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Meio. .ambiente

o seguro e os efeitos da poluição


ALBERTOSALINO
processo de industrialização reta ou indiretamente, de prejudicar ência de que 1140existe recurso natu-

O no Brasil fabricou uma das ci-


dades mais poluídas do mun-
a saúde, segurança e o bem-estar da
população, ou de ocasionar danos re-
ral inesgotável. Há pouco tempo, em
Pemambuco, embora sem sucesso,
do, Cubatão, situada na Baixada San- levantes à flora, fauna e outros recur- Jembra ::avarro, a população local
tista, a 55 quilômetros de São Paulo. sos naturais renováveis. É justamente mobilizou-se, com o apoio da im-
Ali, 54% das crianças na faixa de seis tudo que acontece em Cubatão. Lá: prensa para impedir que as autorida-
anos de idade já apresentam redução inclusive, a Serra do Mar ameaça de- des permitissem que as grandes usi-
em sua atividade pulmonar, que vai sabar e soterrar a cidade ~ produtoras de açúcar e álcool
de casos leves, reversíveis, a lesões No Brasil. acostumado a ~~ .ançassem seus efluentes nocivos nos
mais severas, que após os sete anos sem grandes sobressalt~ :mensas n- pequenos rios da região, alegando,
tornam-se irreversíveis. A situação é quezas espalhadas em 85 :::l..hõe.ide enfaticamente, que os danos ecoló-
séria e foi constatada por estudos re- quilômetros quadrados de temtóno gicos seriam ml"nimos,quase despre-
centemente concluídos por três pes- jamais se pensou, ao ~ongode mais de z:"-:-ms.
Nesse processo, segundo ele, as
quisadores da Faculdade de Higiene quatro séculos, que tais riquezas de- a..tondades ainda esquecem que foi a
e Saúde Pública da Universidade de vessem ser preservadas. Entretanto partir desses "danos mínimos" que,
São Paulo. nos últimos anos, verifica-se que a hoje há os exemplos gritantes, en-
A grande desculpa sempre apre- população começou a tomar consei- tre outros, de áreas poluídas como os
sentada para justificar a existência da o
poluição é a de que para a obtenção .Q
o
do progressotecnológico e industrial, (;
o
bem como para gerar-senovos empre-
gos, com a implantação de empreen-
dimentos industriais e com isso de-
senvolver regiões, todos os processos
são válidos inclusive a mutilação e
transfiguração do meio ambiente. É o
que pensa o engenheiro civil, Antô-
nio Navarro, da Nacional de Seguros.
Com vários cursos de especialização
em Segurança Industrial e Proteção
de Instalações, Navarro observa que o
Decreto-Lei 1.413, de 14 de agosto
de 1975, dispondo sobre o controle
do meio ambiente, cita a poluição in-
dustrial como qualquer alteração das
propriedades do meio ambiente, se.
ja física, química ou biológica, cau- 1

sada por qualquer processo, ou com- !


binação de elementos despejados pe-
las indústrias, em níveis capazes, di- A SS km de São Paulo, uma das cidades mais poluídas do mundo: Cubatão
16 REVISTA DE SEGUROS

J
1877 já poderia se chamar a Cubatão
dos britânicos, voltou a ser uma re-
gião habitável, através de um lento
trabalho de transformação, integrado
pelo Estado e a iniciativa privada,
que absorveu recursos da ordem de
30 milhões de libras esterlinas. É
também na Inglaterra, assinala o
técnico, que o rio Tâmisa foi comple-
tamente despoluído, após árdua luta
de conscientização iniciada em 1833
e aplicações de 200 milhões de libras.
Nesses dois exemplos, ~a ele,
pode-se vemicar que a conscientiza-
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ção da população e a injeção de re-


I cursos financeiros estão intimamente
ligadasem defesa do ambiente.
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epreciso combater hábitos predatórios e a industrialização a qualquer preço
rios Paralba do Sul e Tietê, além do receber tratamento adequado antes
Vale de Cubatão. de serem lançados no meio exterior.
A defesa da questão ambiental, Não há dúvida de que é perfeita-
mesmo que, a princípio, possa pare- mente possível conciliar o desenvol-
cer o contrário, não significao veto à vimento com uma política de prote.
.. instalação de indústrias ou de com- ção ao meio ambiente, que inclusive
plexos industriais. Trata-se sim, diz trate da recuperação de zonas poluí-
Navarro, de combiter hábitos preda- das e em fase de contaminação, co-
tórios e a industrialização a qualquer mo alguns rios de Mato Grosso e Pará
preço, com projetos inadequados. que estão sendo atingidos pelo mer-
Ninguém desconhece, prossegue o es- cúrio utilizado pelos garimpeiros na
pecialista, que uma indústria, para extração do ouro. Para ilustrar essa
produzir, é alimentada com matéria. possibilidade. Antonio Navarro con-
prima e, em qualquer fase do proces- ta exemplos existentes em outros
so industrial, é normal e esperado o países. como na Inglaterra onde o
surgimento de efluentes sólidos, lí- Vale de Swansea em Gales, a 240
quidos ou gasosos, mas que precisam quilômetros de Londres que em
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