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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – CAMPUS ERECHIM

DIREITO AMBIENTAL

ACADÊMICA: TAÍS CARLA WOLF

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Para Arruda (2014) o surgimento da preocupação com o meio ambiente se deu no


século XX, isso fez com que mecanismos de proteção fossem elaborados. Como no caso
do Brasil, onde essa preocupação tornou-se mais visível a partir de 1988, com a
Constituição Federal (CF/1988), que apresenta um capítulo (Capítulo VI) voltado ao tema
ambiental.

Percebe-se então o nascimento do Direito Ambiental, que é definido por Souza


(2016) como a união de diversas normas jurídicas, que formam um conjunto de leis
destinadas a garantir que os seres humanos possuam direito a um “[...] meio ambiente
ecologicamente equilibrado, essencial a sadia qualidade de vida”, como descrito na
CF/1988. Sendo assim, surgem os princípios do Direito ambiental, que podem ter função
de interpretação de normas, união do sistema, entre outras (RONQUIM FILHO, 2015).

Quanto à evolução da preocupação com o meio ambiente, Martins (2008) destaca


que o marco inicial deu-se com a Conferência de Estocolmo de 1972, que teve como
produto a Declaração de Estocolmo, este documento apresenta 26 princípios do Direito
Ambiental. Após essa conferência ocorreu a ECO-RIO 92, nesta elaborou-se a Agenda
21 e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que continha 27
princípios relacionados ao meio ambiente. Ainda, pode-se destacar a conferência
realizada em Johanesburgo, que faz parte do histórico do direito ambiental. Percebe-se
então que todas estas conferências foram importantes para aumentar a preocupação com
o meio ambiente, no Brasil e no mundo (MARTINS, 2008). Alguns dos princípios do
direito ambiental referidos acima são descritos a seguir.

O primeiro princípio que pode ser destacado é o do “Meio Ambiente


Ecologicamente Equilibrado”, ele surge com a Constituição Federal de 1988, que em seu
artigo 225 apresenta que:

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“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.” (BRASIL, 1988).

Duarte Júnior (2011) afirma que esse princípio é o fundamental, de onde todos os
outros surgem. Ele trata, não somente do direito à vida, mas também da qualidade de vida
e que todas as pessoas têm o dever de proteger o meio ambiente.

O Princípio de Sustentabilidade também está relacionado com a Constituição


Federal de 1988, já que com esse princípio busca-se conservar o “meio ambiente
ecologicamente equilibrado”, ou seja, conservar o ecossistema, tanto para a sociedade
atual como a futura (RAMOS et al, 2016).

Além destes, surge o princípio do Acesso Equitativo aos Recursos Naturais, que
relaciona-se com a CF/88, como os princípios anteriores, mas mais especificamente no
início do artigo 225, onde descreve-se que que o meio ambiente é um “bem de uso comum
do povo”.

Considerando o princípio do pagador-poluidor, Antunes (2005; apud RAMOS et


al, 2016) afirma que ele baseia-se no fato de que os recursos naturais são limitados e os
usos do mesmo reduzem mais ainda as fontes. Assim sendo, é necessário contabilizar nos
custos do processo o pagamento pela poluição. Já para Duarte Júnior (2011), apesar da
obrigação que o empreendedor tem de pagar pelos danos causados, não quer dizer que ele
tenha direito de poluir. Pode-se destacar também, que este princípio está mencionado na
CF/1988, em seu parágrafo 3°. No mesmo sentido, o usuário-pagador deve pagar pelos
danos ao meio ambiente devido ao seu uso.

Cielo et al (2012) afirma que o princípio da prevenção busca a precaução e


orientação para garantir que não serão causados danos ao meio ambiente, atuando antão
quando se conhece os possíveis riscos. Ainda, Sirvinskas (2011, apud CIELO et al, 2012)
mostra que este princípio age através da prevenção por antecipação, o autor ainda cita que
este princípio também está descrito na CF/88, no artigo 225. Já o princípio da precaução
está presente nas Leis n° 11.105/2005 e 6.938/1981 e neste não há certezas sobre os danos
que uma atividade pode causar, entretanto, ele atua no sentido de se precaver caso a
atividade possa gerar algum dano.

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Outro princípio é o de informação e participação, no caso de informação Ronquim
Filho (2015) cita que todo o cidadão tem direito ao acesso a informações sobre o meio
ambiente, e devido ao fato de que os cidadãos são titulares do meio ambiente, o acesso a
informação relacionada a ele não deve ser privada, nem mesmo a Educação Ambiental.
Assim, este princípio também está presente na CF/88 no artigo 225, parágrafo 1° e inciso
6°, que diz que a educação ambiental e a conscientização da população devem ser
promovidas, para garantir a preservação (BRASIL, 1988). Ainda, o princípio da
participação serve para promover a atuação de todos na defesa do meio ambiente e este
princípio pode ser visualizado na CF/88 no trecho em que se destaca que a população e o
poder público devem ter participação da defesa do meio ambiente.

Volpato (2015) descreve outro dos princípios do direito ambiental, o princípio do


protetor-recebedor, que propõe que os indivíduos que atuariam de maneira a preservar o
meio ambiente poderiam receber uma compensação por esse ato. O autor afirma ainda
que este princípio surgiu com a Lei 12.305/2010, que trata da Política Nacional dos
Resíduos Sólidos

Finalmente, o princípio da obrigatoriedade da intervenção do Poder Público


também está descrito na CF/88, no artigo 225, no trecho que afirma que o Poder Público
tem o dever de proteger o meio ambiente (BRASIL, 1988).

REFERÊNCIAS

ARRUDA, Carmen Silvia Lima de. Princípios do direito ambiental. CEJ, Brasília, n. 62,
p.96-107, jan. 2014. Disponível em:
<http://www.cjf.jus.br/ojs2/index.php/revcej/article/viewFile/1864/1817>. Acesso em:
09 abr. 2017.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal de 1988. Constituição da


República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 09 abr. 2017.

CIELO, Patrícia Fortes Lopes Donzele et al. UMA LEITURA DOS PRINCÍPIOS DA
PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO E SEUS REFLEXOS NO DIREITO
AMBIENTAL. CEPPG, Goiás, v. [], n. 26, p.196-207, jan. 2012. Disponível em:

3
<http://www.portalcatalao.com/painel_clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/temp/a3cc
faf6c2acd18f4fceff16c4cd0860.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017.

DUARTE JUNIOR, Ricardo César Ferreira. Princípios do Direito Ambiental e a Proteção


Constitucional ao Meio Ambiente Sadio. E-gov, [s.l.], p.1-10, dez. 2011. Disponível em:
<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/princípios-do-direito-ambiental-e-proteção-
constitucional-ao-meio-ambiente-sadio>. Acesso em: 09 abr. 2017.

MARTINS, Juliana Xavier Fernandes. A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS AMBIENTAIS NA EFETIVAÇÃO DA PROTEÇÃO DO MEIO
AMBIENTE. ANAP, São Paulo, v. 1, n. 1, p.34-52, jul. 2008. Disponível em:
<http://www.redeacqua.com.br/wp-content/uploads/2011/09/Os-princípios-
constitucionais-ambientais.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017.

RAMOS, Edith Maria Barbosa et al. O DIREITO AMBIENTAL E OS PRINCÍPIOS DA


SUSTENTABILIDADE: uma breve análise histórico-jurídica. Revista Científica do
Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB, Maranhão, v. 1, n. 4,
p.1-19, jan. 2016. Semestral. Disponível em:
<http://www.undb.edu.br/publicacoes/arquivos/o_direito_ambiental_e_os_princípios_d
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RONQUIM FILHO, Ademar. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL. Direitos


Sociais e Políticas Públicas, Bebedouro, v. 3, n. 1, p.1-21, 26 jul. 2015. Disponível em:
<http://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-sociais-politicas-
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SOUZA, Paulo Roberto Pereira de. Os princípios do direito ambiental como instrumentos
de efetivação da sustentabilidade do desenvolvimento econômico. Veredas do
Direito, Belo Horizonte, v. 13, n. 26, p.289-317, maio 2016. Disponível em:
<http://www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/viewFile/705/508>.
Acesso em: 09 abr. 2017.

VOLPATO, Guilherme Bianchini. O princípio do protetor-recebedor e o IPTU verde:


fundamentos e perspectivas. 2015. 69 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/133918/TCCREPOSITÓ
RIO1.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 10 abr. 2017.

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