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FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JÚNIOR

A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO


NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Universidade Salgado de Oliveira


Curso de Bacharelado em Engenharia Civil

São Gonçalo, 15 de novembro de 2016.


FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JÚNIOR

A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO


NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Projeto de pesquisa de elaboração da


Monografia apresentado à Universidade
Salgado de Oliveira para a conclusão do
curso de Engenharia Civil.

Orientadora: Profa. Dra. Renata Jogaib Mainier

Universidade Salgado de Oliveira


Curso de Bacharelado em Engenharia Civil
FRANCISCO VIANA DE MESQUITA JÚNIOR

A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO


NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Salgado de Oliveira como


parte dos requisitos para conclusão do curso.

Aprovada em de Dezembro de 2016


Banca Examinadora:

______________________________________________________
Examinador(a)

______________________________________________________
Examinador(a)

______________________________________________________
Profa. Dra. Renata Jogaib Mainier, Professor Orientadora
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Jesus Cristo, por ter me dado dons e tudo mais o suficiente
para que eu pudesse chegar a este estágio. Sei que ―tudo posso naquele que me
fortalece‖.
Aos meus familiares, a quem devo parte do que tenho e do que sou, agradeço
a dedicação e amor recebidos sempre.
À minha amada esposa Tatiane, meu Filho Gustavo e minha Mãe Maria José,
pelo apoio, compreensão nos momentos de ausência, atenção e amor, elementos
essenciais à minha (nossa) realização pessoal.
À Profa. Dra. Renata Jogaib Mainier, minha orientadora, pela oportunidade,
orientação, incentivo e apoio.
Ao Prof. Ms Amauri Figueira pela força, orientação, incentivo e apoio.
A todos meus Professores, em especial, Professores Sirlei dos Anjos e
Marllon Nogueira que não mediram esforços em apoiar e passar seus
conhecimentos para a realização desta conquista.
A todos meus amigos de profissão, em especial, Valmar Fernandes Melro, e
Eduardo Henrique Rezende pela paciência e compreensão na ausência profissional.
Ao também amigo de profissão Marcos Porto Viana por ter acreditado e
incentivado em muitos momentos de minha vida.
Aos meus irmãos Jonathan e Joana pelo incentivo e companheirismo.
Enfim, aos amigos, colegas de turma e a todos aqueles que colaboram direta
ou indiretamente para que chegasse a este trabalho.
Àqueles que acreditaram em mim, muito obrigado!
Dedico e agradeço com muita gratidão este
trabalho primeiramente a DEUS, sem ELE não
somos nada. Dedico esta parte de minha vida,
em especial a minha esposa Tatiane, meu
amor, minha fortaleza maior pelo
companheirismo, carinho e pela paciência em
todas as horas em que precisei estar ausente.
E ao meu amado filho Gustavo, pelo amor, que
tive para que eu pudesse chegar até aqui. A
minha mãe Maria José por me dar a
oportunidade da vida.
Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre
as oportunidades e proteja-se contra as ameaças.
Sun Tzu
RESUMO

Este trabalho buscou apresentar a temática da prevenção do acidente de trabalho


na construção civil, tendo como recorte o cenário atual. Para tanto foi realizado
pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. O objetivo central deste estudo é
discorrer sobre o acidente de trabalho e a importância da sua prevenção promovida
pelas empresas da construção civil. Destaca-se que somente com o passar do
tempo o acidente de trabalho passou a ganhar notoriedade nas organizações, até
mesmo devido as leis e normas que foram surgindo. A prevenção tende a evitar
danos tanto físico como econômico. Concluiu-se que na atualidade a economia
também é amplamente afetada pela construção civil, assim como, os acidentes
podem, em sua maior parte, ser evitados quando a prevenção faz parte do cotidiano
dos profissionais que atuam na área.

Palavras-chave: Construção Civil; Acidente de trabalho; Prevenção.


ABSTRACT

This work aimed to present the theme of prevention of work accidents in civil
construction, taking as a cut the current scenario. For that, a qualitative
bibliographical research was carried out. The main objective of this study is to
discuss the work accident and the importance of its prevention promoted by
construction companies. It is emphasized that only with the passage of time the work
accident started to gain notoriety in organizations, even due to the laws and norms
that were emerging. Prevention tends to avoid both physical and economic damage.
It was concluded that at present the economy is also largely affected by construction,
as accidents can be avoided for the most part when prevention is part of the daily life
of professionals working in the area.

Keywords: Civil Construction; Work accident; Prevention.


LISTA DE SIGLAS

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.


EPI – Equipamento de Proteção Individual.
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora.
SAT – Serviço de Atendimento ao Trabalhador.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10
1 A CONSTRUÇÃO CIVIL 12
1.1 Histórico da Construção Civil no Brasil 12
1.2 O crescimento da Construção Civil 13
1.3 O cenário atual da construção civil 14
2 ACIDENTE DE TRABALHO 17
2.1 Compreendendo o acidente de trabalho 17
2.2 O campo legal: normas e legislação sobre acidente de trabalho 19
2.3 Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e NBR – ABN 23
2.4 O acidente de trabalho na Construção Civil 24
3 A PREVENÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 27
3,1 A segurança do trabalho é fundamental para a prevenção de acidentes 27
3.1.1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) 28
3.2 Tipos de prevenção de acidente na construção civil 29
3.3 Principais ações que podem prevenir acidentes na construção civil 33
3.3.1 Promovendo a prevenção: um olhar sobre as ações das empresas 35
CONCLUSÃO 37
REFERÊNCIAS 38
10

INTRODUÇÃO

O presente estudo versa sobre a importância da prevenção de acidente de


trabalho na construção civil na atualidade, tendo em vista que a indústria da
construção civil apresenta elevados índices de acidentes de trabalho. Na mesma
proporção pode-se apontar que diversas ações são implementadas com o objetivo
de reduzir este referido índice.
Destaca-se a própria CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)
existente nas empresas contribuem de forma eficaz para que acidentes sejam
evitados. Outro ponto de destaque encontra-se pautado nas leis e normas
regulamentadoras que tratam diretamente da temática do acidente e trabalho e a
própria construção civil, uma vez que apesar do acidente poder ocorrer em qualquer
setor, cada um irá apresentar suas particularidades.
A construção civil no Brasil teve seu desenvolvimento a partir de 1920, e foi
crescendo e evoluindo em todos os aspectos, desde o campo da engenharia até ao
material a ser utilizado na construção.
A construção civil teve seu processo de amplo crescimento a partir do ano
2000, trazendo efeitos significativos para a economia do país, entretanto, com a
crise econômica que o Brasil vem enfrentando, a desaceleração deste setor passou
a apresentar também rebatimentos negativos e, consequentemente, vários
rebatimentos para as empreiteiras. Neste tocante, torna-se ainda pertinente elucidar
que na mesma proporção que o houve o crescimento, os acidentes também
passaram a ocorrer de forma mais acentuada.
Assim, tratar a relação entre a prevenção de acidentes e o cenário da
construção civil se traduz como uma temática pertinente e atual frente ao curso de
Engenharia Civil.
A metodologia foi utilizada esteve pautada em pesquisa bibliográfica de cunho
qualitativo. A construção deste estudo se justifica diante da busca de desenvolver a
compreensão acerca da relação entre a construção civil e a prevenção do acidente
de trabalho.
A produção desta monografia, diante da temática escolhida, encontra sua
relevância no apelo social e econômico que representa para a sociedade como um
todo. Sendo assim, a discussão acerca a prevenção e construção civil é configura
11

ainda enquanto atual no Brasil, o que se traduz como um indicativo de novos


debates acerca da temática discutida.
O trabalho encontra-se dividido em três capítulos, sendo o primeiro voltado
para o histórico da construção civil no Brasil, fazendo um recorte para o cenário
atual.
O segundo capítulo tratou sobre o acidente de trabalho, apresentando o seu
conceito e seus desdobramentos no campo legal. Neste espaço foi dado ênfase
também as Normas Regulamentadoras.
O terceiro capítulo foi mais específico ao tratar sobre a prevenção do acidente
de trabalho no espaço da construção civil. A temática da segurança do trabalho é
fundamental para a prevenção de acidentes, e desta forma torna-se pertinente
identificar que as empresas do setor da construção civil devem atentar para esta
prática em suas atividades cotidianas. Neste mesmo capítulo foi abordado também a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que exerce importante função no
interior das empresas, e no cenário da construção deve-se estar sempre atento para
evitar acidentes. Ademais, relatou-se também sobre o impacto econômico dos
acidentes neste setor. Para finalizar o capítulo foi dado ênfase a ações que podem
prevenir acidentes.
12

1 A CONSTRUÇÃO CIVIL

Este capítulo tem a função de apresentar um breve histórico da construção


civil, fazendo um recorte para a atualidade, uma vez que este universo se encontra
em plena expansão.

1.1 Histórico da Construção Civil no Brasil

Para que seja possível compreender a realidade da construção civil nos dias
atuais, torna-se pertinente trazer ao texto um recorte acerca da história deste
universo no Brasil.
De acordo com Motoyama (2004) a indústria da construção civil no Brasil teve
um desenvolvimento espetacular a partir da década de 1920, onde um marco foi a
possível realização de bem-sucedidas de grandes obras. Até 1920 a engenharia
brasileira era rudimentar, e assim, os edifícios eram todos baixos, assim como não
era preciso desenvolver sofisticados cálculos para o projeto e execução da obra.
Indo além, o que se refere as pontes e viadutos, estas também não existiam em
grande quantidade, e os projetos eram em sua maioria desenvolvido por escritórios
estrangeiros.
Entretanto, destaca-se que no tocante a construção de altos edifícios, pontes
e viadutos passou a ser vivenciada de maneira intensa a partir da Segunda Guerra
Mundial, onde o ponto de destaque se traduz como a introdução do concreto armado
no país (MOTOYAMA, 2004).
Conforme pontuam Oliveira e Oliveira (2012, p.2) a construção civil ―é
caracterizada como atividades produtivas da construção que envolve a instalação,
reparação, equipamentos e edificações de acordo com as obras a serem
realizadas.‖
Salienta-se que:

A área de Construção Civil abrange todas as atividades de produção de


obras. Estão incluídas nesta área as atividades referentes às funções
planejamento e projeto, execução e manutenção e restauração de obras em
diferentes segmentos, tais como edifícios, estradas, portos, aeroportos,
canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento, de
fundações e de terra em geral, estando excluídas as atividades
relacionadas às operações, tais como a operação e o gerenciamento de
13

sistemas de transportes, a operação de estações de tratamento de água, de


barragens, etc (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2000, p.9).

Nesta direção, torna-se pertinente identificar como a construção civil vem


sendo observada no que tange ao seu crescimento e, consequentemente, seus
desdobramentos no Brasil, tendo em vista que a expansão urbana trouxe uma
produtiva dinâmica de obras que influenciou e permanece influencia ao longo dos
tempos o crescimento das cidades.
De acordo com Abiko et al. (2005, p.24) o setor da construção civil apresentou
seu crescimento a partir de 1999:

O primeiro durou do início de 2000 até meados de 2001, quando a indústria


de construção acumulou um crescimento real de quase 18%. O período que
vai de maio de 1999 a março de 2001 é marcado pelo forte crescimento,
fruto da bem-sucedida desvalorização cambial do início de 1999. Nesse
período, o PIB cresceu cerca de 31% e, em janeiro de 2001, o índice de
confiança empresarial publicado pela CNI atingiu seu valor máximo. O
crescimento até certo ponto prolongado propiciou o aumento dos
investimentos que impulsionou a construção civil. O crescimento foi
encerrado quando a economia foi atingida pelo colapso argentino, pela crise
da Bolsa de Valores dos EUA e pelo anúncio da crise energética.

Já, o segundo período que marcou o crescimento do setor foi:

O segundo período de crescimento se inicia após a desvalorização cambial


motivada pela possibilidade de o governo do PT fazer drásticas mudanças
na política econômica. Desta forma, 2003 foi um ano de forte crescimento
das exportações, que se expandiram 9%. Em 2004, o mercado interno se
recupera8 e, com ele, a indústria como um todo. A construção civil, em
particular, cresceu às maiores taxas do quinquênio, expandindo-se,
respectivamente, 6,9% e 11,6% no segundo e no terceiro trimestres do ano.
É importante ressaltar que 2004 foi um ano de forte crescimento mundial e
que nele as exportações brasileiras se elevaram em 18% (ABIKI et al.,
2005, p.25).

O crescimento que se apresentou neste período foi expressivo até o ano de


2010, entretanto, a partir deste momento começou a ser vivenciado um declínio nas
atividades da construção civil.

1.2 O crescimento da Construção Civil

Na atualidade é observado que a construção civil apresenta crescimento


considerável, e neste sentindo, a atividade da construção civil tem grande
14

importância econômica não apenas pelo elevado volume de recursos financeiros


que mobiliza e por seu forte potencial gerador de empregos, mas também por sua
capacidade de contribuir com o dinamismo de muitos segmentos industriais e de
serviços
De acordo com Medeiros e Rodrigues (2009) a Indústria da Construção Civil é
uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e
políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de
acidentes de trabalho.
Sendo assim, torna-se pertinente apontar que historicamente, no Brasil, a
construção civil representa o setor de maior absorção de mão de obra, dada a
abrangência de sua variada oferta de trabalho, sem muitas restrições para o
recrutamento (TAKAHASHI e SILVA, 2012).
Fochezzato e Ghinis (2011, p.649) descreveram que ―nos últimos anos, mais
precisamente, nas duas últimas décadas, a construção civil tem seguido uma
trajetória de crescimento exponencial, particularmente em termos de produção.‖ Os
autores ainda complementam que:

Teoricamente, aumentos na renda real, na disponibilidade de crédito e o


próprio crescimento populacional provocam a expansão do estoque
desejado de construções pelos agentes econômicos e, portanto, a
ampliação da diferença em relação ao estoque defasado ofertado, já que a
oferta não acompanha a demanda, o que força um aumento da produção do
setor (FOCHEZZATO e GHINIS, 2011, p.664)

Sendo assim, pode-se observar que este movimento se justifica frente ao


crescimento da renda real, do crédito e da população, o que contribui diretamente
para a expansão da produção da construção civil.

1.3 O cenário atual da construção civil

Diante da crise econômica enfrentada pelo Brasil a partir do ano de 2014, o


cenário da construção civil também foi sendo modificado. Neste tocante, aponta-se
que a construção civil vive uma crise sem precedentes no Brasil. Destaca-se que o
aumento dos juros, a restrição no crédito, o desemprego, a operação lava-jato, todos
esses fatores influenciaram diretamente o setor.
15

De acordo com a reportagem do site Correio Braziliense, no ano de 2015,


pode-se verificar que a construção civil costuma refletir o desempenho da economia
de um país. Se as obras estão paradas, alguma coisa não vai bem no cenário
nacional. Mas se os canteiros pulsam, há a certeza de um período de bonança.
O Boletim Regional do Banco Central do Brasil (2016, p.102) apontou que:

A redução da atividade no setor se acentuou a partir de 2014, em ambiente


de piora nas condições dos mercados de trabalho e de crédito e de redução
da confiança dos agentes econômicos. Nesse cenário, observou-se, em
especial em 2015, retração em todos os segmentos da construção civil, com
destaque para a redução da representatividade das obras de infraestrutura
no VAB das empresas do setor.

Indo além, pode-se ainda descrever que o setor da construção civil vive
atualmente um momento delicado no Brasil. Em meio a um ambiente recessivo, um
dos principais motores da atividade econômica apresenta sinais claros de
enfraquecimento, onde as demissões já compõem o cenário, e as projeções que fora
traçadas para 2016 se mantém, uma vez que a queda do emprego e investimentos
no setor já se apresentava como um forte indicativo.
Amorim (2015) entende que a crise da construção chegou a uma velocidade
estonteante. Mas a recuperação, quando vier, terá ritmo bem diferente. Nesta
direção, cabe enfatizar que:

O mercado de construção civil, obviamente, não é o único que sofre com a


retração econômica do país. Outros setores, como a autoindústria, tiveram
um 2014 ainda pior, com retração de 15% nas vendas. As fabricantes de
eletroeletrônicos encolheram 9%. Todos eles sofrem de uma nefasta
combinação de inflação perigosamente alta, desemprego crescente,
aumento dos juros, restrição no crédito, falta de confiança no governo
(AMORIM, 2015, s/p).

Assim, o que em 2007 se apresentava como um período promissor, de amplo


crescimento e geração de renda, chegou ao ano de 2010 com um ápice, não se
encontra mais com este indicativo. Ou seja, as obras de infraestrutura, no mercado
imobiliário e no varejo, a estagnação da economia derrubou a demanda e
interrompeu de vez o ritmo acelerado de contratações e investimentos (CORREIO
BRAZILIENSE, 2015).
16

Ademais, cabe ainda citar que:

A partir de 2014, o segmento passou a repercutir o ambiente de


desaceleração da atividade econômica do país, evidenciado, no âmbito da
demanda interna, pela perda de dinamismo do consumo das famílias e pelo
recuo da Formação Bruta de Capital Fixo (BOLETIM REGINAL DO BANCO
DO BRASIL, 206, p.99).

Outro fato que figura no cenário da construção civil, e que não se pode deixar
de citar é a relação das construtoras com a operação lava jato, da Polícia Federal,
esta que vem investigando esquema de corrupção na Petrobrás, e que
consequentemente, atingiu as maiores empreiteiras do país (CORREIO
BRAZILIENSE, 2015).
Contudo, e apesar de estar acompanhando o processo de crise vivenciado no
país, é possível ainda verificar que a construção civil exerce um papel de suma
importância no Brasil.
Entretanto, a sua recuperação ainda não é uma realidade vivenciada,
contudo, espera-se que o ano de 2017 traga uma nova colocação para este setor e
que o seu crescimento volte a surgir.
Apesar da esperança de recuperação, Campos (2016) ao debater sobre o
futuro da construção civil, apontou que este é sempre um dos últimos setores a se
recuperar em um cenário de crise, pois de maneira geral ninguém tem coragem de
comprar um apartamento ou fazer uma ampla reformar diante de um momento como
esse. A crise no país deixa claro o cenário de incertezas que o brasileiro tem
vivenciado, e com essa percepção a construção e o setor imobiliário, estes
diretamente interligados a construção civil tente a sofrer rebatimentos negativos e
que precisam da recuperação do país para posteriormente se reerguerem.
Ao compreender como a construção civil exerce papel de suma importância
no cenário brasileiro, torna-se pertinente verificar ainda sobre o acidente de trabalho
e como este apresenta rebatimentos neste setor.
17

2 ACIDENTE DE TRABALHO

Para que seja possível compreender a importância da temática ―acidente de


trabalho‖, cabe fazer um breve recorte temporal para que seja possível desenvolver
a sua compreensão frente a dinâmica da sociedade na atualidade. Torna-se
pertinente apontar que a segurança do trabalho engloba diversos conhecimentos,
tais quais: de Engenharia; Higiene do trabalho; Medicina do Trabalho e ações de
controle de riscos. Ambos se somam também as legislações de segurança e as NRs
que orientam para a segurança do trabalho.
Ademais, evidencia-se que na atualidade o acidente de trabalho se destaca
como um tema de constante preocupação para trabalhadores, governo e empresas,
tendo em vista apesar de apresentar diferentes dimensões em escalas e este pode
ser observado como prejuízo em diversas espécies para os três atores aí
envolvidos.

2.1 Compreendendo o acidente de trabalho

No que tange ao termo segurança do trabalho, este pode ser definido como a
ciência que, através de metodologias e técnicas apropriadas, estuda as possíveis
causas de acidentes do trabalho, e busca a prevenção destes.
O acidente de trabalho pode ser também conceituado como um fato ou
acontecimento, o qual esteja relacionado ao trabalho do acidentado e que determine
a morte, perda ou redução da capacidade para o trabalho (TORTORELLO, 2014).
Pode-se ainda acrescentar que:

O acidente de trabalho compreende além das ocorrências no ambiente de


trabalho, as consequências geradas pela atividade desempenhada pelo
trabalhador, como as doenças decorrentes das condições de trabalho,
consideradas doenças profissionais e/ou ocupacionais (ROJAS, 2015,
p.118).

Abramides e Cabral (2003) ao abordarem os aspectos referentes aos


acidentes de trabalho evidenciaram que a reestruturação produtiva no Brasil, junto a
precarização das relações de trabalho, a intensificação de ritmos, a perda de postos
de trabalho e a exigência de polivalência (requisições diferenciadas na atividade
18

laborativa) vem contribuindo amplamente para o quadro de doenças e riscos de


acidentes nos espaços de trabalho.
Pontua-se ainda que o dia que ocorre o acidente do trabalho é tido como o
início da incapacidade laborativa, ou seja, o acidente de trabalho modifica o
exercício da atividade habitual; o dia da segregação compulsória; o dia em que for
realizado o diagnóstico. Para esse efeito é importante assinalar que fica valendo o
que ocorrer primeiro.
Nesta perspectiva, Mattos et al. (2011) complementam que atualmente
entende-se que o acidente do trabalho começa a acontecer quando algum elemento
do processo de trabalho deixa de funcionar como planejado, ou seja, quando ele
apresenta uma disfunção.
Costa (2008) esclarece que ao longo de mais de um século a legislação
pertinente a segurança do trabalho vem sofrendo processos evolutivo, constante
aprimoramento que visa melhor atender aos anseios da classe trabalhadora,
especialmente nas categorias mais sujeitas às lesões traumáticas ou das doenças
resultantes das condições de trabalho.
Bitencourt e Quelhas (2008, p.05) afirmam que:

O empregador, nos últimos anos, passou a preocupar-se mais com a


segurança, devido aos custos diretos e indiretos que um acidente pode
representar para sua empresa. Esta visão vem se desenvolvendo de forma
gradativa e tende a se expandir com os novos conceitos que estão
surgindo, relacionando a segurança com a qualidade e a produtividade.

Dentro deste contexto, vale acrescentar que são considerados acidentes de


trabalho qualquer evento inesperado que cause danos ao meio ambiente ou à saúde
humana, prejuízos materiais ao patrimônio próprio ou de terceiros, ocorrência de
fatalidades ou ferimentos graves para o pessoal próprio ou para terceiros ou a
interrupção das operações da Instalação por mais de 24 (vinte e quatro) horas
(RESOLUÇÃO ANP N.º 43, DE 6/12/2007). Além destes, cabe destacar também
como acidente de trabalho:
 Doenças ocupacionais provocadas pelo trabalho.
 Doenças causadas pelas condições de trabalho.
 Acidentes que acontecem na prestação de serviços, por ordem da empresa,
fora do local de trabalho;
 Acidentes que acontecem em viagens a serviço da empresa;
19

 Acidentes que ocorram no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho


para casa.

Um ponto que merece destaque quando é feita análise sobre o acidente de


trabalho na cosntrução civil se traduz com a falta de investimento em prevenção,
sendo este considerado o maior obstáculo para reduzir os acidentes de trabalho.
O acidente do trabalho ainda é um tema que requer muitas discussões, tendo
em vista os diversos campos de trabalho, tendo em vista que estes ainda ocupam
posição de destaque no atual. Contudo, pode-se destacar que que em seu campo
legal, encontra-se ampla legislação que vem atuando sobre a temática e buscando
assim, evitar e/ou diminuir os acidentes de trabalho.

2.2 O campo legal: normas e legislação sobre acidente de trabalho

O aporte legal acerca da temática do acidente de trabalho na atualidade é


amplo, e assim, torna-se nítido neste cenário que empregados e empregadores
encontram-se resguardados pelas Leis.
No ano de 1919 surgiu o primeiro Decreto nº 3.724 contendo 30 artigos e
dispondo sobre o conceito de acidente do trabalho, onde cabe citar:

Art. 1º Consideram-se acidentes no trabalho, para os fins da presente lei: I


a) o produzido por uma causa súbita, violenta, externa e involuntária no
exercício do trabalho, determinado lesões corpóreas ou perturbações
funcionais, que constituam a causa única da morte ou perda total, ou
parcial, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho; I b) a
moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho, quando este
for de natureza a só por si causa-la, e desde que determine a morte do
operário, ou perda total, ou parcial, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho (BRASIL, 1919).

A referida Lei é alterada em 05 de março do mesmo ano pelo Decreto 13.493.


E em 10 de julho de 1934, pelo Decreto 24.637, este que trouxe em seu art. 1º o
seguinte texto:

Art. 1º. - Considera-se acidente do trabalho, para os fins da presente lei,


toda lesão corporal, perturbação funcional ou doença produzida pelo
exercício do trabalho ou em consequência dele, que determine a morte, ou
a suspensão de limitação permanente ou temporária, total ou parcial, da
capacidade para o trabalho (BRASIL, 1934).
20

O Decreto 24.637/34 se mostrou mais abrangente no que tange ao acidente


do trabalho, pois tratou sobre a lesão corporal, perturbação funcional ou doença
produzida pelo acidente de trabalho ou em consequência dele.
Em 01 de maio de 1943 foi publicado o Decreto Lei 5.452 que aprovou a
Consolidação das Leis do Trabalho, cujo capítulo V refere-se a Segurança e
Medicina do Trabalho.
Já, no ano de 1944 surgiu mais um Decreto-Lei nº. 7.036 que versou sobre a
Reforma da Lei de Acidentes do Trabalho, e trouxe em seu art. 1º o seguinte texto:

Art. 1º Considera-se acidente do trabalho, para os fins da presente Lei, todo


aquele que se verifique pelo exercício do trabalho, provocando direta ou
indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional, ou doença, que
determine a morte, a perda total ou parcial, permanente ou temporária, de
capacidade para o trabalho (BRASIL, 1944).

O Ministério do Trabalho e Emprego tem o papel, entre outros, de realizar a


inspeção e a fiscalização das condições e dos ambientes de trabalho em todo o
território nacional.
A Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977 alterou o Capítulo V do Titulo II da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho.
Neste contexto, cabe citar:

Art . 157- Cabe às empresas:


I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente; (BRASIL, 1977).
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Verifica-se que as empresas têm seu papel definido nesta relação acerca da
segurança do trabalho, contudo, é oportuno destacar que os empregados também
precisam atentar para o seu dever, e sendo assim, cita-se:

Art . 158- Cabe aos empregados:


I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as
instruções de que trata o item II do artigo anterior;
Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do
item II do artigo anterior;
21

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa


(BRASIL, 1977).

No ano de 1978 foi aprovada a Portaria nº 3.214, 08 de junho de 1978, esta


que aprovou as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.
Em 4 de julho de 1991 foi promulgada a Lei 8.213 que dispõe sobre os Planos
de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Nesta referida Lei foi
contemplado questões relacionadas ao acidente de trabalho. Diante desta
colocação, cabe citar que:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.
§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os
riscos da operação a executar e do produto a manipular.
§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os
sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel
cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o
Regulamento (BRASIL, 1991).

Ainda pautado na Lei 8.213/91 acrescenta-se:

Art. 20.Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior,


as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições
especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona
diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho
(BRASIL, 1991).
22

É possível verificar que o acidente de trabalho engloba uma gama de


possibilidades acerca do acidente de trabalho, e indo além, o art. 21 apresenta em
seu texto o que também pode ser equiparado ao acidente de trabalho:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta


Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar
prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-
de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive
veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho
a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se
superponha às consequências do anterior (BRASIL, 1991).

De forma geral o que é observado com base na leitura dos art. 19, 20 e 21 da
Lei 8.213/91 é que o acidente de trabalho é contemplado de forma ampla, e assim,
cabe destacar que tanto empregado como o empregador encontram-se
resguardados.
23

2.3 Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e NBR – ABNT

A segurança do trabalho pode ser traduzida a partir de um conjunto de


Normas Regulamentadoras (NRs) que se constituem da legislação que atende a
referida temática, Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional no Brasil.
As normas regulamentadoras foram construídas na direção de eliminar ou
erradicar as doenças ocupacionais buscando gerar maiores níveis de prevenção
frente a ocorrência de acidentes de trabalho (SAURIM e RIBEIRO, 2000).
As normas brasileiras possuem um escopo restrito, focando principalmente na
implantação de medidas relacionadas às instalações físicas de segurança (guarda-
corpos ou aterramentos, por exemplo), e deixando de exigir medidas preventivas
amplas que visem eliminar ou reduzir os riscos nas suas origens.
A Norma Regulamentadora 18 versa sobre as condições e meio ambiente de
trabalho na Indústria da Construção, assim como estabelece diretrizes de ordem
administrativa, de planejamento de organização, que objetivem a implementação de
medidas de controle e sistemas preventivo de segurança nos processos, nas
condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil.
Neste cenário, pode-se ainda citar a NBR 14280/2000 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que versa sobre o Cadastro de acidente do
trabalho - Procedimento e classificação os acidentes, onde destaca-se que os
acidentes são por três fatores, sendo:

 Fator pessoal de insegurança ou fator pessoal: causa relativa ao


comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou prática
do ato inseguro. Ex:. Falta de conhecimento, falta de experiência ou de
especialização, fadiga, alcoolismo e toxicomania, etc.
 Ato inseguro: ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança,
pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente. Ao ato inseguro é a causa
fundamental da maioria dos acidentes. Alguns estudiosos atribuem percentual
superior a 90% aos fatores ligados à falha humana. Ex:. Usar equipamento de
maneira imprópria, usar material ou equipamento fora de sua finalidade,
sobrecarregar (elevadores, andaimes, veículos, etc.), trabalhar ou operar à
velocidade insegura, correr, saltar de ponto elevado de veículo ou de
plataforma, etc.
24

 Condição ambiente de segurança (condição ambiental insegura): é a


condição do meio que causou o acidente ou contribuiu para que o mesmo
ocorresse. Incluem desde a atmosfera do local de trabalho até as instalações,
equipamentos, substâncias e métodos de trabalho empregados.

Apensar do respaldo acerca do acidente de trabalho se configurar enquanto


amplo, este ainda é uma realidade que preocupa ambos os lados, ou seja,
empregados e empregadores. E tendo como recorte o cenário da construção, torna-
se pertinente sinalizar como o acidente de trabalho vem sendo observador por este
referido setor.

2.4 O acidente de trabalho na Construção Civil

A temática segurança do trabalho, na atualidade, é compreendida de forma


ampla, e deve ser uma orientação em todos os ramos de trabalho desenvolvidos na
sociedade, tendo como ponto principal a busca de soluções e estratégias que
consigam eliminação dos riscos de acidentes.
Com base nos ensinamentos de Peixoto (2010) destaca-se que o acidente do
trabalho é todo aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,
provocando lesão corporal, perturbação funcional doença que cause a morte, perda
ou redução permanente ou temporária de condições para o trabalho.
De acordo com Silveira, Robazzi, Walter e Marziale (2005, p.39) ―a Indústria
da Construção Civil (ICC) mantém elevados índices de Acidentes de Trabalho (AT)
apesar de esforços governamentais, empresariais e sindicais no sentido de reduzi-
los.‖
Para além, vale ainda acrescentar que no tocante a construção civil, ―grande
parte dos canteiros de obra com ordem e limpeza deficientes, diante do acúmulo de
materiais pontiagudos, escombros e outros, além da falta de dispositivos de
proteção ao acesso da obra, rampas e passarelas‖ (SILVEIRA, ROBAZZI, WALTER
e MARZIALE, 2005, p.40).
De acordo com a Fundacentro (1980) existem duas causas observadas como
as principais no que tange ao acidente de trabalho, sendo:
1. Causas objetivas: englobam as causas que se vinculam aos métodos e
utensílios de trabalho. São as condições inseguras de trabalho colocam em
25

risco as maquinas, os equipamentos e a integridade física e mental de


trabalhador;
2. Causas subjetivas: englobam as causas que dependem da pessoa do
trabalhador. São os atos inseguros que, conscientes ou não podem provocar
algum dano a ele ou mesmo às máquinas e aos materiais e equipamentos.
Ademais, pode-se ainda identificar alguns dos principais fatores que levam a
atos inseguros ou condições inseguras no cenário da construção civil, sendo
observado no quadro 1:
Quadro 1: Principais fatores de inseguros ou condições inseguras

Fonte: FUNDACENTRO (1980).

O quadro 1 conseguiu expressar de forma resumida como diversos fatores


que não observados, ou negados pela empresa e pelo próprio funcionário podem ser
decisivos para a ocorrência de acidentes de trabalho no cenário da construção civil.
De acordo com Damasceno (2005, apud Moreira, 2015) diversos estudos
informam que a maioria dos acidentes e das doenças decorrentes do trabalho
ocorrem, principalmente por:
26

 Falta de planejamento e gestão gerencial compromissada com o assunto;


 Descumprimento da legislação;
 Desconhecimento dos riscos existentes no local de trabalho;
 Inexistência de orientação, ordem de serviço ou treinamento adequado;
 Falta de arrumação e limpeza;
 Inexistência de avisos, ou sinalização sonora ou visual sobre os riscos;
 Prática do improviso (jeitinho brasileiro) e pressa;
 Utilização de máquinas e equipamentos ultrapassados ou defeituosos;
 Utilização de ferramentas gastas ou inadequadas;
 Iluminação deficiente ou inexistente;
 Utilização de escadas, rampas e acessos sem proteção coletiva adequada;
 Utilização de instalações elétricas precárias ou defeituosas;
 Presença de ruídos,
 Presença calor excessivos; entre outros.
Entende-se que com o passar do tempo, a busca pela diminuição dos
acidentes de trabalho, e consequentemente, a proteção ao trabalhador tem sido
cada vez mais evidenciada e trabalhado no campo de inserção destes, uma vez que
existe de forma ampliada a preocupação com a segurança dos trabalhadores, onde
pode-se dar ênfase ao universo da construção civil.
27

3 A PREVENÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A prevenção é fundamental para que não ocorra acidente de trabalho. Ao


pensar sobre acidentes e a construção civil pode-se ampliar a compreensão sobre
essa temática ao trazer ao texto ações que podem contribuir para que o acidente
seja evitado, assim como, destaca-se o papel da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA) nas empresas.

3.1 A segurança do trabalho é fundamental para a prevenção de acidentes

Para que os acidentes de trabalho sejam de fato evitados, ou seja, para que o
risco de acidentes seja considerado nulo, é preciso atentar para o trabalho de
prevenção de acidentes que toda empresa deve ter.
Logo, abordar a temática da segurança do trabalho se traduz como um ponto
de suma importância para qualquer atividade desenvolvida na atualidade. Assim,
pode-se apontar inicialmente que ―a preocupação com a segurança e a saúde do
trabalhador é um tema que vem sendo discutido há muito tempo‖ (MACEDO, 2008,
p.63).
Ao discorrer sobre a segurança do trabalho, cabe citar que:

Segurança do trabalho é o conjunto de ações planejadas e tecnológicas que


buscam a proteção do trabalhador em seu local de trabalho, no que se
refere à questão da segurança e da higiene do trabalho, com a finalidade de
prevenir riscos de acidentes nas atividades de trabalho visando à defesa da
saúde da pessoa humana (MALTA, 2004, p.44).

Logo, é importante discorrer sobre o acidente no trabalho para que a


segurança do trabalho possa ser percebida como essencial a dinâmica cotidiana de
trabalho, e desta forma indica-se a necessidade constante da implantação/
manutenção de um plano de trabalho preventivo aos riscos à saúde.
28

3.1.1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) atualmente está


regulamentada pela CLT em seus arts. 162 a 165, e pela NR-5. Pode-se destacar
que a CIPA é obrigatória para as empresas com mais de 20 colaboradores.
De acordo com Costa et al. (2012):

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), regulamentada pela


Norma Regulamentadora 5 (NR5), é um mecanismo para prevenir acidentes
e doenças do trabalho, tornando compatível a execução do serviço com a
preservação da integridade física e a saúde do trabalhador (COSTA et al.,
2012, p.105).

Ferreira e Peixoto (2012) apontam que a CIPA é um grupo de pessoas


composto por representantes dos empregados e do empregador, especialmente
preparados para colaborar na prevenção de acidentes. Salienta-se que a CIPA
considera que o acidente de trabalho é fruto de causas que podem ser eliminadas
ou atenuadas.
Para além, cabe trazer ao texto a informação de que:

A CIPA foi criada na década de 1940, pelo Governo Federal, com o objetivo
de reduzir o grande número de acidentes de trabalho nas indústrias. O
objetivo dessa união é encontrar meios e soluções capazes de oferecer
mais segurança ao local de trabalho e ao trabalhador (FERREIRA e
PEIXOTO, 2012, p.102).

Para compreender o processo de eleição da CIPA destaca-se que este deve


seguir as seguintes condições, conforme indica a NR-5:

a) Publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no


prazo mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em
curso; (205.043- 9/ I3)
b) Inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será
de quinze dias; (205.044-7/ I3)
c) Liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento,
independentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de
comprovante; (205.045-5/ I3)
d) Garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição; (205.046-3/ I3)
29

e) Realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do


mandato da CIPA, quando houver; (205.047-1/ I3)
f) Realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de
turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos empregados.
(205.048-0/ I3)
g) Voto secreto; (205.049-8/ I3)
h) Apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento
de representante do empregador e dos empregados, em número a ser
definido pela comissão eleitoral; (205.050-1/ I3)
i) Faculdade de eleição por meios eletrônicos;( 205.051-0/ I3)
j) Guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por
um período mínimo de cinco anos. (205.052-8/ I3).

No tocante ao cenário da construção civil, destaca-se que no ano de 1995, a


Portaria n⁰ 4 de 4 de julho, determinou a mudança da NR-18, que passou a ser
intitulada Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Logo,
essa referida NR passou a contemplar item específico (18.33) para o
dimensionamento da CIPA, nesse ramo de atividade (COSTA et al., 2012).

3.2 Tipos de prevenção de acidente na construção civil

Pensar sobre a prevenção de acidentes na construção civil requer também


compreender que diversas ações podem ser realizadas pelas empresas. Assim,
deve-se atentar que é preciso ter como base que a prevenção se traduz como mais
efetiva do que a correção de qualquer problema posterior a um acidente.
Logo, investir em treinamento é um ponto de destaque. Posteriormente, pode-
se apontar para a compra de equipamentos de segurança individual contribui de
maneira ampliada para que acidentes sejam evitados, ou que sejam minimizados.
Ações voltadas para a prevenção são observadas como sinônimo de
economia em longo prazo para as empresas (LOPES e LOBATO, 2014).
Os impactos causados pelo acidente de trabalho causam rebatimentos em
diversos cenários, assim como, apresentam uma relação com o setor da construção
civil no Brasil.
30

3.3 O impacto econômico dos acidentes de trabalho na construção civil

Aos poucos, as grandes empresas vêm entendendo que a preocupação com


a segurança e saúde do trabalhador não possui apenas um viés humano, mas
também, um aspecto econômico-financeiro e crucial para manutenção e sobrevida
da empresa.
As altas taxas de acidentes expõem elevados custos e prejuízos não apenas
ao trabalhador, onde outro aspecto também se faz presente, sendo o econômico que
custam muito para o País, considerando apenas os dados do trabalho formal.
Salienta-se que mais de 800 trabalhadores do setor da Construção Civil
morrem todos os anos devido a acidentes de trabalho, ou seja, enquanto exercem
suas funções. E como maior indicativo de causa-morte de todas as atividades de
produção de obras as quedas ainda são responsáveis por uma em cada três mortes,
de trabalhadores1.
De acordo com Figueiras (2015) a participação da construção civil no total de
acidentes fatais passou de 10,1%, em 2006, para 16,5%, em 2013. O risco de um
trabalhador morrer na construção é mais do que o dobro da média do mercado de
trabalho.
Pode-se indicar os dez tipos de acidentes2 mais comuns na construção civil,
sendo:
1 Violência e Brigas no Ambiente Trabalho;
2 Distensões Musculares;
3 Exposição de Ruídos Intensos;
4 Objetos em quedas;
5 Impactos de veículos;
6 LER (lesões por esforço repetitivo);
7 Corte e Laceração;
8 Alergia e Complicações;
9 Tombos;
10 Picadas de inseto e bichos peçonhentos.

1
Informações disponíveis em: http://www.aplequipamentos.com.br/acidentes-na-construcao-civil-
como-evitar-esse-risco-fatal Publicado em: 15 de maio de 2013. Acesso em: 28-10-2016.
2
Informações disponíveis em: http://blog.inbep.com.br/os-10-acidentes-comuns-na-construcao-civil/
Publicado em 10 de maio de 2016. Acesso em: 28-10-2016.
31

As motivações dos acidentes são distintas, tendo em vista que a construção


civil abrange um amplo cenário de atuação, podem ser uma abra para construir uma
casa, assim como um terreno maior para a construção de um condomínio de
prédios.
Outro ponto relevante sobre o impacto econômico devido aos acidentes de
trabalho na construção civil se relacionam diretamente com os custos, e neste
cenário pode-se apontar com base nos ensinamentos de Moreira (2015) que:
acidente de trabalho gera diversos prejuízos a empresa, e assim os custo podem ser
compreendidos como direto ou segurado, que é o recolhimento mensal feito à
Previdência Social, para pagamento do seguro contra acidentes de trabalho e que
visa garantir uma das modalidades de benefícios estabelecidos pela legislação da
previdência; e, custo indireto ou não segurado.
Desta forma, Damasceno (2005, apud Moreira, 2015), entende que os
acidentes não segurados impactam a empresa principalmente nos seguintes itens:
 Salário dos quinze primeiros dias após o acidente;
 Transporte e assistência médica de urgência;
 Paralisação de setor, máquinas e equipamentos;
 Comoção coletiva ou do grupo de trabalho;
 Interrupção da produção;
 Prejuízos ao conceito e à imagem da empresa;
 Destruição de máquina, veículo ou equipamento;
 Danificação de produtos, matéria-prima e outros insumos;
 Embargo ou interdição fiscal;
 Investigação de causas e correção da situação;
 Pagamento de horas-extras;
 Atrasos no cronograma de produção e entrega;
 Cobertura de licenças médicas;
 Treinamento de substituto;
 Aumento do prêmio de seguro;
 Multas e encargos contratuais;
 Perícia trabalhista, civil ou criminal;
 Indenizações e honorários legais; e
 Elevação de preços dos produtos e serviços.
32

Ainda no tocante aos impactos econômicos, podem ser destacados os


benefícios gerados por acidentes de trabalho sendo estes:
 Auxílio Doença por Acidente de Trabalho;
 Aposentadoria por Invalidez por Acidente de Trabalho;
 Pensão por Morte por Acidente de Trabalho;
 Auxílio Acidente;
 Auxílio Suplementar Acidente de Trabalho.
Os custos dos benefícios acima citados são financiados a partir da
contribuição referente à alíquota de Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT)
calculada com base na massa salarial do estabelecimento e que varia entre 1%, 2%
e 3% de acordo com a atividade do estabelecimento (CECHUN, 2002).
O gasto do INSS com benefícios devido a acidentes e doenças do trabalho e
aposentadorias especiais foi da ordem de R$ 15,9 bilhões/ano. Adicionando
despesas de custo operacional do INSS e as despesas na área da saúde o custo
global atinge valor de R$ 63,60 bilhões. O valor gasto pelos cofres públicos mostra a
urgência em criação de políticas públicas voltadas à prevenção e proteção contra os
riscos relativos às atividades do trabalho.
Os custos devido ao acidente de trabalho estão em evidência na sociedade,
uma vez que a prevenção precisa ser um ponto ampliado. Custo por acidente
remete diretamente a prejuízos nas organizações e gastos na previdência, assim:

Os custos provocados pelos acidentes de trabalho causam prejuízos a toda


sociedade. Parte dos impostos pagos é destinada para arcar com os
acidentes, ao invés ser para investimentos no país em outros setores. A
empresa, que perde mão de obra e tem sua imagem comprometida, além
da queda na produtividade durante o período de acomodação e assimilação
da ocorrência, e os gastos diretos (pagamento de seguros, indenizações,
tratamento médico). O governo também perde com pagamento de pensões
e, como consequência, tem a efetivação de suas políticas frustradas pela
alocação de verbas para pagamento de pensões e aposentadorias
3
precoces .

O acidente de trabalho, conforme já indicado tende a gerar diversos


rebatimentos para os empregados e empregadores, indo além, essa relação acaba
por prejudicar também a sociedade de maneira geral. Assim, a figura 01 exemplifica
claramente essa colocação:

3
Informações disponíveis em: http://pmkb.com.br/artigo/estouro-no-orcamento-devido-a-falta-de-
seguranca-do-trabalho/ Acesso em: 10-11-2016.
33

Figura 2: Custos do acidente para a sociedade, empregado e empresa.

Fonte: Site PMKB (2014)

Os três pontos abordados na figura 01 se relacionam na atualidade de forma


ampliada, ou seja, sociedade, empregados e empregadores são prejudicados com a
ocorrência de acidentes de trabalho, o que, consequentemente, gera prejuízo
econômico para ambos.

3.3 Principais ações que podem prevenir acidentes na construção civil

Para que seja possível indicar ações que atentem para a prevenção de
acidentes na construção civil, deve-se inicialmente apontar que o a utilização dos
equipamentos de proteção individual é essencial para todo trabalhador que esteja
inserido neste universo. Sendo assim, cabe citar que ―os equipamentos de proteção
individual (EPI) mais usados são os capacetes e luvas.‖ (SILVEIRA, ROBAZZI,
WALTER e MARZIALE, 2005, p.40).
Contudo, outros diversos equipamentos devem constar neste cenário, e em
sua maioria são negligenciados, ora pelos funcionários, ora pelos próprios
empregadores, apensar de todos constarem nas normas de segurança. Assim,
34

equipamentos como protetores auriculares e faciais, os cintos de segurança e os


sapatos especiais tendem a ficar esquecidos.
Ainda com base nos ensinamentos de Silveira, Robazzi, Walter e Marziale
(2005, p.40) é possível apontar que:

Na fase mais demorada da construção (trabalho em concreto armado),


frequentemente há quedas nas beiras de lajes, choques elétricos causados
por vibradores e até por fios de alta tensão, além de queda de materiais nas
áreas junto às fachadas.

Indo além, destaca-se que a busca pela redução de acidentes deve contar
com ações preventivas. Ou seja, é preciso que as empresas entendam que para
reduzir o acidente de trabalho deve-se primeiramente desenvolver e investir em
ações dentro dos próprios canteiros de obras, uma vez que um erro, descuido ou até
mesmo um engano cometido por um profissional tende a desencadear múltiplas
consequências, ou até mesmo, perdas que são consideráveis irreparáveis tanto no
campo material como físico.
Logo, a principal ação que pode ser tomada é a distribuição dos
equipamentos de proteção individual para todos os funcionários, dentro é claro da
necessidade especifica de cada função.
Posteriormente, a ação seguinte deve ser entendida como a conscientização
da importância do uso dos EPIs, tanto para os funcionários, como para as empresas,
que precisam seguir as normas regulamentadoras, evitando assim, acidentes e
multas.
A capacitação dos funcionários para o uso dos EPis, pode ocorrer através de
cursos e palestras, que não devem ser prolongadas para que o foco não seja
perdido, e os funcionários não de distraiam diante do tema.
O técnico de segurança do trabalho também é percebido como um elo
fundamental quando a empresa busca desenvolver ações de prevenção de
acidentes, pois este é o profissional que estará atento a essa realidade. Sendo
assim, é indicado que este busque capacitar-se sempre diante das modificações no
cenário da indústria da construção civil e assim, possa observar, orientar e apontar
mudanças que venham a contribuir para o cotidiano das obras, tendo como base o
cuidado com os funcionários.
35

Como a temática versa exclusivamente sobre o acidente de trabalho no


universo da construção civil, destaca-se que o mestre de obras também exerce
papel importante dentro do campo da prevenção de acidentes no canteiro de obra,
pois este profissional estará mais próximos dos funcionários que trabalham
diretamente na construção. Ou seja, este deve ser treinado também pela empresa
no que tange aos equipamentos de proteção, para que possa cobrar o uso dos seus
subordinados.
De forma geral, torna-se válido pontuar que ―os acidentes, em sua grande
maioria, são previsíveis, sendo por isso evitável. Algumas medidas simples, uma vez
adotadas, são suficientes para reduzir consideravelmente o número de acidentes de
trabalho em uma empresa‖ (MACEDO, 2012, p.118).
Diante dos apontamentos acerca da necessidade de ações preventivas no
cenário da indústria da construção civil, cabe ainda sinalizar o que as empresas
estão promovendo como prevenção na atualidade.

3.3.1 Promovendo a prevenção: um olhar sobre as ações das empresas

Neste espaço será apresentado alguns pontos sobre como promover a


prevenção de acidentes no campo da construção civil. Inicialmente, pode-se pensar
na contratação do funcionário, tendo em vista que este é um momento importante,
onde o mesmo pode e deve ser informado além da função que irá exercer, sobre a
necessidade de desenvolver o seu trabalho de maneira consciente, que não
prejudique a si ou a equipe em que estará inserido, dando ênfase neste momento
para o ensino da utilização dos equipamentos de segurança individual.
O material didático é considerado um bom aliado neste espaço, pois ao trazer
a foto, a descrição e como manusear e usar contribui de forma ampla para que o
profissional não tenha dúvidas sobre a sua utilização.
 Cartilhas ilustradas;
 Palestras sobre o uso dos equipamentos de proteção individual;
 Palestras sobre o uso de equipamentos de proteção coletiva;
 Cursos de curta duração sobre o impacto do acidente de trabalho na
construção civil;
 Investimento das empresas em segurança do trabalho;
36

 Manter equipamentos de proteção tanto individual como coletivos em perfeito


estado, não utilizando ou fazendo com que o funcionário utilize equipamento
danificado que possa vir a provocar algum acidente, e/ou não o proteja na
ocorrência de acidente de trabalho.
Todas as medidas apresentadas se configuram como simples e de fácil
aplicação, entretanto, exigem comprometimento tanto por parte da organização
como dos funcionários.
37

CONCLUSÃO

A prevenção de acidentes de trabalho nas empresas é fundamental.


Entretanto, no tocante a construção civil, este ainda é um quadro que precisa ser
amplamente trabalhado para que mudanças significativas possam ocorrer, tendo em
vista que a literatura mostrou que ainda na atualidade os índices de acidentes ainda
encontram-se altos.
As ações prevencionistas devem ser compreendidas com um ganho para a
empresa e para os trabalhadores, uma vez que evitar acidentes, ou seja, prevenir
que estes possam ocorrer, é essencial quando observado na perspectiva de valor da
vida do trabalhador, assim como quando observado sobre a perspectiva econômica
para as empresas.
Assim, o investimento em ações que promovam a prevenção de acidentes é
fundamental, pois, contribuem diretamente com diversos fatores como: a redução de
custos, a proteção da integridade dos trabalhadores, a prevenção de prejuízos que
podem ser contabilizados por danos de valor financeiro ou danos a saúde do
trabalhador, o aumento de produtividade sem riscos de acidentes, assim como, a
não existência do acidente de trabalho contribui diretamente para a imagem
empresarial.
Ao tratar sobre a temática dos acidentes de trabalho na indústria da
construção civil, pode-se verificar também que os custos do acidente geram
rebatimentos tanto para a sociedade, assim como para o empregado e a empresa.
De maneira geral, o prejuízo econômico é verificado como algo ampliado ao atentar
para os três pontos atingidos: sociedade, empregados e empregadores.
Logo, a prevenção precisa ser um ponto ampliado, pois, o impacto econômico
dos acidentes de trabalho na construção civil remete diretamente a prejuízos nas
organizações e gastos na previdência social.
38

REFERÊNCIA

ABIKO, Alex Kenya [et al.]. Setor de construção civil: segmento de edificações —
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