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Dinarte:

80 anos
de idade,
54 anos
de política
100
anos
liberdade
Há 100 anos, o grito libertário e pioneiro era dado
em Mossoró fazendo todos iguais. Ele partiu de
Mossoró. Hoje, ainda ecoa por todo o Oeste,
fazendo vibrar de orgulho os que continuam livres e
lutando por mais liberdade.
Em setembro. RN/ECONOMICO fará lembrar, numa
edição especial, os aspectos principais dessa
inesquecível página da história do Oeste e seus
reflexos nos dias atuais. Participe dessa edição
histórica com seu anúncio.

PROGRAMACAOre^l^

REVISTA M E N S A L

RN/ECONOMICO
I I Rua São Tomé, 421 — Tel.: 222-4722
CENTRO - NATAL-RN
vida de um líder opiniões e polêmicas ao à matriz do próprio tema:

Á
político do porte longo da sua vida e dos o Senador Dinarte Mariz,
de Dinarte Mariz seus atos. Mas RN/ECO- que se dispôs a prestar
não pode ser abor- NÔMICO não podia deixar um longo e sincero de-
dada, em toda a sua di- de tentar oferecer aos poimento, que reproduzi-
mensão, apenas numa seus leitores e à opinião mos fielmente em quase
edição especial de qual- pública do Estado um a metade desta edição.
quer revista. Como figu- documento sobre a bela Fizemos o possível para
ra histórica, só pode ser trajetória do líder seri- que o Senador contasse
parcialmente abarcada doense. E o faz com o o máximo da sua vida —
em estudos mais longos melhor dos propósitos e e também um pouco do
e que, mesmo assim, empregando na tarefa os que ele sabe da dos ou-
ainda deixarão margem recursos de que dispõe, tros. E, justiça seja feita,
a muitas controvérsias, inclusive dando prefe- ele fez o possível tam-
pois é próprio dos gran- rência, como fonte/base, bém para contar tudo o
des homens suscitarem que sabe.

INDICE
Muitas questões abarrotam inamps tem programa para Rosemilton Silva 58.
.40 recuperar viciados 51
pauta da DRT SEÇÕES
Loterias: o velho s o n h o de laperi supera dificuldades Homens & Empresas 4
tornar-se novo rico . 42 no T A M 54 Cultura 48

Cadernetas ganham ARTIGOS HUMOR


novo impulso .46 Manoel Barbosa 7 Cláudio 56
Gasoduto: esperança Ney Lopes de Souza 45 CAPA
e alternativa . 50 Mário Moacyr Porto 53 Foto de Flávio Américo

RNE
/CONÔMC
IO R E V I S T A M E N S A L • A N O XIV • N.u 144 • A G O S T O / 8 3 • C R $ 800,00

PROGRAMAÇÃO VISUAL E DIAGRAMAÇÃO: Moacirde assuntos sócio/econômicos do Rio Grande do Norte, ê


DIREÇÃO
DIRETOFVEDITOR: Marcelo Fernandes de Oliveira Oliveira de propriedade de RN/ECONÒMICO EMPRESA JORNA.
PIRETORES: Núbia Silva Fernandes de Oliveira, Mauri- FOTOCOMPOSIÇÃO: Antônio José D. Barbalho LÍSTICA LTDA. — CGC n.° 08.286.320/0001-61 — Ende-
cio Fernandes de Oliveira e Fernando Fernandes de Oli- reco: Rua São Tomé, 421 — Natal (RN) — Fone: 222-
veira DEPARTAMENTO COMERCIAL 4722. É proibida a reprodução total ou parcial de maté-
REDAÇÃO GERENTE COMERCIAL: Paulo de Sou;.» rias da revista, salvo quando seja citada a fonte. Preço
GERENTE DE ASSINATURAS: Antônio Emídio da Silva do exemplar: Cri 800,00. Preço da assinatura anual:
DIRETOR DE REDAÇÃO: Manoel Barbosa
Cr$ 8.000,00. Preço da assinatura bienal: Cr» 13.000,00.
ARTE E PRODUÇÃO
CHEFE: Eurly Morais da Nóbrega RN/ECONÒMICO — Revista mensal especializada em Preço do número atrasado: Crt 1.500,00

3 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
HOMENS & EMPRESAS
A CHEGADA DO A Coca-Cola inicia um
BALAIO — A cadeia de novo trabalho de afirma-
Supermercados Bompre- ção do produto, que fi-
ço entrou, a partir deste cou com a imagem preju-
mês, na faixa dos super- dicada quando da briga
mercados com preços do antigo concessionário
baixos. Com o nome- com a Matriz no Brasil.
fantasia de Balaio, o
Grupo Paes Mendonça
abriu em frente à Ceasa
o primeiro do Grupo,
onde funcionou o Super- MAIS UMA DO
mercado Tropical. No NORDESTÃO — Os Su
próximo mês será inau- permercados Nordestão
gurado o do Conjunto se preparam para enfren-
Pirangi, ficando o do tar a concorrência com
Alecrim e o de Igapó, an- agressividade e nova táti-
tiga Cantina do Primo, ca de vendas. Inaugurará
para os próximos meses, no mês de setembro mais
tudo isto, antes do fim uma loja do Hiperbox,
do ano. em pleno coração do
Alecrim, na rua da feira.
A nova loja fica na Rua
Presidente Quaresma,
1 ANO DE HIPER - Av. 1, esquina com a Co-
O Hipercenter Bompreço ronel Estevam, Av. 9.
está completando um
ano de sua inauguração
em Natal, em setembro,
com isto prepara o mês
inteiro de promoções pa- CAMPANHA PELA
0 Nordesfâo: pronto para concorr e n cia
ra comemorar o seu ani- RIBEIRA — A Associa-
versário. Quem ganha é ção Comercial, que tem
o consumidor. à frente de sua Diretoria,'
Airton Costa, iniciou
uma campanha de revita-
lização do bairro da Ri-
AINDA DE COCA- beira, para mostrar que a
CO* A — O Grupo cea- Ribeira tem passado,
rense Vilejack, conces- presente e futuro. Segun-
sionário Coca-Cola para do Airton Costa, a cam-
o RN, deverá atrasar um panha já conta com o
pouco mais a sua entrada àpoio dos comerciantes
no mercado com produ- Co bairro, Governo Esta-
to de fabricação própria. dual e Prefeitura de Na-
A compra da Coirg, para tal. A Associação reivin-
instalação da fábrica de dica uma melhor conser-
engarrafamento não foi vação, padronização das
concretizada, e o Grupo calçadas com a elevação
já procura outra empresa ao nível das ruas, conclu-
para suas instalações. A são da drenagem e asfal-
Cavim, na estrada da Re- tamento das ruas para
melhor escoamento do
dinha e a Reis Magos, es-
tráfego. Com isso, o co-
tão sendo estudadas.
mércio voltaria a ter uma
Mesmo assim, o produto
maior frequência, como
terá o seu relançamento
antigamente, pois na Ri-
no Estado no próximo
beira se encontram lojas
mês, com o fornecimen-
de todos os ramos do co-
to sendo suprido pela
mércio.
unidade de João Pessoa. Ribeira: volla aos velhos tempos

4 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
HOMENS & EMPRESAS
CONSULTORIA des empresariais estão
COMPUTADORI- unidas em torno desse
ZADA — Omir Honó- 14 propósito, de vez que
rio, ex-funcionário do existe grande necessidade
BNB, contador e econo- de capital de giro entre as
mista, coloca à disposi- empresas do comércio
ção dos empresários do lojista de Natal. Os re-
Estado um Escritório de cursos postos à disposi-
Consultoria e Assessoria ção pelo Banco do Brasil
Computadorizada. Ins- têm sido insuficientes.
talou no Escritório do
Ed. Barão do Rio Bran-
co um micro-computa-
dor para prestar serviços DEFESA DO PATRI-
na área de Contabilidade MÔNIO — Estará fun-
Geral, Controles Finan- cionando na segunda
ceiros e Cálculos. quinzena em Natal o Ser-
viço de Defesa do Patri-
mônio, da Adolpho Oli-
veira & Associados. Esse
ENCONTRO DE SU- serviço visa, basicamen-
PERINTENDENTES - te, orientar o investidor,
Hélio Santiago participa- para que ele aplique seu
rá em Brasília, nos dias dinheiro da forma mais
29 de agosto a 2 de se- tido. Para tanto, impri- racional possível. O es-
tembro, do Segundo En- miu um catálogo em po- critório em Natal é no
contro Nacional de Su- licromia para vendas das Edifício Cidade do Na-
perintendentes do INPS. peças. A Herbus já pensa tal. 1.° andar, sala 113.
O Encontro visa analisar cm lançar o seu segundo
o desempenho das Supe- catálogo.
rintendências e tratar do
plano de ação para o ano NOVA REDAÇÃO
de 1984. O evento será DO RN — RN/ECONÔ-
realizado no Hotel Na- IMUNIZADORA MICO amplia suas insta-
cional, com a palestra AMPLIA ATIVIDA- lações da rua São Tomé,
inicial proferida pelo Mi- DES — Ainda em um inaugurando um anexo
nistro Hélio Beltrão, e o ano de atividades em Na- para funcionar exclusi-
encerramento pelo Secre- tal, a Imunizadora Poti- dos seus ônibus tipo Pa- vamente como redação e
tário Geral do Ministério guar vem ampliando seus dron, cujas primeiras escritório da revista, fi-
da Previdência Social. negócios junto às empre- unidades foram adquiri- cando a gráfica no mes-
sas. Com um moderno das pela Aparecida. A mo prédio.
equipamento a~ vácuo, Volvo está disputando o
realiza, sobretudo, servi- mercado de veículos pe-
HERBUS E RE- ços de dedetização, lixa- sados que, por algum
EMBOLSO — A Indús- mento de tacos, aplica- tempo, foi praticamente COOPERATIVAS
tria de Confecções Her- ção de sinteco e presta- dominado pela Merce- DE ARTISTAS DE NA-
bus, ao contrário do que ção de serviços em geral. des-Benz. TAL — Os artistas de
se anunciou pela impren- A direção da empresa é Natal passaram a agir
sa, não está perto de fe- de Edson Bezerra de Oli- também como empresá-
char, mas abrindo novos veira. rios: organizaram-se nu-
mercados para os seus MOVIMENTO GA- ma cooperativa com a fi-
produtos que têm uma NHA DIMENSÃO — O nalidade de prestar servi-
boa aceitação. A Herbus movimento dos empresá- ços artísticos de quais-
criou o seu sistema de re- VOLVO PENETRA rios do comércio de Na- quer qualidades. O espí-
embolso postal, o EM NATAL — A Volvo tal no sentido de sensibi- rito da Cooperativa é
HERU'S Reembolso, do Brasil, que tem sua lizar o Governo Federal unir a classe dos artistas
aumentando assim as matriz brasileira em Cu- para que libere os depó- num sentido empresa-
vendas e enfrentando a ritiba, vem realizando sitos compulsórios nos rial, para que sua mão-
crise com soluções práti- excelentes negócios em bancos oficiais tende a de-obra não fique avilta-
cas e com retorno garari- Natal, com a aprovação crescer. Todas as entida- da.

5 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
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Presidente Bandeira, 1 240 Lagoa Seca.

- £
ARTIGO

Lição
de História
MANOEL BARBOSA

O depoimento que o Senador Dinarie Mariz pres- seu motorista e de nenhum assessor ou quaisquer ano-
ta nesta ediçfto, a RN/ECONÔMICO, é uma liçfto de tações. Nfto procurou saber quem ia entrevistá-lo,
política. Cada qual que tire sua conclusão sobre o ní- quais os tipos de pergunta e pouco estava se importan-
vel dessa liçfto. Mas seja eis* qual for, incluirá o termo do em falar.com o gravador ligado, fosse, o que fosse..
"importante". Pode-se discordar do líder seridoense Foi uma atitude desarmante para mim. Quando aca-
em vários pontos, pode-se achar que alguns dos seus bava uma fita, apenas era-lhe pedido que parasse um
pontos de vista sfto esdrúxulos e é possível que se note pouco; ele parava e, ao ser colocada outra fita, ele re-
até no decorrer do seu depoimento algumas contradi- começava com a mesma palavra, no mesmo ponto,
ções. O que importante, porém, é a substância. Líder com absoluta segurança.
populista, segundo pude deduzir — pois até entfto nfto Concluí que o Senador Dinarte Mariz tem muito a
tinha mantido qualquer contato com ele — suas pala- dizer, quer dizer, nfto tem nada a esconder — e diz. E
vras e colocações sfto vigorosas e fogem aos maneiris- à sua maneira, de modo autêntico, sem poses, sem
mos dos que apenas pretendem cultivar simpatias. É grosserias mas sem desejo de. mostrar-se agradável. A
um homem que se sente á vontade na vida. Viveu, to- liçfto das suas palavras é preciosa até mesmo quando
do mundo sabe, tempos difíceis e de radicalismo. Mas nfto concordamos com ela. A sua colocaçfto é tfto dire-
o seu falar é pacífico, se bem que nfto seja propria- ta que nos permite raciocinar, tirar conclusões, traçar
mente manso, porque se sente em cada palavra deter- paralelos, fazer comparações. Ele nfto nos deixa con-
minação e convicção. fuso,. porque transmite uma sensaçfto de clareza, pon-
A liçfto maior que se extraí das palavras de Dinarte do-se de modo corajoso e franco ao julgamento da
Mariz é a segurança. Homem de paixões e de fidel{da- História e, por sua vez, também julgando, emitindo
des, ele tem uma propriedade toda especial de expor juízop, exercendo, também nessa ocasifto, o oficio de
situações. Seu testemunho é claro, porque nfto procu- ser destemido, marca, me parece, da sua vida.
ra justificasse o tergiversar, nem relata suas atitudes É mais ilustrativo, mais educativo, politicamente,
com meias palavras. Aliás, em entrevista recente ele já o depoimento de Dinarte Mariz, do que mesmo certos
havia afirmado que é "homem de corpo inteiro". Isto cursos de História ou aulas de especialistas em livros e
é: quando se entrega a uma causa o faz por inteiro, nfto em fatos. Num momento confuso como o atua), é
nfto ficando em cima do muro. Isso nfto quer dizer que bastante oportuno conhecer o depoimento do Sena-
nfto possa, em outras oportunidades, mudar de opi- dor. Há uma diferença muito grande com o vazio das
nifto e apreciar a situaçfto por outro ftngulo. Ele faz is- declarações de muitos poüticos nacionais. E o momen-
so, por exemplo, em relaçfto á Revoluçfto de 64. Tal- to é adequado para lições ciaras de politica.
vez seja um» das pessoas mais autorizadas a falar so-
Muitos aspectos do depoimento certamente vfto
bre o Movimento Revolucionário por ter sido um
causar controvérsias. Em poKtica, de resto, nfto se po-
conspirador de primeira hora. Hoje, quando há tantas
de querer unanimidade e o próprio Dinarte deixa claro
posições dúbias em funçfto do momento que se vive, o
isso ao abordar a situaçfto do PDS potiguar em rela-
Senador relata a sua participaçfto com todos os deta-
çfto aos candidatos a candidatos á sucessfto presiden-
lhes, assim como suas participações revolucionárias
cial. O que parece estéril, em todo caso, é a discussfto
em outros períodos da História. Essa postura lhe con-
pelo gosto da discyssfto — ou, o que é pior, a discus-
fere autoridade para criticar o que chama de "desca-
são por interesses puramente pessoais.
minhos" da Revoluçfto.
O confronto de opiniões é sadio. É desse confronto
No meu entendimento, está aí o grande significado e dessa justaposiçfto de opostos que nascem as grandes
do depoimento de Dinarte e o aspecto que mais me sínteses — ou, pelo menos, tem sido assim no decorrer
causou admiraçfto, senfto até, confesso, surpresa. Ao da História. As vezes — tem mostrado a História — é
contrário de muitos políticos experientes e que se su- mais salutar uma desavença leal do que alianças fuga-
põem inteligentes, Dinarte Mariz nfto se preocupa com zes e acertadas com base em propósitos de curto alcan-
detalhes e com cuidados minuciosos para um depoi- ce.
mento do porte que prestou a esta revista. Ele mesmo Tudo isso é elementar teoricamente. Mas, na práti-
se dispôs a comparecer á redaçfto, acompanhado só do ca, é muito difícil de executar.

7 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
DINARTE,
AOS 80
54 anos
de política
e respeito
pela
vida pública
,|Seguro, descontraído, tranquilo,
sem mágoas, Dinarte Mariz repassa
J. os seus 54 anos de vida política em
' depoimento de umas quatro horas a
RN/ECONÔMICO. Não se recusou a
responder a qualquer pergunta, náo
hesitou diante de nenhuma delas,
não se impacientou. Foi como um
desfiar de uma parcela da própria
História do Rio Grande do Norte;
um raro relato, ao vivo, de uma
figura histórica que ainda trabalha
no presente e cujas realizações
muito se refletirão no futuro. Muitos
aspectos importantes de momentos
dramáticos da História do País são
revelados por Dinarte, episódios
vividos por elé, acontecimentos que
ele interpretou — e até provocou.
Inquieto, inconformista, criativo,
dinâmico e ágil no pensar e no agir,
o líder seridoense deixa um
testemunho-liçáo, sobretudo, do real
significado da vida pública. O
depoimento foi prestado a Marcelo
Fernandes e Manoel Barbosa.
RN/ECONÔMICO — Em função tema da campanha que nós encontra- RN/ECONÔMICO — Mais do que
dc um evento tão significativo para a mos para aliciar, para convencer a do Castelo!?
vida política do Rio Grande do Norte, aqueles companheiros, patriotas, que
DINARTE — 0 Castelo foi o ho-
é importante destacar um aspecto: as queriam ver o Brasil sair daquela si- mem que teve a iniciativa de mandar
outras grandes figuras históricas do tuação. um documento secreto quase que as-
Estado não chegaram a viver numa RN/ECONÔMICO — Mudar? sumindo o compromisso revolucioná-
época estruturalmente tão agitada, DINARTE — Sim. Então, nós fo- rio. Mas na hora da Revolução, foi
tão delicada, tão prenunciadora de mos para a Revolução mais ou menos Costa e Silva que teve o comando.
grandes transformações como agora. dentro desses temas, dentro dessas Tanto que não foi ditador porque não
Outr as figuras históricas viveram nu- aspirações. A Revolução foi feita quis. E quando Magalhães chegou,
ma época em que havia tempo para mais pelos militares. Nós criamos o o Carlos Lacerda logo se antecipou e
fazer tudo e ainda sobrava. Hoje nós ambiente; os militares a fizeram, por- tinha ido ao Costa e Silva propor um
vivemos numa época trepidante, agi- que, vamos e venhamos, a Revolução ajustamento com o poder civil. Então
tada, uma época que quase não dá na realidade foi um golpe militar. A o Costa e Silva foi certeiro, dizendo
tempo da gente pensar para resolver manifestação militar não teve contes- que a Revolução não tinha sido feita
as coisas. A gente tem de resolver em tação porque os próprios militares para ninguém usufruir prestígio pes-
cima da inteligência. O Senador Di- que situaram contra inicialmente aca- soal da sua caminhada. Então tive-
narte Mariz tem o privilégio de viver baram por aderir aos temas revolu- ram um diálogo até meio áspero. 0
as duas épocas. 0 nosso desejo aqui é cionários e dentro de 24 horas, o País Carlos volta para seu gabinete quan-
ouvir um depoimento do Sqnador que estava sob o poder revolucionário. A do chega o Magalhães, que se reuniu
abranja tanto quanto possível todos Revolução caminhou dentro de um com ele e disse que tinha sido o che-
e s s e s aspectos. E, como depoimento sistema militarista. Talvez, os que a fe da Revolução no Poder Civil e que-
a pretensão de fazer história, o Sena- ria poder se contava com o apoio de-
dor está inteiramente à vontade para le para sua candidatura. Aí o Carlos,
responder o que quiser, embora pos- que era um homem que tinha colo-
sa haver aqui muitas perguntas, di- cações muito manhosas, até minei-
gamos assim, delicadas. Está bom ras — e mesmo falando com um mi-
assim, Senador? neiro, foi mais mineiro do que
DINARTE — Concordo plenamen- ele — perguntou se Magalhães já
te. E tudo que desejarem que eu par- tinha ido aos quartéis. Magalhães
ticipe com minha opinião de assuntos disse que não. A resposta de Lacerda
que tenha tomado parte ou que dele foi: "Então você vai e depois volta
tenha tomado conhecimento, eu não para falar comigo". Aí, ele estava
tenho nenhuma reserva mental a res lembrado que já havia levado o fora
ponder qualquer assunto que se re- do Costa e Silva. Aí, o Magalhães foi,
fira à minha vida pública. também, teve um diálogo meio áspe-
RN/ECONÔMICO — A primeira ro com Costa e Silva. Disse que não
pergunta é a mais simples do mundo: ia desarmar a sua polícia e ia voltar
Senador, o Senhor nasceu mesmo para Minas. Costa e Silva virou-se
aonde: nasceu em Serra Negra ou em para ele e perguntou: " 0 Senhor já
Caicó? sabe quantos quilômetros tem as cos-
DINARTE — Nasci na Fazenda So- tas do seu Estado"? Magalhães ficou
lidão, município de Serra Negra do meio indeciso, enquanto Costa e Silva
Norte. lhe dizia que a polícia dele não dava
idealizaram não pensassem nisso. para guarnecer nem um terço do Es-
RN/ECONÔMICO — Como é que
Ela nasceu principalmente da cabeça tado e a Revolução não aceita amea-
o Senhor interpreta realmente a Re-
de políticos que ambicionavam o po- ças. Tiveram um diálogo assim. Mas
volução de 1964?
der. Principalmente dois deles: Car- o Magalhães muito brando voltou e
DINARTE — Bom. Eu sou um dos
los Lacerda e Magalhães Pinto. Ca- muito brando, se ajeitou com o Carlos
participantes da Revolução de 64. Eu
da um deles aspirava a Presidência para terem um candidato comum.
fui da conspiração, eu fui dos que aju-
da República e via na mudança dos Quando estavam nessa de convocar
daram financeiramente a campanha.
tempos um trampolim para chegar os governadores, o Magalhães e o
Eu e principalmente meu saudoso co-
até lá. Embora eles tenham corrido os Carlos pensando em não fazer ne-
lega Rui Palmeira éramos encarrega-
riscos em seus Estados, ninguém po- nhuma comunicação. Primeiro, o
dos de reunir recursos para entregar
de negar que tenham sido patriotas Carlos tomou esse compromisso de
ao General Cordeiro de Farias e este,
todos dois. Ela então (a Revolução) não fazer nenhuma manifestação so-
naturalmente, entregar aos militares.
foi se desviando. Eu tenho um fato in- bre candidatura na reunião. Mas dei-
De maneira que, como participante
teressante, talvez inédito na impren- xe lá que o General... (faz esforço,
da Revolução, tenho autoridade não
sa, ou mesmo em outros depoimen- mas não lembra o nome na hora)...
só para defendê-la como para criticá-
tos. A Revolução começou em Mi- foi a toda chamar o Carlos para dizer
la. A Revolução nasceu de duas
nas, estendeu-se pelo Brasil e nin- que o Exército fazia questão da can-
idéias conjugadas quando se achava
guém pode negar a atuação de Costa didatura Castelo Branco. E o Carlos
que o Brasil estava correndo duas
e Silva, mais do que a do Castelo... Lacerda não podia ter uma televisão,
ameaças em sua própria estrutura le-
não é ? E na hora, o próprio Lacerda
gal. Então nós achávamos que o Bra- RN/ECONÔMICO — Mas na área teve de lançar a candidatura de Cas-
sil estava ameaçado pelo comunismo militar?
telo. E consumou-se a candidatura.
e pela corrupção. Este foi realmente o DINARTE — Na área militar.

9 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
(O Senador Dinarte Ma-
riz passa a fazer algumas
"Costa e Silva me disse que agora era considerações sobre os epi-
sódios que antecederam a
diferente" escolha do sucessor do pri-
meiro Presidente revolucio-
São episódios pouco conhecidos, mas nador Gilberto Marinho. Era General nário, o General Humberto
absolutamente verdadeiros. A pri- da reserva. Então eu ponderei e ele de Alencar Castelo Branco.
meira vez que eu visitei Costa e Sil- (Costa e Silva) me encarregou de fa- Então, por ocasião dos en-
va, de quem me tornei amigo frater- zer entendimentos com o líder naque- tendimentos a que ele es-
no — se é que a gente pode se consi- la época que era o Fellinto Muller. Eu tá se referindo, Costa e Sil-
derar amigo fraterno de um Presiden- me entendi com o Fellinto e o va era Ministro e havia uma
te —, ele me disse uma coisa muito Kriegger, porque naquele tempo ha- disputa pela sucessão de
interessante: "Dinarte, nós fizemos via duas lideranças. E eu posso até Castelo, que a imprensa da
uma Revolução dessa vez diferente. afirmar, sem nenhum exagero, que época divulgava com mui-
Nós estamos cansados de fazer Revo- coordenei a candidatura Gilberto Ma- tas reservas, porque os as-
lução, entregar a vocês e dentro de rinho, que foi presidente do Senado. suntos da cúpula revolucio-
cinco anos sermos chamados nova-
mente para fazer outra Revolução.

Cortez: Dinart
Dessa vez nós vamos passar pelo me-
nos 10 anos no poder para fazer a lim-
peza do que precisa, estruturar esse
País, para que esse poder volte ao ci-
Você imaginaria o Senador Di- tempo. São formações graníticas
vil". Isso ele disse num encontro
narte Mariz nas selvas ou monta- de ação, ou de pensamento. Inaba-
muito amistoso e eu tenho a impres-
nhas da América Central, jovem, láveis aos ventos, às chuvas, ao ca-
são que ele sabia da minha atividade
idealista e guerrilheiro, lutando e lor. Dinarte, pelo que pensou, e
revolucionária. Ele tinha amigos co-
expondo a vida no romantismo da muito mais pelo que fez, na políti-
mo eu, o General Jaime Portela, que luta libertária? 0 ex-Governador ca e na administração, é um desta-
foi um dos grandes trunfos da Revo- Cortez Pereira, sim. E tem até que no presente, que o tempo des-
lução naquela época, homem de ab- uma colocação retórica para com- tacará mais ainda.
soluta confiança dele e que eu encon- por uma tal imagem: "Dinarte é a
trei várias vezes em reuniões conspi- RN — Que fatos se apresentam,
saudade do guerrilheiro, sem a para marcar esta presença?
ratórias. De maneira que logo à pri- oportunidade de tê-lo sido". Num
meira vista nos entendemos bem e CP -— Olhe, há nomes que per-
depoimento a Emanoel Barreto, duram na História, por um único
daí por diante foi se consolidando Cortez expõe o que pensa a respei-
uma amizade e uma confiança, a pon- ato. Escritores que se eternizam
to do Senador e o exime de qual- por um único livro; poetas, por um
to dele me levar para umas manobras quer responsabilidade no episódio
no Rio Grande do Sul como se eu fos- único verso; cientistas, por uma
de sua cassação. Abaixo, a entre- teoria aparentemente simples, na
se um militar. Mandou me convocar e vista: simplicidade da sua formulação.
eu fui e nessa viagem praticamente
RN/ECONÔMICO — Como o Eu apontaria em Dinarte dois atos:
me convidou para que fosse o presi-
Sr. situaria o Senador Dinarte Ma- eu apontaria a Universidade que
dente do Senado. Porque me comuni-
riz na História política do Rio ele criou, e a lição humana que ele
cou que o Exército não gostaria que o
Grande do Norte? ensinou. Lembro-me do exagero
Moura Andrade continuasse mais na
CORTEZ PEREIRA - A Histó- do velho Palácio do Governo,
Presidência, porque tinha dado uma
ria das nações, das grandes e pe- transformado em casa grande do
entrevista muito agressiva...
quenas sociedades, é sempre bali- povo. A verdadeira feira de pro-
RN/EGONÔMÍCO — ... uma en- zada por marcos, por nomes, que blemas, grandes e pequenos, da
trevista que teve muita repercussão apontam direção e destino. No Rio sociedade e das pessoas, cercando
na época, né? Grande do Norte, não se deu dife- o Governador por todos os lados.
rente: olhando-se a sua paisagem Eram secretários, mendigos, de-
DINARTE — (Faz esforço para histórica, enxerga-se o sobres- sempregados, homens e mulheres
lembrar uma frase dita por Auro de sair-se, em todos os campos, seja angustiados por viver, procurando
Moura Andrade, na entrevista dada na política, na literatura, na admi- soluções impossíveis e recebendo
na época, como Presidente do Sena- nistração, de pessoas, nomes. Al- atenção humana, que muitas vezes
do e lembra a frase principal) Ah... guns destaques, na efêmera con- alimenta e mata a sede. Mais aten-
foi "japona não é toga". Essa frase temporaneidade que passa. Mui- ção que quase sempre falta, por
nunca foi engolida pelo Exército ou tas vezes, esses destaques desa- entenderem até ser incompatível
por Costa e Silva. Mas, então, eu parecem, sobrepujados pela inér- com a majestade institucional do
ponderei (a Costa e Silva) que ele de- cia niveladora do quase anonima- poder e dos poderosos. Dinarte foi
via fazer candidato nãe eu, mas um to. São nomes que surgem, mar- no Governo quase aquela anorma-
amigo dele, que não tinha nenhum cam instantes, momentos, mas lidade anatómica referida: foi qua-
problema político e era apenas um que logo depois se apagam. Ou- se só coração. Instantes de razão
companheiro que estava meio frus- tros nomes, porém, parecem até foram suficientes, por exemplo,
trado porque não tinha ido para ne- crescer, subir, com o passar do para criar a Universidade. Mas Di-
nhum Ministério e todos nós deseja-
ríamos que ele tivesse ido. Era o Se-

10 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
nária praticamente não mo uma conquista. E ele perguntou
eram discutidos em públi- qual era. Eu disse: Daniel Kriegger.
co, a não ser quando já Ele disse: mas esse é meu amigo. E
oficializados. Na revelação eu respondi: mas é líder do outro
que se segue, Dinarte conta (Castelo). Agora, se o Senhor conse-
a respeito de articulações guir o apoio de Kriegger, que é líder
de Costa e Silva para che- de Castelo, pode dormir tranquilo e
gar à Presidência, revelan- descansado que está na Presidência.
do o seguinte): E ele no outro dia convidou o Krieg-
DINARTE — Esses episódios que ger, almoçou com o Kriegger... Este
estou contando a vocês, quando ele foi a Castelo e perguntou se ele tinha
(Costa e Silva), estava no Ministério, candidato, ouvindo resposta negati-
são episódios da Revolução. Então, va. Aí, o Kriegger engajou-se e foi
quando eu conversava com ele, na- realmente um grande trunfo para
quela ocasião, disse que para consoli- nós. Depois as coisas quiseram de-
dação da candidatura dele, que eu sencaminhar-se. Mas aí já era tarde.
considerava vitoriosa, só faltava mes- 0 Costa e Silva, como todo gaúcho,

:e deixa importantes lições


de maio, anualmente, estava lá Di- Dinarte?
narte misturado corn os operários, CP — Eu respondo: é difícil
fazendo a Festa do Trabalho. imaginar, levantar hipóteses. Uma
RN — Que marcas positivas ele coisa, porém, é absolutamente
deixou, em relação à questão só- certa: a História seria diferente. A
cio-econômica do Rio Grande do vida das comunidades é uma cor-
Norte? renteza. E tudo o que não é a uni-
CP — Olha, Dinarte foi, antes formidade homogênea da água
de político, um empresário. E as- que passa, tudo que se torna aci-
sim agiu, trazendo ou ampliando dente de resistência, tudo o que se
investimentos privados, que bene- torna afirmativo, faz mudar o fluxo
ficiaram o Estado. Veja-se o exem- da História. Dinarte alterou ru-
plo da Guararapes, como um des- mos, modificou direções, fez da
taque maior. Houve a acusação de nossa História um pouco ou muito
empreguismo feito pelo seu Go- da sua presença.
verno. Isso era repetido em toda RN — Como definiria o Sena-
esquina. Porém, analisando a rea- dor, dentro do episódio de 64?
narte foi essencial e profundamen- lidade econômica da época, e os CP — Sessenta e quatro foi para
te coração. instrumentos e meios para arran- Dinarte, respondo eu, o exercício
RN — Sendo Dinarte um conser- car o Estado da estagnação, en- do mesmo idealismo que o fez agi-
vador, admitiria o Sr. que ele seja contraremos no papel do Governo, tado em Í930. 0 seu pensamento
um reacionário? empregando, uma alternativa fiel encontrou corpo ali. Encarnou-se.
CP — Realmente, Dinarte é a uma atual diretriz de política Os riscos, as conspirações, têm
uma figura interessante. Contradi- econômica. muito a ver com Dinarte. Se ele ti-
tória, até. Mas na aparência de RN — Aluízio Alves é antítese vesse nascido agora, e na América
muitos dos seus atos. Defensor da de Dinarte? Central, fiquem certos, havería-
Revolução, soldado armado contra CP — Aluízio foi uma força em mos de encontrá-lo em qualquer
os movimentos da esquerda do seu expansão, que criou seu próprio penhasco ou floresta de arma na
tempo de jovem, conviveu bem espaço para crescer. Foi um pro- mão, fazendo guerrilha. Dinarte é
com os esquerdistas do Rio Gran- cesso de cissiparidade que ocorreu a saudade do guerrilheiro, sem a
de do Norte. Sendo amigo e pre- na evolução política do Rio Grande oportunidade de tê-lo sido.
sente no campo humano dos seus do Norte. Eu entendo que a divi- RN — E a participação dele na
sofrimentos. Foi apoio solidário a são foi benéfica, mas acredito que sua cassação?
Djalma Maranhão na época do exí- o radicalismo posterior não cons- CP — Conscientemente, tenho
lio e sustentou mais de uma alça truiu nada para o Rio Grande do certeza que ele não teve a mínima
do seu caixão, trazendo-o de volta Norte. Se, divididos, tivessem so- participação. Alguns desencontros
para o repouso da saudade em Na- mado forças em certas horas, em poderão até permitir imaginar
tal. No seu Governo, os sindicatos determinadas circunstâncias, o qualquer coisa. Que não existiu. E
se organizaram, tornaram-se mais muito que puderam fazer não te- de sua não existência há o depoi-
fortes, para tornar mais possíveis ria sofrido nenhuma subtração. mento dele mesmo, declarando
os pleitos de mudanças. E eu me RN — Como imaginaria a Histó- que considera a minha cassação a
recordo muito bem, que, no dia I ria do Rio Grande do Norte sem maior injustiça da Revolução.

11rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
foram traçados pelos líderes civis.
(( Por exemplo: no Congresso. 0 Con-
O Congresso está fraturado em suas gresso ainda hoje é um Congresso

estruturas >>
talvez fraturado em sua estrutura,
nós não temos, por essa Constitui-
ção... ela suprimiu poderes do Legis-
era muito sentimental. Depois eu fui tre todos os seus companheiros. lativo, principalmente do Senado.
na casa dele e ele me contou emocio- Quando tudo parecia nebuloso, apa- Quase que a Constituição substituiu o
nado uma visita que tinha recebido receu o Petrônio, que era um gênio Regimento do Senado. Ela proibiu
de Castelo Branco. 0 Castelo tinha político e conseguiu coordenar for- viagens de Senadores e congressis-
vindo da missa e disse que tinha re ças políticas para dar novo rumo à tas, proibiu isso, proibiu aquilo, proi-
zado pela alma de Argentina (a espo- Revolução, ele liderando já sem ne- biu (se entusiasma) que um congres-
sa, que havia falecido) e estava com a nhuma dúvida. Ele foi um homem ex- sista tivesse iniciativa de qualqucr
alma limpa, garantindo que não po- traordinariamente franco, correto, despesa. De maneira que a nossa
dia ser contra a candidatura dele. um caráter sem jaça. Ele deu um de- presença é quase simbólica. Como é
"Não acredite em intriga", disse poimento à Nação de que não tinha que você representa o seu Estado: é
Castelo. Isso porque estava havendo sido revolucionário. E não tinha sido carrear os recursos necessários, des-
muita notícia sobre sabotagem de por uma questão simples: nunca nin- de o contexto nacional. Nós não te-
Castelo à candidatura de Costa. Mas guém o tinha convidado. Nunca ele mos esse poder...
o certo è que o Costa e Silva jamais supôs que se fazia uma Revolução e, RN/ECONÔMICO — Tudo vem do
teria sido candidato sem o consenti- governando um Estado da Federa- Executivo?
mento de Castelo, porque tinha uma ção, tinha de ser um homem perten- DINARTE — Tudo vem do Execu-
admiração muito profunda por ele. tivo. Nós podemos recusar. Mas não
RN/ECONÔMICO — (Mudando o podemos nem adicionar qualquer
curso do assunto) Senador Dinarte, emenda que possa beneficiar ou sig-
quantos irmãos? nificar qualquer acréscimo de despe-
DINARTE — Fomos criados, sete sas previstas dentro do exercício.
homens e cinco mulheres. Então, nós vivemos ainda hoje den-
RN/ECONÔMICO — O Senhor é o tro de uma ditadura econômica fecha-
segundo, terceiro ou quarto filho? da, da Revolução. Nós não temos ne-
DINARTE — Sou o quinto. nhum poder. A Revolução enfeixou
RN/ECONÔMICO — Como o Se- todos os poderes no setor econômico.
nhor vê a Revolução, hoje? 0 que significa dizer: tudo que está
DINARTE — A Revolução, hoje, aí, na economia do País, o poder po-
terminou, interrompeu seu itinerário, lítico não tem nenhuma culpa.
desde quando ela conservou-se muito RN/ECONÔMICO — Isso enfra-
dentro do sistema militar. Nós esta- queceu a sociedade civil?
mos com <9 anos de Revolução. Eu DINARTE — Isso desmantelou o
sou um homem que defendi os milita- Brasil. Nós não conseguimos estrutu-
res, quando ninguém defendia, ainda rar a Nação. Quem é que estrutura
hoje defendo, porque acho que este politicamente o País? Deve ser os
País, tanto em segurança, como em partidos políticos. Quem são os re-
intengridade, nós devemos aos mili- presentantes dos partidos políticos no
tares, mas inegavelmente o poder po- País? São os representantes do Poder
lítico ficou inteiramente em mãos dos cente à ordem, não podia ser um re- Legislativo. Então nós não temos ne-
militares. E como eles nunca tiveram volucionário irresponsável. De ma- nhum poder; se nós não temos ne-
assim uma liderança política maior, neira que, quando ele morreu, de- nhum poder, a sociedade brasileira
tivemos líderes como Daniel Krieg- poimento dos próprios amigos, inclu- deixou de ser o poder. A Revolução
ger, que prestou serviços inúmeros, sive do General Golbery, era de que tem convocado homens eminentes,
um grande civilista, que teria presta- tinha sido um dos homens mais ex- mas tudo aquilo é muito condiciona-
do maiores serviços se a Revolução traordinários da História do Brasil e, do.
tivesse caminhado por outros itinerá- mais do que isso, seria o sucessor de RN/ECONÔMICO — Mas tudo é
rios. Depois nós tivemos um homem Figueiredo, sem nenhuma dúvida. um erro da estrutura?
que era um gênio político, que não RN/ECONOMICO — Pois, se pen- DINARTE — Como é que o Con-
era revolucionário, mas tinha se ajus- sava ali que a Revolução iria escolher gressos pode se comportar? Nós so-
tado dentro do poder revolucionário e um Presidente civil. mos um partido político sem unidade
que ocupou todos os postos mais im- DINARTE — Mas a morte o sur- partidária, são grupos políticos den-
portantes dentro da Revolução, que preendeu. tro do nosso País; a Oposição está di-
era o Petrônio Portela, de quem fui RN/ECONOMICO — E as coisas vidida por si há muito tempo. Por is-
amigo fraterno. Talvez de todas as tomaram outro rumo? so quando há qualquer ameaça de
amizades que tive uma das mais for- DINARTE — Exato. Eu acho que uma certa estrutura de processo po-
tes de toda a minha vida tenha sido a sobre a Revolução, nós políticos es- lítico, dentro dos partidos e lideran-
de Portela. Porque não só havia uma tamos muito à vontade para falar so- ças, a Oposição sempre é dominada
confiança e um estímulo muito gran- bre ela porque ali ela nos afastou de pelos mais exaltados. Estamos dentro
de, mas porque era um homem que determinados lugares, determinadas de uma cadeia de ameaças dentro do
afetivamente me distinguia talvez en- lideranças, cujos itinerários sempre sistema político.

12 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
RN/ECONÔMICO — A sua pri- dade com 17 anos, a trabalhar. Isso era de Campina Grande, mas os pais
meira atividade, o seu primeiro em- ajudando a um cunhado meu. Mas eu dela eram de Patos, na Paraíba. Veio
prego, a sua primeira ocupação, quál já vinha trabalhando ajudando meu passar uma temporada em Serra Ne-
foi? pai na fazenda. Eu pratiquei todo tipo gra e aí uma paixão assim me levou
DINARTE — Bem, eu comecei a de trabalho que um homem pode pra- ao casamento, ela com 14 anos, eu
minha vida bem jovem, como princi- ticar na atividade rural. Quando eu com 22.
piante de comerciante. me casei, quase aos 22 anos, aí foi RN/ECONÔMICO — Quantos fi-
RN/ECONÔMICO — No comér- que eu comecei a trabalhar para mim. lhos, Senador?
cio? RN/ECONÔMICO — O Senhor ca- DINARTE — Do casal eu tenho
DINARTE — Isso em Serra Negra. sou com Dona Diva? seis.
Comecei comprando algodão nas fa- DINARTE — É. RN/ECONÔMICO — Desses fi-
zendas, em montarias, de fazenda em RN/ECONÔMICO — Conheceu e lhos, políticos, alguns, ou só Wander-
fazenda, dos pequenos agricultores, casou com Dona Diva aonde? ley Mariz?
em Serra Negra, que naquele tempo DINARTE — Em Serra Negra. Ela DINARTE — Só Wanderley.
era um povoado...
RN/ECONÔMICO — Curioso, is-
RN/ECONÔMICO — Isso na faixa
so...
de 18 a 20 anos?
DINARTE — É. E por vocação. Eu
DINARTE — Comecei minha ativi- não desejaria que ele fosse para polí-

"É um líder sobressaiu-se, galgando a sua po-


sição, à custa do voto e da sua prá-

típico
tica política. Como já disse, não
acuso, penso, discirno.
Anti-comunista ferrenho, certa-

do Nordeste"
mente jamais leu Marx, opondo-se
intuitivamente a uma doutrina filo-
sófica e econômica que não casa

(Emanoel
com a sua visão de mundo. Paciên-
cia. Venço meus conceitos e vejo
um homem. Não o defendo. Vejo

Barreto)
um homem.
Entendo, como repórter e como
cidadão, que Dinarte, inegavel-
Vejo, na figura do Senador Di- mente, teve e tem importância na
brasileiros como ele têm diante da
narte Mariz, um representante tí- política estadual e, por que não, na
nossa cena histórica. E inegável
pico do político nordestino tradi- vida nacional. Não foi ele Governa-
que a nossa História tem registra-
cional, seja na sua participação dor de Estado? Não foi primeiro-
do em sua constância a suprema-
concreta nos fatos de sua alçada, secretário do Senado? E isso só
cia de lideranças paternalistas co-
seja no seu pensamento e interpre- numa alusão breve? Foi. Então, ao
mo as de Dinarte, com seu inexpli-
tação desses mesmos fatos. Não vencedor, as batatas. Questioná-
cável e humano carisma, uma es-
faria aqui um libelo acusatório ao lo agora, ideologicamente, seria
pécie de grilhão que prende e con-
Senador. Não farei a sua defesa ou até mesmo bizantino.
sola a todos os seus seguidores.
seu julgamento. Este artigo, tento E da minha parte, gosto de en-
Qualquer repórter que conver- trevistar Dinarte. É bom. A entre-
fazê-lo, será, no máximo, um per- sar com Dinarte, entrevistar Di-
fil algo difuso de como entendo e vista flui como um enigmático jogo
narte, sentirá nele o trato ameno e de xadrez. As perguntas saem di-
vejo Dinarte Mariz. E digo difuso, firme do político conservador.
pois, como jornalista, tenho a res- retas, incisivas, firmes como esto-
Paternalista, insisto. Vejo nele um cadas de um florete, mas ele apara
ponsabilidade de admitir que fal- líder que atende e exige. Entende-
tam-me as informações e a vivên- os golpes e responde com os nega-
se assim e assim se impõe. Expõe- ceios que tão bem conhece. E no
cia do tempo, — matéria-prima de se e segue adiante. Dinarte não é
minha atividade —, para um tal outro dia sai a reportagem, a ma-
mais um homem deste tempo. Que téria, o texto jornalístico. E depois
julgamento. Mas, como pessoa, seu tempo já passou. Mas ele su-
tenho também a responsabilidade vêm as especulações, as ilações,
perou a sua própria época e man- as suspeitas. E todo repórter gosta
do discernimento, essencial, da teve o seu modelo. No mundo da
mesma forma, para o correto exer- de suspeitar. Não é o repórter um
comunicação impessoal, da TV e detetive sui-generis? E. Eu, pelo
cício profissional. do moderno jornalismo, ele conse- menos, assim me sinto.
É dentro desses parâmetros que gue atuar pela velha palavra, pelo
Mas, Senador, como homem e
tentarei pautar a minha visão. contato direto, conversa de pé de
cidadão do mundo, que assim me
Assim, creio que as comemorações ouvido, entendimento de gabine-
sinto, vá daqui o meu abraço, e um
dos 80 anos do Senador Dinarte te, que depois acaba interferindo
feliz aniversário. (Emanoel Barre-
Mariz representam a marca e a na vida do povo. Do povo de onde
to é da editoria política da Tribuna
presença da força que políticos ele veio como sertanejo e de onde
do Norte).

RN/ECONÔMICO — Agosto/83
13
verno de grandes vôos, mas foi um
Governo pacato, seguro nas coisas,
"Eu só entendo a política exercida deixou alguma coisa, alguns empre-
por vocaçao yy endimentos válidos, não sacrificou o
Estado, deixando-o numa situação
boa. E fez um Governo ordeiro, mes-
tica. minha experiência de empresário. Na mo recebendo-o numa hora de muita
RN/ECONÔMICO — Mas o Se- hora em que o empresário empregar paixão política não se deixou conta-
nhor não iria cortar essa vocação? recursos e não tiver dinheiro para sa- minar pelo ódio. Pelo contrário, ele
DINARTE — Na primeira vez em tisfazer os seus compromissos, ele deixou o Governo depois de amacia-
que ele quis se candidatar eu desa- está na falência. Então o que está mento, pois o exerceu com sensatez.
conselhei e quase que crio um proble- acontecendo no Brasil é isso: tomou RN/ECONÔMICO — Senador,
ma em casa, porque a minha mulher dinheiro emprestado para empregar antes de ser Governador do Estado,
e minha irmã, que foi quem o criou em estruturas que não tinham o po- teve outras posições políticas?
comigo, se irritaram, dizendo que der de devolução, como em Itaipu, DINARTE — Só tinha tido um pos-
Wanderley não era mais menino, que levou uma fortuna sem poder de to político, que foi o de Prefeito na
tal... devolução. Há a Ferrovia do Aço, a Revolução de 30. Fui o primeiro Pre-
RN/HC0N0M1C0 — Mas o Se- Transamazônica... feito nomeado pela Revolução. Em
nhor não queria que Wanderley in- RN/ECONÔMICO — ... as usinas Caicó. E todos os prefeitos do Seridò,
gressasse na política por que? Qual a nucleares... ou indiquei ou fui ouvido. Porque tive
causa? DINARTE — ... certo, uma série o privilégio de conspirar com um ho-
DINARTE — Porque a política, de obras que não devolvem o empre- mem que veio fazer a Revolução no
que eu faço desde menino — antes de Rio Grande do Norte no 29 BC. Cha-
nascer eu já era político, eu acho — mava-se Capitão Abelardo Castro.
eu só entendo por idealismo e por vo- Este é o homem que fez a Revolução.
cação. Se não se ^justarem essas E por coincidência o Batalhão se
duas coisas... Isso não quer dizer que achava em Caicó, caminhamos para
a política seja só idealismo, porque Santa Luzia do Sabugi, porque na-
ainda hoje eu reputo o idealismo co- quela época Washiington Luís esta-
mo um maluco, um louco. va fazendo o cerco da Paraíba e ele
RN/ECONÔMICO — Essa estrutu- deslocou o 29 BC. Havia deslocado o
ra que o Senhor falou, favoreceu os 23 BC de Fortaleza para Souza, na
Paraíba e o 24 BC do Recife para uma
tecnocratas, no País?
cidade vizinha à Princesa, na Paraí-
DINARTE — Claro que foram car-
ba. E como para a cidade que ele vi-
reados pelos militares na primeira
nha não tinha estrutura para receber
etapa. Os militares não estavam pre-
o Batalhão, ele ficou em Caicó. Nesse
parados na época e recorreram aos
ínterim eu estava aqui em Natal — e
tecnocratas, para orientação. Mas o
como era difícil transporte — manda-
técnico no Governo é um participan-
ram me pedir uma passagem para le-
te. Embora tenha o poder de conven- var um capitão que queria ir para Cai-
cimento. Eu sou insuspeito para fa- có. Era o Capitão Abelardo, que nin-
lar nesse assunto porque sou amigo guém conhecia. Como desde aquele
neste País de um homem muito ata- idade eu era muito corajoso e, além
cado, a quem eu dispenso a mais fra- do mais, pessoista, fiz tudo para ar-
terna amizade, que é o Ministro Del- go de capital. Já não digo nem o capi- rancar qualquer coisa do capitão no
fim Neto. Ele disse pela televisão há tal com juros, mas só o capital. São decorrer da viagem para Caicó. Me
poucos dias porque o Brasil está na obras estruturais... manifestei que aquilo era uma vergo-
situação em que está. Porque utili- RN/ECONÔMICO — Senador, o nha para o País, falei, tudo, mas ele
zou recursos que não tinha. Agora, fato político que mais o marcou? não disse nada. Chegamos lá em
ele costuma dizer, pelo menos aos DINARTE — Olhe, quem viveu 54 Caicó, ele se despediu de mim e dois
amigos mais íntimos: não fui quem anos vivendo política tem muita difi- ou três dias depois, eu estava com al-
organizou esse projeto de Itaipu — culdade em selecionar fatos que lhe guns oficiais tomando cerveja, como
claro que estou apenas a executar. tenha dado já não digo vaidade mas se faz sempre no interior e chegou o
Ninguém pode negar que a Revolu- determinada compensação na vida capitão. Então, todos levantaram um
ção implantou no Brasil uma estrutu- pública. Todos nós temos muitas oca- brinde a Washington Luís. Eu fiquei
ra econômica muito forte. Mas essa siões de regozyo, outras mágoas, vi- sentado. Olhei assim de lado e estava
estrutura foi construída com um di- tórias. Acho que governei o Rio Gran- o Abe^prdo também sentado. E ele
nheiro que não era nosso. E quando de do Norte numa época... Acho que disse: eu estou chegando, não conhe-
falo em estrutura é porque eu separo fui o último Governador do Rio Gran- ço ninguém aqui no Batalhão, mas
o que é estrutural, do que é só econô- de do Norte, o resto foi gerente. 0 para evitar exploração eu quero dizer
mico. A estrutura tem a sua ação be- que ficou depois de mim foi Aluízio que não conheço o Dr. Washington
néfica e é válida dentro do tempo; e o Alves que governou com o dinheiro Luís e não tenho nenhum motivo para
poder econômico tem de impulsionar da Aliança Para o Progresso e outros me levantar pela saúde dele. Se fosse
setores que devolvam o que se em- empréstimos que ele conseguiu. De- pela autoridade do chefe da Nação, a
prega e mais alguma coisa para de- pois veio Walfredo. Um Governo que quem nós somos subordinados, aí
senvolver o País. E eu digo isso com a eu reputo de modelar. Não foi um Go-

14 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
não, aí eu teria de prestar a homena- (não recorda o outro)... então o Capi-
quisitou esses fuzis?
gem. E ficou naquilo. Dois dias de- tão Abelardo foi duas vezes a Santa
DINARTE — Tomei. Porque no
pois ele foi na minha casa, de manhã Luzia e voltou a Caicó. Eu dei meu
Governo Bernardes, o Prestes (na co-
muito cedo. Eu estava deitado. A mi- carro a ele, porque tinha gente que
luna Prestes) andou no Nordeste. E o
nha mulher me veio dizer que havia chegava a Natal conspirando até de
Governo, não confiando no Exército,
um oficial do Exército perguntando navio. Daí veio a minha confiança pe-
mandou armar a Polícia, porque o
se eu estava. Aí eu pensei... naquele
Exército não combatia os companhei-
tempo havia muito boato, todo mun-
ros. Então mandou fuzis para todos
do querendo saber quem era aliancis-
os governadores. Nesse tempo o
ta... Aí, eu peguei um revólver, bo-
Governador era José Augusto, ain-
tei na cintura e cobri com uma toalha
da. Mas quem veio tomar a frente de
no ombro. Aí o capitão pediu descul-
tudo foi Lamartine. Pois Lamartine,
pas, disse que tinha notado o nervo-
apesar de estadista, era um caudilho.
sismo da minha senhora e falou que
Então, o Lamartine chegou e distri-
tinha chegado de João Pessoa, lem-
buiu fuzis por todo canto e deixou 100
brou a viagem que fizera comigo de
fuzis em Caicó e 100 em Serra Negra.
Natal. Disse que viera fazer a Revolu-
Eu sabia daqueles fuzis.
ção no Batalhão. Contou estar vendo
que eu estava identificado com o RN/ECONÔMICO — Além de Pre-
Batalhão, que eu conhecia o Batalhão feito de Caicó, o Senhor foi Governa-
e sabia que eu tinha ligações com o dor do Estado...
Batalhão. Pediu ajuda. Não tive dúvi- DINARTE — Senador, Governa-
das de que ele não estava querendo dor, até hoje estou no Senado.
me enganar. Aí pediu análise de ofi- RN/ECONÔMICO — Quantos
ciai por oficial. Eu disse que meu en- mandatos no Senado?
tendimento era com os sargentos e DINARTE — Quatro.
disse que com quatro deles eu me da- RN/ECONÔMICO — Consecuti-
va muito e estavam totalmente identi- vos?
ficados com a Revolução. Perguntou DINARTE — É. Porque eu fui pri-
la Revolução. E depois fui nomeado meiro eleito Senador. Deixei o meu
se eu podia dizer o nome deles. Eu
para Prefeito de Caicó, antes de ser mandato e fui eleito Governador. Em
disse que podia e dei. Era Francisco
publicado o ato. 0 capitão mandou seguida, me reelegi Senador. De ma-
Antônio, que a gente chamava Xi-
que eu tomasse posse imediatamente neira que fui eleito quatro vezes Se-
có... que era o pai desse rapaz da
e eu armei noventa e tantos homens, nador e uma vez Governador.
imprensa o... João Ururahy... era o
lançando mão dos fuzis que tinha em
Antônio Moraes... era um até de RN/ECONÔMICO — Daquelas es-
Caicó.
Campina Grande, um moreno... e... truturas de que o Senhor falou ainda
RN/ECONÔMICO — 0 Senhor re- há pouco, que construiu essas obras

Uma larga experiência pública


De Prefeito da cidade de Caicó a confiança, credibilidade e que per- curso que fez na cidade de Cai-
Senador biônico do PDS, o Sena- mita uma análise mais imparcial có, na formatura da primeira tur-
dor Dinarte Mariz ganhou uma lar- da carreira política desse «seri- ma do Campus Avançado da Uni-
ga experiência política acumulada doense ilustre». versidade que ele criou: "Sempre
ao longo de campanhas, segundo Como caicoense, cresci ouvindo fui um homem que lutou contra as
ele próprio, «memoráveis». Oiten- falar no nome do Senador Dinarte ditaduras".
ta anos de idade, mais de sessenta e observando a sua forma de fazer Um mérito de Dinarte, porém,
fazendo política. Confesso que o política: paternalista e centraliza- não tenho como desconhecer: não
pedido da revista RN/ECONÔMI- dora. Dinarte Mariz sempre no fosse a sua indicação para Senador
CO para escrever um depoimento centro de um sistema onde gravi- biônico, o mandato que marcará o
sobre o Senador causou-me sur- tavam lideranças muitas vezes ri- encerramento de sua vida pública,
presa. cas em potencial, porém obscure- ele teria encerrado a sua carreira
Confesso que de repente me cidas pelo poder de dominação do política disputando todas as elei-
senti desinformado. Não que nun- «velho senador». ções pelo voto popular, uma sorte
ca tivesse ouvido falar no nome do Dinarte no Governo do Rio que os políticos mais jovens não ti-
Senador Dinarte, pelo contrário, Grande do Norte e os mesmos con- veram. Mas, Dinarte Mariz está
mas o volume de informações que ceitos políticos; Dinarte à frente do completando 80 anos de idade e
chegou ao meu conhecimento, Movimento Revolucionário de 64 mais de 60 de política. Merece os
chegou de forma distorcida, pela e os mesmos posicionamentos po- nossos respeitos por tudo que fez
metade, vista apenas por um lado. líticos. Homem ligado à direita, na política do Rio Grande do Nor-
Como repórter político, ainda novo Presidente da Comissão de Segu- te. Parabéns. (Luciano Herbert é
no ramo, acho que falta alguma rança Nacional do Senado. O mes- da editoria política da Tribuna do
coisa, alguma coisa escrita que dé mo Dinarte que disse em um dis- Norte).

RN/ECONÔMICO — Agosto/83
15
a pobreza, defender os mais humil-
des. Mas não mostrou os caminhos.
"Não culpo ninguém pelas obras Qual os caminhos que ela quer indi-
car? Tem de mostrar os caminhos pa-
faraônicas" ra que cheguemos lá. Mas tem a ou-
tra Igreja, que não é tão conservado-
faraônicas, há alguém culpado em es- metade, eles acham que a questão ra, porém mais conservadora, que se
pecial por tudo isso? familiar não deve ser limitada pela bate por soluções globais. Ela preci-
DINARTE — Eu não culpo nin- técnica, admitindo outros processos. sa pensar em soluções globais. Na
g u é m . Eu acho que houve um mo- Mas tudo isso é uma coisa que só se hora em que ele defende só o operá-
mento de euforia em que os chefes faz, a meu ver, pela educação. E edu- rio, se confundindo com as esquer-
revolucionários que estavam no Po- cação não se faz a curto prazo. Na mi- das, ela está prestando um desser-
der queriam deixar uma obra, cada nha opinião, o Brasil tem de cami- viço à religião. Mas na hora em que
um. E uma obra marcante dentro da nhar por essa solução. E eu cito como ela defender um sistema em que a
economia, da estrutura econômica do exemplo a civilização européia. Hoje, Igreja possa desaparecer dentro de
País. Agora, o País é que não supor- a Europa já chegou a um sistema um projeto que só possa ser este, não
tava. Mas tanto houve condições para ideal para a família. Chegou-se a um pode ter dois. Hoje eu estou conven-
isso que nós arraigamos o dinheiro. cúmulo na Alemanha, no último Re- cido de que a questão é só uma: a
Nós nos endividamos mas arranjamos censeamento, ter diminuído a sua po- educação. Isso eu não tenho dúvidas,
o dinheiro para tudo isso. Havia uma pulação em relação ao Censo ante- está amadurecido no meu espírito. A
confiança universal em relação ao rior. Então, esses países podem real- grande solução é convocar a Igreja
Brasil. Foi quando se falou no «mila- mente planejar para dez anos, para para ajudar o povo, pregar ao povo,
gre brasileiro». Então, daí a facilida- sobretudo no planejamento familiar.
de que houve. Mas eu tenho a im- A Igreja representou neste País tu-
pressão, em que sempre fui empre- do o que temos de gratidão. Ela trou-
sário, jamais arrisquei o meu empre- xe os primeiros colégios para dentro
endimento, a minha empresa, num do País, ela foi pioneira dentro do in-
negócio em que não contasse com a terior do Brasil. De maneira, que de-
devolução para cumprir compromis- vemos tudo à Igreja. Agora, a Igre-
sos. ja não pode se ajustar dentro de uma
RN/ECONÔMICO — Dentro dessa divisão da família brasileira. Antiga-
estrutura o Nordeste pode esperar al- mente, a Igreja era muito aliada dos
guma coisa? militares. Eu me lembro que na Re-
DINARTE — 0 Nordeste é uma volução de 30, o Cardeal Dom Leme é
Região contraditória. Tudo o que nós que foi o intermediário a convencer
temos em desenvolvimento, tudo o Washington a se entregar; na morte
que temos em relação ao poder eco- de Getúlio, foi o Cardeal... quem era?
nômico — pois somos pobres ain- (tenta recordar)... foi ele quem foi à
da —, mas tudo o que nós temos de- casa do Carlos Luz ter uma longa con-
vemos à seca. 0 sofrimento nosso é ferência... Quer dizer: a Igreja sem-
que tem gerado a possibilidade que pre aparece nessas horas, como enti-
nós estamos tendo de nos estruturar dade imparcial para evitar derrama-
economicamente. 0 Nordeste, o pro- mento de sangue. Hoje ela não pode
blema do Nordeste, é um problema aparecer como animadora da divisão
insolúvel. Ninguém pode modificar o da sociedade. Eu tenho um documen-
20 anos, porque sabem realmente o
clima. E desemprego em toda par- to de quando o Papa passou aqui (que
que representa a população em rela-
te existe. 0 País mais capitalista do eu acho que é o único líder hoje da
ção ao tempo, ao futuro. Como pode-
mundo tem desemprego nas crises. Humanidade, por muito tempo o
mos planejar um país quanto vai va-
Como se pode evitar? Tem meio de mundo esteve despovoado de lide-
ler a nossa população daqui a dez
modificar o clima? Não tem. A seca é ranças) porque, na passagem dele,
anos? E como poderemos planejar
periódica, mas tem tempo certo. 0 eu fiz um discurso contra aquelas fi-
para essa população? Se nós não te-
que é incerta é a época. Se você pes- guras que se estavam confundindo
mos recursos, hoje, para nos abaste-
quisar há mil anos vai encontrar seca com o esquerdismo. Eu não denun-
cer com a nossa população atual? En-
no Nordeste. Agora, eu tenho uma ciei ninguém. Apenas citei trechos de
tão esse caminho eu reputo seríssi-
desconfiança muito grande do meu discursos. Eu sei que muitos se irri-
mo, pois se não vamos cair num de-
País porque nós estamos atravessan- taram. Não adianta. Eu me julgo um
sajuste social e nos deparar com
do uma fase em que a produção é religioso, um dos maiores. Eu me jul-
ameaça de uma mudança até de regi-
bem menor do que o aumento popu- go mesmo um agraciado de Deus. Co-
m e . Acho que paira no ar uma amea-
lacional. Onde é que nós vamos? As mo é que você pode limitar a fé en-
ça muito grande...
estatísticas demonstram isso. Então tre mim e um bispo, entre mim e um
RN/ECONÔMICO — Aproveitan- sacerdote? Apenas o padre, na sua
eu acho que a única saída nossa é um do isso aí, qual é a sua opinião, Sena-
consenso no plano nacional, junta- missão apostolar, está muito mais a
dor, do trabalho da Igreja no Nordes- mão para servir à Humanidade. En-
mente com a Igreja, que é quem tem te, hoje, no quadro atual da nossa
estrutura para ajudar o País a se tão, por isso eu digo e hoje até me
realidade? considero meio maluco por me consi-
equilibrar nesse setor, convencer os
DINARTE — A Igreja tem duas fa- derar que meus caminhos são os ca-
homens da Igreja que eles estão pela
ces. A Igreja voltou-se para defender

16rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
minhos de Deus. A minha vida toda, ção que possa significar... não é bem O nosso povo tem a sua vocação, que
intercalada de riscos, de ações... não aquela história de tirar de quem tem é para o artesanato. Que dá trabalho.
sei. É um destino guiado. para dar a quem não tem. Eu vou Agora, essas obras que estão forçan-
RN/ECONÔMICO — O Senhor apresentar uma emenda constitucio- do... Eu tenho constrangimento de
acredita que o Nordeste .poderia ser nal sobre isso. E já contei com apoio comentar isso, porque tem amigos
uma Região independente? de toda Oposição no Senado. Já fiz meus, que me interesso, etc. Mas
DINARTE — Isso é uma pergunta um discurso e todos eles me apoia- não deixo de dar minha opinião. A
que morre, porque aí você está me ram. É discriminando, tirando uma Sudene, hoje, é negativa para os
perguntando se eu sou pela separa- faixa do Imposto de Renda, para interesses do Nordeste. Eu que aju-
ção. Eu jamais seria pela separação. realizações no Nordeste. Então, com dei a criar a Sudene, era Governa-
Seria lutar contra tudo o que nós fo- isso, dentro de 50 anos o Nordeste es- dor e ajudei com força, naquela épo-
mos no passado, o milagre da nossa tará melhorado. Só dentro disso. ca. Aquilo foi uma época de euforia
unidade. No dia que nós nos tornar- Ninguém pense no Nordeste modifi- para nós. Entretanto, a Sudene foi se
mos uma republiqueta dentro do con- cado num decênio, em dois decê- afastando, se afastando. E o que é a
tinente, nunca mais teríamos paz. nios. Nós temos de melhorar em 50 Sudene, hoje? Ela hoje é apenas
RN/ECONÔMICO — O Senhor ad- anos, educando, atendendo a nossa uma, nem sei... Acho que ela está
mite que, em relação ao tratamento vocação. Todo povo tem sua vocação. servindo apenas para... É uma histó-
do Governo, há dois tratamentos, um ria de redistribuição de recurso...
para o Sul e outro para o Nordeste? não tem personalidade... não serve
DINARTE — A minha opinião é a para mais nada... O que está fazen-
seguinte: " nós só poderemos nos do? E nós sabemos que ela está em-
libertar economicamente, nos aproxi- pregando dinheiro em determinados
mar do Sul do País, numa discrimina- setores. Pode ser certo, mas não apa-
ção violenta, em nosso benefício,, renta ser. Você hoje tem o Finor... Eu
dentro do contexto econômico. Tro- criei no Senado uma comissão para
cando em miúdos: nós só nos podere- estudar uma solução para o Nordeste.
mos beneficiar, com uma discrimina- Eu criei apoliticamente. Mas fui cha-

Dinarte tem não é importante. Ou vice-versa do


vice-versa.

necessidade
Do ponto de vista ideológico,
mantendo a impressão da prática
do Senador (ciya brilhante carreira

de uma política, conquistada nas urnas,


termina melancolicamente, no

biografia
berço da bionicidade). Conserva-
dor, oligarca empedernido. Mas
há os que o considerem um perfei-
Quem foi, quem é, e que impor- Nem por isso pode passar ileso to exemplar do clientelismo políti-
tância tem o hoje Senador Dinarte numa avaliação que não se pro- co, dos pequenos e grandes favo-
Mariz na política do Rio Grande do põe ser a definitiva. Mas vamos lá. res, das facilidades de emprego.
Norte? A pergunta, feita a pretex- Entendo e vejo o Senador Dinarte Para estes, um santo homem. E,
to das comemorações dos 80 anos Mariz como um político cuja ação para confirmar as minhas impres-
do velho cacique seridoense, não traz a marca da contradição, ou sões sobre as grandes contradi-
poderia vir sem estar atrelada a do radar do oportunismo. Certa ções do conterrâneo, me lembro da
uma profunda inquietação. Como vez, numa entrevista que fiz, lhe última sucessão governamental.
os jovens repórteres políticos te- indaguei como era que ele, um ho- Tive a oportunidade de, em vários
riam maior segurança para falar mem reconhecidamente conserva- momentos, ouvir e publicar pala-
sobre este cidadão? Antes de fa- dor, durante algum tempo negro vras de Dinarte Mariz a respeito
lar, uma exigência: é preciso que na política brasileira porta-voz da do hoje Governador José Agripino.
os nossos homens públicos, con- ala direita no Poder da Nação, es- A mais importante delas: não
corde-se com eles ou não, come- tava a clamar pela anistia dos exi- apoiaria "o menino de Tarcísio,
cem a produzir intelectualmente, lados. E ele me respondeu olhan- por questão de princípios". Logo
ponham prá fora suas idéias de do nos olhos, que não era um ho- que resolveu apoiá-lo, corri a lem-
mundo, que não seja somente em mem de direita e que meu juízo es- brar-lhes os princípios. E a respos-
discursos eventuais, cujas autorias tava equivocado. Tal pergunta de- ta veio estonteante: "Eu nem me
há escribas perfeitamente identifi- ve ter soado tão insólita que não lembro se disse tudo". Pode até
cados ou alugados. O Senador Di- foi publicada. A impressão que me ser que esta visão esteja sendo
narte Mariz precisa de uma bio- deu diante daquele velho Senhor cruel demais com o velho Senador.
grafia, ou auto-biografia, com ur- era que a política também é feita Mas é isto que conheço da sua prá-
gência. O que existe, deve ser jul- de desrazão, da não lógica e que tica política. Apesar de tudo, para-
gado incluindo os ingredientes das para ser político como Dinarte Ma- béns Senador biônico. (Ricardo
paixões correligionárias ou adver- riz é preciso fazer não fazendo, di- Rosado de Holanda é da editoria
sárias. zer o que não quer, lutar pelo que política da Tribuna do Norte).

17rtN/ECONÔMICO- Agosto/83
ejo risco de um regime socialista
de esquerda"
mado pelo Presidente da República, com respeito ao anedotário? Numa vi-
que naquele tempo era o Médici, da política de tantos anos sempre
que me pediu para transformar aqui- surgem histórias engraçadas...
lo numa comissão partidária. E eu fi- DINARTE — E. Você sabe que o
cava na Presidência. E eu disse: olha, dia-a-dia do político sempre tem um
Presidente, se minha idéia é tão váli- fato assim. Eu vou contar a história
da assim eu já me sinto recompensa- de um menino... ele hoje deve ser
do. E eu fui. Dizem que é o estudo formado. Eu vou contar um fato com
mais sério que já se fez sobre o Nor- ele, na campanha minha com Aluízio
deste. Foram *00 dias de estudos. Alves, que apaixonou toda sociedade
Agora, tivemos pessoas como o rela- riograndense. Ele devia ter seus qua-
tor geral, que foi o Senador Virgüio tro ou cinco anos. Um dia ele me apa-
Távora, inegavelmente uma das receu com dinheiro para me ajudar e
maiores figuras da sua geração neste disse que era para ajudar na minha ' * \

País, mas eu advogava uma idéia e campanha. Eu o abracei e disse que i


v

fui derrotado. Eu advogava isso: um ele ia voltar com o seu dinheiro, f, •I


l f I' \ % . \
fundo rotativo em benefício do Nor-
deste. Discriminar uma parte do Im-
convidava os amiguinhos e fazia uma
festa para fazer a minha propaganda.
; I ÉJIm
posto de Renda, depositar no Banco Ele pareceu muito zangado e disse
do Nordeste e destinar aos Estados que "não Senhor, o dinheiro é meu,
de acordo com as necessidades de eu vendi meus periquitos para ajudar
cada um e esse dinheiro só ser em- na sua campanha". E eu fui obrigado
pregado no semi-árido. Quer dizer, a receber o dinheiro do guri. Ele é até
enquanto inventam uma obra faraô- filho de um médico que morreu há
nica, disso, daquilo, comem o dinhei- pouco tempo...
ro do semi-árido. E esse dinheiro ia
RN/ECONÔMICO — Senador,
sendo não dado, mas emprestado a
t e m p o s agitados na política do Rio

Uma
juros altamente subsidiados, que im-
Grande do Norte. Quais foram os
portassem apenas no custo de dinhei-
tempos mais agitados, de lá prá cá?
ro, que eu calculei em 4 por cento na
época, com pagamento de 20 ou 30 DINARTE — Nunca houve um se-
4
anos, com cinco anos de carência, pa- melhante ao do Partido Popular. Nós Dia 23 deste, Dinarte Mariz
ra pequenas empresas no interior. E perdemos uns seis companheiros as- completa oitenta anos de idade.
e s s e pagamento quando começas- sassinados pela Polícia... Nunca ninguém teve como ele,
se ia sendo creditado ao Fundo, de RN/ECONÔMICO — Em que ano uma vida tão cheia de exemplos de
maneira que ele se tornaria rotativo isso? brasilidade, de amor a terra e ao
e ia se avolumando o Fundo e dentro DINARTE — Entre 34 e 36. Eram povo, de patriotismo sem patrio-
de 50 anos nós estaríamos com recur- as eleições de Getúlio, da ditadura. tas, de doação integral, de servir
sos fabulosos. Perdemos um primo meu, o Otávio sem servir-se. A ação política de
Lamartine, filho de Lamartine, que Dinarte perde-se no tempo e difí-
RN/ECONÔMICO — O Senhor foi fuzilado dentro de casa, na pre- cil se torna para qualquer um de
tem mencionado, ultimamente, a sença da mulher, ela me contou. nós, rememorar suas raízes, suas
possibilidade de uma convulsão so- Nunca houve isso. Foram fuzilados origens, suas vertentes. Dinarte
cial no Nordeste, com essas crises to- dois ou três em Açu. Foram fuzilados nasceu com o Rio Grande do Nor-
das? dois em Pau dos Ferros... te, como parte integrante de sua
DINARTE — Poderá haver. RN/ECONÔMICO — Isso era per- história. Difícil, senão impossível
RN/ECONÔMICO — De que tipo seguição? seria fazer-se a história do nosso
mais ou menos? DINARTE — Era a Polícia, mes- Estado, separando-se dela a figu-
DINARTE — Descontentamento mo. ra de Dinarte. Um integra o outro,
geral, a inflação, a falta de trabalho, RN/ECONÔMICO — O Governo amoldam-se, amalgamam-se. Ne-
tudo isso são ingredientes necessá- afrouxou a mão... nhum fato relevante do passado ou
rios para uma convulsão social. DINARTE — Você sabe que todos do presente, aconteceu entre nós,
RN/ECONÔMICO — Essa convul- os oficiais da Polícia foram postos pa- sem que sua participação se tenha
são social seria armada, de esquer- ra fora e substituídos por elementos feito sentir. Advogados, médicos,
da? da Paraíba e de Pernambuco, muitos engenheiros, quantos aí estão, vi-
egressos das prisões, por crimes. Foi toriosos, engrandecidos, vencedo-
DINARTE — Não, não. Olha, eu
o caso de Rangel que matou Otávio. res na luta pela vida, por um lu-
vejo um risco muito grande de nós
Ele estava saindo da prisão em Per- gar ao sol, que se o consegui-
ainda passarmos por um regime mili-
nambuco e foi trazido para aqui a fim ram, devem-no ao Velho, que cus-
tar para depois passarmos para o re-
de ser oficial da Polícia. Outros da teou seus estudos, que financiou
gime socialista de esquerda.
RN/ECONÔMICO — Senador, e Paraíba, também, todos criminosos.

18 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
Naquela época eu tomei a iniciativa maneiroso e inteligente, com grande
de fazer uma caixinha, de dar uma capacidade de envolvimento, um ge-
percentagem aos oficiais demitidos rador de idéias políticas. Fui muito
para que se mantivessem com suas amigo dele. Li as memórias dele e
famílias. achei-as injustas, de um ressentido.
RN/ECONÔMICO — E os grandes Porque fui tudo para ele, tinha ele
chefes políticos do seu tempo? assim como um tio, um irmão mais
DINARTE — A maior liderança po- velho. Mais de uma vez dei toda as-
lítica do Rio Grande do Norte, em to- sistência a ele no Rio. Levei-o pró
dos os tempos, e jamais haverá ou- hospital e ele não soube quanto cus-
tra, a meu ver, que o substitua, pela tou nada e ainda dei assistência num
pureza que representava, pelo idea- apartamento meu até ele se recupe-
lismo de que se fortalecia, foi sem ne- rar. Fiz tudo por ele. No meu Gover-
nhuma dúvida, o José Augusto. E no a tudo, até a sepultura dele, tudo.
não haverá outro igual. Ele deixou de Não houve nada que faltasse. Fiz de-
ser Ministro de Getúlio para vender le Senador da República pelo Partido
seguros de vida para não passar fo- Popular, porque fui eu quem pratica-
me com a família — e foi o próprio mente organizei o Partido. Porque eu
Getúlio que me contou —, depois de vinha da Revolução; quando eu rompi
ter sido Governador, Senador e De- com a Revolução, eu dividi a Revolu-
putado Estadual. Quando a Revolu- ção no Rio Grande do Norte. E fica-
ção chegou ele estava no Senado. Foi ram ao meu lado Bruno Pereira, Luiz
a maior figura. Eu convivi com La- Antônio, Zé Mesquita, Augusto Ba-
martine. Ele era um caudilho. Eu curau...
convivi com Eloy de Souza, que era RN/ECONÔMICO — Essa fase aí
um homem muito inteligente mas foi da formação dos dois Partidos,
era, na expressão do povo, um ho- UDNePSD?
mem muito politiqueiro, cheio de ar- DINARTE — Não... Foi a fase do
timanhas, que não tinha colégio elei-
Partido Popular...
toral. Era um homem profundamente
RN/ECONÔMICO — Qual era o

ila, um grande exemplo de brasilidade


seu colégio, que prestigiou seu "ca- homem, ciya vocação para a vida Foi relator das matérias mais im-
minhar nos primeiros e mais difí- pública, nasceu com ele? Prefeito portantes que tramitaram pela Al-
ceis passos. do Caicó muito jovem. Líder de to- ta Câmara. Plano de paridade e re-
Há os que não esquecem. Há, da uma região, de todo um povo, classificação do funcionalismo pú-
infelizmente, os que não lembram. de todo um Estado. Senador da blico. Aumento de vencimentos do
Que falar sobre Dinarte Mariz, República em 1954. Governador funcionalismo público federal.
nesta significativa data? Lembrar do Estado, em 1956. Novamente Desmenbramento do Estado da
o patriota da Serra do Doutor? 0 Senador em '962. Reeleito conse- Guanabara do Rio de Janeiro. Vi-
criador da Universidade? 0 cria- cutivamente em 70, 76 e 82. Vale ce-Líder para Assuntos das Forças
dor do Tribunal de Contas? 0 registrar que em 1960, Dinarte Armadas. Presidente da Comissão
construtor de ginásios, hospitais, Mariz foi alvo da campanha mais do Distrito Federal. Presidente da
maternidades, escolas, estradas, difamatória, mais siya, mais soez, Comissão de Segurança Nacional.
todo um somatório de grandes rea- mais baixa de toda história políti- Isto, contudo, não é um «curri-
lizações, quando nossa arrecada- ca do Rio Grande do Norte, mas, culum vitae». Apenas c tão somen-
ção era nada e quando não havia desfeita a trama, dois anos depois, te, o desejo de um humilde jorna-
os grandes convênios, os progra- ele voltava triunfalmente nos bra- lista de província, manifestar todo
mas milionários, a presença maci- ços do povo ao qual sempre amou seu apreço, toda sua gratidão, to-
ça do Governo Federal em nossos e pelo qual sempre foi amado. do seu bem-querer, pelo seu líder,
problemas? E por que não lembrar pelo seu ídolo, por aquele a quem
o menino humilde, que no seu Cai- Durante todos os mandatos ele segue ao longo de 36 anos de
có tão amado e nunca esquecido, exercidos, jamais um instante de militância política. Dinarte Mariz
aprendeu o ABC à luz da lampari- tergiversação, de dúvidas, de in- está acima de todas as legendas
na fumegante? Por que não lem- coerência. Lutou a boa luta sempre partidárias. Está acima das idios-
brar o adolescente que jamais fre- na linha de frente. Nunca posicio- sincrasias pessoais, porque ele é o
quentou faculdades e enquanto nou-se na retaguarda ou em cima próprio povo do Rio Grande do
seus colegas gozavam a juventu- do muro. No Congresso Nacional Norte. Porque ele é o próprio Rio
de, ele se entregava ao trabalho da foi tudo. Ocupou as posições mais Grande do Norte. (Eugênio Neto é
agricultura, do comércio e da pe- importantes, embora sem jamais da equipe de repórteres políticos
cuária? Por que não recordar o postular a Presidência do Senado. de A República).

19 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
anais do Senado, que o primeiro ca-
marada, o primeiro congressista, o
Reconciliação com Aluízio? "Jh primeiro homem público que propôs
anistia para os que estavam cassados
passou o tempo... 7) e fora do nosso País, fui eu. Morreu
na Comissão de Justiça porque disse-
outro Partido? em alvenaria, ladrilhada, morador ram que eu não tinha competência
DINARTE — 0 outro era uma meu não mora mais em casa de taipa, para tomar essa iniciativa.
aliança que eles fizeram, Café com... mora numa casinha de 8x9. As casas RN/ECONÔMICO — Os políticos
não tenho bem a idéia... A campanha que o Governo faz aqui cabem den- mais promissores entre os novos, no
tomou um rumo muito agressivo e o tro. E estou fazendo isso à custa de Rio Grande do Norte, quais são?
nosso povo só conhecia o adversário empréstimo. DINARTE — Eu não digo nem os
por Pela Bucho. E não se conhecia RN/ECONÔMICO — O Senhor ad- mais. Digo o mais. Na minha opinião,
nem a sigla do Partido... mite, quando chega aos 80 anos, uma é o Governador, o José Agripino. E
RN/ECONÔMICO — João Câmara reconciliação com o Dr. Aluízio Al- eu posso dizer isso porque, aos 80
foi desse tempo? ves? anos, eu jamais falaria para agradar,
DINARTE — João foi nosso com- DINARTE — Passou do tempo. não é? Mas é pela convivência que
panheiro. Uma grande figura. Foi um Não há mais condições. Você precisa tenho com ele. Acho um homem alta-
dos homens mais interessantes do se- chegar e dizer: e você que, ama tanto mente competente, humano.
tor econômico do Rio Grande do Nor- o Rio Grande do Norte e por ele tem RN/ECONÔMICO — Mas além
te. Um empresário extraordinário: eu passado os momentos mais arrisca- dele?
o vi próspero, eu o vi falido e vi a vol- dos e por que se recusa, se isso pode DINARTE — Tem muitos... (hesi-
ta dele poderosamente, dominando o ta) Eu acho Faustino um homem in-
poder econômico. Fui ligadíssimo a teressante...
ele. Quando nós organizamos a UDN, RN/ECONÔMICO — E estes no-
nós tínhamos uma aliança — eu, ele e vos, na Assembléia? O Márcio Mari-
Djalma Marinho. Djalma tinha sido nho, por exemplo?
contra nós. Tinha ficado com Mário DINARTE — O Márcio é um en-
Câmara naquela época. Nós fize- canto de cidadão, um homem não só
mos uma espécie de compromisso, de inteligente, como um homem boníssi-
só tomarmos parte política de acordo. mo. Lá em Caicó, nos temos um ho-
Mas quando veio a democratização, mem muito interessante que é o Vi-
eu passei uns 400 e tantos telegramas valdo Costa. Um homem sério, que
aqui prô Rio Grande do Norte, que tem sua liderança. E é, sobretudo,
era até apelidado de «condizente». um homem sério. Não tem nenhuma
Porque o telegrama sempre começa- dúvida que é um homem altamente
va assim: "Condizente com o seu representativo. Do nosso lado tem
passado político..." Mas para você um rapaz que eu acho com muita es-
saber a nossa força política naquele perança de uma liderança política,
tempo, eram 45 ou 47 municípios, se que é o Carlos Augusto. Acho o Car-
não estou enganado, mas 4I prefeitos los um camarada que tem muitas
pediram demissão para ficar conosco. qualidades. Já está no segundo man-
Nós éramos donos do Estado. Agora, dato... Do lado da Oposição, o que eu
me decidi porque: primeiro, porque vejo realmente é o sobrinho de Aluí-
eu estava conspirando contra a dita- significar um bem para o Rio Grande zio, o Garibaldi...
dura e não tinha lógica que eu fosse do Norte? Na minha imaginação eu RN/ECONÔMICO — E o Paulo de
prô Partido do Getúlio naquela épo- respondi: não existe isso. Nosso Tarso?
ca. Então, ficamos contra, organiza- reencontro não daria em nada. Ao DINARTE — Dizem que é um ra-
mos a UDN. Quem botou Monse- contrário. Talvez deixasse uma dúvi- paz talentoso. Eu ainda não convivi
nhor Mata na política fui eu, fui bus- da, uma interrogação no meu julga- com ele. Mas dizem que tem muito
cá-lo no Seminário. Tem umas coi- mento histórico. talento, deve ter saído da mãe dele.
sas que... Por exemplo: muita gente RN/ECONÔMICO — E que dúvida Eu até estou querendo fazer uma coi-
acha lá no Sul que eu sou um homem seria essa? sa agora, um levantamento da pri-
de direita. Eu acho que ninguém é DINARTE — A de que isso só po- meira assembléia do Partido Popular
mais socialista do que eu. Pelo com- dia nascer de interesse. Então, se eu e tenho a impressão que a única so-
portamento. Eu tenho um comporta- chegasse a isso, poderia. Certa vez brevivente é a Maria do Céu. Aliás,
mento, desde menino, todo dele, de- eu dei uma resposta a Magalhães eu sempre defendi muito a participa-
terminado, pois tudo o que fiz dividi (Magalhães Pinto, ex-Governador de ção da mulher na vida pública. Tan-
com o povo. Ainda hoje, ao voltar pa- Minas), que não sei se devia ter dado to que, no meu Governo... eu tenho a
ra minha fazenda, encontrei os mora- coitado, porque ele insistia nessa re- impressão que fui o primeiro Gover-
dores morando em casa de barro, ca- conciliação. Aí eu disse: não dá mais nador que nomeou uma mulher para
sa de taipa como nós chamamos. tempo. Ele perguntou o porquê. Eu um cargo de alto destaque, que foi
Ambiente em que nasci e morei até respondi que, nessa altura da vida, se para o Tribunal de Contas, a nossa
os 13 anos. Mas achei que hoje o am- eu perder a vergonha, não dá tempo Lindalva. Tenho impressão de ter si-
biente não era para aquilo. E acabei para encontrar mais. Muita gente do a primeira mulher a ocupar um
com 43 casas de taipa e construí tudo acha, tal e tal. Está registrado nos cargo assim. Sempre tive essa preo- |

20 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
ESTE MERECE
PASSAR DOS 80.
Quando governou o Rio Grande do
Norte, ele criou entidades como a
Universidade e o Tribunal de Contas.
Desde 1963, é um dos nossos
mais destacados representantes
no Senado, onde foi, por
duas vezes, Secretário Geral.
É um lutador incansável.
Contestado, amado, sempre
despertou paixões. Indiferença,
jamais.
Homem de muitos correligionários
e de muitos adversários políticos,
jamais fugiu ao diálogo. Uns e
outros, sem distinção partidária,
sempre tiveram acesso ao seu
Gabinete e até mesmo à sua
residência.
Página viva da história norte-iio-
grandense e da própria vida nacional,
Dinarte de Medeiros Mariz é merecedor
de toda a nossa homenagem. E das
manifestações do seu povo na festa
dos seus 80 anos.

bandern
BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE S.A.
metidos. Mas agora, qauando chegar
o momento, ou o regime é democrá-
"Quando chegar o momento, ou è tico ou não é e o regime de abertura
não existe. 0 Presidente já disse mui-
democrático ou não é" tas vezes, com aqueles termos realis-
tas que ele gosta muito de empregar
cupação. Quando eu ia organizar uma semana ele arrasou-se. E em São que, quem ganhar leva, estimulando
chapa tinha três preocupações: bo- Paulo não, tem emprego muito mais até a luta dentro do Partido.
tar um estudante, um operário e uma fácil. E por que a vida aqui é mais ca- RN/ECONÔMICO — Esses candi-
mulher. Sempre tive essa preocupa- ra? E o salário mínimo? Eu digo sem- datos do PDS, para o consenso do
ção. pre que o salário mínimo é o relógio Partido, qual o mais viável?
RN/ECONÔMICO — 0 Senhor já do estômago do operário. Eu acho is- DINARTE — Para o consenso eu
previa o futuro? so cruel, quando o sujeito diz que, se não sei. Agora mesmo eu estive com
DINARTE — Não. Eu acho que são for assim, como se pode levantar o o Aureliano, um velho amigo. Eu dis-
elementos da sociedade que devem Nordeste com a mão-de-obra encare- se que achava que a candidatura se-
estar presentes. Eu tenho mais de cida? Eu digo se, para levantar o Nor- ria um milagre. A gente sente que
dez anos, muito mais de dez anos, deste precisar escravizar o estômago não há essa inclinação do Governo.
que advogo no Senado a homogeini- do operário, é preferível que ele fique Quando ele me disse que não ia plei-
zação do salário no Brasil. Quando assim. tear, eu disse que não pleiteasse.
Marcos Freire chegou pensou que era RN/ECONÔMICO — Senador, o
RN/ECONÔMICO — E ele disse?
unia novidade, fez um discurso, de- PDS do Rio Grande do Norte está uni-
fendendo. Então eu fiz um aparte, di- do, mesmo na hipótese dos dois can- DINARTE — Disse. E disse que só
zendo que ele estava secundando didatos a Presidente, Andreazza e tinha uma hipótese: era se o Presi-
uma idéia minha de muitos anos. Eu Maluf? dente tomasse a iniciativa e ele não
acho um absurdo que um operário DINARTE — Eu creio. Nós temos tinha de se movimentar. Do contrário
aqui, onde a vida é mais cara e o em- hoje no Estado um dever muito gran- não iria para uma campanha em torno
prego mais carente, ganhar menos do de do problema político para presti- do nome dele.
que o de São Paulo. Aqui o operário, giar o Governador. E ele tem deve- RN/ECONÔMICO — Como o Se-
quando tem três dias de serviço por res. Mas todos nós estamos compro- nador vê, de cima dos seus 80 anos,

Quanto é difícil abranger


da liderança que mantém há mais
de cinqüenta anos e é edificante
para as futuras gerações. Ele se

num registro a grande


constitui, pela energia e pelo dina-
mismo, o centro de eventos impor-
tantes para o Estado, irradiando
por esse longo período a marca de

personalidade de um líder sua presença em tudo quanto, de


mais transcendente, sucedeu em
nossa província a partir de 1930.
Conheço Dinarte desde 1941, postura boêmia inconciliável com Dinarte é, antes de tudo, um ho-
quando cheguei ao Seridó para a feroz disputa pelo Poder. Não mem de ação e de trabalho, em
exercer a Promotoria de Jardim. podia desfazer aqueles laços com que não sacrificou entranhados
Tive o privilégio de ser seu amigo e um insensato e malicioso procedi- sentimentos de generosidade e soli-
a satisfação de conservar tão longo mento, no qual abastardaria meus dariedade ao próximo. Tornando-
período de convívio que os anos princípios, meus critérios e juízos se muito cedo uma personalidade
não arrefeceram, antes sedimenta- de valor. nacional, capitalizou sempre seu
ram, sem atritos ou divergências. prestígio para os problemas e difi-
Além dos sentimentos pessoais, É impossível abranger, num culdades do Estado natal. Este é o
um elo muito forte nos aproxima: simples registro, a exuberante per- núcleo de suas atividades de ho-
a eterna memória de Rui, uma das sonalidade de Dinarte. A lição de mem público, do qual dimanam
mais extraordinárias figuras que sua vida aqui terá que ser interpre- suas outras características. De fa-
conheci, seu irmão, cuja morte tada e captada através de proje- to, esse núcleo pressupõe espírito
prematura me dói fundamente até ções oriundas de sua presença nas de retidão, bondade, justiça e
hoje. Quando recusei ser candida- atividades do Estado e do País, da- caráter.
to ao Governo do Estado contra do que a análise de cada episódio É impressionante a veemência
Dinarte, mesmo sabendo que isto seria estafante e até inviável. Afi- com que preserva essa identidade,
encerraria minhas ambições políti- nal, as comemorações de seu ani- sem dúvida o segredo de sua longa
cas, agi em função de uma fideli- versário não traduzem uma glorifi- e indiscutível liderança. E na idade
dade ética que os políticos nunca cação ao homem, mas ao que ele a que chega em pleno vigor, creio
entenderam, nem entenderão, por- representa, suas idéias, suas lutas, não ter de se lamentar, como o fi-
que inspirada no espírito de renún- seu civismo, sua coragem, suas vir- lósofo para quem o que torna a
cia e nos valores morais de uma tudes, seus defeitos, componentes lembrança do passado por vezes

22 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
a liderança jovem do Senador Carlos ressante. Ele realmente fez uma con- Eu sempre fui muito amigo dos Rosa-
Alberto? quista que, no Rio Grande do Norte, é do. Você sabe que eu fui para o Go-
DINARTE — 0 Carlos tem tido a primeira vez, um político conseguir verno, fui contra os Rosado, eles ti-
uma vida pública muito apressada. tantas posições. Ele não é tão bobo. nham outro candidato. Mas eu sem-
Eu chamo apressada. E na vida priva- Só está um pouco vaidoso, e é natu- pre trazia na minha mente, a imagem
da, parece que tem até uma lei de ral, porque naquela idade chegar a dos companheiros que eles foram,
Física: aquilo que ganha em veloci- um cargo tão importante. homens honrados. Então, a minha
dade, perde em força. De maneira RN/ECONÔMICO — E o destino primeira preocupação foi procurar
que em muitas ocasiões o excesso de dos Rosado na política do Estado? atrair os Rosado para meu esquema
velocidade torna mais frágil o produ- Eles vão continuar desgarrados ou se político. O que não foi muito fácil, o
to, ele perde um pouco a força. Não comporão com outros grupos tradicio- que só foi possível graças a interfe-
sei se isso se ajusta ao problema polí- nais? rência de Dix-huit que era muito li-
tico. Mas eu o acho um homem inte- DINARTE — Eu não tenho idéia. gado a mim. Você deve se lembrar
que eu fiz, contra grande parte do
Partido, eu fiz Dix-huit candidato a
Senador e lutei muito para elegê-lo.
Eu tenho por ele uma grande estima
pessoal. Não tenho nenhuma idéia,
porque não tenho convivido com ele
dc certo tempo para cá. Mas eu gos-
taria dc vê-los todos identificados
com nosso sistema político.
RN/ECONÔMICO — A melhor li-
ção que o Senador tirou da política.
DINARTE — A política, para mim,
foi uma grande escola. Ela me deu
oportunidade de fazer alguma coisa
pela Humanidade. Eu acho que o ho-
mem só se realiza quando ele é con-

ainda muito moço, não na escola,


mas nas atividades do comércio
para os quais o impelia uma inelu-
tável vocação de empresário, lem-
braino-nos das palavras de Demé-
trio a um rapaz diligente e traba-
lhador, inimigo do ócio: conti-
nuai, mancebo, e á noite da vossa
velhice achareis a ceia bem feita e a
mesa posta. Comenta o Pe. Ma-
tão dolorosa, não é a mudança dos quando sabemos que Dinarte, co- noel Bernardes que esta assertiva
outros para conosco, mas as mu- mo todo homem público neste concorda com a sentença de Xeno-
danças em nós mesmos. Por que País e principalmente entre nós, fonte, segundo a qual o trabalho e
continua jovem aos 80 anos? Por- sofreu as mais iníquas ofensas e diligência eram o cozinhado da
que "a juventude não é maior que calúnias. Ele não escapou à inexo- boa velhice, quando a velhice po-
a surpresa da vida e quem não a rabilidade da política que exige o bre e desamparada ordinariamente
sente mais, já não é jovem, e en- batismo do ódio, como a religião o é conseqüência da mocidade ocio-
quanto ela durar existe mocida- batismo da água e á guerra, o do sa e inerte, porque como há-de
de", como é o seu exemplo. Suas fogo, para chegar ao sucesso. To- achar o alqueire cheio quein se as-
atitudes conciliatórias dos últimos davia é certo que os "caluniadores sentou sobre ele vazio?
anos revelam que o coração conti- empurram, sem o saber, encosta
O Velho, por sua vida e dedica-
nua uma colméia dc favos cheios e acima, o carro que os entusiastas,
ção a seus ideais, tem hoje a ceia
perfumados e não cavidades deser- sem auxílio, não poderiam arras-
bem feita e a mesa posta. Mas é
tas e ressequidas, que Nabuco tar". A dor plasma uin ser, na mo-
necessário meditar na parábola
identificava nas almas amargura- cidade, em cera, mas o cinzela, na
dos três amigos proposta pelo ana-
velhice, em mármore. Dinarte é,
das. A idade não o isolou, antes é coreta D. Barlaão ao príncipe Jo-
aos 80 anos, um homem sereno,
um homem vitavelinente feliz para safat: o primeiro, que não foi con-
tranquilo, compreensivo, sem ódio
quem talvez, na afirmação do poe- siderado jamais, é que se revelou
ou rancor no coração. É esta ima-
ta, o entardecer seja mais doce ao solidário na hora da dor e da difi-
gem de grande nobreza que as
coração do que a manhã, por cau- culdade.
futuras gerações vão guardar e res-
sa da noite estrelada que vai che-
peitar. RAIMUNDOSOARES
gando.
Isto é tanto mais admirável, Quando imaginamos o Velho, DE SOUSA

23 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83 23

â./ââàÉ
tremeadas de suicídios, de renúncias
seguidas, deposições. Mas não tenho
"Até estudaria, hoje, mudar regime nenhuma idéia do que substituir,
confesso a você. A experiência parla-
pres idencia lis ta'' mentarista que nós temos não foi
uma inclinação do povo, foi uma ma-
vencido de que foi útil. Eu digo sem- político. Se nós analisarmos o regi- neira de contornar uma crise e logo
pre que na minha mocidade eu servia me presidencialista, através do sis- em seguida o próprio Presidente usou
por dever e, na minha velhice, isso se de um ardil para botar o regime abai-
tornou uma religião. De maneira que, xo. 0 Jango nunca aceitou.
nessa arte, eu sou meio assim. Eu RN/ECONÔMICO — Já que o Se-
durmo bem no dia em que posso pro- nhor falou na possibilidade de um re-
piciar um benefício a uma pessoa. g i m e socialista de esquerda, acha al-
Como político eu digo que sempre pe- g u m a diferença entre a militância das
di a favor de uma pessoa, raramente e s q u e r d a s atuais, no Brasil e a de an-
contra. E se eu pedi contra, não foi tes de 1964?
contra a pessoa, mas contra o siste- DINARTE— Na minha opinião, to-
ma. Com os comunistas, eu já disse do comunista é parecido com o outro.
que não sou contra eles, mas contra a A ligação é a mesma, a repetição dos
idéia e convivo muito bem com mui- mesmos slogans, a mesma maneira
tos deles. Já estive em muitos paí- de agir e falar. Muita gente acha que
s e s comunistas e nunca senti que po- não há perigo de um regime comunis-
dia agasalhar-me tranquilamente em ta no Brasil. Eu acho que há. Nós fi-
nenhum deles. Cada vez que visitava zemos a Revolução contra o comunis-
uni país comunista mais me tornava mo e contra a corrupção. Hoje, os
anticomunista. comunistas todos voltaram e a cor-
RN/ECONÔMICO — Com a vivên- rupção virou negócio. Mas todos os
cia cm Brasília, acredita que o regime países capitalistas do mundo passa-
presidencialista vai perdurar? ram pelo que o Brasil está passando.
Os Estados Unidos sofreram e supe-
DINARTE — Segundo a minha opi-
raram, apesar da sua divisão. Mas
nião, hoje cu ate estudaria a conve- tema republicano, o que nós vamos
hoje, nós somos um Estado. Quanto
niência de nós mudarmos o sistema encontrar? Revoluções seguidas, en-
ao comunismo, ele nunca deixou de
ser organizado. Há o comunismo da

A mensagem imprensa. Que é muito bem organiza-


do, que fala na organização, nos gru-

de Agripino
pos, etc. Mas temos outro invisível e
esse é o pior, que está sempre em to-
da parte, na educação, se infiltrando
na educação. Aquele marinheiro, que
"Homem de fala mansa, Dinarte Mariz não hesita se infiltrou e precipitou a queda de
Jango, você sabe o que ele era?
em ser até arrogante, quando em discussão se encon-
tram questões que nos dizem respeito. RN/ECONÔMICO — O Cabo An-
selmo. Dizem que era um agente du-
Dentro dessa perspectiva, Dinarte não vê obstácu- plo.
los, não teme dificuldades, não se amedronta com o DINARTE — Não. Era um estu-
que possa até parecer impossível. Mesmo que isso pos- dante. Foi levado para aquele setor.
Comunista é uma idéia subversiva e
sa prejudicá-lo na imagem nacional que conquistou, não pára. É comunista, porque é sub-
tudo ele põe à parte, colocando acima de qualquer versiva. Vai pegando os desconten-
coisa a defesa dos interesses, mesmo que eles sejam só tes, etc. Eu respeito muito mais o co-
munista do que o explorador. Todo
nossos, fazendo de sua vida um pontilhado de atitudes estudante foi revolucionário. E ai do
corajosas. Falo na sua coragem de ser. Poucos ho- país que não tiver uma classe assim.
mens pudemos conhecer iguais a ele, que tenham uma 0 estudante tem de ser contestador,
é como a criança que não sabe que o
disposição interior de arrostar, se preciso o imprevisí- fogo queima. Depois, vai se tornando
vel, procurando soluções e enfrentando o duro diálo- mais amadurecido, etc. Você sabe
que 90% dos comunistas do Brasil
go, no sentido de, com os instrumentos ao seu alcance, pertencem à classe média? Não se vê
conseguir caminhos que venham abrir realidades me- operário comunista. Porque o filho do
lhores para o destino do povo que o sabe líder, prova- operário, quando se educa, já conse-
guiu muita coisa.
do ao longo de mais de 50 anos de militância político-
partidária". RN/ECONÔMICO — Que mensa-
gem o Senhor manda aos políticos do
Estado quando completa 80 anos de I

24 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
Dinarte- extraordinária figura humana
Dinarte completa 80 anos de
idade. TARCÍSIO MAIA Foi a oportunidade em que ele se
A família, os amigos, o Rio impôs por sua capacidade natural
bravura pessoal e solidariedade de dirigir e liderar, tendo adquiri-
Grande do Norte, prestam-lhe as aos amigos, em cuja defesa chega
homenagens merecidas. do tal controle e poder de isenção
até ao sacrifício. Muito acertada-
, Pedem-me, umas palavras so- que jamais o abandonaria o espíri-
mente dizia Djalma Marinho: "Di-
bre o velho. É o que faço. to de renúncia, quando a seus pró-
narte é um homem solidário" —
Há longos anos, antes de 30, eu, prios pontos de vista se opusessem
Estive ao seu lado em muitas cam-
menino, ouvia falar de Dinarte outras idéias mais úteis ao Estado.
panhas políticas marcadas pela
Mariz, comerciante moço, próspe- exaltação e pela violência. Em al- As preocupações da absorvente
ro e inteligente que na nossa vi- gumas ocasiões corremos efetivos atividade política não o afastaram
zinhança, mais precisamente em riscos de vida e nunca vi nele uma de uma zelosa dedicação para com
Caicó, exercia suas atividades. atitude de fraqueza ou temor. Pe- a família, em cujas necessidades
Era, evidentemente, a liderança lo contrário lembro sua figura, do- estava sempre presente. Não ape-
empresarial e política que despon- minando o perigo e as ameaças nas a mulher e filhos, mas sobri-
tava no Seridó. Comprava algo- com- indiferença e desprezo, e re- nhos, irmãos, parentes tinham sua
dão, peles e produtos regionais. pelindo as agressões com enetgia paternal assistência moral e mate-
Como comprador, tinha hábitos e altivez de bravo. rial, na educação, na alegria, na
curiosos. Ele é quem conta. Nas doença, no sofrimento, na confian-
Em (930 Dinarte inicia suas ati- ça do futuro, para o qual os prepa-
horas de crise financeira, quando vidades políticas, mostrando logo
não dispunha de dinheiro para os rava como chefe e amigo.
que, para ele, a política não era
compromissos da feira, em vez de Aos oitenta anos, Dinarte é um
simplesmente um jogo eleitoral ou
fugir, como se costumava fazer, admirável exemplo de vitalidade e
de posições, mas a preocupação
procurava os credores para justifi- permanente de realizar, através lucidez, conservando em suas
car a situação. O resultado é que dela, o bem comum. Entrava na vi- mãos com firmeza a liderança que
comprava mais algodão que seus da pública numa época particular- mantém há cinqüenta anos. É uma
concorrentes, talvez com mais di- mente agitada, cujas fontes iriam das mais ricas vidas políticas de
nheiro e poder. É que o jovem em- desaguar na Revolução de 30. nosso Estado, com a peculiaridade
presário, ao lado da capacidade de Muito moço ainda, sob o impulso de atingir essa idade na plenitude
trabalho, do tino comercial, pos- de sua idéia generosa, aliou-se ao de sua atividade e com uma larga
suía um profundo sentimento de movimento contra os grandes líde- experiência que utiliza tão bem em
responsabilidade em cumprimento res estaduais na época, em atitu- favor do Estado e do País. Ne-
da palavra, legado pelo velho Ma- de de desafio e afirmação que é nhum homem público entre nós
riz, seu pai. E com essas caracte- uma de suas virtudes. Prefeito de conseguiu marcar por tanto tempo
rísticas pessoais que jamais de- Caicó, foi este o primeiro cargo na a passagem da história com sua
sonrou, foi subindo. Ainda é ele escala ascendente das suas posi- presença. Pedro Velho, Juvenal
quem narra que, nessa época, ten- ções políticas. Em 1934 foi um dos Lamartine, José Augusto, Georgi-
do feito uma sociedade e diante do fundadores do Partido Popular, re- no, Café Filho, todos mais cedo
resultado do balanço a mostrar encontrando-se com José Augus- foram tragados pela voragem in-
que suas retiradas eram superio- to, Juvenal Lamartine, Elói de flexível do tempo. Mas aí está Di-
res às de seu sócio, porque, gene- Souza e tantas outras figuras. In- narte, como uma árvore frondosa e
roso como sempre foi, gastava tegrou-se de corpo e alma naquelai quase secular, dando agasalho e
muito mais, observou que aquilo memorável campanha que levou fruto a tantas gerações que se
era injusto e resolveu só por isto Rafael Fernandes ao Governo do abrigaram à sua sombra.
retirar-se da sociedade. Contra os Estado. Somos amigos a vida inteira e,
protestos do sócio que, inclusive, malgrado divergências naturais,
Depois disto, consolidou-se defi-
queria dar-lhe uma indenização, mais nos aproximamos com elas,
nitivamente a liderança política de
respondeu: "Daqui só quero tirar porque se fundaram sempre na
Dinarte pelo reconhecimento pú-
o paletó". Começou tudo de novo discussão do melhor caminho ou
blico de suas qualidades e valores.
e findou por constituir uma sóli- da melhor escolha, que atendesse
O magnetismo pessoal, a cora-
da organização comercial —a Ex- aos interesses do povo do nosso
gem , a inteligência, o despreendi-
portadora Dinarte Mariz — depois Estado.
mento, a generosidade, fizeram
sacrificada quando ingressou na Como seu amigo, orgulha-me
dele o comandante incontestado
vida pública. vê-lo, hoje, em pleno vigor, cerca-
da legião que o segue até hoje.
do do carinho de sua família, da
Esta extraordinária figura hu- O que é importante assinalar é
estima de seus inúmeros amigos e
mana tem dotes singulares, dos que esta liderança emergiu com
do respeito de todo o Rio Grande
quais destacaria a capacidade ge- características singulares, pois
do Norte. Que Deus o conserve por
rencial que explica o sucesso do Dinarte, ao afirmá-la, não era de-
muitos anos, pois muito ainda po-
empresário, a generosidade, a tentor de qualquer cargo eletivo.
derá servir a seus concidadãos.

RN/ECONÔMICO — Agosto/83
25
Mensagem aos moços: "Eu creio
muito no futuro"
idade? devem se organizar para defender
DINARTE — Eu só tenho uma o seu Estado. Defender principal-
mensagem que possa levar aos mo- mente com idealismo. A política é a
ços. Eu sou um homem que creio no profissão mais nobre que o homem
futuro do Estado. E o futuro do Esta- possa exercer. Muitos a fazem com
do só se constrói com capacidade e interesse, outros por vaidades... Mas
idealismo. Eu digo sempre que o o político mesmo que tem vocação ele
idealista tem sua vida povoada de vai para servir à sua terra, porque
sonhos. E o que é a vida senão a ilu- todos nós construímos o mundo onde
são? Mas a ilusão do coração deve ser nós vamos viver. Então se dentro da
a de servir. Se o sujeito se capacita sociedade você conseguir uma lide-
de que o seu dever é servir a sua ter- rança, e daí é que parte a vida públi-
ra, então ele vai procurar os cami- ca — porque você começa a convivên-
nhos para servir à sua terra. Eu acho cia do lar e depois no agrupamento,
que se eu pudesse levar uma mensa- até transformar a convivência quase
gem a essa geração mais nova leva- universal. Então, eu diria aos moços
ria a mensagem de servir ao Rio que eles devem se capacitar para ser-
Grande do Norte. Eu digo sempre vir à sua terra.
que a minha vida pública começa em RN/ECONÔMICO — Senador, os
Caicó. Depois de Caicó, vem o Rio melhores projetos que apresentou em
Grande do Norte e, seguida, o Brasil. favor do Rio Grande do Norte? Pode-
Então todo o homem público deve ter mos adiantar logo o da Universidade
amor a sua origem. E os mais moços Federal do Rio Grande do Norte?

Os detalhes de um Raimundo Carlos, pai de Car-


lindo, umas duas semanas antes da
missa de 1.° aniversário da morte

comício da saudade de seu filho, comunicou-me que


Dinarte confirmara a sua presença
em Caicó no dia 28 de outubro.
Era excessivamente tenso o cli- vimentada campanha politica já Reuni a minha equipe e, contra-
ma político de Caicó em 1968. registrada em Caicó. O resultado riando a opinião de muitos, que
Em 28 de outubro do ano ante- final, dando-me a vitória por dife- julgavam inconveniente a realiza-
rior fora assassinado o mais popu- rença de 76 votos, confirma o for- ção de comício naquela data, de-
lar líder dinartista da Região do te equilíbrio das forças em luta. terminei a organização para a noi-
Seridó, o Deputado Estadual Car- O Senador Dinarte Mariz procu- te do dia 28, do Comício da Sau-
lindo Dantas. O crime aprofunda- rou o Governador Walfredo Gur- dade, onde não haveria charangas
ra o fosso de separação entre as gel a quem relatou o agitado clima nem foguetes, e tudo seria executa-
duas sublegendas municipais da político em que vivia o município, do com muita compenetração e re-
ARENA (Aliança Renovadora solicitando algumas providências ligiosidade, de modo a não ofen-
Nacional), uina, denominada Are- para a elucidação do crime que vi- der o espírito de contrição em que
na Vermelha, dos liderados do Se- timara Carlindo e Aníbal. Na oca- se encontravam naquele dia os fa-
nador Dinarte Mariz; a outra, sião, entretanto, combinaram não miliares, amigos e correligionários
Arena Verde, dos liderados do Go- participar da campanha de Caicó, do médico morto.
vernador Walfrèdo Gurgel. naquele ano. Nenhum dos dois vi-
A exaltação política dominava ria ao município tomar parte em A verdade é que nenhum de nós
em toda parte, na cidade e no cam- comício ou qualquer outra promo- sabia do acordo de Dinarte com
po. Não se discutia 'outra coisa a ção da propaganda eleitoral em fa- Walfredo. Os adversários certa-
não ser o assassinato do Deputa- vor dos seus candidatos. mente o conheciam, porque logo
do. As agressões, insultos e provo- Na época, o Senador nada reve- tomaram conhecimento de que nos
cações repetiam-se a todo instante, lou a seus correligionários. Os dias comícios eu começara a convidar o
Pouco faltou para o desencadea- se passavam, cada vez mais agita- povo para a concentração do dia
mento de uma verdadeira guerra dos pela intensa propaganda do 28, assegurando a presença do Se-
civil municipal! adversário, que, nos comícios, vi- nador, intensificaram a campanha
Em meio a esse carregado am- nha sustentando que a nossa suble- sustentando que ele não viria, de-
biente, um grupo de amigos resol- genda não contava com o apoio de safiando a todos nós para vultosas
veu indicar o ineu nome às eleições Dinarte, apontando como prova o apostas.
de 15 de novembro de 1968 como fato de não ter o Senador partici- A cidade agitava-se agora nessa
candidato a Prefeito. pado de um só comício durante a expectativa: vem, não vem, vem
Iniciava-se a mais áspera e mo- campanha. mas não comparecerá ao comício!

26 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
DINARTE — Eu posso dizer que o agora é que estão pensando em equi-
meu Governo foi como eu disse há par, tantos anos depois. Levei o pri-
pouco: foi o último Governo, o resto meiro ginásio para o interior do Esta-
foi gerente. Então não se cria nada do. De maneira que acho que com re-
dentro de um sistema desses a não lação à cultura e à Educação ninguém
ser por idealismo. Eu criei a Universi- defendeu mais do que eu. Quando eu
dade sem recursos. 0 meu grande cheguei no Rio Grande do Norte,
auxiliar, o homem que me ajudou, foi Cascudo, a nossa glória da cultura do
Onofre, embora você saiba que a res-, Rio Grande do Norte, era funcioná-
ponsabilidade é sempre do Governa- rio burocrático do Tribunal de Con-
dor. Mas eu vivi a crise da nossa tas. Achei um insulto para a cultura
Universidade e tive colaborações in- do Rio Grande do Norte. E mandei
dividuais muito úteis. Os recursos uma mensagem criando um lugar que
eram tão limitados, que eu não pu- correspondia a desembargador. Todo
de incluir no orçamento as despesas mundo' perguntava para quem era
com a Universidade. Na época eu dis- aquele cargo e eu não dizia. Quando
se isso a Onofre e ele respondeu di- foi aprovada, mandei chamar Cascu-
zendo que eu não iria criar a Univer- do em Palácio. E disse que ele na
sidade. Eu respondi que, como tinha quinta-feira devia ir a Palácio para to-
maioria na Assembléia, toda vez que mar posse como consultor jurídico do
houvesse uma despesa, eu iria man- Estado. Ele disse: "Você está doido?
dar uma mensagem, porque se essa Dizem que eu me formei em Direito,
despesa constasse no orçamento o mas eu nem me lembro mais disso!"
povo me derrubaria. Eu crioi também Eu disse que só quem podia ser con-
o Instituto de Educação no interior sultado, para o que eu queria, era ele
que ainda hoje, depois de 20 anos, mesmo. Respondeu: "É mentira,
são os melhores em Caicó e em Mos- mas é gostosa". Depois tivemos o
soró. Criei ao lado do Instituto de nosso Teatro (o Alberto Maranhão)
Educação uma escola artesanal que que está aí. Com o idealismo de Mei-

Contra-ataquei, incitando ineus que aqui em Caicó eu nunca impus campanha, porque em muitos mu-
correligionários a fecharem as nada, quem manda é o povo, nicípios iria encontrar correligio-
apostas, ao mesmo tempo em que quem diz o que cu devo fazer é o nários meus disputando o mesmo
lhes pedia que, com o dinheiro que povo. Sempre foi assim e nesta ho- cargo por sublegendas diferen-
nelas ganhassem, ajudassem nas ra de evocações nao podia ser dife- tes".
despesas da campanha. rente". Sob intensos aplausos, E concluiu enfático: "Mas aqui
Dinarte veio. Chegou de avião quando se tornava quase incontro- em Caicó é diferente. Todas as
ao amanhecer do dia 28. Ainda no lável o delírio popular da massa noites estarei falando a vocês atra-
aeroporto nos informou que (eria que superlotava a praça, o Sena- vés das palavras de Chiquinho: ca-
de retornar às quinze horas, im- dor anunciou que tinha duas im- da palavra que ele disser será a re-
preterivelmente! Pânico geral. portantíssimas revelações a trans- produção fiel do meu próprio pen-
Apelos e pedidos. Todos ein um só mitir. Silêncio geral. samento nesta campanha".
refrão, aflitos: " S e o senhor nao — Carlindo — prosseguiu — na Havia realmente o acordo. Só
falar nesse comício perderemos as última visita que me fez no Rio de muito depois soube de seus deta-
eleições"! Ao meio-dia o Senador Janeiro, quando eu estava hospita- lhes.
decidiu ficar. lizado, comunicou-me já ter esco- Para mim foi ótimo. Na semana
No comício, um dos maiores já lhido Chiquinho para seu candida- seguinte ao comício recebi dezenas
realizados ein Caicó, o seu discur- to a Prefeito de Caicó, pois ele po- de ajudas em dinheiro para a cam-
so foi esplendoroso. Depois de fa- deria não ser o melhor candidato, panha, contribuições valiosíssimas
zer uma bela saudação a Caicó e mas certamente seria o melhor para custeio das despesas do dia da
seu povo, rememorando fatos de Prefeito. eleição, provenientes dos amigos
sua própria vida pública e agrade- Terminados os aplausos, a que ganharam apostas! Desconhe-
cendo a Deus a honra com que o segunda revelação: ço na longa e agitada vida política
povo o tinha distinguido, elegen- — Procurei o Governador Wal- de Caicó comício que tenha provo-
do-o sucessivamente para ocupar fredo Gurgel e com ele conversei cado maior repercussão. E o pró-
os mais elevados cargos, passou à longamente sobre o crime que prio Senador Dinarte Mariz, que
apologia do candidato a Prefeito, manchou de sangue a nossa terra. há mais de 54 anos vive em plena
de Milton Marinho, também pre- O Governador relatou-me todas as campanha política jamais terá par-
sente, e de Carlindo Dantas, a providências já tomadas para a ticipado de comício de resultados
grande saudade. I)eteve-se longa- elucidação dos fatos e prisão dos tão consideráveis. O Comício da
mente em considerações a respeito criminosos. Saudade ganhou a eleição.
de centenas de pedidos e apelos Não tocou no acordo, mas elo-
que recebera para comparecer ao giou o comportamento isento do FRANCISCO DE ASSIS
comício: " E u estaria sendo pro- Governador a respeito da sangren- MEDEIROS
fundamente desleal se nao tivesse ta ocorrência. Afinal, justificou:
comparecido a este comício, por- "Resolvi não participar da atual EX-PREFEITO DE CAICÓ

27rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
DINARTE — Eu peço desculpas a
vocês se o depoimento não foi com-
"Sou o político que menos pleto, porque é impossível resumir 54
anos de vida pública num depoi-
cuidou da própria vida" mento. E também porque a memória
nem sempre ajuda determinadas coi-
ra Pires, garanti que ia recompor e disposto, não apresentando sas. Mas acho que falamos, do essen-
levantar o prédio. Ele fez muifas exi- nenhum sintoma de cansa- cial, de tudo um pouco.
gências. Mas eu disse que nã? podia ço ou de impaciência. Ain- ( 0 Senador, ao ser solici-
ser como ele queria. Chamei um en- tado para que fornecesse
genheiro da Prefeitura (que por sinal alguns documentos e fotos
eu havia até demitido e voltara com históricas, ainda fez essa
mandado de segurança — Francisco revelação):
Cisneyros) e disse que fizesse tudo. DINARTE — Eu sou o político do
Mas o Teatro deve tudo a Meira e to- Brasil que menos cuidou da sua vida
da homenagem deve ser prestada a pública. Tudo o que fiz, eu fiz natu-
ele. Queria muita coisa. Depois que- ralmente, sem pensar em nada. Fui
ria um processo lá que só tinha em realizando o que achava ser meu de-
São Paulo, um jogo de luzes que eu ver fazer. Não tenho nenhum docu-
não me lembro. Ele foi a São Paulo e mento arquivado. Agora mesmo es-
trouxe um que só tinha mesmo em tou dando um depoimento no Senado,
três lugares do Brasil. Eram apare- sobre a situação no Brasil de 1930. pa-
lhos modernos. Tudo o que ele quis ra cá, e nossos jornalistas já têm
fazer pelo Teatro, eu fiz; devagar, (80 páginas. Eu estou depondo tam-
mas fiz. Até que completei o Teatro. bém na Fundação Getúlio Vargas.
Eu acho que ninguém defendeu mais Quando veio 30, eu tinha telegrama
a cultura do Rio Grande do Norte do de José Américo, de Juares em piena
que eu. Revolução. Casualmente eu tenho um
(Depois de um depoi- folheto de quando tinha me retirado
mento de três horas, com de Caicó e mostra coisas como revolu-
três fitas gravadas, o Sena- cionário — folheto que me foi man-
dor Dinarte Mariz ainda es- da completou, com as se- dado por um parente do Paraná, que
tava perfeitamente calmo e guintes palavras): eu mandei reeditar. Mas foi só de

UMA VIDA DE CRIAÇÃO


No dia 23 de agosto todo o Rio Grande do Norte presta homenagem
ao Senador Dinarte Mariz. Seus oitenta anos representam uma sedimentação
de serviços prestados à causa phblica. A Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, cuja criação está definitivamente ligada a história de vida do decano
do Senado da Repüblica, associa-se ao contentamento dos amigos do Senador

28 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
uma época. Quando eu voltei, passei
quase um ano fora do Estado. Pren-
deram todo mundo por aqui e eu não
m è deixei prender. Fui pelo interior
da Paraíba, do Ceará. No Recife, en-
contrei Chiquito Veras, que tinha si-
do meu companheiro em 30. E ele me
mandou chamar, porque naquela
tempo havia idealismo. Sabia que eu
estava do outro lado. E acabei con-
seguindo que ele me desse um salvo-
conduto com o nome trocado. Nunca
tinha ido no Rio. Quando cheguei lá,
acabei viajando num avião de quatro
lugares. Lá, eu fiz relacionamento,
quase que vou para São Paulo; Zé
Augusto me levou para um coronel e
nós erramos o local do desembar-
que... Minha vida foi sempre cheia
de coisas. Aqui, naquele negócio, fui
preso; fui preso em Recife quando
cheguei, com o Chiquito. Deixei tudo
em casa, um mundo de documentos
da Revolução. Quando eu cheguei,
sabe o que minha mulher e minha
mãe fizeram: pegaram uma lata de
querosene, botaram aqueles papéis
todos, cavaram um buraco no muro e
enterraram. Quando eu cheguei es-
tava tudo amarelo e ninguém lia mais
nada. •

As lembranças tf o 2 . 0 Reitor
0 primeiro Reitor da UFRN, Universidade, ponderou inicial- e disse: "Onofre, você tome con-
Onofre Lopes, rememorou para mente que uma Universidade era ta disto. Veja tudo quanto é neces-
RN/ECONÔMICO a participação um instituto muito dispendioso e sário". Então eu disse: "É preci-
do então Governador Dinarte Ma- como é que o Estado iria manter so primeiro fazei1 a mensagem à
riz na fundação da Universidade, uma Universidade? O que se pode- Assembléia Legislativa, acompa-
salientando que sua presença para ria fazer? Ao que eu tive que res- nhada de projeto-de-lei, o que na- a
a concretização do evento foi «de- ponder com uma cara de constran- turalmente será da alçada do Palá-
cisiva», para em seguida destacar gimento e de desesperança. Mas cio". E então ele determinou que
que, enquanto instituição foi do imediatamente ele emendou: eu entrasse em entendimento com
"Mas isso não quer dizer que não o Chefe de Gabinete, o Dr. Moacir
âmbito estadual, dele recebeu to-
vá se fazer a Universidade. Vamos Duarte, e então os entendimentos
do apoio e incentivo. Abaixo, o de-
fazer a Universidade. Vamos tra- foram mantidos, foram feitos, per-
poimento:
balhar juntos, vamos fazer o esfor- manentemente, até que, logo, se-
"A importância da participação ço máximo, para que a Universida- guiu para a Assembléia Legislati-
de Dinarte Mariz na fundação da de se faça. Agora", disse ele, "o va o projeto-de-lei, sancionado dia
UFRN consiste no fato de que, ao que nós devemos pensar é em fa- 25 de junho de 1958".
tempo, ele era Governador do Es- zer a Universidade Estadual, mas "A presença do Governador foi
tado. E a Universidade, para que vocês, da Universidade, vão fazer decisiva. Foi tudo. Porque a res-
s e instalasse, era mais fácil fazer- um trabalho muito intenso, para ponsabilidade era dele. Ele foi
mos aqui entre nós. Fazermos no federalizá-la, porque a Universida- quem autorizou. Ele foi quem viu a
Estado, para posteriormente tra- de, aqui no Estado, só poderá ter extensão da responsabilidade de
tar-se da federalização, como efe- uma marcha muito lenta, muito uma Universidade, ponderou, en-
tivamente se fez, mediante um tra- vagarosa e só a Universidade no tretanto, era apenas uma pondera-
balho muito árduo, muito persis- âmbito federal podem crescer, po- ção, sem fugir aos obstáculos, sem
tene e pertinaz. Mas, o Senador derá chegar aos seus destinos". fugir às dificuldades. E ele, efeti-
Dinarte Mariz, logo quando por "Então, aí, tomamos, os que vamente, enquanto a Universida-
nós procurado, ao tempo que era formavam a comissão que fora fa- de foi estadual, deu todo o apoio,
Governador, repito, e exposto a lar com o Governador, tomamos fez tudo o quanto era possível, foi
ele o motivo da visita, bem como o novo alento. E então o Governador uma presença decisiva nos primei-
que precisávamos para fazer a dirige-se pessoalmente para mim ros passos da Universidade.

29rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
Marcos históricos de
uma vida política sempre 04-cA

repleta _. —-

de acontecimentos
jCM
'Vv-crVX''

importantes
JU. k

CO-fco,

Xy-LtK^
c ^ , .3-
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JL C*

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^e-wí •

Na foto, campanha política de Juarez Távora I ('.nico. julho de 1955).

nswKJipilA-DEPARTAlMENTO DUb CORREIOS E TELEGRAPHOS


Procedente -fyo^fr-Ò JvAWb Pü. V o .Dala.^%).. Z/oro.

8 v g j * |l At.

^Nr-j.-t,

tt^v^ -ri.^JU-

£
Vtr*?-

Telegrama para inauguração do açude de l'ans. Comício em Caicô em 1949

30 RN/ECONÔMICO — Agosto/83

Ma i
cjLo..
fi/^i fí.o .Jjío^te,

. - (. 4-X X C^Lolxj <Á-a VWA. . oí-IL,


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Th oí-o •4x*JLck*& c»^» . Ler», d J K«, J


CU JAíUA«. . IJl-cLfi^a. - U-lÍLO L | AT« O » A ata de

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1
W
^ JiL c, fundação do
O• . .sb+tCytl+Xa —JL- . Partido
•mXwJÍ^L - ( Popular, em
- - — ~ ~
/ 9,13, com seus
princípios
~ - ci ÍX -^tMrt rt fffl«-> - c í t C-W«*- jLaA básicos e as
j 1 ^ cx— to-oLo-a u^M^A-.x^v^ c/eA^ assinaturas dos
fundadores. Ao
^^d-a-oL». oLa ÍÍJía}. JLI/\-<SU>- -ÍJ-A. J(cr-tr-C^ lado. Dinarte,
Ví f t h , ' .h
com 2() anos.

o. JLv^Lí, •til.i M l - v l v ÍA- \ l.C^ f* x


^ > JX-O-v . jX^J&fxrJü^o iiá*. AxXO-C^LHJ caxo yvu^
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31rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
fttEOlÄU-DEPARTAMENTO D^OS C O R R E I O S E TELEGRAP
tnoêdmu d$ , k q • ,/ -t i)a<a

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Weitemr t oilegraph Company, Limned
$fatal Stotel FILIADA A
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ilX «MoôriL EMTREOADO: .
B L L L U A 081
.. A. tolgtriflc« n*» «coltom wpon—blldod» algum» por motivo do —rvtço d» uJ«yr.fi. (Çor.vnçto T«l.gf
efe £/aneirot TAN1230/NÍ1213 R I ODE J A N E I RO 1 9 4 / 1 9 2 1 1515 f
CTN DEPUTADO MONSENHOR J O Ã O DA MATHA PAIVA
•jdWM
^ AEREA / k a c PARA BANCADA COLIGACAO D E M O C R A T I CA ASSEMBLE'
ESTADUAL MA TAL NORTE

ACUSO 0 TELEGRAMA HONTEM R E C E B I D O NO OUAL


DRESADOS COMPANHEIROS ME C O M U N I C A V A M DEL l-B E f'
TOMADA MINHA REVELIA SUFRAGANDO MEU NOME VIC'
/X. A^laj^U+UÄ* NADORIA E S T A D O P T DEVO S A L I E N T A R QUANTO SOÚ 1

^C^U^s CXUL^ZÕLC^UXCZÇ A , TAO EXPONTANEA HOMENAGEM QUE A' RECEBO AINDA


MAIS AGRADO POR S E N T I R M O S QUE S I M B O L I S A A UN1
j / ^ j/^JU^O
DOS NOSSOS PENSAMENTOS NO P R 0 S E G U I MENTO DE U1
1
JORNADA QUE INICIAMOS PELA REDEMOCRATISACÃO
NOSSA PATRIA PT ACOMPANHEI COM MAIS VIVO lNTÍ
ESFORÇO DESPENDIDO PELOS PRESADOS A M I G O S NO »
DE DAREM A MOSSA TERRA UMA C O N S T I T U I CAO DENT'
Ç.SP I R I TO D E M O C R Á T I C O SEM O L V I D A R OS GRAVES P!

SÓCIAES QUE IESTA HORA' D E S A F I A O BOM SENSO P<-


PATRIOTAS PT S E ' " « ENXERTO NAS DISPOSICOES
T ( A N S I T O R I AS VEIU DEFORMAR O S E N T I D O DEMOCRA 1
DA C O N S T I T U I CAO V O T A D A SERVIU APENAS PARA REÍ
AINDA MAIS O BRILHANTISMO E A FIDELIDADE COtí
BANCADA DA COLIGACAO SOUBE D E F E N D E R OS IDEAES
DEMOCRATI CO® E OS COMPROM ISSOS" QUE ASSUMIMOS
PCVO, NOS Sil AS M E M O R Á V E I S DA CAMPANHA PT TALVE
GRANDE AMOR QUE V O T j A NOSSA TERRA SONHO AlH®
MAIS PROSPERA E MA I S F E L I Z PT UM A B R A Ç O MU I T l |
CORDEAL P A R A TODOS E EM CADA UM • D I N A R T E M*1*
Cduuuum., TCLX MZZ SADK D i . COMPANHIA: Horn", V i m x u b a u u m , U n w , T . C l / J.

32 RN/ECONÔMICO — Agosto/83

ÜIM-ÈÈ
Ao lado, foto de Dinarte e D.
Diva, em 1949. Os
"fac-símiles" de telegramas
em ocasiões diversas da sua
vida política e a capa de
alguns dos trabalhos
produzidos pelo Senador ao
longo da sua vida pública,
i/i' abordando assuntos de
interesse do trabalhador
nordestino e do
desenvolvimento da Região.

Senador DINARTE MÁ^fz

'i
t f

IlisSlfite JOSE n m E R i c o DE n i m E i o n
PERFIL DE UM ESTADISTA
M
ií HmIM
í MIMI

SENADOR DINARTE MARI2

ffcSSE
fNTlDO

Keuas

EM DEFESA DO SALÁRIO MlNIMO

A UNNERSID4DE
DO TRABALHADOR NORDESTINO
dHH n»« SatÔM d* 14 3 6.

QUE EU CRIEI
22 3 76 • 26 4 76

BRASÍLIA 1970
CAIC0-19?9

33rtN/ECONÔMICO- Agosto/83
José Olímpio: é o
maior líder político do RN
Velho amigo do Senador Dinar- Norte, ele saia Senador, pelo voto mente de contentamento, pela pas-
te Mariz, o tabelião José Olímpio direto do povo. Então, essa mani- sagem da data.
do Nascimento, do Segundo Ofí- festação que ele recebeu agora, "É o que eu posso dizer a res-
cio de Notas, também foi chama- nos seus 80 anos, quem foi ao Cai- peito do Senador Dinarte Mariz.
do a manifestar-se a respeito de có, poderá dizer o que realmente é Vejo-o, atualmente, muito mais
sua participação na vida pública o Senador Dinarte Mariz. Porque, forte, talvez do que quando come-
do Estado, quando ressaltou a pre- lá, não se encontravam somente çou. Quer dizer: muito mais presti-
sença do Senador como a maior li- representações politicas do Seridó. giado do que antes. Porque, hoje,
derança do Rio Grande do Norte. Nenhum munitipio do Rio Grande o que eu vejo em relação a Dinarte
Eis o depoimento: do Norte deixou de se representar é realmente isso: todos o procu-
naquela manifestação toda espon- rando. E ele com o prestígio, nin-
"Dinarte é o maior líder político tânea, sem nenhum caráter políti- guém pode negar, dentre todos,
do Rio Grande do Norte. E isso ele co. Foi uma manifestação de reco- sem querer com isso diminuir o
tem provado em todas as campa- nhecimento do povo. prestígio de nenhum dos parla-
nhas políticas de que tem partici- "Você via e observava no meio mentares na Área federal, mas den-
pado, haja visto a eleição dele pará da multidão as pessoas os mais hu- tre todos eles, ele tem o maior
Senador, quando se encontrava mildes possíveis. Na missa, então, prestígio na Área federal, para com
contra ele, naquela época, o Go- foi um espet&culo bonito, porque as mais altas autoridades, como o
verno do Monsenhor Walfredo. E lá se encontravam pessoas de toda Presidente da República. E o res-
quando se dizia que ele não tinha idade. Velhinhas comungando e peito que todos têm por ele no Se-
mais a mínima condição de dispu- exaltando a pessoa de Dinarte. nado da República, esse, eu acho
tar coisa alguma no Rio Grande do Outras, até chorando, natural- que o Brasil sabe".

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34 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
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4 portas é um lugar elegante 4 portas vem com um sistema veita essa tranqüilidade para
que leva você aos lugares mais especial de travas nas portas apreciar o conforto,
elegantes, com a maior traseiras. Uma vez acionado, os revestimentos luxuosos das
elegância. O Voyage 4 portas nem mesmo as crianças mais portas e dos bancos.
foi projetado de modo desobedientes vão conseguir Mas nem tudo é novidade
a permitir uma abertura das que as portas traseiras sejam no Voyage 4 portas:
portas traseiras, superior a abertas por dentro. o desempenho, a economia de
qualquer modelo de sua combustível, a eficiência
categoria. Isso quer dizer que aerodinâmica e outras carac-
agora o universo seguro, terísticas que consagraram o
silencioso e aconchegante do Voyage, continuam iguais,
Voyage ficou ainda mais Porque o melhor deste
aberto para você. Sem 4 portas é justamente isso:
prejudicar em um centímetro ele é um Voyage. Venha ao seu
o espaço interno da parte Concessionário Volkswagen
dianteira. conhecer o novo Voyage
Mas a grande preocupação 4 portas e aproveite as facili-
da Volkswagen foi com dades de pagamento.

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MELHORIA DA VIDA DOS
RURALISTAS É PROPOSTA
DA COSERN PARA O RN
Dentro de mais um ano, os po- Partindo dessa realidade, a CO- GEER — órgão do Ministério da
voados e vilas potiguares poderão SERN iniciou um trabalho de pla- Agricultura. Esse Plano objetiva o
ser totalmente eletrificados, o que nejamento que culminará no aten- atendimento de pequenas proprie-
significa a melhoria das condições dimento a 326 povoados, que es- dades rurais.
de vida dos ruralistas e a possibili- tão divididas nas dez micro-regiões Até o final deste ano, o GEER
dade de sua fixação à terra, uma da seguinte forma: Borborema Po- prevê a eletrificação de 13 sistemas
vez que a irrigação das plantações tiguar — 15 povoados; Salineira eletro-rurais, o que engloba 13
será facilitada com a existência de Potiguar — 47; Açu e Apodi — municípios com uma extensão de
energia elétrica nas regiões mais 30; Sertão de Angicos — 8; Região 136 quilômetros de rede elétrica,
distantes do Estado. Serrana — 60; Seridó — 22; Lito- perfazendo um total de 347 pro-
A Companhia de Serviços Elé- ral de São Bento do Norte — 21; priedades eletrificadas.
tricos do Rio Grande do Norte — Agreste Potiguar — 45; Nata! — Esse programa, denominado II
COSERN, responsável pela execu- 54 e Serra Verde — 27 povoados. PNER, já se concentra em fase de
ção da proposta de eletrificação, Esses números se somarão às 5 execução. OIII PNER está, ainda,
estima que o trabalho abrangerá mil- e 636 propriedades rurais já em planejamento, porém existem
15 mil e 900 residências, num total eletrificadas, num total de 2 mil e propostas — dentro do Plano —
de326 povoados. Isso corresponde 500 quilômetros de rede elétrica. de criação de mais 38 sistemas ele-
a mais da metade dos povoados es- Com a execução da proposta da tro-rurais para o biênio 83/84. Es-
palhados pelas dez micro-regiões COSERN, serão 553 povoados ele- sas propostas, em estudo no
norte-riograndenses. trificados, com 3 mil e 610 quilô- GEER, consolidarão a eletrifica-
metros de redes elétricas em todo o ção rural no Estado.
PROPOSTA .— O Governo do Estado. Em termos de objetivos tangí-
Estado, através da COSERN, já veis, a eletrificação rural represen-
está elaborando o plano de eletrifi- SISTEMAS ELETRO-RURAIS ta um componente de grande im-
cação. A proposta, no momento, — Uma outra proposta da CO- portância na economia estadual,
está submetida a diversos órgãos SERN diz respeito ao Plano Na- porque simboliza a substituição do
com vistas à viabilização e capta- cional de Eletrificação Rural — petróleo no campo por energia elé-
ção de recursos. Estes provavel- PNER, que está sendo concretiza- trica. Associa, também, a eletrifi-
mente atingirão o montante de Cr$ do pelo Grupo Executivo de Eletri- cação à irrigação num trabalho
6 bilhões. ficação Rural de Cooperativas — vinculado às cooperativas.
O custo é proporcional à exten-
são do trabalho que, uma vez
aprovado, propiciará a instalação
de 1 mil e 110 quilômetros de rede
elétrica. Atualmente, já estão sen-
do elaborados projetos para todos
os povoados mais próximos às re-
des e, quanto aos mais afastados,
a execução está na dependência da
definição da proposta.

MICRO-REGIÕES — Existem,
hoje, 227 povoados já eletrificados
no Rio Grande do Norte. Mesmo
assim, o IBGE — Fundação Insti-
tuto de Geografia e Estatística —
demonstra que há 136.341 prédios
não eletrificados, ainda que a rede
elétrica se situe muito próxima,
por vezes defronte a essas casas. Subestação de Caicó vai alimentar povoados no município

Energia para todos em toda parte


36 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
RELAÇÃO DAS VILAS, POVOADOS E
A G L O M E R A D O S A ELETRIFICAR BALANÇO ENERGÉTICO
MICRORREGIÃO NATAL
1. Energia — kWh
POVOADOS MUNICÍPIOS
Energia recebida 68.232.202
Baldum Arès CHESF 65.241.622
Estivas Arès SAELPA 2.990.580
Papeba Arês - Energia fornecida
Arès 622:800
Urucarà
Pltuba Bala Formosa SAELPA 6221800
Sagl Bafa Formosa = Energia dlsponlvAi 67.609.402
Campo Canguaretama - Venda de Energia 63.183.290
Catú de Baixo Canguaretama = Perdas d o Sistema 4.426.112
Jiqul Canguaretama
Maxixi Canguaretama 2. Demanda Máxima - kWh/h
Lagoa Grande Ceará-Mirlm
Rio dos índios de Cima Ceará-MIrim Ponta recebida 157.445
Rio dos Índios de BaixoCearô-Mirim CHESF 149.691
Retiro Espirito Santo
Espirito Santo SAELPA 7.754
Sitio Taboca
Extremoz - Ponta fornecida 1.992
Imblrlbeira
Curral de Baixo Extremoz = Ponta do SIstAma 155.453
São Miguel Extremoz
Vila de Fátima Extremoz
Slm&o Extremoz
Barrocas Golanlnha
Carnaúba Golanlnha
Guariba Golanlnha
Itaperubú de Cima Goianinha
Juazeiro Golanlnha
Lagoa do Poço Goininha
Sapucaia Goianinha
Mata Verde Macalba
Capoeiras Macalba
Riacho do Sangue Macalba
Tábua Maxaranguape
Zumbi Maxaranguape
Barra de Tabatinga Nisla Floresta
Cachoeira Nisia Floresta
Tlmbô Nlsia Floresta
Casaca Pedro Velho
Morena Pedro Velho
Poço Pedro Velho
Reta Pedro Velho
Recreio Pedro Velho
Tamatanduba Pedro Velho
Tlmbó Pedro Velho
Jacaraú São Gonçalo do
Amarante
Massaranduba São Gonçalo do
Amarante
Oiteiros S&o Gonçalo do
Amarante
Alto do Moreno S&o Gonçalo do
Amarante
Belo Horizonte São Gonçalo do
Amarante
Campinas São Gonçalo do
Amarante
Jacaré-Mi rim São Gonçalo do
Amarante
Lagoa da Onça São Gonçalo do
Amarante
Olho D'Água do Chapéu São Gonçalo do
Amarante
Barra de Sibauna São José de Miplbú
Manibu São José de Miplbú
Vila Flor Chegada de linha em Laginhas (Caicó)
Catú da Estrada

Energia para todos em toda parte


IK|, EC0NÔMIC0 — Agosto/83 37
"Dessa forma, a utilização da
energia rural aumenta a produção RELAÇÃO DAS VILAS, POVOADOS E
AGLOMERADOS A ELETRIFICAR
e a produtividade agrícola, pro-
porcionando uma iacrementação MICRORREGlAO LITORAL DE
SÃO BENTO DO NORTE
de mão-de-obra e, consequente-
POVOADOS MUNICÍPIOS
mente, a melhoria do nível de vida
da população do campo", decla- Galos Gallnhos
Alto da Aroeira Pedra Grande
rou Francisco de Assis Medeiros, Barreiros Pedra Grande
Presidente da COSERN. Canã Pedra Grande
Canto de Baixo Pedra Grande
(Exú Queimado)
MERCADO DE ENERGIA Farias Pedra Grande
ELÉTRICA — O Estado do Rio Lajedo Grande Pedra Grande
Grande do Norte vem requerendo Quixabelrlnha Pedra Grande
Varela Pedra Grande
nos últimos anos blocos de carga Terra Santa S&o Bento do Norte
de energia elétrica que apontam Sfto Francisco S&o Bento do Norte
um crescimento de mercado supe- Baixinha dos Franças Touros
Baixinha dos Vieiras Touros
rior à taxa de crescimento do Nor- Baixio Touros
deste. Boqueirão Touros
Os fatores relevantes desse com- Carnaubinha Touros
Lagoa de Serra Verde Touros
portamento foram a implantação (Juá)
de um grande número de conjun- Morro de Cima Touros •> «8 . ,
tos residenciais, programa de ele- Reduto Touros
Tábua do Reduto Touros
trificação ruraícom atendimentos Umburana Touros
a propriedades rurais e povoados,
lojas de departamentos além das Povoado de Laginhas, recentemente eletrific
expansões das redes de distribui-
ção nas áreas urbanas. supridos com energia elétrica no ria ao preço unitário de Cr$ 285,00
Atualmente a Companhia de Estado, dos quais 95.439 (70%), perfazendo um custo mensal de
Serviços Elétricos do Rio Grande pertencentes a famílias de baixo Cr$ 1.425,00, enquanto que sendo
do Norte — COSERN atende no poder aquisitivo. consumidor de energia elétrica terá
Estado cerca de 272-406 consumi- um custo de Cr$ 405,00, corres-
Nessas residências a iluminação pondente à taxa mínima do servi-
dores, além de 7 Cooperativas de
é precária, sendo utilizado por ço, que corresponde a 30 kwh
Eletrificação Rural e fornece ener-
seus proprietários o querosene, o mensal.
gia a SAELPA para distribuição
carboreto e a vela, em percentuais
em 3 cidades do Estado da Paraíba Do mercado em potencial para
de 97,33, 2,44 e 0,19 respectiva-
(QUADRO I). consumidores passíveis de enqua-
mente.
dramento como consumidores de
PERSPECTIVAS DE MERCA- A substituição desses iluminan- baixa renda, cerca de 95.439 con-
DO — Em recente levantamento tes por energia elétrica é bastante sumidores estão diante das redes
elaborado pelo IBGE (IX Recen- viável, tendo em vista que cada fa- de distribuição existentes, necessi-
seamento Geral do Brasil) consta- mília de baixa renda tem um con- tando para consagrar o atendi-
tou-se que existem cerca de sumo médio mensal de 05 litros de mento apenas a construção das
136.341 prédios residenciais não querosene, comprado em mercea- instalações elétricas internas dos

Consumo (kWh) e Número de Consumidores Mês: junho/83 QUADRO I


NATAL INTERIOR TOTAL
CLASSE DE CONSUMO N.° CONS kWh N.° CONS
kWh N.° CONS kWh

1. Residencial 8.798.347 91.889 8.566.273 148.536 17.364.620 240.425


1.1-V—30 kWh. 441.961 23.120 1.816.521 78.449 2.258.482 101.569
1.2-V30kWh _ 8.356.386 68.769 6.749.752 70.087 15.106.138 138.856

2. Industrial 5.015.183 695 14.901.325 1.207 19.916.508 1.902


3. Com. Serv. Out. Atividades. 6.187.560 8.618 3.384.110 14.290 9.571.670 22.908
4. Rural 53.233 60 2.603.627 2.596 2.656.860 2.656
5. Poderes Públicos _ 2.493.178 672 1.581.339 3.305 4.074.517 3.977
6. Iluminação Públlca- 1.974.000 01 3.257.230 150 5.231.230 151
7. Serviços Públicos— 1.919.286 37 2.294.694 220 4.213.980 257
8. Consumo Próprio— 112.896 21 41.009 109 153.905 130
TOTAL 26.553.683 101.993 36.629.607 170.413 63.183.290 272.406

Energia para todos em toda parte


38 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
RELAÇÃO DAS VILAS, POVOADQS E
prédios dos consumidores, e a co- AGLOMERADOS A ELETRIFICAR
nexão à rede existente. RELAÇÃO DAS VILAS, POVOADOS E
MICRORREGIÄO SERRANA
Pensando em atender esse mer- NORTE-RIO-GRANDENSE AGLOMERADOS A ELETRIFICAR
POVOADOS MUNICÍPIOS
cado, a ELETROBRÁS criou em MICRORREGIÄO SALINEIRA POTIGUAR
1972 o Fundo Nacional de Liga- Sitio Agua Nova Agua Nova
Sitio Serra das Almas Agua Nova POVOADOS MUNICÍPIOS
ções (FNL) com recursos oriundos Sitio Carapuço Agua Nova
de um diferencial de juros de um Urlck Graff Alexandria Arraial Areia Branca
empréstimo do Banco Interameri-
(Baixa Verde) Baixa Grande Areia Branca
Pintada Antônio Martins
Serrinha do Major
Benfica Areia Branca
cano de Desenvolvimento. Antônio Martins
Bo&gua Antônio Martins Cristóvão Areia Branca
A partir desse ano foi criado o Poço de Varas Cel. João Pessoa Entrada Areia Branca
Programa de Popularização de Sitio Quintos Cel. João Pessoa Freire Areia Branca
Tranqula Cel. Joáo Pessoa JoSo Marinho Areia Branca
Energia — PROPE, conhecido co- Serra São José Cel. João Pessoa
Sitio Pescaria Cel. João Pessoa
Morro Pintado Areia Branca
mo Pau Amarelo que já beneficiou Sitio Coité Cel João Pessoa Ponta do Mel Areia Branca
milhares de famílias 'brasileiras, Lagoa de Dentro Dr. Severlano Redonda Areia Branca
Jardim Dr. Severlano Serra Vermelha Areia Branca
trazendo mais conforto para os Sitio Valentim Encanto Vila Rural Ceará Areia Branca
Várzea Nova Encanto
consumidores e economia para o Aroeira Francisco Dantas
Vila Rural Paraíba Areia Branca
País, com a redução da queima do Engenho Francisco Dantas Vila Rural Maranhão Areia Branca
Jacu Francisco Dantas Vila Rural Plaul Areia Branca
quero. ene. Vila Menino Jesus Francisco Dantas Vila Rural Pará Areia Branca
Candela Frutuoso Gomes Vila Rural Amazonas
No Rio Grande do Norte cerca
Compasso
Areia Branca
Frutuoso Gomes
de 52.911 famílias carentes já rece- Logradouro Frutuoso Gomes
Vila Rural Acre Areia Branca
Mamoeiro Frutuoso Gomes Barrelrlnho Baraúnas
beram o benefício da energia do Pé de Serra Frutuoso Gomes Baixa Verde Baraúnas
Pau A mareio, o que corresponde a Bico da Arara Joáo Dias Mata Burro Baraúnas
Boa Vista João Dias Moinho Novo
21,78% do nosso mercado enqua- Cajueiro João Dias
Baraúnas
Figueiredo de Baixo João Dias
Vertente Baraúnas
drado na classe residencial. Vila Rural Paraná Carnaubais
Figueiredo de Cima Joáo Dias
Diante da escassez de recursos Frade João Dias Logradouro Carnaubals
com que se depara as concessioná- Goiabeira J o i o Dias AlemAo Carnaubais
Peito Su|o Jo&o Dias Areias Alvas
rias de energia elétrica só teremos Rosário João Dias
Grossos
Saco do Frade J o i o Dias
Barra Grossos
condições financeiras de atingir- Várzea Grande Lucrécia Córrego Grossos
mos 10.000 novas ligações/ano, o Ana Henrique Marcelino Vieira Gangorra Grossos
Boa Blsta (Sâo Pedro) Marcelo Vieira Pernambuqulnho Grossos
que representa um investimento da Pilões Marcelino Vieira
Chapéu Martins
Bela Vista Macau
ordem de Cr$ 200.000.000,00 a Estaleiro Martins Ilha de Santana Macau
preços de hoje. Rancho do Povo Martins Salinópolls Macau
Visando dotar o Estado do Rio Serrinha do Canto Martins Mangue Seco Macau
Serra Nova Martins Sflo José
Cajueiro
Macau
Patú
Grande do Norte de infra-estrutu-
Gameleira Patú
Quixabas Macau
ra no setor elétrico e conquistar o Joáo Pereira Patú Chico Martins Macau
enorme mercado em ,potencial Timbaúba Patú Bom Jesus Mossoró
Acampamento Novo Riacho da Cruz Jucurl Mos8orô
existente no Estado, a COSERN Barros Riacho de Santana Rlachuelo Mossoró
Catolezlnho Riacho de Santana
vem realizando o seu planejamen- Bispado Rodolfo Fernandes
Santo António Mossoró
to consolidado em planos quin- Espinheiro Rodolfo Fernandes Campestre Mossoró
Vila Nova São Francisco do Oeste Boa Vista Pendências
quenais, já tendo assegurado re- Bonito São Miguel Monsenhor Honório Pendências
Capela Cachoeira São Miguel Pedrinhas
cursos através do Banco Mundial Cachoeira
Pendências
São Miguel
(BIRD) da ordem de Cr$ 16,4 mi- Bairro Lalin Umarlzal
Porto do Carfio Pendências
lhões para ampliação dos progra-
mas de linhas de transmissão 69
kV, subestações abaixadoras, re-
des de distribuição e treinamento
de recursos humanos, para aplica-
ção nos próximos três anos.
No momento, uma das metas da
Diretoria da Empresa, é a constru-
ção e reforço das linhas de trans-
missão, e a construção e amplia-
ções das subestações, para absor-
ver nos próximos anos as deman-
das que serão requeridas pela PE-
TROBRÁS na prospecção do pe-
tróleo, e as destinadas à eletrifica-
ção rural, principalmente para uso
em irrigação dos vales úmidos, pe-
rímetros irrigados ou irrigáveis e •HhMH
chapadas. Fazenda no município de Caicó

Energia para todos em toda parte


39rtN/ECONÔMICO- Agosto/83
Delegacia do Trabalho: muitas questões.. ... e muita gente para reclamar

LEGISLAÇAO
mesmo por iniciativa pessoal e em al-
guns casos vindo à DRT, conhecer os
" detalhes controversos da Lei para

Muitas questões acotovelam


melhor defender seus direitos quan-
do os vê desrespeitados pelo seu pa-
trão.

pauta de trabalho na DRT Conforme explica Elacir, 'a DRT


não aceita apenas denúncias escritas.
As denúncias- verbais também têm
Excesso de jornada de trabalho, fator de coibição de intrações por par- caráter legal, haja vista que um em-
irregularidades nas anotações da te dos empregadores. pregado de determinada firma pode
Carteira de Trabalho, concessão par- "De fato", explica Elacir, "quan- temer denunciar por escrito uma irre-
cial do direito de férias e pagamento do as multas eram calculadas com ba- gularidade ocorrida na empresa on-
irregular de salários. Estas são as se em 1 Valor de Referência, isto é, de trabalha com receio de se compro-
principais reclamações levadas dia- cerca de Cr$ 12 mil, era frequente meter. Assim, basta notificar verbal-
riamente à Delegacia Regional do que os empregadores negligencias- mente à DRT sua queixa para que o
Trabalho pelos trabalhadores que se sem com seus deveres trabalhistas, fiscal do órgão vá verificar sua proce-
sentem lesados em seus direitos le- pois ficavam sujeitos a sanções eco- dência. No caso das pequenas em-
gais. A informação é do bacharel Ela- nomicamente insignificantes. Com a presas — empresas de até 10 empre-
cir Freitas da Rocha, delegado do decuplicação do valor da multa, de gados — o fiscal da DRT faz a notifi-
Trabalho em exercício, há pouco mais 1 VR (Valor de Referência) para cação da irregularidade, dando um
de três meses, mas com uma larga 10 VR, passando para 100 VR na rein- prazo determinado para reparação da
experiência de oito anos naquele ór- cidência, o empregador passou a se infração. No caso de médias e gran-
gão fiscalizador. precaver melhor, e observar com des empresas — cujo quadro de fun-
De acordo com Elacir Freitas, o vo- mais atenção suas obrigações para cionários exceda 10 pessoas — a em-
lume de reclamações trabalhistas que com a legislação do trabalho, pois na presa é autuada por ocasião da com-
primeira infração estará sujeito a provação da denúncia. Nota porém
chegam regularmente à DRT surpre-
uma penalidade de Cr$ 120 njil, que Elacir, que a maior cota de irregula-
ende pela sua insignificância. "Deve-
em caso de se repetir, pulará para ridades se verifica justamente nas
ria ser até maior", destaca, em vista
Cr$ 1.200.000,00. micro-empresas, já que as empresas
das dificuldades económicas do País, maiores são em geral mais bem es-
que naturalmente provocam uma truturadas e portanto ficam menos
maior rotatividade de mão-de-obra e, CONSCIENTIZAÇÃO — Outro as
sujeitas a cometer erros nessa área.
consequentemente, maior margem pecto que vem contribuindo para a
de conflito nas relações entre empre- redução de infrações na área traba-
gadores e empregados. Mas ele tem lhista, segundo Elacir Freitas, é o FISCALIZAÇÃO — Mas a Delega-
uma explicação bastante lógica para elevado grau de conscientização do cia do Trabalho também apresenta
isso: a decuplicação das multas empregado. Destaca ele que o traba- suas deficiências, sobretudo em ter-
aplicadas pela Delegacia do Trabalho lhador norte-riograndense conhece mos de pessoal, talvez seu ponto
sobre cada irregularidade comprova- mais a legislação trabalhista do que o mais frágil. Com efeito, o órgão dis-
da pelos fiscais do órgão junto às em- próprio empregador. Esse conheci- põe de apenas 30 fiscais de trabalho
presas denunciadas. Essa decuplica- mento provém do interesse do pró- para cobrir todo o Estado, assim dis-
ção, sancionada em agosto do ano prio empregado, que procura, me- tribuídos: 25 lotados na sede em
passado, vem funcionando como um diante orientação do seu sindicato, ou Natal, 3 em Mossoró e dois em Ma-

40 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
cau. Dos 25 lotados em Natal, um de-
les é o próprio delegado da DRT,
sendo que outros cinco exercem fun-
ções de chefia, não podendo portan-
to fazer tarefas externas senão muito
esporadicamente. Sobram portanto
apenas 19 fiscais-do trabalho para
atender toda a capital: "Felizmente
as reclamações trabalhistas têm sido
muito poucas", revela Elacir, "dou-
tra forma, não poderíamos dar conta
do trabalho, mesmo porque já esta-
mos sobrecarregados". Quanto à si-
tuação nas demais cidades do interior
onde a DRT não se faz presente, o de-
legado do Trabalho reitera o que dis-
se antes: "Não vem denúncias do in- Reclamações na DRT e poucos fiscais
terior", mas lembra que em caso afir-
mativo, a DRT está pronta a deslocar
um fiscal para o local da denúncia:
"Só posso deslocar pessoal mediante
provocação", observa.
"Mesmo em Mossoro o número de
fiscais disponíveis da DRT já é insufi-
SE UM PARENTE OU
ciente, e para darmos melhor cober-
tura ao Estado, precisaríamos pelo AMIGO CHEGAR VOCÊ
menos do dobro do pessoal de que
dispomos". "É esta" — diz — "a
única forma da fiscalização entrar no
TEM UM CARRO
interior".
Quem sai mais prejudicado nisso
PARA LHE CEDER?
tudo porém é o empregado o qual,
nâo dispondo de um agente fiscaliza-
dor em caso de se sentir explorado
pelo patrão, tem de esperar o desfe-
cho da situação, isto é, a dispensa, e
recorrer diretamente à Justiça do
Trabalho ou à Justiça Comum a fim
de reaver seus direitos.

RESTRIÇÕES — Apesar da época


«ser de contenção», as dificuldades
materiais da DRT não têm as mesmas
dimensões das de pessoal: "Não te-
mos transportes para deslocamentos
de pessoal, mas os fiscais têm inde- De repente, chega, sem carro, aquele parente querido ou aquele
nização de transportes (verba espe- amigo que há muito tempo não via e hospeda-se em sua casa.
cial para custear combustível quando Certamente, você não terá um carro para lhe emprestar, nem pode
ceder o seu. Você trabalha, tem obrigações... Mas, também, não
utilizam o próprio carro em serviço) e quer que aquela grata pessoa fique a pé. Andar pela cidade de
passe livre nos coletivos", diz Elacir ônibus ou táxi, que coisa desagradável. A Auto-Locadora DUDU
Freitas, lembrando que as dificulda- existe para resolver também problemas dessa natureza. Quando seu
d e s materiais não chegam a interfe- hóspede chegar sem carro, leve-o até DUDU. Lá ele terá opções de
escolher os mais variados tipos de veículos. Do Fusca ao Opala
rir diretamente no trabalho do órgão.
Diplomata. E, se for necessário, requesite um motorista. Deixar a pé
Apesar disso, enumera uma série de aquela pessoa tão importante, não fica bem. Ê até um ato de
restrições impostas em decorrência desapreço. Seu hóspede, quando chegar, "bote ele num carro da
da falta de recursos materiais: telefo- Auto-Locadora DUDU'". Ele vai ficar imensamente satisfeito e
ne, energia, combustível, jornais, re- agradecido. E, quanto a você, com a consciência tranquila de ter
atendido com cortesia e solicitude aquela pessoa que lhe é tão cara.
vistas, material de consumo, tudo foi

AUTO
reduzido a cotas mínimas, dentro da
política orçamentária da DRT. "E fa-
la-se que no ano que vem será pior",
observa, acrescentando porém: "A LOCADORA
crise é mundial e temos mesmo é que • A v. Rio Branco - 420 - Centro • Box Aeroporto Internacional
aprender a trabalhar dentro dessa no- j \ u g u s t o Severo Fones: 222-4144/222-0501 223-1106/272-2446 - Natal-RN
va realidade". •

41rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
COMPORTAMENTO
Crise faz aumentar busca
ao sonho da sorte grande
Com o novo preço da gasolina, que dia brasileira há mais de 10 anos (foi
saltou para Cr$ 353,00 cada litro, e o criada em 1970), que chegou ao Esta-
quilo do feijão — e tantos e tantos do com atraso de quatro anos, mais
produtos — que, assim dispara para precisamente em 1974. Embora abs-
mais de Cr$ 500,00 o quilo, se trans- tenha-se de emitir opiniões sobre as
formando hoje em alimento de rico, causas ou possíveis efeitos, o gerente
ao contrário do que acontecia há al- do Núcleo de Loterias, Carlos Alber-
guns anos atrás, a "crise" passou a to Gomes Barbosa, afirma que nos
ser uma das palavras mais pronuncia- últimos meses o número de apostas
das dos últimos tempos. Mesmo tem crescido bastante, principalmen-
diante de tantas dificuldades, enfren- te na Loto. No entanto, continua ele,
tadas e lamentadas por ricos, pela as apostas na Loteria Esportiva têm
classe média e classe baixa, todos se se estabilizado.
unem para fazer a "fezinha" no jogo Carlos Alberto afirma que nao
da Loto ou Loteria Esportiva, a cada compete a ele dizer se a crise influiu
semana. ou nao no aumento de apostas, mas o A fé de ganhar na Loto
De acordo com dados fornecidos gerente da loja Patuá (Rua João Pes-
pelo Núcleo de Loterias da Caixa soa), William Medeiros de Souza, SAÍDA — O fato é que, além da
Econômica Federal, no Rio Grande acredita que sim. E diz mais: aposta- inflação galopante e consequente di-
do Norte, cerca de 100 a 110 mil pes- se mais na Loto, porque a aposta po- ficuldade financeira e quase estado
soas apostam semanalmente na Loto, de ser menor, com mais possibilidade de miséria de uma grande faixa da
e 35 mil fazem "fé" na Loteria Es- de acerto e, portanto, gasta-se me- população, o Rio Grande do Norte
portiva, sonho dourado da classe mé- nos. (como demais Estados nordestinos) é

4 . . RELATÓRIO DA DIRETOF
Senhores Associados
CflDERflETf) DE POUPflflÇfl Com satisfação apresentamos aos nossos Depositantes o Bala
Patrimonial e demais Demonstrações, correspondentes ao prim<

«(OfiPERÍl
semestre deste exercício.
Apesar das dificuldades que o país vem atravessando, com refle
negativos na captação de poupança, cujo incremento real no seme
foi bastante inferior ao previsto, conseguimos expressivos resultado!
esforço e dedicação do nosso quadro de funcionários, espelhai
ASSOCIAÇÃO DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO RIOGRANDEN$E DO NORTE
CARTA PATENTE N° 24 DO BNH - C.G.C. M.F. 08.344.426/0001-74
destacadamente, nos seguintes aspectos:
1 - Manutenção de um fluxo regular de desembolsos para empréstir
e financiamentos da Entidade, atingindo o montante total de recui
IÚBSSA - International Union Building Societies And ABECIP - Associação Brasileira das Entidades de Crédito aplicados no período, em torno de Cr$ 3,1 bilhões, com uma m^
Imobiliário e Poupança.
Savings Associations mensal de aplicação de Cri 516 milhões;
UNIAPRAVI - Union Interamericana de Ahorro Y
Pies tamo para La Vivienda ANECIP - Associação Nordeste das Entidades de Crédito
BIAPE - Banco Interamericano de Ahorro Y Prestamo. Imobiliário e Poupança.

SEDE: R. JOÃO PESSOA, 267 - F.df. Cidade do Natal - 5° andar - NATAL-RN


BALANÇO PATRIMONIAI
AG. CENTRO - NATAL - Edf. Cidade do Natal - Loja 5 - NATAL-RN
AG. P A D R E JOÃO MARIA - Pça. Padre João Maria, 78 - NATAL-RN
AG. ALECRIM - Rua Manoel Miranda, 1409 - NATAL-RN
ATIVO
AG. LAGOA NOVA (CCAB) - Afonso Pena, 394 - Loja 18 - Petrópolis - NATAL-RN
AG. PONTA NEGRA.- Estrada Natal/Ponta Negra - CCAB - Sul - NATAL-RN

CIRCULANTE E REALIZÁVEL
A LONGO PRAZO
CONSELHO D E ADMINISTRAÇÃO DIRETORIA EXECUTIVA Disponibilidades 540.825
OperaçOes Imobiliárias 22.537.481
Álvaro Alberto Souto Filgueira Barreto - Presidente Álvaro Alberto Souto Filgueira Barreto
Luiz Sérgio Souto Filgueira Barreto Mário Roberto Souto Filgueira Barreto
Mário Roberto Souto Filgueira Barreto Créditos Diversos 438.067
Elias Antônio Souto Filgueira Barreto
Martha Maria Souto Filgueira
Valores e Bens 13.938
PERMANENTE 513.037

TOTAL DO ATIVO 24.043.348


AG. MOSSORÓ - RN - Pça. Vigário Antônio Joaquim. 127 AG. CEARÁ MIRIM - RN - Rua General João Varela, 684
AG. CAICÓ - RN - Av. Seridó, 344 AG. PA TU - RN - Rua Francisco 0 u t r a s / n -
AG. CURRAIS NOVOS - RN - Pça. Cristo Rei. 64 AG. M A C A U - R. Martins Ferreira, 385
AG. PAU DOS FERROS - RN - Rua Pedro Velho. 140 AG. NOVA C R U Z R. Dr. Pedro Velho, 14
AG. A PO Dl - RN - Rua São João Batista, 284 AG. S G O N Ç A L O DO A M A R A N T E - ÁLVARO ALBERTO SOUTO FILGUEIRA
Esti Natal/Ceará Mirim S/n
Diretor

42 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
perspectivas mais de 800 famílias, Loto. Na Loteria Esportiva o maior
que totalizam cerca de cinco mil pes- número de apostas chegou a 35 mil
soas, além das demissões que aconte- cartões. Nestas semanas de acúmulo,
cem diariamente, em quase todas as se aposta até 28 milhões na Loto e de
empresas deste Estado, cuja alegação 10 a 11 milhões na Esportiva. Em
mais comum é a crise. épocas normais, as apostas se aproxi-
Embora nâo seja solução e tenha mam de 18 a 19 milhões. O valor mé-
servido, quase que exclusivamente dio de apostas por cartão é de
para avolumar os recursos da própria Cr$ 260,00 na Loto e Cr$ 160,00 na
CEF, ninguém resiste a um joguinho Esportiva, o que deixa claro que a
e, do industrial (embora em' menor quantia desembolsada semanalmente
escala) ao operário, todos sonham pelos jogadores não lesa muito o bol-
em ganhar na Loteria Esportiva, e so do cidadão classe média, princi-
agora, principalmente na Loto, desde palmente nesses últimos anos em que
que foi implantada- no Estado, há um o cruzeiro tem se desvalorizado bas-
ano e meio. Como era de se esperar, a tante. Vale lembrar que a quantia mí-
classe média, espremida entre a abas- nima exigida pelos dois jogos é 70
tada e a conformada classe baixa, é a cruzeiros e o máximo, Cr$ 30.240,00
que joga mais, angustiada por se e 2.690,00, Loto e Loteria, respecti-
igualar à classe alta. O funcionário vamente.
público, que não vê grandes perspec-
tivas para o futuro, diante da falta de AUMENTO — Diante do aumento
oportunidade, também é frequenta- de apostadores, a cada semana o prê-
dor assíduo das casas de Loterias, mio é maior, o que estimula bem
sempre apostando pequenas quantias mais o apostador, ao contrário do
e vendo a concretização de seu sonho
que acontece com o jogo do bicho,
adiado a cada semana.
vítima mais uma vez da seca, que está que alcançou épocas áureas antes do
em seu quinto ano consecutivo, e o O sonho aumenta quando o prê- advento da Loto e Loteria Esportiva.
desemprego tem alcançado índices mio se acumula, confessou o gerente O jogo do bicho hoje vive à sombra
alarmantes — basta citar o caso, de do Núcleo de Loterias da CEF, Car- da Loteria, em apertados botecos, lo-
uma tacada só, de desempregados re- los Alberto, e teve semanas que fo- calizados, sempre, nas proximidades
centes em Mossoró, que deixou sem ram registrados 160 mil cartões na de bares e das casas de Loterias.

h "N
2 - Garantia de empregos diretos e estáveis para 232 funcionários; Conscientes da responsabilidade de sermos um dos dois únicos
3 - Absoluta regularidade em nossos compromissos para com o Baneo grupos econômicos genuinamente riograndense do norte, de capital
Nacional da Habitação e outras obrigações; privado, a atuar na área creditícia, finalizamos tornando público o
4 - Investimentos no equipamento e melhoria das instalações das nossas nosso agradecimento a 85 mil depositantes. Agradecer e reafirmar
Lojas, no intuito de preservar o patrimônio da Entidade e prestar que continuamos a desenvolver o nosso projeto de expandir nossas
melhores serviços aos nossos poupadores e mutuários. atividades a outros Estados da Região, já autorizados que esta-
O principal fator de nossa performance positiva neste semestre foi a mos pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Nacional da
pontualidade nos pagamentos de prestações, por parte de 97,8% dos Habitação, mantendo a tradição firmada ao longo de quinze anos de
nossos mutuários, obtida em função de criteriosos métodos, de aferição trabalho e dedicação, com a preocupação permanente de continuarmos
cadastral para concessão de créditos, a par de um eficiente serviço de fiéis a nossas origens e a defesa intransigente dos interesses dos nossos
cobrança, demonstrando a boa qualidade de nossos Ativos Financeiros, depositantes.
Natal, 30 de junho de 1983.
e a segurança na avaliação das garantias, representadas pelas hipotecas a) DIRETORIA
de mais de 5.700 imóveis.

ijjSALIZADO EM 30.06.83 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO


PASSIVO DO I o SEMESTRE DE 1983

CIRCULANTE E EXIGÍVEL 1 - Receitas Operacionais 11.099.997


I A LONGO PRAZO 2 - Despesas Operacionais 10.602.974
3 - Resultado Operacional (1 - 2) 497.023
Recursos de Terceiros 510.213 4-Resultado Não Operacional 45.325
RecursosodoBNH 5.G70.766 5 - Resultado de Ajustes Monetários 278.722
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 102.394 6 - Resultado do Semestre Antes da Provisão
Para Garantir Dividendos Futuros (3 + 4-5) 263.626
MATRIMÔNIO SOCIAL
1.371.590 7 - Provisão Para Garantir Dividendos Futuros 205.439
í Recursos Próprios
& Recursos de Associados 6.388.385 8 - Distribuição Antecipada de Resultados 46.224
TOTAL DO PASSIVO 24.043.348 9 - Resultado Liquido do Semestre (6-7-8) 11 -963

Arreto MÁRIO ROBERTO SOUTO FILGUEIRA BARRETO FRANCISCO CAMARA JUNIOR


Diretor Téc. Cont. CRC - RN 2.473

43rtN/ECONÔMICO- Agosto/83
Proprietário de uma padaria em An-
gicos, ele aproveitou sua vinda à Na-
tal e foi até a loja da Dr. Barata, Ri- UMA
beira, para fazer seu jogo e, um pou-
co encabulado, confessa que sempre QUESTÃO
que vem aqui, aproveita e faz sua
" f e z i n h a " . Aposta em média de mil a DE
dois mil cruzeiros. Ele já fez 12 pon-
tos na Esportiva nove vezes e não
custa nada tentar sempre, arremata.
SEGURANÇA
itlL Há também as figuras folclóricas,
O sonho impossível? que se tornam amigo da casa, tal a
frequência. Ainda na casa lotérica da
KSPKRANÇA NÃO MORRE — Dr. Barata, um senhor já de bigodes
Semanalmente, nas quartas e quin- brancos e olhar simpático, brinca
tas-feiras, as filas se alongam nas ca- com todos da fila e da casa e, aborda-
sas lotéricas, mais especificamente do pela reportagem, tenta desviar a
na quinta, último dia de jogo na Es- atenção afirmando que tudo isso é
portiva, e terça, último dia para se jo- bobagem, mais adiante deixa claro
gar na Loto. Crianças, adultos e ve- sua esperança de ganhar na Loteria e
lhos, de todas as classes sociais, en- brinca: "Se eu acertasse eu dava de
frentam pacientemente as filas para presente a você um vestido bordado
fazer seu jogo e, com isso, alimentar de o u r o " , e desconversa sem querer
a velha esperança de ficar rico ou mais papo ou mesmo a identificação.
" e n r i c a r " , como dizem alguns. Embora seja um jogo limpo, numa Usar laje, seja de piso ou
fila de apostadores poucos querem forro, hoje, é quase uma
Na maioria dos casos são os mes-
falar sobre sonhos ou esperanças que obrigação de quem
mos apostadores, que procuram as constrói. A laje é uma
mesmas casas lotéricas e se transfor- alimentam a cada semana que sai o questão de segurança,
mam em fregueses assíduos, confor- resultado da Loto ou Loteria Esporti- estética e beleza. E, se
me disse William Medeiros, da loja va. De qualquer forma, uns deixam utilizadas nervuras e
Patuá. É comum os jovens "office- escapar a expressão " t á russo", usa- blocos, formando a
b o y " fazer de dez a vinte jogos de da frequentemente para definir qual- conhecida Laje Volterrana,
funcionários e chefes das repartições quer dificuldade (e no momento atual aí, o construtor terá mais
em que trabalham. Há também casos as dificuldades são tantas e tamanhas economia de tempo e
que definições são insuficientes). dinheiro, mais simplicidade
do pessoal do interior, do sertanejo, na instalação, menos peso e
que só joga quando vem à capital. Mas o sonho continua, ao contrá- urna qualidade sem igual.
Francisco Luciano é um exemplo. rio do que diria John Lennon. • A Laje Volterrana, pela sua
praticidade, tornou-se um
produto nacionalmente

PARA COMPRAR PEÇAS


conhecido. No Rio Grande
do Norte é fabricada pela
Saci-Material de

FIAT VOCÊ NÃO PRECISA Construção Ltda. Todo


calculista criterioso

SAIR DO ALECRIM.
determina Laje Volterrana
para sua obra. Os
investidores da construção

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44 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
ARTIGO
Morrer de sede
em cima d'água - I
NEY LOPES DE SOUZA

Triste destino do nordestino: morrer de sede em questão de segurança nacional. Não há mais tempo a
cima d'água. Lembro-me que, ainda estudante de Di- esperar. O uso integrado dos nossos recursos hídricos
reito, em !964, visitei no Arizona (USA), a convite do partirá da transposição das águas do rio São Francis-
Departamento de Estado, o vale do rio do sal. É o co- co, sem prejuízo — é claro — da utilização da água
ração do semi-árido americano. A impressão, já dis- existente na região para a irrigação (projetos em curso
tante do tempo, é de que ali se operara um milagre, do DNOCS e CODEVASF).
cuja motivação maior foram as dificuldades enfrenta- O Nordeste, por exemplo, exporta petróleo para o
das pela economia norte-americana em 1930 (new resto do País. Somos auto-suficientes em petróleo.
deal). Mais uma prova de que o sofrimento leva a Mas, infelizmente, a água é escassa. Logo a solução é
abundância, se o Homem for capaz de construir com importá-la de uma região para outra, habilitando área
as mãos, aquilo que o imponderável destrói pelas ca- de quase 2 milhões de hectares para a prática regular
tástrofes. e estável da agricultura. O desvio do São Francisco en-
Num solo salinizado, aparentemente inútil, er- sejará tal alternativa. Os custos do projeto (superiores
gue-se no Arizona um dos maiores celeiros de alimen- a um trilhão e meio de cruzeiros) não espantam uma
tos, através de culturas irrigadas e diversificadas. Se- sociedade, que executa Itaipu, Carajás e sonha com a
rá isto privilégio do vale do sal? Certamente que não. energia nuclear. Com uma diferença: é que de todos
Lamentei o nosso Governador JOSÉ AGRIPINO não os projetos, o nordestino dará a resposta mais rápida,
ter viajado aos Estados Unidos, para ver essa expe- em termos econômicos.
riência, além de outras. Certamente os resultados de O rio Parnaíba, a outra bacia hidrográfica perene
hoje, aliados a tecnologia avançada, impressionam da região, apoiará a ação integrada, permitindo que os
mais do que a minha visita em 1964 (já se foram quase «pedintes nordestinos» assumam a co-responsabilida-
20 anos). Mas, o exemplo americano (e como este po- de pelo destino nacional.
vo tem exemplos a dar ao mundo) conduz a duas con- A política posta em prática, em que pesem as boas
clusões: primeiro, administrar é sair do convencional intenções (os cemitérios estão cheios de bem intencio-
e abrir uma janela para o resto do mundo. Ver o que nados), é responsável pela manutenção, nos últimos
está sendo feito e adaptar às nossas condições regio- vinte anos, das desigualdades entre o desenvolvimen-
nais. Transpor recursos hídricos, como é o caso do to do Nordeste e do resto do País. Os centros urba-
Mississipi americano, não é peculiaridade dos EEUU, nos regionais (indústria e serviços) inegavelmente
vez que a Espanha, Egito e Rússia fizeram a mesma cresceram. Porém, a economia rural andou para trás e
coisa, com excelentes resultados; segundo, o proble- hoje, cerca de 95% dos municípios nordestinos, estão
ma nordestino é basicamente de água, com a agravan- na área da seca.
te de que o líquido existe em abundância em nosso Confio no futuro desta região. A imaginação e a
subsolo. Falta aproveitá-lo, fazendo com que o lençol criatividade dos homens públicos servirão de base pa-
aquífero nordestino deixe de ser a sepultura para os ra vencer a crise de hoje e construir o alicerce do ama-
que morrem de sede (homens e animais). nhã. O debate é o instrumento a ser estimulado, pois
A captação e o uso adequado da água darão ao somente ele abre os olhos daqueles que pensam ser os
Nordeste a capacidade de vencer os efeitos cíclicos eternos latifundiários da Verdade e das Soluções. A
das estiagens ou enchentes. Não se compreende, que prioridade para o Projeto Nordeste, e, fundamental-
uma região vocacionada para a produção agropecuá- mente, o desvio das águas do São Francisco, serão os
ria, venha desde 1979 com crescimento zero nesse se- pontos de partida para jorrar a água do nosso sub-solo
tor, decrescendo até 7%. Na agricultura o quadro é ou rios perenes, reduzindo os coeficientes de homens,
idêntico: o milho decresceu 66% em 1981; o feyão caiu mulheres e crianças, que morrem de sede em cima da
a produção em 36%, no mesmo ano. O algodão redu- água.
ziu a produção em 50%. Para este ano as previsões,
em relação a produção de 1978, são de que o milho de- * 0 Autor é Senador-Suplente (PDS-
cresça 38%, o feijão (3% e o algodão 18%. RGN), além de Professor-Adjunto da
Vinte e quatro milhões de pessoas (70% da popula- UFRN (Direito Constitucional e Direi-
ção nordestina) sofrem na pele o drama da seca, sinô- to Econômico) e Advogado militante
nimo de desespero, desalento, dor e fome. em Natal, com escritório à rua Mipi-
b u , 350 — C E P 5 9 . 0 0 0 .
O Projeto Nordeste, como prioridade nacional, é

45rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
INVESTIMENTO
Cadernetas
ganham mais
um impulso
Já s3o visíveis nas vitrines das prin-
cipais casas de comércio do Centro e
dos bairros mais populosos de Natal,
pequenos volantes impressos pelo
Clube de Diretores Lojistas de Belo
Horizonte e Contagem, celebrando
as virtudes do ato de comprar e con-
denando com veementos argumentos
o estímulo à poupança. Trata-se da
primeira reação do comércio às re-
centes medidas adotadas pelo Gover-
no Federal de incentivo às cadernetas Comércio luta pelo consumidor
de poupança, o principal deles ace- I 111 peita aos pequenos e médios investi-
nando com rendimentos mensais com dores. Em decorrência, o consumo de
correção monetária e juros, além da bens duráveis deverá sofrer uma sen-
garantia total do Governo para apli- sível queda. Daí a reação do comér-
cações de até Cr$ 15,9 milhões. cio lojista, com seu apelo de "com-
prar faz bem". Pelo menos para o
Com esse novo elenco de medidas,
próprio comércio, naturalmente aba-
a caderneta desponta agora como o
lado numa conjuntura de crise.
único ativo a combinar ao mesmo
Mas se o setor comercial já se res-
tempo rentabilidade, segurança e li-
sente e reage aos fortes apelos à pou-
quidez, ao mesmo tempo cm que sal-
pança, a área bancária também nao
vaguarda o programa habitacional,
W encobre suas preocupações. É o caso,
viabilizando-o de agora por diante
com injeções de aplicações financei- V por exemplo, de Luiz Paulino de Li-
ma, Gerente do Banco Credisul. Ele
ras seguras e crescentes. A tendência,
afirma que os principais reflexos da
portanto, é que já a partir deste mês
poupança com rendimentos mensais
os depósitos em caderneta de pou- "M f sobre os negócios bancários incidirão
pança passem a ocupár uma posição
sobre os depósitos à vista (depósitos
cada vez mais privilegiada no que res- Liquidar para vender
em conta-corrente), justamente o ti-
po de aplicação que mais interessa
C/. îj'XCÎ
aos bancos, "para que o dinheiro fi-
4 que mais barato e os juros também".
Esses depósitos sâo, no dizer de
Luiz Paulino, o "fillet-mignon" dos
bancos e sua queda, que já começa a
se fazer sentir na praça, está empur-
rando para cima as taxas de juros o
que, por sua vez, gera a carestia do
dinheiro. E desabafa: "Hoje em dia
ninguém quer depositar. Todo mun-
do quer investir em ORTNs, CDBs,
RDBs etc. Isso ocorre, segundo ele,
graças aos incentivos do Governo,
que paga ^ltas taxas de juros por es-
ses papéis financeiros. Segundo Pau-
lino, os bancos sobrevivem hoje da
prestação de serviços: recebimentos
de tributos, como prestações de água,
luz, telefone etc.
"MERCADO ABERTO" — Já se
Consumir ou poupar? nota uma redução nos investimentos

46 RN/ECONÔMICO - Agosto/83
do mercado aberto (aplicações no
"open market", que têm rendimen-
tos semanais, e no "over night", com
rendimentos gerados no dia seguinte
ao da aplicação). A denúncia é de
Guilherme Soares, Gerente do Banco
Safra. Para ele, os investidores que
vivem exclusivamente de renda e que
têm necessidade de ter seus capitais
remunerados mensalmente, estão le-
vando seus recursos para a caderneta
de poupança, atraídos pela liquidez e
garantia desse sistema. Mas as pes-
soas que têm necessidade de remune-
ração a prazos mais curtos — diários
ou semanais, devem permanecer no
mercado aberto", diz ele. Quanto
aos empréstimos bancários, ele admi-
te que eles estão cm declínio em vista
de as taxas do mercado aberto serem
superiores às determinadas pelo Con-
selho Monetário Nacional, que limi-
tou-as em até 6 por cento ao mês.
No que pese aos depósitos à vista, des abalos. Explicando, diz Antônio
Guilherme Soares acha que eles per- Tibério: " O " o p e n " é um dinheiro
manecem regulares, com uma ligeira que você aplica visando a resgatar
tendência à queda em função da di- num prazo mínimo, sempre inferior a
minuição de negócios do sistema ope- um mês. Digamos" — diz ele —
racional da rede bancária. Mas cl£ " q u e uma empresa tenha um paga-
aceita também que a nova caderneta mento para fazer daqui a uma sema-
com rendimentos mensais se tornará na. Se ela dispõe já daquele dinheiro,
um investimento cada vez mais ela pode aplicá-lo com prazo de res-
atraente para o pequeno investidor, ... coin ameaça de esvaziamento gate de sete dias para obter um pe-
principalmente porque esse ativo está queno lucro no " o p e n " . E como es-
isento de tributos, o que não ocorre, para resgat de capital o que, compa- sas aplicações do " o p e n " são feitas
por exemplo, com as aplicações no rativamente ao resgate mensal da ca- por pessoas jurídicas, elas não podem
"open". derneta de poupança, é um prazo ser comparadas com as cadernetas de
longo e, portanto, pouco atraente pa- poupança que são aplicações exclusi-
LETRAS DE CÂMBIO — Já o ra os pequenos e médios investidores. vas de pessoas físicas. P o r t a n t o " —
Gerente do Banco Itaú, Antônio Ti- Quanto ao mercado aberto, suas conclui —, " u m a coisa não afeta a
bério de Araújo, é de opinião que a aplicações não deverão sofrer gran- outra". •
poupança de renda mensal não afeta-
rá de maneira marcante os depósitos ',f iJMüül * ^BHKK
à vista aplicados nos bancos: "Isso E MELHOR
não vai acontecer" — diz Tibério - W V «1 PROTEGER OS
" p o r q u e o cliente que tem depósito
em banco geralmente utiliza esse di-
%y C i > #* OLHOS...
nheiro para suas despesas mensais
que podem ser pagas comodamente ...DO QUE
com cheques, ao passo que a caderne-
s. SUBSTITUI-LO
ta de poupança não fornece talão de
cheques, o que cria o inconveniente Use óculos
de segurança H
de o cliente ter de se deslocar até a
Caixa cada vez que precisar de di-
nheiro".
De acordo com Tibério, os incenti-
vos da caderneta de poupança deve-
rão atrair principalmente os capitais Representante para o
* : • >'. s s h r p Rio Grande do Norte:
que seriam aplicados nas Letras de
Câmbio e demais papéis com renda
Todos esses equipamentos aprovados pela ABNT, Min. Trab, e Capitania d o s Portos
fixa, como os CDBs (Certificados de
(Çp Rua Sampaio Correia, 4000 - Bom Pastor -tola.: 223-2400 -3557 - Natal-RN
Depósitos Bancários) c RDBs (Reci-

é p @ L MÁXIMO EM PROTEÇÃO
bos de Depósitos Bancários). Esses
papéis serão atingidos, segundo ele,
porque têm prazo mínimo de 180 dias

47rtN/ECONÔMICO- Agosto/83
CULTURA
A Comissão Estadual nhar, como devia, de fos , entre profissionais ajustado com precisão de
de Artes, recentemente oportunidades iguais pa- conhecidos e amadores. relógio suíço, Esquina
criada, tem como princi- ra todos, nem de um es- Mas o destaque vai para Colorida é um espetácu-
pal objetivo coordenar a perado reforço teórico. as peças de Walmir lo que nada tem de pro-
participação dos artistas Uma coisa, pelo menos, Queiroz cOm os seus in- vinciano, embora, para-
norte-riograndenses no sobrou de tudo isso: a teriores nordestinos, doxalmente, recrie uma
Circuito de Artes Plásti- certeza de que não vale a captados com empática atmosfera indiscutivel-
cas do Nordeste. Mas, pena somente mostrar, . sensibilidade; Maysa Al- mente natalense. Logo
espera-se, deverá conso- mas, igualmente, discu- buquerque, de todos os se identificam, numa
lidar o seu raio de ação, tir, discutir ampla e de- expositores, o mais dra- primeira visão, os perso-
cobrindo uma área tra- mocraticamente a obra e maticamente penum- nagens que estão na li-
dicionalmente despreza- o papel do artista como bristar João Bezerra Jr.; nha de frente da vida po-
da pelas entidades ofi- parte integrante da so- Rildécio Medeiros; Gio- lítica do Estado, com
ciais responsáveis pela ciedade humana. vanni Sérgio Rêgo; Ro- suas picuinhas, seus in-
política cultural. Que a Comissão Esta- semilton Silva; e, pelo teresses particulares e
Não existe aqui ne- dual de Artes Plásticas menos, uma ou duas pe- todas as circunstâncias
nhum programa efetivo vem preencher uma la- ças de Emerson Amaral que nos singularizam e
na área das artes plásti- cuna, não resta nenhu- e Esam Elali. Sem falar dão «aquela» cor local,
cas, exceção feita a dois ma dúvida. Dúvida, se em Rosemilton Silva, entendida, aqui, em sua
prêmios anuais, irrisó- há, é sobre a qualidade Ivanísio Ramos e Rober- abrangência nacional.
rios como prêmios, tanto de sua atuação. to Alves. Argemiro Li-, É impressionante a
em qualidade artística ma, Flávio Américo No- forma pela qual os atores
quanto em matéria de di- BELAS IMAGENS — vaes, Jaeci, pai e filho, envolvem a platéia,
nheiro. É estranho que A abertura da mostra co- Vilela, Roberto Duarte, criando uma empatia
.assim seja, pois, na ver- memorativa ao Dia In- Ubaldo, Euribes Franco, com o espectador que
dade, o Estado já dis- ternacional do Fotógra- J. R., Carlinhos e Mo- perdura até a cena final.
põe de um grupo de ar- fo, no Centro de Cultura, raes Neto completam o E que somente se equi-
tistas trabalhando com serviu também para elenco e comprovam para à-criatividade com
seriedade, apesar da fal- mostrar o descrédito em que, em Natal, a arte da que, durante todo o es-
ta de oportunidades, ma- que caiu, no Rio Grande fotografia já atingiu um petáculo, os mais díspa-
nipuladas sempre por do Norte, a promoção estágio profissional. res elementos se harmo-
uma camarilha cada vez cultural oficial. Nunca nizam, num crescendo
mais gorda pelo abun- uma exposição atraiu PEQUENA LITURGIA dionisíaco de ritual e ca-
dante leite do poder. tanta gente em apenas — Esquina Colorida, es- tarse perfeitamente
0 Circuito de Artes uma noite, num flagran- petáculo que represen- plausíveis. Impossível
Plásticas do Nordeste é te contraste com o que se tou o Rio Grande do Nor- destacar uma cena nes-
uma velha aspiração de viu, dias antes, no ver- te no Festival de Teatro se conjunto homogêneo
críticos e artistas atuan- nissage de Newton Na- de Campina Grande, ao qual, além de Vila
tes na região. Afinal a varro, durante vários merece ser visto e revis- Ilson, João Maria Mar-
Comissão Nacional, des- anos considerado em to (por que não?) por to- celino, Dimas Carlos,
de a sua criação, apenas certos meios como «o ar- dos aqueles que, real- Nelson Quinderé e Mar-
vinha privilegiando tista oficial do Estado», mente, curtem um bqm cos Bulirdes emprestam
aqueles grupos localiza- curiosa personagem que teatro. Não se trata de todo o seu talento, num
dos.no eixo Rio/São Pau- atravessa as- décadas, um desses espetáculos entrosamento que serve
lo com algumas incur- mimada por, aproxima- pretensiosos, tão em vo- de exemplo aos outros
sões pelo Centro Oeste. damente, cinco ex-go- ga em Natal, com os grupos e aos outros ato-
E bom que fique desde vernadores. quais os grupos «de res e.que, por outro la-
já bom claro que este Promoção indepen- amadores» tentam mas- do, enriquece a própria
programa, que recebeu dente, organizada pelos carar, em geral, sua falta história do teatro no Rio
a modèrnosa denomina- próprios fotógrafos da de criatividade e de uma Grande do Norte.
ção de Circuito, não é cidade, a mostra reves- forma tantas vezes ape-
um presente da Funarte, tiu-se um inusitado êxi- nas estapafúrdia. BAS FOND LITERÁ-
através do Instituto Na- to, propiciando o encon- Sob a direção , de Vila RIO — Em Nilo Sérgio
cional de Artes Plásti- tro das classes mais he- Ilson, o Grupo, que leva Emerenciano, autor de
cas, mas uma sofrida terogêneas e constituin- o mesmo nome do espe- Aconteceu na 5 . a Dele-
conquista de artistas, do-se numa grande fes- táculo, transformou-se gacia (Prêmio de Ficção
críticos e intelectuais in- ta, sem dúvida, socialis- logo de entrada em sinô- Fundação José Augus-
satisfeitos com projetos ta. nimo de trabalho bem to/81), é evidente o im-
do gênero Arco-íris, que Surpreendeu a todos o feito, criativo e inserido pério que ele exerce so-
afinal resultou em nada, nível geral da mostra, na realidade. Apoiado bre a palavra, seu instru-
pois não se fez acompa- que reuniu 22 fotógra- por um pequeno elenco, mento de comunicação,

48
rtN/ECONÔMICO - Agosto/83

il WÊlíu.\il. iJrt-iVMnttí 'j&MttSifàásÈkI


CULTURA
ajustando-a segundo o possuir pela palavra, palavrões, de uma au- gundo os seus coordena-
seu desejo numa frase deixando-se levar até tenticidade sem dúvida dores Dolores Portela
que recria, objetivamen- profundezas pouco desnorteadora, que ex- Maciel, Maria Olga
te, a nossa realidade ur- usuais, em termos de trapola todas as conven- Araújo Aranha e Osval-
bana — de uma forma, produção literária na ções e que faz do próprio do D'Amore, "despertar
muitas vezes, enganosa. província. Isto não faz de Ruben G. Nunes, dentro a criatividade, estimular
Na verdade, antes de ser Ruben G. Nunes nem do quadro da literatura o gosto pelas artes e
um repórter do cotidia- melhor nem pior que os feita no Rio Grande do orientar as tendências
no, Nilo Sérgio é um fic- outros, mas diferente. Norte, um marginal. Seu artísticas mais latentes
cionista, um bom ficcio- Singular mesmo. E o seu romance é escrito de tal em cada pessoa, utili-
nista por sinal, ou seja, «romance urbanóide», forma que dissimula o zando métodos moder-
alguém que trabalha em Gestos Mecânicos, uma trabalho do autor. As nos e atraentes para ob-
cima da realidade, ele- voragem que engolfa e personagens emergem ter um melhor rendi-
gendo a partir daí um arrasta o leitor, mesmo do caos, impotentes mas mento da capacidade de
repertório que sintetiza aquele já calejado por esperançosas, falando cada um, desenvolvendo
sua visão do mundo. E uma literatura de vile- uma língua desprovida livremente suas apti-
aqui, respeitadas as pe- zas inomináveis. de glamour mas que o dões".
culiaridades de cada um, Ruben G. Nunes há de leitor reconhece e com- Nesta primeira fase de
se coloca Nilo Sérgio ao agredir os puristas com preende porque há, ne- atividade, o Centro ofe-
lado desse igualmente este seu livro duplamen- la, essa tensão obscura rece orientação a jovens
genuíno e expressivo te premiado com o Elias de todos os dias. e adultos, além de cur-
Tarcísio Gurgel. Souto, da FJA, e o Câ- sos para crianças, em ar-
Ruben G. Nunes, po- mara Cascudo, da Pre- ARTE VIVA — 0 Cen- tes plásticas, música e
rém, difere dos dois de feitura Municipal do Na- tro de Formação Artísti- teatro.
uma forma impulsiva. E tal. Linguagem desabri- ca Viva Arte, há pouco
na exata medida em que, da, anti-literária por ex- inaugurado, tem como FRANKLIN JORGE
mais sensitivo, se deixa celência, feita de gírias e objetivo principal, se-

A MESMA CRENÇA

A Assembléia Legislativa do Rio Grande


do Norte saúda o Senador Dinarte Mariz pela
passagem do seu 80.° aniversário. E, da mes-
ma forma que ele, afirma a sua crença nos
ideais democráticos.

Assembléia Legislativa do
Rio Grande do Norte
CONJUNTURA
brás, o que só se justifica quando
existe compradores em potencial pa-

UMA
"ra sua produção, e as reservas são

Gasoduto é
grandes. No caso específico, serão

QUESTÃO DE
beneficiadas as indústrias de três Es-

esperança
tados nordestinos, como também a
própria população, que se reverterá

BOM SENSO
em mão-de-obra, embora a Petrobrás
ainda não adiante a quantidade des-

e alternativa sa mão-de-obra que ocupará. O paga-


mento de «royalties» está totalmente
descartado porque a legislação não
O Gasoduto que a Petrobrás im- permite que se cobre «royalties» de
plantará a partir da estação de com- exploração em mar, comoé o caso.
pressores de Guamaré, litoral do Rio
Grande do Norte, já está com seu pro- CONSUMIDOR — A Petrobrás não
jeto em fase de detalhamento e a con- descarta a possibilidade — como já
clusão prevista para daqui a dois foi até ventilada por um político lo-
anos, mais precisamente em 1985. De cal — de se beneficiar o consumidor
acordo com informações obtidas junto comum com o gás de cozinha, a
à Assessoria de Relações Públicas da exemplo do que acontece no Rio de
Superintendência local da Petrobrás, Janeiro, com o gás canalizado. Para
esse Gasoduto virá até Natal, seguin- isso, basta que alguma empresa, ou O slogan "pensou em
do o traçado da BR-101, prosseguin- mesmo o Estado, se disponha a com- construir, pensou na Saci",
do até João Pessoa, Recife e Cidade prar os direitos de exploração, pois já está tão difundido e
do Cabo, beneficiando em abasteci- para a Petrobrás, "quanto mais com- acreditado no Rio Grande
mento de gás natural as indústrias pradores, melhor", frisou o Assessor
de Relações Públicas. do Norte que são raras as
dos três Estados nordestinos.
pessoas que constroem ou
Trata-se do primeiro Gasoduto a
ser implantado no Rio Grande do UTILIZAÇÃO — Segundo folheto reformam suas casas e não
Norte — existem outros nas Ba- distribuído pela Petrobrás, o gás na- compram o material na
cias Campos-Rio de Janeiro, Sergipe- tural é considerado o "combustível Saci — Material de
Bahia e Bahia-Camaçari — com os da próxima década", pelo número de Construção Ltda., ou
custos orçados em torno de 100 mi- utilizações a que ele se presta, como mesmo vão até a loja pedir
lhões de dólares. Com diâmetro de matéria-prima fundamental para a in- informações sobre produtos
doze (12) polegadas, o Gasoduto terá dústria petroquímica e de fertilizan- e detalhes técnicos. É,
uma extensão de 410 quilômetros. A tes, combustível de motores, forna- primeiramente, uma
execução, adiantou o Assessor de lhas de caldeiras, tratadores de óleos, questão de bom senso. A
Relações Públicas, está a cargo do como também em trabalhos de recu- empresa já é um a tradição
Serviço de Engenharia da Petrobrás, peração do Petróleo não extraído nas
que utilizará tecnologia nacional. operações de produção primária. Mas de mais de vinte anos,
Proveniente das Bacias de Ubarana sua utilização "mais nobre é em ins- vendendo bons produtos
e Agulhas, o Rio Grande do Norte talações de processamento de gás, ao norte-riograndense,
produz um milhão de metros cúbi- quando é vendido comercialmente comercializando as grandes
cos/dia de gás, o que justifica a im- em forma de gás de cozinha e de ga- marcas. Depois, são os
plantação do Gasoduto, vez que com solina natural", justifica o folheto. bons preços e os
uma p n d u ç ã o menor não seria pos- O mesmo folheto informa que o convidativos planos de
sível. A sofisticada tecnologia apli- Brasil dispõe de 72.335 milhões de pagamento. Engenheiros,
cada na expl .ração de gás requer um metros cúbicos em reservas de gás arquitetos, investidores do
ali > investimento por parte da Petro- natural, com uma produção total de setor e até mesmo
10.205 metros cúbicos por dia, em di- donas-de-casa "na-hora de
versos pontos do País (inclusive na
construir, pensam na
Amazônia), mas principalmente no li-
Saci''. E, se você vai
toral, em exploração em mar. Em ter-
mos comparativos, o Gasoduto mais construir, pense também
extenso é o que liga os Estados de na Saci.
Alagoas/Sergipe/Bahia, com 450
quilômetros de comprimento, segui-
do do Gasoduto Campos/Reduc (Rio
de Janeiro), com 410 quilômetros de
comprimento.
Complementando as informações
sobre o Gasoduto de Guamaré, o As-
sessor da Petrobrás resume, afirman-
Pte. Bandeira, 828 Tels.: 223-36261 3627/362^
do que "o fato é que vai gerar rique- Av. Rio Branco, 304 — Ribeira — Natal-RN
Petrobrás amplia ação zas". •

50 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
ALCOOLISMO histórica, ao contrário de outras ten-
tativas particulares, estanquizantes,
que apreciam a questão apenas a par-

Inamps tenta recuperação


tir de um único ponto de vista, quer
seja clínico, biológico ou social. Daí
também a originalidade do Programa

de viciados há um ano
de Alcoolismo da equipe do INAMPS:
uma síntese de todas essas situações,
que busca esclarecer a partir de que
momento o alcoolismo passa a cons-
Doença incurável, segundo os com problemas alcoólicos no Posto de tituir-se como problema médico ou
membros das Associações de Alcoóli- Psiquiatria e Neurologia das Rocas. como problema social.
cos Anônimos; vício ou falha de cará- Essa visão multilateral do proble-
ter, para os partidários da moralida- EIXOS — O coordenador do pro- ma alcoolismo se tornou possível me-
de; dependência de natureza psicoló- grama, médico-psiquiatra Maurício diante a constituição de uma equipe
gica, para as modernas correntes da Roberto Campelo de Macedo, expli- técnica que funciona de maneira in-
Medicina... não importa o conceito. O ca que o trabalho é realizado em cima tegrada, constituída de um psiquia-
alcoolismo é, sob qualquer um desses de três eixos: epidemiologia do alco- tra, uma enfermeira, uma psicóloga,
aspectos, um dos maiores problemas olismo; percepção social do alcoolis- um sociólogo e uma assistente social.
sociais c de saúde de hoje em dia no mo e demanda de alcoolistas aò pos- Comparado a outras formas de assis-
Brasil, e o Rio Grande do Norte é o to, ou seja, voltado para a assistência tência, fica evidente, diz Maurício,
terceiro Estado no ranking nacional e a pesquisa, não se tendo conheci- que esse trabalho conjunto de diver-
no consumo de bebidas alccxSlicas, se- mento de prática idêntica em outras sos técnicos produz uma visão muito
gunda > dados do Ministério da Saúde. instituições públicas previdenciárias. mais enriquecedora do problema do
Com base nesse fato é que foi cria- De acordo com Maurício, o objetivo que aquela resultante de um ponto de
do há p o u c o mais de um ano, um pro- do programa é articular todos os co- vista único, como é o caso, por exem-
grama especial de tratamento de al- nhecimentos em torno do problema, plo, dos Alcoólicos Anônimos, os
coolismo, por iniciativa de uma equi- procurando detectar a sua dimensão quais radicalizam o problema: ou vo-
cê deixa de beber ou nada feito. Na
opinião deles, diz Maurício, o alco-
olismo é uma doença incurável cuja
única resposta é a abstinência total.

ATENDIMENTO — O programa
foi implantado com apoio da direção
do INAMPS que o vê como uma for-
ma de reduzir as internações hospita-
lares dos pacientes alcoólicos, cujo
número é considerado altíssimo, haja
vista que esses pacientes ocupaní fre-
quentemente os leitos dos hospitais
por períodos que variam de 30 até 90
dias, onerando os gastos com assis-
tência médica do INAMPS e dificul-
tando a internação de outros pacien-
tes necessitados de assistência hos-
pitalar.
O programa vem funcionando nu-
O vício surge de forma social. ma ala do Posto de Psiquiatria das
Rocas, com duas salas, além de um
pe de técnicos em saúde do INAMPS anexo na Urgência Médica, tendo o
— Instituto Nacional de Assis- pessoal sido liberado de outras ativi-
tência Médica da Previdência Social. dades para dedicação exclusiva ao
Esse programa foi precedido de uma programa.
experiência-piloto levada a efeito nos A equipe recebe os pacientes enca-
bairros de Rocas, Santos Reis e Brasí- minhados pelo ambulatório de psi-
lia Teimosa, mediante o emprego de quiatria do Posto, os quais são condu-
questionários, cujo resultado revelou zidos primeiramente à enfermeira,
que 20 por cento da população adulta que entrevista o paciente e lhe expli-
masculina desses bairros apresenta- ca de que modo o programa pode aju-
vam problemas ligados à excessiva dá-lo. Em seguida, o paciente é en-
ingestão de bebidas alcoólicas. A caminhado a um dos técnicos, de
partir daí foi instalado, com apoio da acordo com o tipo de problema apre-
Coordenadoria de Promoção de Saú- sentado, sendo no final visto por toda
de Individual do INAMPS, um servi- a equipe. Em seguida, é traçado um
ço próprio de atendimento a pessoas e se sistematiza nas preferências plano de trabalho conjunto para o pa-

51 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
ciente que também inclui o envolvi- Maria de Sou/a lembra que o alco-
mento de seus familiares, através da olismo não é uma questão fechada
assistente social. O objetivo é anali- para a equipe. Trata-se de um concei-
sar todos os elementos relacionados to socialmente determinado e cujas
com o problema do alcoólatra a fim de explicações devem ser buscadas no
poder proporcionar-lhe os recursos próprio meio social do indivíduo. 0
necessários à sua melhoria. alcoolismo, diz ela, é um problema
que não pode ser resumido no concei-
PROBLEMA — Mas o problema do to de doença, como querem os Al-
alcoolismo não se limita apenas aos coólicos Anônimos, porque cada caso
bairros de Santos Reis, Rocas e Brasí- tem sua própria história e é perfeita-
lia Teimosa, onde as dificuldades mente admissível que em alguns ca-
econômicas aliadas à falta de opções sos o indivíduo volte a beber, de ma-
de lazer explicam em grande parte o neira controlada, se ele assim o dese-
excessivo consumo de bebidas jar.
«quentes» — aguardentes, batidas, Atualmente o programa está aten-
etc. Nem mesmo é uma opção só das dendo a uma média de 60 segurados,
classes pobres. Pelo contrário, o pro- alguns dos quais têm apresentado si-
blema do alcoolismo em Natal, diz o Bebedor social: estágio nais positivos dc melhora, tanto na
sociólogo Nelson Patriota, está disse- esfera do trabalho quanto a nível fa-
minado em todas as classes e em am- desejo de auto-afirmação, de emanci- miliar e social. Acredita a equipe do
bos os sexos e a experiência do pro- pação, etc. Na verdade, diz Nelson, a INAMPS que o caminho mais acerta-
grama permite dizer, afirma ele, que sociedade cobra das pessoas que elas do para a solução dos problemas de
a gravidade do problema é a mesma, bebam, mas se escandaliza quando alcoolismo tem de ser buscada numa
não importando a condição financeira essas mesmas pessoas se embriagam abordagem multidimensional, como
ou social da pessoa. e provocam problemas. Há aí uma ní- está sendo feita, onde cada técnico
As razões que levam as pessoas a tida contradição entre o apelo à bebi- contribui com seu saber especializado
beber, diz o sociólogo do programa, da e suas consequências. Para ajudar de modo a construir um modelo de
são as mais diversas: desde a procura essas pessoas é que o programa foi trabalho onde o indivíduo é visto em
dos amigos nos bares, até a afirma- criado e está dando resultados satis- sua totalidade, atendendo-se às suas
ção da virilidade e do machismo, en- fatórios. aspirações e procurando ajudá-lo no
tre os homens, ao passo que entre as caminho da solução do seu proble-
mulheres pode ser explicado por um CONCEITO — A psicóloga Helena ma. •

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52 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
ARTIGO

As estatais
ea
economia
nacional
MÁRIO MOACYR PORTO

O artigo 170 da Constituição Federal estabelece: enfim, um somatório de fatores negativos que desa-
"Às empresas privadas compete, preferencial- fiam a mais arguta capacidade empresarial. A conver-
mente, com o estímulo e o apoio do Estado, organizar sa fiada que a crise é universal não convence. O pro-
e explorar as atividades econômicas. duto interno bruto dos nossos irmãos americanos atin-
§ — Apenas em caráter suplementar da inicia- giu a patamares tão elevados que eles mesmos se de-
tiva privada o Estado organizará e explorará direta- claram surpreendidos com a rápida e «milagrosa» re-
mente a atividade econômica". cuperação. Recentemente, o ministro da Economia do
Em que pese a determinação da nossa Lei Maior, Japão declarou à imprensa "que não sabe como o Bra-
que os maus fados reduziram à melancólica condição sil se encontra na difícil situação em que se debate".
de uma colcha menor de numerosos retalhos, a econo- O senhor Roberto Slinghton, vice-presidente do "Cha-
mia nacional se divide, a rigor, em dois pólos ou seg- se Manhattam", que é um dos maiores Bancos do
mentos: empresa estatal e empresa estrangeira. A mundo, manifestou em data relativamente recente, a
empresa brasileira, ressalvadas as inevitáveis excep- estranheza pela reduzida receita cambial do Brasil,
ções, caminha aos trancos e barrancos, notadamente aduzindo que, provavelmente, está havendo uma
nos tempos difíceis que atravessamos. "evasão de divisas". É a palavra insuspeitíssima do
Descobriu-se, recentemente, que a empresa esta- dirigente de uma das maiores organizações financei-
tal, além de ineficiente, era um viveiro de sinecuris- ras da Terra, credora do Brasil,' visivelmente escar-
tas, um paraíso de mordomias escandalosas, um fator mentado com a eventualidade de uma «evasão» que
de déficits astronômicos, enfim, verdadeiros mandari- diminui a chance de receber de volta q seu rico dinhei-
natos de privilégios inconcebíveis. ro. Lemos na «Folha de São Paulo» que, no ano passa-
Parte, grande parte desse libelo é procedente e do, o SNI levara ao conhecimento do Presidente da
irrefutável. As grandes empresas estatais, tomados República a prática generalizada da «evasão de divi-
de insofreávcl gigantismo, constituíram-se em uma sas», através do sub-faturamento de quem exporta e
espécie de federação de plutocracias, acima do contro- superfaturamento de quem importa, que acarretaria
le do Estado. Os seus déficits atingem as cifras mira- para o Brasil um desfalque da ordem de quinhentos
bolantes dos trilhões de cruzeiros etc. milhões de dólares por ano.
Mas de par com essas verdades irreplicáveis, so- Por tudo isso, advogamos hoje que todas as forças
bra uma verdade subjacente. Não será que por trás vivas deste infortunado País se unam para uma cora-
dessa campanha de descrédito, que se apoia em fatos josa tomada de posição, um posicionamento suprapar-
verídicos, não se esconde o malicioso propósito de ad- tidário que reponha a nossa Pátria nos trilhos, uma es-
quiri-las por parte de quem tem o fácil poder de com- pécie de trégua, no mais alto sentido da palavra, para
prá-las? Com a desvalorização do cruzeiro em relação enfrentar a borrasca, identificar os «inimigos» osten-
ao dólar, e as crescentes dificuldades que sufocam a, sivos e sobretudo os ocultos, pois para quem tem
empresa nacional, podemos afirmar que a metade da olhos de ver, há, hoje, uma profunda insatisfação em
indústria brasileira está exposta à venda pela metade todas as camadas da comunidade. Hegel, em lingua-
do preço. Há um cerco deliberado, cruel, selvagem, gem alegórica, dizia: "Só quando anoitece, o mocho
em torno do que resta de brasileiro entre nós. Escas- levanta o vôo da cabeça de Minerva", isto é, os diri-
sez de crédito, juros exorbitantes, aviltamento dos gentes insistem em dançar o minueto quando já se
preços das mercadorias destinadas a exportação etc, ouve a tropelada da carmanhola.

53rtN/ECONÔMICO- Agosto/83
xinguinha, para criar o Projeto Arri-
baçã, que deverá levar os artistas lo-
cais para apresentação nas principais
cidades do interior do Estado. FJe
quer também trazer o Projeto, da
SMEC, Zé Menininho, para o Teatro,
que na sua opinião seria uma maneira
de trazer o público da periferia para o
teatro.
Com a proposta de abrir o máximo
possível o Alberto Maranhão, laperi
diz que estuda também um Projeto
Escolarte, que seria entregar a cada
escola de 2.° grau um dia do teatro
por semâna, para apresentações das
manifestações culturais, como uma
forma de ensinar o caminho do teatro
ao povo.
O Alberto Maranhão está com sua
pauta já pronta para até o final de de-
zembro, que inclui apresentações de
um grupo de dança Tarancon, Egber-
to Gismonte, Turíbio Santos, João
Bosco e da peça Analista de Bagé,
entre outros, frisou laperi.
SALDO — Apesar das barreiras
iniciais — problemas com o serviço
O teatro continua trajetória... de som e atritos com outros espetácu-
los, cuja data de apresentação coinci-
TEATRO diam — o Projeto Pixinguinha chegou
ao final, apresentando a musa da bos-

laperi supera
sa nova, Nara Leão e o grupo Came-
rata Carioca, de 5 a 7 de agosto, com
um saldo considerado positivo, se-
gundo afirmou o superintendente do

dificuldades Teatro Alberto Maranhão, laperi


Araújo.
" 0 saldo do Pixinguinha foi bem

e está firme positivo, não só porque a gente trou-


xe público para o teatro, mas também
p o r q u e demos um apoio tão efetivo a
laperi Araújo está há poucos me- g r u p o s locais", afirmou laperi, infor-
ses à frente do Teatro Alberto Mara- m a n d o em seguida que a Funarte já
nhão, escolhido ainda no Governo La- pediu fita gravada e currículo vitae
voisier Maia para substituir Meira Pi- d e s s e s músicos que se apresentaram
res (falecido no final do ano passado) no Janela do Pixinguinha (participa-
e, no início sua indicação sofreu algu- ção dos artistas locais no Projeto), pa-
mas restrições, pelo fato dele não ra estudar a inclusão de alguns des-
pertencer ao mundo teatral da cidade. ses nomes no próximo Projeto.
Agora, porém, laperi considera as di- Levado a efeito somente este ano,
ficuldades superadas e afirma que embora a idéia tenha surgido há al-
tem bom relacionamento com todos gum tempo, o Janela para o Pixingui-
os grupos de teatro, inclusive com a nha tem como objetivo aproveitar as
Associação de Teatro Amador do Rio apresentações de artistas de nome já
Grande do Norte e Jesièl Figueiredo firmado no cancioneiro nacional, e
(um dos nomes que incluía a lista pa- mostrar o trabalho que se faz a nível
ra direção do TAM). local, em termos de música. O elenco
Em todas as oportunidades, laperi foi escolhido a partir de anúncios em
deixa claro que sua intenção é popu- jornais e emissoras de rádio, para
larizar o teatro, desmistificar a im- inscrição no Teatro Alberto Mara-
pressão que se tem do TAM e elabo- nhão, conseguindo inscrição de 16
rar uma programação que dê margem grupos interessados, mas somente
a que o «povo mesmo» procure o tea- sete (o número de espetáculos previs-
tro. Diz laperi que está contactando tos para o Pixinguinha) foram sele-
com a SEC, partindo da idéia do Pi- cionados, com base em votos de pes-
com trabalho de Iapery

54 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
soas ligadas à música e programas de pessoal de apoio, principalmente no

PEÇAS
rádios em Natal. espetáculo de Elza Soares, quando o
TAM teve de desembolsar seu pró-

PARA FIAT
RESULTADOS — Baseado em re- prio dinheiro para pagar o pessoal.
sultados (embora ainda imprecisos, Os custos totais do Projeto, a nível

E VOLKS
adiantou Iaperi) de um questionário nacional, foram de Cr$ 180 milhões e
aplicado pela Funarte, órgão respon- a nível de Estado do Rio Grande do
sável pela apresentação do Projeto Norte custou Cr$ 7 milhões, oriundos
em todo o Brasil, no último dia de da Secretaria de Educação, que se
apresentação, os grupos locais mais responsabilizou pelo serviço de som,
apreciados foram Pedro Inácio, Gal- hospedagem e passagens de avião
vão e João Galvão e Lóla. Dentre os para os artistas. Além dos 10 por cen-
artistas nacionais os mais votados fo- to destinados ao TAM, a bilheteria do
ram Miúcha e Braguinha e Nara Leão Pixinguinha era dividida com os artis-
e Camerata Carioca, os dois espetá- tas, a SB AT (Associação Brasileira de
culos mais concorridos e que tiveram Autores Teatrais) e ECAD (que trata

CASA
de ser reprisados em sessões seguin- dos direitos autorais dos músicos).
tes ao normal, para atender a deman- Totalizando 24 espetáculos em sete

DO VOLKS
da. Arrigo Barnabé, pouco conhecido semanas, emboj-a a previsão inicial
do giande público e que apresenta tenha sido de 21 apresentações, o Pi-
uma proposta musical completamen- xinguinha conseguiu, este ano, um
te inovadora e experimental, foi o público aproximado de 15 mil pes- Problemas do seu carro
artista cujas informações foram as soas, disse Iaperi Araújo — 13.500 de deixam de existir, quando
público pagante e quase dois mil de você faz uma boa opção, e,
cadeiras cativas, incluindo a impren- essa é a Casa do Volks.
sa, camarotes e cortesias. A projeção Dispondo de um excelente
anterior era de 18 mil pessoas, disse
estoque de peças, tintas
Iaperi, mas o que se conseguiu apro-
automotivas, acessórios,
ximou bastante do que se pretendia.
O espetáculo com menor público foi escapamento e volantes
o de Elza Soares, com apenas 1.100 esportivas; capas para bancos
pessoas, o que surpreendeu bastan- e sistema de som completo.
te, enquanto que o mais concorrido Todos com instalação grátis,
foi o de Nara Leão, com 3.700 pes- além de um amplo
soas, com duas reprises. Miúcha re- estacionamento. Sem
prisou uma vez. compromisso, faça-nos uma
Iaperi, um dos grandes responsá- visita.
veis pela vinda do Pixinguinha, des-
tacou, no entanto, a importância cul-
tural do evento, que estimulou o pú-
blico a procurar o teatro que, devido a
Estrutura para espetáculos um certo ostentamento de suas insta-
lações físicas, intimida um pouco.
mais contraditórias — uma parte do Além do mais, movimentou um pouco
público reagiu entusiasticamente, a cidade, bastante carente de eventos
enquanto outra detestou, literalmen- cultuais e artísticos.
te. .Criado em 1977, objetivando fixar
um hábito cultural com matéria-pri-
FINANCEIRAMENTE NÃO DEU ma exclusivamente brasileira, além
— Apresentado em Natal por obra e de ocupar espaços de programação
graça da Secretaria de Estado da no horário geralmente ocioso que é o
Educação e Cultura, depois de ges- das 18 horas, o Projeto Pixinguinha
tões feitas ano passado pelo então Se- trouxe este ano a Natal Nana Caym-
cretário de Educação, Luís Eduardo mi, Johnny Alf e como convidado
Carneiro e concretizado na atual ad- especial o principiante Flávio Sales;
ministração, o Projeto Pixinguinha Quarteto em Cy e Canhoto da Paraí-
contou com o patrocínio da Petrobrás, ba, Arrigo Barnabé, Elza Soares e
que arcou com 50 por cento das des- Batatinha da Bahia; Marinês e Sua
pesas a nível nacional, e apoio da Gente e Julinho do Acordão; Miúcha,
Caern e Prefeitura Municipal, res- Braguinha e Coisas Nossas e Nara
ponsáveis pel > cachê dos artistas lo- Leão e Camerata Carioca. O elenco
cGur°gel& Oliveira
cais. Mesmo assim, o Projeto não te- local estava formado, pela ordem de
ve grandes lucros, frisou Iaperi, in- apresentação, por Lóla, Alcateia Mal-
dita, Banda Imaginária, Barnia Loco-
Comércio e
Representações Ltda.
formando que o Teatro Alberto Mara-
nhão, a quem caberia 10 por cento, motiva, Galvão e João Galvão, Pedro
Inácio e Eustáchio Lima. • Av. P r u d e n t e de Morais, 1804
teve alguma dificuldade para pagar o Tels. : 223-2488 e 223-5048

RN/ECONÔMICO — Agosto/83
55
CLÁUDIO

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56 rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
CLÁUDIO

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57rtN/ECONÔMICO-Agosto/83
ARTIGO
Amenidades futebolísticas
ROSEMILTON SILVA

Fui e voltei e não vi nada modificado. Logo de che- ceira fase do Campeonato porque já havia caminha-
gada nos EE.UU um pequeno incêndio na casa em que do com dificuldades até ali e não podia parar porque
estava; roubado em pleno centro de Houston e de saí- seria uma vergonha.
da quase pego um furacão. Já me disseram que eu No entanto, a grande surpresa do Campeonato
saí muito carregado e espero ter «descarregado» tudo continua sendo a aparição de jogadores juvenis, espe-
por lá. Bom, não vi nada de futebol nos americanos cialmente no América, onde tem surgido vários bons
mas peguei (que azar!) o tal do beisebol que não en- atletas. Alguns deles até tiraram o clube do sufoco na
tendo patav ina e de quebra o futebol americano que hora da onça beber água como foi o caso de Júlio Cé-
também não consigo compreender. Mas na verdade sar no último jogo entre o clube alvirrubro e o tricolor
ninguém está querendo saber disso, o que está inte- de Currais Novos, quando todos imaginavam amargu-
ressando a moçada que me lê é como anda nosso fute- rar um empate, o garoto foi lá e botou a «menina» na
bol. É como disse no início: "Nada de novo no Front". gaveta, sem chance de defesa para o goleiro Souza.
Agora o América contrata três times e ganha o Cam- A volta de Níldemes Antunes também é um assun-
peonato. Isto é: Pio está de volta. Do outro lado, o to palpitante e vale um destaque porque sabemos da
ABC não quer amargar mais uma derrota e também capacidade técnica do apitador. Foi, ano passado, o
deve reforçar a equipe para o restante do grande nome da arbitragem e deverá sê-lo este ano ao
Campeonato. Alecrim mudando de direção (valem os lado de outros como César Virgílio. No mais não exis-
dois sentidos que o leitor queira dar a frase) e pela pri- te muito o que destacar, mas é bom lembrar, insistir
meira vez na minha vida compareci a posse de uma di- até, que a disciplina e n t r e jogadores e dirigentes con-
retoria de clube a convite de Joilson Santana e do mé- tribui bastante para que as rendas venham crescendo.
dico Roberto Vital com quem jantei no clube. Diabos, 0 último ABC e América, com muita agitação provou
desde hoje que eu faço mais crônica social que falar de que não só o comportamento leal e ordeiro de cada um
futebol. contribui sensivelmente para que tenhamos rendas de
Pelo que eu tenho visto ultimamente, o nível técni- bom nível c que venham retirar os clubes do sufoco.
co não cresceu em muito, mas o interesse da galera É verdade que os dois chegaram em igualdades de
tem aumentado em função de uma nova alma dada ao pontos e invictos e isso ajudou na agitação. Mas nin-
ABC e isso eu já prognosticava durante o início do ano guém pode esconder que os dias tranquilos do nosso
e dizia anos anteriores que enquanto o alvinegro não futebol, que a briga sadia dentro do gramado chame
voltasse as boas o público estaria ausente. Para ante- muito mais a atenção do torcedor que as babaquices
ver essa jogada aí não precisa ser comentarista nem que alguns costumam fazer.
escrever sobre futebol, qualquer torcedor de esquina Fugindo do nosso futebol, as pessoas que me co-
sabe disso. Mas sabe o que tem contribuído também nhecem têm me perguntado bastante sobre o que eu
para o retorno do torcedor ao Castelão? As palhaçadas acho da Seleção de Parreira. Minha resposta tem sido
que estão ausentes. Durante muito tempo fui uma bastante curta e com outra questão: "Ele tem uma Se-
pessoa que criticou Henrique Gaspar, mas agora te- leção"? Claro que não. 0 Parreira não tem consegui-
nho também que elogiá-lo pela maneira como vem se do formar um time. Cada jogo tem uma escalação di-
comportando, só espero que o diretor de futebol não ferente e única coisa que não mudou e que todos já sa-
influencie o presidente a tomar atitudes que não con- bem é que na ponta direita não terá um ponteiro. Por
dizem que o comportamento desportivo. essa razão afirmo sempre que Parreira ainda não tem
Por seu turno, os pequenos (Atlético, Riachuelo e Seleção e, certamente, não vai ter até, pelo menos,
demais) também criaram uma grande expectativa por- ano que vem.
que melhoraram bastante seus plantéis e não apresen- Seleção é a dos «meninos» no que pese ter perdido
tavam mais surpresas (ou apresentam) quando dificul- a medalha de ouro para o Uruguai. Nunca vi tanto azar
tam as partidas com os chamados clubes grandes. Já quando temos que decidir contra nossos irmãos uru-
os três do interior continuam amargando as suas cri- guaios. Embora o gol tenha nascido de uma «carrega-
s e s e quo não são muito diferentes. Problemas finan- da» com a mão, o time do Brasil, por aquela partida,
ceiros e crises nas diretorias. 0 estado mais grave não merecia mesmo ter vencido o jogo, mas deveria
continua sendo o Potyguar, de Currais Novos, que se- ter levado a medalha de ouro pelas outras apresenta-
quer possui jogadores reservas para figurar no banco. ções. Só que isso não deve servir de paliativo. Por seu
No ültimo jogo, quando enfrentou o América, apenas turno, é bom também que a equipe tenha suas derro-
dois jogadores estavam sentados no banco de reservas tas. Essa Seleção já vem papando alguns títulos nos
e um time onde só apareciam Paulo, Djanilson e Geo- últimos três anos e isso não é bom para o jogador bra-
Vak sem contar com o extraordinário Zé Neto. 0 presi- sileiro porque o envaidece muito e deixa-o pisando
dente Gilvan garantia que o clube continuaria na ter- «nos cascos».

rtN/ECONÔMICO - Agosto/83
58
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Bompreço S/ A — Supermercados do Nordeste
Confecções Guararapes S/A — Petrobràs - Petróleo Brasileiro S/A
Bandern — Banco do Estado do Rio Grande do Norte S/A
Radir Pereira & Cia. — A Sertaneja — Caixa Econômica Federal
Apern - Associação de Poupança e Empréstimo Riograndense do Norte
Cosern — Caern — Telern — Auto Locadora Dudu Ltda.
Sulfabril Nordeste S/A — Texita — Cia. Têxtil Tangará
Tecelagem Texita S/A — Galvão Mesquita Ferragens S/A
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Restaurante Xique-Xique — Nemésio Restaurante
Catre — Viação Riograndense Ltda. — Dentem Ltda.
Transportadora São Cristóvão Ltda. — Joaquim Alves Flor & Cia.
Motéis Tahiti — Dumbo Publicidades e Promoções Ltda.
Herbus Confecções S/A — Eldorado Administradora de Consórcio
Empresa Jornalística Tribuna do Norte Ltda.— Editora O Diário S/A
Apec — Associação Potiguar de Educação e Cultura
Souto Engenharia Com. Ind. Ltda. — Engarrafamento Murim Ltda
Eit — Empresa Industrial Técnica S/A — Dianorte/Diafil
Cirne — Cia. Industrial do Rio Grande do Norte

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