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MINISTÉRIO DA FAZENDA

Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional


Procuradoria da Fazenda Nacional no Estado de Goiás

EXMO (A). SR (A). JUIZ (A) FEDERAL 16ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS

PROCESSO nº 0031701-91.2017.4.01.3500
AUTOR: JOEL MARTINS VIEIRA (ESPOLIO)
RÉU: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)
A UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), por seu Procurador que
esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oportunamente
apresentar CONTESTAÇÃO aos pedidos formulados na ação, forte nos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir aduzidos.

DA SÍNTESE DA QUESTÃO

Trata-se de ação ordinária na qual a autora – filha - pretende seja a ré


condenada à restituição do Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos auferidos
pelo falecido pai, desde o diagnóstico de sua doença (Alzheimer), em 23/03/2010, até o seu
os dias atuais, alegando que o falecido fazia jus a isenção de IRPF, com fulcro no art. 6º,
incisos XIV e XXI, da Lei 7.713/88.

Eis, em breve síntese, a matéria posta na inicial.

DA PRESCRIÇÃO.

A propósito da prescrição/decadência do direito de repetição, o art. 168 do


Código Tributário Nacional assim estabelece, in verbis:

“Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do


prazo de 5 (cinco) anos, contados:
I- nas hipóteses dos incisos I e II do art. 165, da data da extinção do crédito
tributário;
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II- na hipótiese do inciso III do art. 165, da data em que se tornar definitiva
a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha
reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.”

Conforme se observa de tal preceptivo, nos casos do art. 165, I, do CTN, a


prescrição tem seu termo inicial na data da extinção do crédito tributário, sendo
quinquenal o prazo para o pleito da restituição.

Por sua vez, o artigo 165, I, do mesmo diploma legal, assegura ao


contribuinte o direito à restituição total ou parcial do indébito, dentre outros casos, quando
há “cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou a maior que o devido em
face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido.”

Para arrematar, no âmbito dos tributos sujeitos ao lançamento por


homologação, dispõe o art. 150, § 1º, do CTN, o seguinte:

“Art. 150. [...]


§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo
extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do
lançamento.”

Observe-se que o texto legal preceitua, literalmente, que o crédito tributário


extingue-se no exato momento em que é efetuado o pagamento do tributo, não sendo
possível que se adotem interpretações outras, em frontal desarmonia com a norma de
regência.

Já esses dispositivos seriam suficientes para revelar ser quinquenal o prazo


para perda do direito de repetição, cujo termo inicial é o recolhimento da exação tributária.

Todavia, para dirimir qualquer dúvida, foi publicada a Lei Complementar


118/2005, que, no seu art. 3º, dispõe sobre a interpretação do art. 168, I, do CTN.

“Art. 3º - Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no


5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção
do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por
homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do
art. 150 da referida Lei.”

Com efeito, o referido dispositivo legal nada mais fez do que conferir
interpretação autêntica ao art. 168, I, do CTN, afastando a tese conhecida como “tese dos
cinco mais cinco”, e acolhendo a tese da “actio nata”, a qual é defendida por boa parte da
doutrina e da jurisprudência.

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Da mesma forma, ficou assentado pelo STJ em julgamento de RESP pela
sistemática dos recursos repetitivos (REsp 1123624/CE, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, SEGUNDA TURMA), aonde restou consignado que a regra dos 5 + 5, aplicada
ao prazo prescricional na repetição do indébito dos tributos sujeitos a lançamento por
homologação, após a edição da Lei Complementar 118/2005, teria seu âmbito de
“vigência” e ‘aplicação” as ações propostas até a data limite de 08/06/2010.

Naquela oportunidade, restou expresso que a sistemática da contagem da


prescrição, com a aplicação da tese dos 5 + 5, se daria conforme a data em que fosse
efetuado o recolhimento indevido. Vejamos.

“a) quanto aos pagamentos realizados além dos cinco anos que
antecederam a vigência da LC nº 118/05, observa-se estritamente a
"sistemática dos cinco mais cinco";
b) no que tange aos pagamentos efetivados entre 10.06.00 e 09.06.05,
obedece-se à "sistemática dos cinco mais cinco" com certo temperamento,
restringindo-se o prazo prescricional até cinco anos, contados da entrada
em vigor das novas disposições;
c) no tocante aos recolhimentos efetuados de 10.06.05 em diante, incide a
LC nº 118/05 em seus exatos termos, ajustando-se o prazo prescricional a
cinco anos computados a partir do pagamento indevido.”

Do exposto, considerando que o fato ou ato que fundamenta a demanda do


autor é o pagamento indevido e considerando que a ação foi proposta em 15/03/2017,
após a data de 08/06/2010, e tendo em vista as considerações consubstanciadas na decisão
do Superior Tribunal de Justiça supra, fecha-se a argumentação relativa à prescrição com a
certeza de ter-se demonstrado a ausência de direito da parte impetrante, se for o caso,
repetir qualquer verba retida a mais de cinco anos da propositura da ação.

DO DESCABIMENTO DA ISENÇÃO

A isenção de tributos é prevista no artigo 176 do Código Tributário


Nacional:

Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre


decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a
sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua
duração.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do
território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:


I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
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A isenção é sempre decorrente de lei. A própria Constituição Federal, em
seu art. 150, § 6º, revigora o princípio de legalidade, ao exigir lei específica para a
concessão de isenção. A isenção só pode ser concedida por lei porque constitui uma
exceção à regra geral do Direito Tributário, consubstanciada no art. 3º do CTN, pela qual a
prestação tributária corresponde a uma atividade administrativa plenamente vinculada.

Além disso, dispõe o art. 97, VI, do CTN, que somente a lei pode
estabelecer as hipóteses de exclusão do crédito tributário, e entre elas se inclui a isenção.

Sobre a matéria dos autos, imposto de renda pessoa física, a Lei 7.713/1988
assim dispõe:

Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos


percebidos por pessoas físicas:
XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em
serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional,
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,
cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência
adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a
doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação
dada pela Lei nº 11.052, de 2004)

De fato, é importante para o deslinde da questão que abordemos a


impossibilidade de interpretação extensiva na legislação tributária que disponha acerca de
isenção de tributo. Ao tratar da interpretação da legislação tributária, o art. 111 do CTN
assim determina:

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha


sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Destarte, as regras de isenção devem ser interpretadas literalmente, não


comportando interpretações extensivas, conforme preceitua o art. 111, II, do CTN. A esse
respeito, colhe-se, na doutrina, o ensinamento abalizado do Luiz Emygdio F. da Rosa1,
verbis:

1
Direito Financeiro & Direito Tributário, 11ª edição, atualizada e aumentada, Rio de Janeiro,
Renovar, 1997, p. 591-2.
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O referido dispositivo, sua primeira parte, não admite, em matéria de
isenção, nem interpretação extensiva da legislação tributária, nem recurso
à analogia, em conseqüência do disposto no art. 111 do CTN, que
determina que se "interprete literalmente a legislação tributária que
disponha sobre suspensão ou exclusão do crédito tributário e outorga de
isenção.
Na realidade, o dispositivo em tela consagra em matéria de isenção a
interpretação neutra porque a isenção é uma exceção à regra de que,
ocorrendo o fato gerador, a autoridade administrativa deve promover a sua
cobrança. Assim, o processo de interpretação restritiva impõe que não se
estenda o alcance da lei a casos por ela não previstos expressamente, e,
desse modo, se uma lei concede isenção de IPTU em relação a determinado
imóvel, não se pode ampliar o alcance da lei para alcançar, por exemplo, a
taxa de incêndio incidente sobre o mesmo imóvel.

Com efeito, dúvida não pode sobejar quanto ao fato de que a norma jurídica
de isenção tributária é regra de direito excepcional, posto que subtrai bens ou pessoas ao
princípio geral da tributação. A norma que isenta, estabelecendo um regime tributário
especial para uma certa classe de casos e pessoas, constitui uma exceção à regra da
generalidade da tributação2.

Por tal fato, impõe-se a ela uma interpretação estrita ou restritiva, sendo
vedada sua extensão a casos não expressamente mencionados. Tal lição é sabiamente
ensinada por Pontes de Miranda, ao dizer que “as disposições legais que imunizam ou
isentam de impostos interpretam-se estritamente; e não cabe qualquer invocação de
equidade”3

Esse é o entendimento perfilhado pelos egrégios Tribunais Regionais


Federais, conforme se conclui das ementas abaixo transcritas:

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE
VENCIMENTO DE PESSOA PORTADORA DE NEOPLASMA MALIGNA.
IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO LITERAL DAS NORMAS
CONCESSIVAS DE ISENÇÃO (ART. 111, II, DO CTN). AUSÊNCIA DE
AFRONTA AO PRINCÍPIODA ISONOMIA. MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA DENEGATÓRIA DA SEGURANÇA.
1. O Poder Judiciário não tem função legislativa. Se o legislador não previu
expressamente a isenção de imposto de renda de pessoa portadora de
neoplasia que permanece na ativa, não há se falar em isonomia com
aqueles que, sofrendo da mesma enfermidade, encontram-se aposentados.

2
José Souto Maior Borges, Isenções Tributárias, São Paulo, Soluções Literárias, 1980. p. 107.
3
Citado por José Souto Maior Borges, in ob. cit., p.111.
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As normas concessivas de isenção são interpretadas literalmente, segundo o
art. 111, II, do CTN. 2. Apelo improvido.
(TRF da 1ª Região, AMS 01000083058/DF (Processo n°
199801000083058), 4ª Turma, Rel. Juiz Hilton Queiroz, DJ 17.3.2000).

DIREITO TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO DO QUE


DISPÕE O ART. 111, INCISO II, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.
I - Nos termos do art. 111, inciso II, do Código Tributário Nacional, a
interpretação da norma legal que disponha sobre a outorga de isenção
tributária deve ser realizada de forma literal.
II -Inexistindo norma legal que isente o portador da síndrome de
imunodeficiência adquirida (AIDS) do recolhimento do imposto de renda
sobre salários, não há que se falar na aplicação, por analogia, do art. 6º,
inciso XIV, da Lei nº 7.713/88.
III - Apelação a que se nega provimento.
(TRF da 3ª Região, AMS 183126/SP (Processo n° 97030854869), 4ª Turma,
Rel. Juiz Souza Pires, DJU 9.11.2001, p.461).

No caso dos autos, o serviço médico da Previdência Social, por meio do


INSS, relatou que o falecido sofria do mal de Alzheimer.

Todavia, conquanto tenha consignado que o periciado sofria de Alzheimer


não consta qualquer informação dando conta que o periciado sofria de delírios, alucinações
ou perda do juízo da realidade, ou que tal quadro pudesse ser equiparado à alienação
mental.

Ora, embora constatada a gravidade da doença, os problemas diagnosticados


pela perícia médica em nenhum momento sugerem a caracterização como alienação
mental.

Neste contexto, não há prova de que o autor reunia as condições para a


isenção do Imposto de Renda, vez que a prova constante dos autos demonstra que a doença
que o acomete não faz parte do rol exaustivo previsto na Lei 7.713/1998.

Face ao exposto, é forçoso concluir que a isenção prevista no art. 6°, XIV e
XXI, da Lei 7.713/1988 não ampara a parte autora.

ISENÇÃO – BENEFÍCIO PERSONALÍSSIMO

O falecido era portador de mal de Alzheimer desde 23/03/2010, vindo a


falecer em 14/08/2017, comprovado pelo atestado de óbito.

A Lei nº 7.713/88, com as alterações subsequentes, dispôs em seu art. 6º,


XIV e XXI:
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Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos
percebidos por pessoas físicas:
...........................................
XIV - os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em
serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional,
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,
cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência
adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a
doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;
.....................................................................................................................
XXI - os valores recebidos a título de pensão quando o beneficiário desse
rendimento for portador das doenças relacionadas no inciso XIV deste
artigo, exceto as decorrentes de moléstia profissional, com base em
conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido
contraída após a concessão da pensão.
......................................................................................................................

Como é cediço, a isenção do imposto de renda sobre os proventos de


aposentadoria, reforma ou pensão, em face da existência de moléstia grave que acomete o
contribuinte, visa desonerá-lo devido aos encargos financeiros relativos ao próprio
tratamento da doença.

Dessa forma, não há como a autora, herdeira, que não é portadora de doença
grave, aproveitar o direito ao benefício isentivo postulando a isenção sobre os
proventos/pensão recebidos após a morte do titular tampouco postular a restituição a que
eventualmente fazia jus o falecido.

Vale citar, a propósito, precedentes do E. Tribunal Regional Federal da 1ª


Região:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA


GRATUITA. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA POR DOENÇA GRAVE.
HERDEIRO. CARÁTER PERSONALÍSSIMO. PROPOSITURA DA
AÇÃO APÓS A MORTE DA PARTE. IMPOSSIBILIDADE. EXTINÇÃO
DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. PRECEDENTE. 1. A
assistência judiciária integral e gratuita e a ampla defesa estão previstas
no art. 5º, LV e LXXIV, da Constituição Federal. A Lei 1.060/1950, por sua
vez, assegura à parte o direito de requerer a concessão dos benefícios da
justiça gratuita a qualquer tempo (AC 1998.01.00.089785-0, TRF da 1ª
Região, Relator Desembargador Federal Hilton Queiroz, DJ 09/04/1999).
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2. É considerado isento de imposto de renda o recebimento do benefício
de aposentadoria por portador de moléstia grave, nos termos do art. 6º,
inciso XIV, da Lei nº 7.713/88. 3. Contudo, na hipótese, como bem
salientou o Juízo a quo: "De acordo com a Certidão de Óbito de fl. 268, a
Autora faleceu em 13/12/2010, antes, portanto, do ajuizamento da
presente ação, em 16/12/2010, impondo-se, portanto, a extinção do
processo, por inexistência da parte." 4. "A isenção do imposto de renda se
traduz em benefício de natureza subjetiva, concedido em função do
preenchimento de determinadas condições peculiares à pessoa beneficiária,
devidamente especificadas em lei. Portanto, encerra natureza
personalíssima e intransmissível, não se transferindo aos dependentes do
"de cujus", ficando limitado à pessoa do contribuinte beneficiário." (grifei).
(AC 00050593220044036103; Relator(a) Desembargadora Federal
Consuelo Yoshida; Sigla do órgão TRF3; Órgão julgador; SEXTA TURMA;
Fonte e-DJF3 Judicial 1 DATA:20/10/2011). 5. A fixação da verba
advocatícia deve atender aos princípios da razoabilidade e da equidade,
bem como remunerar o trabalho desenvolvido pelo causídico,
principalmente por ter efetivado a defesa da parte. 6. Precedentes: STJ -
RESP 200800753007 Relator(a) Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJE de
27/02/2009; REsp 965.302/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, julgado em 04/11/2008, DJe 01/12/2008; AgRg no REsp
1059571/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em
16/10/2008, DJe 06/11/2008; AGRESP 200501064519. Relator(a)
Humberto Martins, Segunda Turma, DJ de 23/04/2007, p. 00245. TRF/1ª
Região - AC 200538000315440, Relator(a) Juíza Federal Gilda Sigmaringa
Seixas (Conv.), Sétima Turma, e-DJF1 de 04/09/2009, p. 1918 e AC
2005.33.00.022779-5/BA, Rel. Desembargador Federal Carlos Olavo,
Terceira Turma,e-DJF1 p.127 de 13/08/2010). 7. Apelações parcialmente
providas.
(APELAÇÃO 00586683220104013400, DESEMBARGADOR FEDERAL
REYNALDO FONSECA, TRF1 - SÉTIMA TURMA, e-DJF1
DATA:29/08/2014 PAGINA:1342.)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE


RENDA. DOENÇA GRAVE. MORTE. CARÁTER PERSONALÍSSIMO.
DATA LIMITADORA DA ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO
À PENSIONISTA. PRECEDENTES. 1. Acerca da prescrição do direito de
pleitear repetição de indébito dos tributos lançados por homologação,
ressalto que o Pleno do Supremo Tribunal Federal, em recente julgamento
(RE 566621/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, trânsito em julgado em
17/11/2011, publicado em 27/02/2012), com aplicação do art. 543-B, do
CPC (repercussão geral), com eficácia vinculativa, reconheceu a
inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC nº 118/2005,
decidindo pela aplicação da prescrição quinquenal para a repetição de
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indébito, às ações ajuizadas a partir de 09 JUN 2005. Assim, considerando
que a presente ação foi ajuizada em 13/07/2005, aplicável o prazo
prescricional quinquenal. 2. É considerado isento de imposto de renda o
recebimento do benefício de aposentadoria por portador de cardiopatia
grave, nos termos do art. 6º,inciso XIV, da Lei nº 7.713/88. 3. "Ainda que o
art. 30 da Lei nº 9.250/95 determine que, para o recebimento de tal
benefício, é necessária a emissão de laudo pericial por meio de serviço
médico oficial, a 'norma do art. 30 da Lei n. 9.250/95 não vincula o Juiz,
que, nos termos dos arts. 131 e 436 do Código de Processo Civil, é livre na
apreciação das provas acostadas aos autos pelas partes litigantes' (REsp
nº673.741/PB, Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA DJ de
09/05/2005). Nesse diapasão, "de acordo com o entendimento do julgador,
esse pode, corroborado pelas provas dos autos, entender válidos laudos
médicos expedidos por serviço médico particular, para fins de isenção do
imposto de renda." (REsp 1088379/DF, Rel. Ministro FRANCISCO
FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/10/2008, DJe 29/10/2008).
4. In casu, ficou comprovado nos autos que o de cujus era portador de
doença de Parkinson desde junho de 2002, conforme laudo da perita
judicial acostado aos autos. Isenção reconhecida até a data do falecimento
do instituidor da pensão. 5. No tocante ao reconhecimento da isenção de
imposto de renda também à beneficiária da pensão por morte, razão não
assiste à apelante. Como bem salientou o juízo a quo: "No caso em tela,
quanto à pretensão de que a isenção concedida ao instituidor da pensão,
por intermédio do art. 6º,XIV, da Lei 7713, de 1988, seja extensiva à
pensionista não reúne condições de subsistir por se tratar de direito
personalíssimo que não se estende ao beneficiários da pensão deixada pelo
portador da moléstia.". (Precedentes: AC 200651010066433; Relator(a)
Desembargador Federal Alberto Nogueira Sigla do órgão TRF2 Órgão
julgador; Quarta Turma Especializada; Fonte DJU - Data::06/06/2007 -
Página::217; AC 00050593220044036103; Relator(a) Desembargadora
Federal Consuelo Yoshida; Sigla do órgão TRF3; Órgão julgador; SEXTA
TURMA; Fonte e-DJF3 Judicial 1 DATA:20/10/2011). 6. Apelações e
remessa oficial não providas. Sentença mantida.
(APELAÇÃO 00331758520084013800, DESEMBARGADOR FEDERAL
REYNALDO FONSECA, TRF1 - SÉTIMA TURMA, e-DJF1
DATA:18/01/2013 PAGINA:1479.)

Logo, resta inteiramente descabida a pretensão autoral de obter o direito à


isenção da pensão deixada pelo falecido e tampouco tem direito restituição do Imposto de
Renda sobre os rendimentos do de cujus, desde a data do diagnóstico doença, eis que
benefício personalíssimo que não se transmite e tampouco pode ser reclamado pelos
herdeiros.

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DOS PEDIDOS

Pelo exposto, a União pugna pela improcedência integral dos pedidos,


condenando-se o Autor nos ônus de sucumbência.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Goiânia - Goiás, 28 de fevereiro de 2018.

Marcos José Chaves


Procurador da Fazenda Nacional

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