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2.5 Direito: possui um papel limitado e não deve ser um obstáculo aos
governantes: “homens bons não precisam de ordens, (...) saberão descobrir
facilmente qual legislação é necessária em termos gerais”. Os conflitos por
interesses não são regulados por uma estrutura jurídica, mas simplesmente
abolidos. Portanto, uma sociedade pluralista seria considerada um fracasso por
Platão, uma vez que seus membros veriam a si próprios como pertencentes a
grupos menores, muitos dos quais com objetivos conflitantes. Em vez de ser
uma ordenação jurídica ou um código de leis, a educação dos Guardiães
confere força estrutural à República, e eles não se veem limitados por uma
Constituição, ou por leis, em suas relações com as outras classes que
constituem o objeto de seu domínio. A segurança desse “Estado ideal” funda-
se sobre a predisposição das pessoas em acreditar em um mito. A obediência
racional, e não o medo das sanções, é o método mais eficiente para se obter
obediência, razão pela qual cada artigo da lei deve conter um preâmbulo para
explicar a racionalidade desta e, espera-se, tornar redundante o elemento
repressor do direito positivo (a incorporação em um código jurídico de certos
critérios morais absolutos). É melhor que uma pessoa se abstenha de cometer
crimes, ou adote um certo modo de agir, não por medo das consequências de
seus atos, mas por estar convencida de sua legitimidades.
3.5 Fins instrumentais: atos praticados como meios para outros fins
(trabalhar, estudar, se exercitar).
3.8 Atos voluntários: são ações humanas pelas quais nos tornamos
responsáveis por suas consequências, pois foram desejadas e racionalmente
orientadas.
4. Filosofia Medieval
4.4.1 Fé: é meio pelo qual se descobre um lugar onde a alma humana
atormentada pelas aflições e aspirações mundanas encontra a paz. Os homens
devem renunciar ao mal (ascetismo) e lutar para superar quaisquer elementos
de suas vidas que sejam um obstáculo a uma vida elevada e verdadeira
(neoplatonismo). A fé ilumina e permite que façamos as escolhas certas entre
os diferentes objetos do desejo, substituindo nosso desejo por coisas terrenas
(cupiditas) pelo desejo por coisas de natureza celestial (caritas) – as coisas
essenciais.
Lei Eterna: é a lei que provém do intelecto de Deus (razão divina) e que
expressa a ordem de todas as coisas tendo em vista a realização de seus fins.
Não está sujeita ao tempo, por isso é eterna. Não é possível ao homem
conhece-la por completo.
Lei Natural: é a parte da lei eterna que remete especificamente ao ser
humano. A participação nos planos de Deus é garantida por meio da
racionalidade humana que seja capaz de identificar as tendências naturais
(normas) humanas à prática de atos e fins apropriados.
Lei Humana: são as leis escritas especificas dos governos que derivam
dos preceitos gerais da lei natural. Santo Tomás argumenta que o dá a uma lei
o caráter de lei é sua dimensão moral (o agir orientado pela razão divina), sua
conformidade com os preceitos gerais do direito natural, sua conformidade com
a lei moral.
Lei Divina: tem por função dirigir o homem ao seu fim sobrenatural e
somente é acessível através da revelação, e encontra-se nas Escrituras. Não é
produto da razão humana, mas foi dada ao homem por meio da graça divina,
para assegurar que ele tenha conhecimento do que deve fazer para satisfazer
tanto os seus fins naturais quanto, mais especificamente, seus fins
sobrenaturais (obtenção das virtudes superiores: fé, esperança e amor). Desse
modo, Tomás de Aquino cristianizou e ultrapassou a ética naturalista de
Aristóteles, supostamente por ter demonstrado de que maneira se pode
assegurar o desejo natural que o homem tem de conhecer Deus, indicando
como a revelação se torna a diretriz da razão e descrevendo o modo como a
natureza superior do homem é aperfeiçoada pela graça divina.