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Este trabalho tem como objetivo mostrar as pesquisas e análises de dados dos índices de
desenvolvimento humano do ano de 2016 no Brasil, neste ano o Brasil ficou no 79º lugar no
ranking que abrange 188 países, do mais ao menos desenvolvido.
Para alargar estas escolhas, é fundamental a criação das capacidades humanas, o conjunto de
coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. As capacidades mais elementares para o
desenvolvimento humano são: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos
recursos necessários para um nível de vida digno e ser capaz de participar na vida da
comunidade. Sem estas, muitas outras escolhas simplesmente não estão disponíveis e muitas
oportunidades na vida mantém-se inacessíveis. Os filósofos, economistas e líderes políticos,
desde há muito que enfatizam o bem-estar humano como o objetivo, o fim, do
desenvolvimento. Como dizia Aristóteles, na Grécia antiga, "A riqueza não é, evidentemente,
o bem que procuramos, pois ela é útil apenas para obter outra coisa qualquer". Na procura dessa
outra coisa qualquer, o desenvolvimento humano comunga de uma visão comum com os
direitos humanos. O objetivo é a liberdade humana. E esta liberdade é vital na persecução das
capacidades e na realização dos direitos. As pessoas têm de ser livres para exercer as suas
escolhas e para participar na tomada de decisão que afeta as suas vidas.
(http://www.br.undp.org)
A partir dos anos 60, a visão acima começa a sofrer fortes críticas. Nesse período, foram
surgindo evidências demonstrando que a relação entre crescimento e melhorias nos indicadores
sociais, incluindo qualidade de vida, não ocorriam de forma direta. Essa afirmação em Veiga
(2005) é exemplificada pelo caso dos países em desenvolvimento que mesmo após atingirem
crescimento elevado da renda não avançaram nos indicadores sociais. No Brasil, o período da
industrialização proporcionou um rápido aumento de renda per capita, entretanto, a elevação
da renda não foi condição suficiente para ampliar os resultados dos indicadores sociais. Essas
evidências reforçam a idéia de que para alcançar o desenvolvimento é necessária uma avaliação
de um conjunto mais amplo de indicadores. Dentro dessa idéia, o PNUD (Programa das Nações
Unidas) desenvolveu o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), um indicador que tem por
objetivo substituir o indicador de renda per capita como índice para o desenvolvimento por um
indicador que absorva uma quantidade maior de variáveis socioeconômicas. O
desenvolvimento humano significa alargar as escolhas humanas atribuindo maior destaque à
riqueza da vida humana e não simplesmente à riqueza das economias. O trabalho é fundamental
neste processo, na medida em que mobiliza, de formas diferentes, pessoas de todo o mundo e
ocupa uma parte importante das suas vidas. Dos 7,3 mil milhões de pessoas de todo o mundo,
3,2 mil milhões têm emprego, outras dedicam-se ao trabalho de prestação de cuidados, a
trabalho criativo, a trabalho voluntário ou a outros tipos de trabalho, ou ainda à sua preparação
enquanto futuros trabalhadores. (http://www.br.undp.org)
A adaptação do IDH para níveis subnacionais tem sido praticada em diversos países, com vistas
a adaptar a metodologia do IDH Global ao contexto nacional. O Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento encoraja os países a desenharem IDHs nacionais que utilizem
indicadores mais adequados às suas necessidades. Os países são convidados a inovar, substituir
ou adicionar novas dimensões aos componentes apresentados no IDH global para IDHs
subnacionais. Já foram alterados indicadores específicos do IDH ou criadas novas dimensões
para o IDH, tais como liberdade política, meio ambiente, segurança e trabalho, entre outras.
Gâmbia, Argentina, China, Índia, África do Sul e Letônia estão entre os países que adaptam o
IDH. No Brasil, essa adaptação é feita desde 1998. (Jorge Chediek, 25: 2013).
A pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta que a
relação entre trabalho e desenvolvimento humano não é automática e que existe trabalho, como
o trabalho forçado, que pode prejudicar o desenvolvimento humano na medida em que viola
os direitos humanos, destrói a dignidade humana e sacrifica a liberdade e autonomia. Sem
políticas adequadas, a desigualdade de oportunidades e de recompensas no mundo do trabalho
pode gerar divisões, perpetuando as desigualdades na sociedade. A pesquisa demonstra ainda
que o trabalho pode reforçar o desenvolvimento humano se forem implementadas políticas
destinadas a multiplicar as oportunidades de trabalho produtivas, bem remuneradas e
gratificantes, a melhorar as competências e o potencial dos trabalhadores e a garantir os seus
direitos, a sua segurança e o seu bem-estar. O Relatório também apresenta uma agenda de ação
baseada num novo contrato social, num acordo global e na Agenda do Trabalho Digno.
No caso brasileiro, os resultados indicam os efeitos das crises econômica e política que afetam
o país desde 2014. De acordo com o PNUD, mais de 29 milhões de pessoas saíram da pobreza
entre 2003 e 2013. No entanto, o nível de pobreza voltou a crescer entre 2014 e 2015, quando
cerca de 4 milhões de pessoas ingressaram na pobreza. No mesmo período, a taxa de
desemprego também voltou a subir, atingindo mais de 12 milhões de pessoas. E a situação é
mais grave entre jovens e mulheres. Diante de situações como essa, verificada também em
outras países, inclusive em economias desenvolvidas, o PNUD recomenda a adoção de
políticas públicas universais afirmativas, que fortaleçam a proteção social e deem voz aos
excluídos. “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu
ser social que lhe determina a consciência.” (Karl Marx).
As cidades mostradas no gráfico abaixo, são o que o Brasil tem de melhor nas áreas de
educação, renda e expectativa de vida, segundo a ONU no ano de 2016. Elas integram o seleto
grupo dos municípios com grau de desenvolvimento considerado “muito alto” no Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado hoje pelo Pnud, órgão das Nações
Unidas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João
Pinheiro. Para tanto, elas têm IDHM superior a 0,8. A média do Brasil hoje é 0,727,
considerado alto (mas não muito alto). O indicador, que vai de 0 a 1, e quanto mais próximo
de 1, melhor é. Semelhante ao famoso IDH calculado para os países do globo, mas algumas
adaptações metodológicas tupiniquins foram feitas, por isso, segundo o Pnud, não é possível
comparar os números de países inteiros às cidades brasileiras. O IDHM não mede exatamente
qualidade de vida. Embora, claro, municípios com elevados índices de educação, longeva
expectativa de vida e renda alta tendam a ser bons lugares para se viver. Entre as capitais,
venceu Florianópolis (SC), seguida de Vitória (ES). O levantamento é feito pela ONU a cada
10 anos, com base nos dados do Censo, do IBGE. Clique nas fotos e confira as cidades que
estão na dianteira do país. Além do valor de cada subíndice do IDHM, estão incluídas em cada
cidade a expectativa de vida, em anos, e a renda, em reais. (http://www.br.undp.org)
Figura 1 – Gráfico dos 10 munícipios do Brasil com melhor IDHM em 2016.
O avanço do desenvolvimento humano através de esforços para alcançar todos exige políticas
bem definidas, incluindo políticas universais com foco apropriado e reorientação, medidas
para grupos com necessidades específicas e intervenções para proteger os ganhos de
desenvolvimento humano e parar as reversões. Mas as políticas que apoiam as políticas
nacionais também envolverão a participação das pessoas na influência das políticas e na
avaliação dos resultados do desenvolvimento, em particular a voz dos marginalizados e
vulneráveis. Para isso, a qualidade e o uso dos dados para elaboração de políticas baseadas
em evidências precisarão ser melhorados. E os sistemas e ferramentas para transparência,
responsabilidade e avaliação precisarão ser bastante fortalecidos. Mas a relevância e a
eficácia das políticas nacionais dependem em grande parte do que acontece globalmente em
termos de questões e instituições, tendo em conta os limites mais amplos da comunidade
global e dos mercados globais. (MACHADO, João Guilherme Rocha 2007).
O conceito de IDH como uma medida sumária do desenvolvimento humano serve como um
melhor guia para os formuladores de políticas. Algumas das limitações acima já foram
abordadas. O IDH continua a ser uma ferramenta muito amplamente utilizada hoje do que o
indicador normal baseado em renda-PNB. O sucesso do IDH é notável.