You are on page 1of 13

Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO E


GESTÃO PÚBLICA
© 2017 - GESEA GRUPO DE ESTUDOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E AMBIENTAIS
________________________________________________________________________________________________________________________

AVALIANDO O CONHECIMENTO DOS ALUNOS DO CURSO DE GESTÃO


PÚBLICA SOBRE AS ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes
Aluna do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública (UFCG-CDSA)
E-mail: lais.congo@gmail.com
José Ozildo dos Santos
Docente, doutorando em Engenharia de Processos e mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG)
E-mail: joseozildo2014@outlook.com
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Abstract: This is an exploratory research, of a descriptive nature and with a quantitative approach,
developed with the students of the fifth period, of the Technology Course in Public Management, Federal
University of Campina Grande, Campus of Sumé, State of Paraíba. The objective of the present research was
to show the need to discuss strategies in the classroom for sustainable development to be promoted. Through
the present research it can be verified that the projects focused on the promotion of sustainable development
should not only be limited to the regional and social context. For these processes to succeed, it is necessary
for a long time to be committed to the permanence of the solutions mobilized. This is because the objective
of sustainability does not only concern the preservation of natural resources. It also takes into account the
triggering of historical processes resulting from this preservation and shows the need for the evolution of
technological alternatives that allow such preservation to take place. Although the data collected demonstrate
that all the interviewees know what sustainable development is, through a complete analysis of the data, it
can be concluded that what the knowledge of the students interviewed is still unsatisfactory in relation to
what is sustainable development and what strategies for your promotion.

Keywords: Sustainable Development. Strategy. Elaboration and Discussion.

Resumo: Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, de natureza descritiva e com uma abordagem
quantitativa, desenvolvida junto aos alunos do quinto período, do Curso de Tecnologia em Gestão Pública,
da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Sumé, Estado da Paraíba. O objetivo da presente
pesquisa foi mostrar a necessidade de se discutir em sala de aula estratégias para que o desenvolvimento
sustentável seja promovido. Através da presente pesquisa pode-se constatar que os projetos voltados para a
promoção do desenvolvimento sustentável não devem somente se limitar ao contexto regional e social. Para
que haja êxito nesses processos é necessário que, por um longo tempo, exista compromisso com a
permanência das soluções mobilizadas. Isto por que o objetivo da sustentabilidade não diz respeito apenas à
preservação dos recursos naturais. Ela também leva em consideração o desencadeamento dos processos
históricos resultantes dessa preservação e mostra a necessidade da evolução de alternativas tecnológicas que
permitam que tal preservação aconteça. Embora os dados coletados demonstrem que todos os entrevistados
sabem o que é desenvolvimento sustentável, mediante a análise completa dos dados, pode-se concluir que o
que o conhecimento dos alunos entrevistados ainda é pouco satisfatório em relação ao que é
desenvolvimento sustentável e quais as estratégias para a sua promoção.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Estratégia. Elaboração e Discussão.


________________________________________________________________________________________________

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

1 INTRODUÇÃO democráticas nesse processo. De forma bem clara


ficou demonstrado que não há desenvolvimento sem
Estruturado a partir de uma lógica consistente, o envolvimento da comunidade. Entretanto, tem-se
o desenvolvimento sustentável exige um modelo de notado que muito pouco de aborda a necessidade de
gestão que tenha compromisso com a racionalidade. estratégias para se colocar em prática o
As decisões relacionadas a esse tipo de desenvolvimento sustentável. E, a ausência dessa
desenvolvimento devem ser sempre baseadas em discussão, de certa forma, contribui para dificulta o
decisões precedentes, tendo em vista o fato de que entendimento acadêmico sobre o desenvolvimento
com o mesmo compreende uma sequencia de sustentável. A necessidade de se promover uma
atividades interativas, elaboradas a partir de maior discussão sobre tais estratégias é, portanto, o
estratégias definidas (CAR-BA, 1997). que justifica a escolha do tema do presente trabalho.
Na atualidade, as questões importantes vêm se O presente artigo tem por objetivo geral
apresentando emergem do que diz respeito ao avaliar o conhecimento dos alunos do Curso de
desenvolvimento sustentável. Porque se trata, em Tecnologia em Gestão Pública (UFCG/CDSA) sobre
linhas gerais, de binômio “economia versus meio as estratégias para que o desenvolvimento
ambiente” que ficam em choque ou em rota de sustentável seja promovido.
colisão nos multifacetados segmentos da sociedade,
sem embargos é premente fomentar o 2 MATERIAIS E MÉTODOS
desenvolvimento econômico em harmonia com a
preservação e proteção ambiental (MUNCK, 2013). Realizou-se uma pesquisa do tipo
Quanto às particularidades que devem ser exploratória, de natureza descritiva e abordagem
observadas quando do estabelecimento de estratégias quantitativa. Como universo de estudo, escolheu-se
para o desenvolvimento sustentável, estas dizem os alunos do quinto período do Curso Superior de
respeito ao aproveitamento da mão de obra, em sua Tecnologia em Gestão Pública, da UFCG, Campus
maior quantidade. Para tanto, os projetos voltados Sumé - Paraíba. A amostra foi composta por 40

43
para esse fim devem ser bem elaborados e alunos, selecionados de forma aleatória, entre
adequados à realidade local, possuindo a capacidade aqueles que demonstraram interesse em participar da
de serem desenvolvidos a longo prazo, presente pesquisa.
estabelecendo condições que garanta a preservação Para a recolha dos dados utilizou-se um
dos recursos naturais existentes na região e a cultura questionamento composto por 10 questões
local (SILVA, 2007). subjetivas, voltadas para os objetivos da presente
Além de se preocupar com a preservação dos pesquisa. A análise dos dados recolhidos foi
recursos naturais, o desenvolvimento sustentável promovida na etapa final da pesquisa, oportunidade
procura estabelecer condições para uma gestão em que se recorreu à literatura especializada,
participativa, para a ocorrência da inclusão de um objetivando promover a discussão de tais dados.
maior contingente de mão de obra no cenário
econômico. O desenvolvimento sustentável se 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
apresenta como um processo democrático e como 3.1 Perfil da amostra
tal, necessita do estabelecimento de metas e
compromisso claros, que possuam natureza atingível Inicialmente, objetivando traçar o perfil da
(MUNCK; BORIM-DE-SOUZA, 2013). amostra entrevistada, colheu-se dados relativos ao
Pelo demonstrado, não há como se falar no sexo, à faixa etária, ao local de residência e ao fato
estabelecimento de estratégias para o de exercer alguma atividade que exercer, além do
desenvolvimento sustentável, sem, contudo, levar vínculo estudantil com a UFCG. Tais dados
em consideração o envolvimento das instituições encontram-se apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição da amostra quanto ao perfil apresentado


Variáveis Participantes %
Sexo
Masculino 22 55%
Feminino 18 45%
Total 40 100%
Faixa Etária

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Avaliando o conhecimento dos alunos do curso de gestão pública sobre as estratégias
para a promoção do desenvolvimento sustentável

Entre 18 e 20 anos 21 52,5%


Entre 21 e 25 anos 11 27,5%
Entre 26 e 30 anos 05 12,5%
Entre 31 e 35 anos 03 7,5%
Total 40 100%
Local de residência
Zona Urbana 16 40%
Zona Rural 24 60%
Total 40 100%
Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017).

Quando se analisa os dados apresentados na Quando se analisa esses últimos dados,


Tabela1 verifica-se que a amostra entrevistada foi percebe-se que o perfil dos alunos do ensino
constituída por uma maioria de alunos do sexo superior tem mudado bastante nos últimos anos. Isto
masculino (55%), enquanto que 45% pertenciam ao porque uma grande parte destes são oriundo das
sexo feminino. No que diz respeito à faixa etária dos zonas rurais. No caso específico do CDSA, diante de
alunos entrevistados, verificou-se que 52,5% sua localização em pleno Cariri paraibano, esta
possuíam entre 18 e 20 anos, 27,5% afirmaram que particularidade tem se tornado em uma oportunidade
possuíam idades entre 21 e 25 anos; 12,5% para muitos alunos das zonas rurais dos municípios
declararam que tinha entre 26 e 30 anos de idade, e, circunvizinhos a Sumé, possam vir a frequentar um
uma pequena parcela de 7,5%, entre 31 e 35 anos. curso superior na Universidade Federal de Campina
Assim, diante dos dados apresentados, Grande, dando ao ensino superior mais
constata-se que a amostra entrevistada, quase em sua universalidade.
totalidade, foi formada por pessoas relativamente
jovens, visto que a maioria dos participantes (80%) 4.1 Dados relativos aos objetivos da pesquisa
possuía idades inferiores há 25 anos. Em relação ao
local de residência, os dados apresentados na Tabela Inicialmente, procurou-se saber dos 44
1 mostram que 60% dos alunos participantes participantes se eles sabiam o que é
residiam na zona urbana, enquanto que 40% desenvolvimento sustentável. Os dados colhidos
declararam que residiam no meio rural. foram apresentados no Gráfico 1.

Gráfico 1. Distribuição dos participantes quanto ao fato de saberem o que é desenvolvimento


sustentável

90%
90%
80%
70% Sim (36)
60%
50% Não (4)
40%
30%
20% 10%
10%
0%
Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017).

Quando se analisa o Gráfico 1, verifica-se que De acordo com Jardim (2005, p. 190):
todos os entrevistados sabem o que é
desenvolvimento sustentável.

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

O desenvolvimento sustentável é o discurso Na busca do equilíbrio necessário, o


aberto frente à necessária busca de equilíbrio desenvolvimento sustentável interliga o que é para
entre o desenvolvimento econômico e o meio ser desenvolvido com o que é para ser sustentado.
ambiente. Entretanto, percebe-se que a Existe no desenvolvimento sustentável uma
independência entre ambos é transparente. preocupação com o ‘renovar’, de forma que prega-se
Nessa construção sustentável, a mobilização a exploração de determinado recurso, sem, contudo,
social mundial é a primeira trilha a ser exauri-lo, deixando-o num limite onde o mesmo
desvendada pelo homem que percebeu a possa se restabelecer.
degradação como efeito de suas ações. Isto Num segundo momento, levando em
significa a possibilidade de tomada de postura consideração que todos os participantes possuem
na concretização de alianças gravitacionais no algum conhecimento sobre o tema em estudo,
eixo de consenso mínimo sobre a relação procurou-se saber destes qual a maior preocupação
entre o homem e o meio ambiente. do desenvolvimento sustentável. Os dados colhidos
foram esboçados no Gráfico 2.

Gráfico 2. Distribuição dos participantes quanto à maior preocupação


do desenvolvimento sustentável

80,0% Garantir um meio ambiente


70,0% equilibrado às gerações
72,5%
futuras (n=29)
60,0%
50,0%
Contribuir para a

45
40,0% preservação da natureza
(n=7)
30,0%
20,0%
17,5% Explorar de forma racional
10,0% os recursos naturais (n=4)
10,0%
0,0%
Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017).

De acordo com o Gráfico 2, 72,5% dos alunos vidas e de bem estar, semelhantes às que a
entrevistados acham que a maior preocupação do sociedade atual desfruta.
desenvolvimento sustentável é garantir um meio
ambiente equilibrado às gerações futuras; 17,5% O desenvolvimento sustentável defende aqueles
acreditam que é contribuir para a preservação da modelos de desenvolvimentos, que primam pela
natureza, e, 10% acham que é promover a preservação dos recursos naturais e que observam as
exploração dos recursos naturais de forma racional. vocações locais e regionais, bem com os graus de
De acordo com Santos et al. (2013, p. 36): desenvolvimento, procurando estabelecer uma
correlação com as diferentes culturas desenvolvidas.
[...] o desenvolvimento sustentável pode ser Ele é uma técnica de planejamento que busca
entendido como aquele que procura satisfazer articular o desenvolvimento, primando pela melhoria
as necessidades da sociedade atual, garantindo da qualidade de vida, através do incremento da
às futuras gerações a capacidade de promover produtividade, visando manter em equilíbrio o
as suas. Esse tipo de desenvolvimento prima ecossistema, de forma que as atividades humanas
pela ‘continuidade’ e ‘permanência’ da possam ser realizadas.
qualidade de vida. No desenvolvimento Num terceiro momento, perguntou-se aos
sustentável existe uma preocupação em participantes quais são os tripés da sustentabilidade.
garantir às gerações futuras, condições de O Gráfico 3 diz respeito a esse questionamento.

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

Gráfico 3. Distribuição dos participantes quanto ao fato de quais são


os aspectos que compõem o tripé da sustentabilidade

75%
80%
Aspectos sociais,
70% econômicos e ambientais
60% (n=30)

50% Aspectos econômicos e


ambientais (n=4)
40%
30%
Aspectos ambientais (n=6)
15%
20% 10%
10%
0%

Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017)

Quando se analisa os dados apresentados no Assim, ao cumprir de forma correta o aspecto


Gráfico 3, verifica-se que segundo todos os econômico, o homem indiretamente estará
entrevistados (100%), os tripés da sustentabilidade promovendo o segundo aspecto, que é o ambiental.
são os aspectos econômicos, ambientais e sociais. No entanto, em momento algum deve se deixar de
Afirma Bursztyn (2001), que sem ética a lado os aspectos sociais, que privilegiam o
sustentabilidade não existe. E, que a mesma é aproveitamento e a valorização da mão de obra
apoiada num tripé (economia, social e ambiental), local.
que precisa está em perfeito equilíbrio. Mediante o quarto questionamento, indagou-
Quando se fala nos aspectos econômicos, está se aos entrevistados se é possível haver
se referindo ao fato de que o homem pode continuar sustentabilidade sem ética. Os dados foram
explorando o meio ambiente. No entanto, de forma apresentadas no Gráfico 4.
racional, respeitando as condições ambientais.

Gráfico 4. Distribuição dos participantes quanto ao fato


se é possível haver sustentabilidade sem ética

90%
90%
80%
70%
Sim (n=36)
60%
50%
Não (n=4)
40%
30%
20% 10%
10%
0%
Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017)

Ao se analisar o Gráfico 4, verifica-se que sustentabilidade sem que exista uma preocupação
segundo 100% dos entrevistados é impossível haver também com a ética.

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

Afirma Bursztyn (2001), que sem ética a quanto à preservação do meio ambiente para que as
sustentabilidade não existe. A ética da gerações futuras tenham acesso aos recursos naturais
sustentabilidade baseia-se na solidariedade com as ora existentes, deve ser real e constante.
gerações futuras. Posteriormente, procurou-se saber dos
Ao se buscar mecanismos que garantam a participantes, quais as funções que devem estar
preservação dos recursos naturais, se está sendo presentes num projeto voltado para o
solidário com as gerações futuras. A preocupação desenvolvimento sustentável.

Gráfico 5. Distribuição dos participantes quanto às funções que devem estar presentes
num projeto voltado para o desenvolvimento sustentável
Articulação institucional, política e planejamento
estratégico (n=6)

40,0%

37,5% Provimento e gestão dos fundos públicos;


35,0%
planejamento microrregional e política (n=6)

30,0%

25,0% Política, administração de projetos; avaliação (n=8)

20,0% 20,0%

15,0% Administração de projetos; avaliação,


15,0% acompanhamento e controle (n=5)

47
15,0% 12,5%
10,0%

5,0% Articulação institucional; planejamento estratégico;


provimento e gestão dos fundos públicos;
planejamento microrregional; administração de
0,0% projetos; avaliação, acompanhamento e controle
(n=15)
Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017)

De acordo com os dados apresentados no É impossível se pensar em desenvolvimento


Gráfico 5, para 37,5% dos estudantes que sustentável, sem levar em consideração o
participaram desta pesquisa, as funções que devem estabelecimento de estratégias para a sua condução.
estar presentes num projeto voltado para o Para ser concretizado, esse tipo de desenvolvimento
desenvolvimento sustentável são as seguintes: exige a definição de algumas funções consideradas
articulação institucional; planejamento estratégico; como sendo ‘chaves’ e indispensáveis no processo
provimento e gestão dos fundos públicos; de construção de um meio ambiente sustentável.
planejamento microrregional; administração de Dissertando sobre essa necessidade, Matos
projetos; avaliação, acompanhamento e controle. (2004) afirma que um projeto voltado para a
No entanto, 15% entendem que devem ser promoção do desenvolvimento sustentável requer
somente as funções articulação institucional, política vários procedimentos diferenciados, que podem ser
e planejamento estratégico; para 20%, tais funções ordenados nas seguintes funções chaves: articulação
são: política, administração de projetos e avaliação. institucional; planejamento estratégico; provimento
Entretanto, outros 15% entendem que deve-se e gestão dos fundos públicos; planejamento
privilegiar o provimento, a gestão dos fundos microrregional; administração de projetos e
públicos, o planejamento microrregional e a política. avaliação, acompanhamento e controle.
Os demais (12,5%), acham que devem ser as Desta forma, percebe-se que o
funções administração de projetos; avaliação, desenvolvimento sustentável deve ser previamente
acompanhamento e controle. pensado, exigindo a definição de estratégias para a

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Avaliando o conhecimento dos alunos do curso de gestão pública sobre as estratégias
para a promoção do desenvolvimento sustentável

sua condução. Tal processo inicia-se com a possa cumprir suas funções chaves, deve-se
articulação institucional, etapa em que é delimitada a desprezar o acompanhamento e o controle das ações
área em que o projeto de deve ser desenvolvido. desenvolvidas. No final, a avaliação do que foi feito
Sabendo-se quais os agentes sociais que farão parte e produzido em prol da sustentabilidade deve ser
dessa ação, inicia-se a segunda fase, que diz respeito avaliado, procurando identificar os pontos positivos
ao planejamento estratégico. e negativos, corrigindo aquilo que for necessário.
Havendo a garantia dos recursos necessários Mediante sexto questionamento, indagou-se
ao desenvolvimento do referido projeto, procura-se aos estudantes participantes se eles acham que a
conduzi-lo de forma que seus resultados possam sociedade possui o conhecimento necessário para
contribuir também para a melhoria das condições promover o desenvolvimento sustentável. O Gráfico
regionais. Em momento algum, para que a iniciativa 6 relaciona-se a esse questionamento.

Gráfico 6. Distribuição dos participantes quanto se eles acham que a sociedade possui
o conhecimento necessário para promover o desenvolvimento sustentável

90,0%
87,5%
80,0%

70,0% Não (n=35)

60,0%
Sim (n=5)
50,0%

40,0%
48
30,0%

20,0%

10,0% 12,5%

0,0%

Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017)

Quando se analisa os dados apresentados no precisa ser construída socialmente, ou seja, penso
Gráfico 6, verifica-se que na opinião de 87,5% dos que o desafio é construir a utopia da sociedade
entrevistados a sociedade não possui o sustentável, desenvolvendo-se em contínua
conhecimento necessário para promover o progressão a capacidade de pensar, que é a essência
desenvolvimento sustentável. No entanto, 12,5% da natureza humana”.
entendem que aquela possui. Assim sendo, somente existirá de fato o
Segundo Veiga (2005), para a promoção do desenvolvimento sustentável quando existir uma
desenvolvimento sustentável se faz necessário uma sociedade dotada de uma consciência ecológica e
ampla difusão de valores culturais, que sejam que seus integrantes, pautem suas ações observando
capazes de conscientizar a sociedade, mobilizando-a sempre a ética da sustentabilidade.
na elaboração, implementação e controle das ações Através do sétimo questionamento,
governamentais voltadas para a gestão e uso dos perguntou-se aos participantes como devem ser as
recursos naturais. estratégias para a promoção do desenvolvimento
Nessa mesma linha de raciocínio, Rodrigues sustentável. Os dados relativos a esse
(2009, p. 44) argumenta que “a sustentabilidade questionamento foram apresentados no Quadro 7.
Gráfico 7. Distribuição dos participantes quanto ao fato de como devem ser as estratégias para a
promoção do desenvolvimento sustentável

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

70,0% 62,5% Devem privilegiar o


aproveitamento racional dos
60,0% recursos naturais,
preocupando-se com a
50,0% depredação da natureza
37,5% (n=15)
40,0%

30,0%
Devem garantir um meio
ambiente saudável às
20,0% gerações futuras (n=25)

10,0%

0,0%

Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017)

Com base nos dados apresentados no Gráfico - maior autonomia das economias geradas
7, na concepção de 62,5% dos entrevistados, as com relação à dependência de outros centros,
estratégias para a promoção do desenvolvimento em decorrência da máxima mobilização de
sustentável devem garantir um meio ambiente recursos e mão de obra local;
saudável às gerações futuras. Entretanto, 37,5% - geração de economias com capacidade de
desses mesmos entrevistados entendem que tais
estratégias devem privilegiar o aproveitamento
incorporação progressiva de grandes
contingentes de mão de obra, inclusive pela 49
racional dos recursos naturais, preocupando-se com capacidade de gerar efeitos de dispersão para
a depredação da natureza. frente e para trás;
Através do desenvolvimento sustentável - permanência, adequação e evolução dos
busca-se melhorar a qualidade de vida do ser projetos ao longo do tempo, adaptando-se às
humano, erradicando a miséria, promovendo-se um contingências dos mercados, da cultura da
resgate da dívida social que o Estado possui com disponibilidade dos recursos.
grande parte de sua população. No entanto, para
cumprir esse papel, é necessário a definição de O aproveitamento racional dos recursos
estratégia bem claras. naturais visa garantir que as gerações futuras tenham
De acordo com Matos (2004, p. 19) um acesso aos recursos ora disponíveis. Quando se fala
modelo de desenvolvimento sustentável deve levar em desenvolvimento e uso de tecnologias
em consideração as seguintes estratégias: adequadas, está se buscando uma forma de
desenvolvimento que preserve a cultura local. Pois, a
- aproveitamento racional dos recursos imposição de tecnologias que não levem em
naturais, sem depredação da natureza, consideração as particularidades locais podem
garantindo o equilíbrio do ecossistema, tanto trazem desequilíbrio não somente para o ecossistema
para preservar as condições de vida atuais, como também para a economia local.
como por solidariedade às gerações futuras; Em ato contínuo, indagou-se dos participantes
- desenvolvimento e uso de tecnologias o que as estratégias para o desenvolvimento
adequadas, que superem o obsoletismo que sustentável não podem esquecer. As respostas
comprometem a competitividade da região, fornecidas foram transformadas em dados e
mas que respeitem a cultura e o equilíbrio do apresentadas no Gráfico 8.
ecossistema e da economia local;

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Avaliando o conhecimento dos alunos do curso de gestão pública sobre as estratégias
para a promoção do desenvolvimento sustentável

Gráfico 8. Distribuição dos participantes quanto ao fato do que as estratégias para o desenvolvimento
sustentável não podem esquecer.

40,0% a agricultura sustentável (n=15)


37,5%
35,0%
35,0%
a destinação adequada dos
30,0% resíduos sólidos(n=4)

25,0%
a economia verde (n=14)
20,0%

15,0% as melhorias no saneamento


básico (n=2)
10,0% 12,5%
10,0% o incentivo à energia renovável
5,0% (n=5)
5,0%
0,0%

Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017)

50
Quando se analisa os dados apresentados no
Gráfico 8, verifica-se que segundo 37,5% dos É importante ressaltar que no contexto da
entrevistados, as estratégias para o desenvolvimento administração pública, já existe o entendimento de
sustentável não podem esquecer a agricultura que se devem privilegiar as compras públicas
sustentável, 10% afirmaram que não se pode ignorar sustentáveis como uma estratégia para a promoção
a destinação adequada dos resíduos sólidos, 35% do desenvolvimento sustentável, aplicando critérios
destacaram a economia verde, enquanto de 5% socioambientais nas licitações. Mediante esse
entendem serem as melhorias no saneamento básico. entendimento, alguns municípios veem incentivando
Os demais (12,5%) afirmaram que não se pode a agricultura sustentável, comprando da agricultura
esquecer o incentivo à energia renovável. familiar grande parte dos produtos da merenda
Por outro lado, quando se fala em estratégias escolar, desde que sejam produzidos observando-se
para o desenvolvimento sustentável, estas devem os parâmetros da sustentabilidade.
privilegiar, segundo o governo do Estado de São Na atualidade, várias cidades do Estado da
Paulo (2012, p. 32) dentre outras, as seguintes Paraíba já possuem sua feira da agricultura familiar.
particularidades: No caso específico do CDSA/UFCG, funciona no
interior do Campus uma pequena ‘feira’, na qual,
[...] a agricultura sustentável; a criação de alguns produtores já comercializam seus produtos.
investimentos sustentáveis; a destinação Trata-se de uma iniciativa que tem contribuído para
adequada dos resíduos sólidos; a economia o fortalecimento da agricultura familiar na região do
verde; a promoção da habitação sustentável; Cariri paraibano.
as discussões sobre a adaptação às mudanças Mediante o penúltimo questionamento
climáticas; as melhorias no saneamento indagou-se dos entrevistados como eles avaliam o
básico; o incentivo à energia renovável; o conhecimento da sua turma em relação às estratégias
incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento para a promoção do desenvolvimento sustentável.
(p&d); uma maior promoção da Os dados colhidos encontram-se esboçados no
biodiversidade e dos recursos naturais; uma Gráfico 9.
melhor utilização dos recursos hídricos.

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

Gráfico 9. Distribuição dos participantes quanto ao fato de como eles avaliam o conhecimento da sua
turma em relação às estratégias para a promoção do desenvolvimento sustentável

50,0% 50,0%
45,0%
Muito satisfatório (n=5)
40,0%
35,0%
Satisfatório (n=20)
30,0%
25,0%
Pouco satisfatório (n=8)
20,0%
20,0%
15,0% 17,5%
Insatisfatório (n=7)
12,5%
10,0%
5,0%
0,0%

Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017).

A análise do Gráfico 9 permite constatar 50% sustentável, está se referindo à elaboração de


dos entrevistados avaliam o conhecimento da sua projetos voltados para esse fim, observando a
turma em relação às estratégias para a promoção do realidade local e possuidores da capacidade de serem
desenvolvimento sustentável como sendo desenvolvidos a longo prazo, contendo condições

51
satisfatório; 12,5% avaliam como sendo muito que garanta a preservação dos recursos naturais
satisfatório. Para 20% dos entrevistados, esse existentes na região, bem como a cultura local.
conhecimento é pouco satisfatório. Entretanto, para Através do último questionamento, procurou-
os demais (17,5%), tal conhecimento mostra-se se saber dos entrevistados, o que se pode afirmar em
como sendo insatisfatório. relação ao planejamento para desenvolvimento
Informa Veiga (2005), que quando se fala em sustentável. O Gráfico 10 apresenta os dados
estratégias para a promoção do desenvolvimento relacionados a esse questionamento.

Gráfico 10. Distribuição dos participantes quanto ao que se pode afirmar


em relação ao planejamento para desenvolvimento sustentável

80%
75%
70% Este é pouco necessário (n=4)
60%

50% Este é necessário (n=30)

40%
Este, às vezes, é necessário (n=6)
30%

20%
10% 15%
10%

0%
Fonte: Pesquisa de campo (jul/2017).

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Ana Laís Nascimento dos Santos Fernandes & José Ozildo dos Santos

De acordo com os dados apresentados no consideração a realidade local e os atores sociais


Gráfico 10, para 75% dos entrevistados o nela inseridos. E, que não há como se falar em
planejamento é algo sempre necessário no desenvolvimento sustentável sem a participação
desenvolvimento sustentável; 10% acham que é algo consciente da sociedade, sem o envolvimento desta e
pouco necessário e 15%, entendem que este, às de forma plena.
vezes, é necessário. Embora os dados coletados demonstrem que
Explica Caffé (2002), que o desenvolvimento todos os entrevistados sabem o que é
sustentável visa determinar os meios capazes de se desenvolvimento sustentável, verificou-se que
promover a superação dos modelos clássicos de apenas 72,5% souberam responder qual deve a
crescimento econômico. Tais meios devem maior preocupação do desenvolvimento sustentável,
privilegiar os aspectos socioeconômicos e ao mesmo bem como não há entre eles um bom conhecimento
tempo promover a inclusão social, tendo sobre as funções que devem estar presentes num
compromisso com a permanência das ações voltadas projeto voltado para o desenvolvimento sustentável.
para a preservação dos recursos naturais, de forma a Para outros entrevistados (25%), o
garanti-los às gerações futuras. planejamento não é necessário ao desenvolvimento
Assim, não há como se promover sustentável ou somente é necessário às vezes. É
desenvolvimento sem planejamento e sem oportuno esclarecer que o desenvolvimento
estruturação. E, principalmente, quando se trata de sustentável exige sempre planejamento, visto que
desenvolvimento sustentável, que exige será executado a longo prazo. Em resumo, pode-se
planejamento, visto que será executado a longo concluir que o conhecimento dos alunos do quinto
prazo, visando sempre privilegiar os interesses da período do Curso Superior de Tecnologia em Gestão
sociedade e às condições do meio ambiente ao invés Pública, da UFCG, Campus Sumé-PB, é pouco
da dinâmica econômica. satisfatório em relação ao que é desenvolvimento
sustentável e quais as estratégias para a sua
4 CONCLUSÃO promoção.

53
Através da presente pesquisa pode-se 5 REFERÊNCIAS
constatar que os projetos voltados para a promoção
do desenvolvimento sustentável não devem somente BURSZTYN, M. (org.). Ciência, ética e
se limitar ao contexto regional e social. Para que sustentabilidade. 2 ed. São Paulo: Cortez/Brasília:
haja êxito nesses processos é necessário que, por um UNESCO, 2001.
longo tempo, exista compromisso com a
permanência das soluções mobilizadas. Isto por que CAFFÉ, J. T. D. A retomada do planejamento
o objetivo da sustentabilidade não diz respeito regional e o desenvolvimento sustentável. Bahia
apenas à preservação dos recursos naturais. Ela Análise & Dados, Salvador, v. 12, n. 2, p. 71-73,
também leva em consideração o desencadeamento setembro 2002.
dos processos históricos resultantes dessa
preservação e mostra a necessidade da evolução de COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E
alternativas tecnológicas que permitam que tal AÇÃO REGIONAL. Programa de
preservação aconteça. desenvolvimento regional sustentável - PDRS: Sul
Os dados coletados demonstram que as da Bahia. Salvador: CAR-BA, 1997.
estratégias voltadas para a promoção do
desenvolvimento sustentável levam em consideração JARDIM, J. S. Desenvolvimento sustentável,
a instituição de ações capazes de gerarem emprego e desenvolvimento como liberdade e a construção da
renda, promovendo, assim, uma melhor qualidade de cidadania na perspectiva ambiental. Revista do
vida. E, que além da preocupação com a preservação Programa de Mestrado em Direito do UniCEUB,
dos ecossistemas, esse tipo de desenvolvimento Brasília, v. 2, n. 1, p. 189-201, jan./jun. 2005.
também privilegia o social e o econômico, partindo
do princípio de que estas dimensões constituem os MATOS, A. G. de. Bases referenciais para um
pilares da sustentabilidade. modelo de gestão do desenvolvimento sustentável
Pode-se concluir que o estabelecimento de do nordeste. 3 ed. Brasília: Ministério da Integração
estratégias para desenvolvimento sustentável é algo Nacional/Projeto Áridas, 2004.
patente, pois ele exige além de uma articulação
previa um planejamento estratégico, que leve em

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP
Avaliando o conhecimento dos alunos do curso de gestão pública sobre as estratégias
para a promoção do desenvolvimento sustentável

MUNCK, L. Gestão da sustentabilidade em


contexto organizacional: um novo agir frente à
lógica das competências. São Paulo: Cengage, 2013.

______; BORIM-DE-SOUZA, R. Compreensão do


desenvolvimento sustentável em contextos
organizacionais a partir do estabelecimento de
tipos ideais. Organ. Soc., v. 20, n. 67, p. 651-674,
2013.

RODRIGUES, A. M. Desenvolvimento Sustentável


e Atividade Turística. In: Rodrigues, A. B. (org).
Turismo e desenvolvimento local. 4 ed. São Paulo:
Hucitec, 2009.

SANTOS, R. M. S.; SANTOS, J. O.; FERNANDES,


A. A.; GOMES, M. A. D. O desenvolvimento
sustentável e a necessidade de uma nova
conscientização ambiental. Revista Brasileira de
Educação e Saúde, p. 34-40, abr.-jun., 2013.

SÃO PAULO (Estado). Desenvolvimento


sustentável do Estado de São Paulo: 40 metas. São
Paulo: Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Regional/Fundação

54
SEADE/Secretaria de Meio Ambiente, 2012.

SILVA, C. B. P. da. Desenvolvimento sustentável:


uma abordagem em construção no transporte
público. INTERFACEHS - Revista de Gestão
Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente,
v. 2, n. 4, p. 1-8, ago., 2007.

VEIGA, J. E. da. Cidades Imaginárias: o Brasil é


menos urbano do que se calcula. Campinas: Editora
da Unicamp, 2005.

Revista Brasileira de Administração e Gestão Pública – RBAGP


v. 1, n. 1, p. 42-54, jul-dez., 2017
http://gesea.hospedagemdesites.ws/revgesea/index.php/RBAGP

You might also like