You are on page 1of 30

Acessibilidade

Reinaldo Ferraz

na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Jeane Passos de Souza - CBR 8a/6189)

Ferraz, Reinaldo
Acessibilidade na web / Reinaldo Ferraz. – São Paulo : Editora
Senac São Paulo, 2016. (Série Universitária)

Bibliografia.
e-ISBN 978-85-396-1097-6

1. Tecnologia assistiva: World Wide Web 2. Pessoa com deficiência:


World Wide Web: Acessibilidade I. Título. II. Série.

16-415s CDD-362.4
004.678
BISAC COM043050

Índice para catálogo sistemático:


1. Tecnologia assistiva: World Wide Web 004.678
2. Pessoa com deficiência: World Wide Web: Acessibilidade 362.4
ACESSIBILIDADE

Reinaldo Ferraz
NA WEB
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo
Presidente do Conselho Regional
Abram Szajman

Diretor do Departamento Regional


Luiz Francisco de A. Salgado

Superintendente Universitário e de Desenvolvimento


Luiz Carlos Dourado

Editora Senac São Paulo


Conselho Editorial
Luiz Francisco de A. Salgado
Luiz Carlos Dourado
Darcio Sayad Maia
Lucila Mara Sbrana Sciotti
Jeane Passos de Souza
Gerente/Publisher
Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br)
Coordenação Editorial
Márcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senac.br)
Comercial
Marcelo Nogueira da Silva (marcelo.msilva@sp.senac.br)
Administrativo
Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br)
Acompanhamento Pedagógico
Otacilia da Paz Pereira
Pedrina Rosa Araujo
Designer Educacional
Diogo Maxwell Santos Felizardo
Revisão Técnica
Daniel Prata Savoy
Colaboração
Ana Paula Pigossi Papalia
Revisão de Texto
Camila Lins
Karinna A. C. Taddeo
Luiza Elena Luchini (coord.)
Projeto Gráfico
Alexandre Lemes da Silva
Emília Corrêa Abreu
Capa
Proibida a reprodução sem autorização expressa.
Antonio Carlos de Angelis
Todos os direitos desta edição reservados à
Editoração Eletrônica
Cristiane Marinho de Souza Editora Senac São Paulo
Marcio S. Barreto Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar
Ilustrações Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP
Cristiane Marinho de Souza Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP
Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486
Imagens E-mail: editora@sp.senac.br
iStock Photos Home page: http://www.editorasenacsp.com.br
E-pub
Ricardo Diana © Editora Senac São Paulo, 2016

4 Acessibilidade na Web
Sumário
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Capítulo 1 Capítulo 4
Introdução à acessibilidade HTML acessível
na Web, 7 intermediário, 63
1 O que é acessibilidade, 8 1 Formulários acessíveis, 64
2 O que é acessibilidade na Web, 10 2 Áudio e vídeo acessíveis na Web, 72
3 Quem se beneficia, 12 3 Cores e acessibilidade, 76
4 Tecnologia assistiva, 15 4 CSS e acessibilidade, 80
5 Estatísticas, 19 Considerações finais, 81
6 Barreiras de acesso, 22 Referências, 82
7 Inovação e motivações
econômicas, 25
Capítulo 5
Considerações finais, 28
HTML acessível avançado, 83
Referências, 29
1 SVG acessível, 84
Capítulo 2 2 Canvas acessível, 88
Padrões Web e acessibilidade, 31 3 Conteúdo dinâmico acessível, 92
4 Outras linguagens e sua relação
1 Padrões Web, 32 com a acessibilidade, 96
2 HTML5, 35 5 Considerações além do código, 99
3 WCAG 2.0, 39 Considerações finais, 100
4 UAAG e ATAG, 41 Referências, 101
5 WAI-ARIA 1.0, 43
Considerações finais, 44 Capítulo 6
Referências, 45 Web acessível para
dispositivos móveis, 103
Capítulo 3
1 Acessibilidade e dispositivos
HTML acessível básico, 47 móveis, 104
1 O básico para uma Web 2 Tecnologia assistiva, 106
acessível, 48 3 Recomendações para a Web
2 Novos elementos da HTML5 e a acessada por dispositivos
acessibilidade, 54 móveis, 110
3 Principais barreiras e como Considerações finais, 113
evitá-las, 57 Referências, 114
Considerações finais, 61
Referências, 62

Introdução à acessibilidade na Web 5


Capítulo 7 Capítulo 8

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Verificação e validação de Uma Web para tudo e para
acessibilidade, 115 todos, 127
1 Validadores automáticos, 116 1 Panorama do conteúdo
2 Validação manual, 119 abordado, 128
3 Tecnologia assistiva, 120 2 Perspectivas e desafios futuros
para uma Web acessível, 130
4 Pessoas com deficiência fazendo
testes, 123 3 Máquinas, Web e humanos, 132
Considerações finais, 124 Considerações finais, 134
Referências, 125 Referências, 135

Sobre o autor, 137

6 Acessibilidade na Web
Capítulo 1
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Introdução
à acessibilidade
na Web

Na Web, a acessibilidade é fundamental para garantir o acesso para


todas as pessoas, especialmente para pessoas com deficiência, que
muitas vezes acabam impedidas de atingir determinados conteúdos
por certas barreiras de acesso.

O objetivo deste capítulo é introduzir o conceito de acessibilidade,


mais especificamente o de acessibilidade na Web. Para discutir com
maior profundidade o tema, serão abordadas questões para entender a
acessibilidade na Web e o porquê da sua importância.

Serão apresentadas as principais barreiras de acesso que o usuário


com deficiência pode encontrar na navegação na Web e a tecnologia

7
assistiva, que possibilita que pessoas com deficiência consigam aces-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
sar conteúdos digitais, além de estatísticas globais e nacionais sobre
pessoas com deficiência. Vamos conhecer as motivações econômicas
e o espaço para inovação que a acessibilidade na Web proporciona.

1 O que é acessibilidade
Existem diversas definições e abordagens para o termo acessibi-
lidade. O dicionário Houaiss define acessibilidade como “qualidade
ou caráter do que é acessível” e “facilidade na aproximação, no trata­
mento ou na aquisição” (HOUAISS, 2001, p. 52). É uma definição ampla,
que não faz relação direta com a pessoa ou o usuário de um transporte
público ou um sistema digital, como será abordado nesta publicação.

Para o governo brasileiro, a definição torna­se um pouco mais espe-


cífica e aborda o princípio de acessibilidade como garantia de acesso
para o cidadão. O Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004, conside-
ra a acessibilidade:

condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou as-


sistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edi-
ficações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas
e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida [...]. (BRASIL, 2004)

IMPORTANTE

Apesar de representar um grande avanço no conceito de acessibilidade,


o decreto utiliza o termo “pessoa portadora de deficiência”, denomina-
ção não adequada atualmente. O termo mais adequado é “pessoa com
deficiência”.

8 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

O mesmo decreto vai além e aponta ainda a definição de barreiras


para a acessibilidade, em diversos sentidos: barreiras urbanísticas, nas
edificações e nas comunicações.

As barreiras de acesso são fatores-chave para a acessibilidade, já


que uma edificação que não tem uma rampa para um cadeirante, por
exemplo, impede o acesso dessa pessoa a um ambiente. A cadeira de
rodas não é a barreira. O ambiente inacessível para o usuário de cadeira
de rodas é.

Conforme as barreiras de acesso aumentam, o número de pessoas


impedidas de usar determinado ambiente ou serviço também cresce.
Um ambiente inclusivo é fundamental para garantir o acesso de todas
as pessoas. Acessibilidade não é caridade, e sim um dever e um direito
do cidadão, tão importante que, em 6 de julho de 2015, foi sancionada
a Lei no 13.146, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência. Essa lei tem um papel essencial, que é proteger os direitos
da pessoa com deficiência em diversos âmbitos – de edificações até o
acesso à informação.

Essa mesma lei, em seu artigo 3, tem uma definição de acessibili­


dade mais ampla e abrangente:

I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utiliza-


ção, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipa-
mentos urbanos, edificações, transportes, informação e comuni­
cação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou priva-
dos de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa
com deficiência ou com mobilidade reduzida [...]. (BRASIL, 2015)

A acessibilidade está diretamente ligada ao desenho universal, que


será amplamente abordado nesta publicação. A Lei no 13.146, também
no seu artigo 3, define o desenho universal da seguinte forma:

Introdução à acessibilidade na Web 9


II – desenho universal: concepção de produtos, ambientes, progra-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
mas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces-
sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recur-
sos de tecnologia assistiva. (BRASIL, 2015)

Quando o conceito de desenho universal não é levado em consi-


deração, diversas pessoas, especialmente pessoas com deficiência,
podem ter problemas ao acessar produtos e ambientes, tanto físicos
como digitais.

IMPORTANTE

O conceito de acessibilidade ainda pode ser explorado de diversas ou-


tras formas, mas a abordagem mais profunda que será feita nesta pu-
blicação será a da acessibilidade digital, que garante que usuários com
deficiência não tenham barreiras de acesso na Web.

2 O que é acessibilidade na Web


A World Wide Web foi criada com o objetivo de permitir a navega-
ção entre documentos por hiperlinks, facilitando, assim, a ligação entre
conteúdos e possibilitando relações entre documentos. Ela foi criada de
forma livre e aberta, para que qualquer pessoa pudesse publicar con-
teúdo, gerando um ambiente democrático que possibilitou que pessoas
comuns tivessem papel ativo na produção e construção de conteúdo.

Essa rede de páginas e documentos já nasceu com o objetivo de ser


acessível desde o princípio. Tim Berners-Lee inventou a Web em 1989, e
o Consórcio World Wide Web, responsável pela criação de padrões para
a Web, começou suas atividades em 1994. Três anos depois foi funda-
da a WAI, Iniciativa para Acessibilidade na Web, dentro do W3C, com o
objetivo de garantir que a Web não tivesse barreiras de acesso para as
pessoas com deficiência. No ato do seu lançamento, Tim Berners­Lee

10 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

reforça a importância dessa iniciativa: “o poder da Web está na sua


universalidade. O acesso por todas as pessoas, não obstante a sua
deficiência, é um aspecto essencial” (W3C, 1997).

Nos últimos vinte anos, a Web evoluiu de forma exponencial. O aces-


so vai além do acesso a páginas estáticas e documentos somente em
texto e imagens. A forma de acessar a Web mudou de enormes compu-
tadores brancos da década de 1990 para os smartphones e tablets dos
anos 2010. Atualmente, é possível fazer a compra de uma passagem
aérea, consultar a restituição do imposto de renda e fazer chamadas de
videoconferência pela Web. Essa Web moderna, a Web das aplicações,
deve permitir que pessoas com deficiência também consigam fazer
compras de passagens aéreas, consultar a restituição do imposto de
renda e fazer chamadas de áudio e vídeo.

Dessa forma, o acesso à Web por pessoas com deficiência tam-


bém tem uma abordagem mais ampla. As percepções sensoriais dos
usuários devem ser respeitadas, garantindo a eles o direito de navegar
e interagir com a Web, como a WAI declara em seu website:

Acessibilidade na Web significa que pessoas com deficiência po-


dem usar a Web. Mais especificamente, a acessibilidade na Web
significa que pessoas com deficiência podem perceber, entender,
navegar, interagir e contribuir para a Web. E mais. Ela também be-
neficia outras pessoas, incluindo pessoas idosas com capacidades
em mudança devido ao envelhecimento. (W3C, 2005a)

Além de todos os pontos já abordados, talvez o tópico mais impor-


tante da acessibilidade na Web seja a autonomia que ela propicia aos
usuários com deficiência. A Web possibilita situações antes difíceis de
imaginar, como aquelas citadas nos parágrafos anteriores. A cartilha
de acessibilidade na Web do W3C Brasil sumariza as explanações an-
teriores sobre acessibilidade na Web em uma definição que se encaixa
perfeitamente na definição deste livro:

Introdução à acessibilidade na Web 11


Acessibilidade na Web é a possibilidade e a condição de alcan-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
ce, percepção, entendimento e interação para a utilização, a par-
ticipação e a contribuição, em igualdade de oportunidades, com
segurança e autonomia, em sítios e serviços disponíveis na Web,
por qualquer indivíduo, independentemente de sua capacida-
de motora, visual, auditiva, intelectual, cultural ou social, a qual-
quer momento, em qualquer local e em qualquer ambiente físico
ou computacional e a partir de qualquer dispositivo de acesso.
(W3C BRASIL, s/d., p. 22)

3 Quem se beneficia
Em um primeiro momento podemos dizer que a acessibilidade na
Web beneficia pessoas com deficiência. Segundo o Decreto no 6.949, de
25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados pelo Brasil em Nova York, em 30 de março de 2007, pessoas
com deficiência são aquelas que:

têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, inte-


lectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdades de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2009)

A definição de acessibilidade na Web que usaremos aqui vai abor-


dar situações relacionadas a pessoas que se deparam com alguma
barreira ao acessar conteúdos disponíveis na rede. Esse universo en-
globa milhares de pessoas, com os mais diversos tipos de deficiência.
Os tipos de deficiência que mais comumente enfrentam barreiras de
acesso à Web são os seguintes:

12 Acessibilidade na Web
Quadro 1 – Tipos de deficiências que mais enfrentam barreiras de acesso à Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Pessoas cegas não conseguem enxergar uma foto, assistir a um vídeo ou ler um
texto sem o auxílio de tecnologia assistiva.
CEGUEIRA

Pessoas com baixa visão precisam de recursos para aumentar o tamanho da fonte
ou dar zoom em textos e imagens de uma página Web.
BAIXA VISÃO

Pessoas com daltonismo não conseguem enxergar determinado espectro de cor.


Em casos mais raros, algumas pessoas podem não enxergar cor nenhuma, vendo
o mundo em escalas de cinza. Existem ainda outros três tipos de daltonismo,
referentes à ausência de percepção de determinada cor:
• Protanopia: interfere na percepção de cores do espectro vermelho.

DALTONISMO • Deuteranopia: interfere na percepção de cores do espectro verde.


• Tritanopia: interfere na percepção de cores do espectro azul.

Pessoas surdas não conseguem compreender um áudio na Web ou um vídeo sem


legendas, transcrição ou tradução para Libras.
SURDEZ

Abrange pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida, especialmente


DEFICIÊNCIA pessoas com tetraplegia, que não conseguem se movimentar do pescoço para
MOTORA OU baixo e não conseguem utilizar um computador sem tecnologia assistiva adequada.
MOBILIDADE
REDUZIDA

DEFICIÊNCIA Pessoas com deficiência intelectual ou deficiências neurológicas podem ter


INTELECTUAL dificuldade para escutar, ouvir, ver, falar ou compreender informações na Web.
OU
DEFICIÊNCIAS
NEUROLÓGICAS

Fonte: elaborado pelo autor.

Poderíamos detalhar muito mais essa lista, com outros tipos de


deficiência, nas mais diversas situações de uso da Web. Cabe ainda

Introdução à acessibilidade na Web 13


ressaltar que, em alguns casos, as pessoas podem ter mais de um tipo

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
das deficiências citadas anteriormente (ser surda e ter baixa visão,
por exemplo).

A acessibilidade na Web possibilita que pessoas com deficiência


consigam acessar a Web, mas ela também é muito importante em ou-
tros cenários que a princípio não parecem ter relação com deficiência,
mas que implicam em algumas possíveis barreiras:

• Pessoas com deficiências temporárias, que estão com um braço


quebrado ou passaram por uma cirurgia nos olhos.

• Usuários de dispositivos móveis, que muitas vezes precisam au-


mentar o tamanho da fonte das páginas em que navegam ou que
precisam de um bom contraste quando acessam uma página em
um dispositivo no meio da rua, sob a incidência de sol.

• Pessoas que estão aprendendo a usar a Web, que muitas vezes


têm dificuldade em compreender o funcionamento de uma pági-
na ou aplicação.

• Crianças no início da aprendizagem, que muitas vezes não sabem


ler, mas conseguem navegar por ícones e por uma interface
mais simples.

• Pessoas idosas, que perderam a acuidade visual e auditiva para


ler e ouvir conteúdos on-line ou que tiveram a destreza motora
diminuída, o que pode causar dificuldade em clicar e acionar links
e botões pequenos nas páginas.

Diante de todas essas situações apresentadas, podemos dizer que


a acessibilidade na Web não beneficia somente pessoas com defi­
ciência, mas todas as pessoas, em algum momento ou situação es-
pecífica da vida.

14 Acessibilidade na Web
4 Tecnologia assistiva
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

A navegação pela Web de uma pessoa sem deficiência é feita pri-


mordialmente por um elemento computacional (tablet, celular, compu-
tador, notebook, etc.), periféricos de entrada (teclado físico ou virtual,
mouse, câmera, microfone, etc.) e um navegador Web.

Utilizar um computador quando se tem todos os sentidos e movi-


mentos do corpo não é uma tarefa difícil, mas, quando falta algum dos
sentidos ou o movimento de determinados membros, a navegação
pode ficar complicada ou até mesmo impossível sem uma tecnologia
assistiva, tanto de hardware como de software.

Bersche (2006) define o conceito de tecnologia assistiva da se-


guinte forma:

Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado para iden-


tificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem
para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas
com deficiência e consequentemente promover Vida Indepen-
dente e Inclusão.

A tecnologia assistiva faz uso de diretrizes de desenvolvimento para


transmitir a informação ao usuário – diretrizes tanto para o desenvol-
vimento de páginas como para a própria ferramenta interpretar o con-
teúdo da página Web. Essa relação é fundamental para que o usuário
consiga acessar o conteúdo na Web de forma adequada utilizando
tecnologia assistiva.

Introdução à acessibilidade na Web 15


Figura 1 – Relação entre usuário, desenvolvedor e conteúdo

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Conteúdo Navegadores Web e
Ferramentas de validação
tocadores de mídia

Ferramentas de autoria Tecnologia assistiva

Diretrizes de acessibilidade
ATAG WCAG UAAG

Especificações técnicas
Desenvolvedores HTML XML CSS SVG SMIL ETC. Usuários
Fonte: adaptado de W3C (2005b).

Algumas tecnologias assistivas, tanto de hardware como de software,


são fundamentais para possibilitar o acesso de pessoas com deficiência.
Veremos algumas delas a seguir.

4.1 Leitores ou ledores de tela

São softwares com sintetizadores de voz que leem o conteúdo de


uma página Web baseados na codificação HTML da página. Esses
softwares conseguem identificar imagens e transmitir ao usuário as
informações que estão disponíveis em modo texto.

PARA SABER MAIS

Existem vários softwares leitores/ledores de tela no mercado. A seguir,


conheça alguns deles:
• Para Windows: JAWS, NVDA e DOSVOX.

• Para Linux: ORCA.

• Para produtos Apple: VoiceOver (Mac OS e iOS).

• Para Android: TalkBack.

16 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

A navegação por uma página Web é feita basicamente por teclado


quando se utiliza um software leitor/ledor de tela. Boa parte deles tem
atalhos via teclado para navegar por cabeçalhos, formulários, tabelas,
etc., além de fazer uso das setas e das teclas Tab e Backspace para
possibilitar a navegação. Apesar de transmitirem também informações
que são focalizadas por mouse, seu uso com esse periférico é mais
com plexo, pois depende de identificação visual dos elementos na tela.
Utilizar um mouse para navegar por links em uma página sem a visão
é uma tarefa bastante complicada, pois é difícil saber onde os links da
página estão posicionados.

No caso de dispositivos móveis, especialmente smartphones e


tablets, sua navegação é feita por toques. Muitas vezes a navegação
pelos links é feita passando o dedo da esquerda para a direita, assim
o software consegue fazer o foco e identificar cada link, enquanto dois
toques na tela acionam os links e os botões.

Todas essas características de softwares leitores/ledores de tela po-


dem ser configuradas e customizadas. Alguns leitores possibilitam até
mesmo transmitir ao usuário as cores de fundo e de texto de um website.

4.2 Ampliadores de tela ou lupas


São softwares utilizados para aumentar o tamanho da tela, possibili-
tando que pessoas com baixa visão consigam ler e compreender o con-
teúdo de uma página Web. Mesmo considerando que comandos como
“Ctrl/Option + ou ­” possam cumprir essa função no navegador Web, algu-
mas vezes eles podem quebrar o desenho do site, dificultando sua leitura
e compreensão.

Os ampliadores de tela realçam uma área específica da tela do


computador e da página Web. Enquanto o usuário navega por ela com
o mouse, ele pode posicionar o cursor de modo a sempre manter uma
grande área visível. A maioria dos sistemas operacionais tem um recur-
so de lupa ou um ampliador de telas, mas existem opções disponíveis
gratuitas e pagas para download.

Introdução à acessibilidade na Web 17


4.3 Sensores de movimento

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Sensores de movimento fazem uso de um hardware – como câ-
meras de vídeo para captar os movimentos da cabeça, por exemplo –
que utiliza um software especial para comandar o ponteiro do mouse
para navegar pela tela conforme o usuário se movimenta. Esse tipo
de tecnologia beneficia principalmente pessoas com limitações de
movimento, que muitas vezes mexem apenas a cabeça ou os olhos
para controlar o computador. Alguns softwares são configurados para
detectar movimentos da cabeça, enquanto outros utilizam a posição
da retina para guiar o mouse pela tela e o piscar dos olhos para rea-
lizar o clique. O usuário pode navegar por páginas Web com cliques
em hiperlinks ou preencher campos de formulário e enviar mensagens
utilizando um teclado virtual.

4.4 Tradutor de Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Pessoas surdas e com baixa audição que são alfabetizadas


em Libras ou têm certo conhecimento da língua podem utilizar um
software que traduz para o usuário textos selecionados dentro de pá-
ginas Web. Em certas situações, o português não é compreensível
para algumas pessoas surdas, que fazem uso da Língua Brasileira de
Sinais para se comunicar. O software possibilita, inclusive, a gravação
de vídeos, que podem ser utilizados para transmitir uma mensagem
para outro usuário, mesmo que esse não tenha o tradutor instalado.

PARA SABER MAIS

Podemos encontrar alguns exemplos de tradutores de Libras na Web,


como o Hand Talk e o ProDeaf.

18 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

A tecnologia assistiva trouxe um grande avanço para pessoas com


deficiência. Porém, se as páginas Web não forem codificadas de forma
adequada, mesmo o mais moderno software pode não transmitir a men-
sagem corretamente para o usuário. De nada adianta, por exemplo, um
leitor de tela de última geração acessar uma página que não tem suas
imagens descritas adequadamente. O software identifica que o elemento
é uma imagem, mas não consegue dizer o que ela comunica.

5 Estatísticas
O número de pessoas com deficiência no mundo impressiona.
Segundo a ONU (WHO, 2015), estima-se que aproximadamente 15% da
população mundial, ou seja, mais de um bilhão de pessoas em todo o
planeta possui algum tipo de deficiência. Esse número engloba as mais
diversas situações: pessoas que nasceram com deficiência, feridos
em áreas em conflitos que tiveram membros amputados ou perderam
visão e audição, pessoas vitimadas por doenças e uma infinidade de
possibilidades.

No Brasil, esse número também é grande. Segundo o Censo 2010


(IBGE, 2010), o número de pessoas com deficiência no país representa
aproximadamente 24% da população brasileira. Isso significa que mais
de 45 milhões de pessoas em todo o país têm algum tipo de deficiência.

O Censo classifica as respostas por tipo de deficiência e por grau de


deficiência; por exemplo, registra se a pessoa não consegue enxergar
de modo algum ou se tem alguma grande dificuldade de enxergar. No
caso da deficiência visual, são mais de 35 milhões de pessoas que de-
clararam ter alguma limitação para enxergar, sendo parte desse número
mais de 500 mil pessoas cegas.

No Brasil, são cerca de 9,7 milhões de pessoas com deficiência


auditiva. Deste número, mais de 340 mil pessoas são surdas. O número

Introdução à acessibilidade na Web 19


de pessoas com deficiência motora e mobilidade reduzida também é

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
alto: mais de 13 milhões de pessoas declaram ter alguma dificuldade
de movimento. Dentro desse universo de pessoas com deficiência
motora e mobilidade reduzida, mais de 700 mil não conseguem se mo-
vimentar de modo algum.

Gráfico 1 – Números relacionados às pessoas com deficiências

15% 24%
No mundo No Brasil

Mais de 1 bilhão Mais de 45 milhões


de pessoas com deficiência de brasileiros com deficiência

Cegos 500 mil

Surdos 340 mil


No Brasil
Pessoas que não conseguem
734 mil
se movimentar de modo algum

Fonte: adaptado de IBGE (2010) e WHO (2015).

Outro fator relevante que impacta a questão da acessibilidade é o


número de pessoas idosas. Em média, a população mundial está viven-
do mais, e com isso temos um número maior de pessoas idosas, que
podem ter dificuldades de enxergar, de escutar ou de executar tarefas
que requerem destreza manual mais precisa.

Segundo relatório da ONU (2001) sobre o envelhecimento da popula-


ção mundial, em 1950 o número de pessoas com 60 anos ou mais era
de 205 milhões. A estimativa para o ano de 2050 é de aproximadamen-
te 2 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais em todo o planeta.

20 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

O número de pessoas idosas acessando a internet vem crescendo


gradativamente nos últimos anos. Segundo os indicadores do Cetic.br1,
em 2009 o percentual de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil que
nunca acessou a internet era de 94%. Em 2014 esse número caiu para
81%. E tende a cair ainda mais.

Com relação à acessibilidade na Web, existem estatísticas interes-


santes que mostram o quanto a Web tem ficado mais acessível do pon-
to de vista do usuário com deficiência, apesar de ainda haver um longo
caminho a seguir. Segundo pesquisa realizada pelo CGI.br (2010) sobre
as dimensões e características da Web brasileira, em 2010 apenas 2%
das páginas governamentais brasileiras não tinham erros de codifica-
ção referentes à acessibilidade. No ano seguinte, o número passou para
5%. Um aumento considerável, mas que representa ainda um número
muito baixo.

Uma instituição americana chamada WebAIM promove, em seu


website, uma pesquisa com usuários de softwares leitores de tela.
Anualmente, mais de duas mil pessoas costumam responder à pesqui-
sa, voluntariamente, em um formulário na página Web da organização.
Em 2015, a WebAIM promoveu a sexta edição da pesquisa, e os dados
foram publicados em seu website2. Dos resultados da pesquisa, os
números que mais chamam a atenção são:

• 2.515 pessoas responderam o questionário em 2015.

• A maioria dos respondentes, 69%, é da América do Norte. A


América do Sul representa apenas 1,7%.

• Os principais leitores de tela utilizados são JAWS, NVDA e


Windows Eyes.

1
Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação – Cetic.br. Disponível
em: <http://cetic.br/>. Acesso em: 2 mar. 2016.

2
WebAIM. Screen reader user survey #6 results. Disponível em: <http://webaim.org/projects/
screenreadersurvey6/>. Acesso em: 2 mar. 2016.

Introdução à acessibilidade na Web 21


• O ampliador de tela mais usado é o ZoomText.

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
• A maioria dos usuários utiliza o Internet Explorer, seguido pelo
Firefox e Chrome.

• Mais de 80% dos usuários têm seu leitor de tela atualizado.

• A plataforma mobile mais utilizada é o iOS, da Apple, com 69%


das respostas. Em seguida vem o Android, com 20%.

• A maioria dos respondentes acha que a acessibilidade na Web


melhorou nos últimos anos, porém acredita que a principal razão
para a carência de acessibilidade é a falta de conhecimento/habi-
lidade técnica e de consciência sobre o tema.

PARA SABER MAIS

A pesquisa tem muito mais números e respostas. Os resultados com-


pletos, inclusive das edições anteriores, estão disponíveis no website
da WebAIM.

6 Barreiras de acesso
Imagine a seguinte situação: você precisa ir ao banco para conv ersar
com o gerente da sua conta. Quando você chega na porta do banco,
percebe que existe um degrau de um metro e meio que precisa ser
transposto para entrar na sua agência. Talvez você consiga com muito
esforço, ou com a ajuda de amigos, mas tem uma enorme dificuldade
de acessar aquele local, por causa de uma barreira de acesso.

Apesar do tom exagerado, podemos enumerar diversas situações


como essa em um banco: a porta giratória que trava aleatoriamente, a
entrada apenas pela escada, sem rampa de acesso para cadeirantes,

22 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

e assim por diante. São situações incontáveis, que não estão restritas
aos ambientes bancários. Fóruns, tribunais, supermercados e até casas
lotéricas podem ter um “pequeno detalhe” que pode impactar o acesso
de pessoas a esses estabelecimentos.

O exemplo do degrau de um metro e meio foi uma forma exagerada


de ilustrar que mesmo uma pessoa que não tenha deficiência pode,
sim, ser impedida de acessar determinado estabelecimento ou serviço.
Muitas vezes nos questionamos o porquê daquela determinada bar­
reira: será que ela é realmente necessária? Quem teve essa ideia?
Ouvimos os mais diversos argumentos (segurança é o mais comum
deles), mas, muitas vezes, trata-se de pequenos detalhes que são igno-
rados e podem fazer uma grande diferença.

Quando a barreira de acesso está no ambiente digital, mais especi-


ficamente na Web, uma enorme gama de pessoas pode não concluir
uma compra, acessar um serviço ou simplesmente ler uma notícia. O
quadro 2 traz uma pequena amostra dessas situações:

Quadro 2 – Exemplos de situações que consistem em barreiras no acesso à Web

Uma pessoa cega tenta fazer uma compra em uma grande loja virtual, mas o formulário para o
preenchimento de seus dados de pagamento é confuso e a impede de prosseguir.

Uma pessoa daltônica não consegue saber se o ônibus que trará sua família de outra cidade
está no horário, pois o site mostra apenas sinais coloridos para informar se o ônibus está
atrasado (vermelho) ou se está no horário (verde).

Um jovem com baixa visão está na rua procurando em seu smartphone o endereço de um
serviço público para a entrega de documentos, mas a página de contatos apresenta o
endereço em uma cor cinza muito clara e com letras muito pequenas.

Uma mulher surda inicia um curso de administração de empresas on-line, porém os vídeos
não possuem legendas ou transcrição do áudio.

Um rapaz tetraplégico que utiliza uma ponteira na testa para navegar pela Web tenta comprar
uma passagem aérea, mas precisa selecionar a data da viagem utilizando um mouse.

Fonte: elaborado pelo autor.

Introdução à acessibilidade na Web 23


A lista com situações de barreiras de acesso como essas pode

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
ser enorme, especialmente considerando os graus de deficiência de
cada pessoa.

Outra barreira de acesso muito comum é o uso do CAPTCHA, um


tipo de desafio em que as pessoas preenchem um campo de formulário
com o texto que está em uma imagem. O grande problema é que cer-
tos CAPTCHAS são inacessíveis, e uma pessoa com deficiência visual
pode não conseguir acessar o conteúdo. Com o argumento de evitar que
spammers preencham os formulários com robôs, podemos criar bar-
reiras de acesso para os usuários. Dependendo do CAPTCHA, um robô
consegue passar pelo desafio, mas uma pessoa não.

A acessibilidade é fundamental para garantir que pessoas com de-


ficiência consigam acessar a Web. Porém, quando não consideramos
o conceito do desenho universal, muitas vezes as barreiras de acesso
afetam pessoas que não têm nenhum tipo de deficiência ou têm algu-
ma deficiência temporária, como nos exemplos no quadro 3:

Quadro 3 – Exemplos de situações que consistem em barreiras na Web para pessoas sem deficiências

Uma mulher não consegue dar zoom no cardápio que está no site da pizzaria, por causa de
problemas de codificação e de exibição do conteúdo para dispositivos móveis.

Um senhor de 70 anos não consegue clicar nos pequenos links de um site de compras
on-line.

Uma mulher com os dois braços quebrados não consegue preencher um formulário porque
os campos são atualizados automaticamente e ela perde seus dados diversas vezes.

Uma adolescente não consegue acessar sua rede social preferida pois utiliza um sistema
operacional e um navegador não convencional, mas que segue padrões Web.

Fonte: elaborado pelo autor.

A acessibilidade na Web visa garantir que qualquer pessoa tenha


acesso a conteúdos na Web, independentemente de alguma deficiência

24 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

física, da sua localização geográfica ou mesmo do dispositivo que está


usando. Quando a Web é acessível, podemos presenciar as mais di-
versas situações, como um jovem cego que navega em uma galeria
de fotos que possui descrição adequada ou uma pessoa surda que
conclui um curso de aperfeiçoamento em razão da disponibilidade de
transcrição dos vídeos.

PARA PENSAR

Muitas vezes as barreiras de acesso são tecnicamente simples de se-


rem solucionadas, como veremos nos próximos capítulos. A grande
mensagem sobre as barreiras de acesso é que precisamos ter muito
cuidado com os sistemas e as páginas que desenvolvemos hoje, pois
podemos estar criando barreiras de acesso que vão nos impedir de
acessar a página ou o sistema que nós mesmos construímos.

7 Inovação e motivações econômicas


O mercado voltado para a acessibilidade digital tem uma caracte-
rística interessante de transitar por diversas áreas do desenvolvimento
Web. Recursos e técnicas de acessibilidade trazem ganhos reais e di-
retos para as páginas e, consequentemente, podem trazer benefícios
financeiros para as empresas.

IMPORTANTE

O desenvolvimento de páginas Web acessíveis traz ganhos imediatos


para o Website. O código deve ser escrito de forma semanticamente
correta, seguindo padrões Web internacionais, resultando em um me-
lhor desempenho se comparado a um site que não segue padrões e que
muitas vezes utiliza scripts e plug-ins obsoletos.

Introdução à acessibilidade na Web 25


A acessibilidade na Web está ligada diretamente com a indexação do

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
conteúdo de páginas Web por ferramentas de busca. Em 2009, o Google
anunciou que sites mais rápidos teriam mais relevância em resultados de
busca (SINGHAL; CUTTS, 2010); em 21 de abril 2015, anunciou também
que páginas que não fossem amigáveis ao usuário que acessasse por
dispositivos móveis poderiam ser penalizadas (MAKINO; JUNG; PHAN,
2015). Os dois exemplos dados pelo Google têm relação direta com o
uso dos padrões Web de acessibilidade e a preocupação com o usuário:
com a forma que ele acessa o conteúdo e que ele vai ser beneficiado por
acessá-lo mais rapidamente e em uma interface mais amigável.

O uso de padrões Web tem um importante impacto na acessibili-


dade das páginas. Em 2014, Ferraz (2015) realizou um estudo com
ferramentas de busca e imagens com atributos textuais para acessi-
bilidade e mostrou que o Google faz a indexação de conteúdo dentro
de atributos textuais para a acessibilidade das imagens. Com isso, a
página que tem suas imagens descritas adequadamente tem os textos
alternativos das imagens também indexados pelo buscador.

A motivação econômica não vem só de grandes corporações e gi-


gantes da Web. Pequenas empresas têm expandido seus negócios
considerando a acessibilidade na Web como fator fundamental. Os em-
preendedores que estão atentos a esse mercado sabem que parte dos
24% da população brasileira com deficiência pode ser consumidora do
seu produto. A Web deu autonomia para as pessoas com deficiência, e
isso tem um impacto muito grande em como o usuário consome con-
teúdos digitais, faz compras, realiza transações financeiras, etc. Uma
pessoa não precisa se deslocar até uma agência bancária ou loja física
para executar determinadas tarefas, como fazer movimentações ban-
cárias e compras.

Os exemplos anteriores apontam o quanto a acessibilidade na Web


está relacionada com o acesso de todas as pessoas, gerando negócios

26 Acessibilidade na Web
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

e movimentando receitas, mesmo que seja pela economia de banda


de uma página bem codificada ou pela indexação por ferramentas de
busca. A acessibilidade vai além da filantropia. Ela é uma área com um
amplo potencial para negócios, em um ambiente que está crescendo ra-
pidamente e que já extrapolou os limites do computador convencional.
Hoje em dia, qualquer pessoa acessa a Web dos mais diversos disposi-
tivos e das mais diversas formas, seja no tablet com um leitor de telas,
seja no notebook com uma lupa virtual, ou mesmo em dispositivos não
convencionais, como carros, televisões e geladeiras.

Quando abordamos objetos conectados, como carros, televisões


e geladeiras, é inevitável não relacionarmos isso com a internet das
coisas – objetos dos mais diversos tipos, modelos e características
que, conectados, vão se comunicar entre si e com o usuário. Esse é um
mercado em expansão, e a acessibilidade é um fator com grande rele-
vância para garantir que esses dispositivos sejam acessíveis por todos
os consumidores. A Web é uma parte importante dentro do universo da
internet das coisas, e ela deve manter sua essência de continuar aces-
sível para todas as pessoas.

É importante lembrar que o acesso à informação é um direito garan-


tido pela Constituição brasileira. Ninguém deve ser impedido de acessar
uma página Web por barreiras em sua codificação. Todas as pessoas,
independentemente de qualquer tipo de deficiência, devem poder nave-
gar e contribuir para a evolução da Web.

PARA PENSAR

A realidade da Web só vai mudar mesmo quando pararmos de tratar


a acessibilidade na Web como caridade e filantropia e passarmos a
tratá-la como um direito e requisito básico da rede, que garante o acesso
de qualquer pessoa e possibilita negócios para todos na rede.

Introdução à acessibilidade na Web 27


Considerações finais

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Neste capítulo pudemos compreender o que significa o termo aces-
sibilidade, que vai muito além de garantir o acesso. A acessibilidade é
fundamental para garantir que pessoas com deficiência tenham auto-
nomia, tanto em ambientes físicos como digitais.

Quando delimitamos o escopo, podemos afirmar que acessibilidade


na Web significa garantir o acesso a conteúdos ou sistemas na Web
por qualquer pessoa, independentemente de qualquer limitação motora,
visual, auditiva, cognitiva, cultural e social, em qualquer momento e em
qualquer lugar. Para entender a necessidade da acessibilidade na Web,
é preciso compreender as barreiras de acesso, que muitas vezes impe-
dem pessoas de acessar conteúdos na rede. São essas barreiras que
precisam ser quebradas para que as pessoas tenham autonomia ao
navegar e utilizar serviços na Web.

Ao garantir acessibilidade, possibilitamos que usuários com defi­


ciência possam acessar conteúdos na Web utilizando ou não tecno­
logia assistiva, desenvolvida com o intuito de compreender os padrões
definidos na página e transmitir a informação ao usuário em sons,
gestos e tamanhos de texto e contraste adequados.

O ponto principal da acessibilidade na Web é que ela não é um ato de


caridade, e sim um direito do cidadão e usuário. Muitas empresas ainda
não viram o potencial de negócios que a acessibilidade oferece, tanto
em melhora do desempenho e indexação por ferramentas de busca
quanto pelo público que pode ser atingido. Ao considerar a acessibili-
dade na Web, temos a chance de atingir um público maior e fidelizar
clientes que muitas vezes não conseguem fazer compras ou transa-
ções em sites inacessíveis.

28 Acessibilidade na Web
Referências
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

BERSCHE, Rita; TONOLLI, José Carlos. Introdução ao conceito de tecnologia


assistiva e modelos de abordagem da deficiência. In: Bengala Legal, Rio de
Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.bengalalegal.com/tecnologia-
assistiva>. Acesso em: 29 fev. 2016.

BRASIL. Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão


da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF,
2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/
2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 29 fev. 2016.

________. Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção


Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Brasília, DF, 2009.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/
Decreto/D6949.htm>. Acesso em: 29 fev. 2016.

________. Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis


nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às
pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências. Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 29 fev. 2016.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL (CGI.br). Dimensões e caracte-


rísticas da Web brasileira: um estudo do .gov.br. [s. l.]: CGI.br, 2010. Disponível em:
<http://www.cgi.br/publicacao/censo-da-web-br-dimensoes-e-caracteristicas-
da-web-brasileira-um-estudo-do-gov-br/>. Acesso em: 29 fev. 2016.

FERRAZ, Reinaldo. Exploring Web attributes related to image accessibility and


their impact on search engine indexing. In: Procedia Computer Science, n. 67,
p. 171-184, 2015. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/
article/pii/S1877050915031075>. Acesso em: 29 fev. 2016.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua


portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Introdução à acessibilidade na Web 29


IBGE. Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
e pessoas com deficiência. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_religiao_deficiencia/
caracteristicas_religiao_deficiencia_tab_xls.shtm>. Acesso em: 2 mar. 2016.

MAKINO, T.; JUNG, C.; PHAN, D. Finding more mobile­friendly search results.
In: Google Webmaster Central Blog, 2015. Disponível em: <https://
googlewebmastercentral.blogspot.com.br/2015/02/finding-more-mobile-
friendly-search.html>. Acesso em: 29 fev. 2016.

ONU. World population ageing: 1950-2050. Nova York: Department of Economic


and Social Affairs, Population Division, 2001. Disponível em: <http://www.
un.org/esa/population/publications/worldageing19502050/>. Acesso em:
2 mar. 2016.

SINGHAL, A.; CUTTS, M. Using site speed in Web search ranking. In: Google
Webmaster Central Blog, 2010. Disponível em: <https://googlewebmaster
central.blogspot.com.br/2010/04/using-site-speed-in-web-search-ranking.
html>. Acesso em: 29 fev. 2016.

W3C. Introduction to Web accessibility. 2005a. Disponível em: <http://www.


w3.org/WAI/intro/accessibility.php>. Acesso em: 29 fev. 2016.

______. Essential components of Web accessibility. 2005b. Disponível em:


<https://www.w3.org/WAI/intro/components.php>. Acesso em: 29 fev. 2016.

______. World Wide Web Consortium launches international program office


for web accessibility initiative. Washington, DC, 1997. Disponível em: <https://
www.w3.org/Press/IPOannounce>. Acesso em: 29 fev. 2016.

W3C BRASIL. Cartilha de acessibilidade na Web: fascículo I – Introdução.


São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, [s. d]. Disponível em: <http://
www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/cartilha-w3cbr-acessibilidade-
webfasciculo-I.html>. Acesso em: 14 fev. 2016.

World Health Organization (WHO). Disability and health. 2015. Disponível em:
<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs352/en/>. Acesso em: 2 mar.
2016.

30 Acessibilidade na Web

You might also like