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Rosana Ricalde
• Explora a escrita fora de seu registro convencional;
• Busca na escrita uma densidade que vem sendo solapado pelo sentido de
urgência dos tempos em que vivemos;
• Confere uma visualidade corpórea a fragmentos de textos extraídos de poemas,
romances, manifestos;
• Subverte a narrativa, a semântica, a sintaxe do texto, expandindo-os numa
operação de superposição e rebatimento de sentidos, desassociando livremente
o conteúdo do texto e a forma do vocábulo.
A partir do texto Outras Sintaxes de Guy Amado, 2004
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm
Exposições individuais 2003
2011 Casa de Cultura da América Latina, Brasília.
O livro das Questões, Baró Cruz Galeria, São Paulo, SP. Insola(R)ções - Solar Grandjean de Montigny, RJ.
2009 2002
Mundo Flutuante - Galeria Baró Cruz, São Paulo,SP. Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho – Castelinho
O Navegante, Arte em Dobro, Rio de Janeiro, RJ. do Flamengo, RJ.
O Percurso da Palavra - Centro Cultural Banco do 2001
Nordeste, Fortaleza, CE. Vento Contentamento – Galeria do Centro de Artes
2008 UFF, Niterói.
Galeria 3+1, Lisboa, Portugal. Verba Volant, Scripta Manent – Espaço Maria
Palavras Compartilhadas – SESC Paraná, Maranhão, Martins, RJ.
Mato Grosso, Ceará, Bahia, Tocantins, Amapá e
Pernambuco.
2007
Cidades Ocultas – Arte em Dobro, RJ.
La Casa Del Lago – UNAM (Universidad Autônoma de
México) - Intervenção Urbana Cidade do México (trabalho
em parceria com Felipe Barbosa).
2006
Todos os Nomes – Galeria Amparo 60, Recife.
Horizonte Azul – Galeria Mínima, RJ.
2005
Móvel Mar – Galeria Casa Triângulo, SP.
Poesia DES –_RE_GRADA, Centro Cultural Oduvaldo
Vianna Filho – Castelinho do Flamengo, RJ.
2004
Palavra Matéria Escultórica - Museu de Arte
Contemporânea de Niterói.
Programa de Exposições Centro Cultural São Paulo, SP. Foto: http://revistatpm.uol.com.br/revista/100/arte-dos-sonhos.html
Exercício da Possibilidade - Centro Universitário Maria
Antônia, SP.
Labirinto e Labirinto Dadá, 2002|2003
A trança de palavras está na matriz de "Rede" (2002/2005), obra em progresso concluída no espaço museológico.
Cada visitante das exposições realizadas em Fortaleza e São Paulo construía um chaveiro com seu nome. O objeto,
criado a partir de letrinhas coloridas soltas e unidas pelo espectador, funcionava como um livro de visitações cheio
de vida. E uma rede era criada com a memória de todos os que tinham estado em contato com o trabalho.
Daniela Name
http://novoscuradores.com.br/artigo-blog/rosana-ricalde/4/2011
http://www.rosanaricalde.com/menuport.html
Rede, 2002|2005
Rede, 2002|2005
rede construída com peças de porcelana e aros de chaveiros, a
malha da rede foi feita com o nome de cada pessoa que entrou
na sala onde a obra estava durante a I Bienal Ceará América/
de Ponta-Cabeça – Fortaleza. Outros nomes foram
acrescentados durante a abertura da mostra Homo Ludens
(Instituto itaú Cultural). Dimensões variáveis.
http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038705851/sizes/m/in/photostream/tream/ e
http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1038706161/in/photostream/lightbox/
O que os olhos não vêem o coração sente
Galeria do Poste – 2002
Facebook da artista
“Eu fiz a faculdade, tinha produção, mas o trabalho
Alfabeto de Verbos – 2002
não tinha identidade. Quer dizer, você pega cada
Trabalho inaugural da identidade coisa que você conhece e vai digerindo, mas
artística de Ricalde aquilo ali ainda não tem uma linha.
Tudo o que a gente pode fazer está O início dessa linha foi o trabalho que se chamou
delimitado ali, tudo tem um nome.
Alfabeto de Verbos (2002), em que datilografei
todos os verbos da língua portuguesa em etiquetas
e colei em 42 painéis.
Trabalho realizado ao redor do prédio Galeria Marta Traba – Memorial da América Latina. Vinil adesivo branco
aplicado sobre os vidros contendo verbos da língua portuguesa com DES / RE aparecendo nas três formas ex:
animar / reanimar / desanimar – 2003
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/poesia_desregrada.htm
Palavra Matéria Escultórica
Felipe Barbosa / Rosana Ricalde
Museu de Arte Contemporânea de Niterói,
2004
Mostra composta por trabalhos desenvolvidos a partir de alguns manifestos da arte moderna,
como o "Manifesto Antropófago", de Oswald de Andrade, o "Manifesto Neoconcreto" e o "Primeiro
Manifesto Dadá".
A artista trabalha esses textos materializando e reformulando seus conteúdos, sem o compromisso
de promover uma purificação ou de encontrar soluções para os caminhos da arte. O público
poderá reler os manifestos sob uma nova ótica, permitindo o exercício da possibilidade.
Dentre os diversos trabalhos presentes na exposição, dois serão distribuídos ao espectador: o
Labirinto Dadá (jornal editado a partir do primeiro Manifesto Dadá) e o Caça Palavras (edição a
partir do Manifesto Antropófago).
http://www.artbr.com.br/mariaantonia/2004/04abril/
Exercício da Possibilidade
Funarte, RJ, 2004
Dadá é uma nova tendência da arte. Percebe-se que o é porque, sendo até agora desconhecido, amanhã toda a Zurique vai
falar dele. Dadá vem do dicionário. É bestialmente simples. Em francês quer dizer "cavalo de pau" . Em alemão: "Não me
chateies, faz favor, adeus, até à próxima!" Em romeno: "Certamente, claro, tem toda a razão, assim é. Sim, senhor, realmente.
Já tratamos disso." E assim por diante.
Uma palavra internacional. Apenas uma palavra e uma palavra como movimento. É simplesmente bestial. Ao fazer dela uma
tendência da arte, é claro que vamos arranjar complicações. Psicologia Dadá, literatura Dadá, burguesia Dadá e vós,
excelentíssimo poeta, que sempre poetastes com palavras, mas nunca a palavra propriamente dita. Guerra mundial Dadá que
nunca mais acaba, revolução Dadá que nunca mais começa. Dadá, vós, amigos e Também poetas, queridíssimos Evangelistas.
Dadá Tzara, Dadá Huelsenbeck, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá, Dadá Hue, Dadá Tza.
Como conquistar a eterna bemaventurança? Dizendo Dadá. Como ser célebre? Dizendo Dadá. Com nobre gesto e maneiras
finas. Até à loucura, até perder a consciência. Como desfazer-nos de tudo o que é enguia e dia-a-dia, de tudo o que é
simpático e linfático, de tudo o que é moralizado, animalizado, enfeitado? Dizendo Dadá. Dadá é a alma-do-mundo, Dadá é o
Coiso, Dadá é o melhor sabão-de-leite-de-lírio do mundo. Dadá Senhor Rubiner, Dadá Senhor Korrodi, Dadá Senhor Anastasius
Lilienstein.
Quer dizer, em alemão: a hospitalidade da Suíça é incomparável, e em estética tudo depende da norma.
Leio versos que não pretendem menos que isto: dispensar a linguagem. Dadá Johann Fuchsgang Goethe. Dadá Stendhal. Dadá
Buda, Dalai Lama, Dadá m'Dadá, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá. Tudo depende da ligação e de esta ser um pouco
interrompida. Não quero nenhuma palavra que tenha sido descoberta por outrem. Todas as palavras foram descobertas pelos
outros. Quero a minha própria asneira, e vogais e consoantes também que lhe correspondam. Se uma vibração mede sete
centímetros, quero palavras que meçam precisamente sete centímetros. As palavras do senhor Silva só medem dois
centímetros e meio.
Assim podemos ver perfeitamente como surge a linguagem articulada. Pura e simplesmente deixo cair os sons. Surgem
palavras, ombros de palavras; pernas, braços, mãos de palavras. Au, oi, u. Não devemos deixar surgir muitas palavras. Um
verso é a oportunidade de dispensarmos palavras e linguagem. Essa maldita linguagem à qual se cola a porcaria como à mão
do traficante que as moedas gastaram. A palavra, quero-a quando acaba e quando começa.
Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se
plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca
nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância.
Hugo Ball, Zurique, 14 de Julho de 1916
Exercício da Possibilidade
*
Funarte, RJ, 2004
O manifesto neoconcreto
transborda-se para o seu interior,
dilui as molduras sintáxicas que
estruturam as frases e os
sentidos, implode a palavra e
abole as fronteiras entre a
linguagem, a arte e a matemática
em um quadro estatístico das
letras e sinais que o compõe.
Exercício da Possibilidade
Funarte, RJ, 2004
No ápice concretista, durante a I Exposição Nacional de Arte Concreta (1956/57), (Waldemar Cordeiro) propõe
uma nova correlação entre “O objeto” e a sensibilidade, fundada na “experiência direta”, mas atenta à
“potencialidade social da criação formal”. (...)
A arte é conceituada como produtora de objetos que são fontes de conhecimento, matrizes de uma nova
realidade. Mais do que fatura, a obra é produto; o único conteúdo (e valor) artístico admitido é o fato visual
concretamente materializado pela obra. (...).
“Realismo artístico e não realismo anedótico.” Forma autônoma de conhecimento, a arte afronta o mundo
exterior com seus próprios meios, em total independência das injunções verbais, abrindo-se à realidade sem
alterar sua essência. O aval desse argumento é o conceito de “arte produtiva” de Fiedler, que se opõe ao
idealismo da arte de “expressão” – “a arte não é expressão mas produto; a linguagem artística não é expressão
do ser, mas forma do ser”. Sendo produto, ela não exprime, é. (...)
Reconhecidas a especificidade e a autonomia da arte, credita-se ao fazer artístico um papel analítico, reflexivo,
cognitivo, depurador do olhar. O fato pictórico adquire significação com a própria prática visual. A arte enquanto
“pensamento por imagens” alcança a intelecção artística no ato mesmo em que se realiza. A construção de um
campo disciplinar autônomo constitui a essência da arte concreta, informando teoria e ação ao longo dos anos
1950. (...)
A singularidade do concretismo brasileiro e, particularmente, de Cordeiro, deve ser imputada à associação
inusitada de Fiedler, Gramsci e teoria da Gestalt: arte como objeto, portanto conhecimento sensível fundado na
experiência direta e voltado à pedagogia do olhar, entendidos a ação cultural como fato político e o intelectual
como agente persuasivo a produzir valores endereçados à transformação das concepções de mundo das massas.
In MEDEIROS, Givaldo. Dialética concretista: o percurso artístico de Waldemar Cordeiro, revista do ieb n 45 p. 63-86 set 2007
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rieb/n45/a05n45.pdf
Exercício da Possibilidade
Centro Universitário Maria Antônia,SP, 2004
O manifesto antropofágico
digere e degusta suas várias
dobras e elisões. Tanto saborear
uma sopa de letras, como
constatar a impossibilidade de
encarar nossa identidade no
espelho sem que nossa
imagem, ali reluzida, oculte e
devore a carne da palavra
manifesta no reflexo.
Manifesto antropofágico, 2002
Manifesto Antropofágico escrito em vinil adesivo ao Marisa Flórido Cesar, 2004
contrário num espelho de frente para outro espelho, http://www.muvi.advant.com.br
130x90cm cada espelho
A leitura só é possível no espelho que reflete a
imagem do manifesto. O reflexo é infinito já que são
dois espelhos se refletindo.
Sopa de Letras - trienal de San
Juan, 2004
http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde e http://www.rosanaricalde.com/obrasport.html
Caça Palavras - 2003
Caça Palavras realizado com o Manifesto Antropófago - distribuído para que o público encontre as
palavras, formulando seu próprio texto. 2003
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/caca_palavras.htm
EXERCÍCIO DA POSSIBILIDADE
trabalhos realizados a partir dos manifestos modernos
Entre ver e falar, entre o Verbo e a Imagem, o Olho e a Palavra, duelaram antigas e "fraternas" rivais: a pintura e
a poesia.
Entre a escrita e a imagem pictórica, entre um objeto qualquer e a palavra que o enuncia, Magritte e Duchamp
explicitariam a lacuna ou a complexa e arbitrária articulação entre eles. Uma descontinuidade que colocava, a
descoberto, a inexistência de um vínculo, na origem, que encerraria uma ligação inequívoca entre ver e falar,
que nos prometia uma decifração perfeita dos signos, uma tradução precisa de nossas experiências neste
mundo amorfo e enigmático.
É, talvez, em torno desse colapso, dessa falha fundamental, que se ensaiam os discursos, que se atrevem as
escritas, que se confrontam as inumeráveis das leituras que, do texto, o animam. A palavra instala-se entre o
silêncio e a imensa possibilidade da interpretação. Exercícios de sua possibilidade.
É também nessa fissura, nesse espaço de complexa urdidura, em que se aventuraram Magritte e Duchamp, a
poesia concreta e a arte conceitual, que Rosana Ricalde vai operar, enfrentando a escrita e seu paradoxo
ser a um só tempo imagem e palavra.
Se a artista escolhe um determinado gênero de texto, os manifestos da arte moderna, sua opção não é um
lance do acaso. Há ali uma intenção de fazer ecoar os múltiplos enunciados por elas recalcados, de fazer
fulgurar ali as visibilidades variadas. De exibir dessa história sem finalidade comum em que hoje vivemos: não o
fim da História, mas as várias direções possíveis, como uma finalidade dilatada e sem desenlace, uma finalidade
plural e sem fim.
Ora, os manifestos são tão presentes na modernidade que a ela se confundem. Afinal, se o real revestia-se
então de estranhezas, se aos objetos do mundo restava a atribuição fantasmagórica de coisa, como a arte
poderia escravizar-se à uma representação mimética de um modelo indecifrável? A insuficiência desse modelo
reservava à arte a problematização de seu estatuto ontológico, o fundamento de sua própria verdade.
A partir do texto de Marisa Flórido Cesar,abril de 2004
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/exercicio_da_possibilidade.htm
Ensaio sobre a cegueira 2004
No trabalha sobre Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, Rosana parece conferir materialidade à experiência
imaginativa sugerida pelo autor, nas soluções plásticas que realiza a partir de aspectos presentes no romance. A
artista explora e dá forma à bela imagem de "se fechar os olhos para ver" - talvez a única maneira de se recuperar a
lucidez e resgatar uma dimensão afetiva em nosso trato com o mundo das coisas -, alargando a experiência do
encontro entre linguagem e leitor, numa prática que configura uma dimensão imersiva de fruição.
Outras Sintaxes de Guy Amado
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm
Ensaio sobre a cegueira
2004
A LUZ – 2004
Instalação com as páginas do livro
“Ensaio sobre a Cegueira” de José
Saramago, de onde foram retiradas as
palavras luz e escuridão, olhar e ver, e as
palavras referentes a cegueira.
http://www.flickr.com/photos/rosanaricalde/1039557298/in/photostream/
Ensaio sobre a cegueira 2004
Labirinto, 2004, desenho de um labirinto realizado com as palavras referentes a cegueira, retiradas do livro
Ensaio Sobre a Cegueira (de José Saramago), 60x60 cm
Olhar e ver, 2004, desenho realizado com as palavras olhar e ver, retiradas do livro Ensaio Sobre a Cegueira
(de José Saramago), 45x45 cm
Luz e escuridão, 2004, realizado com as palavras luz e escuridão, retiradas do livro Ensaio Sobre a Cegueira
(de José Saramago), 40x40 cm olhar, 2004, frase escrita em Braille, 20x30 cm
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm
Ensaio sobre a cegueira 2004
http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/rosana_ricalde/ensaio_sobre_a_cegueira.htm
Poemas referentes aos rios e ao mar escritos em vinil adesivo em vários tons de azul, aplicados
sobre placas de vidro - total de 25 placas de vidro de tamanhos variáveis.
Desenvolvo já há algum tempo uma intensa pesquisa sobre elementos e códigos da comunicação
literário-verbal e as possibilidades de alargamento e expansão dos limites contidos nessa
dinâmica. Tenho especial interesse pelos suportes tradicionais da escrita, encontrando aí material
para intervenções que tensionam a linguagem em seus aspectos fonético, morfológico, sintático,
semântico e, eventualmente, social. A palavra se apresenta então como elemento-base neste
processo, plataforma de atuação onde a manipulação de sua forma irá configurar os
deslocamentos poéticos por mim produzidos.
Não se trata apenas de explorar a escrita fora de seu registro convencional, mas de buscar por
um grau de densidade da mesma que é mais e mais solapado pelo sentido de urgência dos
tempos em que vivemos. Procuro conferir visualidade corpórea a fragmentos de textos extraídos
de poemas, romances, manifestos; como se a partir desta ação, a palavra se visse efetivamente
"praticada", ganhando corpo em arranjos que se projetam para além de seu suporte originário,
expandindo-se em desdobramentos simbólicos cuja silenciosa presença é pontuada por um
comentário poético a respeito das instâncias envolvidas no processo da escrita e de sua
assimilação. Elementos caros à escrita - a narrativa, a semântica, a sintaxe do texto - são
subvertidos, expandindo-se numa operação de superposição e rebatimento de sentidos, no que
pode ser apreendido como uma livre prática de desassociação entre conteúdo do texto e a forma
do vocábulo.
Rosana Ricalde
Fonte: http://www.muvi.advent.com.br
Encontro dos rios com o mar 2004
Poemas referentes aos rios e mares em vários idiomas escritos em vinil adesivo, em
vários tons de azul, aplicados sobre 25 placas de vidro de tamanhos variáveis
Móvel Mar
Galeria Casa Triângulo,SP , 2005
desenho feito com a palavra desenho feito com a palavra Desenho de ondas feito com o nome dos 51 mares
oceano índico . oceano pacífico.
e 5 oceanos – utilizando canetas hidrográficas em
diversos tons de azul / desenho feito em 72 folhas
de 75x64cm de papel montado em módulos -
224x263cm
O desejo por aproximar campos distintos é explorado nos trabalhos da série Auto-retratos, em que
poemas de cinco autores que formularam, em palavras, o que imaginaram ser a própria imagem
(fisionômica ou moral), são reproduzidos, com fita rotuladora, sobre superfícies planas.
* Série presente em Palavras compartilhadas A partir do texto Mar Móvel de Moacir dos Anjos
Fonte: http://www.muvi.advent.com.br
Paredes tomadas por centenas de provérbios em textos coloridos. O visitante teve a opção de escolher um óculos
azul ou vermelho. Aquele que colocou o óculos azul só enxergou o vermelho e o que colocou o óculos vermelho
só enxergou o azul.
* Obra presente em Palavras compartilhadas
Poesia DES _RE_GRADA Centro
Cultural Oduvaldo Viana Filho, 2006
Sala ocupada pela obra que deu nome à exposição (Poesia Desregrada). O local foi preenchido com verbos com os prefixos
re e des. Exemplo: Animar - Reanimar - Desanimar.
290x1100 cm
Poesia DES _RE_GRADA Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho, 2006
contrapoemas, 2004
poemas de Manoel Bandeira recortados em vinil adesivo preto e poemas construídos com palavras
antônimas recortadas em vinil branco adesivados sobre vidro-moldura de madeira, 100x100 cm cada
módulo
DESENCANTO ENCANTO
Eu faço versos como quem chora Você não faz prosas como quem ri
De desalento...de desencanto... De alento...de encanto...
Fecha o meu livro, se por agora Abro seu livro, se por depois
Não tens motivo algum de pranto. Tenho motivo algum de riso
Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Sua prosa não é sangue. Sofrimento gelado...
Tristeza esparsa... Remorso vão... Alegria reunida...Impenitência justificada...
Dói-me nas veias. Amargo e quente, Alegra-lhe nas veias. Doce e frio.
Cai, gota a gota, do coração. Levanta, gota a gota, do coração;
mares 2006
desenho sobre 28 folhas de papel
Cidades e a Memória 2006 - mapa de memória da minha cidade natal, construído a partir da lembrança de onde residia cada morador
Cidades Invisíveis
3+1 Arte Contemporânea, Lisboa 2008
Barcelona, 2007, 52x68x5 cm Atenas, 2008, 52x68x4 cm Lisboa, 2008, 150x178x5 cm.
plantas desenhada com frases do livro Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino http://www.3m1arte.com/3mais1/index.php?p=2&artinfo=15&works
Cidades Invisíveis
3+1 Arte Contemporânea, Lisboa, 2008
atlas terra, 2007, atlas recortado deixando apenas as partes de terra, 42x70x7 cm
atlas pólos, 2009, atlas recortado e colado, 23x33x4 cm;
atlas mar, 2007 e 2009, atlas com a terra retirada de todas as páginas, 42x70x7 cm; 2007
“Meu encontro com os mapas se deu
a partir o livro do Ítalo Calvino, As
cidades invisíveis, e por causa dele fui
ler As viagens de Marco Pólo. Aí eu
resolvi fazer o trabalho da planta do
Rio, e depois o globo veio por causa
do Marco Pólo.
O encontro com o mar foi pelo
poema anglo-saxão de autor
desconhecido O navegante. A obra
Constelações (2008-2009) também foi
por uma idéia que remetia ao O
navegante. Eu comecei a pesquisar
um atlas de constelações, aí vieram
os pássaros e tudo começou a se
As viagens de Marco Pólo complementar.”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo
As Cidades Invisíveis
Ítalo Calvino
Em As Cidades Invisíveis (1972), Calvino
extrapola os fatos possíveis e imagina um
diálogo fantástico entre “o maior viajante
de todos os tempos” e o imperador dos
tártaros. Melancólico por não poder ver
com os próprios olhos toda a extensão
dos seus domínios, Kublai Khan faz de
Marco Polo o seu telescópio, o
instrumento que irá franquear-lhe as
maravilhas de seu império. Marco Pólo, Veneza 1254–1324
Polo descreve minuciosamente 55 cidades Mercador, embaixador e explorador. Juntamente com o seu pai,
por onde teria passado, agrupadas numa Nicolau, e o seu tio, Matteo, foi um dos primeiros ocidentais a
série de 11 temas: “as cidades e a percorrer a Rota da Seda.
memória”, “as cidades e o céu”, “as
Partiram no início de 1272 do porto de Laiassus na Armênia. O
cidades e o mortos” etc.
relato detalhado das suas viagens pelo oriente, incluindo a
As Cidades Invisíveis, Italo Calvino, Editorial China, foi durante muito tempo uma das poucas fontes de
Teorema, 10.ª edição (Janeiro 2006), pp. 166 informação sobre a Ásia no Ocidente.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo
Caravana de Marco Polo de viagem para a Índia, Atlas Catalão
Cidades Invisíveis
3+1 Arte Contemporânea, Lisboa, 2008
Auto-Retrato (Azul e vermelho), 2004-2008, Poema de Cecília Meireles, escrito com fita rotuladora, 51 x 49,5 cm.
Cidades Invisíveis
3+1 Arte Contemporânea, Lisboa, 2008
série nome dos mares, S/ título, 2007, desenho sobre 12 folhas de papel aguarelado feito com o nome dos mares, utilizando canetas de
diversos tons, 100 x 100x7 cm
V Bienal de São Tomé e Príncipe
http://sp-arte.com/web/artistas/?A&2011-SP_Arte-2011-7---0-r-80-rosana_ricalde
Na mostra “Mundo flutuante”, a artista Rosana Ricalde apresenta uma série de novos
trabalhos inspirados na caligrafia oriental e árabe, tendo como eixo central os elementos da
natureza.
A mostra, composta por desenhos de mares, mapa da cidade do Rio de Janeiro, duas obras
intituladas constelações, entre outros, apresenta o desenho e a escrita coexistindo
paralelamente.
“Para ler perdemos o desenho, e quando miramos neste, a escrita se torna invisível”, diz
Rosana.
A relação entre a arte oriental e árabe não se dá apenas na temática da exposição mas
também na busca de uma integração e percepção entre os fluxos da natureza.
Com a repetição dos textos de livros ou o nome dos mares essa integração entre o objeto e
seu nome acontece, transformando o espectador em um cúmplice destes acontecimentos
„naturais‟.
A exposição também evidencia o conceito de „linguagem-imagem‟ de Merleau-Ponty, o
mesmo que Ricalde vêm trabalhando ao longo dos anos como nas séries “auto-retratos”,
“manifestos”, “horizonte azul”, etc.
Em “Mundo flutuante” a linguagem-imagem é focada nas incertezas da natureza dispostas
através dos mapas e mares escolhidos pela artista.
Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz, SP, 2009
http://barocruz.blogspot.com/2009/05/exposicao-individual-de-rosana-ricalde.html
Marés 2008 - desenho sobre papel feito com o nome dos mares, 150x300x5 cm
Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009
http://www.rosanaricalde.com/menuport.html
Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009
Tsunami 2009
desenho sobras duas faces de caixa de acrílico,50x100x7cm
Mundo Flutuante Galeria Baró Cruz,SP, 2009
http://www.artealdia.com/International/Contents/Artists/Rosana_Ricalde
Na exposição "O Percurso da Palavra“, Ricalde realiza uma viagem ao universo das navegações, em alguns
momentos, faz referências ao livro "Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino
É dessa obra, que a artista retira frases, como: "cidades diferentes" e "cartões-postais", para construir a
planta de um bairro do Rio de Janeiro
O Percurso da Palavra
Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009
http://origamidalelinha.blogspot.com/2009/10/origami-simples-tsuru.html
O Percurso da Palavra
Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009
Poéticas de Ricalde
Com uma fundamentada pesquisa sobre a construção da imagem a partir do duplo Visual x Verbal na
produção contemporânea brasileira, a artista utiliza a palavra como suporte para criação da imagem,
seja através do desenho, da colagem ou da apropriação de textos literários e manifestos.
Hábil manipuladora desse sistema, a artista arquiteta sua sintaxe poética nos trajetos da duplicidade
e a conjuga numa geografia da palavra.
A palavra escreve a imagem; é a natureza fundadora do processo criador, instaura diálogos ao
declinar forma, conteúdo e resgata o espectador como um agente ativo, que desbrava a insinuante
proposição que as imagens instauram, num jogo dialogal entre obra e público, entre o perto e o longe,
entre o olhar e o ser olhado.
Os mares de palavras de Ricalde reordenam composições geográficas em ondas, correntes
marítimas, elaboradas pela caligrafia repetida dos nomes dos oceanos, que desaguam na
composição imagética. A forma é revelada numa escritura que se localiza na dobra, quando a escrita
encontra a imagem.
Percorrer a geografia de Ricalde é adentrar em signos que revelam um repertório que habita a sua
poética – globo, cidade, mapa, cartografia, atlas, mar, labirinto etc. –, entre relevos da literatura,
poesia e palavra.
A morfologia da paisagem revela-se em alguns trabalhos pelo ato da apropriação, evidenciado, por
exemplo, nos diálogos com a literatura ou na utilização da técnica das areias coloridas. Os espaços,
territórios e lugares dessa geografia da palavra reverberam uma sinestesia que instiga os sentidos e
compõe um imaginário de significados. As paisagens anunciam o que está além do olhar e discutem
a imagem através do laborioso requinte da metáfora.
A partir do texto do curador Bitu Cassundé
http://www.centrodefortaleza.com.br/Paginas/Destaques.php?titulo_resumo=Exposi%E7%E3o%20de%20Rosana%20Ricalde
O Percurso da Palavra
Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE, 2009
as palavras e as coisas, 2004, páginas do livro As Palavras e as Coisas (de Michel Foucault)
formando cubos, dimensões variadas
O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011
A Invenção da Solidão
livros de diversos autores que em algum momento abordam a Solidão - o livros estão abertos dentro de uma
caixa, com um desenho que vela o restante do texto, deixando a mostra apenas o trecho referente a solidão
O livro das Questões - Baró Cruz Galeria, SP, 2011
Livro da Solidão
dicionário com trecho trançado unindo as 2 páginas
O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011
As Cidades Invisíveis
mapa da Cidade de Lisboa construído com o livro
AS Cidades Invisíveis , integrando essa planta um
atlas contendo uma planta antiga da cidade
O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011
As Cidades Invisíveis
O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011
O livro das Questões Baró Cruz Galeria, SP, 2011
O livro das Questões
Baró Cruz Galeria, SP
2011
As viagens de Marco Pólo, 2009 – livro do mesmo nome recortado em uma linha contínua formando um
desenho. 150x150x5cm
O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011
Série Mares da Lua - pintura e desenho sobre tela, com um dos mares da lua
O livro das Questões - Baró Cruz Galeria, SP, 2011
Os 7 mares
Série de 7
fotografias
tiradas em praias
de diversas
praias do
mundo, 24x32cm
O livro das Questões – Baró Cruz Galeria, SP, 2011