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Tudo Menos Amor

Martinho da Vila
Tudo que quiseres
te darei ó flor
menos meu amor
darei carinho
se tiveres a necessidade
e peço a Deus para lhe dar
muita felicidade
infelizmente
só não posso ter-te
para mim
coisas da vida
é mesmo assim
embora saiba
que me tens tão grande adoração
eu sigo a ordem
e essa é dada por meu coração
neste romance
existem lances sensacionais
mas te dar o meu amor, jamais
A gente ama verdadeiramente
uma vez
outras são puras fantasias
digo com nitidez
mais uma história de linguagens
sensíveis e reais
o que quiseres
mas, o meu amor, jamais
tudo que quiseres

Pro Amor Render


Martinho da Vila
Faço tudo o que tem que fazer
Pro amor render
Mexo gostoso o que tem de mexer
Pro amor render
Pro amor render
Pro amor render
Faço tudo o que tem que fazer
Pro amor render
Pro amor render
Pro amor render
Mexo gostoso o que tem de mexer
Pro amor render

Bato tambor que tiver que bater


Acendo tudo que é de acender
Ralo o que for de ralar
Misturo o que é de misturar
Seu beijo me faz enlouquecer
É um tempero gostoso pro viver
No seu corpo lindo vou me aquecer
Pergunto ao meu pai o que vou fazer
Nosso amor não tem hora, não tem lugar
Cristalino feito as ondas do mar
Essa paixão veio me embalar
Vou comer desse doce, me lambuzar
O que é de beber eu bebo
O que é de banhar me banhe
Por favor, você não me assanhe
Fico ligado nem percebo
É gostoso ser seu nego
Ser dono do seu amor
Aliviar a tristeza e a dor
Com seu carinho, com seu chamego

Casa de Bamba
Martinho da Vila
Na minha casa
Todo mundo é bamba
Todo mundo bebe
Todo mundo samba...(2x)
Na minha casa
Não tem bola prá vizinha
Não se fala do alheio
Nem se liga prá candinha...(2x)
Na minha casa
Todo mundo é bamba
Todo mundo bebe
Todo mundo samba...(2x)
Na minha casa
Ninguém liga prá intriga
Todo mundo xinga
Todo mundo briga...(2x)
Macumba lá na minha casa
Tem galinha preta
Azeite de dendê
Mas ladainha lá na minha casa
Tem reza bonitinha
E canjiquinha prá comer
Mas ladainha lá na minha casa
Tem reza bonitinha
E canjiquinha prá comer...
Se tem alguém aflito
Todo mundo chora
Todo mundo sofre
Mas logo se reza
Prá São Benedito
Prá Nossa Senhora
E prá Santo Onofre...
Mas se tem alguém cantando
Todo mundo canta
Todo mundo dança
Todo mundo samba
E ninguém se cansa
Pois minha casa
É casa de bamba
Pois minha casa
É casa de bamba...
Macumba lá na minha casa
Tem galinha preta
Azeite de dendê
Mas ladainha lá na minha casa
Tem reza bonitinha
E canjiquinha prá comer
Mas ladainha lá na minha casa
Tem reza bonitinha
E canjiquinha prá comer...
Se tem alguém aflito
Todo mundo chora
Todo mundo sofre
Mas logo se reza
Prá São Benedito
Prá Nossa Senhora
E prá Santo Onofre...
Mas se tem alguém cantando
Todo mundo canta
Todo mundo dança
Todo mundo samba
E ninguém se cansa
Pois minha casa
É casa de bamba
Pois minha casa
É casa de bamba
Pois minha casa
É casa de bamba...

O Pequeno Burguês
Martinho da Vila
Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
É particular
Particular!
Ela é particular
Particular!
Ela é particular...
Livros tão caros
Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar...
Morei no subúrbio
Andei de trem atrasado
Do trabalho ia prá aula
Sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa
À meia-noite
Tinha sempre a me esperar
Um punhado de problemas
E criança prá criar...
Para criar!
Só criança prá criar
Para criar!
Só criança prá criar...
Mas felizmente
Eu consegui me formar
Mas da minha formatura
Não cheguei participar
Faltou dinheiro prá beca
E também pro meu anel
Nem o diretor careca
Entregou o meu papel...
O meu papel!
Meu canudo de papel
O meu papel!
Meu canudo de papel...
E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado
Mas burgueses são vocês
Eu não passo
De um pobre coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado...

O Pai da Alegria
Martinho da Vila
Se é pra sambar, entra na roda
Vem requebrar que a roda gira
Quer me ganhar e olha de banda
Mas também tá na minha mira
Samba, menina que eu quero ver
Você mexer a anatomia
Samba mãezinha (mãinha), papai quer ver
Você trazer só alegria
Mas vou me perder
No seu rebolar
E por querer posso até bambear
É o seu sorrir
Que me faz sonhar
Com o gosto do beijo que eu quero provar
Menina que pra sambar não tem hora
Se casa com a noite e também namora o dia
Mas sou amante da minha escola
E quero levá-la pra outra orgia
No pagode você deita e rola
E vai pra gandaia com a tal Lua vadia
As minguantes, cheias, crescentes ou novas
São testemunhas que o samba
É o pai da alegria
Quem É do Mar Não Enjôa
Martinho da Vila
Quem é do mar não enjoa, não enjoa.
Chuva fininha é garoa, é garoa.
Homem que é homem não chora! Não, não chora.
Quando a mulher vai embora, vai embora.
Quem quiser saber meu nome,
Não precisa perguntar.
Sou Martinho lá da Vila,
Partideiro devagar.
Quem quiser falar comigo
Não precisa procurar.
Vá aonde tiver samba
Que eu devo estar por lá.
Eu cheguei no samba agora,
Mas aqui eu vou ficar.
Pois quem é mesmo do samba
Vai até o sol raiar.
O sereno ta caindo,
Ta caindo devagar.
Vai cair chuva miúda
E o samba não vai parar.
Serenou lá na Mangueira.
Serenou lá na Portela.
Serenou em Madureira.
Serenou lá na favela.
Serenou lá no Salgueiro.
Serenou lá no Capela.
Serenou na minha casa.
Serenou na casa dela.
Quem tiver mulher bonita
Traga presa na corrente.
Eu também já tive a minha,
Mas perdi num samba quente.
A menina foi embora,
Mas um samba vou cantar,
Pois está mesmo na hora
De ter outra em seu lugar.

Batuque na Cozinha
Martinho da Vila
Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé
Não moro em casa de cômodo
Não é por ter medo não
Na cozinha muita gente sempre dá em alteração
Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé
Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato
Eu fui na cozinha
Pra ver uma cebola
E o branco com ciúme
De uma tal crioula
Deixei a cebola, peguei na batata
E o branco com ciúme de uma tal mulata
Peguei no balaio pra medir a farinha
E o branco com ciúme de uma tal branquinha
Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato
Mas o batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé
Eu fui na cozinha pra tomar um café
E o malandro tá de olho na minha mulher
Mas, comigo eu apelei pra desarmonia
E fomos direto pra delegacia
Seu comissário foi dizendo com altivez
É da casa de cômodos da tal Inês
Revistem os dois, botem no xadrez
Malandro comigo não tem vez
Mas o batuque na cozinha ...
Mas seu comissário
Eu estou com a razão
Eu não moro na casa de arrumação
Eu fui apanhar meu violão
Que estava empenhado com Salomão
Eu pago a fiança com satisfação
Mas não me bota no xadrez
Com esse malandrão
Que faltou com respeito a um cidadão
Que é Paraíba do Norte, Maranhão
Batuque na cozinha ...

Coração de Malandro
Martinho da Vila
Coração de malandro
Não bate, balança
Pra lá e pra cá
Se bater é bobeira e malandro dança
E malandro não pode dançar
Ê menina
A hora é essa
Ê menina
Quem mandou você fazer promessa, menina!
Ê menina
A hora é essa
Ê menina
Vamos embora deixa de conversa
Eu estava saindo do samba
Na hora que você chegou
Pedindo qu'eu não fosse embora
Pra gente brincar de amor
Fiquei até romper da aurora
E agora o samba acabou
Comigo ajoelha, tem reza
Pra que você se ajoelhou
Oi menina!

Heróis da Liberdade
Martinho da Vila
Samba, ó samba
Tem a sua primazia
Em gozar de felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos heróis da liberdade
Passava noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia o fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria, com sabedoria
Deu sua decisão
Com flores e alegria
Veio a abolição
A independência Laureando
O seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Essa brisa que a juventude afaga
Essa chama
Que o ódio não apaga pelo universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, ó samba
Tem a sua primazia
Em gozar de felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos heróis da liberdade
Ô, ô, ô, ô
Liberdade senhor!

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