You are on page 1of 2

INTRODUÇÃO

O leite é considerado o alimento mais completo da natureza. Apesar de ser constituído


basicamente por água, ele é considerado um produto de grande complexidade química e
física. É muito utilizado na alimentação humana devido ao alto teor proteico e por
fornecer vitaminas, minerais, carboidrato e certo teor lipídico.
As proteínas do leite compreendem duas frações principais: caseínas, que se apresentam
principalmente no estado de partículas coloidais, (micelas) e proteínas do soro, que
estão em solução (ROMAN; SGARBIERI, 2005). Juntas formam um sistema coloidal
estável com sensibilidade apenas ao pH ácido. Entretanto, segundo Oliveira e Timm
(2006) processos inflamatórios na glândula mamária aumentam a concentração de
plasmina no leite, cuja ação hidrolítica sobre a caseína leva à diminuição da
estabilidade. Há quatro tipos de caseínas no leite, α (alfa), β (beta), γ (gama) e κ (capa)
que estão em diferentes proporções e se diferenciam quanto ao teor de ácido fosfórico,
além disso, são constituídas por 92% de proteína e 8% de sais inorgânicos. As caseínas
podem ser separadas das proteínas do soro, albumina e globulina, e precipitar utilizando
dois processos: por adição de ácidos ou por fermentação da lactose que ao final é
transformada em ácido láctico. Os métodos tradicionais de fabricação de caseína
promovem alterações químicas irreversíveis na estrutura da micela de caseína, por meio
da acidificação ou modificação enzimática, a fim de facilitar a separação das proteínas
coaguladas dos constituintes do soro (Smithers G. 1991 apud ROMAN; SGARBIERI,
2005).

Distribuição de caseínas nos leites bovino e humano.


Caseínas (g/L) Leite bovino Leite humano
Caseínas totais 26,0 3,2
α - S1 10,0 Desprezível
α - S2 2,6 Desprezível
Β 9,3 2,2
Κ 3,3 1,0
γ 0,8 Desprezível
Fonte: (SGARBIERI, 2005)
A coagulação do leite é devido a uma alteração na estabilidade das micelas de caseína.
Após a hidrólise das proteínas, peptídeos negativos são formados, sendo necessária a
ação do íon cálcio (Ca2+) na neutralização destes resíduos, de modo a possibilitar a sua
agregação e formação do coágulo (YEGIN et al, 2011 apud MELO et al, 2015). A
fração κ das caseínas por conter ácido siálico impede que o cálcio se separe das caseínas
evitando o processo de coagulação. a solubilidade do cálcio, o qual se desloca para a
forma coloidal, aumentando o tamanho das micelas de caseína e diminuindo a força de
repulsão, formando o complexo β Lg/κ-caseína. A modificação da superfície micelar é
decorrente da redução do pH devido a formação de ácidos orgânicos a partir da
decomposição da lactose (WALSTRA & JENNES, 1984 apud FORTUNA, 2015).

As características físico-químicas do leite podem sofrer alteração devido a:


manipulação; microrganismos; fraudes; fatores nutricionais; ambientais e genéticos
(AGUIAR et al., 2005 apud NASCIMENTO et al., 2016). Devido a riqueza em
nutrientes, torna-se um meio favorável para o crescimento microbiano. De acordo com
Santana et al. (2001) apud (NASCIMENTO et al., 2016) a má qualidade do leite está
intimamente relacionada a deficiência no manejo e na higiene de ordenha e na
manutenção e limpeza dos equipamentos utilizados para sua obtenção. Segundo o
Ministério da Saúde as bactérias são responsáveis por 83,5% dos casos de intoxicação
alimentar atingindo vários alimentos inclusive leite e derivados (7,1%).

O leite pode ser acrescido de substâncias não permitidas, como o amido, com o objetivo
de aumentar o volume e o peso final. No entanto, tal atitude é considerada fraudulenta já
que altera a densidade original do produto e compromete a qualidade final do alimento.

Referências Bibliográficas

ROMAN, Janesca Alban; SGARBIERI, Valdemiro Carlos. Obtenção e caracterização


química e nutricional de diferentes concentrados de caseína. Revista de Nutrição:
Brazilian Journal of Nutrition, Campinas, v. 18, n. 1, p.75-83, fev. 2005. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732005000100007>. Acesso em: 25 set. 2017.

OLIVEIRA, Daniela S.; TIMM, Cláudio D.. COMPOSIÇÃO DO LEITE COM


INSTABILIDADE DA CASEÍNA. 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cta/v26n2/30170>. Acesso em: 25 set. 2017.

MELO, Allan Henrique Felix et al. Avaliação da influência do cloreto de cálcio na


atividade coagulante e proteásica de Penicillium sp SIS 23: REVISTA
BRASILEIRA DE AGROTECNOLOGIA. 2015. Disponível em:
<http://gvaa.com.br/revista/index.php/REBAGRO/article/view/3848/54-57>. Acesso
em: 25 set. 2017.

FORTUNA, Lelis Aparecida Petrini. ESTUDO DA ESTABILIDADE DA MICELA


DE CASEINA EM LEITE ESTÁVEL E INSTÁVEL NÃO ÁCIDO:
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E
DA SAÚDE INSTITUTO DE BIOTECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA. 2015. Disponível em:
<https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/969/Tese Lelis Aparecida
Petrini Fontoura.pdf?sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 25 set. 2017.

NASCIMENTO, Mariana R. et al. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO


LEITE EM PROPRIEDADES DO MUNICÍPIO DE SANTA RITA DO PASSA
QUATRO – SP: Hospital Veterinário / Universidade de Franca (HV/UNIFRAN).
2016. Disponível em:
<http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/viewFile/1184/842>.
Acesso em: 25 set. 2017.

AROUCA, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio. Nutricionista comenta sintomas


causados por alimentos estragados: informe ensp. 2012. Disponível em:
<http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/30572>. Acesso
em: 25 set. 2017.

You might also like