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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

5ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO


1942 - Escola Estadual de Ensino Médio Coronel PEDRO OSÓRIO - 2017
“Juntos faremos a escola que queremos!”
ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO
Instrumento de Avaliação: Prova ( ) Trabalho Individual ( ) Trabalho em grupo ( )

Nome:____________________________________Nº:________Ano:_______Turma:_____Data:____/____/2017
Professor (a): Martha Goularte Componentes Curriculares: Filosofia e Sociologia Trimestre: 2º Conceito:______

Objetivos A P R Final

1. Saber interpretar

2. Compreender a relação globalização – cultura

3. Compreender a relação globalização – marketing

4. Compreender os diferentes conceitos de poder

GLOBALIZAÇÃO, MARKETING E CULTURA: UM NOVO COLONIALISMO?

A ambiguidade do mundo globalizado

Que a globalização nos trouxe inúmeros benefícios, não se pode duvidar. O


mundo agora está praticamente todo interconectado. Temos acesso a informações
sobre o que acontece no Oriente Médio, na Turquia, no Paquistão... Podemos
conversar com pessoas, fazer novas amizades ou contatar amigos que estejam do
outro lado do planeta. Experimentar a culinária mais exótica com ingredientes
improváveis que circulam numa cadeia de exportação sem precedentes. Os mais
variados requintes das mais diversas culturas estão ao alcance de algumas poucas
conexões reais ou virtuais. O mundo pode experimentar a tequila produzida no México
ou a cachaça produzida em algum rincão de Minas Gerais. Podemos nos dar ao luxo
de comer tabule na segunda e sashimi na terça sem dispensar a feijoada na quarta.
Produtos, tecnologias, informações e pensamentos também gozam da facilidade de
acesso. Rituais tribais malaios, casamentos iroqueses, cerimônias druidas expostas em
vídeos na internet. Tudo isso tem ampliado nosso conhecimento, perspectivas e
oportunidades. Ampliando nosso leque de escolhas, oferecendo uma nova dimensão
para o pensamento e para a ação.
Contudo, não podemos perder de vista o lado mais daninho da globalização, que
se apresenta por inúmeras faces diferentes. Diz Aranha: “Os novos meios [de
comunicação] são responsáveis pela rápida e ampla difusão da informação, ao mesmo
tempo em que trazem o risco de massificar e homogeneizar, podendo descaracterizar
as culturas tradicionais e diluir as diferenças individuais”. Se temos farta diversidade de
opções culinárias nas grandes metrópoles, não é menos verdadeiro afirmar que
grandes redes de fast-food produzem pizzas que não podem ser chamadas assim.
Esfihas que deixariam qualquer árabe horrorizado. Presuntos que nada se assemelham
aos originais. No afã de oferecer a diversidade cultural, pasteurizam o produto mais
para agradar ao gosto e atrair o lucro do que para oferecer uma real experiência
gastronômica multicultural. Pior do que isso, fazem ostensiva propaganda de seus
produtos e domesticam paladares, matando a culinária, a cultura local e seus
produtores rurais. Produções de escarola, rúcula, chicória e almeirão substituídas por
uma monocultura de alface “mcdonaldizada”. Prática semelhante às primeiras
colonizações, que sobrepunham a cultura europeia
às culturas locais. Catequizavam curumins
Dados sobre grandes
ignorando suas raízes mais marcantes no intuito conglomerados empresariais
de retirá-los de um pretenso paganismo e de certa (megaempresas) e seus
controladores, bem como
barbaridade. Numa palavra: civilizando, ou melhor,
sobre financiamentos de
impondo uma cultura em detrimento de todas as campanhas eleitorais, podem
outras, no mais descarado preconceito de ser obtidos no site: http:
//proprietariosdobrasl.org.br
evolucionismo social.
/

O apoio econômico e militar às ditaduras militares era


oferecido pelos países mais ricos e mantinha sua fidelidade
obtendo em troca uma legitimação do poder conseguido à
força

Se essa prática neocolonialista ficasse restrita à alimentação, o mal seria menor,


mas temos também o fenômeno das fusões onde megaempresas absorvem as
pujantes indústrias locais, concentrando o poder na mão de poucos, mesmo que
preservando certa diversidade de produtos. Pequenas, mas pujantes, construtoras
sendo absorvidas por maiores. Um pequeno número de bancos; gigantes do ramo
alimentício, farmacêutico, criando oligopólios mundiais que dragam os recursos
dispersos por todas as faixas da pirâmide social diretamente para o topo.
Mesmo assim, se esse fosse meramente um artifício do jogo econômico, o mal
ainda seria menor. Ocorre que esses grandes conglomerados também são os grandes
financiadores de campanhas eleitorais. Mas seus financiamentos não se restringem a
dar apoio a determinadas correntes ideológicas. Financiam campanhas de candidatos
das legendas A, da B e também da C. De sorte que, qualquer que seja o candidato
vencedor, este terá seu débito moral com seu apoiador. Mesmo que o eleito adote uma
postura de isenção, e de fato, governe para o povo, sem dar qualquer contrapartida
para seus financiadores, esses podem se recusar a investir em sua próxima
candidatura, inviabilizando sua reeleição.

Perderá, por carência de recursos, a possibilidade de contratar os melhores


profissionais de marketing, os melhores assessores de imprensa. Ademais, os
financiamentos não são dos candidatos, mas dos partidos, o que transforma o
candidato em mera marionete, sem vontade própria, mas guiado pelos interesses do
partido.

Hoje temos candidaturas globalizadas. Não votamos mais em ideias, se tanto


em personalidades carismáticas. Não votamos em contrapontos ideológicos, eles
morreram! Votamos no poder econômico, e este é quase hegemônico. E mesmo o
exercício da política e da legislação não pode colidir com os interesses dos
financiadores. O espaço para manobras só é possível se passar ao largo dos
interesses econômicos maiores, e por que não dizer, globais.

Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à Filosofia, 4 ed. São Paulo:
Moderna. 2009.

Texto retirado da Revista


Filosofia – Coluna Reflexão e
Prática – Ano VIII – edição 99.
São Paulo: Escala. 2014

Curadoria de Carolina Desoti


Fernandes
Com base no texto e em seus conhecimentos, responda:

1. Por que o texto menciona um “novo colonialismo”? Que colonialismo é esse?


A que outros colonialismos ocorridos na História podemos fazer referência?
2. Por que o mundo globalizado provoca ambiguidade?
3. O segundo parágrafo aborda a expressão “cultura local”. Qual a diferença
entre cultura local e cultura global? Exemplifique.
4. Segundo o texto, se a prática neocolonialista ficasse restrita à alimentação, o
mal seria menor. Assim sendo, que outros setores, mencionados no texto,
estão à mercê dessa prática?
5. Por que o marketing é visto como prática de um novo colonialismo? Cite um
exemplo (do texto ou não) em que há a atuação do marketing.
6. Nos dias atuais é o poder político que governa o poder econômico ou é o
poder econômico que dita os rumos da política?
7. O poder econômico tem força para ir além dos anseios populares? Justifique
8. Deveríamos execrar (abominar) a figura do político corrupto ou ele
representa uma parcela da população também corrupta e que só não se faz
ver por falta de oportunidade?
9. É possível manter isenção política mesmo com instituições privadas
financiando campanhas?
10. É possível um bom candidato se eleger mesmo sem grandes financiadores
de campanha?

Observações:

Trabalho avaliativo em dupla;

Poderão ser entregues somente as respostas das questões;

Data: Até o dia 05 de setembro de 2017.

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