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12/09/2015 LEVAR A VIDA MUITO A SÉRIO FAZ MAL À SAÚDE ­

LEVAR A VIDA MUITO A SÉRIO FAZ MAL
À SAÚDE
ADULTO

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12/09/2015 LEVAR A VIDA MUITO A SÉRIO FAZ MAL À SAÚDE ­

Será mesmo que a vida é tão complicada quanto insistimos em torná­la? Ou será
que complicados, de verdade, são aqueles que fazem de tudo para
agregar complexidade às coisas mais simples da vida?

Já parou para pensar no quanto nós, humanos, somos mestres em transformar
pequenos esbarrões em motivos para sangrentas guerras? Sem dúvida, somos
campeões na arte de dar importância a besteiras e de cortar os pulsos por
acontecimentos que não deveriam passar de curiosidades impressas no papel
que vem sobre a bandeja do McDonald´s.

Quer saber o que eu realmente acho? Acho que estamos levando a vida
demasiadamente a sério. É sério! Temos dado muito peso a coisas que, no
máximo, deveriam servir como estopim para gargalhadas em botecos e como
inspiração para os roteiros do Woody Allen. Para onde foi a leveza das
pessoas?

Na hora de comer, ao invés de simplesmente sentirmos o sabor do alimento, nos
preocupamos em contabilizar calorias, monitorar o número de mastigações,
preencher planilhas e fazer cálculos para saber se o nosso prato tem a
quantidade recomendada de proteínas.
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12/09/2015 LEVAR A VIDA MUITO A SÉRIO FAZ MAL À SAÚDE ­

Na hora do sexo, ao invés de nos entregarmos àquela cosquinha boa, nos
distraímos procurando botões mágicos e testando posições inéditas que, em vez
de orgasmos, costumam terminar em dolorosas câimbras na panturrilha.

Nas relações amorosas, ao invés da sinceridade e de confessarmos o que
estamos sentindo, preferimos optar pelos joguinhos complexos recomendados
por especialistas que, como amantes, não passam de bons jogadores de xadrez.

Às vezes, contrariando um mundo que parece caminhar para um modelo cada
vez mais cheio de regras, de mandamentos invioláveis e de passos proibidos, eu
não quero nem saber se o ovo é mocinho ou se é vilão, só desejo a
simplicidade irresistível de uma gema mole escorrendo sobre um pão
francês cheio de miolo. Entende onde eu quero chegar? Complicar as coisas
faz tão mal ao coração quanto o colesterol ruim. Assim como eu não sei se o ovo
nasceu primeiro do que a galinha, também não sei se o que mais mata é a junkie
food ou se é o stress que sinto só de pensar em uma existência sem bacon,
glúten, açúcar e Coca­Cola. Juro que eu não sei!

Não estou dizendo para colocar um fone de ouvido quando a sua nutricionista
começar a falar, para comer trezentos ovos por dia ou para, assim como faz
um rock star, achar que sairá ileso se resolver depredar quartos de hotéis sob
efeito de heroína, mas, acredite: levar tudo muito a serio é uma postura tão
nociva à saúde quanto o tabagismo! Acha que eu estou brincando? Não estou
não! Quem leva a vida extremamente a sério e não acha nenhuma queda
engraçada, comprovadamente, costuma sofrer bem mais do que as pessoas que
já perceberam que a maior parte da vida não passa de uma grande brincadeira e
que, como consequência das constantes frustrações, a saúde também sofre
sérios danos. Que o Ministério da Saúde não me leia, mas, de acordo com a
minha opinião sem embasamento científico, uma pessoa que fuma e que não
possui o mínimo resquício de stress corre tanto risco de morte quanto uma
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pessoa que não fuma e que vive extremamente estressada. Não, eu não estou
incentivando o consumo do cigarro – vício que, assim como qualquer outro, eu
não recomendo ­, apenas utilizei o cilindro cancerígeno como exemplo para dizer
o quão mal faz levar tudo muito a sério.

Quer saber outra coisa bastante nociva à saúde? A obsessão que temos por
controlar todas as variáveis existentes na vida. Ao invés de aceitarmos a vida
como ela é – cheia de coisas que não podemos domar ­, insistimos em querer, a
todo custo, encontrar formas para obter o controle de tudo – do orgasmo ao
medo. Somos capazes de matar e de morrer para conseguir o domínio do que há
na galáxia. E, de tanto que queremos aquilo que nunca poderemos ter, nos
frustramos a cada vez que espirramos em público ou que não conseguimos
resistir ao desejo, às vezes indomável, de comer chocolate ao leite.

A verdade é que somos apenas formiguinhas flutuando sobre as ondas
imprevisíveis do acaso. E, enquanto não aceitarmos a nossa imutável pequenez e
a nossa incapacidade de controlar a órbita do planeta e os ponteiros do relógio,
graças a demissões inesperadas, a desejos inadiáveis de comer coxinhas bem
gordurosas e a chuvas traiçoeiras em dias de chapinha, a vida parecerá
infinitamente complicada. Porém, se você quiser ver o ângulo que eu mais gosto
da coisa, recomendo que preste bastante atenção das palavras a seguir, do Bob
Marley: “Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da
qual jamais sairemos vivos!”.

Não estou sugerindo que passe a enxergar a sua vida como uma total piada e
que comece a votar no Tiririca; apenas sugiro que preste atenção na forma como
você tem encarado os contratempos inevitáveis e inerentes à existência humana.
Será mesmo que você precisa sofrer tanto a cada vez que o trânsito resolver
parar? Será mesmo que o seu trabalho é tão importante a ponto de você permitir
que ele estrague a sua saúde e as suas horas de sono? Será que, ao invés de se

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12/09/2015 LEVAR A VIDA MUITO A SÉRIO FAZ MAL À SAÚDE ­

cobrar tanto, não seria mais saudável rir dos seus tropeços, camisas sujas de
mostarda e foras dignos de stand­up comedy?

Muitas vezes, meu caro, em vez de correr o risco de enfartar enquanto você se
desgasta tentando encontrar a solução para problemas insolúveis, o melhor a
fazer é procurar a graça existente na impotência humana que insistimos em negar
a cada vez que nos culpamos por coisas totalmente independentes de nós.

Nem sempre o Lexotan é o melhor remédio, pois em alguns casos, o melhor a
fazer é imaginar as pessoas, todas elas, usando apenas fraldas e prendedores
nos mamilos.

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Escrito por Ricardo Coiro – Via CATWALK

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