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DIDÁTICA
PÚBLICADO
ENSINO SUPERIOR
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Administração Pública
SUMÁRIO
UNIDADE I
Administração Pública no Brasil
UNIDADE II
O que resta de Novo na Nova Administração
Pública
UNIDADE III
Evolução das Principais Escolas do
Pensamento Administrativo
UNIDADE IV
As Estruturas Organizacionais e seus
Determinantes
REFERÊNCIAS
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Administração Pública
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A o Aluno
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UNIDADE I
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
NO BRASIL
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Administração Pública
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Administração Pública
“...a administração pública refere-se ao quê como cliente dos seus serviços. Os resultados
e ao como do governo. O quê é a sustância, o co- da ação do Estado são considerados bons não
nhecimento técnico de um campo, que habilita o porque os processos administrativos estão sob
administrador a executar a sua tarefa. O como são controle e são seguros, mas porque as neces-
as técnicas de gerencia, os princípios que conduzem sidades do cidadão-cliente estão sendo aten-
os programas ao êxito. Cada um destes elementos didas (PLANO DIRETOR DA REFORMADO
é indispensável; juntos, formam a síntese a que APARELHO DO ESTADO, MP, 1995).
se chama administração...”(DIMOCK E. apud
AMATO MUNOZ, 1962, p. 85); 1.1.1 A abrangência da Administração
“A administração pública no sentido mais Pública
amplo é todo o sistema de governo, todo o conjunto Durante muitos anos considerou-se a
de idéias, atitudes, normas, processos, instituições e Administração como ciência exclusiva à Admi-
outras formas de conduta humana, que determinam: nistração Pública, onde tal conceito se firmou
a) como se distribui e se exerce a autoridade polí- na Itália e depois divulgou-se pela França e foi
tica; b) como se atendem aos interesses públicos. aceito inclusive pelo Brasil. Mas Fayol (1923),
Este é o âmbito da ciência política, esboçada gra- importante por sua obra ao identificar a função
dualmente desde a antigüidade, em longa evolução administrativa, demonstrou no II Congresso
que tem acumulado um acervo de interpretações Internacional de Ciências Administrativas,
bastante rico “(AMATO MUNOZ, 1962, p. 90). em Bruxelas no ano de 1923, que a Ciência
A administração pública “no seu mais da Administração é gênero e que a Adminis-
geral sentido, é empregada para designar o ato ou tração Pública é uma espécie desse gênero
a ação de reger, governar, superintender, gerir ou (MOITINHO,1969).
dirigir negócios ou bens públicos ou particulares. A administração pública deve estar afas-
Destarte, podem-se considerar como sinônimos tada do polémico estudo constitucional e dos
de administração os vocábulos: gerência, gestão, conflitos políticos. A política está presente na
governo, direção, regência, governança, superin- medida em que os métodos administrativos
tendência”. (SILVA apud MORGADO MATTOS, são uma parte da vida social no desempenho
1975, p.63); das atividades públicas. A Política é a atividade
Com a implementação do Plano Diretor do Estado nos grandes temas e universais (é o
da Reformado Aparelho do Estado em 1995 campo do estadista) enquanto que a Adminis-
está sendo adotado o seguinte conceito para tração em assuntos menores e individualizadas
a administração pública: é todo o aparelho do (é o campo do funcionário técnico). Embora a
Estado pré-orientado à realização de seus serviços, política determine as tarefas para a adminis-
visando à satisfação das necessidades coletivas “ tração, as questões administrativas não são as
(INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA GES- questões políticas, pois não se deve permitir
TÃO PÚBLICA, 2001, MP). Esta definição está que ela oriente as repartições públicas no de-
em consonância com a nova relação que deve sempenho de suas atividades (WILSON apud
existir entre o Estado e a sociedade, onde se JAMESON,1962).
vê o cidadão como contribuinte de impostos e Existe uma distinção entre o Direito Públi-
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cação dos órgãos e empresas com alto grau to governamental fundamentado no modelo
de autonomia de contratação nos anos 80, burocrático, introduzido com a criação do De-
trazendo como conseqüência a feudalização da partamento Administrativo do Serviço Público
administração pública por interesses privados. (DASP) em 1936. No segundo período, de 1964
Por último, a administração pública sofreu a 1985, é justificado pela necessidade de maior
o impacto da reforma desorganizada e mal agilidade e flexibilidade para atender às de-
sucedida realizada na era do governo Collor mandas de um Estado desenvolvimentista. O
(ANDRADE1993). terceiro período, iniciado em 1988 e finalizado
A Administração Pública brasileira não em 1988, foi mamado pela demanda da socie-
tem uma visão holística dos seus problemas dade por contenção de gastos governamentais
e evoluiu de forma descontínua do patrimo- e ao mesmo tempo da necessidade em se criar
nialismo para o burocrático, com resultados mecanismos e instrumentos que permitisse
heterogêneos, tornando a questão complexa uma gestão pública eficaz e eficiente. O quarto
e não podendo ser vista de forma planejada. período é caracterizado pela Constituição de
Desta forma, é importante rever os diversos 1988, que após o regime autoritário esmerou-se
processos de Reforma Administrativa no Bra- na abundância de normas visando a assegurar
sil para a compreensão do momento atual da a garantia de direitos dos cidadãos e a imitar
administração pública, que pode ser dividido a amplitude de poderes do Estado, resultando
em cinto períodos distintos, como descrito no na mais administrativa de todas as Constitui-
Quadro 1.1. ções- A última Reforma, iniciada em 1995, visa
O primeiro período que compreende de reorganizar as estruturas da administração
1930 a 1945, com uma extensão até 1963 onde pública com ênfase na qualidade e na pro-
existiram estudos não irnplementados. Houve dutividade do serviço público voltado para o
um esforço de novação e renovação do apara- controle dos resultados.
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O conceito de serviço público possui dois sentidos fundamentais, um subjetivo e outro objetivo. No primeiro,
leva-se em conta os órgãos do Estado responsáveis pela execução das atividades voltadas à coletividade. No
sentido objetivo, o serviço público é a atividade em si, prestada pelo Estado e seus agentes. De forma simples
e objetiva conceitua-se serviço público como ‘toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados,
basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação do necessidades essenciais e secundárias
da coletividade’( (FILHO, J.S.C. Manual de Direito Administrativo Rio de Janeiro: Lumen Jurís, 7ª ed., 2001.
343p.). Nos anos noventa devido a globalização e a conscientização dos indivíduos, o Estado vem dando
importância à proteção do patrimônio público, ou seja da res publica, contra a ambição dos indivíduos e de
grupos economicamente e politicamente poderosos Neste contexto surge um novo conceito das atividades do
Estado onde este deve possuir atividades principais, ou seja, atividades propriamente de governo, que são as
ações de legislar, regular! julgar, policiar, fiscalizar, definir políticas e fomentar (BRESSER PEREIRA, L.C. &
SPINK, P. K. Reforma do Estado e administração pública gerencial. 4 ed., Rio de Janeiro: FGV, 2001. Sl4p.)
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O período da República Velha termina com a Revolução de 30 que implementa a centralização politica-admi-
nistrativa no Brasil (NUNES, E. A Gramática cio Brasil: Clientelismo e lnsulamento Burocrático Rio de Janeiro :
Zahar, 1997). A Nova República foi iniciada com o governo de transição do Presidente José Sarney, em 1985,
e os principais programas de governo foram: Programa de Desenvolvimento da Região Nordeste (com a fina-
lidade de diminuir a as disparidades regionais), Programa Nacional de Desburocratizaçâo (visava simplificar,
humanizar e descentralizar as relações do Estado com a sociedade e buscava o exercício da cidadania) Piano
Cruzado e a Reforma Administrativa MARCELINO, G. F.. Governo, imagem, e sociedade. Brasília: Fundação
Centro de Formação do Servidor Público — FUNCEP, 1985. 175p).
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A política mercantilista4, que predominou esfera pública política, o público feminino tem
até meados do século XVIII, não favorece a uma participação mais forte na esfera pública
empresa estatal e intervêm na economia pri- literária do que os proprietários privados.
vada e, como conseqüência, a relação entre as (HABERMAS, 1984).
autoridades e os súditos acaba redundando na A Figura 3.1 mostra a estrutura básica da
ambivalência da regulamentação pública e da esfera pública burguesa do século XVIII re-
iniciativa privada. presentada pelos setores sociais, onde o setor
A ambivalência da vida privada se expres- público incluía a corte e imitava-se ao poder
sa no burguês que é proprietário de bens e das público. No setor restrito às pessoas privadas
pessoas (dominação patriarcal da família). é distinguindo entre a esfera privada e a esfe-
Esta ambivalência da vida privada também se ra pública. A esfera privada era formada pela
mostra na esfera pública onde o público leitor família no seu espaço íntimo (intelectualidade
(camadas cultas da sociedade) se entendem no burguesa) e também compreendida pela so-
discurso literário como seres humanos sobre ciedade civil burguesa mais restrita, ou seja,
experiências de sua subjetividade formando o setor da troca de mercadorias e do trabalho
à opinião pública, ou então as pessoas priva- social.
das se entendam no discurso político sobre a A esfera pública política provem da esfera
regulamentação de sua esfera privada dando literária, que intermedia através da opinião
origem as leis genéricas e abstratas. Enquanto pública, as necessidades da sociedade com o
as mulheres e dependentes estão excluídos da Estado (HABERMAS, 1984).
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O mercantilismo é a política econômica do capitalismo comercial do século XVI ao século XVIII e tini como obje-
tivo o fortalecimento do Estado e o enriquecimento da burguesia. A prática mercantista compreendia: balança
comercial favorável, protecionismo do Estado, monopólio, incentivo à natalidade uniformização legislativa e
alfandegária do Estado. Houve quatro tipos fundamentais de mercantilismo conforme as condições históricas
de cada Estado que o pôs em prática, que são: o metalista (mais na Espanha e em Portugal), o comercial (na
Inglaterra), o industrial (na França) e o comercial-industrial (nos Países Baixos). (A. ARRUDA, J.J., História
Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora Ática, 1977 471p.)
No século XVIII a burguesia estava cada concepções: “a razão éguia infalível da sabedoria;
vez mais rica e ansiava pelo poder político, o universo é máquina comandada por leis infle-
que não conseguira alcançar na ajuda aos reis xíveis, que o homem não pode deixar de levar em
contra os senhores feudais. Esta se constituiu consideração; a melhor estrutura da sociedade é a
numa classe revolucionária, que nos fins do mais simples e a mais natural; o homem por nature-
período iria levantar-se contra a monarquia za é bom e puro” (TAPAJOS, 1984; p.7). Entre as
absolutista e as classes privilegiadas, nobreza principais obras dos filósofos luministas, pode-
e o alto clero. Para reagir, era preciso que se se citar: a de Montesquieu - “Espírito das Leis”
formasse uma filosofia que conquistasse uma onde se dedica ao estudo de diversas formas de
consciência revolucionária, que foi a obra de governo; a de Voltaire — ‘Cartas Inglesas” que
alguns economistas e filósofos do século XVIII, ataca o absolutismo e a intolerância e elogia a
dentre os principais pode-se citar: Quesnay, liberdade; e a de Rosseau — “Contrato Social
Goumay, Turgot, Adam Smith, John Locke, onde defende a liberdade e a igualdade entre
Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot os homens, preconizando o regime democrá-
(ARRUDA, 1977). Surgiu o movimento Fisio- tico (ARRUDA, 1977, p. 138).
crático liderado por François Quesnay (TA- Os filósofos iluministas e a corte britânica
PAJÓS, 1984), que erguendo-se contra o mer- definem os direitos civis, que no século XIX,
cantilismo acreditava que só a agricultura era foram introduzidos pelo liberais nas Consti-
capaz de produzir riquezas. Este defendia que tuições dos países civilizados. A idéia revo-
a indústria e o comércio apenas aumentavam lucionária consolidou-se no século XIX, entre
essas riquezas, desde que fossem realmente os anos de 1760 a 1848, quando a burguesia
livres, Laissez faire, íaissez passer. Indo além da travou o grande combate contra o sistema
concepção de Quesnay, o inglês Adam Smith político dominante e abriu caminho para o
(TAPAJÓS, 1984), com a sua obra ‘Uma inves- aparecimento dos Estados democráticos.
tigação sobre a natureza e as causas da riqueza Foi a Revolução Industrial6 que permitiu à
das nações’ (1776), tomou-se o pregoeiro do burguesia desenvolver o máximo de suas po-
liberalismo econômico. tencialidades, fixar os seus quadros e possibi-
A idéia de nação se manifesta na filosofia litar o surgimento dos Estados democráticos.
do lluminismot cujos nomes deste movimento O primeiro golpe foi a derrubada gradati-
foram Voltaire, Montesquieu, Jean-Jacques va do absolutismo associada a idéia de Estado,
Rousseau e John Locke (TAPAJÓS, 1984). A que até então era fundamentada no rei como
filosofia do lluminismo tem como principais soberano. Surge a idéia de nação, onde os
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déspotas esclarecidos perceberam que existia Itália, Áustria e Alemanha). O socialismo pas-
o povo que fazia parte de seu patrimônio e de sou de utópico a cientifico com a obra ‘Manifesto
sua riqueza, e por isso, deveria ser cuidado Comunista de Marx e Engels (ARRUOA, 1977),
originando uma concepção paternalista. Essa que pregava a reforma total da sociedade, com
aliança de princípios filosóficos e poder mo- a extinção da propriedade e o estabelecimento
nárquico deu origem a um regime de governo da ditadura do proletariado, através da luta de
típico do século XVIII , o despotismo esclarecido classes e da revolução permanente. Neste perí-
(ARRUDA, 1977). odo, os socialistas definiram os direitos sociais
No inicio do século XIX apareceram os (igualdades sociais) que só foram introduzidos
seguidores da doutrina socialista, que influen- nas Constituições de todos os países na metade
ciou as revoluções de 1848 na Europa (França, do século XX.
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O iluminismo surgiu na França no século XVIII e se caracterizava por procurar uma explicação racional para
todas as coisas. Na França novos princípios surgiram entre os quais podemos citar o de Vauban que propôs
que se adotasse a justiça fiscal e igualdade tributária sobre todos, o pensamento de Fenelon que defendia
a existência de leis que regulassem o funcionamento do reino e as idéias de Pierre Bayle que pregava a
liberdade de pensamento e a tolerância religiosa. (A. ARRUDA, J.J. História Moderna e Contemporânea. São
Paulo: Editora Ática, 1977. 47lp.).
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As mudanças sociais ocorridas na Inglaterra no século XVIII receberam o nome de Revolução Industrial, carac-
terizada pela evolução tecnológica e por uma verdadeira revolução social. A Revolução Industrial, na Inglaterra
determinou a passagem da sociedade rural para a sociedade industrial, a mudança do trabalho artesanal
para o trabalho assalariado e a utilização da energia a vapor em lugar da energia humana. (A. ARRUDA, J.J.
História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora Ática, 1977. 471p.).
Ao lado dessas idéias ganhou terreno o Po- 1.2.1.1.2 Evolução da Administração Pa-
sitivismo7, que essencialmente contrapunha-se trimonialista no Brasil
às idéias socialistas. A política positivista ga- Como o Brasil possui uma marcante he-
nhou seguidores em todos os países chegando rança cultural colonial é importante aqui resu-
ao ponto mais alto a sua influência nos últimos mir as principais características dos padrões
anos do século XIX. estabelecidos dessa época pela metrópole na
Historicamente verificamos que no século nossa cultura administrativa.
XVIII compreendeu-se a importância de prote- Portugal, na primeira fase econômica da
ger o indivíduo contra um Estado oligárquico. monarquia, era patrimonialista e agropatriar-
No século XIX a importância de proteger os cal e, com o desenvolvimento das cidades, do
pobres e os fracos contra os ricos e poderosos, comércio e da economia monetária, passou à
mas somente na segunda metade do século fase do patrimonialismo estamental8, ou seja,
XX a importância de proteger o patrimônio o quadro administrativo se define e se torna
público passou a ser dominante. elemento de dominação da vida política. O
estamento administrativo português ganhou
expressão através dos juristas e dos militares
enobrecidos. No reinado de D. Manuel após
as medidas centralizadoras de D. João II,
configura-se o Estado estamental ou o quadro
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burocrático que durou até o fim do século uma colônia de exploração e não de povoa-
XVIII (AVELLAR, 976). mento. A produção de açúcar para a exporta-
Portugal no século XVI possuía uma estru- ção foi a principal causa de ocupação territorial
tura de poder baseada: 1)no poder absolutista e o primeiro empreendimento empresarial
caracterizado pelo sistema político europeu da no Brasil. Os engenhos de açúcar dependiam
época, que se mantinha através do monopólio de licença do Estado, e a comercialização do
do comércio; 2) e um enorme aparelho estatal, produto na Europa era privilégio da Coroa
ocupado por uma classe economicamente im- portuguesa.
produtiva, formada por uma antiga nobreza Para fazer cumprir essas regras, fazia-se
proveniente do término das guerras contra os necessário uma grande burocracia e as pessoas
mouros e da Espanha (MARTINS, 1997). empregadas na administração colonial eram
Essa estrutura de poder foi totalmente conhecidas como “filhos da folha” que signifi-
transplantada ao Brasil, que era considerada cava vivendo às custas da folha de pagamento
do Estado (MARTINS, 1997).
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O positivismo deve seu nome à doutrina de Comte, onde a razão era capaz de regular tudo e tudo podia explicar
e por outro lado tentava-se aplicar o empirismo aos fatos sociais. A revolução e anarquia são para Comte a
mesma coisa. E necessária a Ordem para que haja o Progresso, o que representa os anseios da burguesia
dominante (TAPAJÓS, V. História Administrativa do Brasil; organização política e administrativa do Império.
Brasília: Fundação Centro de Formação do Servidor Público — FUNCEP, 1984. 380 p.).
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A palavra estamento designa um grupo distinto de uma classe social desejosa de um status através de privilégios
obtidos, onde as relações são reguladas pela tradição, fidelidade feudal ou patrimonial e tolerância (WEBER,
M. Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Editora Atiça, 1991. l65p.).
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Algumas dessas características, exercidas de impor a própria vontade dentro de uma re-
de forma extrema pela administração pública, lação social, mesmo contra qualquer forma de
levou a ineficiência dos seus processos, onde resistência e qualquer que seja o fundamento
o controle passa a ser a garantia do poder do dessa probabilidade” (CHIAVENATO, 1983,
Estado e transforma-se na sua própria razão de p.278).
ser, tendo como conseqüência o Estado voltado A autoridade proporciona o poder e este
para si mesmo perdendo a noção de sua missão conduz a dominação, que é “a probabilidade de
básica, que é servir à sociedade. encontrar obediência a um determinado mandato,
A qualidade fundamental da adminis- podendo fundar-se em diversos motivos de submis-
tração pública burocrática é a efetividade são “(WEBER, 1920).
no controle dos abusos e seus defeitos são: a A dominação requer um aparato admi-
ineficiência, a auto referência, a incapacidade nistrativo, pois necessita de um pessoal ad-
de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos ministrativo para executar as ordens e servir
como clientes. Entretanto, estes defeitos não se como ponto de ligação entre o governante e os
revelaram determinantes na época do surgi- governados. Esta pode depender dos seguintes
mento da administração pública burocrática, fundamentos: de uma gama de interesses van-
porque os serviços do Estado eram muito tajosos daqueles que mandam e em inconve-
reduzidos. O Estado limitava-se a manter-se niências para aqueles que obedecem; do mero
a ordem e administrar a justiça, a garantir os costume e hábito de um comportamento inve-
contratos e a propriedade. terado do dominador que influencia a conduta
Neste ponto verificam-se que a caracte- dos dominados; e nas crenças que legitimam
rística que define o governo nas sociedades o exercício do poder tanto na mente do líder
pré-capitalistas e pré-democráticas era a pri- como dos subordinados.
vatização do Estado, ou a interpermeabilidade Nas relações entre dominados e dominan-
dos patrimônios públicos e privados. tes costuma-se apoiar internamente em bases
Assim, enquanto que a administração do jurídicas, nas quais se institui a sua “legiti-
Estado pré-capitalista era uma administração midade”, e o abalo dessa crença pode trazer
patrimonialista, com o surgimento do capita- instabilidade. Weber (1920) aponta três tipos
lismo e da democracia emerge a administração de dominação (autoridade): dominação tra-
burocrática como instrumento de combater o dicional, dominação carismática e dominação
nepotismo e a corrupção, estabelecendo um legal ou burocrática.
serviço público profissional e um sistema ad- Na dominação tradicional, típica da socie-
ministrativo impessoal. dade patriarcal, os subordinados aceitam as
Segundo Weber, para cada tipo de socieda- ordens dos superiores como justificadas, por-
de existe um tipo de autoridade, que “significa que essa sempre foi a maneira tradicional de
a probabilidade de que um comando ou ordem agir ou de fazer uma tarefa. Os funcionários
especifica seja obedecido”. A autoridade repre- são dependentes economicamente do senhor
senta o poder institucionalizado e oficializado, feudal e geralmente são: parentes, favoritos,
pois o poder é definido como a probabilidade empregados, etc..
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A mudança administrativa na esfera públi- Cabe aqui explorar um pouco mais as dis-
ca foi facilitada e acelerada por uma convergên- torções do modelo burocrático e que tem como
cia de inovação tecnológica e orientação para resposta a administração gerencial.
custos (PETTIGREW, 1996X sendo iniciada no Para Weber (1920) a burocracia conduz
início dos anos 90 em diversos países (EUA, a organização a conseqüências previstas ou
Inglaterra, França, Nova Zelândia, Canadá, desejadas de sua funcionalidade e com o obje-
etc.) e inclusive no Brasil. Neste novo contex- tivo de obter à máxima eficiência, mas Merton
to, o modelo burocrático começou apresentar (1967) notou também as conseqüências impre-
problemas devido ao excesso de controle e vistas ou indesejadas e que levam à ineficiência
de disciplina, que tornaram a administração e às imperfeições (MERTON apud ETZIONE,
presa a uma racionalidade técnica e processual 1967, p.60).
pouco adequada em termos de resultados. A A estas conseqüências imprevistas Merton
estrutura hierárquica mostrou-se ineficiente deu o nome de disfunções da burocracia, para
por sua rigidez e sua verticalidade e a ética da designar as anomalias de funcionamento res-
obediência eliminou a criatividade. ponsáveis pelo sentido pejorativo que o termo
Na prática verifica-se que a autonomia burocracia adquiriu junto a sociedade. O Qua-
reduzida levou à ausência de responsabilidade dro 3.3 ilustra de maneira simplificada a previ-
por parte dos servidores. Conseqüentemente sibilidade e as disfunções da burocracia.
os serviços públicos mostraram-se ineficientes
ou de má qualidade, já que o modelo burocrá-
tico não privilegia a obtenção de resultados,
mas apenas o cumprimento das normas e a
obediência às ordens hierárquicas.
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A burocracia é uma organização na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência téc-
nica e não em preferências pessoais. (CHIAVENATO, 1. Introdução à teoria geral da administração. 3 ed.,
São Pauto: Mc Graw-Hill, 1983. 617 p.)
PREVISIBILIDADE DO DISFUNÇÕES DO
FUNCIONAMENTO FUNCIONAMENTO
SEGUNDO MAX WEBER (1920) SEGUNDO ROBERT K. MERTON (1967)
Fonte: CHIAVENATO, 1. Introdução à teoria gera/da administração. 3 ed., São Paulo Mc Graw-
Hill, 1983. P 290-294.
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A burocracia enfoca os processos, sem considerar a alta ineficiência envolvida num controle rígido, por acre-
ditar que esta seja a forma mais segura de evitar o nepotismo e a corrupção. Os controles são preventivos e
são a priori Também se tem como paradigma que punir os desvios é sempre mais difícil ou impossível e por
isso se prefere prevenir. Uma vez que sua ação não tem objetivos claros, definir indicadores de desempenho
para as agências estatais é tarefa extremamente difícil e não se tem outra alternativa senão controlar os
procedimentos.
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Rent-seeking, cuja tradução literal quer dizer busca de rendas, é definido como a atividade de indivíduos e
grupos de buscar “rendas” extra-mercado para si próprio através do controle do Estado. Tem origem na teoria
econômica neoclássica, onde um dos sentidos da palavra ‘rent” é exatamente o ganho que não tem origem
nem no trabalho, nem no capital. Corresponde ao conceito de “privatização do Estado” que os brasileiros
vêm usando. O conceito de “privatização do Estado” ou de “privatização do patrimônio público” consiste na
venda regular de um patrimônio que a sociedade conclua que deva pertencer a entidades privadas, e não a
entidades públicas. (BRESSER PEREIRA, 1996, p.19)
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O Bem Estar Social se constitui em uma série de satisfações físicas, intelectuais, afetivas, espirituais e morais
que podem ser proporcionadas ao homem, mediante seu próprio esforço e o esforço dos demais. Esse bem
estar, uma vez co-participado é o bem comum, o fator ou os fatores de bem estar podem nâo ser comuns e
geralmente não o são, porém os resultantes devem ser universais e reconhecidos por todos os homens e por
eLes aceitos com satisfação (CASTOR et aI., 1987, p.95).
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O neoliberalismo clássico é a ideologia burguesa e aproxima-se do laissez faire, mas não pode ser confundido
com o liberalismo. É a ideologia que prega a menor intervenção do Estado na economia e defende que o
desenvolvimento deve ser realizado pela classe capitalista. É também uma ideologia colonialista uma vez que
propõe para os países subdesenvolvidos um desenvolvimento sustentado na ajuda estrangeira. Esta apoia a
ordem democrática, as liberdades individuais e o sistema representativo, mas os seus
defensores estão sempre dispostos a abandonar ou limitar essas idéias quando vêem que o próprio sistema
está em jogo, como ocorreu em 1964. (BRESSER PEREIRA, L. O. Desenvolvimento e Crise no Brasil, São
Paulo, Editora Brasiliense, 1972, p 199).
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A palavra publicização foi criada pelo governo para distinguir a propriedade pública não estatal da propriedade
pública e da privada. A publicização pressupõe a extinção de órgãos ou entidades estatais e subsequente
absorção de suas atividades por Organizações Sociais. O processo de publicização visa assegurar o caráter
público e o direito privado da nova entidade, assegurando-lhes, assim, uma autonomia administrativa e finan-
ceira maior. As Organizações Sociais são organizações públicas não-estatais, mais
especificamente fundações de direito privado que celebram contrato de gestão com o Poder Executivo com
aprovação do Poder Legislativo, ganhando o direito de fazer parte do orçamento público federal, estadual ou
municipal. (PETRUCCI, V. & SCHWARTZ, L, Administração Pública Gerencial: a reforma de 1995: ensaios
sobre a reforma administrativa brasileira no limiar do século) CC, Brasilia, ENAP, 1999, p. 46-48.)
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A privatização consiste em transferir para o setor privado a produção de bens e serviços, com base no pressu-
posto de que as empresas serão mais eficientes se controladas pelo mercado e administradas privadamente,
cabendo ao Estado um papel regulador e transformador de recursos e não de execução.(BRASIL, Ministério
da Administração Federal e Reforma do Estado. PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E QUALIDADE DOS
MINISTÉRIOS, Caderno 12, Brasília, DE MARE, 1998, p.15.)
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A tradução do termo Accountabity seria responsabilidade, mas trata-se da obrigação
dos funcionários em prestar contas, até mesmo qualitativamente, a qualquer momento.
A responsabilidade é o reverso positivo da Accountabity, a inclinação espontânea de
atingir os resultados e deles prestar contas (TROSA, 5. Gestão pública por resultados:
quando o Estado se compromete. Rio de Janeiro : Revan, Brasília, DF: ENAP, 2001.
p.314).
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METODOLOGIA DE CASOS:
APRENDENDO COM A REALIDADE
“A administração pública no sentido mais amplo é todo o sistema de governo, todo o conjunto de idéias,
atitudes, normas, processos, instituições e outras formas de conduta humana, que determinam: a) como
se distribui e se exerce a autoridade política; b) como se atendem aos interesses públicos. Este é o âmbito
da ciência política, esboçada gradualmente desde a antigüidade, em longa evolução que tem acumulado
um acervo de interpretações bastante rico “(AMATO MUNOZ, 1962, p. 90).
1. Operação Satiagraha
Grupo Opportunity critica Satiagraha e questiona provas de suborno
Protógenes diz que vazamento de informações é “falácia”
Justiça acata denúncia contra Protógenes por violação de sigilo e fraude processual
3. A Justiça Federal em São Paulo ouve nesta terça-feira mais quatro testemunhas de defesa
dos réus do mensalão --suposto esquema de compra de votos de parlamentares da base aliada. Ao
todo, são 96 testemunhas que serão ouvidas em audiências programadas até 5 de junho/2009.
Entendendo administração em seu sentido amplo, como responsável pelas ações que atendam
aos interesses públicos, qual seria a obrigatória e ética atuação do governo nessas e em várias
questões envolvendo irregularidades?
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