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Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Marco Aurélio Crocco


Rangel Galinari
Fabiana Santos
Mauro Borges Lemos
Rodrigo Simões
Grupo de Pesquisas em Economia Regional e Urbana do Cedeplar/UFMG

Palavras-chave Resumo Abstract


aglomerações produtivas locais, A literatura contemporânea em economia in- The literature on industrial and regional
proximidade, especialização dustrial e economia regional é repleta de estu- economics is full of cases studies of local
produtiva, setor têxtil. dos de caso sobre aglomerações produtivas lo- productive agglomerations. A significant part of
cais. Parte considerável dos estudos empíri- the empirical studies on this subject have
Classificação JEL R12.
cos tem-se concentrado em análises de aglo- concentrated on the analysis of existing
merações já amplamente conhecidos, realizan- productive agglomerations. In contrast, there are
do uma avaliação ex post das características des- few studies that attempt (or are able) to identify
sas aglomerações e suas contribuições para o the startup of these agglomerations. From the
desenvolvimento local/regional/nacional. Ra- perspective of development policies, this gap is
ros são os estudos que procuram (ou são capa-
relevant, as it leads to favoring established
zes de) identificar o surgimento de tais aglome-
agglomerations to the detriment of those that
rações. Do ponto de vista da elaboração de
are in the early stages. Therefore, it is
políticas de desenvolvimento econômico e re-
gional, essa lacuna é grave, uma vez que leva a necessary to develop methodologies that
privilegiar aglomerações já estabelecidas em enable us to overcome this deficiency.
detrimento daquelas em formação. Em vista This is the aim of this paper. The authors
disso, faz-se necessário avançar no desenvolvi- propose a methodology for the identification of
mento de metodologias que permitam suprir potential local productive agglomerations based
tal deficiência. Esse é o objetivo deste artigo, on secondary data. Through the use of the
que procura desenvolver uma metodologia de Principal Component Analysis technique, a
identificação de aglomerações produtivas lo- Concentration Index is elaborated, which is an
cais com base em dados secundários. Median- indication of the potential of an industrial
Key words te o uso da técnica de Análise de Compo- sector, in a specific region, to become a local
local productive agglomerations, nentes Principais, é construído um Índice de productive agglomeration.
proximity, productive Concentração, que indica o potencial de uma
specialization, textile sector. atividade industrial em uma região específica
em se transformar em uma aglomeração pro-
JEL Classification R12. dutiva local.

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Introdução para a ilustração de alguns resultados e às


Uma relevante questão, amplamente de- considerações finais.
batida na literatura atual em economia re-
gional, destaca as aglomerações produti-
vas locais como um mecanismo funda- 1_ Aglomerações produtivas
mental para o desenvolvimento regional. locais: por que identificá-las?
Para enriquecer o debate com resultados Uma breve discussão
empíricos sobre os reais benefícios/pre- No debate público e acadêmico contem-
juízos, tanto para a população como para porâneo, o “conhecimento” tem sido con-
as firmas, advindos da formação de am- siderado fator crucial para o desenvolvi-
bientes produtivos dessa natureza – prin- mento socioeconômico. Não é por outra
cipalmente para os casos de economias razão que se convencionou chamar a fase
periféricas como a brasileira –, faz-se ne- atual do desenvolvimento capitalista de
cessária, numa primeira etapa, a identifica- “economia baseada no conhecimento”
ção das principais aglomerações produti- (OECD, 1999) ou, alternativamente, de
vas e especialmente aquelas em potencial. “economia do aprendizado” (Lundvall e
Tendo isso em vista, e dada a precarie- Johnson, 1994; Lundvall, 1996).
dade de se caracterizar uma aglomeração A “economia baseada no conheci-
produtiva simplesmente pelo número lo- mento” é caracterizada por um ambiente
cal de estabelecimentos, é aqui proposto competitivo intensivo em conhecimento,
um índice de concentração para tal fim. globalizado produtiva e financeiramen-
Este trabalho está dividido em qua- te, e liberalizado comercialmente. Entre-
tro partes, além desta introdução. Na pri- tanto, o conhecimento e os processos de
meira delas é apresentada uma breve dis- aprendizagem e de construção de com-
cussão sobre as aglomerações produtivas petências a ele relacionadas, na medida
locais. Já a segunda seção é dedicada a em que são processos essencialmente in-
uma revisão de algumas metodologias de terativos e incorporados em pessoas, orga-
identificação de aglomerações produti- nizações e relacionamentos, são influen-
vas encontradas na literatura brasileira, ciados pelo território localizado. Como
bem como à exposição da metodologia enfatizado em vários estudos, o território
aqui proposta. Por fim, as seções três e localizado funciona como espaço primor-
quatro são reservadas, respectivamente, dial de interdependências intencionais e

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não-intencionais; tangíveis e intangíveis; relacionados à intensidade das trocas in-


comercializáveis e não-comercializáveis tra-aglomeração, à existência de relações
(Storper, 1995). Por sua vez, essas inter- de cooperação, ao grau de especialização
dependências, para que possam ser reali- e desintegração vertical da aglomeração,
zadas plenamente e originem processos ao ambiente institucional voltado para dar
de aprendizado coletivo e de difusão do suporte ao desenvolvimento da aglomera-
conhecimento tácito e codificado1 entre ção, entre outros. A incorporação parcial
as empresas – ou seja, para que levem à ou integral desses elementos determinou
criação de um “common knowledge context ” o surgimento de uma ampla gama de ter-
(Howells, 2000) –, requerem proximida- mos para definir mais precisamente a
de cognitiva2 e física. Vale dizer, elas de- aglomeração produtiva, dependendo do
vem estar “imersas” (embedded ) em um foco da investigação, como, por exemplo,
1 Mesmo o conhecimento ambiente local (milieu), que atue como fa- distritos industriais, millieu inovativo, sistemas
codificado, que tem sido
tratado como “unconstrained cilitador e estimulador dessas interdepen- industriais localizados, sistemas produtivos e ino-
spatially”, também é dências e como ligação entre um sistema vativos locais, arranjos produtivos locais, clusters,
influenciado pelo território de produção e uma cultura tecnológica entre outros.
localizado, em termos de seu particular. Assim, pode-se pensar o terri- É amplamente reconhecido, tanto
uso e difusão. Tal como
destacado por Howells (2002), tório localizado como um espaço social- teórica quanto empiricamente, que a aglo-
a interpretação e a assimilação mente construído, uma superfície ativa e meração produtiva local, em função da
do conhecimento codificado aberta, que influencia e é influenciada pe- presença maior ou menor de alguns ele-
dependem do conhecimento las interações localizadas. mentos mencionados, pode auxiliar em-
tácito acumulado e do
contexto econômico e social. A partir desse resgate conceitual presas dos mais variados tamanhos, parti-
Como se sabe, todos esses do território “real”, não abstrato, dissemi- cularmente, pequenas e médias empresas,
aspectos são influenciados nou-se uma vertente de estudos, que se a superar barreiras ao seu crescimento.
pelo território localizado e,
propõe a estudar as relações interfirmas Isso dar-se-ia pela articulação entre eco-
por extensão, pelo
conhecimento codificado. imersas no ambiente localizado, ou seja, nomias externas (ou “interdependências
2 Howells (2002) usa o na aglomeração produtiva local. Generi- não-intencionais”) – resultado imediato da
termo “proximidade camente, aglomerações produtivas locais po- aglomeração espacial – e “ação conjunta”
relacional” para se referir dem ser definidas como uma concentra- dentro da própria aglomeração (ou “interde-
à proximidade cognitiva,
associada à formação
ção setorial e espacial de firmas (Schmitz e pendências intencionais”) – resultado do
de rotinas organizacionais Nadvi, 1999). Esse conceito pode ser am- desenvolvimento de redes de cooperação,
e práticas sociais. pliado para incorporar outros elementos levando a ganhos de “eficiência coletiva”.

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De um lado, a proximidade física que tornaria possível a criação de um “es-


das empresas propiciaria o surgimento de paço de aprendizagem coletiva”, ou um
externalidades, pecuniárias e tecnológi- “invisible college” (Best, 1998). Nesse “espa-
cas, entre as quais se destacariam a exis- ço”, idéias seriam trocadas e desenvolvi-
tência de um mercado de trabalho espe- das, e o conhecimento, compartilhado, nu-
cializado; a existência de linkages entre ma tentativa coletiva de melhorar a quali-
produtores, fornecedores e usuários, e a dade de produtos e processos, de ocupar
existência de spillovers tecnológicos.3 segmentos de mercado mais lucrativos, de
De outro, a proximidade física e coordenar ações e de realizar a resolução
cognitiva criaria condições para uma inte- de problemas conjuntamente.
ração cooperativa. Mediante redes hori- Idealmente, a capacidade de com-
zontais, as firmas poderiam, coletivamen- binar as dimensões estática e dinâmica
te, atingir economias de escala acima da das relações interfirmas em um espaço
capacidade individual de cada empresa; geograficamente delimitado constituiria
realizar compras conjuntas de insumos; o substrato com base no qual redes de fir-
atingir uma escala ótima no uso da maqui- mas poderiam florescer e se tornar ino-
naria (notadamente, equipamentos espe- vativas. No entanto, a forma como as fir-
cializados); realizar marketing conjunto; e mas se articulariam e o papel por elas de-
combinar suas capacidades de produção sempenhado em cada sistema produtivo
para atender pedidos de grande escala.4 local poderiam variar, dependendo do
Por meio de redes verticais, por outro la- formato específico do sistema. Nesse ca-
do, as firmas poderiam especializar-se no so, os atributos socioeconômicos, institu-
seu core business e dar lugar a uma divisão cionais e culturais; o sistema de governan-
externa do trabalho, mas interna ao local, ça; a capacidade inovativa; os princípios
pela interação entre usuários e produtores de organização, e a qualidade dos enca- 3 Marshall foi o primeiro autor
(Lundvall, 1988; Ceglie e Dini, 1999). Po- deamentos produtivos internos e exter- a reconhecer, na Inglaterra do
deriam, também, reduzir os riscos asso- nos ao “espaço industrial” determinariam final do século XIX, a
ciados à introdução de novos produtos a conformação de diferentes tipos de sis- importância das economias
externas para o desempenho
e o tempo de transição da inovação entre tema produtivo locais.
econômico das firmas.
o projeto e o mercado (Mytelka, 1999). O formato clássico das aglomera- 4 O que Schmitz (2000)
Além disso, tanto as redes horizontais co- ções produtivas são os chamados distritos denomina de “eficiência
mo as verticais permitiriam a cooperação, marshallianos, especialmente sua vertente coletiva”.

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contemporânea, os distritos da Terceira prevalecendo, localmente, uma


Itália, que têm merecido particular aten- mentalidade quase exclusivamen-
ção na literatura de geografia econômi- te produtiva;
ca. Esses são caracterizados pela proxi- c. o ambiente institucional e macro-
midade geográfica, especialização setorial, econômico é mais volátil e per-
predominância de pequenas e médias em- meado por constrangimentos
presas (PMEs), cooperação interfirmas, estruturais;
competição interfirmas determinada pe- d. o entorno desses sistemas é basica-
la inovação, troca de informações basea- mente de subsistência, a densida-
da na confiança socialmente construída, de urbana é limitada, o nível de
organizações de apoio ativas na oferta de renda per capita é baixo, os níveis
5 A predominância de PMEs
serviços e parceria estreita com o setor educacionais são baixos, a com-
nesses ambientes locais,
público local. Seu dinamismo inovativo plementaridade produtiva e de ser-
organizados industrialmente decorre do fato de ser um tipo de arran- viços com o pólo urbano é limita-
como sistemas produtivos, jo institucional específico e localizado, do, e a imersão social é frágil.7
explica por que, nos últimos capaz de estabelecer o aprendizado co-
anos, a literatura em economia Apesar de ser possível encontrar, em paí-
industrial sobre PMEs vem letivo interativo, que, por sua vez, é ali- ses da periferia capitalista, aglomerações
incorporando, principalmente mentado e induzido no tempo pelo pró- produtivas locais “mais completas” (or-
numa perspectiva de redes, a prio processo de competição entre as ganizadas e inovativas, sendo estes últi-
dimensão da proximidade firmas do distrito.5
geográfica como um elemento mos mais raros,8 a maior parte deles as-
de competitividade e Entretanto, na medida em que aglo- sume características de aglomerados in-
sobrevivência dessas empresas merações produtivas locais são um produto formais, tal como definido por Mytelka
de menor porte. histórico do espaço social local, deve-se
6 Por capacitações
e Farinelli (2000), ou mesmo de encla-
reconhecer o caráter específico que assu- ves monoproduto.
“inovativas” entende-se, tal
mem na periferia capitalista, onde: Aglomerados informais, de acordo com
como definido por Lastres
et al. (1998), a capacidade a. as capacitações “inovativas”6 são, Mytelka e Farinelli (2000, p. 6-7), são
endógena de geração de via de regra, inferiores às dos paí- compostos, geralmente, por PMEs, cujo
progresso tecnológico.
7 Para uma discussão
ses desenvolvidos; nível tecnológico é baixo em relação à
detalhada, ver Santos b. o ambiente organizacional é aber- fronteira da indústria e cuja capacidade
et al. (2002). to e passivo – i. e., as funções es- de gestão é precária. Além disso, a força
8 Ver a este respeito Mytelka tratégicas primordiais são reali- de trabalho possui baixo nível de qualifi-
e Farinelli (2000). zadas externamente ao sistema, cação sem sistema contínuo de aprendi-

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zado. Embora as baixas barreiras à entra- uma rede urbana fragilmente integrada ou
da possam resultar em crescimento no não-integrada –, constituindo-se em ver-
número de firmas e no desenvolvimento dadeiros enclaves produtivos. Apesar des-
de instituições de apoio dentro do aglo- te último tipo de aglomerado poder apre-
merado, isso não reflete, em geral, uma sentar certa integração com o mercado
dinâmica positiva, como nos casos de local ou internacional – atuando, portan-
uma progressão da capacidade de gestão; to, como base de exportação –, isso não
de investimentos em novas tecnologias é suficiente para estimular o desenvolvi-
de processo; de melhoramento da quali- mento da complementaridade setorial da
dade do produto; de diversificação de base exportadora. De fato, em muitos ca-
produtos; ou de direcionamento de parte sos, a indústria local não está ancorada lo-
da produção para exportações. As for- calmente ( foot loose), mas está sempre aber-
mas de coordenação e o estabelecimento ta a possibilidade de sua relocalização.9
de redes e ligações interfirmas são pouco Mesmo sob a forma de aglome-
evoluídas, e predomina competição pre- rações produtivas informais ou enclaves
datória, baixo nível de confiança entre os monoproduto, esses aglomerados se be-
agentes e informações pouco comparti- neficiam da dimensão “passiva” da “efi-
lhadas. A infra-estrutura do aglomerado ciência coletiva”. Vale dizer que o desem-
é precária, estando ausentes os serviços penho econômico das empresas dessas
básicos de apoio ao seu desenvolvimento aglomerações é positivamente afetado pe-
sustentado, tais como serviços financei- las economias externas às firmas e inter-
ros, centros de produtividade e treina- nas ao local, que emergem das várias in-
mento. Em alguns casos, a dificuldade terdependências (não-intencionais) entre
de integrar verticalmente e adensar a ca- os atores localizados em um espaço geo-
deia produtiva do aglomerado pode re- graficamente delimitado. Mesmo conside-
sultar em aglomerados constituídos por rando-se que tais externalidades não ve-
um conjunto de empresas monoproduto, nham a ser completamente apropriadas
com baixo nível de trocas e cooperação pelas firmas – dado o nível de sua capa-
intra-aglomeração. citação – ou que sua emergência seja
Em alguns casos, os aglomerados comprometida pela fragilidade do ambien-
podem ser desintegrados regionalmente te local, a proximidade física significa 9 A este respeito, ver Lemos,
– i. e., seu entorno é de subsistência, com que, como destacado por Marshall (1920), Santos e Crocco (2003).

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“os segredos da indústria deixam de ser deve ser entendido como o primeiro pas-
segredos e, por assim dizer, ficam soltos so na análise e determinação de políticas
no ar [...]”. Em outras palavras, mesmo em para o desenvolvimento de uma aglo-
aglomerações produtivas informais, as fir- meração produtiva local.
mas tomam parte no processo de “apren-
dizado coletivo” localizado e podem ex-
plorar economias externas de escala. 2_ Índice de concentração
Como resultado, mesmo em suas para identificação de
formas mais “incompletas”, as aglome- aglomerações produtivas locais
rações produtivas possuem impactos sig-
nificativos sobre o desempenho das fir- 2.1_ Breve revisão
mas, notadamente pequenas e médias, e A literatura, tanto em economia industrial
na geração de empregos. Por isso, as aglo- quanto em economia regional, é repleta
merações produtivas têm sido considera- de estudos de caso sobre aglomerações
das uma valiosa forma de promover o produtivas locais. De fato, o entendi-
desenvolvimento econômico. Daí a im- mento desse tipo de organização indus-
portância de se desenvolver metodolo- trial/regional passou a ser importante na
gias que ajudem os gestores de políticas implementação de políticas de desenvol-
de desenvolvimento a identificar o surgi- vimento industrial, tecnológico e regional.
mento dessas aglomerações. No entanto, Conseqüentemente, parte considerável
deve-se ter claro que esse processo de dos estudos empíricos tem-se concentra-
identificação é apenas uma primeira eta- do em análises de aglomerações já ampla-
pa. A análise do real potencial de uma mente conhecidas, realizando uma avalia-
aglomeração só pode ser efetuada à me- ção ex post das características dessas e su-
dida que um estudo na própria aglomera- as contribuições para o desenvolvimento
ção é realizado. Isso porque não existem local/regional/nacional. Em contraste,
dados secundários capazes de quantificar raros são os estudos que procuram (ou
as “interdependências intencionais”, ele- são capazes de) identificar o surgimento
mentos estes essenciais para a determi- dessas aglomerações. Esse fato, sem dúvi-
nação da capacidade local em inovar, co- da, cria grandes dificuldades para o enten-
operar e competir. Assim sendo, o in- dimento da natureza e do padrão de de-
dicador que é proposto na próxima seção senvolvimento dessas aglomerações, uma

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vez que não permite identificar as condi- E ij


ções que dão origem a tais estruturas no Ej
momento em que esses estão se forman- QL = i
(1)
E BR
do. Do ponto de vista da elaboração de
políticas de desenvolvimento econômico E BR
e regional, essa lacuna é grave, já que leva onde: E ij = Emprego da atividade in-
a privilegiar aglomerações já estabelecidas dustrial i na região j;
em detrimento daquelas em formação. Em E j = Emprego industrial total na
vista disso, faz-se necessário avançar no região j;
desenvolvimento de metodologias que i
EBR = Emprego da atividade in-
permitam suprir tal deficiência. dustrial i no Brasil;
Na literatura nacional, existem três EBR = Emprego industrial Total
trabalhos que propõem metodologias de no Brasil.
identificação de aglomerações produti-
Os autores consideram que existi-
vas locais com ênfase diferenciadas em
ria especialização da atividade i na região
um ou outro aspecto, a saber: Brito e
j, caso seu QL fosse superior a um. Uma
Albuquerque (2002), Sebrae (2002), IEDI
vez que o par região-atividade passe por
(2002) e Suzigan et al. (2003). Brito e esse critério, ele será avaliado em termos
Albuquerque (2002) propõem uma me- de sua relevância nacional. Assim sendo,
todologia baseada em três critérios. O os autores adotam, como segundo crité-
primeiro é o uso do Quociente Locacio- rio, a participação relativa do par região-
nal (QL) para determinar se um municí- atividade no emprego nacional – i. e., ele
pio em particular possui especialização deve possuir pelo menos 1% do empre-
em um atividade específica. Tradicional go nacional daquele setor. Aqueles clusters
na literatura de economia regional, o QL (na terminologia dos autores) que possuírem
procura comparar duas estruturas seto- QL >1 e participação relativa maior que
riais-espaciais. Ele é a razão entre duas 1% deverão, então, ser controlados pelo
estruturas econômicas: no numerador último critério, denominado pelos auto-
tem-se a “economia” em estudo e no de- res de “critério de densidade”. Dessa for-
nominador uma “economia de referên- ma, só serão considerados clusters aquelas
cia”. A fórmula de cálculo é a seguinte: aglomerações que apresentarem um mí-

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nimo de dez estabelecimentos no respec- tério de identificação de clusters ou siste-


tivo setor e mais de dez em atividades as- mas produtivos locais (na linguagem dos
sociadas. Esse critério visa capturar tanto autores). O índice de Gini Locacional,
a escala da aglomeração, como também a aplicado para dados de emprego da RAIS e
possível existência de cooperação dentro PIA, é utilizado para identificar quais clas-
da aglomeração.10 ses de indústrias são geograficamente mais
O trabalho do Sebrae também ca- concentradas em um país ou uma região.
minha na mesma direção que o trabalho O QL, utilizado para os mesmos dados
anterior. O QL é utilizado como primei- para microrregiões, detecta a especializa-
ro critério para a identificação de clusters ção produtiva do local. O procedimento
potenciais (na linguagem dos autores). A de identificação começa com o cálculo
diferença em relação a Brito e Albuquer- do Gini Locacional das atividades a ser
que (2002) está na utilização da variável estudadas, a fim de se determinar se exis-
número de estabelecimentos, e não em- te ou não concentração espacial. No en-
prego, para o cálculo do QL. Da mesma tanto, como esse indicador “não é capaz
forma, os pares setores-municípios que de mostrar quais são as regiões e os mu-
apresentem um QL superior a um passa- nicípios em que se verifica a concentra-
riam nesse primeiro filtro, já que seriam ção” (Suzigan et al., 2003, p. 50), utiliza-se
considerados especializações produtivas. o QL para identificar e delimitar onde se
Tais pares são também submetidos ao cri- encontram os sistemas locais de produ-
vo de um segundo critério – de densidade ção da indústria concentrada. Por fim,
– que define um número mínimo de 30 para confirmar se a especialização local
10 Deve-se notar que a estabelecimentos. Os setores-municípios permite configurar a microrregião como
existência de que passarem por esses dois filtros são or- um sistema produtivo local, variáveis de
complementaridade denados de acordo com o QL obtido, es- controle são utilizadas, tais como partici-
intersetorial, que os autores
captam com este último tabelecendo-se, assim, um ordenamento pação relativa no total de emprego no se-
critério, não implica, da potencialidade para o desenvolvimen- tor, volume absoluto de empregos e nú-
necessariamente, a existência to dos respectivos clusters. mero de estabelecimentos.
de cooperação. A cooperação Por fim, o trabalho do IEDI (2002) Como pode ser notado, todas essas
depende de outros elementos
além da existência da e de Suzigan et al. (2003) possui como três metodologias atribuem ao QL um pa-
desintegração intersetorial inovação o cálculo de um Gini Locacio- pel central na identificação de aglomera-
interna ao aglomerado. nal anterior à utilização do QL como cri- ções. No entanto, duas importantes ques-

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tões devem ser consideradas quando da tor para a região. De forma semelhante,
utilização desse quociente. Em primeiro o quociente também tende a subvalorizar
lugar, apesar de o QL ser um indicador a importância de certos setores em re-
extremamente útil na identificação da es- giões com uma estrutura produtiva bem
pecialização produtiva de uma região, ele diversificada, mesmo que tal setor pos-
dever ser utilizado com cautela, visto que sua peso significativo no contexto nacio-
a interpretação de seu resultado deve le- nal.12 A proposta de metodologia aqui
var em conta as características da econo- desenvolvida tenta exatamente superar
mia que está sendo considerada como re- esse problema, mediante a elaboração de
ferência. Em duas das três metodologias um índice de concentração (IC) que será
acima descritas, a economia de referência detalhado a seguir.
é o Brasil. Tendo em vista o elevado grau
de disparidade regional existente no País, 2.2_ Metodologia
é de se esperar que um número enorme Para a elaboração de critérios de identifi-
de setores em diferentes cidades vai apre- cação de aglomerações produtivas locais,
sentar QL acima de 1, sem que isso signi- é interessante elaborar um indicador que
fique a existência de especialização produ- seja capaz de captar quatro características
tiva, mas, sim, de diferenciação produtiva. de um aglomeração:
É factível supor que, dada essa
1. a especificidade de um atividade
disparidade regional, uma gama enorme
dentro de uma região;
de cidades (ou microrregiões) brasileiras
2. o seu peso em relação à estrutura
vai apresentar pelo menos um setor com
industrial da região;
QL acima de 1. Assim, seria prudente
3. a importância do setor nacional-
que o valor de corte a ser assumido pelo
QL deveria ser significativamente acima mente; 11 Alguns estudos para a

desse número.11 Em segundo lugar, a li- 4. a escala absoluta da estrutura in- economia americana, que
dustrial local. possui uma distribuição
teratura também ressalta que esse indica- espacial de sua indústria bem
dor é bastante apropriado para regiões de Para medir a primeira caracterís- mais homogênea que a nossa,
porte médio. Para regiões pequenas, com tica, decidiu-se utilizar aqui o Quocien- consideram especialização
emprego (ou estabelecimentos) industri- te Locacional (QL) da indústria. Como industrial aquela região que
apresentar um QL acima de 4.
al diminuto e estrutura produtiva pouco mostrado anteriormente, esse indicador, 12 Este aspecto também
diversificada, o quociente tende a sobre- apesar de relevante, pode provocar dis- é salientado por Suzigan
valorizar o peso de um determinado se- torções. Para mitigar esse problema, foi et al. (2003).

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elaborado um segundo indicador que pro- ção linear dos três indicadores padroniza-
cura captar o real significado do peso da dos (equação 4). Como cada um dos três
atividade na estrutura produtiva local. Tal índices utilizados como insumos do ICn
índice foi denominado Hirschman-Her- pode ter distinta capacidade de represen-
findahl modificado (HHm). Ele é defini- tar as forças aglomerativas, principalmen-
do da seguinte forma: te quando se leva em conta as diversas ati-
vidades industriais da economia, faz-se
æ E ij ö æ E j ö
HHm = ç i ÷ - ç ÷ (2) necessário calcular os pesos específicos de
ç E ÷ ç E BR ÷
è ø è ø cada um dos insumos em cada um dos se-
tores produtivos.
Esse indicador possibilita compa-
rar o peso da atividade i da região j na ati- ICn ij = q 1 QLn ij + q 2 PRn ij + q 3HHn ij (4)
vidade i do país com o peso da estrutura onde os qs são os pesos de cada um dos
produtiva da região j na estrutura do país. indicadores para cada atividade produti-
Um terceiro indicador foi utiliza- va específica.
do para captar a importância da atividade Para a obtenção dos pesos (q) de ca-
da região nacionalmente, ou seja, a parti- da um dos índices definidos na equação
cipação relativa da atividade no emprego (4), lançou-se mão de um método multiva-
total do setor no país: riado: a análise de componentes principais.
E ij Pela matriz de correlação das variáveis, essa
PR = i
(3)
metodologia permite que se conheça qual
E BR
o percentual da variância da dispersão total
Esses três indicadores fornecem de uma nuvem de pontos – representativos
os parâmetros necessários para a elabo- dos atributos aglomerativos – é explicado
ração de um único indicador de concen- por cada um dos três indicadores utiliza-
tração de uma atividade industrial dentro dos. Sendo assim, obtêm-se pesos específi-
de uma região, que será chamado de Índi- cos para cada indicador que levam em con-
ce de Concentração normalizado (ICn). ta a participação deles na explicação do
Para o seu cálculo – para cada setor de potencial de formação de aglomerações produ-
atividade e unidade geográfica em estudo tivas locais que as unidades geográficas apre-
–, propõe-se aqui realizar uma combina- sentam setorialmente.

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222 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

2.2.1_ A técnica da análise multivariada pal da matriz de co-variância, ou seja, ao


– a análise de componentes principais
traço dessa matriz:
A análise de componentes principais toma
p variáveis X1, X2, ..., X p (três variáveis l 1 + l 2 +K + l p = c 11 + c 22 +K + c 22 (8)
neste trabalho) e encontra combinações
lineares dessas, produzindo os compo- em que li são os autovalores, ou variân-
nentes Z1, Z2, ..., Z p: cia, de cada um dos i componentes.
Uma vez que cii é a variância de
Z i = a i 1 X 1 + a i 2 X 2 +K + a ip X p (5) Xi, e li a dos Zi, tem-se que a soma das
que variam tanto quanto possível para os variâncias de todas as variáveis originais é
indivíduos, sujeitas à condição: igual à de todos os componentes. Portan-
to, pode-se garantir que o conjunto de
a i 1 + a i 2 +K + a ip = 1
2 2 2
(6) todos os componentes leva em conta a
variação total dos dados.
Para encontrar tanto as variâncias
associadas a cada componente como os 2.2.2_ O cálculo dos pesos via análise
de componentes principais
coeficientes das combinações lineares, a
técnica dos componentes principais lan- A obtenção dos pesos específicos de ca-
ça mão da matriz de co-variância das va- da um dos três indicadores setorialmente
riáveis. As variâncias dos componentes é feita utilizando os resultados prelimina-
principais são os autovalores dessa ma- res da análise de componentes principais,
triz, ao passo que os coeficientes a i 1, a i 2, ou seja, não são utilizados os valores dos
... a ip são os seus autovetores associados. componentes em si, mas resultados in-
A matriz de variância é simétrica e tem a termediários (disponibilizados por softwa-
seguinte forma: res estatísticos como o SAS e o SPSS),
como a matriz de coeficientes e a variân-
é c 11 c 12 K c 1 p ù cia dos componentes, que permitem co-
êc c 22 K c 2 p ú
ê ú nhecer qual a importância de cada uma
C=
21
(7)
êM M M M ú das variáveis para a explicação da variân-
êc ú cia total dos dados.
ë p 1 c p 2 K c pp û O procedimento para o cálculo
Uma importante característica dos dos pesos começa a partir dos resulta-
autovalores é que a soma desses é igual à dos que se seguem. A Tabela 1 apresenta
soma dos elementos da diagonal princi- os autovalores ou a variância (e sua acu-

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 223

mulação) dos três componentes princi- da função módulo dos autovetores asso-
pais.13 Essas são importantes para o en- ciados a cada componente,14 de onde se
tendimento da variância de cada indi- obtém os Ci das equações 9, 10 e 11. Em
cador insumo em cada um dos compo- seguida divide-se o módulo de cada auto-
nentes na fase final do processo de cál- vetor pela soma (Ci) associada aos com-
culo dos pesos. ponentes – como pode ser visto na Ta-
Já a Tabela 2 mostra a matriz de bela 3, que apresenta os autovetores re-
coeficientes ou os autovetores da matriz calculados ou a participação relativa de
de correlação. Por meio dessa é possível cada índice nos componentes.
calcular qual a participação relativa de
a 11 + a 21 + a 31 = C 1 (9)
cada um dos indicadores em cada um
dos componentes, e dessa forma enten- a 12 + a 22 + a 32 = C 2 (10)
der a importância das variáveis nos com-
ponentes. Para tanto, efetua-se a soma a 31 + a 32 + a 33 = C 3 (11)

Tabela 1_ Os autovalores da matriz de correlação ou variância explicada pelos componentes principais

Componente Variância explicada pelo Componente Variância Explicada Total


1 b1 b1
2 b2 b1 + b 2
3 b3 b1 + b 2 + b 3 ( = 100%)
13 Na análise de componentes
principais, o número máximo Fonte: Elaboração dos autores.
de componentes que se obtém
é igual ao número de variáveis
utilizadas, podendo ser menor Tabela 2_ Matriz de coeficientes ou autovetores da matriz de correlação
conforme o grau de correlação
destas últimas. Indicador Insumo Componente 1 Componente 2 Componente 3
14 O sinal negativo

apresentado por alguns QL a 11 a 12 a 13


autovetores apenas indica que PR a 21 a 22 a 23
esses estão atuando em
HHm a 31 a 32 a 33
sentido contrário aos demais
dentro de cada componente. Fonte: Elaboração dos autores.

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224 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Tabela 3_ Matriz de autovetores recalculados ou


participação relativa dos indicadores em cada componente

Indicador Componente 1 Componente 2 Componente 3

a 11 a 12 a 13
QL a 11’ º a 12’ º a 13’ º
C1 C2 C3

a 21 a 22 a 23
PR a ’21º a ’22 º a 23

º
C1 C2 C3

a 31 a 32 a 33
HHm a ’31º a ’32 º a 33

º
C1 C2 C3

Fonte: Elaboração própria.

Tendo em vista que os a ’ij da Ta- em que: q 1 = peso do QL;


bela 3 representam o peso que cada va- q 2 = peso da PR;
riável assume dentro de cada componen- q 3 = peso do HHm.
te e que o autovalores (bs da Tabela 1) Uma vez que a soma dos pesos é
fornecem a variância dos dados associa- igual a um (q1 + q2 + q3 = 1), pode ser feita
da ao componente, o peso final de cada uma combinação linear dos indicadores in-
indicador insumo é então o resultado da sumos devidamente padronizados, na qual
soma dos produtos dos a ’ij pelo seu au- os coeficientes são justamente os pesos
tovalor correspondente – para cada com- calculados pelo método aqui proposto
ponente. Formalmente: (equação 4). Deve ficar claro que o cálculo
q 1 = a ’ 11b 1 + a ’ 12 b 2 + a ’ 13b 3 (12) dos pesos não deve ser feito para a econo-
mia como um todo, mas, sim, repetido
q 2 = a ’ 21b 1 + a ’ 22 b 2 + a ’ 23b 3 (13) para cada um dos setores que se quer tra-
balhar, como ficou evidenciado pelos re-
q 3 = a ’ 31b 1 + a ’ 32 b 2 + a ’ 33b 3 (14) sultados dos vários trabalhos que utiliza-
ram tal metodologia.

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 225

3_ Identificação de aglomerações filtros nos resultados dos ICns que segui-


produtivas locais: uma aplicação ram dois critérios. Em primeiro lugar,
ao espaço brasileiro foram excluídos aqueles municípios cu-
Nesta seção do trabalho, são apresenta- jos ICns estão abaixo da média pondera-
dos os resultados finais de alguns exem- da da atividade em questão no Brasil, isto
plos de aplicação da metodologia acima é, aqueles com valores abaixo de zero.
descrita para cinco setores industriais bra- Em segundo lugar, através dos dados da
sileiros: couro e calçados; metalurgia bá- RAIS 2000, foi adotado um filtro de es-
sica; fabricação e montagem de veículos cala, de forma que só foram mantidos
automotores; fabricação de máquinas apa- os municípios que possuíam pelo menos
relhos e materiais elétricos; fabricação de dez empresas do setor em questão. De
material eletrônico e de aparelhos e equi- fato, seria impossível falar de aglomera-
pamentos de comunicação. Tendo em ções produtivas locais sem a existência
vista que uma característica das aglomera- de um número mínimo de empresas. A
ções produtivas locais é o elevado número de despeito dos dados da RAIS serem su-
pequenas empresas e dado que estas apre- bestimados por não incluírem as empre-
sentam alto grau de informalidade no sas informais, sua utilização tornou os
Brasil, decidiu-se calcular o Índice de Con- resultados mais apurados. Uma escala
centração normalizado (ICn), valendo-se dos mínima bastante pequena como a adota-
dados de emprego (formal e informal) do da aqui permitiu a exclusão de casos ex-
Censo Demográfico 2000. O ICn foi en- tremos de municípios que falaciosamen-
tão obtido para todas as cidades do Brasil te poderiam ser entendidos como aglo-
e atividades supracitadas. merações potenciais . Um exemplo típico é
O procedimento descrito acima o caso de municípios com grande volu-
permite a hierarquização dos municípios me de emprego em uma dada atividade,
dentro de cada atividade, segundo a mag- mas concentrado em apenas uma ou du-
nitude de seus ICns, possibilitando a aná- as firmas de grande porte. Outro caso,
lise do potencial que essas possuem para bastante freqüente em municípios peque-
o surgimento de uma aglomeração produti- nos, e que deve ser desconsiderado, é
va. Para efeito de uma identificação mi- aquele em que um município possui todo
nuciosa daquelas aglomerações com maior o seu emprego industrial concentrado
potencial, optou-se pela utilização de em apenas uma firma.

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226 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

No anexo deste trabalho estão apre- esse argumento seja mais importante para
sentadas as Tabelas 1A, 2A, 3A, 4A e 5A, atividades intensivas em conhecimento,
cujos resultados, para aquelas cinco ativi- não se pode deixar de notar que, mesmo
dades, ilustram a metodologia aqui pro- no caso da indústria de couro e calçados e
posta. Deve-se notar que os resultados da metalurgia básica, esse padrão de de-
mostram clara concentração das aglomera- senvolvimento também é observado.
ções de tais atividades nas regiões Sudeste
e Sul do Brasil. Nessas estão, respectiva-
mente, 90%, 89%, 100%, 91% e 93% das 4_ Considerações finais
aglomerações brasileiras nos setores de À guisa de conclusão, é necessário ressal-
couro e calçados, metalurgia básica, fa- tar que a metodologia aqui proposta não
bricação e montagem de veículos auto- tem por objetivo identificar todos os fa-
motores, fabricação de máquinas apare- tores que afetam o desempenho de uma
lhos e materiais elétricos, fabricação de aglomeração produtiva local. De fato, o
material eletrônico e de aparelhos e equi- Índice de Concentração aqui proposto
pamentos de comunicação. capta apenas alguns aspectos relevantes de
Sendo assim, os cálculos parecem uma aglomeração. Basicamente, os chama-
confirmar a hipótese de desenvolvimen- dos elementos passivos, que nada mais
to poligonal de Diniz (1993). Segundo são do que as economias externas de esca-
esse autor, o processo de desconcentra- la associadas à concentração espacial e se-
ção industrial, tomando-se por base São torial das firmas. Para uma real identifi-
Paulo, ocorrido a partir da década dos cação do potencial produtivo, inovativo
1970, mostrou-se incapaz de produzir e de crescimento de uma aglomeração,
um padrão de distribuição da indústria faz-se necessário conhecer também a sua
mais homogêneo. Em razão das vanta- dimensão ativa ou construída. Ou seja, de-
gens locacionais do interior de São Paulo ve-se avaliar a existência ou não de interde-
e das regiões Sudeste e Sul, Diniz argu- pendências intencionais, i. e., de arranjos
menta que esse processo de desconcen- cooperativos, a sua intensidade e densida-
tração ficaria restrito ao interior do polí- de, assim como a forma como o ambiente
gono, cujos vértices são: Belo Horizonte, local é construído. No entanto, entende-se
Uberlândia, Maringá/Londrina, Porto Ale- que tais aspectos só podem ser captados
gre, Florianópolis e São Paulo. Ainda que por meio de pesquisas de campo.

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 227

O que se pretende aqui é antecipar


essa fase, com o maior grau de precisão
possível, mediante a utilização de dados
secundários. Sem dúvida, a identificação
de aglomerações, da maneira proposta,
contribui para o entendimento da natu-
reza e do padrão de desenvolvimento
dessa forma de organização da produ-
ção, bem como de sua dimensão eminen-
temente espacial. Do ponto de vista da
elaboração de políticas de desenvolvi-
mento econômico e regional, a metodo-
logia proposta abre novo caminho para a
seleção de áreas a ser apoiadas. Não resta
dúvida de que o aspecto espacial das
aglomerações impõe uma dinâmica bas-
tante diferenciada em relação aos tradi-
cionais instrumentos de política indus-
trial e regional, devendo combinar as di-
ferentes esferas do poder público na sua
consolidação e desenvolvimento.

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228 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

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n ova Economia_Belo Horizonte_16 (2)_211-241_maio-agosto de 2006


230 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Anexos

Tabela 1A_ APLs potenciais no setor de couro e calçados – Brasil, 2000


(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Juazeiro do Norte 3,69
Ceará
Fortaleza 1,57
Campina Grande 2,31
Paraíba Patos 2,18
João Pessoa 0,64
Pernambuco Caruaru 0,35
Jequié 1,79
Bahia Feira de Santana 0,73
Vitória da Conquista 0,06
Nova Serrana 11,72
Dores de Campos 3,79
Perdigão 2,98
Belo Horizonte 2,02
Guaxupé 1,54
São Sebastião do Paraíso 1,43
Minas Gerais Prados 1,37
São Gonçalo do Pará 1,31
Araguari 0,81
Uberaba 0,74
Araújos 0,51
Bom Despacho 0,28
Patos de Minas 0,19

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 231

Tabela 1A_ APLs potenciais no setor de couro e calçados – Brasil, 2000


(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Uberlândia 0,13
Divinópolis 0,12
São João Nepomuceno 0,10
Minas Gerais
Três Corações 0,08
Itaúna 0,08
Contagem 0,04
Espírito Santo Cachoeiro de Itapemirim 0,21
Rio de Janeiro Duque de Caxias 0,16
Franca 34,40
Birigui 10,62
Jaú 7,24
Santa Cruz do Rio Pardo 1,72
Bocaina 1,44
Penápolis 1,42
Tanabi 0,57
São Paulo Serra Negra 0,50
Presidente Prudente 0,39
Ribeirão Preto 0,37
Araçatuba 0,37
Bariri 0,34
São Joaquim da Barra 0,27
Rancharia 0,10
Mococa 0,07
Apucarana 0,83
Paraná Rolândia 0,16
Arapongas 0,01

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232 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Tabela 1A_ APLs potenciais no setor de couro e calçados – Brasil, 2000


(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Goiás Goiânia 1,37
Mato Grosso do Sul Paranaíba 0,51
São João Batista 4,53
Sombrio 1,68
Santa Catarina Araranguá 0,69
Caçador 0,66
Florianópolis 0,11
Novo Hamburgo 21,22
Sapiranga 16,78
Parobé 11,48
Campo Bom 9,84
Igrejinha 8,85
Três Coroas 7,73
Dois Irmãos 7,14
Nova Hartz 6,93
Taquara 5,83
Rio Grande do Sul Rolante 5,56
Estância Velha 5,45
São Leopoldo 4,93
Bom Retiro do Sul 4,13
Lindolfo Collor 3,93
Paverama 3,87
Ivoti 3,84
Teutônia 3,76
Picada Café 3,75
Nova Esperança do Sul 3,58

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 233

Tabela 1A_ APLs potenciais no setor de couro e calçados – Brasil, 2000


(conclusão)

Unidade da Federação Município Icn


Portão 3,55
Morro Reuter 3,30
Roca Sales 3,18
Santo Antônio da Patrulha 3,01
Araricá 2,92
Feliz 2,72
Veranópolis 2,46
Arroio do Meio 2,43
Farroupilha 2,33
Estrela 1,97
Bom Princípio 1,92
São Vendelino 1,54
Rio Grande do Sul Lajeado 1,22
Guaporé 1,15
Sapucaia do Sul 0,84
Getúlio Vargas 0,84
Carlos Barbosa 0,75
Gramado 0,75
Bento Gonçalves 0,55
Casca 0,38
Garibaldi 0,31
Gravataí 0,29
Camaquã 0,24
Erechim 0,20
Soledade 0,03
Fonte: Elaboração própria.
Nota: Inclui os setores de curtimento e outras preparações de couro; fabricação de artefatos de couro;
fabricação de calçados.

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234 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Tabela 2A_ APLs potenciais no setor de metalurgia básica – Brasil, 2000


(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Pará Belém 0,88
Maranhão São Luís 3,63
Jaboatão dos Guararapes 0,76
Pernambuco Paulista 0,31
Recife 0,02
Simões Filho 1,09
Bahia
Salvador 0,99
Cláudio 13,48
Timóteo 10,94
Sete Lagoas 10,28
João Monlevade 8,52
Divinópolis 7,17
Belo Horizonte 6,76
Minas Gerais Itaúna 5,62
Juiz de Fora 5,21
Contagem 3,59
São João del Rei 3,03
Carmo da Mata 2,72
Betim 1,78
Cataguases 0,21
Espírito Santo Serra 8,91
Volta Redonda 24,28
Barra Mansa 10,81
Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2,32
Duque de Caxias 0,66
Belford Roxo 0,17

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 235

Tabela 2A_ APLs potenciais no setor de metalurgia básica – Brasil, 2000


(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Campinas 9,23
São Paulo 7,79
Guarulhos 4,96
Indaiatuba 4,64
Americana 3,91
Santa Bárbara d’Oeste 3,44
Piracicaba 3,08
Sorocaba 3,07
Sumaré 2,81
Santo André 2,28
Mauá 1,72
Araras 1,44
São Paulo Ferraz de Vasconcelos 1,39
Itaquaquecetuba 1,34
São Carlos 1,22
Araraquara 0,85
Diadema 0,71
Itu 0,62
Jandira 0,44
São Caetano do Sul 0,41
São Bernardo do Campo 0,28
Santana de Parnaíba 0,27
Jundiaí 0,16
Itapira 0,02
Limeira 0,02

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236 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Tabela 2A_ APLs potenciais no setor de metalurgia básica – Brasil, 2000


(conclusão)

Unidade da Federação Município Icn


Cambé 0,28
Paraná
Ponta Grossa 0,04
Joinville 12,58
Santa Catarina Nova Veneza 0,75
Tubarão 0,04
Sapucaia do Sul 1,73
Caxias do Sul 1,11
Gravataí 0,52
Rio Grande do Sul Canoas 0,48
São Leopoldo 0,16
Bento Gonçalves 0,06
Cachoeirinha 0,04
Fonte: Elaboração própria.
Nota: Inclui os setores de fabricação de produtos siderúrgicos; metalurgia dos metais não-ferrosos; fundição.

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 237

Tabela 3A_ APLs potenciais no setor de fabricação e montagem de veículos automotores – Brasil, 2000
(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Betim 10,90
Contagem 10,56
Minas Gerais Belo Horizonte 8,53
Juiz de Fora 1,55
Muriaé 0,18
Resende 3,20
Rio de Janeiro
Duque de Caxias 0,08
São Paulo 30,87
São Bernardo do Campo 19,65
Santo André 18,65
Taubaté 12,58
Mauá 9,78
São José dos Campos 9,51
Guarulhos 8,62
São Caetano do Sul 7,50
Campinas 6,36
São Paulo
Mogi Guaçu 5,77
Diadema 5,59
Indaiatuba 4,20
Limeira 3,91
Sorocaba 3,90
Ribeirão Pires 3,62
Jundiaí 2,71
Itaquaquecetuba 1,74
Osasco 1,73

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238 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Tabela 3A_ APLs potenciais no setor de fabricação e montagem de veículos automotores – Brasil, 2000
(conclusão)

Unidade da Federação Município Icn


Itatiba 1,63
Piracicaba 1,39
Presidente Prudente 0,61
Pederneiras 0,41
São Paulo
Araraquara 0,36
Barueri 0,34
São José do Rio Preto 0,19
Bauru 0,13
Curitiba 9,94
São José dos Pinhais 3,85
Ponta Grossa 0,51
Paraná
Colombo 0,48
Maringá 0,17
Cascavel 0,09
Joinville 4,30
Santa Catarina
Brusque 0,16
Caxias do Sul 12,59
São Marcos 3,76
Gravataí 3,14
Erechim 1,88
Rio Grande do Sul
Cachoeirinha 1,14
Vacaria 1,04
Porto Alegre 0,65
Canoas 0,61
Fonte: Elaboração própria.
Nota: Inclui os setores de fabricação e montagem de veículos automotores; fabricação de cabines, carrocerias, reboques
e peças para veículos automotores; recondicionamento ou recuperação de motores de veículos automotores.

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Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 239

Tabela 4A_ APLs potenciais no setor de fabricação de


máquinas aparelhos e materiais elétricos – Brasil, 2000
(continua)

Unidade da Federação Município Icn


Amazonas Manaus 39,30
Paraíba Campina Grande 0,35
Pernambuco Recife 1,13
Bahia Salvador 0,89
Santa Rita do Sapucaí 3,44
Contagem 2,65
Belo Horizonte 1,90
Minas Gerais
Betim 1,76
Pouso Alegre 1,30
Uberlândia 0,11
Espírito Santo Serra 0,45
Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1,31
São Paulo 27,38
Guarulhos 5,57
Pederneiras 5,30
Campinas 4,76
Bauru 4,40
Osasco 3,56
São Paulo Sorocaba 3,48
São Bernardo do Campo 2,80
Itatiba 2,12
Diadema 1,99
Jundiaí 1,84
São José dos Campos 1,81
Rio Claro 1,79

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240 Metodologia de identificação de aglomerações produtivas locais

Tabela 4A_ APLs potenciais no setor de fabricação de


máquinas aparelhos e materiais elétricos – Brasil, 2000
(conclusão)

Unidade da Federação Município Icn


Santo André 1,78
Salto 1,45
Piracicaba 1,28
Itu 1,25
Taboão da Serra 1,09
São Caetano do Sul 0,65
São Paulo
Indaiatuba 0,63
Cotia 0,54
Barueri 0,41
São José do Rio Preto 0,27
Limeira 0,15
Ribeirão Preto 0,09
Curitiba 3,52
Londrina 1,68
São José dos Pinhais 1,55
Paraná
Pinhais 0,78
Colombo 0,49
Maringá 0,28
Jaraguá do Sul 5,44
Santa Catarina
Blumenau 1,28
Caxias do Sul 9,80
Rio Grande do Sul Canoas 1,12
Porto Alegre 1,09
Fonte: Elaboração própria.
Nota: Inclui os setores de fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos diversos – inclusive para veículos.

n ova Economia_Belo Horizonte_16 (2)_211-241_maio-agosto de 2006


Marco Aurélio Crocco_Rangel Galinari_Fabiana Santos_Mauro Borges Lemos_Rodrigo Simões 241

Tabela 5A_ APLs potenciais no setor de fabricação de material eletrônico e de aparelhos


e equipamentos de comunicação – Brasil, 2000

Unidade da Federação Município Icn


Amazonas Manaus 10,51
Minas Gerais Santa Rita do Sapucaí 2,97
Rio de Janeiro Rio de Janeiro 0,76
São Paulo 8,56
São José dos Campos 7,40
Campinas 2,68
Guarulhos 1,55
São Paulo Osasco 0,96
Taboão da Serra 0,19
Santo André 0,10
Diadema 0,01
São Bernardo do Campo 0,00
Curitiba 1,21
Paraná
Londrina 0,16
Porto Alegre 0,28
Rio Grande do Sul
Caxias do Sul 0,25
Fonte: Elaboração própria.

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