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SUMÁRIO
Introdução
3) Reflexão crítica
Conclusão
Referências bibliográficas
Santo Ângelo
2006
Introdução
1
Considerações à parte, o autor afirma que a “discordância reside essencialmente na esfera
terminológica”. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre:
Livraria do Advogado. 2006, p. 54.
A nota distintiva destes direitos é a sua dimensão positiva, uma vez
que se cuida não mais de evitar a intervenção do Estado na esfera
da liberdade individual, mas, sim, na lapidar formulação de C. Lafer,
de propiciar um “direito de participar do bem-estar social”. Não se
cuida mais, portanto, de liberdade do e perante o Estado, e sim de
liberdade por intermédio do Estado.
2
“No pensamento social e filosófico contemporâneo encontramos três tipos de ‘relativismos’,
referentes à contestação da idéia dos direitos humanos como universais: o relativismo
antropológico, o relativismo epistemológico e o relativismo cultural. Este último sustenta o
argumento aceitável de que as particularidades culturais exercem um papel determinante na
forma sob a qual os valores assegurados pelos direitos humanos, irão formalizar-se.”
BARRETO, Vicente de Paulo. Direitos humanos e sociedades multiculturais. In: Anuário do
Programa de Pós-Graduação em Direito: Mestrado e Doutorado. São Leopoldo: Unisinos.
2003. p. 464.
Este objetivo, especialmente aqui definido como o de tornar digna a
vida humana, ou como mencionado, respeitar e atribuir valor à pessoa humana
foi o que sempre motivou as gerações de direitos. Bobbio (1992, p. 18) explica:
O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se
modificar, com a mudança das condições históricas, ou seja, dos
carecimentos e dos interesses, das classes no poder, dos meios
disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações
técnicas, etc.
implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou
grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo
Estado; art. 9º. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e
as necessidades de ordem econômica, sanitária e social; art. 10º. O planejamento da gestão da
água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual
sobre a Terra.
4
Para o Oxford English Dictionnary, valor se resume a uma quantia econômica, que pode ser
objeto de troca ou que surta um retorno equivalente pelo objeto em questão.
interesses econômicos, os povos do mundo se juntem em uma cruzada em
favor da água. Esta miscelânea de dispositivos postos nesta declaração
surpreende, pois nunca se declarou nada a favor do nome de um direito. Trata-
se aqui do reconhecimento da água como um direito humano fundamental, pois
associada está a sua existência à própria vida, à dignidade da pessoa humana.
Esta preocupação que foi emergindo no seio da comunidade
internacional foi resultando de inúmeras reivindicações como mencionado.
No princípio estas reivindicações pairavam sobre o individualismo,
na seara das liberdades negativas, após partindo para o estado de bem estar
social, culminando, hoje, em reivindicações coletivas calcadas em políticas
públicas de inclusão social, e já atualmente em políticas de inclusão ambiental.
Isto não aconteceu isoladamente, devido a uma evolução das já
citadas reivindicações que se transformaram e modificaram a condição humana
através da história. Houve mudanças na área científica e estudos foram sendo
desenvolvidos. Uma destas vertentes foi o chamado desenvolvimento
sustentável.
Esta abordagem do desenvolvimento não único e simplesmente
voltado à economia, encontra seu sustentáculo em cinco pilares: o social,
territorial, econômico, político e, objeto desta análise, o ambiental 5. Sachs
(2004, p. 13) traz a noção de sustentabilidade:
O desenvolvimento, distinto do crescimento econômico, cumpre esse
requisito, na medida em que os objetivos do desenvolvimento vão
bem além da mera multiplicação da riqueza material. O crescimento
é uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente (muito
menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar a meta de uma
vida melhor, mais feliz e mais completa para todos.
5
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro:
Garamond. 2004, p. 15-16.
É relembrado aqui, que o direito aos recursos hídricos, bem como
ao meio-ambiente, desemboca ao direito ao desenvolvimento sustentável.
Bedin (2003, p. 381) resgata a sua trajetória:
(...) direito ao desenvolvimento sustentável, que deve ser
materializado através de ações humanas direcionadas à construção
de uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. Por
isso, para alcançar o desenvolvimento sustentável, (...) a proteção
ambiental deve constituir-se em parte integrante do processo de
desenvolvimento.
Conclusão
A tarefa de se fazer a leitura das gerações de direitos, bem como
as reivindicações que levam a estas gerações, motivos determinantes do
nascimento de um direito, se mostra mais atual do que nunca. Como na
retrospectiva histórica de afirmação dos direitos humanos ao longo dos tempos,
atualmente direitos como ao meio ambiente e, especialmente, aos recursos
hídricos, caso em tela se mostram debates para se iniciar a construção de um
futuro de efetivação das garantias fundamentais. A dignidade da pessoa
humana, direito fundamental e que perpassa por uma crise de fundamentação,
agrega ao seu redor outros fatores, como o desenvolvimento sustentável e não
meramente econômico. A questão da água se torna como uma chave mestra
nesta problemática de inclusão sócio-ambiental, pois é neste direito, bem e
valor econômico que reside o futuro de uma sociedade que se expande rumo a
um futuro que irá se mostrar cada vez mais complexo quanto à garantia dos
direitos fundamentais.
Referências bibliográficas
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multiculturais. In: Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito:
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