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Programa Especial de Formação Pedagógica R2

Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE

Ana Paula Mendes

Educação em Direitos Humanos na formação


de professores

São Paulo
2017

Ana Paula Mendes


Programa Especial de Formação Pedagógica R2
Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE

Educação em Direitos Humanos na formação


de professores

Trabalho final apresentado à disciplina de


Química como exigência parcial para a
obtenção do curso de Programa Especial de
Formação Pedagógica R2 – Turma 70, sob a
supervisão do Professor Roberto de Souza

Pólo: Paulista

São Paulo
2017

Sumário

1. Introdução........................................................................................................... 04

2. Desenvolvimento................................................................................................ 06
3. Conclusão........................................................................................................... 08

4. Referências Bibliográficas.................................................................................. 11
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Introdução

Este trabalho visa apresentar um recorte de resultados da pesquisa em


andamento apontada como “Educação em Direitos Humanos.” A formação inicial
de professores (as), bem como a formação continuada, deve contemplar a
educação em direitos humanos a partir de pilares específicos.

A educação em direitos humanos é um campo recente tanto no contexto


brasileiro como no latino-americano, apesar de vários documentos internacionais
já tratarem sobre a necessidade de sua implementação. Relatório do Instituto
Interamericano de Direitos Humanos, sobre o tema, aponta que, desde a
Declaração Universal e, mais especificamente, no Protocolo Adicional à
Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos em matéria de Direitos
Sociais, Econômicos e Culturais, o direito à educação em direitos humanos faz
parte do direito à educação. (INSTITUTO INTERAMERICANO..., 2000, p. 6).

A educação é o caminho para qualquer mudança social que se deseje


realizar dentro de um processo democrático. A educação em direitos humanos,
por sua vez, é o que possibilita sensibilizar e conscientizar as pessoas para a
importância do respeito ao ser humano, apresentando-se na atualidade, como
uma ferramenta fundamental na construção da formação cidadã, assim como na
afirmação de tais direitos. Magendzo (2006, p. 23) a define como

a prática educativa que se funda no reconhecimento, na defesa e no respeito e promoção


dos direitos humanos e que tem por objeto desenvolver nos indivíduos e nos povos suas
máximas capacidades como sujeito de direitos e proporcionar as ferramentas e elementos

para fazê-los efetivos.

É igualmente por meio dessa educação que se pode começar a mudar as


percepções sociais radicais, discriminatórias e violentas, na maioria das vezes,
legitimadoras das violações de direitos humanos. E reconstruir as crenças e
valores sociais fundamentados no respeito ao ser humano e em conformidade
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com os preceitos democráticos e as regras do Estado de Direito. (TAVARES,


2006).

No Brasil, o campo normativo relacionado aos direitos humanos e a


educação nesta área se incorporam nos seguintes documentos: a Constituição
Federal (1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), os Parâmetros
Curriculares da Educação (a partir de 1997), o Programa Nacional de Direitos
Humanos (na sua primeira versão, em 1996 e segunda versão, em 2002) e o
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (também com duas versões,
2003 e 2006). Estes documentos estabelecem as diretrizes e ações direcionadas
à formação cidadã.

Entretanto, para a construção dessa formação através da EDH, é preciso


desenvolver uma prática pedagógica coerente e articulada com seus valores. Esta
prática, segundo Nascimento (2000, p.121), oferece “a possibilidade de
aprofundar a consciência de sua própria dignidade, a capacidade de reconhecer o
outro, de vivenciar a solidariedade, a partilha, a igualdade na diferença e a
liberdade”, criando canais de participação e organização que fomentem o
exercício efetivo da cidadania e a tomada de decisões coletivas.

Este tipo de prática pedagógica deve promover a capacidade de


participação individual e coletivo, com o objetivo de ampliar os espaços de poder
e a conscientização de todos, em especial, dos grupos sociais excluídos e
vulneráveis. Para Sacavino (2000, p.46-47), uma educação que promova essa
participação, pode fomentar as capacidades dos atores e direcioná-las ao
desencadeamento de processos de democratização e de transformação.

Diante das questões acima levantadas, nosso objetivo é apresentar


algumas reflexões relativas à presença aos Direitos Humanos nos cursos de
formação inicial de educadores.
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Desenvolvimento da Pesquisa

O preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948


(DUDH) já chamava a atenção para a necessidade de uma educação em direitos
humanos, colaborando para forjar a idéia posta por Arendt (s.d. apud FORTES,
2010) e Bobbio (1992), isto é, os direitos humanos não estão prontos e acabados,
pois são construídos e reconstruídos historicamente, então necessitam de
medidas que assegurem seu reconhecimento. Na íntegra, o preâmbulo apresenta
as seguintes palavras:

A ASSEMBLÉIA GERAL proclama a presente DECLARAÇÃO UNIVER- SAL DOS


DIRETOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as
nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre
em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o
respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter
nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal
e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos
territórios sob sua jurisdição. (ONU, 1948, grifo nosso).

A educação já foi anunciada, desde a consolidação, como meio de promoção do


respeito aos direitos humanos. Hoje, no entanto, a educação assume um papel de
maior responsabilidade, visto que, como explorado anteriormente, a educação em
direitos humanos envolve princípios axiológicos e envolve também
posicionamento político, tanto para que os grupos que historicamente foram
desfavorecidos na sociedade empoderem-se, estejam conscientes de seus
direitos e possa lutar coletivamente por eles, quanto para que haja fortalecimento
da cidadania ativa e, conseqüentemente, fortalecimento da democracia. Nesse
contexto, cabe acentuar o papel do (a) professor (a) frente a um processo
educativo reconhecido por meio de políticas públicas e que, portanto, precisa
acontecer. Padilha (2005, p. 169) propõe os seguintes questionamentos:
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[...] como alguém que não se respeita, que não respeita os seus próprios direitos, que às
vezes nem os conhece e que não sabe de- fendê-los, poderia ensinar outro alguém sobre o
exercício de algum direito ou sobre qualquer outro conteúdo de forma crítica e eman-
cipadora? Ou como alguém que está desacostumado a ser ético e agir, socialmente com
justiça? Ou, ainda, como um professor que se deixa vencer pela rotina, por mais dura que
possa ser, pode contribuir para a formação de sujeitos que exerçam plenamente a sua ci-
dadania e saibam defender os seus direitos civis, sociais e políticos?

Dallari (2004, p. 19) também assinala que “os professores têm uma
possibilidade muito grande de influenciar a vida social” e, quando eles se mantêm
em posição neutra diante dos acontecimentos, poupando seus alunos e alunas de
compreender a realidade e criar o desejo de mudança, consentem com o que está
ocorrendo, mesmo que não concordem. Se, porém, levam reflexões sobre o
assunto para as atividades pedagógicas que desenvolvem, colocando-se em
posição ativa, podem motivar e auxiliar em processos de mudança e participação
(NASCIMENTO, 2000).
É preciso que todos tenham acesso a uma educação em/para os direitos
humanos desde os primeiros anos de vida. Sendo assim, é preciso que os(as)
educadores(as) interiorizem a importância da educação em direitos humanos
refletindo cotidianamente em sua prática pedagógica ações voltadas à mudança
do atual quadro de violações, violência e marginalização. A aproximação da
formação do educador com a educação em direitos humanos resulta, entre várias
outras coisas, na promoção da inclusão social nos espaços escolares.
Na reflexão, o professor é aquele que domina e aplica o conhecimento
científico para dar conta da prática docente. Há prioridade, na ação docente, de
uma atuação rigorosa e eficaz de aplicação dos conhecimentos científicos para
atingir fins de- terminados no quadro da racionalidade técnica, em detrimento da
racionalidade prática.
A formação dos educadores em direitos humanos deve privilegiar as
metodologias ativas e participativas de forma a envolver e despertar o interesse,
sem esquecer que contextos específicos carecem de abordagens próprias para
cada um deles. É necessário estabelecer processos que articulem teoria e
conduta, que estimulem o compromisso com os vários níveis das práticas sociais
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e que favoreçam a sensibilização, a análise e a compreensão da realidade. É a


realidade – a educativa e a social – que deve pautar todas as ações de
construção desse processo cujo objetivo maior é a afirmação de uma cultura de
direitos humanos. Esta é uma premissa para que o saber docente em direitos
humanos se articule com os demais saberes socialmente produzidos.
Sabemos que a EDH não é tarefa exclusiva da escola, ocorrendo nos
diversos campos de formação e convivência, no âmbito da educação formal
identifcam-se um conjunto de oportunidades para a disseminação dos conteúdos
relacionados aos direitos humanos, assim como para a socialização dos valores.
De acordo com Silva (2000, p.16), “é necessária a construção de um
projeto pedagógico democrático e participativo, onde a formação do sujeito possa
ser assumida coletivamente”. A autora igualmente afirma que um projeto de
escola que tenha como compromisso a formação em direitos humanos, deve
considerar os seguintes elementos: a educação formal é condição essencial à
formação da cidadania e tem na escola seu lugar privilegiado; a escola tem que
cumprir, de fato, seu papel e função social, enquanto espaço de elaboração e
socialização do conhecimento; a educação em direitos humanos deve ser um
projeto global da escola; o desenvolvimento de um processo de conscientização
dos direitos e deveres deve ser contínuo e permanente. (SILVA, 1997, p.220-221).
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Conclusão

Educar em direitos humanos significa ter a vida cotidiana como referência


contínua. É um aprendizado que não ocorre de forma pontual ou isolada, mas
que, sistematicamente, faz parte da ação educacional. Por isso, é importante a
elaboração de abordagens condizentes com este tipo de educação, que possam
contribuir para seu exercício. O ponto de partida deve ser o de uma pedagogia
crítica, que articule os saberes docentes em direitos humanos e que oportunize
aos educadores uma ampla gama de opções, de observações, de análises, de
descobertas. É preciso consolidar o aprendizado pela vivência, fazer do exercício
cotidiano da cidadania uma prioridade.
Pode-se concluir que os educadores e educadoras são os profissionais
responsáveis pelas diversas relações entre a criança e o conhecimento, e entre a
criança e seus pares. Assim, sem o (a) professor (a) não existe a educação
escolarizada na perspectiva da promoção dos direitos humanos. Ele (a) é parte
integrante e crucial no sistema educacional. É aquele (a) profissional que não
pode promover respeito se não pratica o res- peito, não pode desconstruir
preconceitos se é preconceituoso, não pode formar para a cidadania ativa se não
a exerce e sequer conhece seus direitos. Portanto, é de extrema importância que
os direitos humanos permeiem os cursos de formação inicial e continuada de
professores e professoras. Nesse sentido, a formação de professores (as) precisa
caminhar com novos enfoques: partir da aproximação íntima entre teoria e prática;
do diálogo; da coerência entre objetivos que se deseja atingir e a prática nos
cursos de formação; partir de metodologias participativas, que considerem a
coletividade. É preciso que haja seleção de conteúdos que contemplem a
formação axiológica e política de forma ampla, respeitando as especificidades,
particularidades e conhecimentos prévios de cada um, para que, mais tarde, tais
profissionais estejam preparados para lidar adequadamente como os direitos
humanos em sala de aula.
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É fundamental educar na tolerância, na valorização da dignidade e nos


princípios democráticos; construir uma nova cultura que tenha como centro o ser
humano.
Oportunizar, portanto, a formação do educador em direitos humanos, em
consonância com os valores que lhe são intrínsecos e desde uma abordagem
interdisciplinar e multidimensional, é, na atualidade, um passo a mais na
construção de uma cultura de direitos humanos.
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Referências bibliográficas

ARAÚJO, Ulisses F.; AQUINO, Júlio Groppa. Os Direitos Humanos na Sala de


Aula: A Ética Como Tema Transversal. São Paulo: Moderna, 2001.

BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em Preto e Branco: discutindo as


relações sociais. São Paulo: Ática, 2002.

CANDAU, Vera Maria, et al. Oficinas Pedagógicas de Direitos Humanos.


Petrópolis: Vozes, 1995.

__________________; SACAVINO, Susana (org.). Educação em Direitos


Humanos: temas, questões e propostas; Rio de Janeiro: DP&Alli, 2008.

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