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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
Seu grande marco foi a Lei 6.938/81 que dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente.
A definição legal de meio ambiente consta do art. 3º da lei 6938/81, considerando-o como “o
conjunto de condições, leis, influencias e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Entende-se que o meio-ambiente é uno e indivisível, mas, para fins didáticos, pode ser
subdividido em 4 segmentos: natural, cultural, artificial e do trabalho.
Natural: formados pelos bens da natureza, com vida (bióticos) e sem vida (abióticos). Existem
independentemente da atuação humana: fauna, flora, recursos hídricos, ar, solo, etc.
Cultural, artificial e do trabalho: decorrem de uma atuação antrópica, corpóreos e
incorpóreos. A diferenciação é de acordo com o ponto de vista a ser adotado.
● Cultural: ligado à formação, ação e memória dos diferentes grupos da sociedade brasileira,
podendo ser materiais ou imateriais.
● Do trabalho: é previsto expressamente no art. 200 da CF, composto por bens que buscam
viabilizar o exercício digno e seguro do labor.
● Artificial: são os bens corpóreos que não fazem parte do meio-ambiente cultural ou do
trabalho. Ex.: casa recém construída.
Tais classificações são fungíveis, pois eventualmente uma casa pode se tornar patrimônio
cultural, etc.
#RESUMO
Meio ambiente natural Constituído pelos recursos naturais e pela correlação recíproca de cada um
desses em relação aos demais.
Meio ambiente artificial Constituído ou alterado pelo ser humano, é constituído pelos edifícios
urbanos e pelos equipamentos comunitários.
Meio ambiente cultural Patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico,
constituindo-se tanto de bens de natureza material quanto imaterial.
Patrimônio genético Admitido apenas por parte da Doutrina. Trata-se de informações de origem
genética oriundas dos seres vivos de todas as espécies, seja animal,
vegetal, microbiano ou fúngico.
Conclui-se que cabe ao direito ambiental regular as condutas humanas que possam afetar
qualquer modalidade de meio-ambiente (cultural, natural, artificial e do trabalho).
2. PRINCÍPIOS AMBIENTAIS:
A Lei 11.428/2006, que regula o Bioma Mata Atlântica, traz uma série de princípios: função
socioambiental da propriedade, da equidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-
pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade
procedimental, da gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às
populações tradicionais e do respeito ao direito de propriedade.
Uma série de princípios ambientais também vem listada no artigo 3.º, da Lei 12.187/2009, que
aprovou a Política Nacional sobre Mudança do Clima: princípios da precaução, da prevenção, da
participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e das responsabilidades comuns.
Posteriormente, o artigo 6.º, da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, previu os seguintes princípios ambientais: prevenção, precaução, poluidor-pagador, protetor-
recebedor, a visão sistêmica (na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental,
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública), desenvolvimento sustentável,
ecoeficiência (mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e
serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução
do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à
capacidade de sustentação estimada do planeta), entre outros.
Ambos buscam evitar a ocorrência de danos ao meio ambiente ou, se toleráveis, reduzido ao
máximo o impacto ao meio-ambiente.
Princípio nº 15: De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de
danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como
razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para precaver a degradação
ambiental.
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Alta incidência em prova, em 2015 no TJ/MS (VUNESP) foi cobrada a seguinte questão:
Um dos princípios produzidos em Conferências Internacionais sobre o Meio Ambiente e que serve para construção
normativa ambiental afirma que: “Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica
absoluta não deverá ser utilizada como razão para que seja adiada a adoção de medidas eficazes em função dos custos para
impedir a degradação ambiental”. Esta afirmação representa o princípio da: a) Precaução; b) Responsabilidade comum,
porém diferenciada; c) Prevenção; d) Informação; e) Responsabilidade integral.
coerência e precariedade.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Princípio da precaução, campo eletromagnético e legitimidade dos limites fixados pela lei
11.934/2009
No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos
nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e
eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que
sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme
estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF. Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
8/6/2016 (repercussão geral) (Info 829).
● As redes elétricas geram campos eletromagnéticos que podem fazer mal à saúde humana.
Por essa razão, foi editada a Lei nº 11.934/2009, que estabelece limites à exposição humana a campos
elétricos, magnéticos e eletromagnéticos.
● Uma associação de moradores de São Paulo ajuizou ação civil pública pedindo que a
concessionária de energia elétrica "Eletropaulo Metropolitana – Eletricidade de São Paulo S.A" fosse
obrigada a reduzir o campo eletromagnético na sua linha de transmissão localizada nas proximidades
deste bairro. A parte autora afirmou que os níveis do campo eletromagnético poderiam causar danos à
saúde humana e ao meio ambiente e pediu que a concessionária adotasse os mesmos parâmetros que
são previstos na legislação da Suíça. Um de seus principais argumentos foi o princípio da precaução.
● O caso chegou ao STF, que decidiu conforme o resumo do julgado colacionado no início
desse quadrinho. Ademais, o STF afirmou que o princípio da precaução não é absoluto e sua aplicação
não pode gerar temores infundados. Em tal caso, segundo o STF, o legislador brasileiro e a ANEEL
fizeram uma opção legislativa e administrativa por um critério e não se pode afirmar que esteja
inadequado.
#RESUMINDO
Prevenção Precaução
É aplicado nos casos em que os impactos Diz respeito à ausência de certezas científicas. É
ambientais já são conhecidos. Trabalha com a aplicado nos casos em que o conhecimento
certeza da ocorrência do dano. científico não pode oferecer respostas conclusivas
sobre a inocuidade de determinados
procedimentos.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
*#OUSESABER: A Reserva da biosfera integra o programa "O Homem e a Biosfera" criado pela
UNESCO em 1968 na Conferência sobre a Biosfera, em Paris. Conforme o artigo 41 da Lei 9985/2000,
é um modelo adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos
recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o
desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação ambiental,o
desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações.
Esse princípio estabelece que aquele que utilizar o recurso ambiental deve suportar seus
custos, sem que essa cobrança resulte na imposição taxas abusivas, de maneira que nem o Poder
Público nem terceiros sofram com tais custos. O objetivo do princípio do poluidor-pagador é forçar a
iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela produção e pelo consumo na forma de
degradação e de escasseamento dos recursos ambientais.
Vale ressaltar que o princípio não representa uma abertura à poluição, desde que pague por ele.
Inclusive, ele consta na Declaração do Rio de 1992, no Princípio 16: “Tendo em vista que o poluidor deve,
em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar
promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na
devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais”.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
“Pacífica a jurisprudência do STJ de que, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981, o
degradador, em decorrência do princípio do poluidor-pagador, previsto no art. 4º, VII (primeira parte),
do mesmo estatuto, é obrigado, independentemente da existência de culpa, a reparar – por óbvio que
às suas expensas – todos os danos que cause ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade,
sendo prescindível perquirir acerca do elemento subjetivo, o que, consequentemente, torna irrelevante
eventual boa ou má-fé para fins de acertamento da natureza, conteúdo e extensão dos deveres de
restauração do status quo ante ecológico e de indenização” (passagem do REsp 769.753, de
08.09.2009).”
Por fim, vejamos ainda a diferença entre o poluidor direto e indireto, distinção que pode ser
eventualmente cobrada em provas:
É aquele responsável diretamente pelo dano ambiental.
Poluidor Direto
Ex: Empresa responsável por um determinado acidente
ambiental.
É aquele que se beneficia da atividade poluente,
consumindo um determinado produto que é oriundo de
Poluidor Indireto uma atividade considerada poluente, ou quem cria os
elementos necessários para que a poluição ocorra,
permitindo que o bem a ser consumido seja lesivo ao meio
ambiente.
Por fim, vale ressaltar que o princípio poluidor-pagador possui viés preventivo e repressivo, ao
mesmo tempo em que promove o ressarcimento do dano ambiental, também visa evitá-lo3.
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O concurso de Procurador da República (2012) considerou INCORRETA a seguinte afirmativa: O princípio do poluidor
2.4. USUÁRIO-PAGADOR4:
OBS: Muito cuidado para não confundir o princípio do usuário-pagador com o poluidor-pagador!
Poluidor-Pagador Usuário-Pagador
O poluidor deve arcar com os custos sociais da Estabelece que todos aqueles que se utilizarem de
degradação causada por sua atividade recursos naturais devem pagar por sua utilização,
impactante. mesmo que não haja poluição.
2.5. PROTETOR-RECEBEDOR:
pagador tem índole exclusivamente reparatória ou ressarcitória, traduzindo a ideia de que o empreendedor que polui deve
arcar com os ônus daí decorrentes mediante a adoção de medidas de correção ou reparação do ambiente degradado.
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O TJ/SP (2015 – VUNESP) considerou correta a seguinte afirmação: Novamente quanto ao tema dos princípios do Direito
Ambiental, o que determina que aquele que se utiliza ou usufrui de algum recurso natural deve arcar com os custos
necessários para possibilitar tal uso configura o princípio do usuário-pagador.
a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo
de carbono;
b) a conservação da beleza cênica natural;
c) a conservação da biodiversidade;
d) a conservação das águas e dos serviços hídricos;
e) a regulação do clima;
f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico;
g) a conservação e o melhoramento do solo;
h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
Pode ser extraído do caput do art. 225 da CF, pela imposição de defender o meio-ambiente
para as futuras gerações.
Está presente na segunda parte do caput do art. 225, significando dizer que é obrigatória a
preservação ambiental tanto para o setor público quanto para o privado, de modo que a natureza do
poder de polícia ambiental é vinculada (excepcionalmente discricionário).
Assim, pode-se concluir que o dever do uso socioambiental da propriedade previsto no art.
170, III e VI, da CF, limita o direito à propriedade não só com comportamento negativo de “não poluir”,
mas também com comportamentos positivos de preservar.
De outro lado, sem essas informações, a sociedade civil não poderá fazer reivindicações
adequadas ou pertinentes, em razão do desconhecimento da matéria. Tanto é que vários autores
consideram o princípio da informação como um desdobramento do princípio da participação.
Voltando para a Administração Pública, que possui o dever de ditar padrões máximos de
poluição/degradação ambiental, para controlá-la. Cuida-se do dever estatal de editar e efetivar normas
jurídicas que instituam padrões máximos de poluição, a fim de mantê-la dentro de bons níveis para
não afetar o equilíbrio ambiental e a saúde pública.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Recurso especial 302.906, de 26.08.2010: “[...] O exercício do ius variandi, para flexibilizar
restrições urbanístico-ambientais contratuais, haverá de respeitar o ato jurídico perfeito e o
licenciamento do empreendimento, pressuposto geral que, no Direito Urbanístico, como no Direito
Ambiental, é decorrência da crescente escassez de espaços verdes e dilapidação da qualidade de vida
nas cidades. Por isso mesmo, submete-se ao princípio da não regressão (ou, por outra terminologia,
princípio da proibição de retrocesso), garantia de que os avanços urbanístico-ambientais conquistados
no passado não serão diluídos, destruídos ou negados pela geração atual ou pelas seguintes [...]”.
De acordo com o princípio do acesso equitativo aos recursos naturais, todo ser humano deve
ter acesso aos recursos naturais e ao meio ambiente de forma geral, na medida de suas necessidades.
O fato de o art. 225 da CF dispor que o meio ambiente é bem de uso comum do povo é reflexo do
referido princípio.
A declaração abriu o caminho para que legislações em todo o mundo se voltassem cada vez
mais para a proteção dos ecossistemas. Sob sua influência, no Brasil se editou a Lei n°. 6.938/81, que
declarou pela primeira vez no ordenamento jurídico nacional a importância do meio ambiente para a
vida e para a qualidade de vida, delimitando os objetivos, os princípios, os conceitos e os instrumentos
dessa proteção.
#APROFUNDAMENTO #ESPIADANAORAL
que ocorre quando se tenta (e se consegue) proteger direitos humanos de cunho ambiental nos
sistemas regionais de direitos humanos, que são sistemas aptos (em princípio) a receber queixas e
petições que contenham denúncias de violação de direitos civis e políticos.
O tema foi discutido no caso Comunidades Indígenas da Bacia do Xingú vs. Brasil (Caso Belo
Monte), que tratou da situação em que a construção de uma usina hidrelétrica vinha ocasionando
vasto impacto ambiental e afetando grande quantidade de comunidades indígenas.
Para boa parte da doutrina, as normas de proteção internacional do meio ambiente seriam
verdadeiras obrigações erga omnes. Isso porque toda a comunidade internacional possui interesse em
proteger os valores ambientais. Sobre o conceito de obrigação erga omnes para o Direito Internacional
dos Direitos Humanos, a lição de André de Carvalho Ramos: “Considera-se obrigação erga omnes a
obrigação que protege valores de todos os Estados da comunidade internacional, fazendo nascer o
direito de qualquer um de seus membros em ver respeitado tal obrigação”.
#TUDOJUNTOEMISTURADO
O Tribunal Penal Internacional decidiu, no final de 2016, reconhecer o ecocídio como crime
contra a humanidade. O termo designa a destruição em larga escala do meio ambiente. O novo delito,
de âmbito mundial, vem ganhando adeptos na seara do Direito Penal Internacional e entre advogados
e especialistas interessados em criminalizar as agressões contra o meio ambiente.
Ele está tanto previsto no Protocolo de Kyoto, quanto na Lei Brasileira de Mudanças
Climáticas (Lei 12.187/09). Sabemos que a temperatura da Terra vem aumentando em razão do efeito
estufa crescente, gerado pela emissão cada vez maior dos gases derivados do carbono. As nações vêm
tentando buscar a redução de emissões, mas sem sucesso. Considerando que todas as nações
contribuem para a emissão de gases, todas têm responsabilidade em comum no controle destas
emissões. Esse é o princípio da responsabilidade, que é diferenciada, pois aqueles que mais emitem
gases poluentes (China e Estados Unidos) têm a responsabilidade de adotar políticas públicas ainda
mais rigorosas que as dos demais países.
3. RESUMO:
DIPLOMA DISPOSITIVOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Artigos 225
LEI 6.938/81 Artigos 2º, 3º e 4º
LEI 10.650/2003 Artigo 2º
5. BIBLIOGRAFIA: