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1. Introdução 12
governador Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do país (...)”O Globo, 20
de junho de 2009, p. 3.
13 Em uma destas reportagens: “Dilma chama Blairo, mas PR, ‘magoado’, faz suspense.”
14 O Globo, 14 de junho de 2009, p. 1. “A expansão do sistema elétrico, essencial para
garantir o crescimento do país nos próximos anos, esbarra em entraves ambientais e
questões indígenas.” Na mesma página, a notícia, suprema dialética, agudo dilema:
“Crimes contra meio ambiente têm baixa punição no Brasil. Pesquisa do Imazon revela
que ficam impunes pelo menos 86% dos crimes de desmatamento ou extração de
minério em áreas protegidas da Amazônia Legal.”
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15 Na Inglaterra, no século XVIII, este espaço já estava aberto, razão talvez pela qual os
primeiros textos animalistas serem ingleses e datarem deste período.
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44 DEVALL, Bill; SESSIONS, George. Deep Ecology: living as if nature mattered. Layton,
Utah: Gibbs Simith, 1985, p. 70.
45 Confrontado com as pressões da indústria e dos defensores do meio ambiente, o
serviço florestal dos EUA solicita ao Congresso, em 1960, um esclarecimento sobre
sua missão institucional. É editado então o Multiple-Use Sustained-Yeld Act - MUSY (16
U.S.C. §§ 528 to 531) que afirma que o objetivo da entidade era o de proporcionar
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4. Considerações finais
O relatório Rumo a uma economia verde: caminhos para o desen-
volvimento sustentável e a erradicação da pobreza, elaborado pelo Pro-
grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUMA), conceitua
economia verde como uma economia que resulta em melhoria do bem-es-
tar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz
significativamente riscos ambientais e escassez ecológica. A ONU critica
a tomada do PIB como indicador do desempenho econômico ao mesmo
tempo em que afirma que, em uma economia verde, o PIB tende a crescer
ainda mais do que na economia marrom. Fica evidente que a concepção
de sustentabilidade, neste viés, significa manter/conservar para utilizar, ex-
47 “Por exemplo: atualmente, apenas 20% das reservas populacionais de peixes comerciais,
em sua maioria de espécies de baixo preço, são subexploradas; 52% são totalmente
exploradas sem mais espaço para expansão; cerca de 20% são sobreexploradas e 8%
estão esgotadas. A água está se tornando escassa e há previsão de que o estresse hídrico
aumente quando a distribuição de água satisfizer apenas 60% da demanda mundial
em 20 anos. A agricultura teve um aumento de colheitas devido, essencialmente, ao
uso de fertilizantes químicos, que reduziram a qualidade do solo14 e não refrearam
a tendência crescente de desmatamento (que continua a 13 milhões de hectares
de floresta por ano de 1990-2005). A escassez ecológica está, portanto, afetando
seriamente a gama inteira de setores econômicos, que são o alicerce do fornecimento
alimentar humano (pesca, agricultura, água doce, silvicultura) e uma fonte crítica de
sustento para a população carente. A escassez ecológica e a desigualdade social são
marcas registradas de uma economia que está longe de se tornar ‘verde’.” Rumo a
uma economia verde: caminhos para o desenvolvimento sustentável e a erradicação
da pobreza, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUMA), 2011.
48 Rumo a uma economia verde, cit., p. 5.
49 Idem, p. 6.
50 O Globo, 29 de março de 2012, p. 24, Rio + 20.
51 “The deep, long-range ecology movement has developed over the past four decades
on a variety of fronts. However, in the context of global conferences on development,
population, and environment held during the 1990s, even shallow environmentalism
seems to have less priority than demands for worldwide economic growth based
on trade liberalization and a free market global economy.” DEVALL, Bill. The Deep,
Long-Range Ecology Movement 1960-2000: a review. In: Ethics & the environment,
6.1, p. 18-41. Indiana University Press, 2001.
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52 “A caça esportiva – um dos hobbies do rei – é controversa, mas pode até mesmo ser um
recurso válido para a preservação ambiental, segundo o WWF. E, em Botsuana, onde
os elefantes não estão em extinção, a prática é autorizada e regulamentada.” O Globo,
17 de abril de 2012, p. 25. A posição da WWF, que nada tem que ver com Direito dos
Animais, muito pelo contrário, é bem sintomática. Como os elefantes não estão em
extinção, naquele país, então tudo bem. Ou seja: a caçada a elefantes em Botsuana
é sustentável. No site da WWF, Espanha, consta o seguinte comunicado. Note-se a
referência à ilegalidade. “WWF viene trabajando por la conservación de los elefantes
desde hace 50 años, luchando contra sus principales amenazas, como la destrucción
del hábitat, la caza furtiva, el tráfico ilegal de marfil y el aumento de conflictos
con la población local. La organización trabaja en la conservación de elefantes
africanos a través de proyectos orientados a mejorar la gestión y protección de los
elefantes, capacitar a los países del área de distribución de la especie, mitigar los
conflictos entre humanos y elefantes y luchar contra el comercio ilegal.” Isto é: o que
importa é se a matança, o tráfico, o comércio são legais ou ilegais? Este é o parâmetro?
Repita-se: nada que ver com Direito dos Animais.
53 Após um pedido de desculpas lacônico por parte do rei, sem mencionar a caçada, o
presidente do Parlamento, Jesús Posada, considerou o pedido de desculpas excelente,
o Partido Popular declarou seu “respeito a uma monarquia que está em sintonia com
o que o povo espanhol espera e necessita dela”, o chefe de governo, Mariano Rajoy,
afirmou em relação ao rei: “Ele é o melhor embaixador da Espanha (...)”.
54 Tão carcomida como a caçada de elefantes é a monarquia. Um rei que tem por lazer
caçar elefantes (ursos, búfalos) soa hoje como surreal, uma anedota de péssimo gosto,
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algo anacrônico, inacreditável. Deveras. Porém, está aí, acontecendo diante de rostos
estarrecidos, pasmos, mas também indignados, coléricos.
55 Negrito acrescentado.
56 “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”
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logo não há que se perguntar pela sua sustentabilidade; caçar animais por
diversão (não interessando se conduta legalizada ou não) agride direi-
to dos animais, portanto não cabe questionar sobre a sua sustentabilida-
de. A sustentabilidade profunda só existe em ruptura com o paradigma
antropocêntrico, tendo em conta todos os direitos envolvidos, ou seja,
também os sujeitos de direitos não-humanos. Em outras palavras: a capa-
cidade de um ecossistema se regenerar, da reprodução da vida acontecer,
não diminui em nada as vidas ceifadas ou os sofrimentos impostos. Uma
sustentabilidade que não leve isto em consideração é verdadeiramente
insustentável.
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