14.0
12.0
vazão (m3/s)
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
0.0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0
vazão observada (m3/s)
Figura 14 – Desvios das curvas geradas com relação aos valores da curva de permanência observada para o
intervalo de Q50% a Q95%
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O objetivo inicial dos autores ao estudar a metodologia de transferência espacial da
informação hidrológica pelo método do coeficiente de escoamento era aplicá-la a pequenas bacias.
A bacia do rio Carreiro não dispõe de estações de monitoramento de vazões em bacias de pequena
escala, de modo que o estudo se limitou a uma comparação entre as três metodologias aplicadas.
Verificou-se que no método proposto, a consideração da variável hidrológica "precipitação"
altera significativamente os resultados em relação à metodologia da vazão específica e da
regionalização elaborada pelo IPH/CEEE.
Uma vez que a precipitação é uma variável sensível nos resultados de regionalização para
pequenas bacias, a metodologia do coeficiente de escoamento pode apresentar bons resultados na
transferência de informações de médias bacias para pequenas bacias, desde que se faça uma boa
caracterização da precipitação no local de estudos.
Dessa forma, propõe-se que a metodologia seja aplicada a outras bacias, com disponibilidade
de dados para pequenas áreas de modo a uma melhor avaliação da técnica proposta, considerando-
se uma melhor representação espacial da precipitação média mensal.