Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem: desafios na mediação pedagógica

em educação a distância1

Teaching-Learning Virtual Ambients: challenges to pedagogical mediation in

Distance Education

Araci Hack Catapan2

UFSC, SC
Elena Maria Mallmann3
UFSC, SC
Dóris Roncarelli4
UFSC, SC

Resumo
Ambientes Virtuais de Ensino-Aprendizagem (AVEA) são sistemas que integram diversas ferramentas de
comunicação digital, organizadas em uma proposta pedagógica. Este estudo propõe a análise de alguns
aspectos que diferenciam a mediação pedagógica no modo on line. Um AVEA desenvolvido para este
modo de mediação na modalidade EaD comporta elementos organizacionais diferenciados do modo
presencial, especialmente no sentido da organização do tempo e do espaço e dos meios de comunicação.
Uma ação pedagógica mediada por um AVEA contempla situações de aprendizagem que se constituem
por princípios singulares, organização e desenvolvimento específico, autônomo e contínuo.
Palavras-chave: educação a distância, mediação pedagógica, ambiente virtual

Abstract
Teaching-Learning Virtual Ambients (TLVA) are systems that integrate different means of digital
communication for a pedagogical proposal. This study presents an analysis of some aspects that
differentiate pedagogical mediation in the online mode. When a TLVA is developed for this mode of
mediation of Distance Education, it implies different organizational elements from that of the presencial
mode, especially in terms of organization of time and space and in terms of means of communication.
Pedagogical action mediated by TLVA has to do with learning situations defined by principles of
singularity and by specific organization and development, which is autonomous and continuous.
Key-words: Distance Education, pedagogical mediation, virtual ambient.

1. Introdução reconhecer as implicações de um AVEA em

A modalidade EaD – Educação a distância –
mediada por um AVEA – Ambiente Virtual de
Ensino-Aprendizagem – pode contemplar um
processo baseado num movimento fluídico,
dinâmico, transversal e muito criativo. Este
estudo tem por finalidade investigar e
Educação a distância e seus desdobramentos no
processo de mediação pedagógica que se dá em
tempo e espaço pedagógico diverso. Neste
estudo, compreende-se como AVEA um
Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem
organizado com diversas ferramentas de

1
Este texto foi apresentado no CONAHPA – Congresso Nacional de Ambientes Hipermídia para
aprendizagem. Florianópolis: UFSC 2006 (publicação no prelo). http://www.conahpa.ufsc.br/
2
hack@linhalivre.net
3
elena@ced.ufsc.br
4
dóris@ead.ufsc.br

comunicação digital, que possibilita interações
síncronas e assíncronas, com o propósito de
desenvolver um programa ou curso formalmente
instituído e sustentado em determinada proposta
pedagógica. Nesse caso, considera-se mediação
a inter-relação de actantes [agentes humanos e
não-humanos em rede, na perspectiva conceitual
de Latour, que promove uma interação auto-
organizativa.
2. Educação a Distância e Mediação
Pedagógica
Educação a Distância é uma modalidade de
ensino que contempla os mesmos elementos
fundamentais da modalidade presencial:
concepção pedagógica, conteúdo específico,
metodologia e avaliação. Porém, diferencia-se
do presencial pelo modo como se estabelece a
mediação pedagógica. Na modalidade EaD,
normalmente, professores e estudantes estão em
lugares e tempos diversos, e os encontros
presenciais são raros. Conseqüentemente, a
mediação requer inúmeros meios de
comunicação: impressos, informatizados online
ou não, telefone, videoconferência, rádio.
A multiplicidade de condições de comunicação
possibilita compartilhar as atividades com todos
os envolvidos no processo, em tempos e espaços
diversos e contínuos. A mediação pedagógica
pode se estender a um número maior de
estudantes, pois não está centrada somente na
pessoa do professor, mas desdobra-se em
múltiplas situações de aprendizagem.
As interferências pedagógicas estendem-se em
situações contínuas de aprendizagem, mediadas
por diferentes meios de comunicação e dirigida
por uma equipe multiprofissional. O estudante
pode escolher o tempo e o espaço para realizar
seus trabalhos, com exceção dos momentos de
atividade síncronos. Isto quer dizer que nesta
modalidade de ensino os meios de comunicação
e a organização dos materiais têm grande
relevância na potencialidade da mediação
pedagógica.
Sendo assim, a mediação pedagógica em EaD se
desenvolve, geralmente, de modo mais
2
complexo que o convencional. Trata-se de um
processo contínuo, que transcorre em múltiplos
contextos, requer outras formas de linguagem e
outros recursos de comunicação. A mediação
online implica critérios específicos de seleção e
elaboração de materiais didáticos, além de um
sistema de acompanhamento e de avaliação
processual. Examinam-se situações de
aprendizagem que exigem maior flexibilidade e
espontaneidade no fluxo de informações e nos
modos de comunicação.
Em EaD, o movimento da aprendizagem não
depende da interferência imediata do professor,
mas essencialmente de como as situações de
aprendizagem são apresentadas aos estudantes,
e como estes se inserem na mediação,
organizam seus espaços, seus tempos e seus
procedimentos de estudo.
Em conseqüência, as situações de aprendizagem
precisam estar expressas nos materiais
didáticos, de modo acessível, claro, interessante
e passível de apropriação e execução. O
movimento da aprendizagem se efetiva na
interação entre estudantes e o objeto de estudo
[conteúdos], expresso no material didático
impresso ou online. A ação docente se estende,
preponderantemente, nos materiais didáticos
que expressam determinado modelo
pedagógico, o qual se viabiliza com a
participação não só do professor mas de uma
equipe multidisciplinar de profissionais da área
da tecnologia de informação e da educação e
dos materiais e meios de comunicação.
Numa proposta pedagógica na modalidade
EAD, o professor-autor organiza e disponibiliza
as situações de aprendizagem num tempo
didático que é específico, vinculado ao período
de elaboração do material didático. A ação
docente se estende nas diferentes situações de
aprendizagem e é mediada não só pelo professor
mas pelo professor-tutor, por uma equipe de
profissionais multidisciplinar incluindo a área
de informação e comunicação, reunidos em um
AVEA. Na EaD os estudantes se movem num
tempo de aprendizagem diferenciado, sem a
intervenção presencial do professor. O
professor-tutor, por sua vez, motiva e

acompanha os estudantes ao longo da
implementação do curso. A equipe
multidisciplinar distribui, alimenta a rede de
comunicação, dá sustentação para o AVEA.
Nesse sentido, no AVEA a mediação do
processo se concentra nos materiais didáticos
disponibilizados, o que requer uma previsão
diversificada e flexível de conteúdos e
atividades, oferecendo aos estudantes
alternativas de como se inserir na relação
pedagógica.
Dessa forma, a modalidade EaD mediada por
um AVEA pode contemplar um processo de
ensino-aprendizagem baseado num movimento
fluídico, dinâmico, transversal e bastante
criativo.
3. Ambientes Virtuais de Ensino-
Aprendizagem (AVEA): uma rede de
relações e significados
Em sua origem, a arquitetura de uma rede de
computadores não pode ser controlada a partir
de nenhum centro (Warschauer, 2003) e é
constituída por milhares de máquinas com
inúmeras maneiras de conexão, configurando
uma base de comunicação intensa, extensa e
global. Essa rede é apropriada e acessada por
inúmeros indivíduos, de diversos níveis e com
objetivos diferentes.
Com o surgimento da telemática, as diversas
situações de comunicação e de tratamento da
informação atingiram um nível inédito nos
processos de construção do conhecimento.
Enredam-se novas concepções, valores de
tempo e espaço no circuito da comunicação
virtual, configurando o que autores como Lévy
(1993) chamam de ciberespaço.
O saber e o aprender, na fluidez dinâmica da
comunicação digital, adquirem condições de
intensidade criativa diferenciada dos processos
convencionais de transmissão de informações.
O movimento da aprendizagem num AVEA
pode fluir de qualquer um dos pontos e tornar-se
multirreferencial. Isto é, estender-se em
inúmeras conexões, superando os domínios e os
3
guetos convencionais. Qualquer um dos
participantes pode inferir independentemente de
seu nível de conhecimento, do objeto ou da
questão. As inferências podem partir de
qualquer um dos pontos da rede conceitual e
abrir-se para outros nichos, outras áreas, outras
abordagens, estabelecendo uma interlocução
cada vez mais ampla, mais profunda e não-
linear, na espiral ascendente dos saberes. A
apropriação de um saber nessa modalidade
torna-se dinâmica, imprevisível e contínua.
Um AVEA pode dispor de um sistema
hipermídia que contempla todas as formas de
linguagem, as quais permitem disponibilizar
hipertextos, animações, simulações, buscas,
interações síncronas e assíncronas, estudos
individuais e em grupos.
Situações semelhantes ocorrem no modo
presencial, porém em EaD os ambientes virtuais
impõem uma dinâmica de autonomia mais
ampla, tanto para professores como para
estudantes, potencializada pela intensidade do
modo de comunicação digital.
Em um AVEA, por mais que o professor
organize o material numa determinada ordem e
hierarquia, conduzindo objetivamente o
processo de ensino, o movimento da
aprendizagem em rede é singular. Ela se dá em
tempo e espaço diferentes daqueles da
elaboração do material ou da interferência do
professor.
A EaD implica uma dinâmica de mediação bem
mais ampla e diversificada do que a modalidade
presencial. Pode ser potencializada pelo modo
de comunicação digital, contemplando múltiplas
formas de linguagem e interação, como som,
movimento, cor, imagem, oralidade, escrita,
interação síncrona e assíncrona, constituindo
uma ampla rede de aprendizagem.
Um AVEA desenvolvido para a modalidade
EaD e que tenha elementos de um sistema
hipermídia possibilita interações de caráter
multidimensional,congregando simultaneamente
diversos artefatos como internet, webmail,

fórum, portfólio, biblioteca, diários, editores
colaborativos, chats.
A utilização de uma AVEA em EaD pode gerar
processos de ensino-aprendizagem que superam
as formatações tradicionais [lineares e
cartesianas], gerando significações complexas e
rizomáticas (Catapan, 2003). Não se reduz a
alguém que ensina e alguém que aprende, e sim
se estende em rede, em situações em que não se
separam sujeito e objeto de estudo. Sujeito e
situações de aprendizagem se confundem, se
fundem, se auto-organizam e se desenvolvem
autonomamente.
Essa dinâmica estabelece conexões conforme as
significações e os sentidos de cada indivíduo.
Os acontecimentos apresentam suas
singularidades, porém podem ser expressos em
múltiplas linguagens, provocando diferentes
modos de interação.
Muitas experiências já foram realizadas nessa
direção. Por exemplo, para Neves e
Vasconcelos (1999) são quatro princípios
fundamentais que sustentam esse novo processo
de comunicação: multiplicidade, acessibilidade,
conectividade e interatividade.
O conceito de multiplicidade está diretamente
relacionado à possibilidade de utilização
simultânea de diversas linguagens digitais, tais
como sons, textos, imagens e movimentos.
A distribuição do acesso é preocupação
remanescente na literatura e nas políticas
públicas (Takahashi, 2000) que marcam as
últimas décadas. A conectividade trata das
interligações explícitas entre diferentes
sistemas, e a interatividade refere-se ao caráter
aberto destes sistemas, em que usuários podem
interferir nos documentos, recodificando as
informações.
A proposição aqui discutida vai além desses
princípios e acredita-se que se pode ampliar essa
dinâmica, potencializando um cenário ou
situação de aprendizagem que se sustentem nos
princípios de interação, autonomia e
4
cooperação, num processo de mediação
pedagógica sustentada em AVEA.
Valladares (2005) enfatiza que os ambientes
virtuais podem otimizar o objetivo principal do
professor, que é promover a aprendizagem.
Todavia, isto não se dá apenas pela vontade do
professor, mas exige uma organização
pedagógica pertinente. Essa organização requer
a disposição de situações de aprendizagem que
promovam o movimento das competências do
grupo. Todos os envolvidos congregam-se em
ações de concepção, definição, criação,
desenvolvimento, utilização e validação do
material didático a ser disponibilizado e
alimentado no AVEA.
A idéia básica para se conceber um AVEA é a
metáfora de rede. Rede no sentido da não-
linearidade, da conexão multirreferencial. Ou
seja, uma tessitura de sentidos, distribuídos em
diversos nós, que são acionados a cada inserção
de um participante, que se define pela sua
escolha e significado. Os participantes de um
AVEA nem sempre seguem a rotina proposta
por quem planejou os materiais e atividades.
Torna-se então importante que o AVEA
constitua-se em um mapa de navegação aberto e
fluídico, de tal forma que cada um possa tecer a
sua seqüência de ensino-aprendizagem.
As experiências nessa área mostram que a
utilização de um AVEA na EaD facilita
processos de interação que buscam sustentação
nos princípios de autonomia, interação e
cooperação.
A dinâmica e fluidez da comunicação digital,
quando incorporadas ao AVEA, oferecem
suporte não só para envio e recebimento de
mensagens, agendamento de datas e horários,
mas para um efetivo compartilhamento de
informações, participação e realização
simultâneas. A cooperação ou a construção
coletiva de resposta a um determinado desafio,
as discussões de aprofundamento de um tema,
de modo síncrono e assíncrono, o acesso a
bancos de dados, a reflexão contínua e a
possibilidade de registro do desenho dos
raciocínios elaborados possibilitam uma

dinâmica inédita de ressignificação e construção
de conhecimentos. Além do registro contínuo,
em tempo real, do processo cognitivo, um
AVEA proporciona a inúmeros participantes o
acesso em tempo e espaço simultâneos,
superando os limites territoriais temporais do
ensino convencional. As dinâmicas de
comunicação sustentada em todas as formas de
linguagem favorecem diferentes perfis de
aprendizagem, permitindo escolhas e de cursos endereçados a determinada formação,
movimentos singulares. Os envolvidos precisam
acessar, interpretar, fazer escolhas, interagir,
desenvolvendo uma autonomia naturalmente,
que se estende no ciberespaço para além do
AVEA. O ciberespaço comporta todos os tipos
de informação: oficiais, universais, de senso
comum, atendendo aos mais variados interesses.
Mesmo que o AVEA esteja propositalmente
desenvolvido para determinado curso, ele não se
restringe aos espaços educacionais; pelo
contrário, estende este espaço topologicamente
para um mundo de informações mundializadas.
Um AVEA amplia o espaço da aprendizagem
para o mundo da investigação e da
contextualização.
Esta concepção de ensino-aprendizagem em
rede requer a problematização do modo como se
concebe e se organiza o material didático e as
metodologias de interação. O fato toma
relevância especialmente quando se observa que
o plano de fundo do sistema escolar está ainda
bastante engessado pela prática tradicional da
sala de aula presencial. Esta ainda está centrada
em dois modos de informação – a oralidade e a
impressa – e na ausência de um princípio
pedagógico articulador.
Assim, tanto para o processo presencial-atual
como para o presencial-virtual se requer
determinada congruência interna que garanta a
dinâmica do movimento teórico-metodológico
implícita ou explicitamente proposto.
4. Desenvolvimento e utilização de AVEA
Na literatura educacional observa-se que os
resultados das experiências com a utilização de
AVEA, os planejamentos, a implementação e o
acompanhamento das atividades de ensino-
5
aprendizagem estão cada vez mais avançados e
geram a necessidade de construir interfaces
mais amigáveis, espaços para disponibilização
de materiais bibliográficos, reflexões coletivas,
publicação de tarefas, registros. Neste estudo
não se está tratando de qualquer ambiente
virtual de aprendizagem, e sim olhando
objetivamente para os ambientes virtuais
desenvolvidos objetivamente para a realização
com propósito institucional e certificação – por
isso a diferenciação de AVA (Ambiente Virtual
de Aprendizagem) para AVEA.
Essa área é bem recente no âmbito educacional,
e as pesquisas têm tratado a questão de forma
generalizada. Porém, já se têm algumas
investigações interessantes, como as apontadas
por Silva (2004) no Brasil ou por Scardamalia
(2004) no Canadá, ou a coletânea apresentada
por Batista & Dias sobre e-learning na Europa.
Os estudos mencionados acima indicam que
ensinar e aprender utilizando as tecnologias da
informática e comunicação, sobretudo as que
oferecem uma grande variedade de recursos e de
material didático, exige mudanças sensíveis em
todo o sistema de comunicação pedagógica
mediada por computador. As mudanças básicas
referem-se ao modelo pedagógico a ser
implementado, devido à característica dos
ambientes virtuais de aprendizagem, à
tecnologia empregada e à qualidade ergonômica
e pedagógica das interfaces, e à promoção do
modo das interações promovidas.
É importante frisar a característica da mediação
pedagógica a partir de um AVEA, uma vez que
ele congrega múltiplas formas de comunicação,
produção e compartilhamento, mediadas por
equipes de trabalho conectadas síncrona ou
assincronicamente. Nessa perspectiva, é preciso
esclarecer a partir de qual mirante se criam,
utilizam e avaliam os AVEAs.
Os ambientes virtuais desenvolvidos e
caracterizados para processos de ensino-
aprendizagem são contemplados numa estrutura
que tem por base um plano pedagógico de ação
e gestão para uma proposta de educação formal

(Catapan, Mallmann e Roncarelli, 2005). Dessa
forma, é necessário que ofereçam estrutura para
implementar situações de avaliação,
administração, projetos, certificação,
gerenciamento acadêmico, acompanhamento e
monitoramento da aprendizagem, suporte
bibliotecário.
Um AVEA implica uma série de fatores,
atributos e ações conjugadas em torno de um
propósito, de uma intencionalidade
institucional. Como bem se pode concluir a
partir dos apontamentos de Silva (2004), há
sempre um modelo epistemológico, didático,
pedagógico, metodológico, que privilegia
determinados planejamentos, ações,
observações, registros e reflexões. De Bastos e
Mazzardo (2004) e De Bastos e Müller (2005)
destacam e valorizam o papel do professor no
planejamento e na implementação das
atividades didáticas nesses ambientes.
Ampliando essa discussão para mediação
pedagógica em EaD, existem outros
componentes muito presentes que a diferenciam
da modalidade presencial: a) equipe
multidisciplinar que atua com o professor no
planejamento e na preparação do material
didático para cada uma das disciplinas de um
determinado curso; e b) organização do tempo e
espaço das interações.
Peters (2001) chama a atenção para o fato de
que, na modalidade a distância, o professor e os
outros profissionais envolvidos se fazem
presentes através da organização de materiais,
programação e preparação de atividades, não
existindo apenas atividades de aprendizagem,
mas também de ensino.
Santos (2000) apresenta um bom esquema sobre
potencialidades do uso de ferramentas virtuais
no processo de ensino-aprendizagem, em vista
das características pedagógicas que se pretende
priorizar e da especificidade das tarefas
destinadas ao professor e aos estudantes. De
acordo com a autora, as diferentes ferramentas
de suporte para o trabalho nun AVEA alternam
os enfoques pedagógicos instrucionistas e
construtivistas; as tarefas giram em torno do
6
desenvolvimento de conteúdos e meta-
habilidades; o grau de interação não é estável, e
o trabalho cooperativo enfatiza diferentes
atividades de aprendizagem.
Na maioria dos casos, a organização das
ferramentas no AVEA já anuncia as concepções
educacionais e tecnológicas envolvidas. Infere-
se, então, a importância de se avaliar
criteriosamente cada um desses aspectos no
momento do planejamento de materiais
didáticos, projetos e/ou estruturas curriculares
de cursos em EaD.
Além da estrutura tecnológica, existe uma
estrutura pedagógica que fundamenta os papéis,
limites e desafios assumidos pelos usuários,
conforme seu perfil de administrador, de
professores, estudantes e tutores. Um AVEA
cumpre sempre papel de mediador no processo
ensino-aprendizagem, tanto no apoio às
modalidades presenciais, semipresenciais
quanto a distância (Paulsen, 2002).
Independentemente dos princípios orientadores
da construção e utilização do AVEA, percebe-
se, pelos resultados das pesquisas, que as
experiências mais bem-sucedidas são aquelas
que prevêem metodologias e planejamentos com
funcionalidades que requerem atuação
cooperativa e interativa de todos os envolvidos.
O AVEA tem sido boa resposta para garantir
interação entre professores, tutores e estudantes
em EaD, criando espaços privilegiados para o
compartilhamento da ciência e cultura. Calixto e
outros (2005) descrevem os bons indicadores
com experiências de utilização de ferramentas
eletrônicas, como webfolio, blog, webquest.
Para os autores, essas ferramentas constituem
alternativas didáticas dentro dos ambientes
virtuais.
Todos os projetos em EaD trazem como
preocupação a questão do movimento de
aprendizagem, que se dá em virtude do acesso a
determinados conteúdos. O que diferencia os
projetos educacionais são as concepções, as
metodologias, os procedimentos, os recortes
temáticos. Não se localizam no mesmo campo
de saber e possuem metas formativas

diferenciadas. Nesse sentido, requerem
propostas e prioridades singulares, de modo que
os AVEAs potencializem a geração de novas
situações de aprendizagem e variados cenários.
Embora em EaD diversos sejam os caminhos, os
propósitos e também os resultados, é
imprescindível que haja uma coerência interna
entre o que se pretende implementar e alcançar,
ou seja, entre concepções, metodologias,
estratégias, ferramentas e avaliações.
Essa clareza é necessária quando se trata das
potencialidades do AVEA para mediação
pedagógica em EaD. Além da preocupação com
a disponibilização de conteúdos, materiais
didáticos e informações, é imprescindível
investigar de que forma o AVEA garante e
intensifica a dinâmica do ensino-aprendizagem,
tanto de operacionalização dos conceitos
apreendidos quanto de problematização para
próximos estudos.
Avaliar se a ferramenta a ser utilizada está
estruturada adequadamente para potencializar as
tarefas de administradores, professores, tutores e
estudantes, de acordo com as prioridades e
singularidades formativas de cada projeto
escolar, requer seleção de critérios. Esses
critérios de análise sintonizam indicadores nas
áreas da pedagogia, tecnologia, ergonomia e
gestão do conhecimento.
Além do panorama de cunho mais pedagógico
que se refere à organização curricular e dos
materiais didáticos, existem ainda vários outros
elementos que precisam ser levados em
consideração no momento da escolha das
ferramentas de suporte à mediação. Na
especificidade da ciência e tecnologia, mediada
significativamente pela informática, um deles
diz respeito à opção pelas tecnologias livres ou
proprietárias.
A opção pelo software livre se configura como
uma oportunidade de potencializar o diálogo em
torno dos problemas da ciência e tecnologia e
como possibilidade de reorganizar e adaptar um
AVEA às necessidades operacionais dos
projetos educacionais, entre elas as físicas,
7
inclusive de hardware disponível, e
principalmente às pedagógicas.
Por isso, as equipes de trabalho constituídas em
EaD, atuando de forma multidisciplinar e
cooperativa, precisam se preocupar com a
escolha e customização de um ambiente que
permita implementar, de forma sistematizada,
ferramentas de apoio à organização didático-
metodológica do trabalho, tanto para
professores quanto para estudantes. Nesse
sentido, o ambiente virtual se torna um recurso
construído em função de necessidades
decorrentes dos processos de ensino-
aprendizagem.
5. Conclusão
A mediação pedagógica é o que diferencia a
modalidade EaD da modalidade presencial. As
situações de aprendizagem, os materiais
didáticos e os meios de comunicação
caracterizam de forma contundente essa
diferenciação. Uma proposta pedagógica para a
modalidade EaD pode ter um potencial inédito
se mediada por um AVEA.
Um AVEA congrega múltiplas formas de
comunicação, produção e compartilhamento,
mediadas por equipes de trabalho
multiprofissionais, conectadas síncrona ou
assincronicamente. O AVEA sustenta a
mediação no processo de ensino-aprendizagem
a distância.
Desenvolver um Ambiente Virtual de Ensino-
Aprendizagem requer determinada concepção
que explore compartilhadamente todas as
formas de linguagem, e de preferência num
sistema hipermídia.
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