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GUIA PRÁTICO

VOLUME 4

COMPETÊNCIA PRESCRIÇÃO E AQUISIÇÃO DE MALETA DE


MEDICAMENTOS
LEGAL DISPENSAÇÃO MEDICAMENTOS EMERGÊNCIA

PRESCRIÇÃO E DISPENSAÇÃO DE
MEDICAMENTOS NA ODONTOLOGIA
ÍNDICE

COMPETÊNCIA LEGAL DAS PROFISSÕES 7

PRESCRIÇÃO E DISPENSAÇÃO 13

AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS
PARA USO EM ODONTOLOGIA 25

MALETA DE EMERGÊNCIA
27

MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS


NA ODONTOLOGIA 28

Conteúdo desenvolvido em parceria pelos Conselhos Regionais de Odontologia


e de Farmácia de São Paulo.

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Mensagem do CROSP Mensagem do CRF-SP

Cirurgiões-dentistas e farmacêuticos têm uma traje- É com enorme satisfação que apresentamos este mate-
tória de encontros bem-sucedidos. Mas é na comple- rial fruto da parceria do CRF-SP e CROSP para fornecer
mentaridade em favor da ciência e do respeito à vida subsídios e informações para que o farmacêutico e o
humana que essa comunhão mais se destaca. É de ex- cirurgião-dentista tenham segurança na farmacoterapia
trema sensibilidade e relevância a criação de conteú- utilizada em Odontologia.
dos como o contido, capaz de orientar, de forma obje-
tiva, não apenas farmacêuticos e cirurgiões-dentistas, O Setor de Orientação Farmacêutica do CRF-SP, vinculado
mas todos os demais que trabalham em prol da saúde ao Departamento de Fiscalização, recebe com frequência
bucal da população. questionamentos dos farmacêuticos a respeito de prescri-
ções da área da Odontologia. Com o objetivo de oferecer
É com muito orgulho que o Conselho Regional de Odon- orientação aos farmacêuticos sobre o âmbito de atuação do
tologia de São Paulo (CROSP) participou da construção cirurgião-dentista e a previsão legal a respeito das possibili-
deste material de orientação. Em meio a diversas ativi- dades de prescrição medicamentosa na área odontológica,
dades do CROSP é constatado cotidianamente que o buscamos a parceria com o CROSP para desenvolver um
exercício ético profissional na saúde requer, entre outros trabalho conjunto na elaboração de um material que abran-
fatores importantes, a busca contínua pela competência gesse aspectos técnicos e legais na abordagem do alcance
técnica – um ‘caminho’ que também norteou essa nobre e limites da prescrição odontológica, bem como o papel do
iniciativa do Conselho Regional de Farmácia do Estado farmacêutico no momento da dispensação, de forma a es-
São Paulo (CRF-SP). clarecer as principais dúvidas e minimizar eventuais conflitos.

Se a pluralidade marcante dos avanços da ciência deve Com a publicação deste material, o CRF-SP pretende rea-
ser compreendida por uma promessa de condições de firmar seu compromisso de oferecer instrumentos para que
uma vida mais digna e com mais recursos para a ma- o farmacêutico cumpra efetivamente seu papel social com
nutenção da saúde, se faz essencial reconhecer que ética, zelo e competência técnico-científica, obtendo suces-
essa promessa, contudo, não pode ser cumprida iso- so em sua trajetória.
ladamente. Os novos conhecimentos, terapias e fár-
macos pressupõem práticas que se cruzam e tornam Agradecemos imensamente pela receptividade, competên-
ainda mais legítima a necessidade de compreensão, cia técnica e gentileza do CROSP em contribuir para que
com propriedade, do verdadeiro âmbito de atuação esse trabalho pudesse ser concluído. Acreditamos que toda
de cada profissional. a sociedade será beneficiada com essa parceria, pois poderá
contar com profissionais de saúde mais conscientes e que
A parceria dos Conselhos Regionais de Odontologia mantêm relacionamento harmonioso, no sentido de garantir
e de Farmácia de São Paulo transcende a necessidade unidade de ação na realização das atividades a que se pro-
de responder à demanda sobre os limites da prescri- põem em benefício da saúde individual e coletiva.
ção odontológica e se concretiza como um exemplo
de colaboração a ser fomentado entre organizações O CRF-SP trabalha, a cada dia, para que o farmacêutico
que enxergam na ética e no exercício profissional de possa fazer a diferença.
qualidade elementos essenciais para o avanço de nos-
sa sociedade. Conte conosco para estar sempre bem preparado.

Conselheiros do CROSP Diretoria do CRF-SP

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Introdução

Os profissionais da Farmácia e Odonto- off label, ou seja, amplamente reconheci-


logia exercem suas atividades em prol da dos e indicados na literatura odontológi-
saúde do ser humano e da coletividade, ca, porém sem a descrição de indicação
nos limites de suas atribuições legais, ob- na bula do medicamento.
servando, assim, as legislações vigentes.
As classes de medicamentos utilizadas
Historicamente, sabe-se que as duas pro- em Odontologia são bem abrangentes,
fissões sempre caminharam juntas, sen- haja vista o extenso âmbito de atuação,
do que a primeira Escola de Odontologia totalizando 23 especialidades e diversas
de São Paulo, criada em 1900, denomi- práticas integrativas e complementares.
nou-se no início “Escola de Pharmácia, Assim, o cirurgião-dentista, respaldado na
Odontologia e Obstetrícia de São Pau- ciência, possui competência legal e técnica
lo”, conhecida, posteriormente, por “Fa- para prescrever antibióticos, anti-inflama-
culdade de Odontologia da Universidade tórios esteroides e não esteroides, analgé-
de São Paulo”. sicos opioides e não opioides, anestésicos
locais e gerais, medicamentos utilizados
Os atos desses profissionais, rotineira- no controle de medo e ansiedade, de hipo
mente, se encontram, o que exige de e hipersalivação, controle de sangramen-
ambos um conhecimento adequado so- to, prevenção de tromboembolia, antifún-
bre o âmbito de atuação de cada profis- gicos e antivirais, entre outros.
são, visando garantir os princípios éticos
e legais norteadores das relações sociais, Os Conselhos Regionais de Odontologia e
em prol da saúde do ser humano. de Farmácia de São Paulo, com o escopo
de oferecer orientação aos seus inscritos,
Diante dos constantes avanços científicos que muitas vezes questionam sobre o al-
e da pluralidade de terapias e fármacos, cance e limites da prescrição odontológica,
o desafio é garantir aos farmacêuticos o bem como sobre os atos praticados no mo-
pleno conhecimento da finalidade e apli- mento da dispensação dos medicamentos
cabilidade de determinadas substâncias
farmacológicas em tratamentos odon-
pelos farmacêuticos, desenvolveram este
documento que norteia a conduta de far- COMPETÊNCIA LEGAL
DAS PROFISSÕES
tológicos, uma vez que em muitos casos macêuticos e cirurgiões-dentistas, dirimin-
os mesmos são utilizados na modalidade do dúvidas e eventuais conflitos.

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Guia Prático Competência legal das profissões

gião-dentista uma avaliação detalhada sobre


as condições clínicas gerais e bucais do pa-
CAPÍTULO 1 ciente, para que por meio de seu histórico
seja possível determinar o procedimento mais
COMPETÊNCIA LEGAL adequado ao tratamento, incluindo a deter-
minação da técnica, dos materiais e dos fár-
DAS PROFISSÕES macos que serão utilizados como terapêutica.

Assim, diante das particularidades e comple-


xidades da atuação do cirurgião-dentista, nos
cabe verificar as atribuições específicas que a
Por muitos anos a Odontologia esteve à lei lhe confere, conforme veremos a seguir.
margem das políticas públicas de saúde, de
maneira que o acesso dos brasileiros à saúde
bucal era extremamente difícil e limitado e,
quando ocorria, tinha como principal trata-
1.1 CIRURGIÃO-DENTISTA
mento na rede pública a extração dentária,
perpetuando a visão de uma Odontologia A Lei Federal nº 5.081, de 24 de agosto
mutiladora e a do cirurgião-dentista com atu- de 1966, que regulamenta o exercício da
ação exclusivamente clínica curativa. Odontologia, estabelece que:
“art. 2º. O exercício da Odontologia no terri-
Valorizar os cuidados com saúde bucal tório nacional só é permitido ao cirurgião-den-
gera resultados favoráveis e visíveis em tista habilitado por escola ou faculdade oficial
prol da melhoria das condições de vida ou reconhecida, após o registro do diploma na
do ser humano. Diretoria do Ensino Superior, no Serviço Nacio-
nal de Fiscalização da Odontologia, sob cuja
Serviços odontológicos, promotores de saú- jurisdição se achar o local de sua atividade.
de, envolvem a presença de profissionais com art. 3º. Poderão exercer a Odontologia no
visão ampliada sobre o processo saúde-doen- território nacional os habilitados por esco-
ça, capazes de entender as pessoas, levando las estrangeiras, após a revalidação do di-
em consideração os vários aspectos de sua ploma e satisfeitas as demais exigências do
vida, além do conjunto de sinais e sintomas artigo anterior.”
da cavidade bucal e saúde geral.
Ainda, a Resolução – Consolidação das
O cirurgião-dentista é o profissional que re- Normas para Procedimentos nos Conselhos
aliza seu trabalho equilibrando prevenção e de Odontologia disciplina:
cura, adotando procedimentos cuja eficácia “art. 5º. Para se habilitar ao registro e à inscri-
tenha sustentação científica e asseguran- ção, o profissional deverá atender a um dos
do que esses sejam implementados com o seguintes requisitos:
mais alto padrão possível. a) ser diplomado por curso de Odontologia
reconhecido pelo Ministério da Educação;
Um ato cirúrgico ou a aplicação de um anes- b) ser diplomado por escola estrangeira,
tésico para um procedimento de restauração cujo diploma tenha sido revalidado, inde-
em resina pode gerar complicações que ex- pendentemente de ser oriundo de países
põem o paciente ao risco de óbito ou outros tratadistas e obrigatoriamente registrado
prejuízos que resultam em dano permanente para a habilitação ao exercício profissional
ou temporário. Essa realidade exige do cirur- em todo o território nacional (...).

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Guia Prático Competência legal das profissões

casos, com a devida cautela, é permitida a Parágrafo único. A receita de que trata I - desempenho de funções de dispensação
prescrição de medicamentos coadjuvantes este artigo deverá conter a identificação ou manipulação de fórmulas magistrais e far-
com cautela e bom senso, observando de do profissional, o número de registro no macopeicas, quando a serviço do público em
modo irrestrito as recomendações técnicas respectivo conselho profissional (CRM ou geral ou mesmo de natureza privada”.
e científicas. CRO), o número do Cadastro da Pessoa
Física (CPF), o endereço e telefone pro- A Lei Federal nº 13.021/14, que dispõe so-
Ainda, referida legislação estipula que é com- fissionais, além do nome, do endereço do bre o exercício e a fiscalização das ativida-
petência do cirurgião-dentista prescrever e paciente e do número do Código Interna- des farmacêuticas, preceitua que:
aplicar medicação de urgência, no caso de cional de Doenças (CID), devendo a mes- “art. 13. Obriga-se o farmacêutico, no exer-
acidentes graves que comprometam a vida e ma ficar retida no estabelecimento farma- cício de suas atividades, a:
a saúde do seu paciente. cêutico por cinco anos”. I - notificar os profissionais de saúde e os órgãos
sanitários competentes, bem como o laborató-
A Resolução CFO nº 22/01 dispõe que: “No rio industrial, dos efeitos colaterais, das reações
exercício de qualquer especialidade odonto-
lógica o cirurgião-dentista poderá prescrever
1.2 FARMACÊUTICO adversas, das intoxicações, voluntárias ou não,
e da farmacodependência observados e regis-
medicamentos e solicitar exames complemen- trados na prática da farmacovigilância; (...)
tares que se fizerem necessários ao desempe- A Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960 IV - estabelecer protocolos de vigilância farma-
Importante destacar que, de acordo com o nho em suas áreas de competência”. que criou o Conselho Federal e os Conse- cológica de medicamentos, produtos farmacêu-
art. 6º, está obrigado ao registro e inscrição lhos Regionais de Farmácia e dá outras pro- ticos e correlatos, visando a assegurar o seu
o cirurgião-dentista no desempenho: O Código de Ética Odontológica estipula vidências, dispõe que: uso racionalizado, a sua segurança e a sua
a) de sua atividade na condição de autônomo; que: ”art. 18 Constitui infração ética: “art. 13 - Somente aos membros inscritos eficácia terapêutica; (...)
b) de cargo, função ou emprego público, IV – comercializar atestados odontológicos, nos Conselhos Regionais de Farmácia será VI - prestar orientação farmacêutica, com vis-
civil ou militar, da administração direta ou recibos, notas fiscais ou prescrições de es- permitido o exercício de atividades profis- tas a esclarecer ao paciente a relação benefício
indireta, de âmbito federal, estadual ou pecialidades farmacêuticas; sionais farmacêuticas no país.” e risco, a conservação e a utilização de fárma-
municipal, para cuja nomeação, designa- V – usar formulários de instituições públicas cos e medicamentos inerentes à terapia, bem
ção, contratação, posse e exercício seja para prescrever, encaminhar ou atestar fa- O decreto nº 85.878, de 7 de abril de 1981, como as suas interações medicamentosas e a
exigida ou necessária a condição de pro- tos verificados na clínica privada; que estabelece normas para execução da importância do seu correto manuseio.
fissional da Odontologia; VII – receitar, atestar, declarar ou emitir lau- Lei Federal nº 3.820, sobre o exercício da art. 14. Cabe ao farmacêutico, na dis-
c) do magistério, quando o exercício decor- dos, relatórios e pareceres técnicos de forma profissão de farmacêutico, determina como pensação de medicamentos, visando a
ra de seu diploma de cirurgião-dentista; e, secreta ou ilegível, sem a devida identificação, competência do profissional, dentre outras: garantir a eficácia e a segurança da te-
d) de qualquer outra atividade, por meio inclusive com o número de registro no Conse- “art 1º São atribuições privativas dos profis- rapêutica prescrita, observar os aspec-
de vínculo empregatício ou não, para cujo lho Regional de Odontologia na sua jurisdição, sionais farmacêuticos: tos técnicos e legais do receituário.”
exercício seja indispensável a condição de bem como assinar em branco folhas de recei-
cirurgião-dentista, ou de graduado de nível tuários, atestados, laudos ou quaisquer outros
superior, desde que, nesse caso, somente documentos odontológicos.”.
possua aquela qualificação.
A Lei Federal nº 9965/2000, que restringe a
Dentre as atribuições dos cirurgiões-den- venda de esteroides ou peptídeos anaboli-
tistas, a Lei Federal nº 5.081/66 estabelece zantes, define que:
que compete ao cirurgião-dentista o direito “Art. 1º A dispensação ou a venda de me-
de prescrever e aplicar especialidades far- dicamentos do grupo terapêutico dos este-
macêuticas, de uso interno e externo, indi- roides ou peptídeos anabolizantes para uso
cadas em Odontologia. humano estarão restritas à apresentação e
retenção, pela farmácia ou drogaria, da có-
Nesse sentido, a prescrição medicamentosa pia carbonada de receita emitida por médi-
deve ser estritamente para o tratamento de co ou dentista devidamente registrados nos
agravos relativos à saúde bucal e, em alguns respectivos conselhos profissionais.

10 11
Guia Prático

A Resolução CFF nº 357, de 20 de abril 2001,


que aprova o regulamento técnico das Boas
Práticas de Farmácia, traz ainda que:
“art. 20 - A presença e atuação do far-
macêutico é requisito essencial para a
dispensação de medicamentos aos pa-
cientes, cuja atribuição é indelegável, não
podendo ser exercida por mandato nem
representação”.

Determina também que na interpretação do


receituário deve o farmacêutico fazê-lo com
fundamento nos seguintes aspectos:
I. aspectos terapêuticos (farmacêuticos e far-
macológicos);
II. adequação ao indivíduo;
III. contraindicações e interações;
IV. aspectos legais, sociais e econômicos;
V. havendo necessidade, o farmacêutico deve
entrar em contato com o profissional prescri-
tor para esclarecer eventuais problemas que são, pelos atos que praticar, autorizar ou
tenha detectado. delegar no exercício da profissão.
art. 8º - A profissão farmacêutica, em qualquer
Quando a dosagem ou posologia dos medi- circunstância, não pode ser exercida sobrepon-
camentos prescritos ultrapassarem os limites do-se à promoção, prevenção e recuperação
farmacológicos, ou a prescrição apresentar in- da saúde e com fins meramente comerciais.
compatibilidade ou interação potencialmente art. 10 - O farmacêutico deve cumprir as
perigosa com demais medicamentos prescri- disposições legais e regulamentares que
tos ou de uso do paciente, o farmacêutico regem a prática profissional no país, sob
exigirá confirmação expressa ao profissional pena de aplicação de sanções disciplinares
prescritor. Na ausência ou negativa da confir- e éticas regidas por este regulamento.
mação, o farmacêutico não pode aviar e/ou art. 11 – É direito do farmacêutico:
dispensar os medicamentos prescritos ao pa- II - interagir com o profissional prescritor,
ciente, expostos os seus motivos por escrito,
com nome legível, nº do CRF e assinatura em
quando necessário, para garantir a segu-
rança e a eficácia da terapêutica, observado PRESCRIÇÃO
E DISPENSAÇÃO
duas vias, sendo uma entregue ao paciente e o uso racional de medicamentos;
outra arquivada no estabelecimento farma- III - exigir dos profissionais da saúde o cum-
cêutico com assinatura do paciente. Podem primento da legislação sanitária vigente, em
ser transcritos no verso da prescrição devolvi- especial quanto à legibilidade da prescrição;
da ao paciente os motivos expostos. art. 14 - É proibido ao farmacêutico:
XVII - aceitar a interferência de leigos em
De acordo com a Resolução CFF nº 596/14, seus trabalhos e em suas decisões de natu-
que dispõe sobre o Código de Ética da Pro- reza profissional;
fissão Farmacêutica – Anexo I: XL - aviar receitas com prescrições médicas
“art. 4º - O farmacêutico responde individu- ou de outras profissões, em desacordo com a
al ou solidariamente, ainda que por omis- técnica farmacêutica e a legislação vigentes”.

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Guia Prático Prescrição e dispensação

CAPÍTULO 2 “CAPÍTULO VI - Do receituário:


art. 35 – Somente será aviada a receita:
ção ao paciente é determinante para garan-
tir qualidade e acesso aos serviços de saúde,
III. contiver a forma farmacêutica, posolo-
gia, apresentação, método de administra-
PRESCRIÇÃO a) que estiver escrita a tinta, em vernáculo,
por extenso e de modo legível, observados
bem como uso racional de medicamentos. ção e duração do tratamento;
IV. contiver a data e a assinatura do profissio-
a nomenclatura e o sistema de pesos e me- Uma dispensação de qualidade está condicio- nal, endereço do consultório e o número de
E DISPENSAÇÃO didas oficiais; nada a um diagnóstico adequado, uma pres- inscrição no respectivo Conselho Profissional.
b) que contiver o nome e o endereço residen- crição baseada em evidência, com a eleição A prescrição deve ser assinada claramente e
cial do paciente e, expressamente, o modo de dos medicamentos mais adequados em suas acompanhada do carimbo, permitindo iden-
usar a medicação; doses corretas, sendo a prescrição o documen- tificar o profissional em caso de necessidade;
Medicamentos são produtos farmacêuticos c) que contiver a data e a assinatura do to legal pelo qual se responsabilizam aqueles V. a prescrição não deve conter rasuras
tecnicamente obtidos ou elaborados para profissional, o endereço do consultório ou que prescrevem, dispensam e administram os e emendas.
fins profiláticos, curativos, paliativos ou para residência, e o número de inscrição no res- medicamentos/terapêuticas ali arrolados.
fins de diagnóstico, prescritos por profissio- pectivo Conselho Profissional. No que se refere à intercambialidade de medi-
nais de saúde habilitados à prescrição. Conforme a Resolução RDC nº 44/09 que dis- camentos a Resolução RDC nº 16/07, que esta-
Parágrafo único: o receituário de medicamen- põe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o belece critérios para prescrição e dispensação
A prescrição deve considerar um amplo tos entorpecentes ou a estes equiparados e controle sanitário do funcionamento, da dis- de medicamentos genéricos, determina que:
conjunto de fatores. Dependendo do tipo os demais sob regime de controle, de acordo pensação e da comercialização de produtos
de medicamento (sujeito ou isento de com a sua classificação, obedecerá às disposi- e da prestação de serviços farmacêuticos em
prescrição) ou finalidade do uso, poderá ções da legislação federal específica. (...)” farmácias e drogarias:
ser prescrito por médicos, médicos-vete- “art. 43. Os medicamentos sujeitos à pres-
rinários, cirurgiões-dentistas, enfermeiros Prescrição medicamentosa deve ser clara, crição somente podem ser dispensados me-
e farmacêuticos. conter o nome genérico da droga, bem diante apresentação da respectiva receita.
como a sua apresentação, dose e poso- art. 44. O farmacêutico deverá avaliar as re-
Segundo a Lei nº 5.991/73, que dispõe sobre logia. Além de estar dentro da técnica ceitas observando os seguintes itens:
o controle sanitário do comércio de drogas, propedêutica correta, para que a receita I - legibilidade e ausência de rasuras e emendas;
medicamentos, insumos farmacêuticos e cor- tenha valor legal, deve possuir o nome II - identificação do usuário;
relatos, e dá outras providências: completo do paciente, a data, a assinatura III - identificação do medicamento, concentração,
do profissional. Todo o espaço em branco dosagem, forma farmacêutica e quantidade;
deve ser anulado para evitar alterações. IV - modo de usar ou posologia;
V - duração do tratamento;
Mediante uma prescrição faz-se necessá- VI - local e data da emissão; e
ria a dispensação do medicamento, seja VII - assinatura e identificação do prescritor
em serviços de saúde públicos ou priva- com o número de registro no respectivo
dos, devendo o profissional farmacêutico, conselho profissional.”
com base em seus conhecimentos técni-
cos, avaliar o receituário a fim de viabilizar A Resolução CFF nº 357/01 determina ain-
a dispensação. da que o farmacêutico é responsável pela ava-
liação farmacêutica do receituário e somente
A dispensação de medicamentos faz parte será aviada/dispensada a receita que:
do processo de atenção à saúde e deve I. estiver escrita a tinta, em português, em letra de
ser considerada como uma ação integrada forma, clara e legível, observada a nomencla-
do farmacêutico com os outros profissio- tura oficial dos medicamentos e o sistema de
nais dessa área. pesos e medidas oficiais do Brasil. A datilogra-
fia ou impressão por computador é aceitável;
Nesse contexto, a prestação dos serviços far- II. contiver o nome e o endereço residen-
macêuticos como parte integrante da aten- cial do paciente;

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Guia Prático Prescrição e dispensação

“1. Prescrição 2.2. Nesses casos, o profissional farmacêuti- 2.1 CRITÉRIOS PARA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS
1.1. No âmbito do Sistema Único de Saúde co deverá indicar a substituição realizada na
(SUS), as prescrições pelo profissional respon- prescrição, apor seu carimbo a seu nome e
sável adotarão, obrigatoriamente, a Denomi- número de inscrição do Conselho Regional O cirurgião-dentista possui responsabilida- dos e problemas associados, a duração do
nação Comum Brasileira (DCB), ou, na sua falta, de Farmácia, datar e assinar. de ética e civil nos atos que pratica, sendo tratamento, a forma de armazenamento do
a Denominação Comum Internacional (DCI); 2.3 O medicamento genérico somente será que ao emitir uma prescrição medicamen- medicamento e o que fazer com suas so-
1.2. Nos serviços privados de saúde, a dispensado se prescrito pela Denominação tosa deverá conhecer os efeitos, mecanis- bras, agendando nova consulta para moni-
prescrição ficará a critério do profissional Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, pela mos de ação e reações. toramento do tratamento proposto, quan-
responsável, podendo ser realizada sob a Denominação Comum Internacional (DCI), do for o caso.
Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, podendo ser intercambiável com o respectivo A prescrição emitida por cirurgião-dentista
na sua falta, sob a Denominação Comum In- medicamento referência; (NR dada pela Reso- deve observar a indicação dos fármacos neces- A prescrição é um ato profissional em que
ternacional (DCI) ou sob o nome comercial; lução RDC nº 51 de 15/08/2007)”. sários ao seu exercício profissional, de acordo o cirurgião-dentista se responsabiliza pelo
1.3. No caso de o profissional prescritor com as suas áreas de competência, cuja finali- paciente. Dessa forma, não é recomendá-
decidir pela não intercambialidade de sua Em 2014 a Anvisa publicou a Resolução RDC dade seja o tratamento coadjuvante ou não a vel que ocorra eventual troca de receita nos
prescrição, a manifestação deverá ser efe- nº 58/14 que dispõe sobre as medidas a se- um procedimento odontológico, específico ou casos em que o cirurgião-dentista não foi o
tuada por item prescrito, de forma clara, rem adotadas pelos titulares de registro de inespecífico, que esteja sendo adotado para o prescritor inicial da receita.
legível e inequívoca, devendo ser feita de medicamentos para a intercambialidade de tratamento de um agravo à saúde bucal.
próprio punho, não sendo permitidas ou- medicamentos similares com o medicamento Nos casos de medicações de uso contínuo,
tras formas de impressão. de referência. Nessa normativa é citado que O profissional deve coletar informações do quando a receita já está “vencida”, o pa-
2. Dispensação medicamentos similares também serão consi- paciente (anamnese), investigando e inter- ciente deverá ser reavaliado periodicamen-
2.1. Será permitida ao profissional farmacêutico derados intercambiáveis desde que possuam pretando seus sinais e sintomas para a rea- te pelo profissional que o acompanha, e
a substituição do medicamento prescrito pelo estudos de equivalência farmacêutica, biodis- lização de seu diagnóstico. somente este poderá avaliar se a prescrição
medicamento genérico correspondente, salvo ponibilidade relativa/bioequivalência ou bioi- será mantida, alterada ou adequada.
restrições expressas pelo profissional prescritor. senção aprovados pela Anvisa. O ato da prescrição conterá medidas me-
dicamentosas, compreensíveis e detalha- Existem medicamentos que exigem recei-
das para facilitar a dispensação do medi- tuário específico para sua prescrição, pois
camento e o uso pelo paciente. se encontram sob o controle da autorida-
de reguladora, tais como antimicrobianos e
Ao emitir uma prescrição, o cirurgião-den- medicamentos que contenham substâncias
Prescrição em seis etapas tista deve informar ao paciente sobre a entorpecentes e psicotrópicas que têm seu
terapêutica selecionada, de forma clara e uso controlado pela legislação específica, a
De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, para o processo de prescrição
acessível, indicando os benefícios espera- Portaria SVS/MS nº 344/98.
racional de medicamentos, se faz necessária a observância de seis etapas.

1ª etapa: o profissional de saúde deve coletar informações do paciente, investigar e interpre-


tar seus sinais e sintomas, para realizar o diagnóstico.
2ª etapa: a partir do diagnóstico, o profissional de saúde deve especificar os objetivos terapêuticos.
3ª etapa: selecionar o tratamento que considerar mais eficaz e seguro para aquele paciente.
4ª etapa: o ato da prescrição pode conter medidas medicamentosas e/ou medidas não medica-
mentosas que muitas vezes contribuem sobremaneira para a melhoria das condições de saúde do
paciente. Condutas medicamentosas ou não devem constar de forma compreensível e detalhada
na prescrição para facilitar dispensação do medicamento e uso pelo paciente.
5ª etapa: após escrever a prescrição, o profissional deve informar o paciente sobre a tera-
pêutica selecionada.
6ª etapa: combinar reconsulta para monitoramento do tratamento proposto.

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Guia Prático Prescrição e dispensação

Prescrição de medicamentos não contro- A prescrição dos medicamentos abrangi- drogarias -, é obrigatória sua escrituração
lados em receituário simples dos pela RDC nº 20/11 deverá ser realizada no Sistema Nacional de Gerenciamento de
em receituário do prescritor ou do estabe- Produtos Controlados (SNGPC).
Na clínica ou consultório particular deve lecimento ao qual se encontra vinculado no
estar impresso na receita nome, endereço ato do atendimento odontológico. Prescrição de medicamentos sujeitos ao
e inscrição do cirurgião-dentista no Conse- regime especial de controle da Portaria
Assim, a prescrição odontológica deve: lho Regional de Odontologia. Na ausência A referida resolução traz também que a re- do SVS/MS nº 344/98
• ser clara, legível e em linguagem com- desses dados impressos deve ser aposto ceita de antimicrobianos terá validade em
preensível; carimbo. todo o território nacional por 10 (dez) dias Os critérios e procedimentos para a autori-
• escrita sem rasura, em letra de forma, a contar da data de sua emissão, sendo fa- zação, o comércio, o transporte, a prescri-
por extenso e legível; É direito do farmacêutico, havendo dúvi- cultativa a prescrição de outras categorias ção, a escrituração, a guarda, os balanços,
• não apresentar abreviaturas, códigos das, manter contato com o cirurgião-dentis- de medicamentos, desde que não estejam a embalagem, o controle e a fiscalização
ou símbolos; ta prescritor, sendo dever do cirurgião-den- sujeitas ao controle especial da Portaria do de substâncias e medicamentos sujeitos a
• informar nome, forma farmacêutica e con- tista atendê-lo e prestar os esclarecimentos SVS/MS nº 344/98. controle especial são estabelecidos pela
centração do medicamento prescrito; que se fizerem necessários. Portaria SVS/MS n° 344/98 e pela instru-
• conter quantidade total de medicamen- Em situações de tratamento prolongado ção normativa aprovada pela Portaria SVS/
to (número de comprimidos, drágeas, am- Prescrição de medicamentos antimicrobianos a receita poderá ser utilizada para aqui- MS nº 6/99.
polas, envelopes), de acordo com a dose sições posteriores dentro de um período
e a duração do tratamento; Em 2010 a Anvisa publicou norma que de até 90 (noventa) dias, a contar da data As substâncias e medicamentos sujeitos a
• conter via de administração, o intervalo trata do controle do uso de antimicrobia- de sua emissão, devendo conter a indica- controle especial são divididos em listas
entre as doses, a dose máxima por dia e a nos, a fim de contribuir no combate às ção de uso contínuo, com a quantidade que são revisadas e atualizadas frequente-
duração do tratamento; infecções e à resistência bacteriana, bem a ser utilizada para cada 30 (trinta) dias, mente. Tais listas possuem adendos, onde
• conter nome, endereço e telefone do como para a promoção do uso racional não havendo limitação do número de são apontados alguns detalhes e exceções.
cirurgião-dentista de forma a possibilitar destes medicamentos. itens contendo medicamentos antimicro-
contato em caso de dúvidas ou ocorrên- bianos prescritos por receita. A Portaria SVS nº 344/98 do Ministério
cia de problemas relacionados ao uso de da Saúde, estabelece em seu art. 38 que
Tais critérios de controle aplicam-se não
medicamentos prescritos; Aos antimicrobianos, quando dispensados as prescrições por cirurgiões-dentistas só
só para antimicrobianos de uso oral, como
• conter data da prescrição, assinatura e no sistema privado de saúde - farmácias e poderão ser feitas para uso odontológico.
também para antimicrobianos de uso der-
carimbo do prescritor; matológico e para uso na mucosa oral,
• conter manifestação expressa se não dese-
incluindo os manipulados, ou seja, todos
jar permitir a intercambialidade do medica-
aqueles de uso sob prescrição.
mento de marca prescrito pelo genérico ou
similar, conforme disposto na Lei nº 9.787/99.
A legislação atual que trata do controle
dos antimicrobianos é a RDC nº 20/11
Ressalta-se que, no que concerne à
que se aplica às farmácias e drogarias pri-
prescrição de medicamentos é vedado:
vadas e unidades públicas de dispensa-
• indicar atos desnecessários ou proibidos
ção municipais, estaduais e federais, que
pela legislação do Brasil;
disponibilizem medicamentos mediante
• receitar ou atestar de forma secreta
ou ilegível; ressarcimento (ex.: Programa Farmácia
• assinar em branco folhas de receituários, Popular do Brasil), não sendo previsto o
laudos, atestados ou outros documentos; controle em farmácias de unidades hos-
• prescrever e aplicar medicamentos fora pitalares ou de quaisquer outras entida-
do âmbito da Odontologia ou quando a des equivalentes de assistência médica,
prescrição não possui relação com o trata- públicas ou privadas, conforme previsto
mento e acompanhamento odontológico. no art. 3º da RDC nº 20/11.

18 19
Guia Prático Prescrição e dispensação

As receitas que incluam medicamentos à de controle especial e, em alguns casos, esse


base de substâncias constantes das listas receituário deverá estar acompanhado de no-
“C1” (outras substâncias sujeitas a controle tificação de receita (NR).
especial), “C5” (anabolizantes) e os aden-
dos das listas “A1” (entorpecentes), “A2” e O Receituário de Controle Especial deverá
“B1” (psicotrópicos) e de suas atualizações, ser preenchido em duas vias, manuscrito,
somente poderão ser aviadas quando pres- datilografado ou informatizado, apresen-
critas por profissionais devidamente habilita- tando obrigatoriamente, em destaque em
dos e com os campos descritos na Portaria cada uma das vias, os dizeres: “1ª via - Re-
SVS nº 344/98 devidamente preenchidos (art. tenção da Farmácia ou Drogaria” e “2ª via
55). Dadas as peculiaridades das substâncias – Orientação ao Paciente”.
e medicamentos sujeitos a controle especial,
a dispensação é diferenciada entre as listas e O prescritor poderá também substituir o
seus adendos, sendo necessário o receituário Receituário de Controle Especial pelo recei-

20 21
Guia Prático Prescrição e dispensação

garismos arábicos e por extenso) e posologia; Numerações para a confecção de talonários


d) data da emissão; de Notificação de Receita B, de cor azul, e nu-
e) assinatura do prescritor: quando os da- merações para a confecção de talonários de
dos do profissional estiverem devidamente Notificação de Receita Especial (retinoides),
impressos no cabeçalho da receita, este cor branca, são fornecidos pela Vigilância
poderá apenas assiná-la. No caso de o pro- Sanitária, ficando o prescritor ou a entidade
fissional pertencer a uma instituição ou es- responsáveis pela impressão dos talonários,
tabelecimento hospitalar, deverá identificar conforme modelo fornecido pela autoridade
sua assinatura, manualmente de forma legí- sanitária, que, dependendo de normas admi-
vel ou com carimbo, constando a inscrição nistrativas próprias, poderá disponibilizar o
no Conselho Regional; documento impresso.
f) identificação do registro: na receita retida,
deverá ser anotado no verso, a quantidade Os medicamentos à base de substâncias
aviada e, quando tratar-se de formulações constantes das listas A1, A2, A3, B1, C2
magistrais, também o número do registro poderão ser dispensados ou aviados a pa-
da receita no livro correspondente. cientes internados ou em regime de semi-
-internato, mediante receita privativa do
A Notificação de Receita é o documento estabelecimento, subscrita por profissional
que, acompanhado da receita específica, médico ou cirurgião-dentista e em exercício
autoriza a dispensação de medicamentos nos estabelecimentos hospitalares, clínicas
à base de substâncias constantes das lis- médicas, oficiais ou particulares. Nessa si-
tas “A1” e “A2” (entorpecentes), “A3”, tuação, não é necessário que tais medica-
“B1” e “B2” (psicotrópicas), “C2” (reti- mentos sejam prescritos com acompanha-
noicas para uso sistêmico) e “C3” (imu- mento da Notificação de Receita.
nossupressoras), do Regulamento Técnico
e de suas atualizações. A quantidade máxima de Talonário de Noti-
ficação de Receita B, de cor azul, a ser pres-
Talonários de Notificação de Receita A, de crita, corresponde a 60 (sessenta) dias de
cor amarela, são fornecidos, de forma nu- tratamento, não podendo conter mais que
merada e controlada pela vigilância sani- cinco ampolas no caso de medicamento
tária, observado o disposto no art. 68, da para uso injetável.
tuário comum conforme previsto no artigo do prescritas por profissionais devidamen- Portaria do SVS/MS nº 06/99, como segue:
84 da Portaria SVS/MS nº 6/99, desde que te habilitados e com os campos descritos “art. 68 No ato da entrega do talonário de Igualmente, a quantidade máxima de ta-
sejam preenchidos todos os campos obri- abaixo devidamente preenchidos: Notificação de Receita ‘A’, o profissional ou lonário de Notificação de Receita Especial
gatórios, prescrito em duas vias, e cumpri- a) identificação do emitente: impresso em diretor clínico ou a pessoa por eles auto- (retinoides), cor branca, corresponde a 30
do os mesmos requisitos para que ocorra a formulário do profissional ou da instituição, rizada deve estar de posse do carimbo de (trinta) dias de tratamento, não podendo
dispensação, nos seguintes casos: contendo o nome e endereço do consultó- identificação do profissional ou instituição. conter mais que cinco ampolas no caso de
a) medicamentos à base de substâncias cons- rio e/ou da residência do profissional, nº da A Autoridade Sanitária deve em todas as medicamento para uso injetável.
tantes das listas C1 (outras substâncias sujei- inscrição no Conselho Regional e no caso da folhas do talonário apor o carimbo no cam-
tas a controle especial), instituição, nome e endereço da mesma; po Identificação do Emitente”. A Notificação de Receita deverá conter
b) adendos das listas A1 (entorpecentes), A2 b) identificação do usuário: nome e endere- os seguintes itens:
(entorpecentes de uso permitido somente em ço completo do paciente; A quantidade máxima do Talonário de Notifica- a) sigla da Unidade da Federação (impresso
concentrações especiais) e B1 (psicotrópicos). c) nome do medicamento ou da substância ção de Receita A, de cor amarela, a ser prescri- no documento);
prescrita sob a forma de Denominação Co- ta, corresponde a 30 (trinta) dias de tratamento, b) identificação numérica (impresso no do-
As receitas de controle especial ou receita mum Brasileira (DCB), dosagem ou concentra- não podendo conter mais que cinco ampolas cumento):
comum somente poderão ser aviadas quan- ção, forma farmacêutica, quantidade (em al- no caso de medicamento para uso injetável. - a sequência numérica será fornecida pela

22 23
Guia Prático Resposabilidade
Prescrição e dispensação
civil,

autoridade sanitária competente dos esta-


dos, municípios e Distrito Federal;
de talonários emitida pela Vigilância Sa-
nitária local;
2.2 AUTOPRESCRIÇÃO desde que a prescrição seja estabelecida
em razão do tratamento odontológico e a
c) identificação do emitente (impresso no
documento):
m) identificação do registro: anotação da
quantidade aviada, no verso, e quando tra-
PRATICADA PELO ele relacionada.

tar-se de formulações magistrais, o número


d) nome do profissional com sua inscrição
no Conselho Regional com a sigla da res- de registro da receita no livro de receituário. CIRURGIÃO-DENTISTA Todavia compreende-se que a autoprescri-
ção praticada por cirurgião-dentista deve
pectiva Unidade da Federação; ou nome da observar o disposto nas legislações e nor-
instituição, endereço completo e telefone; A dispensação de medicamentos con- A autoprescrição praticada por cirurgiões- mas, devendo ocorrer somente nos casos
e) identificação do usuário: nome e endere- trolados com receitas prescritas em ou- -dentistas não é vedada expressamente por afetos à Odontologia, com cautela, razoa-
ço completo do paciente; tras unidades federativas dependerá do lei ou outro ato normativo do Conselho Fe- bilidade e bom senso.
f) nome do medicamento ou da substân- enquadramento das substâncias nas lis- deral de Odontologia e tampouco dos ór-
cia: prescritos sob a forma de Denomina- tas da Portaria SVS/MS nº 344 / 1998 e gãos sanitários. A autoprescrição de substâncias entorpecen-
ção Comum Brasileira (DCB), dosagem ou suas atualizações. tes e psicotrópicas não é uma ação recomen-
concentração, forma farmacêutica, quanti- Igualmente, não há restrição ética, legal dada ao cirurgião-dentista, a fim de que seja
dade (em algarismos arábicos e por exten- As prescrições válidas para território ou normativa ao cirurgião-dentista quan- possível evitar e/ou não potencializar danos à
so) e posologia; nacional são: to ao atendimento de familiares, com saúde geral, como toxicomania, patologias
g) símbolo indicativo: no caso da pres- a) notificações de Receita A (cor amarela) consequente prescrição medicamentosa, de origem psiquiátricas, entre outros.
crição de retinoicos deverá conter um que contenham substâncias ou medica-
símbolo de uma mulher grávida, recor- mentos à base das substâncias presentes
tada ao meio, com a seguinte advertên- nas listas A1, A2 (entorpecentes) e A3
cia: “Risco de graves defeitos na face, (psicotrópicas);
nas orelhas, no coração e no sistema b) receitas de Controle Especial que
nervoso do feto”; contenham substâncias ou medicamen-
h) data da emissão; tos à base de substâncias presentes
i) assinatura do prescritor: quando os da- nas listas C1 (outras substâncias sujei-
dos do profissional estiverem devidamen- tas a controle especial) e C5 (anaboli-
te impressos no campo do emitente, este zantes), incluindo adendos (exceções)
poderá apenas assinar a Notificação de das listas A e B – receitas normalmente
Receita. No caso de o profissional perten- na cor branca;
cer a uma instituição ou estabelecimento
hospitalar, deverá identificar a assinatura As prescrições que têm validade
com carimbo, constando a inscrição no somente dentro da unidade federativa
Conselho Regional, ou manualmente, de onde sua numeração foi concedida são:
forma legível; a) notificações da Receita B: que conte-
j) identificação do comprador: nome com- nham substâncias ou medicamentos à
pleto, número do documento de identifica- base das substâncias presentes na lista B1
ção, endereço completo e telefone; (psicotrópicas) – cor azul
k) identificação do fornecedor: nome e en- b) notificações de Receita B2: que conte-
dereço completo, nome do responsável nham substâncias ou medicamentos à base
pela dispensação e data do atendimento; das substâncias presentes na lista B2 (psico-
l) identificação da gráfica: nome, ende- trópicas anorexígenas) – cor azul
reço e CNPJ impressos no rodapé de c) notificações de Receita Especial: que
cada folha do talonário. Deverá constar contenham medicamentos à base de
também, a numeração inicial e final con- substâncias presentes nas listas C2 (reti-
cedida ao profissional ou instituição e o noides de uso sistêmico) e C3 (talidomi-
número da autorização para confecção da) – cor branca.

24 25
Guia Prático Aquisição de medicamentos

AQUISIÇÃO DE
MEDICAMENTOS

CAPÍTULO 3
AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA USO
NA ODONTOLOGIA

Existem estabelecimentos especializados tologia (cirurgiões-dentistas, técnicos em


na comercialização de produtos para a prá- prótese dentária, clínicas odontológicas e
tica odontológica. Tais estabelecimentos laboratórios de prótese), mediante a apre-
são comumente conhecidos como “den- sentação de registro no Conselho Regional
tais” e perante a legislação vigente são de Odontologia.
enquadrados como distribuidores que co-
mercializam produtos de uso profissional, Ainda é garantido aos estudantes de Odon-
incluindo medicamentos como anestésicos, tologia, mediante a apresentação do registro
agentes clareadores, entre outros. acadêmico emitido pela Instituição de Ensino
Superior ao qual o aluno se encontra vincu-
A venda dos produtos distribuídos e comer- lado, acesso aos produtos profissionais ali
cializados nas chamadas “dentais” é restri- comercializados, em razão da utilização dos
ta aos profissionais e empresas da Odon- mesmos na prática acadêmica.

26 27
Guia Prático Maleta de emergência

de Receita “A” e a sequência numérica para


CAPÍTULO 4 impressão da Notificação de Receita “B”. No
ato da retirada de talonário de Notificação
MALETA DE EMERGÊNCIA de Receita “A”, o profissional deve portar o
seu carimbo identificador, que será aposto no
campo de identificação do emitente da Noti-
ficação de Receita “A”.
Durante o exercício da Odontologia e, em es-
pecial, em alguns procedimentos odontológi- O profissional ou dirigente do serviço deve
cos, o cirurgião-dentista precisa dispor de me- preencher a Notificação de Receita para
dicamentos diversos, indicados no protocolo cada medicamento entorpecente e/ou psico-
de técnicas reconhecidas cientificamente, ha- trópico, constando no campo destinado ao
vendo a necessidade de adquiri-los, sem que nome do paciente, Maleta de Emergência, e
seja via prescrição a pacientes. no campo destinado ao endereço do pacien-
te, o Endereço Profissional, bem como nome
Assim, para evitar a autoprescrição, que muitas do medicamento, sua concentração, data ,
vezes é realizada para viabilizar a aquisição do carimbo e assinatura do profissional e a
medicamento, há na legislação sanitária a pos- quantidade a ser inicialmente adquirida.
sibilidade de o cirurgião-dentista manter em seu
consultório a chamada Maleta de Emergência. A autoridade sanitária local deve avaliar a
solicitação e, verificada a pertinência, autori-
Esse mecanismo encontra-se previsto na zar a aquisição em farmácia ou drogaria por
Portaria SVS/MS nº 6/99. A Maleta de Emer- meio do visto no verso de cada Notificação
gência é o utensílio destinado à guarda, com de Receita.
segurança, de medicamentos psicotrópicos
e/ou entorpecentes para aplicação em casos A reposição dos medicamentos da Maleta de
específicos e/ou de emergência, destinados Emergência se fará por aquisição em farmácia ou
aos profissionais médicos, médicos-veteri- drogaria, mediante apresentação de Notificação
nários e cirurgiões-dentistas não vinculados de Receita devidamente preenchida com a quan-
a clínicas ou unidades hospitalares, serviços tidade administrada na emergência, contendo
médicos e/ou ambulatoriais que não possu- nome e endereço completos do paciente.
am dispensário de medicamentos; ou ainda
ambulância, embarcações e aeronaves. Somente será autorizada a aquisição de medi-
camentos para a “Maleta de Emergência” aos
Cabe à autoridade sanitária estadual, munici- profissionais cadastrados pelo orgão compe-
pal ou do Distrito Federal autorizar e controlar tente de Vigilância Sanitária.

MALETA DE EMERGÊNCIA
o estoque inicial e os suprimentos posteriores
da maleta de emergência. Nos estabelecimentos em que houver dis-
pensário de medicamentos, o gestor deverá
A quantidade de medicamentos permitidos na observar o horário de atendimento da equipe
maleta de emergência será definida pela auto- odontológica e da equipe farmacêutica, para
ridade sanitária local, mediante prévia solicita- que não haja ausência de acesso a medica-
ção do interessado. mentos em razão da indisponibilidade de far-
macêutico responsável para a dispensação,
O profissional deve dirigir-se à autoridade que em sua maioria possui caráter imprescin-
sanitária estadual, municipal ou do distrito fe- dível para a efetivação do ato odontológico,
deral para retirar 1 (um) bloco de Notificação em benefício da saúde do paciente.

28 29
Guia Prático Medicamentos

CAPÍTULO 5
MEDICAMENTOS MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS NA ODONTOLOGIA

Apesar de o CROSP objetivar listar de ma- encontra respaldo na literatura e em sua


neira simplificada as substâncias que são competência legal, haja vista que seus
mais prescritas e utilizadas pelos cirurgi- efeitos se demonstram benéficos em pelo
ões-dentistas e exemplificar as principais menos duas condições: Síndrome de Sjö-
indicações de uso na Odontologia, é im- gren e disfunção salivar pós-radiação.
portante salientar que a evolução da indús- Seus efeitos secundários de estimulação
tria farmacêutica, com disponibilização de da secreção das glândulas salivares po-
novas substâncias no mercado, faz com que dem ser aproveitados com benefícios,
essa lista não seja estática. quando utilizado no local-alvo (cavidade
bucal) para essa finalidade.
O cirurgião-dentista possui a recomendação
ética e técnica no sentido de manter contato A associação de um antibiótico e um cor-
com a equipe médica que acompanha o pa- ticoide, como anti-inflamatório, ou seu
ciente, diante do conhecimento de doenças uso isolado, na composição de alguns
sistêmicas ou de suas suspeitas, para então colírios é muito importante para o cirur-
determinar a melhor conduta odontológica gião-dentista, que pode dele fazer uso
a ser adotada, envolvendo, inclusive, a pres- em profilaxia de infecções e complica-
crição medicamentosa. ções oftalmológicas nos procedimentos
cirúrgicos invasivos das fraturas de zigo-
É importante reiterar que o cirurgião-den- ma, orbitárias ou naso-órbito-etmoidais,
tista, além de prescrever medicamentos de a serem prescritos na terapêutica medi-
uso específico em Odontologia, visando camentosa coadjuvante do trauma facial,
ao benefício do paciente, pode prescrever além de muito utilizado em terapêuticas
fármacos que atuarão como coadjuvantes da especialidade de endodontia, no uso
no tratamento odontológico, com cautela intracanal, por exemplo.
e bom senso, observando de modo irrestri-
to as recomendações técnicas e científicas. A prescrição de substâncias que tenham
Podemos citar a prescrição de inalações caráter coadjuvante no tratamento odonto-
com solução fisiológica, que tem o intuito lógico exige cautela e não possui o objetivo
de descongestionar as vias aéreas, porém, de tratar especificamente de determinadas
sem outra medicação associada. Havendo doenças sistêmicas. Por essa razão, não
necessidade de administração de outro deve ser prescrita pelo cirurgião-dentista
fármaco associado ao soro fisiológico, há para uso prolongado, mas específico ao ato
a necessidade de interação entre a equipe ou ao tratamento odontológico.
médica e odontológica, devido aos efeitos
desses fármacos. O cirurgião-dentista não possui habilita-
ção legal para prescrever medicamentos
De igual modo, a utilização de colírios destinados ao controle de glicemia, car-
também é uma prática odontológica que diopatias, hipertensão, tratamento de

30 31
Guia Prático Resposabilidade civil,
Medicamentos

úlcera gástrica, entre outros, uma vez – ex: paracetamol) - exemplos de uso: PROCESSOS INFLAMATÓRIOS nal de primeira linha não se apresentar efetiva
que essas situações são de competência casos de dores causadas por tumores, a) Não esteroidais (AINES) ou eficaz.
médica, sendo recomendado que o pa- dores agudas e crônicas, intensas ou • Ácido acetilsalicílico
ciente seja sempre orientado a buscar muito intensas • Ácido mefênamico - pela forte ação PROCESSOS INFECCIOSOS
auxílio de seu médico para identificação • Fentanila (hospitalar) - para anal- anti-inflamatória, utilizado para o
ou controle de doenças. gesia de curta duração durante o controle de dor crônica, como casos de ANTIBACTERIANOS
período anestésico (pré-medicação, dor muscular e traumática de origem
Para compreender a competência do indução e manutenção) ou quando odontológica; problemas periodon- Obs.: alguns dos antibacterianos a seguir são
cirurgião-dentista quanto à prescrição necessário no período pós-operató- tais associados à artrite reumatoide e prescritos apenas em ambiente hospitalar.
medicamentosa, não basta analisar rio imediato osteoartrite
somente as indicações constantes no • Morfina (hospitalar) - usado para ali- • Celecoxibe a) Penicilinas:
bulário, mas se faz necessário consi- viar dores severas e/ou muito intensas • Cetoprofeno • Aminopenicilinas: Ampicilina, Amoxicilina
derar o que se encontra determinado • Tramadol – exemplos de uso: DTMs • Cetorolaco • Amoxicilina + Ácido clavulânico
por lei e as indicações medicamento- (disfunções temporomandibulares), • Diclofenaco • Ampicilina / Sulbactam
sas reconhecidas pela literatura e pela neuralgia do trigêmeo (traumática ou • Etodolaco • Benzilpenicilina benzatina
ciência, seja para uso profissional ou não) ou dores neuropáticas orofaciais • Etoricoxibe • Benzilpenicilina potássica (cristalina aquosa)
para utilização do paciente, nos limi- de origens diversas • Fenilbutazona • Benzilpenicilina procaína
tes de sua atuação. • Fenoprofeno • Carbenicilina
c) Antidepressivos: • Ibuprofeno • Dicloxacilina
Ressalta-se que as substâncias a seguir (fármacos coadjuvantes utilizados no trata- • Indometacina • Fenoximetilpenicilina
foram agrupadas em consonância com mento e controle da dor crônica) • Meclofenamato de sódio • Meticilina
as indicações clínicas em Odontologia. • Tricíclicos • Meloxicam • Oxacilina
• Amitriplina • Naproxeno • Piperacilina
• Nortripilina • Nimesulida • Piperacilina / Tazobactam
• Inibidores Seletivos da Recapitação • Oxifembutazona • Ticarcilina
CONTROLE DA DOR de Serotonina • Parecoxibe • Ticarcilina + Ácido clavulânico
• Fluoxetina • Piroxicam
a) Não opioides: • Inibidores Seletivos da Recapitação • Sulindaco b) Cefalosporinas:
• Aceclofenaco de Serotonina (ver classificação) • Tenoxicam • Cefaclor
• Ácido acetilsalicílico • Venlafaxina • Cefadroxila
• Ácido mefenâmico - pela forte anal- b) Esteroidais (AIES) • Cefalexina
gesia, utilizado para o controle de dor d) Anticonvulsionantes: • Betametasona • Cefalotina
crônica, como casos de dor muscular (fármacos utilizados nos distúrbios doloro- • Cortisona • Cefazolina
e traumática de origem odontológica sos orofaciais) • Dexametasona • Cefepima
• Diclofenaco • Carbamazepina - exemplo de uso: • Hidrocortisona • Cefotaxima
• Diflunisal neuralgia do trigêmeo • Metilpredinisolona • Cefoxitina
• Dipirona • Gabapentina • Parametasona • Ceftazidima
• Ibuprofeno • Pregabalina • Prednisolona • Ceftriaxona
• Meloxicam • Prednisona • Cefuroxima
• Naproxeno ANTITÉRMICOS UTILIZADOS EM • Triancinolona
• Nimesulida INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS c) Carbapenêmicos
• Paracetamol Obs.: os glicocorticoides não são fármacos • Ertapeném
• Piroxicam • Ácido acetilsalicílico de primeira escolha para tratamento de dor • Imipeném
• Dipirona em processo inflamatório crônico, devido aos • Meropeném
b) Opioides: • Ibuprofeno efeitos secundários graves. Contudo, perma-
• Codeína (pode ser utilizada em asso- • Paracetamol nece o emprego quando a terapia convencio- d) Glicopeptídeos
ciação com analgésicos não opioides

32 33
Guia Prático Resposabilidade civil,
Medicamentos

• Ramoplanina ANTIFÚNGICOS para fins odontológicos, o cirurgião-den- Obs.: pacientes odontológicos apresentam
• Teicoplanina tista pode prescrever protetores gástricos, grande incidência do fator medo, ansieda-
• Vancomicina • Anfotericina B coadjuvantes na terapêutica medicamento- de, fobia, entre outros, que são desencadea-
• Fluconazol sa de tratamento em Odontologia dores de condições sistêmicas desfavoráveis
e) Macrolídeos: • Itraconazol a atos clínicos ou cirúrgicos, tais como a hi-
• Azitromicina • Miconazol ³ A prescrição e aplicação de Glucagon se pertensão arterial e taquicardia. São utiliza-
• Claritromicina • Nistatina dá nas situações de emergências médicas das, ainda, em pacientes que possuem difi-
• Eritromicina em Odontologia. culdade de condicionamento verbal, desde
• Roxitromicina ANTIVIRAIS que o mesmo não apresente histórico de hi-
• Telitromicina ANABOLIZANTES ESTEROIDES persensibilidade ou contraindicações ao uso
• Aciclovir (em todas as suas apresentações) dos componentes. As dosagens devem ser
f) Aminiglicosídeos: • Penciclovir • Androstenolona rigorosamente seguidas, não havendo indi-
• Amicacina • Clostebol cação de tratamento prolongado.
• Gentamicina PROCESSOS ALÉRGICOS • Etilestrenol
• Somatropina RELAXANTES MUSCULARES
g) Lincosamidas: • Epinefrina¹ (especificar uso)
• Clindamicina • Difenidramina Obs.: indicados em terapêuticas que visam
• Prometazina à regeneração óssea, para a proliferação, • Baclofeno
h) Tetraciclinas: • Ranitidina² adesão e diferenciação de osteoblastos. • Ciclobenzaprina
• Cloridrato de tetraciclina • Glucagon³ • Fenilbutazona
• Doxiciclina • Loratadina ANESTESIA LOCAL • Orfenadrina
• Desloratadina (associados ou não a vasoconstritores) • Tiocolchicosídeo
I) Minociclina Metronidazol • Cetirizina
• Glicocorticoides, como hidrocortisona • Articaína Obs.: substâncias indicadas ao tratamen-
J) Poliximinas: apenas uso tópico e prednisolona (associados a epinefrina e • Bupivacaína to de disfunção temporomandibular e
aos anti-histamínicos), constituem o passo • Lidocaína outras condições extremas onde ocorra
k) Quinolonas: seguinte no tratamento da anafilaxia, ou • Mepivacaína espasmos musculares. Tem função coad-
• Ciprofloxacino ainda utilizados cronicamente no tratamen- • Prilocaína juvante, visando à melhora do conforto
• Gemifloxacino to ambulatorial das alergias associadas aos do paciente, por período determinado,
• Levofloxacino procedimentos odontológicos Obs.: anestésicos gerais são utilizados sob aliado a investigações de outras condi-
• Moxifloxacino responsabilidade de médico anestesista, ções etiológicas que se referem à causa
OBS.: ¹ o cirurgião-dentista em atos clí- em procedimentos odontológicos clínicos do problema identificado.
l) Rifampicinas + Bacitracinas: nicos ou cirúrgicos, em ambiente ambu- ou cirúrgicos específicos realizados em am-
• Rifamida latorial ou hospitalar, pode fazer uso de biente hospitalar. AGENTES CLAREADORES
substâncias medicamentosas, a exemplo
m) Sulfonamidas: dos anestésicos que contenham epine- BENZODIAZEPÍNICOS • Peróxido de Carbamida
• Ácido paraminobenzoico frina. Dentre os vasoconstritores adre- • Peróxido de Hidrogênio
• Sulfacetamida nérgicos, podemos citar que ela é uma • Alprazolam
• Sulfadiazina das mais indicadas no atendimento de • Bromazepam DESSENSIBILIZANTES
• Sulfafurazol pacientes com hipertensão controlada no • Cloxazolam
• Biovitrocerâmicas*
• Sulfametoxazol estágio I ou II • Diazepam
• Caseína Fosfopeptídica*
• Flunitrazepam
• Flúor
n) Trimetoprima ² Em casos em que o paciente possua, por • Lorazepam
• Fosfato de Cálcio Amorfo*
(geralmente empregado em associação exemplo, história de irritação gástrica quan- • Midazolam
• Nano-Hidroxiapatita*
a sulfonamidas) do do uso de antibióticos, anti-inflamató- • Oxazepam
• Nitrato de Potássio (5%)
rios, analgésicos ou outros medicamentos,
* Bioativos remineralizantes

34 35
Guia Prático Medicamentos

• Peróxido de Hidrogênio (0,013% a 3%) pela ação antimicrobiana e anti-inflamatória • Lidocaína (2%)
CONTROLE DE HIPOSSALIVAÇÃO • Triclosana • Dexametasona, Sulfato de Neomicina e • Extrato de Camomila
Sulfato de Polimexina B) – Suspensão oftál- • Extrato de Chá Verde
• Betanecol AGENTES ANTICÁRIES
mica estéril utilizada pela ação antimicrobia- • Cremes contendo corticosteroides - utiliza-
• Cevimelina
• Fluoretos (em todas as suas apresentações) na e anti-inflamatória. dos como anti-inflamatórios e imunoregula-
• Pilocarpina
• Polialcoóis • Clorexidina (0,2%, 2% - líquido e gel) dores, reduzindo os sintomas da inflamação e
• Xilitol • Óxido de Zinco acelerando o processo natural de reparação
Obs.: indicado em casos de xerostomia,
DESINFETANTES • Eugenol dos tecidos em casos de lesões na forma de
que podem gerar doenças periodontais,
• Cimentos (Fosfato de Zinco, Iônomero de erosão e/ou ulceração na mucosa bucal
proliferação de bactérias e fungos, muco- • Ácido Peracético (2%) vidro, MTA – mineral trióxide aggregate) • Cremes e pomadas contendo antimicro-
site bacteriana, além de visar ao combate à • Álcool Etílico (70%) • Tintura de Lugol 5% bianos, exemplos: neomicina e bacitraci-
dificuldade de retenção de próteses dentá- • Formaldeído (4%) • Soda Clorada de 4% a 6% na; associação de benzocaína, hidrocorti-
rias mucosuportadas. • Glutaraldeído (soluções a 2%) • Hipoclorito de Sódio (2% a 2,5%) sona e neominina
CONTROLE DE SANGRAMENTO • Hipoclorito de Sódio (soluções de 2% a 4%) • Água de Cal • Cremes, géis e pomadas contendo anti-
• Quaternários de Amônia • Polietilenoglicol fúngicos, exemplos: Aciclovir, Miconazol,
• Ácido Aminocaproico (EACA)
• Ácido Tranexâmico (AT) • Propilenoglicol Nistatina + Óxido de Zinco
OUTRAS SUBSTÂNCIAS UTILIZADOS NAS • Óleo de Oliva • Clobetasol (0,05% a 0,1%)
• Ácido Tricloroacético (ATA)
ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS • Trietalonamina • Hidrocortisona (uso tópico)
• Eltrombopague Olamina
ENDODONTIA • Óleo de Laranja • Fluoruracila (0,5% a 5%) – antineoplásico
Obs.: substâncias que podem ser utiliza- • Eucaliptol usado em lesões com potencial de trans-
das em condições pré ou pós-cirúrgicas • Hipoclorito de sódio (0,5% a 7%) • Glicerina formação maligna, como queilite actínica,
para pacientes que relatam problemas • Peróxido de Hidrogênio • Eucaliptol a fim de promover a destruição das células
relacionados à hemostasia, do ponto de • Ácido Cítrico (1% a 50%) • Sulfato de Bário alteradas mediante aplicação tópica
vista sistêmico. • Ácido Etileno Diaminotetracético (EDTA): • Sulfato de Cálcio • Imiquimode (5%) – utilizado em lesões
• EDTA 20% em gel
ANTISSÉPTICOS / ENXAGUATÓRIOS PERIODONTIA com potencial de transformação maligna,
• EDTA trissódico 24% gel
a fim de promover a destruição das células
• Betametasona (elixir) - exemplos de uso: • EDTA 17% - líquido • Peróxido de Hidrogênio (0,013% a 3%) alteradas mediante aplicação tópica
feridas cirúrgicas odontogênicas, lesões do • EDTA-C • Clorexidina • Ácido Tricloroacético (50%) – aplicado
complexo maxilomandibular, geralmente • EDTA-T • Guaçatonga (nome científico: Casearia em lesões com potencial de transformação
na forma de bochecho, para ação anti-in- • Peróxido de Hidrogênio + Peróxido de Ureia sylvestris Sw.) maligna, a fim de promover o peeling quí-
flamatória e cicatrização (estomatologia). + Polietilenoglicol + Polissorbato Tween 80 • Iodopovidona (solução aquosa a 10%).
• Cloreto de Cetilpiridínio • Doxicilina + Ácido Cítrico + Tween 80 mico simples, destruindo não seletivamen-
• Óleos essenciais de timol, eucaliptol, men-
• Clorexidina • Hidróxido de Cálcio te células normais e displásicas/neoplásicas
tol e salicilato de metila
• Cloridrato de Benzidamina (pó para pre- • Iodofórmio mediante aplicação tópica
paração extemporânea, spray, colutório, • Pasta Tripla: ODONTOPEDIATRIA • Clonazepam - exemplo de uso: síndrome
pasta dentifrícia e gel) • Ciprofloxacino + Metronidazol + Minociclina Na endodontia de dentes decíduos: de ardência bucal
• Dexametasona (elixir) - exemplos de uso: • Ciprofloxacino + Metronidazol + Cefaclor • Óxido de Zinco e Eugenol • Capsaicina e derivados (0,025% a 0,075%) -
feridas cirúrgicas odontogênicas, lesões do • Ciprofloxacino + Metronidazol + Cefuroxima • Pastas de Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio exemplo de uso: síndrome de ardência bucal
complexo maxilomandibular, geralmente • Formocresol • Saliva artificial - exemplo de uso: xerostomia
ESTOMATOLOGIA • Pilocarpina (2% solução oftálmica) -
na forma de bochecho, para ação anti-in- • Ticresol Formalina
flamatória e cicatrização (estomatologia) • Paramonoclorofenol (canforado) • Triancinolona em Orabase exemplo de uso: xerostomia
• Iodóforos, como soluções alcoólicas ou (neomicina e hidrocortisona) - Suspensão • Antissépticos • Xilitol
aquosas de iodopovidona ou iodo-polivi- otológica utilizada pela ação antimicrobiana • Hexamidina + Tetracaína • Fluoretos
nilpirrolidine (iodo-povidine) a 0,1% a 1% e anti-inflamatória • Própolis 5% em Propilenoglicol • Ácido Málico (1%) - exemplo de uso:
• Óleos Essenciais e suas combinações • Dexametasona colírio (intracanal) • Miconazol xerostomia, geralmente associado ao
(eucaliptol 0,092%, mentol 0,042%, timol • Hidrocortisona, Cloridrato de Oxitetraciclina • Neomicina e Bacitracina xilitol e fluoretos para evitar diminuição
0,064%, metil salicilato 0,060%) e Sulfato de Polimexina B) – pomada utilizada • Benzocaína do pH da cavidade bucal que poderia le-

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Guia Prático

var ao aumento na incidência de cáries.


• Ácido Acético
• Ácido Alfalipoico Isotretinoína (0,05% a Medicação
0,1%), utilizado via tópica a fim de promo-
ver aumento da reciclagem das células epi-
teliais, levando a descamação e eliminação
da lesão na mucosa oral
• Acitretina (0,05% a 0,1%), utilizado via
tópica a fim de promover aumento da Importante:
reciclagem das células epiteliais, levando
à descamação e eliminação da lesão na Esta lista sugere os medicamentos mais
mucosa oral. utilizados na Odontologia. Porém é impor-
• Anabolizantes esteroides (especifica- tante ressaltar que se trata de um manual
mente no caso de algumas doenças com de orientação e que o mesmo não é restri-
envolvimento ósseo) tivo. O cirurgião-dentista, de acordo com
a lei 5.081/1966, pode prescrever e aplicar
CIRURGIA, TRAUMATOLOGIA E todas as especialidades farmacêuticas, de
DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR uso interno e externo, indicadas em sua
(DTM) área de atuação.
• Óxido Nitroso
Em caso de qualquer tipo de impedimen-
• Fármacos homeostáticos, como Ácido
to ou restrição na venda de medicamentos
Tranexâmico (AT).
prescritos de forma legal por cirurgião-den-
• Heparina para prevenção do tromboem-
tista, informe imediatamente ao CROSP
bolismo venoso.
pelo “Fale Conosco” (www.crosp.org.br/
• Sprays, géis ou soluções nasais hipertônicos
faleconosco). O CRF-SP será acionado de
• Soluções nasais com ou sem anti-inflamatórios
imediato, para os devidos esclarecimentos.
• Soro Fisiológico
• Anabolizantes esteroides (especifica- O objetivo principal deste manual é dar sub-
mente no caso de algumas doenças com sídios e garantir a autonomia legal do cirur-
envolvimento ósseo) gião-dentista em sua atuação profissional.

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Guia Prático

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